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O uso de metodologias ativas como meio para recuperação de notas

acadêmicas

The use of active methodologies as a means to academic recovery grades

DOI: 10.55905/revconv.16n.1-008

Recebimento dos originais: 17/01/2023


Aceitação para publicação: 14/02/2023

Guilherme Moraes Pesente


Mestre em Ensino de Ciência e Tecnologia
Instituição: Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: gmpesente@gmail.com

André Avelino
Mestrando em Informática
Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Endereço: Vitória - ES, Brasil
E-mail: andre.avelino@edu.ufes.br

Leonamme Valvides da Costa Teixeira


Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: leonamme.teixeira@gmail.com

Charleston Moreira dos Santos


Especialista em Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na Educação
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: charlestonmsantos@educador.edu.gov.br

Yasmin Sizini Moreira


Especialista em Segurança do Trabalho
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: yasminsizini@hotmail.com

Melissa do Carmo Schreder


Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: melissaejoana@gmail.com

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Mauricio Lago Barros
Especialista em Informática na Educação
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: mlagob@gmail.com

Elivelto Ebermam
Mestre em Informática
Instituição: Secretaria de Estado da Educação (SEDU - ES)
Endereço: Baixo Guandu - ES, Brasil
E-mail: eliveltoebermam@gmail.com

RESUMO
O presente relato de experiência tem por objetivo analisar e discutir o uso de metodologias ativas
no processo de recuperação acadêmica. Após dois anos estudando de forma remota, os estudantes
possuem dificuldades em sua readaptação presencial na escola, tendo como reflexo as notas
baixas. As metodologias ativas podem contribuir na construção do conhecimento e
fortalecimento de assuntos lecionados durante o período acadêmico. No desenvolvimento deste
relato, foi observado o empenho dos estudantes na criação de suas aulas e posteriormente sua
apresentação, tendo resultados significativos e melhoria notória de suas notas acadêmicas.

Palavras-chave: metodologias ativas, aprendizagem mecânica, recuperação paralela.

ABSTRACT
This experience report aims to analyze and promote a discussion around the application of active
methodologies in the academic recovery process. After two years of remote learning, students
are experiencing difficulties in their readaptation into the standard form of education; as a result,
they are getting low academic grades. Active methodologies may contribute to build knowledge
and to strengthen the topics taught during the school year. While doing the researches for this
study, it became possible to notice the commitment students had when creating lessons and,
posteriorly, presenting them; they were able to show positive results in their tasks and got
noticeably improved academic grades.

Keywords: active methodologies, mechanical learning method, academic recovery.

1 INTRODUÇÃO
Durante o período no qual os estudantes se encontram em sala de aula, é comum os
mesmos encontrarem inúmeros métodos abordados pelos seus professores para transmitirem os
conteúdos que se encontram distribuídos no plano de ensino de cada disciplina. Cada estudante
possui suas particularidades, o que torna desafiador este processo para o preparo das aulas,
fazendo com que o profissional da educação precise saber dosar as aulas teóricas junto às práticas
(LIBÂNEO, 1994, p. 173).

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A forma como os estudantes absorvem os conhecimentos transmitidos pelos seus
professores podem ser diversas, mas dois modos serão aqui mencionados, sendo a aprendizagem
mecânica e aprendizagem significativa. Ausubel, Novak e Hanesian (1978) por meio da obra
intitulada Educational Psychology: A Cognitive View abordam estes dois tipos de aprendizagem.
A aprendizagem mecânica ocorre de forma arbitrária, ou seja, um conhecimento é
absorvido sem que haja completa compreensão ou aprendizagem do assunto. Em linhas gerais, o
professor fala ou escreve e o estudante “aprende” sem que ocorra uma interpretação ou indagação
sobre o assunto. Diferente da aprendizagem significativa, um conhecimento prévio sobre um
assunto não é relevante.
Já na aprendizagem significativa, o estudante possui um conhecimento prévio que serve
como base para obtenção de um novo conhecimento, Ausubel define este conhecimento prévio
como subsunçor (1978). Por exemplo, para que que o estudante saiba que o resultado da
multiplicação de 3 x 3 é igual 9, é importante que este estudante saiba o conceito de adição, pois
3 x 3 seria o mesmo que 3 + 3 + 3 na adição, ambos totalizando 9.
Saber como abordar os conteúdos e quais técnicas vão ser utilizadas em sala de aula tem
o peso para definir o interesse de nossos estudantes em determinados assuntos. De forma
empírica, observamos em aula que os estudantes possuem afinidades por disciplinas específicas
que vão de encontro com seu projeto acadêmico. Em uma exemplificação, seria inviável pedir
para um estudante de engenharia se dedicar em programação de computadores assim como ele
se dedica em disciplinas específicas de sua área.
Desta forma surgem várias dúvidas e uma dela está relacionada a esta dedicação dos
estudantes em disciplinas que podem não ir ao encontro com suas aptidões ou gostos. Outro fator
impactante é a atual geração imediatista e prática na qual vivemos. Cada vez mais os estudantes
ficam entediados com rapidez e querem os resultados de forma imediata.
A atual geração da informação (geração Z) aprendeu que é mais fácil procurar a resposta
no Google ao invés de investir tempo em interpretar a pergunta e buscar o resultado correto. Uma
geração que consome de forma desesperada novas tecnologias digitais, os tornando imediatistas
e consumistas vorazes (JUNGER et al., 2018, p. 4 - 8). Isso torna dificultoso o trabalho do
professor, pois comumente traçamos uma rota que pode ser curta ou longa até alcançarmos o
resultado, e esta rota muitas vezes passa por um período teórico até se torna prático.

