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A regulação de serviços da tecnologia disruptiva: o caso do Netflix - questões

sobre estímulo e enforcement para exibição de conteúdo nacional

The regulation of disruptive technology services: the case of Netflix -


questions about stimulus and enforcement for the exhibition of national
content
DOI: 10.55905/revconv.16n.8-001

Recebimento dos originais: 03/07/2023


Aceitação para publicação: 01/08/2023

Edilson Gonçales Liberal


Mestre em Direito Público pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV – SP)
Instituição: Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE - PR)
Endereço: Curitiba - PR, Brasil
E-mail: eliberal@hotmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0000-3427-426X

RESUMO
O presente artigo aborda a regulação de serviços baseados em tecnologias disruptivas,
especificamente o Netflix, e como esta regulação influencia questões como a divulgação de
conteúdos de terceiros, a neutralidade de rede, a tributação e os destinatários dos conteúdos
adquiridos e/ou produzidos por estas plataformas. Ainda, este ensaio analisa o papel da regulação
e da própria normatização para fins de estímulo ou enforcement de produção e/ou exibição de
conteúdos nacionais nestas plataformas.

Palavras-chave: tecnologias disruptivas, regulação, Netflix, obrigatoriedade e fomento,


conteúdo nacional.

ABSTRACT
This article addresses the regulation of services based on disruptive technologies, specifically
Netflix, and how this regulation influences issues such as the disclosure of third-party content,
net neutrality, taxation and the recipients of content acquired and/or produced by these platforms.
In addition, this essay analyzes the role of regulation and standardization itself for the purpose
of stimulating or enforcing the production and/or exhibition of national content on these
platforms.

Keywords: disruptive technologies, regulation, Netflix, obligation and promotion, national


content.

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1 INTRODUÇÃO
As novas tecnologias ocupam espaço importantíssimo no cotidiano das pessoas nos dias
de hoje. Baseadas em inovações tecnológicas sem precedentes, rompem totalmente o status quo
da sociedade introduzindo novos comportamentos, valores e apreciação de produtos e serviços;
transformando completamente com o até então existente.
É o que aconteceu com o Netflix. Vindo do ramo do entretenimento, esta plataforma
resetou – para usar uma expressão do meio – quase que por inteiro a forma de consumir
entretenimento desde seu surgimento.
A par disso, surge de outro lado a economia formal e o próprio Estado quase que como
expectadores deste fenômeno. Premido pelos primeiros, ao segundo cumpre dar contornos
regulatórios para existência – com o mínimo de harmonia possível – às duas economias.
Sem o mínimo de intervenção estatal para formatar estes contornos, esta assimetria
regulatória pode gerar externalidades muito negativas, gerando impactos significativos em
setores sensíveis à sociedade.
Com isso, estes contornos regulatórios da nova tecnologia vêm se preocupando
basicamente com as mesmas questões que regulam a “economia tradicional” do entretenimento,
tais como questões autorais, neutralidade de rede, destinatários do entretenimento e, também, o
estímulo e/ou o enforcement para produção/exibição de conteúdos nacionais por estas
plataformas.
Este artigo busca – sucintamente em cinco tópicos – analisar esta discussão, inclusive no
que concerne à tentativa (?) do Estado de regular este setor.

2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O NETFLIX


2.1 ORIGENS
O Netflix surgiu primeiramente como empresa de locação de DVD nos Estados Unidos
nos meados da década de noventa. Àquela época o mundo vivia o auge do efeito Blockbuster 1,

1
A BlockBuster foi a maior rede de locadoras de VHS e DVD´s dos Estados Unidos e uma das maiores do mundo.
Fundada em 1985 em Dallas/TX, chegou a ter mais de 4500 lojas e 500 mil funcionários no mundo todo. Seu sucesso
foi tão grande neste mercado, que no final da década de noventa foi a 13ª marca mais conhecida dos Estados Unidos,
ao ponto de seu nome se tornar adjetivo para caracterizar filmes de grande sucesso de público.
Um dos grandes responsáveis pela derrocada da Blockbuster como negócio foi o surgimento da exibição de conteúdo
via internet, em plataformas como o próprio Netflix.
Com informações de: <http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/blockbuster-ingresso-para-diverso.html>.
Acesso em 30/05/2023.

