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Luiza Lamberti Melo

Rafaela Vasconcelos Cardoso

PROJETO E ELABORAÇÃO DO PRODUTO: CAFETEIRA

Santa Maria, RS

2023
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PROJETO E ELABORAÇÃO DO PRODUTO: CAFETEIRA1


Luiza Lamberti Melo2, Rafaela Vasconcelos3, Daniele Dickow Ellwanger4

RESUMO

A ergonomia do produto, pode contribuir para a melhoria de produtos de uso domésticos, assim foi
realizado um protótipo envolvendo a aplicação de ferramentas, técnicas e metodologias no
desenvolvimento ergonômico de uma cafeteira. Objetivo: Descrever o processo de criação e
desenvolvimento de uma cafeteira funcional e tecnológica, que atenda a demanda do mercado e do
consumidor. Metodologia: O estudo apresenta a metodologia de Kaminski, que consiste nas etapas
de viabilidade, análise diacrônica do desenvolvimento histórico, análise de mercado, análise
funcional, aspectos técnicos, análise morfológica, ergonomia de produto, aspectos do meio ambiente,
definição do problema, geração de alternativas, projeto básico e projeto executivo. Resultados e
discussão: Após a realização minuciosa das análises, elaborou-se o protótipo de uma cafeteira,
implementando algumas melhorias relativas a ergonomia do produto, sua função secundária,
mudanças quanto aos aspectos estruturais e funcionais etc. Considerações finais: Ao final do
presente projeto, irá ser desenvolvido um protótipo de cafeteira inovadora, com base na qualidade do
produto a ser ofertado ao mercado e ao consumidor.

Palavras-chave: Ergonomia do produto; Processo de desenvolvimento de produto; Usabilidade.


ABSTRACT
The ergonomics of the product can contribute to the improvement of products for domestic use, thus, a
prototype was carried out involving the application of tools, techniques and methodologies in the
ergonomic development of a coffee machine. Objective: To describe the creation and development
process of a functional and technological coffee machine, which meets market and consumer demand.
Methodology: The study presents Kaminski's methodology, which consists of the viability stages,
diachronic analysis of historical development, market analysis, functional analysis, technical aspects,
morphological analysis, product ergonomics, environmental aspects, problem definition, generation of
alternatives, basic project and executive project. Results and discussion: After carrying out a detailed
analysis, a prototype of a coffee machine was created, implementing some improvements related to
the product's ergonomics, its secondary function, changes in structural and functional aspects, etc.
Final considerations: At the end of this project, an innovative coffee machine prototype will be
developed, based on the quality of the product to be offered to the market and the consumer.

Keywords: Product ergonomics; Product development process; Usability.


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1 INTRODUÇÃO

A globalização tem impulsionado as empresas a competirem cada vez mais por mercados e
clientes. Essa forte competitividade condiciona à sobrevivência das organizações e está fortemente
ligada a aceitação dos produtos pelos consumidores (PINTO, JÚNIOR, FONTENELLE, 2014).
Um produto torna-se competitivo e aceito pelo mercado quando apresenta as características
exigidas pelos clientes, como: segurança, praticidade, designer moderno e interfaces com boa
usabilidade. Como consequência, a usabilidade agrega maior valor ao produto e passa a ser um
argumento de venda. O usuário ao encontrar dificuldade para interagir com o produto tende a criar
resistência ao seu uso. Para não correr esse risco, é necessário que durante o processo de
desenvolvimento seja dado um enfoque especial aos aspectos ergonômicos (PINTO, JÚNIOR,
FONTENELLE, 2014).
A criação e desenvolvimento de novos produtos destinam-se a satisfazer as necessidades
humanas, portanto devem ter qualidade técnica, qualidade estética e qualidade ergonômica. O
conceito de ergonomia passou a ser conhecido após a Segunda Guerra Mundial, em decorrência do
trabalho interdisciplinar realizado por muitos profissionais. Ela se define como um estudo científico
das relações entre homem-máquina-ambiente, com o objetivo de assegurar o bem estar humano e o
desempenho global do sistema (IIDA, BUARQUE, 2016).
A aplicação dos conhecimentos em ergonomia tem contribuído para melhorar a vida
cotidiana, tornando os meios de transporte mais cômodos e seguros, a mobília doméstica mais
confortável e os eletrodomésticos mais eficientes e seguros. O estudo da ergonomia se amplia a cada
dia e não se restringe apenas às indústrias. É perceptível sua atuação nas melhorias em residências,
em locais públicos, preocupações com pessoas idosas, crianças e portadores de deficiência (IIDA,
BUARQUE, 2016).
Segundo Romeiro Filho et al. (2010), a ergonomia pode contribuir de forma decisiva para o
sucesso do desenvolvimento do produto, na definição de características de interação entre o objeto e
seus diferentes usuários. Para o desenvolvimento de produtos, é necessária a avaliação das
características físicas e psicológicas daqueles que, no futuro, serão usuários dos produtos. Dessa
forma, é bastante simples perceber que o produto deve ser adequado ao consumidor, a partir de uma
abordagem ergonômica que facilite as interações e a criação de interfaces adequadas.
Frente a tais considerações, o presente estudo parte da seguinte problemática: “Como
descrever o processo de criação e desenvolvimento de uma cafeteira funcional e tecnológica, que
atenda a demanda do mercado e do consumidor?”

