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Francisco Marcos Maoco

Marlizia Egidio Uamusse

AS RELAÇÕES NORTE-SUL

Licenciatura em História

Universidade Save
Massinga
2022
Francisco Marcos Maoco
Marlizia Egidio Uamusse

AS RELAÇÕES NORTE-SUL

Trabalho da cadeira Historia


Contemporane da Europa e America do
Sec, xx a Séc, XXI a ser entregue e
Apresentado No Departamento de Ciência
Social para efeito de avaliação.

Docente: Maloa

Massinga

2022
1. Introdução

O presente trabalho tem como tema as Relações Norte-Sul, o início da Cooperação


Internacional para o Desenvolvimento, e o seu estabelecimento como um campo de atuação
internacional específico deu-se primeiramente com a Cooperação Norte-Sul. Os países do então
“Primeiro Mundo” capitalista passaram a ser conhecidos como doadores tradicionais, enquanto
os países do Terceiro Mundo foram identificados como beneficiários da cooperação
internacional.
O primeiro grande programa de ajuda foi financiado pelos Estados Unidos no pós-
Segunda Guerra Mundial: o famoso Plano Marshall.. Ao configurar o primeiro programa de
ajuda bilateral, os Estados Unidos exerceram importante papel no processo de consolidação da
CID como um campo de atuação internacional.
1.1.As relações i norte e sul
1.2.Contexto Histórico
Para Castro (2012), no âmbito internacional, os Estados mais desenvolvidos (Estados
Unidos, União Europeia e Japão), elaboraram ao longo dos últimos 60 anos uma forma de ajudar
os países menos desenvolvidos (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Tigres Asiáticos e o
México). A Cooperação Norte-Sul para o desenvolvimento, como ficou conhecida
posteriormente, deu o pontapé inicial para a chamada Cooperação Internacional para o
Desenvolvimento (CID).
Ao longo dos anos, a CID sofreu mudanças importantes, porque sua ampla esfera de
acções, principalmente promovidas pelos países do Norte, foi contestada a todo instante. Assim,
apenas doar ou emprestar a países do Sul Global se mostrou ineficiente para a promoção
desenvolvimento.
1.3.Dialogo Norte-Sul

Segundo Aguila (2013), o dialogo norte-sul busca-se na ajuda do norte ao sul, isto e os
países mais ricos localizadas no hemisferio norte e os países subdesenvolvidos que se situam no
hemisfério sul estabelecerem relações de cooperação no sentido de diminuir as diferencas entre
si. Em 1970 na quarta coferencia das nações unidas sobre o comercio desenvolvimento
(CNUCED) os países integrados no terceiro mundo revendicaram uma nova ordem económica
internacional. Os dias de hoje e o dialogo norte-sul apesar dos esforços evidenciados pelo
dialogo norte-sul ainda não se resolveram os principais problemas nos países subdesenvolvidos.

1.4.Regionalização Norte-Sul

Para Castro (2012), a  regionalização norte-sul foi elaborada para designar a actual


conjuntura sócio econômica internacional, substituindo a antiga divisão do mundo em países de
1º, 2º e 3º mundo. Nessa antiga divisão, o 1º mundo era composto pelas nações capitalistas
desenvolvidas, caracterizadas pelo alto PIB e melhores condições de vida das populações; o 2º
mundo era composto pelas nações socialistas, alinhadas com a União Soviética e caracterizadas
pelo alto grau de nacionalização de sua economia; o 3º mundo foi formado pelas nações
subdesenvolvidas, especialmente aquelas que se declararam não alinhadas, ou seja, que não
tomaram partido em favor de nenhum dos dois grandes polos mundiais: EUA e URSS. Com o
fim do segundo mundo e os sucessivos processos de independência da África, que culminaram
com o surgimento de novas nações extremamente pobres, a divisão entre os três mundos tornou-
se obsoleta. Considerando que a maioria dos países subdesenvolvidos está no sul e os
desenvolvidos no norte, criou-se a divisão norte-sul, esta divisão não representa a divisão do
mundo de acordo com a ordenação cartográfica dos hemisférios norte e sul.

