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PSICOPATOLOGIA II

PLR 2022.01

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE


CURSO DE PSICOLOGIA
Patrícia Yano, Ph.D.
Yano, L. P.

PSICOPATOLOGIA II

UNIDADE III
TRANSTORNOS ALIMENTARES
TRANSTORNOS RELACIONADOS À ALIMENTAÇÃO

• No DSM-5, os distúrbios de alimentação e do ato de comer incluíram


vários transtornos descritos no DSM-IV como transtornos alimentares da
infância ou início da infância, no capítulo "Transtornos Geralmente
Diagnosticados na primeira infância, ou na adolescência”.
• Os critérios do DSM-IV para pica e para o transtorno de ruminação foram
revistos para maior clareza e, para indicar que o diagnóstico pode ser
feito por pessoas de qualquer idade.
TRANSTORNOS • O transtorno alimentar da infância ou início da infância foi renomeado
como transtorno de evitação/restrição alimentar, e, os critérios foram
ALIMENTARES significativamente ampliados.
• Um grande número de indivíduos, principalmente, mas não
exclusivamente, crianças e adolescentes, restringem substancialmente a
sua ingestão de alimentos e experienciam os problemas fisiológicos ou
psicossociais significativos associados sem satisfazer os critérios para
qualquer transtorno alimentar do DSM-IV.
• Obesidade não é considerada, e nem era antes, transtorno mental, mas
pode ser comórbida (DSM-IV).
• Especificar se: em remissão parcial ou total.
• Especificar nível de comprometimento: leve,
moderado, grave.

• 307.52(__,__) Pica.
(F98.3) em crianças.
(F50.8) em adultos.
• 307.53 (F98.21) Transtorno de ruminação.
• 307.59 (F50.8) Transtorno alimentar
restritivo/evitativo.
• 307.1 (__,__) Anorexia nervosa.
(F50.01) tipo restritivo.
(F50.02) tipo compulsivo/purgativo.
• 307.51 (F50.2) Bulimia nervosa.
• 307.51 (F50.8) Transtorno da compulsão alimentar
periódica (Binge-Eating).
• 307.59 (F50.8) Outro transtorno relacionado à
alimentação.
• 307.50 (F50.9) Transtorno relacionado à alimentação
não-especificado.
TRANSTORNO DE PICA
• Ingestão de substâncias não-nutritivas, não alimentares, durante o
mínimo de um mês.
• Papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal.
• Idade mínima sugerida: 02 anos de idade.
• Não existe correlação com deficiências de vitaminas e minerais.
• Complicações médicas são a motivação do tratamento: problemas
intestinais mecânicos, obstruções; perfuração. Toxoplasmose e
toxocaríase (na ingestão de fezes).
• Não faz parte do padrão cultural.
• Pode ocorrer em comorbidade às deficiências intelectuais e no
autismo.
• Os prejuízos são físicos, mas, comumente, segue acompanhada de
transtornos que comprometem o funcionamento social. Autismo,
deficiência intelectual, esquizofrenia, TOC, tricotilomania e
escoriação (alta relação); transtorno alimentar restritivo.
TRANSTORNO DE
RUMINAÇÃO
• Regurgitação repetida, durante o período mínimo de um
mês.
• O alimento é remastigado e ejetado ou novamente,
deglutido.
• Adolescente e adultos podem disfarçar o comportamento
escondendo a boca e evitando comer na frente de outras
pessoas.
• Não é explicada por refluxo gastresofágico.
• Podem ocorrer na deficiência intelectual ou outro
transtorno neurodesenvolvimental;
• Fatores psicossociais: falta de estimulação, negligência,
estresse, problemas parentais.
• Diagnóstico diferencial: Anorexia nervosa e bulimia
(preocupação com o ganho de peso).
• Falta de interesse nos alimentos com base nas características sensoriais.
• “Ingestão restritiva, ingestão seletiva, ingestão exigente, ingestão
perseverante, recusa crônica dos alimentos, hipersensibilidade ao cheiro
dos alimentos, disfagia funcional, globus hystericus (sensação de obstrução
na garganta)”, são terminologias descritoras.
• Indivíduos que não atendem aos critérios para Anorexia, Bulimia
(autoimagem) mas que possuem, comprovadamente (perda de peso e
deficiência nutricional), uma relação disfuncional com os alimentos.
• Fatores ambientais: Ansiedade familiar e mães com transtornos
alimentares.
• Fatores temperamentais: TA, TEA, TOC, TDAH.
• Diagnóstico diferencial: Condições médicas, neurológicas e
neuromusculares; Transtorno do apego reativo; TEA; Fobia específica
(medo de se asfixiar) e fobia social (medo de ser observado enquanto
come); Anorexia; TOC; Depressão Maior; TE esquizofrenia; T Factício (para
chamar a atenção de si ou usando o outro).

TRANSTORNO ALIMENTAR
RESTRITIVO/EVITATIVO
ANOREXIA
NERVOSA
ANOREXIA NERVOSA
• Os critérios diagnósticos essenciais da anorexia nervosa mantiveram-se
inalterados;
• Uma exceção: a exigência de amenorreia foi eliminada.
• Esta exigência foi dispensada em um número de situações (por exemplo,
em mulheres que tomam contraceptivos).
• Como no DSM-IV, os indivíduos com este transtorno devem atender ao
Critério A - estar com peso corporal significativamente baixo para o seu
estágio de desenvolvimento.
• No DSM-5, o Critério B foi ampliado, a fim de incluir não apenas o medo
expresso de ganho de peso, mas, também, comportamentos persistentes
que interferem no ganho de peso.
ANOREXIA NERVOSA • CARACTERÍSTICAS:
• Etimologia - Anorexia: falta de apetite?
• Obstinação pelo baixo peso;
• Adolescentes são os mais afetados;
• Recusa drástica da ingestão de alimentos;
• Não há falta de apetite, mas a recusa em ingeri-lo.
• Isolamento social e hábitos alimentares bizarros.
Complicações médicas • Diminuição do batimento cardíaco;
• Baixa pressão arterial;
• Perda da massa muscular e fraqueza nos ossos;
• Amenorreia;
• Desidratação;
• Tonturas e cefaleias;
• Outros: manchas na peles (baixa da resistência
imunológica – doenças oportunistas), perda de
cabelos, fraqueza das unhas; dificuldades de
da AN

concentração, fadiga crônica e apatia.


