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O chamado tem duas características distintas. Como declarou John Blanchard: “Moralmente, o
cristão é chamado para a santidade; dinamicamente, ele é chamado para o serviço”. O
problema é que o nosso chamado secundário, para serviço, não parece ter substituído o
primeiro, mas o eliminado.
O que fazemos (obras) deveria ser uma extensão do que somos (caráter). No dia de prestação
de contas perante o Senhor, as obras não serão uma justificativa para ausência de santidade e
caráter de Cristo em nós (Ler Mateus 7.22,23)
Observe que Jesus não chama essas pessoas de mentirosas, alegando que nada daquilo foi de
fato feito ou mesmo que não foi feito em Seu nome. Isso nem é contestado. Elas, de fato,
realizaram as obras do ministério em nome de Jesus. E tiveram resultados! No entanto o
FAZER não suprime a necessidade de SER, de ter um caráter que reflita santidade e
compromisso com Deus.
A lição que aprendemos aqui é que nosso Senhor Jesus Cristo não está atrás de quem apenas
apresente alta produtividade no ministério, mas de gente que seja modelo e referência ao
rebanho, que tenha uma conduta exemplar.
Jesus revelou algo importante a Pedro no episódio em que lavou os pés de Seus discípulos:
“Declarou-lhes Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais,
está todo limpo” (João 13.10). Cristo explicou não apenas a razão natural de se lavar os pés de
alguém, mas a estabeleceu um paralelo com verdades espirituais.
Hoje em dia muitos líderes cristãos e ensinadores parecem não enxergar com clareza a
distinção entre justificação (como obra instantânea) e santificação (como obra progressiva).
John Charles Ryle, no livro “Santidade – Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor”, esclarece a
diferença:
“A santificação é algo que admite crescimento e graus de intensidade. Um homem pode seguir
um passo após o outro em sua santidade, estando muito mais santificado em um período da
sua vida do que em outros. Entretanto, ele não pode ser mais perdoado e mais justificado do
que quando creu no princípio, embora possa sentir mais intensamente. Porém, certamente ele
pode ser mais santificado.”