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🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fundamentos da Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(CASP).
1.1 Contextualização
Primeiramente, define-se, em um contexto amplo, que Contabilidade é a ciência que estuda a formação e variação
do patrimônio da entidade. Pode-se inferir que o patrimônio de uma entidade é o objeto da Contabilidade.
Com isso, entende-se que a finalidade da Contabilidade é controlar o patrimônio da entidade e fornecer informações
sobre a sua composição ou suas variações.
Assim, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público possui uma série de características que definem seu contexto de
aplicação, como por exemplo:
a importância dos tributos como principal fonte de recursos para as entidades públicas;
o orçamento como base para definição dos níveis de tributação e de gasto público;
o reconhecimento de ativos e de passivos específicos do setor público, tais como ativos militares, de infraestrutura,
patrimônio cultural, benefícios sociais, dentre outros;
a orientação do desempenho voltado à prestação do serviço, não necessariamente à geração de fluxos de caixa.
Este curso terá como foco os Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO), que abordam a contabilização de
receitas e de despesas orçamentárias.
Para iniciar o estudo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP) deve-se entender a sua localização em um
contexto mais amplo e quais são os ramos de atividade em que a Contabilidade atuará:
Este é um dos grandes problemas ao se descrever ou regular a CASP, pois ela está presente em vários ramos de
atividade, senão em todos. Isso torna a CASP redundante, porém há aspectos de proteção patrimonial, de
regulamentação orçamentária e de regras fiscais que devem ser considerados no estudo. Algo que será visto logo à
frente.
Outro ponto importante é a diversidade de usuários da informação da CASP. Se a contabilidade possui um objeto,
que é o patrimônio, e sua finalidade é gerar informações que atendam aos diversos usuários, é preciso conhecer
esses usuários, para definir as informações que lhes atenderão.
As informações contábeis são selecionadas para atender às necessidades desses usuários, que as consideram na
tomada de decisão. Logo, entende-se mais sobre relatórios contábeis de propósito geral.
Para entender essas bases normativas deve-se promover uma hierarquização das normas, como se vê no esquema a
seguir:
De forma ampla, o setor público está relacionado ao serviço, contrapondo-se à prestação de serviço por entidades
privadas. Assim, para fins de delimitação, ficou definido que estão dentro do escopo da CASP as entidades que
integram o Orçamento Fiscal e de Seguridade Social (OFSS), excluindo-se, neste caso, entidades que integram o
orçamento de investimento (empresas públicas independentes). Observe esse escopo em formato de gráfico:
Conjunto de entidades e localização das que estão no OFSS. Fonte: Elaboração própria.
Conjunto de entidades e localização das que estão no OFSS. Fonte: Elaboração própria.
Como no Brasil existem várias unidades federativas – União, Estados, DF e municípios –, estes últimos totalizando
mais de 5.500, cada uma delas possui o seu orçamento público. E em cada orçamento desses existe uma composição
de entidades, como se vê a seguir no gráfico hierárquico das entidades que pertencem ao mesmo orçamento.
Para a Contabilidade destes entes, a principal base normativa é o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público
– MCASP, que já está em sua 8ª edição. Esse manual é estruturado da seguinte forma:
Partes do MCASP 8ª Edição. Clique aqui para ir à página do Tesouro e realizar o download do MCASP 8ª edição.
Partes do MCASP 8ª Edição. Clique aqui para ir à página do Tesouro e realizar o download do MCASP 8ª edição.
No Manual são apresentados diversos procedimentos e rotinas contábeis que devem ser de aplicação obrigatória
pelos entes da Federação. Porém, a Portaria STN 634, de 2013, apresenta um plano de implementação do PCASP,
DCASP, PCE e PCO e, por fim, a consolidação das contas dos entes da Federação.
Os Procedimentos Contábeis Patrimoniais – PCP serão implementados conforme cronograma previsto pela Portaria
STN nº 548, de 2015. Essa portaria prevê um programa de implementação dos procedimentos nos entes federativos
(União, Estados e municípios).
O que antes era apresentado como princípios da contabilidade pública agora são “características qualitativas” das
informações contábeis aplicadas ao setor público. A essas características adicionam-se suas restrições, que são:
Características qualitativas
Relevância
+
Representação fidedigna
+
Compreensibilidade
+
Comparabilidade
+
Tempestividade
+
Verificabilidade
+
Restrições acerca das informações contábeis
Materialidade
+
Custo-benefício
+
Equilíbrio entre as características qualitativas
+
Antes de começar a falar sobre as regras da CASP, é preciso apresentar algumas considerações iniciais. São
fundamentações para o orçamento público:
Para viabilizar o planejamento seguindo a forma de governo, foram instituídos três instrumentos de planejamento
no Brasil:
Priorização dos programas e ações. Planejamento fiscal (metas e riscos). Orientação para elaboração da LOA.
O processo de aprovação destes instrumentos, de uma forma simplificada, ocorre da seguinte forma:
Os prazos previstos para conclusão de cada fase estarão estabelecidos na Constituição Federal (ADCT - §2º do Art.
35), na Constituição Estadual e na Lei Orgânica dos Municípios.
No regime orçamentário, as receitas e as despesas orçamentárias são registradas com base no art. 35 da Lei nº
4.320/1964, quer seja arrecadação, quer seja empenho.