1.1 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a globalização e situação atual da indústria mundial, observa-se cada vez
mais esforços em Pesquisa e Desenvolvimento e em Pesquisa e Desenvolvimento de Produto
visando, ter uma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes em termos de inovação,
torna-se necessário entender e gerenciar de maneira adequada o PDP.
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Assim se faz necessário cada vez mais, o desenvolvimento de produtos que partam da
necessidade apresentada pelos seus consumidores, destacando mais as suas potencialidades e
menos as suas fragilidades, desenvolvendo um produto inovador que contribua para as necessidades
da sociedade.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral


Descrever o processo de criação e desenvolvimento de uma cafeteira funcional e tecnológica,
que atenda a demanda do mercado e do consumidor.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar as necessidades do mercado e do consumidor para a concepção de uma cafeteira


inovadora;

- Criar e desenvolver um modelo de cafeteira funcional, ergonômica, com menos impactos negativos
no meio ambiente, tecnológica e que atenda às necessidades do consumidor;

- Analisar as cafeteiras disponíveis no mercado e identificar as suas fragilidades e potencialidades;

- Descrever o desenvolvimento de uma cafeteira, com base na análise de problemas, funcional, de


mercado, diacrônica, ergonômica, bem como a definição de problema de um eletrodoméstico.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi do autor Paulo Carlos Kaminski baseada no livro “Desenvolvendo
Produtos com Planejamento, Criatividade e Qualidade” que consiste nas etapas de estudo de
viabilidade, análise diacrônica do desenvolvimento histórico, análise de mercado, análise funcional,
aspectos técnicos, análise morfológica, ergonomia de produto, aspectos do meio ambiente, definição
do problema, geração de alternativas, projeto básico e projeto executivo.

2.1 Estudo de Viabilidade

É a fase inicial do projeto. O detalhamento deve ser apenas o suficiente para se verificar a
viabilidade técnica e econômica da solução. É preciso determinar a existência e a natureza da
necessidade e defini-la técnica e quantitativamente.
Em seguida, é necessário fixar as características funcionais, operacionais e construtivas,
limitações e critérios de projeto. Depois disso é feita a elaboração de alternativas de solução, que
consiste na geração de concepções físicas.
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2.2 Análise Diacrônica do Desenvolvimento Histórico

De acordo com Jung, essa fase compreende o levantamento de dados para se ter uma visão
sistêmica das características dos modelos similares já existentes no mercado. Tem como objetivo
conhecer desde como foi projetado até o momento atual, é importante se ter noção dos
aperfeiçoamentos realizados ao longo do tempo.

2.3 Análise de Mercado

A análise de mercado fornece as informações e elementos que determinarão muitas das


características essenciais do produto como por exemplo a quantidade demandada, preço de venda,
canais de distribuição e formas de estoque.

2.4 Análise Funcional

Esta análise irá determinar quais sistemas existentes compõem o produto similar, ou seja,
tem como objetivo conhecer como funciona o produto.
Efetua-se a elaboração de modelos científicos que representam o funcionamento do produto
considerando as relações existentes entre os sistemas e o meio externo, representando o produto
nas mais diversas situações.