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Pensando nisto, existem formas de tornar um conteúdo atrativo para os estudantes, como
relacionar o conteúdo com situações do seu cotidiano, jogos digitais, gincanas, entre outras
formas. Integrar o uso de tecnologias digitais no meio educacional visando a maior contribuição
dos estudantes também se torna uma forma de termos estudantes participativos e autônomos no
seu processo de construção do conhecimento.
Desta forma, o presente relato de experiência tem por objetivo investigar o uso de
metodologias ativas como forma de recuperar estudantes que vieram a obter notas abaixo da
média no trimestre letivo e criar ou aumentar o interesse dos mesmo em diversos conteúdos. A
pesquisa foi qualitativa com enfase em pequisa-ação, se apoiando em autores como Gil (2002) e
Markoni e Lakatos (2003). Foram selecionadas turmas da 1ª Série do Ensino Médio integrado a
cursos técnicos e ensino regular.
Ao final da recuperação trimestral, os estudantes foram submetidos a um questionário
online visando compreender os impactos do uso de metodologias ativas no processo de
construção do conhecimento e na colaboração para recuperação de notas acadêmicas.

2 METODOLOGIAS ATIVAS NO DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO


Independente dos impactos negativos deixado pela pandemia do COVID-19, o professor
sempre teve inúmeros desafios para despertar o conhecimento de seus estudantes. Durante as
aulas, é comum adotar uma metodologia tradicional de ensino, no qual o Professor é o detentor
do conhecimento e o estudante o receptor, absorvendo o que o professor explica e anotando o
que está no quadro, sendo submetido posteriormente a atividades de fixação e avaliações em
cumprimento aos métodos avaliativos daquele período.
Estes métodos foram sendo substituídos por aulas no qual os estudantes possuem maiores
participações, ocorrendo diálogos entre professores e estudantes, tornando as aulas dinâmicas e
contando com a participação de todos. Estas novas aulas fazem parte das metodologias ativas de
ensino. As diferenças do método tradicional para metodologias ativas são:

2.1 ENSINO TRADICIONAL


Para Libâneo (2014, p.24 a 25), o papel da escola envolve a “[...] preparação intelectual
e moral dos estudantes para assumir sua posição na sociedade”, tendo todos os estudantes o
mesmo caminho para o saber, não levando em consideração suas limitações ou dificuldades.

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Desta forma, o estudante com maior limitação precisa se esforçar para “superar suas dificuldades
e conquistar seu lugar junto aos mais capazes.”
No ensino tradicional, o conteúdo não se baseia em suas experiências ou vivências diárias,
mas sim conteúdos que visam preparar estes estudantes para a vida que os aguardam após este
período acadêmico. O método de ensino é verbal ou por meio de demonstrações do conteúdo em
um quadro, sendo percorrido cinco etapas, conforme apresenta Libâneo (2014):
1 - Preparação do estudante: definição dos objetivos da aula acompanhado da recordação
do conteúdo anterior, visando despertar o interesse dos estudantes;
2 - Apresentação: foco nos pontos-chave do conteúdo e sua demonstração;
3 - Associação: aqui ocorre a combinação dos novos conhecimentos com os
conhecimentos já adquiridos, seja por comparação ou abstração;
4 - Generalização: dos pontos-chaves chega-se a um conceito geral;
5 - Aplicação: momento destinado para resolução de atividades de fixação.
Por fim, o professor é autoridade total em sala, não ocorrendo diálogos entre as partes a
não ser relacionadas a conteúdo e em momentos específicos. O conteúdo apresentado pelo
professor é a verdade única e deve ser absorvida assim, tendo a disciplina e a aula ministrada os
únicos meios para assegurar a atenção, silêncio e aprendizado.

2.2 METODOLOGIAS ATIVAS


As metodologias ativas permitem que o estudante seja protagonista no seu processo de
construção do conhecimento, incentivando o estudante no desenvolvimento de sua compreensão
dos conteúdos proposto pelo educador, tornando-os autônomos e responsáveis pelo seu processo
de aprender. Para Bastos (2006):

“[...] as metodologias ativas são processos interativos de conhecimento, análise,


estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar
soluções para um problema. É o processo de ensino em que a aprendizagem depende
também do aluno, que sai da posição de mero receptor.” (BASTOS, 2006 apud
PEIXOTO, 2016, p. 39)

O uso de metodologias ativas possibilita que o estudante crie um senso crítico e atuante
em um processo educativo, que na visão de Novaes et al (2021, p. 5) torna-os reflexivos sobre as
possibilidades de resoluções de atividades ou avaliações por meio de ensaios de erros e acertos.

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Desta forma, o professor deve observar as dúvidas e questionamentos feitas pelos estudantes e
propor meio junto a estes estudantes para saciar estes questionamentos.
As metodologias ativas podem ser utilizadas como complemento a metodologia
tradicional de ensino ou abordada de forma isolada. Libâneo (2013, p. 108) afirma que este tipo
de metodologia requer planejamento, organização e controle das etapas, para que ocorra o
aprender fazendo, sendo desenvolvido a participação efetiva dos estudantes no seu processo de
construção do conhecimento (Novaes et al 2021, p. 5).

3 O TRAÇADO METODOLÓGICO
O presente estudo é uma abordagem qualitativa, ocorrendo em turmas do ensino médio
integrado aos cursos técnicos ou propedêutico. A presente intervenção caminha para uma
pesquisa-ação, na qual Gil (2002) à aponta como:

[...] é um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual,
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 1985, p.14, apud
GIL, 2002).

A pesquisa teve como objetivo analisar os métodos diversificados que os professores


utilizam durante suas aulas em complemento ao conteúdo apresentado. O público alvo foram os
estudantes da 1ª série do ensino médio integrado aos cursos técnicos em Informática para
Internet, Manutenção e Suporte em Informática, e para o ensino médio regular (propedêutico)
em uma instituição estadual no Estado do Espírito Santo.
A disciplina selecionada foi a de Matemática. Estas aulas diferenciadas ocorreram no
início do 2º Trimestre letivo com os estudantes que ficaram de recuperação trimestral. Este
período corresponde aos meses de maio e junho do ano de 2022. A disciplina de Matemática
trabalhou com as 1ª Séries da Formação Técnica e Profissional (FTP) e o ensino propedêutico.
Ao final do experimento, foi aplicado um questionário aos estudantes, buscando
identificar os ganhos e melhorias destas práticas na sua construção cognitiva e recuperação da
nota. Para Markoni e Lakatos (2003), um questionário é uma ferramenta para coletar dados,
sendo elaborada e disponibilizada uma série de perguntas coerentes e ordenada que vão ser
respondidas pelos participantes sem a interferência do pesquisador. Desta forma, o objetivo da

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referida pesquisa foi buscar compreender como as metodologias ativas podem contribuir na
recuperação de notas dos participantes.

3.1 OS PARTICIPANTES
A escola representada no projeto encontra-se no interior do estado do Espírito Santo,
sendo uma escola de ensino médio integrado com a formação técnica e profissional. No ano de
2022, a escola conta com dois cursos técnicos na área tecnológica, sendo Informática para
Internet e Manutenção e Suporte em Informática, um curso de Análises Clínicas na área de Saúde,
e o ensino médio regular.
As turmas participantes possuem abreviaturas para o nome dos cursos, sendo EMINF,
EMMAN , EMASP . Essas nomenclaturas criam a identidade de cada curso, sendo utilizadas
como referências entre estudantes e professores. Os estudantes estão sendo representados pela
letra “A” em maiúsculo e os numerais arábico, a saber: A1, A2, A3, [...]. As turmas participantes
e o quantitativo de estudantes por turma seguem apresentados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 - Quantitativo de estudantes participantes por turma


