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Compilado pelo Eng.

António Paulo Tumbula

Tema I: Lubrificação e Lubrificantes


Lubrificação é o método ou técnica utilizada para aplicar uma camada
de lubrificante entre duas superfícies em movimento. Tem como principal
finalidade reduzir o atrito e o desgaste entre elas, podendo separá-las
parcialmente ou completamente. Por isso é muito importante escolher o
lubrificante certo, o método, as ferramentas e conhecer os aspectos
técnicos de aplicação no equipamento.

Estudos mostram que 34% das falhas de equipamentos rotativos são de


problemas com lubrificação. Sobretudo a falta ou excesso de lubrificante
e incompatibilidade química.

Muitos profissionais não sabem escolher a graxa certa. Além disso, 14%
de falhas ocorrem por contaminação do sistema.

Então, chegamos a 48% de manutenções corretivas por conta dos


problemas de lubrificação.

Além da redução do atrito e do desgaste, o uso de lubrificantes tem outros


benefícios. Entre eles temos:

 Controle da temperatura: absorvendo o calor gerado pelo atrito


entre as superfícies de contato. Também auxilia na refrigeração dos
sistemas de transmissão.
 Vedação: as graxas impedem a entrada de partículas sólidas
estranhas. Enquanto que os óleos impedem a entrada de outros
fluidos (líquidos ou gases) nos componentes. O efeito da vedação
também evita a perda de pressão dos motores.
 Proteção contra a corrosão e resistência a oxidação: os
lubrificantes evitam que materiais corrosivos entrem em contato
direto com as peças metálicas.
 Limpeza das peças: remoção de contaminantes carregados pelos
lubrificantes durante a operação.
 Transmissão de força em sistemas hidráulicos: a força é
transmitida com o mínimo de perda através dos fluidos lubrificantes.
 Redução de choques: o filme lubrificante tem a capacidade de
absorver a energia do impacto entre superfícies sólidas.

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Lubrificar regularmente os componentes de um equipamento traz


benefícios como:

 reduzir ruídos;
 prevenir o aumento da temperatura;
 diminuir o atrito entre as peças;
 minimizar vibrações;
 prevenir a oxidação ou a corrosão precoces;
 evitar quebras prematuras;
 regular a troca de calor entre componentes.
 Os lubrificantes têm um papel importantíssimo na manutenção.
Protegem os componentes e aumentam a vida útil de equipamentos
e máquinas.
 Óleos e graxas são capazes de evitar os danos por altas
temperaturas, vibrações, corrosão, oxidação e atritos.
 Se considerarmos que o setor de manutenção é o principal
responsável por garantir que os equipamentos estejam em pleno
funcionamento, a lubrificação é um dos pilares para se atingir a
qualidade total.
 Não é em vão que vemos muitas empresas deixando de agir só
quando o equipamento quebra. A adoção de técnicas e análises
preditivas para antecipar potenciais falhas ganha espaço a cada
dia.
Tipos de lubrificação

Lubrificação de rolamentos

A lubrificação estende a vida útil dos rolamentos e ela pode ser feita com
graxas ou com óleos lubrificantes. Os sistemas de lubrificação por
graxa são mais simples e baratos que os sistemas a óleo.

Entretanto, antes, é preciso saber qual dos dois é o mais adequado ao


seu tipo de rolamento.

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Lubrificação de mancai

Um mancal também pode ser lubrificado com graxa ou óleo.

Na lubrificação de mancais com graxa, as tampas devem ser removidas


para limpeza.

Importante: é preciso limpar a engraxadeira antes de aplicar a graxa


nova.

Na lubrificação com óleo, o nível do lubrificante deve sempre ser


monitorado e complementado quando ele estiver baixo.

Quando for fazer a troca do óleo, é preciso drenar todo o óleo velho e
lavar o conjunto com o óleo novo.

Lubrificação de correntes

Uma corrente possui pontos de lubrificação de difícil acesso. Por essa


razão, é difícil a entrada de lubrificante em todas as partes necessárias
do componente.

Entretanto, a falta de lubrificação nesses pontos causa desgastes e


redução de vida útil da corrente.

Desse modo, a lubrificação de correntes deve ser feita com ferramentas


adequadas.

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Lubrificação de engrenagens

As engrenagens podem ser lubrificadas com graxa ou óleo.

A lubrificação por óleo pode acontecer de duas formas:

 Lubrificação por salpico: é usado em sistemas fechados, quando


o giro da engrenagem sobre o lubrificante faz com que ele seja
salpicado sobre o conjunto de engrenagens e rolamentos. A
velocidade tangencial mínima para que este método funcione deve
ser de 5 m/s.
 Lubrificação por circulação forçada: neste método os dentes das
engrenagens são lubrificados através de um sistema com bomba
de óleo (lubrificador automático). O óleo pode ser aplicado por
gotejamento, aspersão, ou por névoa, quando ele é misturado com
ar comprimido.