2.5 Aspectos Técnicos

Os aspectos técnicos envolvem a seleção de materiais, o processo de produção, o processo


de montagem, a forma de distribuição entre outros. A especificação das características técnicas do
projeto será um conjunto de requisitos funcionais, operacionais e construtivos a ser atendido pelo
produto.

2.6 Análise Morfológica

O objetivo dessa fase é conhecer a estrutura formal do produto similar. Esta análise compreende
as seguintes etapas:
 Análise da concepção estrutural;
 Aparência formal;
 Origem da concepção formal;
 Coerência formal da estrutura;
 Coerência formal dos elementos.
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2.7 Ergonomia de Produto

Tem como objetivo a segurança, satisfação e bem estar dos trabalhadores que produzem o
produto e o cliente que o consome. Para o produto ser bem aceito no mercado, ele deve possuir
qualidades técnicas, ergonômicas e estéticas. Entre os aspectos estudados, estão:

 Homem;
 Máquina;
 Ambiente;
 Informação;
 Organização;
 Consequência do trabalho.

2.8 Aspectos do Meio Ambiente

Em empresas, coexistem metas ambientais e limitações. As restrições podem ser de ordem


econômica ou técnica, exigindo adequação dos objetivos. Deve-se considerar todos os aspectos do
projeto básico envolvido, para se ter certeza de que sua realização é viável. Algumas recomendações
básicas poderiam ser:
 Minimizar o número de peças;
 Usar fixação por pressão ou outras técnicas similares;
 Projetar para montagem vertical de cima para baixo;
 Simplificar a interface para componentes reutilizáveis;
 Identificar todas as peças de forma padronizada.

2.9 Definição do Problema

É feita uma coleta e a organização de informações para se obter uma lista de especificações
técnicas quantitativas, formulando o problema principal e identificando variáveis básicas, limitações e
critérios.

2.10 Geração de Alternativas

Muitos dos problemas no desenvolvimento dos produtos estão atreladas a estrutura


organizacional adotada. Uma estrutura organizacional mais formal pode vir a trazer benefícios como:
 Auxílio à eficácia humana;
 Maior participação no planejamento da qualidade;
 Banco de dados que fornece informações às atividades subsequentes e mantém um registro
para referência e continuidade;
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 O tempo potencialmente menor para a execução do projeto executivo e o planejamento da


produção, devido ao fato de o controle já realizado eliminar muitas etapas de adaptação do
projeto à produção.

2.11 Projeto Básico

Tem como objetivo escolher, entre as soluções propostas na primeira fase, a melhor, e defini-
la completamente. Cada proposta é analisada através de uma matriz de decisão onde se avaliam as
vantagens e desvantagens em relação aos critérios de projeto.
A melhor das soluções é submetida a estudos e ensaios que visam estabelecer:
 O campo de variações dos parâmetros críticos de projeto;
 As características básicas dos componentes;
 A influência dos vários fatores internos ou externos sobre o desempenho funcional do
produto. 
O resultado final é a definição das características principais do produto.

2.12 Projeto Executivo

Tem como objetivo o planejamento para a fabricação do produto com procedimentos típicos.
Disso, resulta-se o planejamento para implantar a produção do produto projetado.
No projeto executivo, os custos são altos devido à necessidade da constituição de protótipos e testes,
por isso, é importante ressaltar que as duas primeiras fases do projeto são cruciais, pois um erro
cometido e não reparado causa prejuízo ao produto e sua execução.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 ANÁLISE DE PROBLEMAS ENCONTRADOS EM DIFERENTES TIPOS DE CAFETEIRA


Após uma breve análise do feedback de clientes das seguintes marcas de eletrodomésticos:
Britânia, Electrolux, Mondial, Philco e Philips, pode-se perceber um padrão de reclamações, levando
em consideração defeitos de peças, fragilidade de certos modelos, demora na solução de problemas
por parte da fabricante. Certas situações relatadas passaram de serem recorrentes e serão
exemplificadas a seguir:

a) SEM REPOSIÇÃO DE PEÇA - Jarra ECM30

Electrolux do Brasil
São Bernardo do Campo - SP
22/02/2023 às 23:37
ID: 159774915
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“A alguns meses comprei uma cafeteira ECM30 e depois de 2x usando, infelizmente a jarra quebrou.
Desde então estou buscando uma reposição e não consigo encontrar em nenhuma autorizada, em
nenhum site na internet, inclusive do próprio fornecedor.” [...]

