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CURSO DE PSICOLOGIA
TERESINA
2008
MARAISA OLIVEIRA CALAND SOARES
TERESINA
2008
MARAISA OLIVEIRA CALAND SOARES
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof ª Algeless Milka Pereira Meireles da Silva.
Orientadora
_______________________________________________________________
Profº Geraldo Rodrigues Filho
_______________________________________________________________
Profª Maria Helena Chaib Gomes Stegun
Dedico esse trabalho aos meus
queridos pais Nerias e Marilda pela
paciência, confiança e o incentivo em
todos os momentos desta caminhada.
Minha eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS
A minha família, pela alegria, educação e amor disponível para o meu crescimento
moral e intelectual.
Às mães e aos pais das crianças que são atendidas na Associação dos Amigos do
Autista – AMA que se disponibilizaram e aceitaram participar da minha pesquisa,
peças fundamentais para a conclusão do meu trabalho.
À Associação dos Amigos do Autista – AMA, pela boa recepção e pela oportunidade
em realizar minha pesquisa.
RESUMO
ABSTRACT
The present work has as an objective to verify the family’s role of autist in the
treatment of child with autism in Teresina city – Pi. Autism is classified among the
invasive disruption of the development (TID) it is characterized by backwardness and
deviation in the development of commuinicative and social abilities as well as other
abilities. Family has a very important role in the treatment of her children with autism.
Seven mothers and one father whose children have this problem, participated of the
research and they are assisted at AMA (Autist’s friends Association). The kind of
research carried out was the qualitative. As instrument of information collection, the
semi- structured of werw used, these interviews werw recorded with audio
equipament and later, the same ones were transcripted and analysed.
The results show that parents recognize the importance of family in the treatment of
the children, however, sometimes, it is not possible to have the support of the whole
family in the process of stimulation of capacities of children in family’s daily life.
1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ----------------------------------------------------------------------11
2.1 Histórico e características clinicas do autismo -------------------------------------11
2.2 Tratamento da criança com autismo ----------------------------------------------------15
2.3 A família e a criança com autismo -------------------------------------------------------18
2.4 Papel dos pais no tratamento da criança autista ----------------------------------- 24
2.5 Atendimento psicológico e multiprofissional --------------------------------------- 25
3 METODOLOGIA -----------------------------------------------------------------------------------29
3.1 Tipo de estudo ----------------------------------------------------------------------------------29
3.2 Local de estudo ---------------------------------------------------------------------------------29
3.3 Participantes -------------------------------------------------------------------------------------30
3.4 Instrumento de coleta de dados -----------------------------------------------------------30
3.5 Procedimento de coleta de dados --------------------------------------------------------31
3.6 Procedimento de análise de dados ------------------------------------------------------ 31
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------33
4.1 Reação dos pais e familiares diante o diagnóstico ---------------------------------32
4.2 Orientações recebidas ------------------------------------------------------------------------34
4.3 Dificuldades encontradas -------------------------------------------------------------------36
4.4 Modificações na rotina da família ---------------------------------------------------------38
4.5 Participação da família no tratamento --------------------------------------------------42
5 CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------------43
REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------------45
APÊNDICES -------------------------------------------------------------------------------------------48
ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------------53
1 INTRODUÇÃO
3.3 Participantes
“Meu marido é muito desligado, não se importa tanto assim como eu não.
Ele não liga assim, não tem atenção que eu tenho não” (S 3, filho 7 anos).
“Eu sempre aceitei, já o pai dele não, já foi mais difícil” (S 4, filho 13 anos).
Pode-se perceber com os relatos acima que uma criança com autismo é
um golpe muito difícil para os pais e para todos aqueles que participam desse
acontecimento.
Outra mãe relatou que reagiu normal e colocou o momento nas mãos de
Deus, ressaltando que:
“Se Deus me deu ele é porque tenho condições de criar” (S 5, filho 12
anos).
“A gente aceitou bem, porque não tinha nada a fazer” (S 7, filho 10 anos).
“Normalmente. Porque é o jeito. O que a gente ia poder fazer né? Agora é
muito difícil a minha vida com ele dentro de casa” (S 5, filho 12 anos).
No início a gente reagiu bem. Ai a gente não sabia que ele ia dar tanto
trabalho como ele ta dando agora” (S 7, 10 anos).
De acordo com o relato das mães acima, pode-se perceber que apesar
de ressaltar que as mesmas cuidaram do filho como se ele fosse uma criança
normal, a deficiência está presente percebendo o mesmo como uma criança
diferente.
Para Cavalcante (2001 apud DOURADO 2007) esse tipo de reação citada
acima pode não significar aceitação da família em relação à criança, mas talvez
dificuldade em lidar com a situação. A notícia de um membro da família com
problemas de desenvolvimento causa um impacto na família por ser um
acontecimento inesperado. Essa experiência por ser inesperada, coloca a prova
toda a família e a sociedade em geral. Portanto, ela é o primeiro núcleo social a ser
afetado, buscam respostas e explicações para tudo que acontece e aprendem a lidar
com as conseqüências.
Quanto à aceitação o pai relatou que reagiu normalmente em função de
uma anterior experiência de ter o primeiro filho com autismo.
“Normal. Até porque já é a segunda, porque o segundo filho tem problemas
também” (S 2, filho 11 anos).
“Todos aceitaram ele, mas meu pai perguntou como eu iria cuidar de um
menino louco. Hoje ele já gosta” (S 1, filho 6 anos).
Por outro lado, em relação aos familiares, outros aceitaram mais, devido à
família possuir outros casos de crianças com necessidades especiais. Conforme
pode ser ilustrado abaixo:
“Na família já tem síndrome de Down, já tem problemas mentais, aí num
falaram nada não. Pelo contrário me deram muito apoio e também ajuda.
Até hoje eles me ajudam” (S 7 filho 10 anos).
“Muita calma. Ter muita calma e paciência, que nos tínhamos que ficar
juntos pra tudo. Na doença, alegria, tudo” (S 7 filho 10 anos).
“O neuropediatra dele disse que eu tinha que dar bastante carinho pra ele,
não podia falar com ele gritando, porque toda criança com autismo tem
temperamento forte” (S 1, filho 6 anos).
Segundo Lopes et al. (2002, apud DOURADO 2007), a família acha que o
filho com autismo precisa de cuidados especiais diferenciados de outras crianças e
que deve oferecer mais atenção, amor, carinho devido ser uma criança especial. A
literatura cita que quando os pais se deparam com o nascimento de um filho com
dificuldades no desenvolvimento, muitos sentimentos podem surgir, ou os mesmos
podem proteger excessivamente seus filhos ou rejeitá-los.
Por outro lado, o único pai entrevistado afirmou não ter recebido nenhuma
orientação dos profissionais, os mesmos apenas explicitaram que seria um
tratamento prolongado.
Para Wanderley (2004), a notícia geralmente dada por profissionais
médicos, vem sem muitas explicações e com distanciamento gerado na relação
profissional-paciente, aumentando a ansiedade e dificuldade em lidar com o
problema. Dessa forma, a equipe de profissionais podem agravar o sofrimento da
família, se não tiver sido treinada.
O que pode ser ilustrado na fala a seguir:
“O médico só disse que ia ser um tratamento prolongado, mas não
orientaram em nada não” (S 2 filho 11 anos).
“Sei nem o que era autismo, nunca tinha ouvido falar” (S 1, filho 6 anos).
Segundo Reis e Marques (2002), são direitos da família de portadores de
necessidade especial o direito às informações sobre o diagnóstico do seu filho, uma
explicação completa e lúcida dos resultados das descobertas, conhecimento acerca
de oportunidades educacionais para seu filho, acesso a recursos disponíveis na
comunicação para assistência intelectual, emocional e financeira às necessidades
das famílias entre outros.
Dessa forma, pode-se perceber que os pais precisam receber
informações corretas, saber quais são as instituições especializadas, pra dessa
forma se sensibilizar e perceber a importância dos mesmos na participação no
tratamento do seu filho.
Apenas uma mãe relatou que recebeu orientação quando passou a
freqüentar a AMA. Tais orientações podem ser percebidas abaixo:
“Num chegaram a me orientar em nada não, sobre o autismo não. Já fui
orientada na AMA mesmo de como lidar com o autismo, me deram a maior
atenção, adoro aqui. Aqui eu me restabeleci” (S 6, filha 13 anos).
“Dentro de casa ele não quer tomar banho, tem que banhar a força, escovar
os dentes. Não quer tomar remédio, às vezes tem que tomar a força. Então
isso são as dificuldades” (S 8, filho 15 anos).
“Tem horas que não tenho paciência, e ele teima” (S 5, filho 12 anos).
Para Mello (1996, apud ROSA 2003), o próprio ato de cuidar acarreta um
isolamento no espaço privado e sobrecarga em único cuidador, majoritariamente a
mãe. Esse cuidador acaba centralizando e tomando pra si, todos os encargos e
processos inerentes ao ato de cuidar.
Dessa forma como podemos perceber, o impacto de ter uma criança com
autismo na família é significativo para todo o grupo familiar, mas a literatura tem
focalizado sua atenção quase que exclusivamente sobre as mães (DESSEN; SILVA,
2004). Os estudos têm mostrado que mães de crianças com autismo experienciam
mais estresse que os pais, devido ao fato de as mães ficarem, geralmente,
responsáveis pela maior parte dos cuidados adicionais dispensados à criança com
autismo, sentindo a falta do mesmo.
“Se a gente dava carinho, agora que a gente dar mais carinho mesmo. Tem
mais paciência. Todo mundo” (S 8, filho 15 anos).
“As mudanças que teve foi só a questão do remédio, essas coisas. É uma
coisa a mais né?” (S 4, filho 13 anos).
“Antes meu marido não queria saber de nada. Ai depois que o nosso filho
nasceu e descobriu que ele era assim, aí hoje a gente já tem nossa casa,
porque uma criança assim tem que ter um lar certo, ter sua casinha, suas
coisinhas. Tudo graças a ele “(S 1, filho 6 anos).
“A gente leva ele para uma escola particular, a gente não traz ele só pra cá,
porque aqui são crianças tudo com o mesmo problema. Ai nos colégios com
crianças normais eles podem aprender coisas do dia a dia com as outras
crianças normais” (S 2, filho 11 anos).
“Eu faço da minha maneira, a gente faz de acordo com o que a gente pode
fazer né? Não ficar também esperando só os profissionais não. Eu brinco
com ela, eu estimulo ela” (S 6, filha 13 anos).
Por outro lado, três mães relataram que os pais estimulam, participam de
reuniões na AMA, apóiam em casa, dando carinho, amor, afeto. É, portanto,
imprescindível a participação familiar no processo do desenvolvimento do portador
de deficiência, na medida em que sua habilitação e reabilitação não se limita às
salas de aula ou ao tempo em que ele permanece na instituição. A família deve ser
parceira para a sua inclusão social (WANDERLEY, 2004). Conforme pode ser
ilustrado abaixo:
“Dentro de casa, a gente brinca, dar muito amor, carinho e tudo mais. A
família é muito importante” (S 7, filho 10 anos).
5 CONCLUSÃO
FARIAS, G.A. A saúde mental das mães dos portadores de deficiência mental
atendidas na terapia ocupacional no município de Reriutaba – Ceará. 2006.
Monografia de Especialização em Saúde Mental – Universidade Estadual Vale
do Acaraú UVA, 2006. Disponível em: <www.sobral.ce.gov.br>. Acesso em: 20
mai. 2008.
KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev Bras Psiquiatr.
São Paulo, v. 28, p. 3-11, s3-11, 2006. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em:
13 nov. 2007.
ROSA, L.C.S. Transtorno mental e o cuidado na família. São Paulo: Cortez, 2003.
SANTOS, I.M.S.C; SOUSA, P.M.L Como intervir na perturbação autista. Port dos
Psicol, Universidade de Coimbra, 2005. Disponível em:
<www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0262.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2008.
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Assinatura do participante
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Pesquisadora responsável
APÊNDICE B – Roteiro de Entrevistas com os pais de crianças com autismo
DATA: ____/____/____
I – IDENTIFICAÇÃO
Nome: _________________________________________________________
Nível de Escolaridade: ____________________________________________
Profissão: ______________________________________________________
CEP: ______________________ Fone: ______________________________
- Histórico da instituição
- Há quanto tempo trabalha na Instituição?
- Quais os profissionais que trabalham na Instituição?
- Quais as atividades que os profissionais desempenham com a criança com
autismo?
- Existe algum tipo de serviço voltado para os pais das crianças?Eles participam?
- Quem financia a Instituição?Como sobrevivem?
- Qual a função social da AMA?
ANEXOS