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O USO DO MANUFACTURING
EXECUTION SYSTEM NO APOIO ÀS
ESTRATÉGIAS DE MANUFATURA
Elisandro João de Vargas
elisandrovargas@gmail.com
Jocimara Lima Mauer
jocimara_mauer@hotmail.com
Marcelo Alves de Souza
marcelo.souza@qi.edu.br
1. Introdução
Esta pesquisa é embasada em Neves et al. (2015) e De Vargas e Sellitto (2016) em que
afirmam existirem lacunas e carências de estudos voltadas ao entendimento do MES na
geração de resultados para as empresas. Além disso, apesar da considerável queda da
participação da indústria de transformação brasileira na composição do Produto Interno Bruto
– PIB, correspondendo a 11,7% no ano de 2016 – considerado o mais baixo desde 1952 –
ainda possui considerável importância na economia (DEPECON, 2017). Por outro lado, a área
de Tecnologia de Informação – TI, demonstrou crescimento ao longo dos anos chegando a
acumular 260% entre 2005 à 2014. Somente a indústria corresponde ao Market Share de
22,5% da TI (ABES, 2015). Ademais, especialistas projetam um faturamento de mais de 12
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bilhões de dólares em sistemas MES entre 2015 à 2020, representando crescimento médio
anual de 10,8% mundialmente (RESEARCHANDMARKETS, 2015).
2. Referencial teórico
Conforme Liddell (2009), o MES pode ser considerado um sistema que reflete os objetivos
estratégicos da empresa apresentando características flexíveis e únicas. Surgiu ao final dos
anos 80 como proposta para o novo modelo do sistema Computer Integrated Manufacturing
(WILLIAMS, 1989), assumindo a nomenclatura do termo MES no início dos anos 90
proposta pela Advanced Manufacturing Research (ZHANG et al., 2009). Posteriormente, em
1992 pode contar com o apoio da Manufacturing Execution Systems Association, passando ao
nome de Manufacturing Enterprise Solutions Association – MESA. Essa associação possui
objetivos voltados a divulgação e ampliação dos conceitos MES (MESA, 2017), além disso, o
MES conta com a International Society of Automation na determinação de nomenclaturas,
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Fonte: Adaptado de Directa Automação (2017); Efact (2017); Kletti (2007); Mcclellan (2001); Mesa (2017); e
Vargas (2016)
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Por fim, os sistemas MES tem por objetivo aproximar a área de manufatura a outras áreas em
face a captura de dados e disponibilização de maneira confiável, principalmente como elo de
ligação entre o chão-de-fábrica e Enterprise Resources Planning (BANERJEE et al., 2013).
Além disso, visa proporcionar maior flexibilidade, transparência e produtividade ao ambiente
de manufatura, principalmente na conjectura à soluções voltadas a Manufatura 4.0, ligadas a
descentralização, conexão e autonomia de decisões MES (ALMADA-LOBO, 2016),
simulação MES (HÖPPE; SEEANNER; SPIECKERMANN, 2015), meta-modelagem em
sistemas de fabricação (NEGAHBAN; SMITH, 2014).
O termo estratégia pode ser entendido como uma escolha entre outras várias alternativas
possíveis de serem seguidas (TEIXEIRA et al., 2014). Relacionada as decisões e ações que
regem uma organização rumo a satisfação dos objetivos e metas estabelecidas (HAYES et al.,
2008). Ainda, é considerada uma expressão de grande uso na administração de empresas nos
últimos tempos, motivada pelas constantes mudanças econômicas, políticas e sociais
resultantes da globalização (QUINTELLA; DIAS, 1997), principalmente após o surgimento
da TI e de sua capacidade de conectividade (HAYES et al., 2008).
A manufatura procura ser guiada por estratégias constituídas de metas, políticas e restrições
que visam potencializar o gerenciamento da organização, do planejamento e da execução das
atividades de produção (HAYES et al., 2008). Ademais, a gestão da manufatura necessita
constante acompanhamento e uma representação adequada na medição e controle do
desempenho de suas ações em relação aos resultados apresentados e aos objetivos propostos
(SELLITTO; WALTER, 2005), além do entendimento do ambiente em que a empresa está
posicionada e da combinação dos elementos capital, energia, trabalho, métodos e técnicas que
compõem os sistemas produtivos (ANTUNES et al., 2008).
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Fonte: Adaptado de Corbett, Van Wassenhove e De Constance (1993); Ferdws e De Mayer (1990); Miller e Roth
(1994); Pantaleão (2012); e Vargas (2016)
Em suma, a obtenção do sucesso estratégico pode estar relacionada ao sucesso obtido na
produção, ao passo que as prioridades de competência da manufatura são fortalecidas e se
diferenciam em relação à concorrência (HAYES et al., 2008). Neste ambiente, a TI é
elemento atuante no auxílio a geração de maiores aumentos de produtividade nas plantas
industriais (ZAYATI et al., 2012) e as informações proporcionadas pelo MES podem
favorecer o alinhamento entre os propósitos estratégicos e as decisões tomadas na manufatura;
elemento de grande utilidade aos variados tipos de empresas e tamanhos (DAI et al., 2012).