Já no regime patrimonial, as receitas e as despesas do ponto de vista “patrimonial”, VPAs e VPDs, são registradas
com base no regime de competência, independentemente do recebimento ou do pagamento.
Ao final desta unidade, você será capaz de verificar a estrutura do PCASP e seus atributos.
2.1 Conceitos de PCASP
Conceito: plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de
contas contábeis, a qual permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira
padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo
com as necessidades de informações dos usuários.
Objetivo: a ciência contábil tem como finalidade geral o fornecimento de informações aos diversos usuários da
informação contábil. O PCASP alinha-se a esta finalidade por meio da padronização da forma de registro contábil
para a extração de informações para esses usuários.
Histórico: o plano de contas oferece diversas informações para cada ente da Federação (União, DF, 26 estados e
mais de 5.560 municípios). Não havia uma motivação para a adoção de um plano de contas único. Porém, com o
passar do tempo, após amadurecimento das normas aplicáveis à Contabilidade, foram sendo exigidas cada vez mais
informações, e mais detalhadas, tornando-se impraticável o uso de plano de contas específico para cada ente da
Federação.
Assim, foi promovida a padronização por meio de um plano de contas único com abrangência nacional: PCASP
Federação. Esse plano de contas teve as seguintes motivações:
1.
2.
3.
E quais são os objetivos específicos do PCASP?
1
1
Padronização: padronizar os registros contábeis das entidades do setor público.
2
2
Natureza da informação: distinguir os registros de natureza patrimonial, orçamentária e de
controle.
3
3
Flexibilidade: possibilitar o detalhamento das contas e o atendimento das peculiaridades dos
diversos usuários do PCASP.
4
4
Consolidação: permitir a consolidação nacional e por esfera de governo, das contas públicas.
5
5
Demonstrações e Relatórios: facilitar a elaboração das DCASP, do RREO, do RGF e de outros
relatórios contábeis, financeiros e gerenciais.
6
6
Estatísticas de Finanças Públicas: permitir o levantamento das estatísticas de finanças públicas,
inclusive nos padrões internacionais, por exemplo o GFSM.
7
7
Outros: transparência fiscal, controle social, tomada de decisão, racionalização de custos,
prestação de contas etc.
O alcance do PCASP corresponde ao alcance da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, obrigatoriamente composto
pelas seguintes entidades:
Todos os poderes de cada ente da Federação;
Seus órgãos da administração direta;
Entidades da administração indireta: fundos; autarquias, inclusive especiais; fundações e
empresas estatais dependentes (conceito da LRF, art. 2º).
Estando facultada a aplicação do PCASP pelas:
Empresas estatais independentes e demais entidades.
Detalhamento até o item, 6º nível, das contas de natureza de informação controle. Fonte: Elaboração própria.
Reparem que, em atos potenciais, as partidas dobradas são fechadas em níveis de Item da conta contábil, 6º nível.
Com isso os controles de tais lançamentos são bem mais detalhados.
As contas contábeis possuem atributos que devem ser observados ao se realizar um lançamento, como as
Informações Complementares – ICs. A conta de receita, por exemplo, exige detalhamento em seu lançamento
diferente do previsto para a conta de despesa. Essas questões de detalhes do lançamento e muitas outras serão
estudadas em outro Módulo.
Unidade 1: Classificadores da receita orçamentária
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os classificadores da receita orçamentária.
1.1 Classificação da receita orçamentária
Inicialmente é necessário diferenciar os ingressos orçamentários dos ingressos extraorçamentários. Como vocês
viram na aula sobre demonstrações contábeis, o balanço financeiro é que apresenta essa divisão. Ele tem por
finalidade apresentar um fluxo em contas de recursos financeiros. Para isso, basta saber o conceito desses ingressos
a fim de realizar o tratamento adequado aos ingressos orçamentários.
Os ingressos orçamentários são disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que
aumentam o saldo financeiro da instituição. É um instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas
públicas. As receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em programas e ações cuja
finalidade precípua é atender às necessidades públicas e demandas da sociedade.
Serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias (natureza de receita), todas as receitas
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no orçamento.
Já os ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, dos quais o Estado é mero
agente depositário. Sua devolução não se sujeita à autorização legislativa, portanto não integram a Lei Orçamentária
Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não
têm reflexos no patrimônio líquido da entidade. Seguem alguns exemplos:
ingressos de entradas compensatórias, relativos a consignações em folha de pagamento,
fianças, cauções, dentre outros;
operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO);
emissão de moeda;
inscrição de restos a pagar.
As inscrições de restos a pagar são ingressos extraorçamentários no balanço financeiro devido ao fato de o
desembolso ser considerado pelo empenhamento da despesa orçamentária, incluindo despesas que não foram
pagas. Quando for realizado o pagamento de restos a pagar, será registrado um novo desembolso
extraorçamentário, representando o real impacto no caixa. Os restos a pagar inscritos não representam um ingresso
efetivo de recursos no cofre público – tão somente se deduzirá o que não teve desembolso, despesas empenhadas e
não pagas no exercício.
Voltando às receitas orçamentárias, podemos dizer que elas são classificadas por natureza de receita e indicadas
conforme a sua destinação, fonte de recurso.
1.2 Unidade arrecadadora
A unidade arrecadadora é a unidade que detém a responsabilidade administrativa sobre os valores arrecadados do
ente público.