b) JARRA TRINCADA

Mondial Eletrodomésticos
Tangará da Serra - MT
13/03/2023 às 18:45
ID: 160933923
“Tem mais ou menos dois meses que tenho essa cafeteira e enquanto eu estava utilizando ela para
fazer café o jarro dela trincou em cima do suporte.” [...]

c) DEMORA PARA REPARO

Mondial Eletrodomésticos
São Paulo - SP
22/03/2023 às 19:44
ID: 161538583
“Comprei uma chaleira elétrica e, em poucos meses de uso, ela parou de funcionar. Deixei na
assistência técnica em novembro/22 e até o presente momento (22/mar/23) a Mondial não enviou as
peças necessárias para a assistência.”

d) TEMPERATURA DESREGULADA

Philco
Novo Hamburgo - RS
27/02/2023 às 18:20
ID: 160048177
“No mesmo dia em que comprei a cafeteira multi cápsula fiz um café. O primeiro saiu morno, quase
frio; segui fazendo testes e gastando cápsulas de cafés (que não são baratas), mas sempre saía
morno, impossível de tomar. Na mesma semana que comprei tive que levar na assistência técnica
autorizada. Depois de 20 dias esperando, a assistência retornou dizendo que o produto não
apresentava avaria, e que não havia nada a ser feito.” [...]

e) FALTA DE SACHÊ/CÁPSULA

Philips Cuidados Pessoais


São Paulo - SP
29/01/2019 às 09:23
ID: 42366651
“Tenho uma cafeteira Senseo e não encontro o sachê de café para uso da mesma. Há mais de 6
meses tenho essa dificuldade. Liguei para o fabricante da cafeteira e me mandaram ligar no
fabricante do café, fiz isso e fui informada que a produção havia parado e não tinha previsão de
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voltar. Depois de alguns meses com a cafeteira ainda sem poder usar, liguei novamente e me
responderam igual da última vez.”

f) TEMPERATURA DESREGULADA

Britânia Eletrodomésticos
Guarulhos - SP
15/12/2022 às 13:03
ID: 155534703
“No dia 07 de Maio de 2022, realizei a compra de uma cafeteira elétrica. Passados alguns dias de
uso, o produto começou apresentar defeito (a água não esquentava). Levei a cafeteira até uma das
empresas autorizadas para realizar a manutenção do produto, passados alguns dias, o produto foi
devolvido, até então com o defeito sanado. Mas, o defeito continuou. No dia 19 de Agosto de 2022, a
cafeteira foi deixada na empresa autorizada para que os defeitos fossem sanados, mas até hoje não
arrumaram. Sempre que vou verificar a situação, sou informado de que a empresa está aguardando a
chegada da peça para consertar o problema. Há cerca de 4 (quatro) meses a cafeteira está na
empresa autorizada para realizar a manutenção, até o momento nada foi feito.” [...]

A Tabela 1, abaixo demonstra os problemas encontrados em diferentes marcas de cafeteiras.

Tabela 1: Demonstrativos de cafeteiras.

MARCA PROBLEMA
Electrolux do Brasil Sem reposição de peça
Mondial Eletrodomésticos Jarra trincada
Mondial Eletrodomésticos Demora para reparo
Philco Temperatura desregulada
Philips Cuidados Pessoais Falta de fornecimento de
sachê/cápsula
Britânia Eletrodomésticos Temperatura desregulada
Fonte: Reclame aqui, 2023.

3.2 ANÁLISE DIACRÔNICA HISTÓRICA

Por muitos anos, o processo de fazer o café consistia na torra de grãos, que eram moídos e
colocados em um recipiente específico para o preparo do café, no qual era adicionada água fervente
e tampado para que a infusão fosse feita. Esse modelo apresentava um pote com um fundo plano
expandido para deter o pó que afundava e um bico de despejo afiado que mantinha os moinhos
flutuantes.
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O primeiro método de café usando um filtro, o Biggin, tem mais de 125 anos e é originário da
França. Era um recipiente de dois níveis, contendo o café em um filtro de pano, na repartição superior
no qual a água era despejada, para escoar através de buracos no fundo do compartimento para o
bule de café. Enfim, o café era dispensado por um bico na lateral da cafeteira.
Em 1840, foi criada a Napier Vacuum Machine (Figura 01), uma cafeteira a vácuo, a qual
aquecia água no inferior até que a expansão forçasse o conteúdo através de um tubo estreito para o
compartimento superior, contendo café moído. Quando o recipiente inferior estava vazio e o tempo
suficiente de infusão havia passado, o calor era removido e o vácuo resultante puxava o café
infundido de volta através de uma peneira para a câmara inferior, de onde poderia ser decantado.