Afinal, a manufatura influencia na estratégia do negócio e a estratégia do negócio influência
na manufatura (SKINNER, 1969).
3. Metodologia
O método de pesquisa utilizado foi o estudo de dois casos; do qual permite maior
generalização dos achados (YIN, 2005). A pesquisa contou com revisão bibliográfica
aprofundada acerca do MES servindo de base para a criação das perguntas utilizadas na
técnica de entrevista semiestruturada. As perguntas e respostas foram registradas com o
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auxílio de gravador de áudio e a coleta de dados ocorreu via observação de campo e análise
do banco de dados fornecido pelas empresas. Estes passos buscaram garantir maior robustez
nos relatos e respostas (MIGUEL et al., 2012).
A definição das empresas ocorreu pelo acesso e representatividade destas em seu setor se
atuação. A empresa AA fabrica produtos para sistemas automotivos, exporta para mais de 50
países e possui mais de 22 anos de mercado. A empresa BB fabrica produtos que podem ser
acoplados a motores da linha automotiva, naval e industrial, sendo considerada líder no
segmento, exportando para mais de 50 países e mais de 52 anos de mercado. Ambas as
empresas estão localizadas no estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
4. Estudo de caso
Para a empresa AA, entre alguns dos objetivos estratégicos da manufatura citam-se:
adequação do parque fabril em resposta a inserção de novos processos produtivos mais
rápidos e econômicos; reavaliação do mix produtivo em busca de produtos com melhores
resultados; reavaliação do planejamento de produção em busca da redução dos estoques
intermediário e final; estabilidade na qualidade do produto visando reduzir o volume de
rejeitos durante o processo produtivo; e o aumento do controle produtivo em termos de
indicadores que sejam mais confiáveis, funcionais, de fácil acesso pelas pessoas e integrado
aos demais sistemas corporativos. Para a empresa BB, alguns dos objetivos estratégicos
referem-se: ao aumento da capacidade fabril, velocidade e quantidade de produtos que possam
ser processados no mesmo momento nos equipamentos, mediante o incremento de novas
máquinas mais sofisticadas e retrofit em máquinas mais antigas; ênfase no acompanhamento e
no desenvolvimento de novos processos produtivos voltados a redução das paradas de
máquina, principalmente as relacionadas com ferramental; redução dos volumes dos lotes de
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produção visando a redução dos volumes de produtos intermediários e maior redução no lead-
time produtivo.
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Em análise ao Quadro 4, contata-se uso distinto dos recursos MES nas empresas. Está
adequação é fundamental, vista a necessidade de ajuste ao apoio às estratégias de manufatura
definidas como importante (vide Quadro 3). Segundo a literatura, os objetivos do negócio por
meio das orientações estratégicas devem guiar as escolhas das práticas de produção, e essas
devem guiar os programas a serem priorizados e desenvolvidos, para que estes contribuam
adequadamente ao desempenho operacional (ARNAS; JABBOUR; SALTORATO, 2013).
Esta adequação e confiabilidade nas informações geradas pelo MES necessitou de dois anos
para a empresa AA e cinco anos para a empresa BB. Este tempo foi caracterizado por
alterações, adaptações, domínio e confiança dos operadores em ambas as empresas. De acordo
com os entrevistados, os recursos do MES não estão sendo explorados na integra. A
exploração acontece em combinação aos ajustes das estratégias de manufatura.
A Tabela 1 apresenta alguns dos indicadores medidos pelo MES no período de cinco anos.
Estes valores correspondem a diferença percentual com base no ano de 20x1 em comparação
com os demais anos (conforme a disponibilidade de divulgação de informações aceita pelas
empresas).
Tabela 1 – Resultado percentual comparativo entre em 20x1 versus 20x2, 20x3, 20x4 e 20x5
Nota: “*” o valor apresentado corresponde ao valor final obtido entre 20x1 a 20x5
Fonte: autores (2017)
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4. Considerações finais
O objetivo deste artigo foi identificar as formas utilizadas do MES que conduzem ao suporte
às estratégias produtivas. Para isso, foi apresentada análise de caso de duas empresas usuárias
de sistema MES com produtos e processos distintos. Ainda, foram observados os objetivos
estratégicos, as características e funcionalidades MES e os indicadores num período de cinco
anos.
O MES dispõe de uma série de recursos dispostos em funcionalidades. Neste artigo foi
possível constatar diferentes uso dessas funcionalidades pelas empresas. Isso é proveniente
das diferenças entre as empresas, relacionado ao tipo de produto, de processo, e
principalmente dos objetivos estratégicos priorizados. Ainda, as empresas apresentaram
diferentes maneiras de ajuste do MES às suas necessidades e continuam a ampliar e direcionar
os esforços a novas funcionalidades em função dos objetivos estratégicos – isso denota ser a
maneira mais coerente de resposta ao objetivo deste artigo; situação que deve ser
compreendida pelas empresas que pretendam implantar ou melhorar os resultados MES, ou
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seja, não é a quantidade de recursos utilizados, mas a correta priorização das funcionalidade
no apoio as estratégias de manufatura definidas como prioritárias.
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