Na União, as unidades do Governo Federal utilizam a Guia de Recolhimento da União (GRU) para a arrecadação de
suas receitas, via rede bancária ou diretamente no Siafi, quando o recolhedor for uma unidade gestora (UG). As
exceções do recolhimento por meio da GRU são as receitas do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, recolhidas
mediante a Guia de Previdência Social – GPS, e as receitas administradas pela Receita Federal do Brasil – RFB e pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN, ambas recolhidas por meio do Documento de Arrecadação de
Receitas Federais – Darf.
Esses documentos apresentam códigos de recolhimento que parametrizam a classificação e/ou destinação dos
recursos arrecadados. Assim, quando da criação de um código de recolhimento, o órgão central financeiro (Tesouro
Nacional, Tesouros Estaduais e Municipais) poderá indicar, por exemplo, se aquele código se refere a uma fonte de
receita própria ou de uso geral, estorno de despesa, depósitos de diversas origens, natureza da receita, entre outras
informações.
1.3 Natureza de receita
A classificação da natureza de receita está prevista, e é obrigatória, na Portaria STN/SOF 163, de 2001. Essa
classificação é padronizada e somente poderá ser revisada em: ato conjunto entre a Secretaria do Tesouro Nacional
e a Secretaria de Orçamento Federal, quando houver mudança que impactará todos os entes da Federação; somente
pela SOF, quando a alteração afetar somente a União; somente pela STN, quando a alteração afetar estados ou
municípios.
Acompanhe a seguir a tabela de Codificação da Receita Orçamentária:
[...]
Codificação das fontes de recursos: detalhe dos níveis. Fonte: Elaboração própria.
Observação 1: a codificação é desenvolvida para cumprir necessidade do Siconfi, identificada com o código FR e
composta de quatro dígitos.
Observação 2: a aplicação é facultativa e os entes que optarem por não utilizar deverão realizar “de-para” (o Siconfi
possui ferramenta própria para auxiliar no “de-para”).
Exemplo dessas codificações de fonte de recursos:
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os procedimentos contábeis da receita orçamentária.
1.
2.
3.
4.
5.
Agora, seguem algumas observações gerais sobre casos em que não se pode reconhecer receita orçamentária:
Superávit financeiro: trata-se de saldo financeiro, e não de nova receita a ser registrada. O
superávit financeiro pode ser utilizado como fonte para abertura de créditos suplementares e
especiais.
Cancelamento de despesas inscritas em restos a pagar em exercícios anteriores: baixa da
despesa orçamentária (restos a pagar) constituída em exercícios anteriores, restabelecendo o
saldo de disponibilidade comprometida.
3.3 Transferências de recursos intergovernamentais
Já as receitas por transferências podem ser:
Constitucionais ou legais
1. A contabilização dependerá da previsão orçamentária, podendo estar definida como
despesa orçamentária ou dedução de receitas. Para essas receitas é indicado como
procedimento mais adequado a realização da dedução de receita.
Voluntárias
1. As transferências voluntárias dependem da autorização da Lei Orçamentária Anual –
LOA. E, com isso, essas transferências são realizadas por despesa orçamentária.
Esse lançamento será realizado pela abertura do exercício e ocorrerá conforme informações constantes na Lei
Orçamentária Anual. Os dados mínimos necessários são: unidade orçamentária responsável pela arrecadação;
natureza de receita; fonte, destinação do recurso; valor a arrecadar.
Caso haja informações de deduções a serem realizadas da receita, o lançamento deverá ocorrer da seguinte forma,
conforme orientações do PCASP estendido:
A Instrução de Procedimentos Contábeis – IPC 02, reconhecimento dos créditos tributários pelo regime de
competência, trata do registro das receitas pela ocorrência do fato gerador. Em sua maioria, o lançamento da receita
tributária coincide com o fato gerador.
D – 1.1.2.1.X.XX.XX – Crédito tributário a receber (P)
a C – 4.1.1.X.X.XX.XX – Impostos
Caso haja previsão de repartição tributária desta receita, o reconhecimento anterior deverá ser pelo valor bruto,
adicionando ao lançamento a provisão para repartição tributária.
Observação: este lançamento afetará as três naturezas de informação, e os lançamentos serão priorizados conforme
sua ordem de classificação para facilitar o entendimento e a organização.
Em Natureza de Informação Patrimonial
D – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)
a C – 1.1.2.1.X.XX.XX – Crédito tributário a receber (P)
Em Natureza de Informação Orçamentária
D – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar
a C – 6.2.1.2.X.XX.XX – Receita realizada
Em Natureza de Informação Típica de Controle
D – 7.2.1.1.X.XX.XX – Controle das Disponibilidades por Destinação de Recursos – DDR
a C – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR
Caso exista valor a deduzir, esse lançamento deve ocorrer pelo valor bruto, para em seguida serem efetuados os
lançamentos de deduções orçamentárias – mas haverá impacto em todas as naturezas de informações, como se
segue:
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os classificadores e os elementos da despesa orçamentária.
1.1 Classificação das despesas orçamentárias
Assim como as inscrições de restos a pagar são consideradas como ingressos extraorçamentários, os pagamentos de
restos a pagar serão considerados desembolsos extraorçamentários.