Figura 1: Cafeteira Napier Vacuum Machine, Bauhaus

Fonte: Wikipedia, 2023.

Em agosto de 1930, Inez Peirce registrou a patente da cafeteira a vácuo, verdadeiramente,


“automática”, que automatizou o processo. Nela, foi incorporado uma espécie de fogão, que reduziu o
tempo de espera. Mais tarde, seu design foi aprimorado e tornou-se uma linha de cafeterias a vácuo
automatizadas: a Sunbeam Coffeemaster, veja na figura 2, logo abaixo.

Figura 2: Cafeteira Sunbeam Coffeemaster


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Fonte: Ebay, 2021.

No século XIX, começaram a ser desenvolvidos os percoladores. A patente de Goodrich não


diferencia muito em relação aos coadores hoje usados. Com o coador, a água é aquecida em um
recipiente de tampa removível até que a água fervente seja colocada no coador, que drena e pinga no
recipiente. O ciclo de infusão é repetido até que o pó do café esteja, suficientemente, embebido.
É importante citar que a eletrificação residencial, assim como a criação de várias patentes e
inovações em controle de temperatura e disjuntores proporcionaram o surgimento de novos modelos
de coador a vácuo.
Patenteada por Luigi di Ponti, em 1933, a Cafeteira Moka, conhecida popularmente como
Cafeteira Italiana, é usada até os dias atuais. A Moka é uma cafeteira de fogão, que produz café
passando a água quente pressurizada pelo vapor através do café moído. Por tamanha popularidade,
seu design se tornou icônico na arte industrial moderna. (Ver na figura 3).

Figura 3: Cafeteira Moka Bialetti

Fonte: Bialetti, 2023.

Outra famosa cafeteira que também é usada nos dias de hoje é a Cafetière, ou Prensa
Francesa, feita pelo designer Italiano Atillio Calimani, no ano de 1929. Essa cafeteira necessita de um
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café de moagem grossa. O café é preparado colocando a água aquecida e café, mexendo e deixando
em infusão por alguns minutos, apertando o êmbolo para segurar o pó de café no fundo da cafeteira,
que é filtrado por meio de uma rede.

Figura 4: Prensa Francesa Melitta

Fonte: Melitta, 2023.

Apesar de parecer atual, a máquina de café expresso teve sua primeira patente registrada em
1901, pelo italiano Luigi Bezzera, e usava uma combinação de água e vapor, forçada sob alta
pressão para preparar o café em um ritmo rápido. Em 1905, ela começou a ser comercializada
mundialmente e, somente em 1933, é criada a primeira máquina de café expresso automática,
chamada Illetta, que usava ar comprimido para empurrar o vapor através do café moído. Com o
advento da tecnologia, a Illetta passou por diversas melhorias para chegar na marca, hoje, conhecida
como Clube Illy.

Figura 5: Máquina de Café Expresso Automática Illeta


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Fonte: Illy, 2023.

Figura 6: Máquina iperEspresso Y3.2 Illy

Fonte: Clube Illy do Café, 2020.

A Bunn-O-Matic Corporation lançou uma cafeteira do estilo drip-brew. Esse tipo de máquina
contém uma caldeira com água. Quando a cafeteira é ligada, a água entra em ebulição é despejada
em um recipiente no topo, que desce por um funil que abastece com água fria o fundo da caldeira. A
água quente menos densa da caldeira é deslocada para fora da caldeira e para um tubo que leva à
cabeça de pulverização, onde goteja para um coador contendo o café moído. O método de derrame e
deslocamento de água para fazer café tende a produzir café coado em uma taxa muito mais rápida do
que os designs de gotejamento padrão.