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onde as locadoras – antes de VHS e agora de DVD e na sua transição – investiam fortemente em
estruturas físicas, com o intuito de se tornar quase que centros de entretenimento, onde o público
ia se inteirar das novidades/lançamentos além de locar os títulos de sua preferência.
A par deste cenário, o Netflix surgiu já como empresa visionária, posto que o mote de seu
negócio era enviar os DVD´s pelos correios aos seus assinantes. Curioso notar que este modelo
de negócio do Netflix só se viabilizou com a própria tecnologia, já que sem o surgimento do
DVD os custos com envio das fitas de videocassete (VHS) – muito mais pesadas e, portanto, de
envio mais caro – muito possivelmente diminuiriam consideravelmente o lucro e inviabilizariam
o negócio sem a existência do DVD2.
Outra relativa novidade do Netflix foi a assinatura, onde o cliente com pagamentos
mensais tinha o direito de alugar títulos os quais poderiam ficar em sua posse por maior período
de tempo – chegando até a períodos mensais –, diferentemente do modelo tradicional de locação
de VHS/DVD´s de períodos mais curtos a depender da quantidade de títulos locada.
O modelo de negócios do Netflix como plataforma digital de conteúdo, de forma muito
parecida com o que conhecemos hoje, surgiu por volta de 2007; quando o franco
desenvolvimento da internet banda larga permitiu a exibição – sem cortes, sobressaltos ou
interrupções – de sons e imagens pela rede mundial de computadores3.
A partir deste ponto, o Netflix disponibilizou todo o seu conteúdo pela internet, para
visualização por VoD – Video on Demand, assegurando não só sua entrada nesta seara do
entretenimento como a longevidade do negócio para além do DVD4.
Com parcerias com grandes estúdios para fornecimento de conteúdo e com a rápida
ampliação de sua base de clientes, em pouco tempo a plataforma iniciou a produção própria de
conteúdo, com forte foco nas séries.
O Netflix chegou ao Brasil em 2009, quando a televisão a cabo – grande concorrente e
demandante da regulação das plataformas de streaming – ainda não era totalmente difundida no
país por conta de sua parca infraestrutura e seu alto custo aos consumidores.

2
STÜRMER, A.; SILVA, G. P. D. Do DVD ao Online Streaming: A Origem e o Momento Atual do Netflix. In
Encontro Nacional de História da Mídia, 10., 2015. Porto Alegre/RS. Anais... Porto Alegre: Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, 2015.
3
Não por outra razão o YouTube, outro importante player deste modus de distribuição de entretenimento surgiu
também nessa época.
4
KULESZA, Juliana; BIBBO, Ulysses de Santi. A televisão a seu tempo: Netflix inova com produção de
conteúdo para o público assistir como e quando achar melhor, mesmo que seja tudo de uma vez. Revista de
radiodifusão. Vol. 7 n. 08. 2013.

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Com um crescimento no país relativamente modesto, a plataforma de streaming sofreu
com a baixa qualidade da banda larga brasileira e somente atingiu crescimentos sustentáveis a
partir de 2014, com a consolidação do mercado brasileiro de smartphones e tablets5.

2.2 SERVIÇOS E A ECONOMIA DISRUPTIVA


O termo inovação disruptiva foi cunhado por Clayton Christensen, professor da Harvard
Business School, e é definido como aquela inovação de produto e/ou serviço que com simples
aplicações transformam produtos ou setores dos serviços com grande aceitação e crescimento
ultrapassando concorrentes estabelecidos. Não se tem a inovação como a melhora de um processo
existente, mas como uma verdadeira transformação do produto/serviço, alcançando um público
de consumidores muito maior e barateando significativamente seu preço6.
Invariavelmente, a inovação disruptiva vem pela tecnologia, como podemos ver no caso
do Uber, do Spotify e do Netflix que nos interessa mais de perto neste artigo.