Após a compreensão dessa divisão de desembolsos que afetam ou não o orçamento, cabe entender melhor as
diversas classificações das despesas orçamentárias. Confira as principais classificações que você verá nesta Unidade:
Institucional: quem fará?
Funcional: em que área?
Estrutura programática: responde mais de uma pergunta – Qual é o problema? O que fazer?
Qual resultado a atingir? Onde fazer?
Natureza de despesa: responde a duas perguntas – Qual é o objeto de gasto? A realização
será direta ou por transferência?
Fonte de recurso: qual é a origem dos recursos?
Um pouco de reflexão
função. É pelo registro das operações orçamentárias que serão possíveis o acompanhamento e o controle da
A classificação institucional dependerá da estrutura administrativa de cada ente da Federação. Essa estrutura,
basicamente, é constituída por unidades administrativas que formam os órgãos orçamentários (ministérios ou
secretarias) e pelas unidades orçamentárias (unidades administrativas de um órgão especializado em certas áreas de
serviços).
O orçamento é definido em nível de Unidade Orçamentária – UO, que não necessariamente será uma única em um
Ministério (União) ou Secretaria (DF, estados e municípios). Estes são órgãos superiores.
No entanto, tais unidades orçamentárias podem não ser as responsáveis pela execução da despesa orçamentária,
como no caso da União. É normal a utilização do termo unidade gestora – UG, que representa a unidade contábil
onde se realizam os lançamentos. No entanto, as UGs podem assumir segregação de função.
Divisão da entidade pública por função contábil e orçamentária. Fonte: Elaboração própria.
Nota-se que, para a Contabilidade, as unidades gestoras não possuem níveis inferiores, sendo o nível mais detalhado
para indicação da unidade contábil.
Alguns entes da Federação classificam as UGs com a finalidade de realizar a segregação de funções. As unidades
gestoras podem receber as seguintes funções:
1.3 Estrutura programática
A estrutura programática é a organização das ações que buscam a realização de objetivos estratégicos –
normalmente, é prevista no Plano Plurianual, o PPA. Essa classificação deve seguir os conceitos previstos na
Portaria MPOG 42, de 1999, porém será estabelecida por cada ente da Federação. Essa estrutura é classificada em:
Classificação da estrutura programática. Fonte: Elaboração própria.
A seguir é apresentada a definição de cada item que compõe a classificação programática.
Programas
+
Ação
+
Atividade
+
Projeto
+
Operação especial
+
Observação: na União, as ações são detalhadas em subtítulos, utilizados especialmente para especificar
a localização física.
1.4 Função e subfunção
A classificação funcional é regulada pela Portaria MPOG 42, de 1999. É um padrão de classificação de uso
obrigatório, constituído pela seguinte lógica:
Codificação das funções e subfunções: detalhe dos níveis. Fonte: Elaboração própria.
A função é o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público e quase sempre se relaciona
com a missão institucional do órgão (por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa), que, na União, de um modo
geral, guarda relação com os respectivos órgãos orçamentários (ministérios ou secretarias). Deve-se adotar como
função aquela que é típica ou principal do órgão.
Já a função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se possa associar um bem ou serviço a
ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e afins, representando,
portanto, uma agregação neutra.
A subfunção representa uma partição da função, visando agregar determinado subconjunto de despesa do setor
público, evidenciando, assim, cada área de atuação governamental. As subfunções podem ser combinadas com
funções diferentes daquelas as quais estão relacionadas.
A codificação da despesa orçamentária por natureza é a classificação que identifica o objeto de gasto e se a despesa
será realizada diretamente pelo órgão orçamentário ou se dará por transferência a outras entidades, públicas ou
privadas. Essa classificação é regulada pela Portaria Conjunta STN/SOF 163, de 2001, assim como as naturezas de
receitas.
Categoria econômica da despesa: é o nível mais agregador da natureza de receita ou despesa, que busca se
relacionar ao impacto econômico. Sendo:
3 – Corrente
+
4 – De capital
+
Grupo de natureza da despesa – GND: é um agregador de elementos de despesa orçamentária com as mesmas
características quanto ao objeto de gasto, como se segue:
1 – Pessoal e encargos sociais
+
4 – Investimentos
+
5 – Inversões financeiras
+
6 – Amortização da dívida
+
Modalidade de aplicação: classificação que tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por
órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por transferência a outro ente da Federação ou
entidades privadas. Permite a eliminação de dupla contagem no orçamento.
Modalidades de aplicação
Código Nome da Modalidade de Aplicação Código Nome da Modalidade de Aplicação
Transferências a Consórcios Públicos mediante
20 Transferências à União 71
contrato de rateio
Execução Orçamentária Delegada à Execução Orçamentária Delegada a Consórcios
22 72
União Públicos
Transferências a Consórcios Públicos mediante
Transferências a Estados e ao contrato de rateio à conta de recursos de que tratam
30 73
Distrito Federal os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141,
de 2012
Transferências a Consórcios Públicos mediante
Transferências a Estados e ao
31 74 contrato de rateio à conta de recursos de que trata o
Distrito Federal - Fundo a Fundo
art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
Transferências a Instituições Multigovernamentais à
Execução Orçamentária Delegada a
32 75 conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art.