Figura 7: Bunn-O-Matic 35400.0009 MCA MyCaf Comercial Pod Brewer, automática, fermentação
rápida (aproximadamente 30 segundos), produz até (60) 8 onças. Xícaras por hora
14

Fonte: Singer, 2023.

Muito popular nos dias de hoje, a cafeteira de dose única contém um sistema de infusão que
permite que uma certa quantia de água passe por uma cápsula de café, distribuindo uma quantia de
café padrão em um recipiente colocado sob o local de saída de bebida. A tecnologia dessa cafeteira
permite que o usuário escolha o tamanho da xícara e da intensidade da infusão. Além do café, hoje
há uma variedade de bebidas está disponível, como chá, chocolate quente e bebidas especiais à
base de leite.

3.3 ANÁLISE DE MERCADO

As cafeteiras são eletrodomésticos, que fazem parte do segmento de alimentação. E esta


encontra-se relacionada com um tipo de negócio que propõe uma satisfação pessoal do cliente, que
vai além da gastronomia. Assim, é importante inovar e apresentar diferenciais, estudar a concorrência
e propor sempre novas opções de compra para o cliente.
Para a tomada de decisão do cliente, é de suma importância a realização de uma análise
comparativa de produtos. A presente análise comparativa do estudo baseia-se na seleção de três
produtos (cafeteiras) encontradas no setor de eletrodoméstico.

Tabela 1 – Análise comparativa de cafeteiras encontradas no mercado.

Características

Marca Cadence Arno Electrolux


Nome Cafeteira Elétrica Cafeteira Arno Soleil Cafeteira Elétrica
Cadence Neo Mint Marfim para Café em Digital Elecytolux 38
com Copo Termico Pó - SFCM Xícaras Experience
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(ECM30)
Preço (R$) 189,90 339,99 389,00
Quantidade de café 400 1,25 1,2
(mL)
Tipo de fonte de Energia elétrica Energia elétrica Energia elétrica
energia
Voltagem (V) 127V / 220 127V / 220 127V / 220
Potência (W) 700 1000 900
Garantia 12 meses 12 meses (por 12 meses
defeito de
fabricação)
Dimensões (LxAxP 128x240x178 238x354x354 275x35x275
em mm)
Peso (Kg) 0,85 1,75 1,81
Fonte: Cadence, 2023; Arno, 2023; Electrolux, 2023.

Conforme a tabela acima, as cafeteiras Cadence, Arno e Electrolux são elétricas, porém
apresentam-se diferenciadas, pelo seu valor monetário que varia entre R$189,90 e R$389,00, pela
sua capacidade de armazenamento de água (L/mL), sendo o modelo Cafeteira Elétrica Neo Mint com
Copo Térmico com 400mL de menos capacidade e o modelo Cafeteira Arno Soleil Marfim para Café
em Pó – SFCM de maior capacidade, com 1,25L. Além do valor monetário e da capacidade de
armazenamento, elas também diferenciam-se quanto ao peso e suas dimensões. Conclui-se, após a
análise de mercado, que o produto de melhor custo-benefício foi da marca Cadence, a Cafeteira
Elétrica Cadence Neo Mint com Copo Térmico devido às características apresentadas.

3.4 ANÁLISE FUNCIONAL, ESTRUTURAL E MORFOLÓGICA

Para a tomada de decisão de compra do cliente, também é necessário analisar o


funcionamento do produto selecionado, bem como levar em consideração o desempenho e análise
funcional do mesmo. Pois possibilitará entendimento de suas características, o seu funcionamento e
seu comportamento no mercado. A análise funcional do produto se faz de extrema importância, pois
permite um estudo aprofundado de todas as características do produto (cafeteira) de interesse do
cliente. A seguir encontra-se a tabela, com a descrição da análise funcional, estrutural e morfológica
de uma cafeteira encontrada no mercado.

Figura 8: Componentes da Cafeteira Elétrica Cadence Neo Mint com Copo Térmico

Fonte: Cadence, 2023.