3 A REGULAÇÃO DO NETFLIX
Como resultado de uma inovação disruptiva, o Netflix não chamou muita atenção dos
players de seu mercado até, obviamente, exibir musculatura e crescimento consistentes,
acentuadamente marcados pela sua simplicidade de operação, com a liberação de conteúdo
rapidamente e criação de seu próprio catálogo.
A partir disto, e com o crescimento da plataforma mundo afora, os conflitos entre o
Netflix e outras empresas da área de telecomunicações e/ou entretenimento foram se acentuando
e tornando-se mais comuns. Estes conflitos ora se deram em relação i) à divulgação de conteúdos
de terceiros, ii) a neutralidade de rede, iii) à tributação, iv) aos destinatários dos conteúdos
adquiridos e/ou produzidos pela plataforma, e v) ao enforcement de veiculação de produções
locais.
Mundo afora, em todas estas disputas em que o Netflix esteve (ou está) envolvido, houve
uma grande exposição de sua atuação frente a poderosos grupos de comunicação/entretenimento
e/ou telecomunicações, que começaram, a seu modo, a demandar dos Estados onde a plataforma
estava atuando regulações quanto aos tópicos acima elencados.

5
STÜRMER, A.; SILVA, G. P. D. idem.
6
CHRISTENSEN, Clayton M.; RAYNOR, M.; MCDONALD, Rory. What Is Disruptive Innovation ? Harvard
Businesse Review. December, 2015.

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Assim, frente a esta assimetria regulatória, onde os players de entretenimento atuam em
mercados fortemente regulados, passou-se a discutir com maior abertura a regulação dos serviços
de streaming.

3.1 O NETFLIX E A DIVULGAÇÃO DE CONTEÚDOS DE TERCEIROS, A


NEUTRALIDADE DE REDE, A TRIBUTAÇÃO E OS DESTINATÁRIOS DE SEUS
CONTEÚDOS
Em relação a divulgação de conteúdos de terceiros, em que pese não seja o tema deste
artigo, a questão aparentemente é de fácil tratamento jurídico, na medida em que as partes
envolvidas (produtores, atores, divulgadores e exibidores) têm seus conflitos apreciados sobre a
ótica do direitos de propriedade autorais, numa arena bem mais regula(menta)da mundialmente
que nos casos de tributação, público destinatário das produções e enforcement de veiculação.
Quanto a questão da neutralidade de rede, este assunto gerou uma das maiores disputas
do Netflix nos Estados Unidos, quando esta plataforma litigou com a Comcast – maior provedora
de internet americana – sobre a limitação de dados da Netflix na rede em 2013, ao argumento
que a plataforma de streaming utilizaria muita banda para seus conteúdos. O caso nos Estados
Unidos teve desfecho em 2014 através de um acordo, onde o Netflix se comprometeu a pagar a
mais para conexão diretamente ao serviço de internet banda larga da Comcast. Posteriormente,
o Netflix ainda teve que fazer acordos semelhantes com outras operadoras de internet nos Estados
Unidos, como Verizon e AT&T7.
Mesmo sendo um dos maiores litígios em que o Netflix já esteve envolvido, a questão da
neutralidade de rede não chega a ser um problema tão categórico para o serviço no Brasil, na
medida em que por aqui o Marco Civil da Internet tem como um de seus mais importantes
princípios a neutralidade de rede8-9.
Já em relação à tributação do serviço de streaming, o Brasil também já regulamentou tal
instituto, promovendo em 2016, pela Lei Complementar 157, alteração na Lei Complementar