Estados e ao Distrito Federal
24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
Modalidades de aplicação
Transferências Fundo a Fundo aos
Estados e ao Distrito Federal à Transferências a Instituições Multigovernamentais à
35 conta de recursos de que tratam os 76 conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei
§§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
Complementar nº 141, de 2012
Transferências Fundo a Fundo aos
Estados e ao Distrito Federal à
36 conta de recursos de que trata o 80 Transferências ao Exterior
art. 25 da Lei Complementar nº
141, de 2012
40 Transferências a Municípios 90 Aplicações Diretas
Aplicação Direta Decorrente de Operação entre
Transferências a Municípios - Fundo
41 91 Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos
a Fundo
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
Aplicação Direta de Recursos Recebidos de Outros
Execução Orçamentária Delegada a
42 92 Entes da Federação Decorrentes de Delegação ou
Municípios
Descentralização
Transferências Fundo a Fundo aos
Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos,
Municípios à conta de recursos de
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos
45 que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 93
Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público
da Lei Complementar nº 141, de
do qual o Ente Participe
2012
Transferências Fundo a Fundo aos Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos,
Municípios à conta de recursos de Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos
46 94
que trata o art. 25 da Lei Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público
Complementar nº 141, de 2012 do qual o Ente não participe
Aplicação Direta à conta de recursos de que tratam
Transferências a Instituições
50 95 os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141,
Privadas sem Fins Lucrativos
de 2012
Transferências a Instituições Aplicação Direta à conta de recursos de que trata o
60 96
Privadas com Fins Lucrativos art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
Execução de Contrato de Parceria
67 99 A definir
Público-Privada - PPP
Transferências a Instituições
70
Multigovernamentais
Elementos de despesa
Idoso
Contribuição a Entidades Fechadas
07 52 Equipamentos e material permanente
de Previdência
Outros Benefícios Assistenciais do
08 53 Aposentadorias do RGPS - Área Rural
servidor e do militar
10 Seguro-desemprego e abono salarial 54 Aposentadorias do RGPS - Área Urbana
Vencimentos e Vantagens Fixas -
11 55 Pensões do RGPS - Área Rural
Pessoal Civil
Vencimentos e Vantagens Fixas -
12 56 Pensões do RGPS - Área Urbana
Pessoal Militar
13 Obrigações Patronais 57 Outros Benefícios do RGPS - Área Rural
14 Diárias - Civil 58 Outros Benefícios do RGPS - Área Urbana
15 Diárias - Militar 59 Pensões Especiais
Outras Despesas Variáveis - Pessoal
16 61 Aquisição de Imóveis
Civil
Outras Despesas Variáveis - Pessoal
17 62 Aquisição de Produtos para Revenda
Militar
18 Auxílio Financeiro a Estudantes 63 Aquisição de Títulos de Crédito
Aquisição de Títulos Representativos de Capital já
19 Auxílio-fardamento 64
integralizado
20 Auxílio Financeiro a Pesquisadores 65 Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
21 Juros sobre a Dívida por Contrato 66 Concessão de Empréstimos e Financiamentos
Outros Encargos sobre a Dívida por
22 67 Depósitos Compulsórios
Contrato
Juros, Deságios e Descontos da
23 70 Rateio pela Participação em Consórcio Público
Dívida Mobiliária
Outros Encargos sobre a Dívida
24 71 Principal da Dívida Contratual Resgatado
Mobiliária
Encargos sobre Operações de
25 72 Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
Crédito por Antecipação da Receita
Obrigações decorrentes de Política Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual
26 73
Monetária Resgatada
Encargos pela Honra de Avais, Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária
27 74
Garantias, Seguros e similares Resgatada
Remuneração de Cotas de Fundos Correção Monetária da Dívida de Operações de
28 75
Autárquicos Crédito por antecipação da Receita
Distribuição de Resultado de
29 76 Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
Empresas Estatais Dependentes
30 Material de Consumo 77 Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
Premiações Culturais, Artísticas,
31 81 Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas
Científicas, Desportivas e outras
Porte de Recursos pelo Parceiro Público em Favor do
Material, bem ou serviço para
32 82 Parceiro Privado Decorrente de Contrato de Parceria
distribuição gratuita
Público-Privada - PPP
Despesas Decorrentes de Contrato de Parceria
Passagens e Despesas com
33 83 Público-Privada - PPP, exceto Subvenções Econômicas,
Locomoção
Aporte e Fundo Garantidor
Outras Despesas de Pessoal Despesas Decorrentes da Participação em Fundos,
34 decorrentes de contratos de 84 Organismos, ou entidades assemelhadas, nacionais e
Terceirização internacionais
35 Serviços de Consultoria 91 Sentenças Judiciais
Outros Serviços de Terceiros -
36 92 Despesas de Exercícios Anteriores
Pessoa Física
Elementos de despesa
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os procedimentos contábeis da despesa orçamentária.
2.1 Etapas de planejamento da despesa orçamentária
A etapa de planejamento na Contabilidade inicia-se pela distribuição da dotação autorizada para cada UO. Pós-
distribuição da dotação, as UGs terão que distribuir os créditos orçamentários recebidos para execução
orçamentária no exercício.
Os créditos orçamentários se constituem por autorização legislativa para a realização da despesa, que poderá ser
inicial ou adicional.
Crédito inicial é aquele aprovado pela lei orçamentária anual, constante dos orçamentos fiscal, da seguridade social
e de investimento das empresas estatais não dependentes.