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Tabela 2– Análise funcional, estrutural e morfológica da Cafeteira Elétrica Cadence Neo Mint com
Copo Térmico
Cafeteira Função Material Acabamento Tratamento
Elétrica secundária Superfície
Cadence Neo
Mint com Copo
Térmico
1 Tampar o Plástico Neo mint Brilhoso
reservatório de
água
2 Saída de água Plástico Neo mint Brilhoso
quente
3 Filtrar o café Plástico e Neo mint Brilhoso (plástico)
poliéster (plástico) e e rugoso
branco (poliéster)
(poliéster)
4 Dar suporte ao Plástico Neo mint Brilhoso
filtro
5 Reservatório de Aço inox e Metal e neo mint Brilhoso
água plástico
6 Estrutura do Plástico Neo mint Brilhoso
produto
7 Ligar / desligar o Plástico Branco Liso
produto
8 Ligar na Cobre e Branco Liso
alimentação polietileno
com plugue
9 Saída de café Plástico Neo mint Brilhoso
10 Base do produto Plástico Neo mint Brilhoso
11 Tampar o copo Plástico e Cinza Liso
borracha
12 Utensílio no Aço inox e Metal e branco Brilhoso
qual é plástico
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despejado o
café e o
mantém na
temperatura
adequada
Fonte: Cadence, 2023.

Por ser uma cafeteira compacta com uma proposta para o dia a dia, se faz necessário que
seus materiais sejam leves, por isso, o uso de um plástico resistente a altas temperaturas e o aço
inox. Uma de suas características positivas é o filtro reutilizável, fazendo com que não seja
necessária o gasto com filtros de papel, contribuindo, positivamente, com o meio ambiente.
Além disso, seu design é minimalista, tendo um peso leve e trabalhando com uma cor
incomum às tradicionais encontradas no mercado. Entretanto, sua estrutura não conta com corta
pingos e, apesar de aceitar o uso de diversos tipos de xícaras, analisou-se que, ao usar as de
menores tamanho, a máquina causa respingos no próprio aparelho e ao redor, e seu cabo de
alimentação de curto comprimento também torna mais difícil a utilização da máquina em espaços com
maior distância da fonte.

3.5 ERGONOMIA DO PRODUTO

Esta etapa compreende a ergonomia do produto, cujo objetivo é fazer uma análise da relação
entre usuário e o objeto, afim de verificar a sua usabilidade, conforto e segurança. Dentre as três
cafeteiras analisadas na etapa anterior, a escolhida para análise foi a Cafeteira Arno Soleil Marfim
para Café em Pó – SFCM. Para isso, foi feito um estudo com base em um vídeo retirado da internet,
que demonstra a utilização feita por um consumidor.
As capturas de tela, a seguir, apresentam detalhes da interação usuário e produto. Na figura
9, a cafeteira possui um painel digital, com botão Liga/Desliga, timer programável para o preparo do
café e botões de programação das horas e minutos (em sistema horário AM/PM).

Figura 9: Painel digital

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.


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A cafeteira ainda disponibiliza um indicador de quantia máxima e mínima de água em xícaras


na lateral do reservatório de água.

Figura 10: Indicador de água.

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.

A cafeteira possui uma colher dosadora própria para o café, demonstrada na figura 11, logo
abaixo.

Figura 11: colher dosadora de café.

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.

A mesma também apresenta o suporte de filtro de café, que possui uma trava de segurança,
conforme demonstração das figuras 12 e 13.

Figuras 12 e 13: Suporte de café.


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Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022

É possível observar, também, na figura 14, abaixo, a jarra de vidro, que proporciona a
visibilidade do café e a pega de sua alça.

Figura 14: Jarra de vidro.

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.


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A jarra apresentada possui um bico ergonômico que serve para o direcionamento da saída do
café, de forma, assim, a evitar vazamento do mesmo, conforme se observa na figura 15, abaixo.

Figura 15: Bico da jarra de vidro.

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.

O eletrodoméstico se liga à fonte de alimentação por meio de uma tomada de três pinos,
reforçada por uma camada de borracha que apresenta mais resistência ao aquecimento, ver na figura
16.

Figura 16: Fonte de energia.

Fonte: Com amor, Sarah. Youtube, 2022.