7
CINTRA, M. E. Neutralidade de Rede: o caso Comcast v. Netflix e o Marco Civil da Internet. Revista de Direito,
Estado e Telecomunicações, Brasília, v. 7, n. 1, p. 145-170, maio 2015.
8
Lei 12.965/14.
Art. 3º. A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: [...]
IV - preservação e garantia da neutralidade de rede; [...] (g. n.)
9
Marques Neto, F. A.; Freitas, R. V. Uber, WhatsApp, Netflix: os novos quadrantes da publicatio e da assimetria
regulatória. Revista de Dir. Público da Economia – RDPE. Belo Horizonte, ano 14, n. 56, p. 75-108, out./dez.
2016.

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116/03, incluindo o item 1.0910 na lista de serviços da respectiva lei, que permite a cobrança do
imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN) das referidas plataformas.
Em que pese haja contundentes vozes no sentido de se considerar a referida alteração
legislativa inconstitucional11, e outras tantas a bradar a sua constitucionalidade12; o fato é que até
agora a norma vige e vários municípios brasileiros já cobram o ISSQN das assinaturas do Netflix.
Grande parte da celeuma do caso da tributação no caso de streaming se dá em razão da pertinente
dúvida de se definir se acessar a plataforma e visualizar o conteúdo se trata de obrigação de dar
ou de fazer, distinção peremptória para se definir se incide ou não o fato gerador de tal imposto,
e sobre a qual fatalmente o Judiciário é que vai dar a palavra final.
Por fim, quanto a regulação dos destinatários do conteúdo de posse da plataforma de
streaming, o Netflix tem em cada produto à disponibilidade da audiência indicação de faixa etária
ou restrições quanto a audiência de seus conteúdos13, tendo ainda a indicação em seu “Termos
de Uso” de que menores deverão utilizar a plataforma sob a supervisão de um adulto14.
A plataforma possibilita a criação de perfis, que se criados para crianças só permitirá o
acesso de conteúdo permitido até doze anos – idade referenciada no Brasil pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente – ou ainda para crianças menores, com acesso somente a conteúdo
infantil.
No entanto, não há uma regulação por parte do Estado quanto a limitação de exibição de
acordo com a audiência a plataformas de streaming, restando essa tarefa – de se definir o
conteúdo a ser exibido a crianças e adolescentes – à própria plataforma15.

10
1.09 - Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet,
respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdos pelas prestadoras de
Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei no 12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS).
11
MARIA, L. N. B. Tributação do NETFLIX: A (in)constitucionalidade da incidência do imposto sobre serviços de
qualquer natureza - ISS sobre os serviços de streaming. Revista de Direito FIBRA Lex, Ano 3, nº 3, 2018.
12
VIEIRA, A. B. C; CABRAL, A. C. M. C. A inconstitucionalidade da tributação das plataformas de streaming à
luz da lei complementar nº 157/2016. Anais do II ENPEJUD – Encontro de Pesquisas Judiciárias. Disponível
em: < http://enpejud.tjal.jus.br/index.php/exmpteste01/article/view/233/102>. Acesso em 30/05/2023.
13
Disponível em: <https://help.netflix.com/pt/node/2064>. Acesso em 30/05/2023. A plataforma disponibiliza para
cada país a classificação etária de seus programas, no entanto, de acordo com a classificação americana da Federal
Communications Commission (FCC).
14
Disponível em: < https://help.netflix.com/legal/termsofuse>. Acesso em 30/05/2023.
15
MORO. R. G. Discursos sobre hábitos de leitura e uso de tecnologias na infância: Um estudo realizado a partir de
entrevistas com famílias. Anais do 7º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação. Disponível em: <
https://scholar.google.com.br/citations?view_op=view_citation&hl=pt-
BR&user=T1CykRQAAAAJ&citation_for_view=T1CykRQAAAAJ:70eg2SAEIzsC >. Acesso em 30/05/2023.

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3.2 O PAPEL DA REGULAÇÃO DO NETFLIX COMO ESTÍMULO OU ENFORCEMENT
PARA VEICULAÇÃO DE CONTEÚDOS NACIONAIS EM PRODUÇÕES
No caso do streaming, tendo em vista sua dissociação com outros meios de comunicação
que atuam em ambientes muito mais regulados, uma das principais demandas destes players em
relação àquelas plataformas diz respeito às condições a que estes não estariam obrigados a
exibirem produções de conteúdo local/nacional em suas programações.
O caminho da regulação de mídia internacional caminhou no sentido de se exigirem dos
meios produtores/exibidores produções com conteúdo nacional para estimular a indústria de
entretenimento local, bem como o incremento da cultura destes países.
Com efeito,

“Em face da presença contundente dos filmes produzidos e distribuídos pelos poderosos
conglomerados norte-americanos nos mais preeminentes e promissores mercados
nacionais e regionais, muitos governos passaram a adotar limites de exibição, cotas de
distribuição, tributação sobre as taxas de remessas de lucro, novas e rigorosas
exigências jurídicas, além da destinação de recursos financeiros para a capitalização das
empresas nacionais especializadas na criação, produção, distribuição, licenciamento e
exibição de conteúdos fílmicos nacionais. Seguiram essa senda países como China,
Índia, México, França, Turquia, Coreia do Sul e Brasil. Entre 2007 e 2012, a Índia
produziu 7.908 filmes (o dobro dos EUA, que produziu 4.083) e a China, 3.123. Logo
após aparece o Japão (2.676 filmes), seguido da França (com 1.510) (Canedo, 2015).
Como corolário, esses países obtiveram fatia expressiva de seus próprios mercados
audiovisuais: EUA (96%); Índia (89%); China (53,6%) e Japão (54,9%).”16

Assim, principalmente neste meio de produções artísticas audiovisuais, é preocupação


premente da regulação o estímulo e o fomento à produção nacional.
Com isso, paralelamente a regulação em relação à tributação, neutralidade de rede ou
destinatários da produção, surge na arena regulatória campo e espaço para se determinar
instrumentos e/ou dispositivos para fomento às produções audiovisuais nacionais.
Não foi diferente no Brasil, onde a Lei 12.485/201117 estipulou cota mínima três horas e
meia de produção nacional e de origem relacionadas a produtoras independentes em horário
nobre para veiculação pelas operadoras de televisão a cabo.

16
MAIA ALVES, E. P. A expansão do mercado de conteúdos audiovisuais brasileiros: a centralidade dos agentes
estatais de mercado – o FSA, a ANCINE e o BNDES. Cad. CRH, Vol. 29, nº 78 Salvador Sept./Dec. 2016.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-49792016000300477&script=sci_arttext#aff1>. Acesso em
30/05/2023.
17
Esta lei, fruto de longa tramitação, dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado, e foi chamada
popularmente de lei da tv a cabo.

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Como o Netflix é uma empresa de alcance mundial, com ações listadas na NASDAQ, e
com crescimento relativamente constante e lucrativo; a valorização de suas ações oscila ao sabor
do andamento da regulação nos diferentes países onde atua. Europa e Canadá, por exemplo, que
tem forte regulação no sentido de obrigatoriedade de produção/veiculação de conteúdo nacional,
exigiram da plataforma de streaming movimentos no sentido de evitar a regulação18.
Com relação ao Netflix no Brasil, o caminho da regulação teve posicionamentos
claudicantes em relação a exigência de obrigatoriedade de conteúdo nacional em
catálogo/exibições.
A ANCINE19, em estudos pré-regulatórios, ora acenou pela opção de obrigatoriedade de
exibição de cota de conteúdo nacional, ora afirmou que aguardaria uma maior maturação do
próprio mercado de streaming para se posicionar a respeito desta obrigatoriedade20.
O argumento dos que defendem a obrigatoriedade é que a medida em relação ao Netflix
e outras plataformas de streaming seria, no limite, uma medida de isonomia em relação às
operadoras de televisão a cabo.
Desta feita, não há ainda um posicionamento claro dos órgãos reguladores a respeito de
uma política regulatória que caracterize um enforcement para produção/exibição de conteúdos
nacionais por parte das plataformas de streaming. Existe projeto de lei a tratar disso no Congresso
Nacional, em trâmite desde 2017 – no entanto – e sem previsão de votação21.
No entanto, a legislação brasileira tem à disposição mais um instrumento jurídico de
efeitos regulatórios concretos na arena da produção/exibição de produções de audiovisuais, com