1.5.Caracteristicas de norte-sul

1.6.Os países do Norte 

Quais são os países desenvolvidos: no continente americano: Canadá e Estados


Unidos No continente asiático, países como: Japão, Rússia, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan.
Na Oceania, as ilhas da Nova Zelândia e Austrália.

Cardoso (2017), diz que, os países do Norte caracterizam-se por um elevado Produto


Interno Bruto (PIB) e por condições históricas de poder e acumulação de riqueza. São
geralmente representados pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pelo Japão. Apesar das
boas condições económicas, nestes países existem também desigualdades sociais e pessoas em
condições de pobreza acentuada. Os países do primeiro mundo eram considerados as nações
capitalistas desenvolvidas, onde o PIB (Produto Interno Bruto) era alto. Os países do Norte têm
como característica o elevado PIB e a riqueza histórica, sendo os EUA, a Europa e o Japão

1.7.Os países do Sul 

Para Goncalves (2012), os países do Sul têm as maiores taxas de pobreza, violência e


problemas sociais do planeta. A sua situação de dependência económica deve-se aos processos
de colonização, imperialismo e neocolonização impostos pelas nações consideradas
desenvolvidas. Entre os países do sul, há os países chamados "emergentes" ou em
desenvolvimento, são os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), os Tigres
Asiáticos e o México. Os países do Sul têm um elevado nível de pobreza, violência e problemas
sociais, onde ainda têm dependência económica por causa da colonização,
imperialismo e neocolonização.
Os países do segundo mundo eram compostos pelos socialistas, os países aliados à União
Soviética (URSS), tendo como característica grande nacionalização da economia. E, finalmente,
os países do terceiro mundo tiveram a formação dada por nações subdesenvolvidas, em que
tiveram esse posto por não declararem um aliado e não serem a favor de nenhum dos lados,
seja dos Estados Unidos da América (EUA) ou da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS).

1.8.O que é a cooperação norte-sul

Para Cardoso (2017), Quando se fala em uma cooperação Norte-sul, o principal aspecto
da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento a ser pensado é o financiamento de
projetos e programas de desenvolvimento no Sul Global. Outros aspectos giram em torno disso:
controle de qualidade dos projetos, prestação de contas, estabelecimento de prioridades de linhas
de atuação e, dependendo do país doador ou organismo internacional envolvido, a imposição de
condicionalidades.
1.9.O início da cooperação norte-sul
Para Aguilar (2013), o início da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, e o
seu estabelecimento como um campo de atuação internacional específico deu-se primeiramente
com a Cooperação Norte-Sul. Sendo assim, a CID começou com projetos assistencialistas,
traduzidos na chamada ajuda oficial ao desenvolvimento (AOD). Os países do então Primeiro
Mundo capitalista passaram a ser conhecidos como doadores tradicionais, enquanto os países do
Terceiro Mundo foram identificados como beneficiários da cooperação internacional.
Para Castro (2012), o primeiro grande programa de ajuda foi financiado pelos Estados
Unidos no pós-Segunda Guerra Mundial: o famoso Plano Marshall. Esse Plano consistia num
programa de reconstrução da Europa Ocidental e contou com um total de US$ 13 bilhões
investidos pelos Estados Unidos entre 1947 e meados da década de 1950. Ao configurar o
primeiro programa de ajuda bilateral, os Estados Unidos exerceram importante papel no processo
de consolidação da CID como um campo de atuação internacional.
Mais tarde, em 1971, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional (USAID, na sigla em inglês), lançaria a metodologia da matriz do quadro lógico.
Muito empregada na elaboração, execução e avaliação de projetos de desenvolvimento, a
metodologia foi inclusive adotada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD). Aos poucos, ao comandar os primeiros programas nacionais de ajuda internacional, os
Estados Unidos passaram a utilizar o termo ajuda oficial ao desenvolvimento, que mais tarde foi
incorporado pela OCDE para classificar a ajuda prestada pelo Comitê de Assistência ao
Desenvolvimento (CAD).
Para Aguilar (2013), Além da grande influência estadunidense, o multilateralismo e o
surgimento de diversas Organizações Internacionais foram de grande importância para o
processo de institucionalização da CID. A ONU, com o passar das décadas, aderiu a temas de
desenvolvimento em sua agenda, os quais também foram incluídos nos planos das outras
agências que foram emergindo. Entre elas destacam-se:
 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco);
 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF);
 Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Além disso, em 1948, para gerir os recursos do Plano Marshall, os países da Europa
criaram a Organização de Cooperação Econômica Europeia (OECE). Essa se tornaria, mais
tarde, a Organização para o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Também foi crescente o
número de países do Norte que passaram a criar agências de cooperação nacionais. Um exemplo
é a Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA), criada em 1968, logo após a
fundação da Agência Americana (USAID), em 1961.

2.0.Evolução da cooperação Norte-Sul

Para Aguilar (2013), no ocidente, a consolidação da cooperação nas décadas de 50 e 60


inseriu-se na política do Primeiro Mundo como forma de combater o comunismo do bloco
soviético. A ideia era conter a expansão do comunismo no Terceiro Mundo, especialmente no
pós-Revolução  Cubuna. Além disso, novas demandas surgiram com os países recém-
descolonizados e uma ideia de responsabilidade histórica para as antigas nações colonizadas
pelos países europeus desenvolvidos. Neste sentido, os Estados Unidos pressionaram os seus
parceiros desenvolvidos na Europa a partilharem o peso político e financeiro da ajuda que até
então estava sobre os ombros dos EUA e a criarem os seus programas de cooperação em África
e na Ásia.
O início da agenda do CID centrou-se em programas de ajuda alimentar, reconstrução de
infraestruturas  e desenvolvimento agrícola. Para além da reconstrução da Europa, foi financiado
o desenvolvimento rural e comunitário, com a partilha de técnicas agrícolas, primeiro na Europa
e nos Estados Unidos e depois nos países em desenvolvimento, a fim de combater  a fome no
mundo. Nesse sentido, a década de 50 marcou a expansão da Revolução Verde, baseada no uso
de sementes transgênicas, produtos industriais como fertilizantes e defensivos e da produção.

Então, a agenda dos anos 70 e 80 foi marcada pelas crises econômicas e ambientais que
assolaram o mundo inteiro e começaram a mostrar novas necessidades de mudança. Em termos
económicos, os países do Norte e o modelo capitalista de desenvolvimento enfrentavam mais
uma crise, relacionada com o modelo de acumulação associado ao  Estado social. O modelo de
acumulação vigente na época era o de acumulação de matérias-primas, chamado fordismo, com
produção em massa utilizando linhas de montagem. Foi sendo substituído pelo regime de
acumulação flexível, ou toyotismo, cujos principais aspetos eram a não utilização de estoques e a
dispersão da produção para gerar maior produtividade e eficiência. Tais crises têm impactado os
países do Sul Global, gerando, por exemplo, diversas crises de endividamento externo. A década
de 80, por exemplo, foi considerada perdida para muitos países em desenvolvimento da América
Latina, incluindo o Brasil, que passou pela crise inflacionaria   que só foi resolvida com o Plano
Realno final dos anos 1990.

As décadas de 1970 e 1980 também foram marcadas pelo fortalecimento da participação


minoritaria   no campo político internacional. Movimentos feministas , antirracistas  , juvenis,
ambientalistas, entre outros, começaram a ser ouvidos. A partir disso, organizações da sociedade
como ONGs , institutos, fundações e associações passaram a exigir a participação social nas
politica publicas  , entre elas em programas de cooperação internacional.

2.1.Imposição de condições para a cooperação Norte-Sul

Para Cardoso (2017), a crise económica dos anos 70 e 80 resultou em cortes na despesa
e numa redução relativa da cooperação. Alguns factores influenciaram os países do Norte, bem
como as organizações que os representam  como o Fundo Monetario Internacional (FMI)  e o
Banco Mundial a exigirem várias reformas estruturais como condição para o fornecimento do
CID. Exemplos desses fatores são:
 As crises da dívida dos países do Sul;

 Questões sobre a capacidade de desenvolvimento autónomo destes países; e ainda

 O fortalecimento liberais e ideias neoliberais   na esfera da economia.