Crédito adicional são autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na LOA. Os créditos
adicionais, conforme Art. 41 da Lei 4320, de 1964, podem ser classificados como:
Suplementares
+
Especiais
+
Extraordinários
+
A Lei nº 4.320/1964 determina, nos artigos 42 e 43, que os créditos suplementares e especiais serão abertos por
decreto do Poder Executivo, dependendo de prévia autorização legislativa, necessitando da existência de recursos
disponíveis e precedida de exposição justificada. Na União, para os casos em que houver necessidade de autorização
legislativa para os créditos adicionais (não existe regra geral para essas alterações, normalmente elas são definidas
na LDO, CF Estadual ou Lei Orgânica de cada ente da Federação), estes são considerados autorizados e abertos com
a sanção e a publicação da respectiva lei.
Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos suplementares e especiais, conforme disposto
no §1º do art. 43 da Lei nº 4.320/1964:
A vigência dos créditos adicionais se restringe ao exercício financeiro em que foram autorizados, exceto os créditos
especiais e extraordinários abertos nos últimos quatro meses do exercício financeiro, que poderão ter seus saldos
reabertos por instrumento legal apropriado, situação na qual a vigência fica prorrogada até o término do exercício
financeiro subsequente (art. 167, § 2º, Constituição Federal).
Ressalte-se que, na União, as alterações dos atributos do crédito orçamentário constantes da Lei Orçamentária da
União – tais como modalidade de aplicação, identificador de resultado primário (RP), identificador de uso (IU)
e fonte de recursos (FR) – não são caracterizadas como créditos adicionais por não alterarem o valor das dotações .
Essas alterações são denominadas “outras alterações orçamentárias” e realizadas por meio de atos infralegais,
observadas as autorizações constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias do exercício financeiro correspondente.
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Com esse fluxo de controle da despesa orçamentária você, estudante, terá uma noção dos diversos lançamentos
contábeis e entenderá que, ao responder as perguntas em cada estágio da despesa, contará com um roteiro
diferenciado.
Unidade 3: Especificidades do lançamento da despesa orçamentária
Ao final desta unidade, você será capaz de explicar as especificidades do lançamento da despesa orçamentária.
3.1 Comprometimento das disponibilidades por destinação de recursos
O controle de Disponibilidade por Destinação de Recursos – DDR é realizado pela execução orçamentária.
Você entenderá que as contas de DDR têm como objetivo controlar os ativos financeiros. Esses ativos, que possuem
o Indicador do Superávit Financeiro – ISF “F” (Financeiro), poderão estar livres, comprometidos ou já terem sido
utilizados no exercício financeiro.
A execução orçamentária lhe auxiliará no detalhamento do tipo de comprometimento em que estará a DDR.
Verifique no gráfico a seguir como funciona esse controle de DDR:
Repare que o objetivo é demonstrar o quanto das DDR estão livres e poderão ser fonte de recursos para liberação de
novos créditos orçamentários; o quanto estão comprometidas, mas não estão liberadas para serem desembolsadas
(são os empenhos não liquidados); o quanto estão comprometidas e podem ser utilizadas a qualquer momento
(relacionadas às despesas liquidadas a pagar e às entradas compensatórias); e, por fim, o quanto de DDR ingressou
mas já foi utilizado neste exercício (a utilização pode ser dada com pagamento de despesas orçamentárias ou
devolução das entradas compensatórias).
Com isso, pode-se perceber que a contabilização da execução orçamentária afetará o controle de DDR,
demonstrando os ativos financeiros livres e os que estão comprometidos.
Classificação dos restos a pagar por conta contábil. Fonte: Elaboração própria.
As Despesas de Exercícios Anteriores – DEA são despesas orçamentárias de exercícios encerrados que não foram
processadas na época própria. Há, também, os restos a pagar que tiveram interrupção em sua prescrição. Uma outra
situação são compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício em que se deu seu fato gerador.
Para que se autorize a execução de uma DEA, que possui elemento de despesa específica (o 92), é preciso comprovar
que havia dotação orçamentária para tal despesa.
Motivos para realização das despesas de exercícios anteriores. Fonte: Elaboração própria.
Um exemplo de DEA seria o caso do servidor que não recebeu seu auxílio- alimentação, havendo valores retroativos
a serem pagos que pertençam a exercícios anteriores.
Quanto à contabilização de DEA, o natural é que estejam relacionadas as despesas empenhadas que já possuam uma
obrigação anterior – isso por considerar que para tais despesas já tenham ocorrido o fato gerador.
No entanto, em certos casos não há registro de uma obrigação anterior, mas o fato gerador ocorrerá em exercício
contábil passado. Ao reconhecer essa obrigação, a entidade deverá lançar um “ajuste de exercício anterior”.
Os ajustes de exercício anterior estão em conta do patrimônio líquido, não pertencendo às variações patrimoniais do
exercício atual, cumprindo o regime da competência.
Segue um esquema para que você possa fixar o processo de contabilização de DEA:
Uma outra forma de execução da despesa orçamentária que inverte a ordem cronológica dos fatos é o
adiantamento a servidores (suprimento de fundos). A inversão ocorrida neste caso é que o fato gerador, despesa
patrimonial, acontecerá depois da liquidação da despesa e seu pagamento. Assim, o registro desse ato gerador
ocorrerá pela prestação de contas dos gastos realizados.