18
<https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/09/28/interna_internacional,904446/netflix-fara-
investimento-milionario-em-producoes-no-canada.shtml>., e <https://marketrealist.com/2016/05/foreign-
regulations-impact-netflix> Acessos em 30/05/2023.
19
“Criada em 2001 pela Medida Provisória 2228-1, a ANCINE – Agência Nacional do Cinema é uma agência
reguladora que tem como atribuições o fomento, a regulação e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual
no Brasil. É uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Cultura, com sede e foro no Distrito Federal, e
Escritório Central no Rio de Janeiro.
A ANCINE é dirigida em regime de colegiado por uma diretoria aprovada pelo Senado, composta por um diretor-
presidente e três diretores, e atua em todos os elos da cadeia produtiva do setor, incentivando o investimento privado
para que mais produtos audiovisuais nacionais e independentes sejam vistos por um número cada vez maior de
brasileiros.
De acordo com o Mapa Estratégico ANCINE 2020-2023, a missão da Agência é promover ambiente regulatório
equilibrado e desenvolver o setor audiovisual brasileiro em benefício da sociedade.” Disponível em: <
https://www.gov.br/ancine/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/biografia >. Acesso em 29/05/2023.
20
<https://meiobit.com/371632/ministerio-da-cultura-derruba-exigencia-cota-producoes-nacionais-servicos-vod-
netflix-amazon-etc-por-enquanto-proposta-cobranca-condecine-por-faturamento-permanece-divide-opinioes/ >.
Acesso em 30/05/2023.
21
Projeto de Lei 8.889/2017 e sem votação até 30/06/2023.

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reflexos claros na política de estímulo de produção/exibição de conteúdo nacional: trata-se da
Condecine22-23.
A Condecine foi criada pela Medida Provisória (MP) 2.228-1/2001 e aplica-se
indistintamente a todos os players do mercado de audiovisual em percentuais, valores e situações
exaustivamente declinadas no Capítulo VI e Anexo I da referida MP.
A regulação de estímulo de conteúdo se deu expressamente na referida MP, na medida
em que a Condecine é isenta quando se trata de produções audiovisuais brasileiras produzidas
pelas empresas do ramo, inclusive empresas de serviços de comunicação eletrônica24.
Veja-se que ao se isentar a dita contribuição, a regulação caminha no sentido de fomentar
a produção de conteúdo nacional – diferente de promover enforcement de conteúdo, é verdade –
; mas não se pode negar o caráter de estímulo à produção nacional da sobredita regulação.
Assim, em que pese numa primeira leitura mais apressada o Netflix possa ser considerado
em ampla medida “uma empresa de serviços de comunicação eletrônica de massa por
assinatura” tal qual disposto na lei, a contribuição não lhe é (era) cobrada ao argumento de que
se tratava de diferente serviço, considerado como VoD (Video on Demand), por protocolo de
internet; serviço considerado distinto de outros meios tratados pela lei, e portanto, não suscetível
à tributação do Condecine.