Após a análise feita, pode-se constatar a existência de pontos positivos e negativos. Tendo
como vantagem um indicador de quantia máxima e mínima de café em xícaras, painel digital, sistema
de corta-gotas, subsistema de aquecimento por 30 minutos com desligamento automático, baixo
ruído, compartimentos removíveis e com trava de segurança, a fim de evitar acidentes.
Porém, tem-se como desvantagem que o painel digital é pequeno dificultando a sua visualização,
botões de tamanho pequeno e rígidos, a pega da alça da jarra não é ergonômica, assim como o cabo
de alimentação que aquece em excesso quando utilizado com muita frequência.
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3.6 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Com base na análise da ergonomia do produto feita anteriormente, pode-se definir pontos
positivos e negativos presentes na Cafeteira Arno Soleil Marfim para Café em Pó - SFCM na relação
usuário e produto. Esse estudo é de suma importância pois é graças a ele que pode-se reconhecer os
aspectos positivos e negativos e assim fazer os aprimoramentos necessários para um melhor
desempenho da cafeteira. A seguir apresentam-se os requisitos que devem ser alcançados com a
resolução do projeto:

a) Aspectos Funcionais:

Produzir café;

Produzir chá;

Aquecer conteúdo.

b) Aspectos Estruturais:

Conter painel touch com função modo café e modo chá;

Conter regulador de intensidade;

Conter regulador de temperatura;

Conter botão Liga/Desliga;

Conter função de desligamento automático;

Conter fonte de alimentação (energia elétrica). O cabo de alimentação deve ser feito de cobre,
encapamento emborrachado, ideal para uma tomada de 3 pinos;

Compor-se em duas partes: corpo inferior, corpo superior (plástico polipropileno);

Conter compartimentos: jarra (vidro temperado, plástico polipropileno, alça forrada com borracha de
silicone), reservatório de água (aço inox), porta filtro removível (plástico polipropileno).

c) Aspectos morfológicos:

Corpo inferior e superior com acabamento cromático na cor Cashmere Blue (Pantone 14-4115);

Tratamento de superfície deve ser forma fosca e lisa;

Ser composto formas orgânicas;

Conter jarra arredondada de vidro transparente, alça com pega rugosa na cor azul retrô, tampa lisa,
fosca com acabamento cromático também na cor Cashmere Blue (Pantone 14-4115).
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d) Aspectos Ergonômicos:

Conter pega ergonômica;

Conter painel touch legível;

Conter botão Liga/Desliga de tamanho proporcional ao dedo polegar;

Conter suporte de filtro removível;

Conter leitura do nível da água legível;

Conter jarra leve;

Conter bandeja de gotejamento ajustável à altura do recipiente, onde o conteúdo será servido.

e) Aspectos Ambientais:

Conter filtro reutilizável;

Utilizar tecnologia inverter (explicar);

Usar plástico reciclável onde não há contato com alimento;

Utilizar sistema de desligamento automático (economia de energia);

Produzir baixa emissão de carbono.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo possibilitou refletir sobre os padrões de cafeteiras utilizadas atualmente,


visto que com o avanço da ciência e tecnologia, houve um impacto positivo na produção e
comercialização de máquinas de café. Por intermédio das análises realizadas, pode-se concluir que
há diferentes tipos de cafeteiras disponibilizadas pelo mercado, apesar de possuírem semelhanças
entre si como a voltagem, e a fonte de energia, há características que as diferenciam uma das outras,
como sua capacidade em litros, o acabamento de superfície e principalmente o custo benefício, para
agradar a cada tipo de persona que a marca busca como público alvo. Entretanto, ainda se faz
necessário a melhoria de atributos para melhor desempenho do produto e consequentemente gerar
um crescimento positivo da marca no mercado. Assim torna-se essencial executar o projeto de um
produto, o qual deve seguir diferentes etapas e requisitos para que seja possível avaliar a melhor
matéria prima e metodologia de execução a ser aplicada.
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REFERÊNCIAS

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Cafeteira Elétrica Digital Electrolux 38 Xícaras Experience (ECM30). Disponivel em <
https://loja.electrolux.com.br/cafeteira_eletrica_programavel_digital_ecm30_electrolux/p>. Acesso em
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Com amor, Sarah. CAFETEIRA ARNO SOLEI UNBOXING + PROGRAMAÇÃO | NOVA
DECORAÇÃO | Com amor, Sarah. Youtube, 1 de fevereiro, 2022.
Fofuras da Sheila. Cafeteira programável Arno Soleil,Torradeira e chaleira elétrica resenha completa.
Youtube, 2 de maio, 2022
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