Métodos de lubrificação mecânica: aplicação de lubrificantes.

Lubrificação por salpico

O método de lubrificação por salpico foi citado anteriormente na


lubrificação de engrenagens. Porém, ele também pode ser usado em
sistemas que não tenham engrenagens.

Neste caso, outros elementos são montados no eixo para aspergir o óleo
lubrificante, como um anel, corrente, ou colar com ranhuras.

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Lubrificação por imersão

As peças a serem lubrificadas são imersas num banho de óleo para


realizar este método.

O óleo excedente lubrifica outras peças, e seu nível deve ser monitorado
e controlado a todo tempo. Além de lubrificar, o óleo também resfria a
peça.

Por sistema de lubrificação forçado

O sistema de lubrificação forçado utiliza uma bomba e apresenta dois


métodos: sistema por perda ou por circulação.

No primeiro caso, o óleo bombeado é descarregado sobre as peças num


sistema aberto. No segundo, ele cai de volta num reservatório e volta a
recircular pelo sistema.

Lubrificação com graxa

A diferença deste método para os demais é que aqui se utiliza graxa como
lubrificante, e não óleo.

A graxa pode ser aplicada manualmente com uma engraxadeira manual,


pistola de graxa ou bomba manual. São as ferramentas mais indicadas
quando se quer garantir a qualidade da aplicação.

Lubrificantes

O lubrificante é a substância aplicada entre duas superfícies fixa e móvel


ou duas superfícies móveis capaz de formar uma película protetora. Essa
camada tem como principal função reduzir o atrito e o desgaste entre as
peças em contato.

É feito da mistura de óleos e aditivos. Combinação que permite


determinar as suas propriedades, seu desempenho e vida útil.

Para isso, aplica-se um lubrificante (óleo ou graxa) que forma uma


película fina e viscosa que impede o desgaste. Assim, favorece a
movimentação, garante a vida útil dos equipamentos e aumenta o
desempenho dos equipamentos.

Por essa razão, a qualidade do lubrificante é fundamental para garantir a


durabilidade e a segurança no processo.
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Principais tipos de lubrificantes:

1. Lubrificante mineral

Os lubrificantes óleos minerais são oriundos do refino do petróleo bruto.


Eles são mais baratos que os sintéticos, mas têm propriedades
limitadas. Por exemplo, sua viscosidade varia mais com a temperatura e
eles possuem substâncias que geram impurezas. Por esse motivo, são
trocados com uma frequência maior que os sintéticos.

2. Lubrificante sintético

Os lubrificantes sintéticos são o produto da modificação química do


petróleo. Processo mais complexo que o refino aplicado nos lubrificantes
minerais. Sendo assim, os óleos sintéticos têm custo maior. Entretanto,
têm maior qualidade em suas propriedades físico-químicas. O lubrificante
sintético tem maior capacidade de neutralizar ácidos, sua viscosidade é
mais estável e seu filme lubrificante é mais resistente à pressão.

3. Lubrificante semissintético

Os lubrificantes semissintéticos são feitos a partir da mistura de


lubrificantes 100% sintéticos com lubrificantes minerais. Eles apresentam
características intermediárias entre os lubrificantes sintéticos e os
minerais. Tanto em relação às propriedades físico-químicas, quanto ao
preço e tempo de troca da lubrificação.

Os lubrificantes também recebem aditivos para melhorar as propriedades


físicas ou mecânicas em certas aplicações. Os aditivos mais comuns são:

Detergentes
Os detergentes reagem com ácidos corrosivos, lodo e outras substâncias
que criam subprodutos que contaminam o óleo e os mantêm solúveis no
lubrificante.
Dispersantes

Os dispersantes têm a função de manter os lubrificantes livres das


reações dos óleos com outras substâncias dispersas. Isso evita que elas
formem depósitos e mantém a superfície interna do equipamento limpa.

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Anticorrosivo e antiferrugem

Evitam que as partes metálicas das peças sofram corrosão devido ao


contato com o lubrificante.

Os aditivos antiferrugem se ligam ao material metálico, formando um


filme protetor. Esse filme serve para proteger as partes metálicas do
ataque da água e de sais dissolvidos nela, causadores da ferrugem.

Já os anticorrosivos agem neutralizando ácidos que são formados, por


exemplo, pelo enxofre e nitrogênio presentes em combustíveis.

Antiespumante

O antiespumante age de duas formas:

Previnem a formação de espumas persistentes no interior do lubrificante


e aceleram o colapso das bolhas que já estão presentes nele.

A espuma se forma devido à agitação do óleo, que acaba por se misturar


com o ar.

As bolhas são prejudiciais por causar falhas na película de óleo que


reveste a superfície da peça lubrificada.

Como resultado, as superfícies ficam desprotegidas nos pontos das


bolhas. Em outras palavras, ficam vulneráveis ao contato direto entre
elas.