O suprimento de fundos é caracterizado por ser um adiantamento de valores a um servidor que deverá prestar
contas sobre os gastos realizados – isso em decorrência da necessidade de atendimento das seguintes despesas:
eventuais;
de caráter sigiloso;
de pequeno vulto.
Existem alguns impedimentos para que o servidor receba suprimento de fundos. São eles:
O registro da execução orçamentária seguirá o rito comum da despesa, havendo empenho, liquidação e pagamento
da despesa. O que difere o adiantamento das demais despesas é a necessidade de realizar controle da prestação de
contas. Tal controle não é padronizado para toda a Federação, não está previsto no MCASP 8ª edição. No entanto, é
normal tal realização de controle, como é o efetuado pela União e o previsto no PCASP Estendido.
O exemplo de lançamento que você verá neste curso terá como base o controle previsto no PCASP Estendido.
Além do controle da prestação de contas, o adiantamento a servidores tem uma situação normal que exige um
tratamento especial quanto ao processo. É a possibilidade de não haver utilização dos recursos, total ou parcial. Em
todo o caso, o valor não utilizado dentro do prazo previsto deverá ser devolvido para a administração pública.
A devolução dos recursos dentro do exercício orçamentário promoverá estorno/cancelamento total ou parcial da
despesa paga, liquidada e empenhada, nesta sequência. Isso retornará à disponibilidade do crédito orçamentário
para que a Unidade Gestora Executora – UGE possa utilizá-lo em uma outra despesa ou até em outro suprimento.
Outra situação é a possibilidade de devolução do recurso não utilizado em exercício orçamentário posterior ao da
execução da despesa. Isso não permite o cancelamento/estorno do crédito orçamentário – de tal modo que o
reingresso do recurso deve sofrer um tratamento orçamentário, pois poderá ser usado para novos gastos da
administração pública. Com isso, deverá ser reconhecida uma receita orçamentária.
A administração pública realiza alguns atos que não afetam o patrimônio de imediato. Ou podem se referir a eventos
que ocorrerão, mas que não cumprem os requisitos para reconhecimento do passivo ou ativo. Tais atos devem ser
controlados em contas de controle de “atos potenciais”.
O controle poderá ser de Ato Potencial Ativo, quando o ato poderá vir a afetar o ativo, ou de Ato Potencial Passivo,
quando poderá afetar o passivo. Esse controle é mais especificado conforme o grupo de classificação da operação.
Em nível de “Título” da conta contábil, 4º nível, é apresentado um grupo de operações: Garantias e Contragarantias;
Convênios e outros instrumentos congêneres; Contratos e Outros Atos Potenciais.
O 5º nível da conta contábil assemelha-se ao uso das contas de Natureza de Informação Patrimonial, para fins de
auxiliar no processo de consolidação. No entanto, essas contas de Atos Potenciais não fazem parte do processo de
consolidação. Assim, o detalhamento das operações citadas no parágrafo anterior é realizado em nível de “Item” da
conta contábil, 6º nível.
Por exemplo, no grupo contratos, direitos contratuais (atos potenciais ativos) ou obrigações contratuais (atos
potenciais passivos), tem-se divisões de tipos de contrato no nível Item da conta contábil, como:
Tipos de atos potenciais (ativos ou passivos) relacionados a contratos. Fonte: Elaboração própria.
Na classe 8, onde se controla a execução destes atos potenciais, no seu último nível (Subitem da conta contábil, 7º
nível), são realizados os lançamentos da execução dos contratos ou de seu cancelamento.
O controle de ato potencial deverá ser independente da execução orçamentária. Esse controle estará relacionado à
variação patrimonial, não à execução orçamentária. Muitos confundem o controle de atos potenciais com o
momento de liquidação da despesa orçamentária. No entanto, a baixa de tal controle será realizada com o momento
de afetação do patrimônio ou cancelamento do contrato/controle.
Outro ponto relevante é o valor de registro de contratos da administração pública, o qual deverá ser pelo valor total.
Isso acontecerá independentemente do valor já empenhado/liquidado ou do previsto para ser
empenhado/liquidado no exercício orçamentário atual.
Unidade 4: Lançamentos típicos da despesa orçamentária
Ao final desta unidade, você será capaz de realizar os lançamentos contábeis da despesa orçamentária.
Para fins de compreensão do processo contábil das etapas de execução orçamentária, segue o roteiro, utilizando-se
um exemplo de lançamento de contratação de serviços (desde a dotação inicial até seu pagamento).
A seguir, confira o podcast em que serão apresentados os lançamentos típicos da despesa orçamentária.
14:59
Antes mesmo de iniciar a execução da despesa, com realização do empenho, a dotação será distribuída dentro da
UO para sua Unidade Gestora Executora – UGE (provisão) ou transferida para que uma UGE de outra UO (destaque)
execute a despesa que lhe foi dotada.
As dotações recebidas são para execução para todo o ano. De tal modo, tais despesas não podem ser pagas a
qualquer momento. Por isso, acompanhando a dotação a UO (ou Unidade Gestora Financeira – UGF, alguns entes),
recebem as cotas (mensais, bimestrais ou trimestrais, conforme Art. 47 da Lei 4.320/64).