22
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica, espécie de tributo a ser cobrado de
veiculadores, produtores, licenciadores e distribuidores de obras cinematográficas e videofonográficas.
23
Em que pese a contribuição do CONDECINE seja – no limite – um tributo na estrita concepção constitucional; o
autor preferiu separá-la da análise do ISSQN feita no item 2.1 deste artigo, na medida em que o CONDECINE tem
implicação direta na regulação a nível de estímulo à produção/exibição de conteúdo nacional conforme será tratado
à frente.
24
“Art. 39. São isentos da CONDECINE: [...]
VI - as obras audiovisuais brasileiras, produzidas pelas empresas de serviços de radiodifusão de sons e imagens e
empresas de serviços de comunicação eletrônica de massa por assinatura, para exibição no seu próprio
segmento de mercado ou quando transmitida por força de lei ou regulamento em outro segmento de mercado,
observado o disposto no parágrafo único, exceto as obras audiovisuais publicitárias;” (g. n.)

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O Conselho Superior de Cinema25, órgão ligado à ANCINE, tentou por algumas vezes
aplicar a Condecine aos serviços de vídeo sob demanda26. Com isso, serviços como o Netflix e
o Youtube seriam tributados sobre suas produções e catálogos, com recursos direcionados de
acordo com a legislação.
No entanto, as tentativas de tributação destas plataformas sempre tiveram forte oposição
das empresas e muitos movimentos – legislativos e/ou de lobbies – para sua não implementação.
O ponto máximo foi a edição da Lei 14.173/21, que textualmente isentou tais plataformas da
contribuição da Condecine27. Em que pese vetada pelo Executivo, o veto acabou derrubado pelo
Congresso e a Condecine não pôde ser aplicada àquelas plataformas por expressa disposição de
Lei.
Esta é a situação atualmente vigente, de não cobrança da Condecine das plataformas de
VoD28.
No entanto a situação continua em disputa normativa. Tramita no Congresso Nacional o
Projeto de Lei 8.889/2017 – como já dito acima –, que tem exatamente como mote a
obrigatoriedade destas plataformas de exibirem uma porcentagem mínima de conteúdo nacional;
e, apensado a este projeto tramita outro, estabelecendo novamente a cobrança da Condecine
destas plataformas (PL 483/2022). Como se vê, a situação das plataformas VoD continua à mercê
da regulação única e exclusivamente da própria legislação.

25
“[...] Criado pelo artigo 3º da MP 2228-1 de 6 de dezembro de 2001 (a mesma que criou a Ancine), o Conselho
Superior do Cinema teve sua composição ampliada pelo Decreto nº 4858 de 13 de outubro de 2003. Essa é a terceira
composição do CSN, que além de incluir especialistas do setor e da sociedade civil, reúne ainda 9 ministérios: Casa
Civil, Justiça, Relações Exteriores, Fazenda, Cultura, Desenvolvimento, Comunicações, Educação e Comunicação
Social. [...]
O CSC é um órgão colegiado da estrutura básica da Casa Civil da Presidência da República, ao qual compete, entre
outras funções, formular a política nacional do cinema, aprovar as diretrizes para o desenvolvimento da indústria
cinematográfica nacional, com vistas a promover sua auto sustentabilidade; e indicar ao Ministro da Cultura os
representantes do setor para compor o comitê gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
O Conselho Superior do Cinema terá um papel destacado na integração das ações de governo para o desenvolvimento
da economia do audiovisual no Brasil.”
Disponível em: <https://www.gov.br/ancine/pt-br/assuntos/noticias/conselho-superior-do-cinema>. Acesso em
01/06/2023.
26
Disponível em: < https://revistadecinema.com.br/2018/06/conselho-superior-de-cinema-aprova-modelo-hibrido-
de-cobranca-de-condecine-sobre-vod/ >Acesso em 30/06/2023.
27
Lei 14.173/21:
Art. 5º A Medida Provisória nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 33-A:
‘Art. 33-A. Para efeito de interpretação da alínea e do inciso I do caput do art. 33 desta Medida Provisória, a oferta
de vídeo por demanda, independentemente da tecnologia utilizada, a partir da vigência da contribuição de que trata
o inciso I do caput do art. 32 desta Medida Provisória, não se inclui na definição de ‘outros mercados’.’
28
Até 30 de junho de 2023.