ANOREXIA NERVOSA
• COMORBIDADES:
• Bulimia;
• Depressão (65%);
• Fobia social (34%);
• TOC (26%);
ANOREXIA NERVOSA
• ETIOLOGIA:
• Variáveis biológicas (hormonais),
• psicológicas (mecanismos defensivos – desvio da atenção –
psicanálise: dificuldade de separar-se da mãe intrusiva e não-
empática) e,
• sociais (ênfase a esbelteza);
Famosos e Anorexia
ANOREXIA NERVOSA • SUBTIPOS:
• 1. RESTRITIVO

• 2. COMPULSÃO PERIÓDICA/PURGATIVO
• PROGNÓSTICO:
• Recuperação espontânea sem tratamento; o
ANOREXIA NERVOSA tipo Restritivo tem prognóstico menos
favorável; permanecerá uma obsessão
residual.
• TRATAMENTO:
• Internação; programa de restauração
nutricional; psicoterapia individual e
familiar; psicofármacos para os sintomas
depressivos e obsessivos (tende-se a uma
resistência a este).
Círculo vicioso de autoabuso:
um lento suicídio. Auto-inanição pode levar a
pensamentos obsessivos e
comportamentos compulsivos
centrados na comida e no ato de
comer.

A pessoa recusa a comida Quanto menos se come o


estando agora mais fixada estômago reduz e a pessoa
nessa ideia de forma a sente-se mais rapidamente
“corrigir” a imagem corporal. “cheia” ao comer.
O transtorno se agrava.

A distorção da Resulta-se na perda de


autoimagem se músculos e saliência
agrava. estomacal

A percepção da pessoa,
A retenção de líquidos e fantasiosas e medo de
o inchaço reforçam engordar são novamente
estes medos. reforçados
(retroalimentados).
BULIMIA
NERVOSA
BN
BULIMIA NERVOSA
BULIMIA NERVOSA
BULIMIA
NERVOSA
Sinais no corpo...

Eu não sabia
que a Bulimia
pode levar ao
câncer...
BULIMIA
NERVOSA
• Ingestão de grande quantidade de alimentos sem
controle.
• Comer rapidamente – desconfortavelmente cheio
(“empachado”) - comer sem estar com fome – comer
sozinho por vergonha – sentir-se desgostoso consigo
mesmo, deprimido e culpado.
TRANSTORNO • Leve: 1 a 3 episódios semanais.
DA • Moderada: 4 a 7 episódios semanais.
• Grave: 8 a 13 episódios semanais.
COMPULSÃO • Extrema: mais de 14.
ALIMENTAR
PERIÓDICA • Genéticos e fisiológicos: comum dentro das famílias.
• Diagnóstico diferencial: Bulimia nervosa; Obesidade
(BINGE EATING) (neste caso, não há significativa preocupação com o
peso- maior comorbidade no Binge Eating – melhor
resposta ao tratamento do que na obesidade);
Transtorno bipolar e depressivo; Transtorno da
personalidade Borderline.
• Anorexia nervosa atípica: não há perda
significativa do peso SE comparado aos demais.

• Bulimia nervosa de baixa frequência/duração


limitada: menos de uma vez na semana ou menos
de três meses.
Outros
• Transtorno de purgação: comportamento
transtornos recorrente para perder peso. Laxantes, vômitos
autoinduzidos, diuréticos, sem a compulsão
alimentares alimentar.

especificados • Síndrome do comer noturno: ingestão excessiva


após a alimentação noturna. Há a
lembrança/consciência da ingestão.
REFERÊNCIAS
• Bibliografia básica:
• 1.1SADOCK,B. J. & SADOCK, V. A. Compêndio de Psiquiatria 9ª. Edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.
• 1.2. BARLOW, D. H. & DURAND, V. M. Psicopatologia: Uma Abordagem Integrada. Tradução da quarta edição norte-americana. São
Paulo: Cengage Learning, 2010.
• 1.3. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2ª. Edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.

• Bibliografia complementar:
• 2.1. DSM 5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais. 5ª. Edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.
• 2.2. BARLOW, D.H (org). Manual Clínico dos transtornos psicológicos. 2ª. Edição. Porto Alegre> Artmed, 1999.
• 2.3. BEAUCHESNE, H. História da Psicopatologia. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
• 2.4. KUZNERZOFF, N. Prevenção, Diagnóstico e Tratamento dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 1997.
• 2.5. JASPERS, K. Psicopatologia Geral. Vols. 1 e 2. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte: Atheneu. 8ª. Edição.
• 2.6. ROMERO, E. O Inquilino do imaginário: formas de alienação e psicopatologia. Lemos Editorial, 2000.
• São Paulo: Lemos, 1988.
• 2.7.LANDEIRA-FERNANDEZ, A. & CHENIAUX, E. Cinema e Loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. Porto
Alegre: Artmed, 2010.

UFAC - Curso de Psicologia - Psicopatologia - Patrícia Yano, PhD 28

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