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Aspectos Introdutórios
Material Teórico
A Conquista da América
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
A Conquista da América
Nesta Unidade, deve ler atentamente o conteúdo. Ele lhe possibilitará reflexões sobre o
processo histórico de conquista da América. Nela, você encontrará interpretações indígenas
e europeias em torno do conceito de conquista. Será apresentado a acontecimentos que
marcaram essa conquista e como as culturas pré-colombianas o compreenderam. Conhecerá
algumas razões que podem explicar a vitória espanhola frente aos mexicas (astecas) e aos incas
e, também, algumas formas de resistência empregadas por mexicas (astecas) e incas contra
a ocupação dos espanhóis. Além disso, encontrará descrições sobre o genocídio indígena
ocasionado durante conquista da América.
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Unidade: A Conquista da América
Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, convido você a ler um trecho do poema Os Conquistadores,
de Pablo Neruda. O poeta alude à destruição e ao genocídio que ocorreram na ocupação da
América. Além disso, refere-se a uma das principais justificativas que os espanhóis empregaram
para essa ocupação: a propagação da fé.
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Introdução: conceitos de conquista
O sentido de conquista para os espanhóis implicava a ideia de povoar. Essa ideia tinha
suas raízes na Espanha medieval. Ela se contextualizava no processo da guerra de reconquista,
o conflito no qual os reinos cristãos buscavam reconquistar os territórios europeus que há
séculos tinham sido ocupados pelos muçulmanos durante seu empreendimento de expansão.
As batalhas tinham como estratégia principal rápidas invasões, seguidas do assentamento de
habitantes no local e da colonização da região. Nesse sentido, o ato de conquistar ocorria por
meio de campanhas militares bem sucedidas de uma expansão territorial organizada (ELLIOTT,
1990, p. 127). Essa fórmula de conquista ganhou sua maior expressão sob o comando de um
homem que se destacou na conquista da América: Hernán Cortez (1485-1547).
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Unidade: A Conquista da América
Se pudermos mencionar uma data que marcou a conquista da América, será 1519. Nesse
ano, Hernán Cortez (1485-1547), o mais famoso conquistador espanhol, comandou uma
expedição pelo vale do atual México, chegando até Tenochtitlán, centro do império dos mexicas
(astecas), onde aprisionou o imperador mexica Montezuma. Ele estabeleceu alianças com
povos hostis ao império mexica. Penetrou nesse império deixando um rastro de massacres,
saques e destruição (SOUSTELLE, 2002). O cerco que realizou a Tenochtitlán, a matança que
promoveu, a destruição que empreendeu, sua vitória nessa cidade, constituíram os primeiros
passos para que o império dos mexicas fosse transformado na Nova Espanha.
Outra data que marcou a conquista da América foi 1532. Foi o ano em que Francisco
Pizarro (1476-1541) comandou uma expedição espanhola contra as forças de Ataw Wallpa,
imperador dos incas. Tal como Cortez, Pizarro utilizou a estratégia de constituir alianças com
os inimigos dos incas. A exemplo de Cortez, ordenou muitos massacres (FAVRE, 1987),
aprisionou e assassinou Ataw Wallpa, conquistando o império centralizado na região peruana.
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Francisco Pizarro diante de Ataw Wallpa
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Unidade: A Conquista da América
• Hernán Cortez teve exímia habilidade em explorar os conflitos internos existentes dentro
do império mexica, visto que esse império não era homogêneo, reunia muitos povos
subjugados aos mexicas (TODOROV, 2003, p. 80-81);
Quanto ao cenário que Pizarro encontrou no Peru, pode-se apontar uma razão específica
para a derrota inca: Ataw Wallpa e Wascarr disputavam o poder imperial inca. Essa disputa
colocou em confronto o norte e o sul do império, cada região apoiando um desses chefes.
Ocupados com a disputa interna pelo poder, ambos não se atentaram para a invasão externa do
europeu. Posteriormente, Pizarro se aliou a Wascarr contra Ataw Wallpa. O enfraquecimento
do império inca provocado pela disputa interna abriu caminho para a conquista espanhola da
região (FAVRE, 1987).
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A resistência à conquista
A conquista espanhola da América não ocorreu sem resistências. Ela encontrou resistências
mais acentuadas no Peru. Manco Inca foi um exemplo dessas resistências. Inicialmente, aliou-
se aos espanhóis, mas, posteriormente, conscientizou-se dos projetos espanhóis e se opôs a
invasão empreendida por eles. Ele controlou um extenso território nas regiões montanhosas,
no qual restaurou elementos das tradições incas. Persuadia aqueles que estavam sob sua
autoridade a não aceitar a cultura dos europeus, em especial, a religião. Incentivava o culto
ancestral classificado pelos espanhóis como heresia e, por conseguinte, objeto de proibição
(WACHTEL, 1990).
Outro exemplo foi Taqui Ongo. Ele arquitetou uma grande sublevação indígena contra os
espanhóis. O principal argumento era o de que, por consequência da adesão indígena ao
batismo cristão, os deuses os fizeram errantes, enfermos e acometidos pela fome. Em torno
de Taqui Ongo constituiu-se um movimento de retorno aos cultos ancestrais. Esse movimento
foi alvo de repressão por parte dos espanhóis (WACHTEL, op.cit.).
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Unidade: A Conquista da América
O frei Bartolomé de Las Casas descreveu o extermínio das culturas pré-colombianas com
uma riqueza de detalhes que causam surpresa ainda nos dias de hoje.
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Diálogo com o Autor
Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar
crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando
nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes
e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando
cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, mais habilmente
e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre
quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe.
(LAS CASAS, op.cit., p. 30)
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Unidade: A Conquista da América
Material Complementar
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Referências
FAVRE, Henri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987. (As civilizações
pré-colombianas)
GENDROP, Paul. A civilização maia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987. (As
civilizações pré-colombianas)
LAS CASAS, Bartolomé de. O paraíso destruído: brevíssima relação da destruição das
Índias. 6.ed. Porto Alegre, 1996. (Coleção Descobertas L&PM)
SOUSTELLE, Jacques. A civilização asteca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. (As
civilizações pré-colombianas)
WACHTEL, Nathan. Los indios y la conquista española. In: BETHEL, Leslie. Barcelona:
Editorial Crítica, Cambridge University Press, 1990, v. I, p. 170-202.
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Anotações
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