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DOI: 10.1590/1413-812320141912.

13602014 4617

Entre o definido e o por fazer na Vigilância em Saúde do Trabalhador

artigo article
The gap between what has been defined
and what is still pending in occupational health surveillance

Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos 1


Carlos Minayo Gomez 1
Jorge Mesquita Huet Machado 2

Abstract The scope of this paper is to address Resumo O presente texto tem como objetivo
some questions about Occupational Health Sur- trazer algumas indagações sobre a Vigilância em
veillance (VISAT) in Brazil based on various Saúde do Trabalhador (VISAT), no Brasil, a partir
elements of analysis, in order to contribute to de vários elementos de análise, visando subsidiar o
the debate on this theme at the Fourth National debate sobre o tema na IV Conferência Nacional
Conference on Occupational Health. The topics de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Os
discussed in the article are: the role of Reference tópicos analisados são: papel dos Centros de Refe-
Centers for Occupational Health (CEREST) as rência em Saúde do Trabalhador (CEREST) como
a place for discussing VISAT; training and qual- lugar de fala da VISAT; formação de agentes de
ification of the VISAT agents; commitment of VISAT; compromisso dos trabalhadores enquanto
workers as subjects of VISAT action; strategies for sujeitos da ação de VISAT; estratégias de articu-
intersectorial liaison with other areas of the State; lação intersetorial com outras áreas do Estado; e
and the dialogue between peers working in the o diálogo estruturante entre os pares que atuam
field of research and action of VISAT. It should be no campo da pesquisa e ação da VISAT. Consta-
emphasized that in Brazil there is specific legisla- ta-se a existência de ampla e específica legislação
tion on VISAT that is a priority of the National sobre a VISAT, inclusive como prioridade da Polí-
Labor Policy. The conclusion drawn is that heavy tica Nacional do Trabalhador e da Trabalhadora.
investment in the training of agents and the devel- Conclui-se que é necessário intenso investimento
opment of specific guidelines is needed to imple- na formação de agentes e na elaboração de diretri-
ment systematic and intersectorial actions in this zes específicas para implementar ações sistemáti-
respect. At the time of the Conference, the greatest cas e intersetoriais a esse respeito. Neste momento
expression of the exercise of social control, it is rec- de realização da Conferência, a maior expressão
ommended that the participation in surveillance do exercício do controle social, é recomendável
1
Escola Nacional de procedures of health workers be evaluated as a que se avalie a sua participação nos processos de
Saúde Pública, Fiocruz. R. precondition to ensure the effectiveness of these vigilância, enquanto pressuposto para garantir a
Leopoldo Bulhões 1480, actions. eficácia dessas ações.
Manguinhos. 21041-210
Rio de Janeiro RJ Brasil. Key words Occupational health, Health surveil- Palavras-chave Saúde do trabalhador, Vigilân-
fadel@ensp.fiocruz lance, Occupational health surveillance, Social cia em saúde, Vigilância em saúde do trabalhador,
2
Núcleo de Promoção da control in occupational health Controle social em saúde do trabalhador
Saúde, Ambiente e Trabalho,
Diretoria Regional de
Brasília, Fiocruz.
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Vasconcellos LCF et al.