Turma Quantidade de estudantes
1ª EMMINF 09
1ª EMMAN 05
1ª EMASP 04
Fonte: De autoria própria (2022)

3.2 AS 1ª SÉRIES DO ENSINO MÉDIO


Os estudantes da 1ª série fizeram uso de metodologias ativas durante sua recuperação
trimestral da disciplina de Matemática. A recuperação paralela é um método amparado por lei e
de direito do estudante, a Lei nº 9.394 Art. 12º diz que a escola deve “prover meios para a
recuperação dos alunos de menor rendimento” (BRASIL, 1996). Vasconcelos (1989, p.41, apud
NORCIA, p. 24) corrobora ao afirmar que a recuperação representa “uma nova oportunidade de
aprendizagem” e que “todo ser humano é capaz de aprender”.
Por meio de aulas diversificadas, o professor da disciplina, abordou os temas que os
estudantes apresentaram dificuldades durante o 1º trimestre letivo, sendo eles: porcentagem,
grandezas diretamente e inversamente proporcionais, equação do 2º grau e conjuntos numéricos.
Estes conteúdos foram sorteados entre os estudantes, ficando cada estudante com um tema
específico.

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A atividade/teste ocorria de forma individual, após o sorteio, cada estudante tinha o prazo
de duas semanas para preparar uma aula/apresentação sobre aquele determinado conteúdo. Os
estudantes contavam com a ajuda do professor para organizarem o conteúdo a ser transmitido no
dia da avaliação.
Nas datas referentes a cada apresentação, cada estudante tinha o tempo de 25 minutos
para explanar seu conteúdo. Em cada apresentação, obrigatoriamente, deveria conter os dados
históricos sobre o tema, conceito e definição e exemplos com resolução de problemas, tudo em
formato de uma aula expositiva.
Os critérios levados em consideração para avaliação foram: clareza na explicação e
domínio do tema, explicação com ênfase em pontos importantes e destaque para conceitos
envolvidos, recursos utilizados e criatividade, distribuição e organização do tempo, utilização de
exemplos relacionados com o conteúdo, ausência de erros, como: erros de definição e cálculos
na resolução de exemplos e/ou problemas; interação com a turma, resposta de duas perguntas
sobre o tema e resolução de uma situação-problema inédito criado pelo professor avaliador no
final da apresentação. Todo o processo foi gravado em vídeo e áudio para registro e também para
contestar possíveis recursos da nota.
Essa avaliação foi aferida somente pelo professor da disciplina, sendo pontuada
posteriormente, porém, ao final de cada apresentação, a turma era liberada para fazer
apontamentos ou tirar dúvidas, caso houvessem. O professor ao final da apresentação sempre
incentivava a turma para que ocorresse a interação com o apresentador e até mesmo auxiliar com
possíveis ajudas.
Com essa atividade, foi evidente que o estudante se preparou e obteve um êxito muito
mais significativo no aprendizado quando se comparado com o método tradicional de avaliação.
Inclusive, depoimento de alguns estudantes, explanaram que aprenderam e fixaram melhor o
conteúdo quando explicaram para os colegas o que estudou para apresentação.
Essa percepção dos estudantes vai de encontro com a pirâmide de aprendizagem de
William Glasser (1925-2013), psiquiatra americano aplicou a “Teoria da Escolha” no meio
educacional, no qual o professor é tido como um orientador do estudante e não como um chefe,
sendo descartado a teoria da memorização, que é esquecida após ser aplicada pelo estudante em
um método avaliativo, e valorizado o aprender fazendo (SOUZA & MORAES, 2019, p.80). Para

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comprovar sua teoria, Glasser desenvolveum pirâmide que demonstra a porcentagem de
aprendizado em cada situação, conforme demonstrado na Figura 1 abaixo.

Figura 1 - Pirâmide de aprendizagem de William Glasser

Fonte: Keeps (2021)

Por meio da pirâmide podemos afirmar que o indivíduo aprende mais quando ensina, da
mesma forma o estudante, que ao ser colocado no papel de professor, seu desempenho será
notório no aprendizado. Glasser em uma memorável frase afirma que “a boa educação é aquela
em que o professor pede para que seus estudantes pensem e se dediquem a promover um diálogo
para promover a compreensão e o crescimento dos estudantes”.