Tais reformas mexeram com a estrutura economica dos paises que foram propostas pelas
principais instituições financeiras internacionais. Essas reformas consistiram em medidas como 
reducao de gastos publicos, reforma tributaria, abertura comercial,  privatizacao de empresas,
entre outras propostas alinhadas ao chamado Consenso de Whasington. Essas reformas passaram
a ser chamadas de condicionalidades para a ajuda, principalmente para a concessão de
empréstimos, mas que também foram impostas como condição para a concessão do AOD.

2.2.Mudanças de cooperação norte-sul

Com todas as mudanças das últimas décadas, a década de 1990 foi importante para a
consolidação de processos e novos atores no sistema CID. Para além da ajuda alimentar e das
infraestruturas, os investimentos passaram a incluir outras áreas. Os projetos de diálogo setorial
também ganharam espaço, favorecendo o intercâmbio de experiências políticas em áreas
específicas.

Além disso, o desenvolvimento económico passou a significar um crescimento associado à


justiça social. Neste sentido, medir o crescimento apenas pelo produto Interno Bruto (PIB)
anual tornou-se insuficiente. Como proposta alternativa, surge o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), que passou a ser utilizado a partir de 1993 pelo PNUD   em seus Relatórios
Anuais de Desenvolvimento Humano. Este índice mede o desenvolvimento a partir de três
aspetos:

 Esperança de vida à nascença;

 educação da população; e ainda

 PIB per capita.

O uso do IDH para medir o desenvolvimento inseriu nos debates uma noção mais ampla
do que seria o desenvolvimento. Assim, foram incluídas questões não tradicionais que
contaminaram positivamente as agendas tradicionais. A justiça e a  participacao social  estão
cada vez mais presentes na agenda, incluindo fatores para proteger grupos vulneráveis, 
combacter o racismo e a desigualdade de genero.

No entanto, na primeira década do novo milênio houve a retomada das questões de


segurança com extrema ênfase na agenda internacional, graças aos ataques terroristas   de 11 de
setembro nos Estados Unidos.  A luta contra o terrorismo, as questoes migratorias , o tráfico de
seres humanos, de armas e de droga, não só foram discutidas nas esferas tradicionais de alto
nível e militares, como também foram incorporadas na agenda da cooperação

2.3.Divisão norte-sul

Para Castro (2012), norte-sul é uma divisão socioeconômica e política utilizada para
atualizar a Teoria dos Mundos. A partir dessa divisão, separam-se os países desenvolvidos,
chamados de países do norte (Luxemburgo, Cingapura, Irlanda, Qatar ,Suíça, Noruega,
Dinamarca, EUA) dos países do sul, grupo de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento (
Brasil, Rússia, China, África do sul, Índia, México, Indonésia) , divididos no mapa através de
uma linha imaginária. Apesar do nome, alguns países do norte também estão abaixo da linha do
equador, como a Austrália e a Nova Zelândia que, mesmo assim, fazem parte do grupo de países
do norte, os desenvolvidos.
3.0. Conclusão
Feito o trabalho, pode-se concluir que, quando se fala em uma cooperação pautada pelo
Norte, o principal aspecto da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento a ser pensado é
o financiamento de projetos e programas de desenvolvimento no Sul Global. Outros aspectos
giram em torno disso: controle de qualidade dos projetos, prestação de contas, estabelecimento
de prioridades de linhas de atuação e, dependendo do país doador ou organismo internacional
envolvido, a imposição de condicionalidades.
4. Referências
AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz. Atlântico Sul: as relações do Brasil com os países africanos no
campo da segurança e defesa. Austral: revista brasileira de estratégia e relações internacionais,
v. 2, n. 4, p. 49-71, 2013.
AFONSO, Maria Manuela; FERNANDES, Ana Paula. abCD Introdução à Cooperação para o
Desenvolvimento. Lisboa: Instituto Marquês de Valle Flôr/Oikos, 2005.
CASTRO, Thales. Teoria das relações internacionais. Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.
CARDOSO, Fernando Jorge. O Desenvolvimento sem Norte nem Sul. Cadernos de Estudos
Africanos, n. 34, p. 13-30, 2017.
FIORI, José Luís. O poder global e a nova geopolítica das nações. Crítica y Emancipación, (2):
157-183, primer semestre 2009.
GONÇALVES, Williams. Relações internacionais. Zahar, 2002.

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