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Tanto a possibilidade de cobrança da Condecine das plataformas, como a isenção desta
contribuição nas produções nacionais, em que pese não se trate de um enforcement claro de
exibição de conteúdo nacional, não deixa de ser em certa medida uma sinalização para os órgãos
reguladores que os conteúdos nacionais devem ser prestigiados, não só via fomento de não
tributação ou de mandamento legal; mas num futuro próximo, por que não, até por outros meios
da própria regulação do setor pela agência especializada.

4 CONCLUSÃO
Diante do até aqui exposto, tem-se que as novas tecnologias disruptivas alteram por
completo o panorama da relação entre sociedade e Estado em relação a produtos/serviços. O
surgimento destes novos segmentos, via tecnologia, invariavelmente demanda do Estado grande
capacidade de articulação para regular a atuação destas novas tecnologias, sob pena de que – com
uma forte assimetria regulatória – haja o surgimento de externalidades nefastas ao segmento de
mercado atingido.
Não é diferente em relação ao Netflix. Em que pese no mundo os movimentos regulatórios
sejam contundentes, no Brasil tem-se mais fortemente presente a regulação tributária do que
outras investidas na arena regulatória.
Em alguns países é forte a regulação sobre o Netflix a fim de compelí-lo a produzir/exibir
entretenimento da indústria local. Não é o que se vê no Brasil. Aqui, sob o argumento de
amadurecimento de mercado, se relega a segundo plano uma regulação neste sentido para se
reforçar ainda mais a regulação tributária, sob o argumento de incentivo a produção nacional.
Deixar somente ao Poder Legislativo o protagonismo da possibilidade de estabelecer
incentivos a estas plataformas de exibir conteúdo nacional é apequenar a possibilidade
regulatória da própria estrutura que o Estado já tem para isso, conforme dito acima.
É salutar aguardar-se maturação de tecnologias disruptivas em mercados competitivos,
mas insistir em assimetria regulatória por grandes períodos de tempo pode causar mais problemas
ao mercado regulado do que contentamento dos consumidores.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.8, p. 8234-8246, 2023 8244
REFERÊNCIAS

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Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica (Condecine) sobre a receita de empresas
estrangeiras prestadoras de serviço de vídeo sob demanda. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2317425. Acesso em: jun. 2023.

BRASIL. Lei Complementar n˚ 157 de 29 de dezembro de 2016 que Altera a Lei Complementar
no 116, de 31 de julho de 2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza,
a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa), e a Lei
Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990, que “dispõe sobre critérios e prazos de crédito
das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e de
transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências”. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1º jun. 2017.

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de acesso condicionado; altera a Medida Provisória no 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, e as
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de 1995, e 9.472, de 16 de julho de 1997; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 05 ago.2011 e retificado em 13 set. 2011.

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6 de setembro de 2001, para modificar valores da Contribuição para o Desenvolvimento da
Indústria Cinematográfica Nacional, a Lei nº 5.070, de 7 de julho de 1966, para modificar valores
da Taxa de Fiscalização de Instalação, a Lei nº 11.652, de 7 de abril de 2008, para modificar
valores da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública, e as Leis nos 9.998, de 17 de
agosto de 2000, 9.472, de 16 de julho de 1997, 13.649, de 11 de abril de 2018, 4.117, de 27 de
agosto de 1962, e 12.485, de 12 de setembro de 2011; e revoga dispositivo da Lei nº 11.934, de
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gerais da Política Nacional do Cinema, cria o Conselho Superior do Cinema e a Agência Nacional
do Cinema - ANCINE, institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional
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Nacional - FUNCINES, altera a legislação sobre a Contribuição para o Desenvolvimento da

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