3.3 TRABALHOS APRESENTADOS NAS 1ª SÉRIES DO ENSINO MÉDIO


Os conteúdos foram apresentados no início do 2º trimestre letivo de 2022,
correspondentes aos meses de maio e junho, neste período os estudantes foram auxiliados pelo
professor da disciplina na construção das aulas. Por se tratar de dezoito estudantes em
recuperação trimestral nos três cursos, foram selecionados um representante de cada curso para
ser apresentado neste tópico.
A estudante A02 apresentou a representação de uma equação do 2º grau, dando ênfase ao
grau de uma equação do 2º grau e aos seus coeficientes. Foi exemplificado as formas de resolução
de equações incompletas e por fim a resolução de equações completas usando a fórmula
resolutiva (Bháskara). Abaixo encontra-se uma atividade proposta e resolvida pelo estudante:

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3.3.1 Equações do 2° grau incompletas (1)

2x^2=0 é incompleta,pois a=2,b=0 e c=0


x+2=0 é incompleta,pois b=0
-3x^2- 2x=0 é incompleta,pois c=0

O estudante A09 apresentou o conceito de porcentagem, transformação de porcentagem


para fração, transformação de porcentagem em número decimal. Resolveu exemplos e problemas
aplicando o que foi apresentado. Abaixo encontra-se uma atividade proposta e resolvida pelo
estudante (2):

“Anderson comprou 120 figurinhas para o seu álbum. Porém, dessas 120 figurinhas, 72
eram repetidas. As figurinhas repetidas representam qual porcentagem do total de figurinhas que
ele comprou?”
A) 40%
B) 48%
C) 60%
D) 72%
E) 82%

Solução do estudante:
120 ---100

72 ---- x

120 100
=
72 𝑥

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120x = 7 200
7 200
𝑥=
120
x = 60%

O estudante A16 apresentou a representação de uma equação do 2º grau completa usando


a fórmula resolutiva (Bháskara). Foi resolvido exemplos aplicando a fórmula e resolução de
exemplos aplicados. Abaixo encontra-se uma atividade proposta e resolvida pelo estudante (3):
A idade de Mariana é representada por um número que somado ao seu quadrado é igual
a 12. Qual a idade de Mariana?
(A) 2 anos
(B) 3 anos
(C) 4 anos
(D) 5 anos
(E) 6 anos

Solução do estudante:
x + x2 = 12
x2 + x – 12 = 0
∆ = 12 – 4.1.(-12)
∆ = 1 + 48
∆ = 49
x1 = (-1 + √49)/(2.1) = (-1+7)/2=3
x2 = (-1- √49)/(2.1) = (-1- 7)/2=-4

4 RESULTADOS
Após as apresentações, houve o período de análise de pontuação realizada pelo professor
da disciplina, sendo observado todos os critérios que foram anteriormente apresentados aos
estudantes, foram pontuados posteriormente com uma nota de “0” a “30” pontos e tendo média
igual a “18”. Os resultados podem ser encontrados na Tabela 2 abaixo:

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Tabela 2 - Pontuação estudantes
1ª Ensino Médio Aspirações Docentes
Estudante Nota Trimestre Nota Recuperação Trimestral
A01 15 18
A02 14 23
A03 04 20
A04 16 17

1ª Ensino Médio Informática para Internet


Estudante Nota Trimestre Nota Recuperação Trimestral
A05 15 16
A06 14 18
A07 14 18
A08 12 18
A09 15 19
A10 13 16
A11 15 17
A12 11 16
A13 16 16

1ª Ensino Médio Manutenção e Suporte em Informática


Estudante Nota Trimestre Nota Recuperação Trimestral
A14 13 16
A15 16 18
A16 15 19
A17 16 18
A18 18 18
Fonte: De autoria própria (2022)

Por meio das notas apresentadas na Tabela 2 acima, podemos observar resultados
satisfatórios para a experiência proposta pelo professor da disciplina de matemática e do uso de
metodologia ativa no processo de recuperação. Os estudantes A4, A5, A10, A11, A13 e A14 não
obtiveram a média esperada no trimestre, o que não inviabiliza a pesquisa, pois seus resultados
foram acima de suas notas trimestrais antes da recuperação.
Posterior a este momento de entrega de notas, os estudantes foram submetidos a uma
pesquisa realizada via Google Forms, no qual responderam dez perguntas relacionadas a
intervenção feita pelo professor da disciplina. Para apresentar a visão dos estudantes a respeito
da metodologia ativa utilizada, foram selecionados um representante de cada curso. Também
foram selecionadas seis perguntas feitas no questionário. Suas respostas podem ser encontradas
abaixo:

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“Qual o grau de dificuldade que possuía na disciplina de matemática no 1º Trimestre?”
A02: Pouca dificuldade, sei alguns conceitos e como aplicá-los.
A09: Dificuldade mediana, sei alguns conceitos, mas não sei como aplicá-los.
A16: Dificuldade mediana, sei alguns conceitos, mas não sei como aplicá-los.
“Na sua opinião, qual(is) conteúdo(s) você tinha dificuldade(s) em aprender?”
A02: Equação do 2ª grau.
A09: Potência.
A16: Principalmente equação de 2ª grau.
“Em complemento a pergunta anterior, quais os motivos que tinha dificuldades neste(s)
conteúdo(s)?”
A02: Tenho um pouco de dificuldade, mas sempre busco entender o assunto.
A09: Eu tinha um pouco de dificuldade em aprende o conteúdo.
A16: principalmente por desinteresse na matéria de matemática, e também por falta de
atenção durante as aulas.
“Você acredita que usar esta metodologia durante as aulas e/ou recuperação pode auxiliar
no entendimento do conteúdo?”
A02: Sim, pois com a metodologia os alunos conseguem se desenvolver com mais
facilidade.
A09: Sim, pois eu tinha que rever o conteúdo, podendo aprender mais sobre.
A16: Sim, pois força o aluno(a) a pesquisar mais a fundo sobre o assunto e a matéria que
envolve o conteúdo passado em sala de aula, como consequência o aluno pode se interessar pelo
conteúdo e aprender melhor.
“Na sua opinião, usar a sala de aula invertida o ajudou em que sentido?”
A02: Ajudou a entender mais sobre os conteúdos e a perder um pouco da vergonha e
medo de me apresentar em público.
A09: Ajuda a aprender mais sobre o conteúdo.
A16: Me ajudou a entender o conteúdo de forma mais abrangente, pois tive que usar os
métodos passados em sala de aula na prática, ajudando no meu desempenho escolar.
“O que acha que poderia melhorar no processo de recuperação?”

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.1, p. 92-108, 2023 104
A02: Acho que não é preciso nenhuma mudança.
A09: Nada.
A16: Na minha opinião nada, pois o método tradicional (prova) é menos efetivo do que a
aula invertida, como já falado anteriormente, a aula invertida faz com que o aluno aprenda melhor
os métodos que devem ser aplicados nos conteúdo das aulas.
De modo geral, por meio das respostas, os relatos apresentam-se como favoráveis para a
utilização de metodologias ativas no processo de recuperação de notas, neste caso, trimestral. As
falas demonstram que os estudantes conseguiram entender o benefício da utilização de uma
metodologia ativa no processo de construção do conhecimento, permitindo a absorção de novos
conceitos e desenvolvendo a criatividade dos estudantes.
Por fim, acredita-se que a utilização de técnicas como as metodologias ativas podem
beneficiar aqueles que as utilizam, criando o senso reflexivo e criativo dos estudantes, além de
torná-los pesquisadores e motivá-los a superarem barreiras pessoais, desenvolvendo assim seu
potencial criativo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do presente relato de experiência, pode constatar os benefícios de intervenções
no processo de recuperação trimestral, dentre elas, as metodologias ativas. O presente estudo teve
por objetivo analisar os benefícios que estas técnicas possuem no processo cognitivo dos
estudantes. Durante todo o período de recuperação, o professor da disciplina buscou incentivar e
motivar este pequeno grupo no desenvolvimento do trabalho.
Por meio dos relatos, observou-se a aceitação dos estudantes em relação a esta técnica de
ensino, os mesmos se tornaram protagonistas e desenvolveram conteúdos significantes e
importantes para seu processo de crescimento cognitivo, conseguindo abordar os temas que estes
apresentaram dificuldades durante o trimestre letivo, pois agora os mesmos estavam focados em
aprender para poder ensinar, conforme encontrado na pirâmide de aprendizagem de William
Glasser (1925-2013).
Percebe-se que nem todos os estudantes foram beneficiados, ficando ainda com notas
abaixo da média, sendo necessário o uso de outras técnicas de metodologias ativas. Como
potencialidade, observa-se que cada escola possue grupos distintos e em cada grupo alunos

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.1, p. 92-108, 2023 105
distintos, sendo preciso analisar cada técnica que enquadra-se da melhor forma para estes
estudantes.

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REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D.P; NOVAK, J.D & HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view.
2ed. Holt, Rinehart & Winston (1978).

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