Desemulsificantes

As emulsões são misturas de líquidos que, a princípio, são imiscíveis.


Ou seja, não se misturam.

Os lubrificantes, que têm óleos como base, podem acabar sendo


contaminados por outros líquidos, como a água.

Assim, os desemulsificantes servem para separar essas duas


substâncias e garantir a qualidade do lubrificante.

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Aditivos de suporte de alta pressão e de proteção contra o


desgaste na lubrificação

Se a pressão dentro dos componentes lubrificados for muito alta, ela leva
à ruptura do filme de proteção formado pelo lubrificante sobre a superfície
sólida da peça.

Quando isso acontece, os aditivos de extrema pressão reagem com estas


superfícies para formar uma película protetora substituta que proteja a
peça.

A ação dos aditivos de proteção contra o desgaste é similar, produzindo


também um filme protetor que evita o contato direto das superfícies das
peças.

Principais Erros na lubrificação e como evitá-los.

Estes são os principais erros cometidos durante a lubrificação mecânica


e de que forma se deve evitá-los:

Lubrificação insuficiente

Este problema é provavelmente o mais fácil de ser identificado, pois


peças mal lubrificadas se sobreaquecem e emitem ruído. A lubrificação
insuficiente pode levar à falha de rolamentos, por exemplo.

A forma de se evitar este problema é fazendo o monitoramento do


rolamento ou de outro componente em uso, para verificar se não está
havendo perda de lubrificante por vazamento.

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Lubrificação excessiva

A falta de lubrificante causa problemas, mas colocar lubrificante demais


não é a solução. O excesso de lubrificante pode levar a peça a sair do
lugar e também à ocorrência de falhas.

Em componentes selados, se a graxa em excesso for aplicada com uma


pistola, a pressão pode levar à falha da vedação.

Por isso, ao se aplicar um lubrificante, o profissional deve prestar


atenção tanto aos limites mínimos quanto aos máximos indicados pelos
fabricantes.

Lubrificação mecânica com o lubrificante errado

O lubrificante errado pode levar à falha dos equipamentos. Os


equipamentos são projetados com certos tipos de lubrificantes, pois
dependem de suas propriedades físico-químicas para trabalharem bem.
O uso do lubrificante errado pode inclusive levar à perda de garantia do
equipamento.

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Para evitar este problema, o pessoal responsável pela lubrificação deve


saber quais lubrificantes são indicados para o tipo de equipamento em
questão.

Mistura de lubrificantes

A mistura inapropriada de lubrificantes leva a problemas similares aos do


uso de lubrificante errado, devido à alteração das propriedades do
lubrificante.

Por isso é importante saber se é permitida a mistura de lubrificantes e se


pode ser usada no equipamento em manutenção.

Contaminação de lubrificantes

Os contaminantes podem prejudicar os equipamentos levando a falhas


catastróficas. Eles também podem ser difíceis de remover e sua limpeza
pode ser uma operação cara.

Evita-se a contaminação com um plano de prevenção e monitoramento


de contaminantes. Os principais contaminantes são sujeira e partículas
do ambiente da oficina ou em suspensão no ar, e materiais particulados
que surgem pelo desgaste do próprio equipamento.

Uso errado de ferramentas para lubrificação

Realizar tarefas de lubrificação manual pode ser um desafio devido ao


grande número de pontos de lubrificação em toda a fábrica. Além disso,
a maioria desses pontos tem requisitos de lubrificação variados.

Por essa razão, deve-se utilizar ferramentas para lubrificação que


facilitem o trabalho. Sobretudo, que atendam as necessidades do plano
de lubrificação e reduzam os riscos de falhas.

Cuidados no armazenamento dos lubrificantes

O armazenamento de lubrificantes demanda cuidados tanto no


recebimento quanto na estocagem deles.

Recebimento

 O produto recebido deve conferir com o descrito na nota fiscal;


 Os lacres das embalagens devem estar intactos;
 Só se pode rolar os tambores por distâncias curtas;
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 Retirar os tambores de lubrificantes dos veículos de transporte com


os equipamentos adequados, como empilhadeiras e talhas;
 Caso não haja equipamento adequado, deslize os tambores por
uma rampa.

Descarga de tambor de óleo usando uma rampa. Não lançar o tambor,


mesmo que haja um amortecedor ou proteção embaixo.

Estocagem

 Não se deve armazenar objetos pesados sobre baldes ou latas de


lubrificantes;
 Armazenar na posição vertical sempre que possível;
 Utilizar paletes padronizados para armazenar as embalagens de
grande volume;

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 Evitar que agentes prejudiciais à qualidade e à integridade do


lubrificante contaminem ou deteriorem o produto. Estes agentes
são:
o Água;
o Impurezas;
o Outros lubrificantes;
o Outros produtos;
o Temperaturas extremas;
o Tempo de armazenamento muito prolongado.

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