Se a dotação foi provisionada, a sua UGE será recebedora de sub-repasse da cota. No entanto, se a dotação foi
destacada a uma outra UO, acompanhará ao destaque um repasse de cota.
Além do controle de dotação, a Contabilidade deverá realizar o controle das cotas, em cumprimento ao art. 80 da Lei
4.320/1964.
O controle do 5º nível pode ser realizado com os dígitos de 1 a 5, a depender de quem assinou a contratação (quem
realizará a prestação do serviço). Cabe ressaltar que tal controle não será levado em consideração para fins do
processo de consolidação, pois nele são consideradas, somente, as contas de Natureza de Informação Patrimonial.
O detalhamento da informação de contratos ou, melhor, do ato potencial passivo dependerá do tipo de operação
que esteja sendo realizada.
4.4 Empenho
Além das Informações Complementares – ICs indicadas na dotação orçamentária (UO; FR; FS; ND; Programa – PTRES,
programa de trabalho resumido), neste momento é normal que se realize maior detalhamento das informações,
como o da ND, informando o detalhamento do elemento de despesa (subelemento de ND). Ressalta-se que esse
detalhamento não é padronizado pela Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001.
Outra informação importante no momento de empenho da despesa é se há ou não a existência de uma obrigação
anterior. Caso haja, neste lançamento você terá que alterar o Indicador do Superávit Financeiro – ISF de “P –
Permanente” para “F – Financeiro”. Também, de imediato, terá que transferir de “Empenhado a Liquidar” para
“Empenhado em Liquidação”.
A liquidação da despesa orçamentária é uma formalidade necessária para que se possa proceder o seu pagamento
(arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964).
Entenda que a realização desse ato da administração não está vinculado à ocorrência do impacto patrimonial. No
entanto, poderá haver coincidência com o momento de tais registros, que é o caso deste exemplo.
Pagamento da despesa:
Em Natureza de Informação Patrimonial
D – 2.1.3.X.X.XX.XX – Fornecedores e contas a pagar (F)
a C – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)
Em Natureza de Informação Orçamentária
D – 6.2.2.1.3.03.XX – Crédito empenhado liquidado a pagar
a C – 6.2.2.1.3.04.XX – Crédito empenhado liquidado e pago
Em Natureza de Informação Típica de Controle
D – 8.2.1.1.3.XX.XX – DDR comprometida por liquidação e entradas compensatórias
a C – 8.2.1.1.4.XX.XX – DDR utilizada
O pagamento da despesa requer utilização da Disponibilidade por Destinação de Recursos – DDR, como você pode
ver com o lançamento a crédito em caixa e equivalente de caixa.
Com isso, há a baixa de obrigação e o encerramento do processo de execução da despesa orçamentária (último
estágio).
A inscrição de despesas orçamentárias em restos a pagar é um ato da administração pública. Não há qualquer
lançamento em contas patrimoniais a ser realizado nesta transação.
Os dois lançamentos realizados em grupos de contas contábeis diferentes são em decorrência da necessidade de
encerramento dos saldos no fim do exercício no primeiro grupo de lançamento. O segundo grupo de lançamento
transferirá seu saldo para o exercício contábil seguinte.
Cabe ressaltar que só há inscrição das despesas orçamentárias empenhadas no exercício e que não foi possível
realizar seu pagamento – podendo a despesa inscrita em restos a pagar estar nos seguintes estágios: empenhadas a
liquidar, empenhadas em liquidação ou empenhadas e liquidadas a pagar.
4.8 Execução de restos a pagar
Até esses lançamentos o procedimento é idêntico ao processo comum de execução da despesa, que não exige
tratamento diferenciado às despesas empenhadas no exercício.
O suprimento de fundos terá seu lançamento, até o pagamento, bem parecido com as despesas normais. No
entanto, o que diferirá é o processo de prestação de contas.
Empenhamento da despesa:
Liquidação da despesa:
Pagamento da despesa:
Os próximos lançamentos apresentam as diferenças que vão ocorrer com a execução da despesa por meio de
Após a utilização dos recursos, o servidor terá que prestar contas. Os lançamentos contábeis a seguir dependerão do
momento da prestação de contas – se no mesmo exercício contábil em que ocorreu o empenho da despesa
orçamentária ou se em um exercício contábil posterior.
Neste primeiro exemplo, você, estudante, verá o lançamento de prestação de contas em que não há devolução de
recursos. Com isso, o roteiro independe do exercício contábil (não terá que estornar/cancelar a despesa ou
reconhecer receita orçamentária).
O suprido realiza prestação de contas, com utilização integral dos recursos e utilização imediata:
Neste segundo exemplo, você verá o lançamento de prestação de contas em que há devolução de recursos no
mesmo exercício em que ocorreu o empenho da despesa orçamentária. Com isso, o roteiro deverá prever o
estorno/cancelamento da despesa orçamentária.
O suprido realiza a prestação de contas, com utilização parcial dos recursos e utilização imediata:
Por último, você verá um exemplo de prestação de contas em que há devolução de recursos em exercício posterior
ao que ocorreu o empenho da despesa orçamentária. Com isso, o roteiro deverá prever o reconhecimento de uma
nova receita orçamentária.
O suprido realiza prestação de contas, com utilização parcial dos recursos e utilização imediata: