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UTILIZAÇÃO DO MÉTODO DE
CUSTEIO VARIÁVEL PARA GESTÃO
ESTRATÉGICA BASEADA EM CUSTOS
NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Felipe Amoras de Andrade (UNAMA)
felipeamoras@hotmail.com
Victor Hugo do Nascimento Pereira (UNAMA)
hugo.na@hotmail.com
Leony Luis Lopes Negrao (UNAMA)
leonynegrao@gmail.com
1. Introdução
As empresas, para tornarem-se mais competitivas no mercado, buscam aprimorar seus
produtos, diminuindo despesas, mas de modo que não prejudiquem a qualidade destes
(BARCELOS et al., 2011). Neste sentido, são necessárias informações precisas e atualizadas
para a tomada de decisão, que contribuam para a melhoria da produtividade e da qualidade,
bem como para a redução de custos, mediante eliminação de desperdício (BORNIA, 2002).
A contabilidade de custo tem por objetivo calcular os custos dos produtos fabricados e,
também, alcançar uma operação racional, eficiente e lucrativa (BORNIA, 2002; BRUNI &
FAMÁ, 2007). Existem diversos métodos de custeio, porém é necessário que as empresas
escolham o mais apropriado para a sua realidade (BARCELOS et al., 2011). Os métodos mais
conhecidos de custeio são: Absorção, Custeio Baseado em Atividades (ABC) e Custeio
Variável, sendo, este último, basicamente orientado para o aspecto gerencial, por permitir a
apuração da margem de contribuição de cada produto, não se adequando às exigências legais.
Segundo a CNI (2011), uma das questões mais preocupantes do setor civil é relacionada ao
aumento dos custos de mão-de-obra e de matéria-prima, daí a grande importância de uma boa
gestão de custos para as empresas deste setor, sendo que os principais componentes de
composição dos custos de seus produtos e serviços são afetados por variações nos custos de
matéria-prima e mão-de-obra.
Motivado por todos os pontos acima, a proposta deste artigo é abordar a utilização do Método
de Custeio Variável (MCV) para uma gestão mais eficiente dos custos no setor da Construção
Civil.
2. Metodologia
A presente pesquisa foi classificada de acordo com Silva & Menezes (2005, p. 20-22) como
pesquisa básica, do ponto de vista da sua natureza, já que envolve verdades e interesses
universais. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a pesquisa foi classificada
como qualitativa, tendo em vista a não utilização de métodos e técnicas estatísticas. No que se
refere aos seus objetivos, a pesquisa se enquadra no perfil de pesquisa exploratória, já que
envolve levantamento bibliográfico e este tipo de pesquisa assume, em geral, a forma de
pesquisa bibliográfica. Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa foi classificada
como pesquisa bibliográfica, uma vez que foi elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na
Internet.
O presente estudo tem por objetivo responder a seguinte questão: De que forma o Método de
Custeio Variável pode contribuir para uma gestão de custos mais eficiente no setor da
construção civil?
3. Setor da construção civil
A construção civil é um dos setores da indústria mais fortes da economia nacional, uma vez
que, de acordo com Dieese (2011), cresceu 11,6% no ano de 2010, tendo seu melhor
desempenho em 24 anos. Alguns dos motivos apontados para esse crescimento são: a
estabilidade econômica do país, os investimentos governamentais, a copa do mundo de 2014
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que será realizada no Brasil etc. O crescimento do setor serve de incentivo para muitas
empresas investirem neste ramo, pois, de acordo com alguns dados fornecidos pelo SEBRAE
(2007), a previsão de crescimento dos próximos anos para a construção civil no Brasil é
bastante acentuada.
A expansão e faturamento do setor geram muitos empregos para a população, pois segundo a
FIEPA (2011), o emprego formal no setor da construção civil, de janeiro a novembro de 2010,
cresceu 12% no Estado do Pará, colocando esta área da indústria como o segundo maior
gerador de empregos formais do estado, com a geração de mais de 40 mil novos postos de
trabalho. E, dados mais recentes afirmam que, de janeiro a novembro de 2011, o crescimento
de empregos na construção civil paraense foi de 23,96%, apresentando a maior taxa que nos
demais estados nortistas (MENDES, 2012).
Mesmo com todas estas potencialidades atuais e futuras para este setor da indústria, a
construção civil ainda passa por algumas problemáticas. Os custos da construção (Tabela 1),
subiram 6,95% em 2010, sendo que, o que mais forçou este aumento foi o de mão-de-obra,
com crescimento de 8,73%, o que acaba por elevar o piso salarial dos empregados deste setor.
Contudo, a grande dificuldade não é achar funcionários com cargos mais operacionais, como
pedreiros, por exemplo, mas a mão-de-obra especializada, como engenheiros e arquitetos, por
ter um treinamento mais complexo e de longo prazo, e também por muitos deles estarem
focados em projetos autônomos (COSTA, 2010).
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Haja vista o grau das dificuldades apresentadas na Tabela 1, ter controle de custos adequado
às necessidades da organização é um diferencial para que a mesma possa sobreviver neste
mercado em ascensão. Com o aumento do número de empresas ao redor do mundo e a
crescente complexidade dos processos produtivos, foi notado que as informações contidas
dentro da contabilidade de custos poderiam ter uma melhor utilidade no suporte à decisão
gerencial, desta maneira, passando a desempenhar um lugar de destaque dentro destas
corporações (BORNIA, 2002). Martins (2006, p. 22) afirma que “a contabilidade de custos
acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros
globais, para importante arma de controle e decisão gerenciais”.
4. Gestão de custos
A gestão ótima dos gastos incorridos em um processo de transformação, em especial a da
construção civil caracterizado por alta incidência de atividades manuais suscetíveis a
retrabalhos e outros meios que oneram o produto final, assegurará às empresas diferenciais
competitivos e sustentabilidade no mercado. Este capítulo aborda algumas questões
conceituais dos métodos e sistemas de custeio.
4.1. Conceitos introdutórios de custos
A contabilidade de custos tem como alvo o estudo da composição e dos cálculos de custos,
sendo também o controlador dos agentes do processo produtivo, tendo como principal
característica ser de caráter interno à organização. Segundo Kroetz (2001), a contabilidade de
custo é formada por diversos termos que serão descritos adiante.
Os Gastos são sacrifícios financeiros feitos para obter um bem ou serviço qualquer. O Custo é
um tipo de gasto que é proporcional ao produto/serviço utilizado em sua concepção. As
Despesas são gastos que representam sacrifícios para realizar atividades que irão gerar
riquezas. Os Investimentos são um tipo de gasto que visa à aquisição de bens e/ou serviços e
que tem por objetivo beneficiar o produto final. O Desembolso é, também, um tipo de gasto
onde há o pagamento de um bem e/ou serviço.
A Perda é o consumo de um bem/serviço de maneira anormal não agregando valor ao produto
final. A Receita constitui a entrada de recursos financeiros através das vendas de bens/
serviços. O Ganho é o resultado liquido favorável resultante das transações de vendas. E, o
Lucro/Prejuízo é a diferença entre a receita e os gastos.
Para Botelho (2004), a contabilidade de custo pode ser dividida em duas funções básicas
como ferramenta gerencial, que são, auxilio à tomada de decisão, que serve para fornecer
informações de curto e longo prazo, formular preços de vendas etc.; e melhoria do controle da
empresa, através da elaboração de orçamentos, que futuramente serão comparados às metas
alcançadas pela organização. Bornia (2002) afirma ainda que o sistema de custeio deve estar
sincronizado e adaptado às necessidades de gestão da empresa, para que, dessa maneira, possa
haver o fornecimento de informações que possibilitem a tomada de decisão correta. Por isso a
análise de um sistema de custeio deve ser feita sob duas formas:
a) Verificando se as informações geradas são adequadas ao que a empresa necessita e
definir o grau de importância entre elas; e
b) Considerando a área operacional, ou seja, verificando as fontes de informação dentro
deste setor.
4.2. Métodos de custeio
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De acordo com Padoveze (2004), a função básica de qualquer método de custeio é fazer a
apuração dos custos de uma unidade de produto fabricado. Sendo os principais métodos: o
Custeio Baseado em Atividades (ABC), o Custeio por Absorção e o Custeio Variável.
Para Martins (2003), o Custeio por Absorção foi desenvolvido para controlar a produção,
estimando que os bens produzidos juntamente com o volume fabricado causam custos. Com
isso, fizeram dos produtos, individualmente, o centro do sistema de custeio, havendo assim a
divisão entre custos diretos e indiretos em relação aos produtos, e alocados aos mesmos e
rateados com base no volume fabricado.
Pinto (2010) diz que, “O custeio por absorção é um processo de apuração de custos onde os
custos (fixo e variável) são inseridos no estoque e irão para o resultado, à medida que ocorra a
venda”.
O ABC considera o custo da complexidade e a mão-de-obra não utilizada como base de
rateio, tendo como idéia básica a inserção dos custos indiretos que, até então, não eram
considerados, já que os mesmos estão tendo relevante importância na composição de custos
totais (OLIVEIRA et al., 2010).
O objetivo do ABC é de estabelecer o valor financeiro consumido pelas atividades e dar apoio
ao controle de custos até que seja feita a entrega dos bens/serviços ao cliente (ARA et al,
2010)
Santos (1998) diz que, o ABC tem enfoque na gestão de custo, enquanto que os métodos de
custeios tradicionais se baseiam nos custos totais da produção. Ainda Brimson (1991), afirma
que este método tem como objetivo desenvolver planos estratégicos e ações operacionais,
analisando as oportunidades gerenciais do projeto.
Leone (1991) diz que, o MCV tem como função fornecer dados importantes para análises
administrativas e tem a finalidade de planejar a mudança de lucros originada pelo volume,
combinação de vendas, sendo, também útil na compra e venda de materiais e equipamentos.
Este método está totalmente voltado para a interpretação do mercado e também considera que
o preço de venda é uma função do mercado e não dos custos produtivos (FRIEDERICH &
SILUK, 2010). Este método, por ser foco do estudo, será melhor descrito no próximo tópico.
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Para Padoveze, (2003) apud Constante e Bezerra (2010, p. 31), a separação de custos fixos e
variáveis, utilizada no MCV, possibilita uma expansão da análise dos gastos e das receitas da
empresa em relação aos volumes produzidos ou vendidos, ajudando na tomada de decisões de
corte ou manutenção de produtos, aumento ou diminuição da produção, incorporação de
novos produtos, entre outros. Tal análise econômica gera indicadores que dão subsídio para os
gestores, quando da tomada de decisão, tais como: margem de contribuição, ponto de
equilíbrio e alavancagem operacional. A Figura 1 mostra o esquema do MCV que leva a esses
indicadores.
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Este trabalho tem, também, o objetivo de compor a base para um trabalho de conclusão de
curso, no qual o estudo será aplicado em uma empresa do setor da construção civil e,
contribuirá para uma aplicação do MCV, no intuito de propor a este setor um modelo de
gestão estratégica baseada em custos, a fim de melhorar a contabilidade de custos e dar base
para tomadas de decisão.
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