Introdução meta ampliar o número de CEREST desenvolven-


do essas ações, de modo que, até 2015, todos eles
A necessidade de implementar ações de Vigilân- estejam realizando essas ações.
cia em Saúde do Trabalhador (VISAT) é uma Existe uma razoável produção de textos de
questão que surge desde que essa ação pública foi VISAT, onde encontramos material detalhado
consignada na Constituição Federal de 1988 e, sobre seu conceito e sua forma de ser2-5. Parte
particularmente, ao longo da trajetória de cons- desta produção diz respeito às diversas modali-
trução da área da saúde do trabalhador no Brasil. dades de VISAT, inclusive no trato com agravos
É uma estratégia que visa ultrapassar a dimen- específicos, caso dos vários tipos de acidentes,
são assistencial que prevalecia (e ainda prevalece agrotóxicos, silicose, asbestose, benzeno, lesões
em certa medida) nos primeiros programas de por esforços repetitivos, entre outras.
saúde do trabalhador, anteriores ao advento do É possível também observar algumas experi-
Sistema Único de Saúde (SUS), e precursores dos ências de VISAT sobre determinados segmentos
Centros de Referência em Saúde do Trabalhador econômico-produtivos, caso dos ramos químico,
(CEREST). petroquímico, siderúrgico, frigorífico, agronegó-
O foco principal dessas iniciativas era diag- cio (agroindústria), construção civil, transporte,
nosticar, orientar e acompanhar as doenças de- elétrico, setor saúde e educação, e sobre determi-
correntes do trabalho, com a perspectiva de criar nados contextos socioeconômicos de grupos po-
condições para que a rede pública viesse a se pulacionais específicos, caso do trabalho infantil,
constituir em instância efetiva para assistência à trabalho informal e cooperativado, entre outros.
saúde dos trabalhadores, além de iniciar algumas Observamos, também, que existe uma base
ações de vigilância de acidentes de trabalho. Com legal para a ação em VISAT dispersa em várias
a atuação da VISAT, voltada para a intervenção legislações nacionais, estaduais e municipais, a
nos ambientes, processos e formas de organiza- exemplo da Lei Orgânica da Saúde 8080, da Por-
ção do trabalho geradoras de agravos à saúde, taria MS nº 3.1206, de 1 de julho de 1998, de nível
passa-se a incorporar a dimensão preventiva federal e das constituições e códigos sanitários de
da saúde do trabalhador. Ou seja, somente com vários entes estaduais e municipais.
ações interventoras de vigilância é possível inter- Entretanto, ao observarmos a VISAT numa
romper o ciclo de doença e morte no trabalho. perspectiva de ação pública coordenada, articu-
Esta dimensão prevencionista de atenção à saúde lada e harmônica entre aqueles que vêm se es-
cabe, principalmente, à Rede Nacional de Aten- forçando para desenvolver suas ações, vemos o
ção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST, quanto ainda falta para afirmarmos que existe
por meio dos CEREST, os seus núcleos executivos um sistema de Vigilância em Saúde do Trabalha-
de ação efetiva. dor no Brasil, sob essa ótica.
A VISAT é um componente do Sistema Na- Apesar de serem muitas as iniciativas, são mi-
cional de Vigilância em Saúde que visa à promo- noritários os casos em que se pode falar de im-
ção da saúde e à redução da morbimortalidade plementação de ações sistemáticas de VISAT, isto
da população trabalhadora, por meio da inte- sem contar que em muitos locais do país sequer
gração de ações que intervenham nos agravos e elas existem.
seus determinantes decorrentes dos modelos de Este texto, sintético e simplificado em suas
desenvolvimento e dos processos produtivos. indagações e formulações, traz alguns elementos
Na Portaria nº 1.823, de agosto de 2012, que para discussão que poderão ser considerados na
instituiu a Política Nacional de Saúde do Traba- IV Conferência Nacional de Saúde do Trabalha-
lhador e da Trabalhadora (PNSTT)1, consta como dor e da Trabalhadora (CNSTT), a ser realizada
objetivo prioritário o fortalecimento da Vigilân- este ano, 2014, em Brasília, e também por todos
cia em Saúde do Trabalhador. Coerente com a aqueles que vêm de alguma forma contribuindo
PNSTT, na agenda do Ministério da Saúde foi de- para o aprimoramento da VISAT no Brasil.
finido como prioridade fortalecer a VISAT e a sua Em síntese, nosso roteiro de discussão ba-
integração com os demais componentes da Vigi- seia-se nos seguintes tópicos: (1) o lugar de fala
lância em Saúde, com vistas à promoção da saúde da VISAT – para passar do discurso à ação; (2) a
e de ambientes e processos de trabalho saudáveis. formação de agentes de VISAT; (3) o resgate dos
A partir daí, a proposta nacional de ação estraté- trabalhadores enquanto sujeitos da ação de VI-
gica, estabelecida pela Secretaria de Vigilância em SAT; (4) as estratégias de articulação intersetorial
Saúde (SVS), foi intensificar as ações de vigilân- com outras áreas do Estado; (5) o diálogo estru-
cia na área de saúde do trabalhador, tendo como turante dos pares.
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O lugar de fala da VISAT meada por interesses múltiplos e conflituosos.
– para passar do discurso à ação Uma prática de fortalecimento dos trabalhadores
na luta pela saúde e não meramente como uma
A vigilância em saúde do trabalhador é aqui prática neutra, padronizada e estritamente técni-
entendida de forma ampla, como um processo de ca7. E deve ser entendida como um processo de
saúde pública que articula saberes e práticas de construção em permanente busca de ampliação
controle e de intervenção sobre os problemas que de seu espectro de influência nos condicionantes
causam danos (agravos) relacionados aos proces- da saúde relacionados aos processos de trabalho.
sos de trabalho, aos ambientes de trabalho e às Observando-se o panorama de desenvolvi-
condições em que o trabalho se realiza. O pressu- mento de ações de VISAT, desde que a RENAST
posto da ação de vigilância é, portanto, prevenir foi criada em 2002, não se pode dizer que exista
agravos à saúde dos trabalhadores, manifestos uma cultura consolidada de VISAT na maioria
por sofrimento, alteração biológica, dano, des- dos CEREST. Este fato, entretanto, não lhes retira
gaste, doença, lesão ou acidente. o lugar privilegiado de fala como desencadeador
A vigilância em saúde do trabalhador é uma das ações de VISAT. Segundo os resultados que
ação típica de saúde pública e, portanto, vincu- constam no 2º Inventário da RENAST8, pode-se
lada visceralmente ao Sistema Único de Saúde deduzir que as ações de VISAT estão acontecendo
(SUS). É a partir do SUS que se pode falar em VI- na maioria dos CEREST (58,4%) e que há uma
SAT. Contudo, como o SUS, em sua própria con- adequação estrutural e da equipe, mas, seria pre-
cepção constitucional, é um sistema que articula ciso avaliar as características dessas ações.
políticas e outras estruturas do Estado brasileiro, Há uma tendência, em alguns CEREST e por
é necessário pensar uma vigilância voltada para parte de vários pesquisadores, de se rotular como
a saúde no trabalho vinculando às demais estru- ações de vigilância quaisquer ações que tenham
turas necessárias do aparelho de Estado, para dar relação direta ou indireta com ações de “vigiar”
conta de seu objetivo maior, ou seja, vigiar e in- a saúde. Seguindo essa linha, numa perspectiva
tervir nos processos e ambientes de trabalho onde ampliada nós podemos dizer que qualquer ação
existam fatores determinantes de perda da saúde no campo da saúde seja uma ação de vigilância,
da população que trabalha. Portanto, ao SUS cabe inclusive aquelas no campo assistencial estrito.
efetuar estas vinculações, naquilo que elas forem Entretanto, o nosso entendimento de vigilância
necessárias, e desenvolver as ações com seus pró- em saúde do trabalhador é aquele que segue os
prios recursos estruturais onde for capaz de reali- seus pressupostos e culmina, necessariamente,
zá-las sem a concorrência das demais estruturas. com ações concretas de intervenção no mundo do
E o lugar de fala de uma VISAT, no âmbito do trabalho, sempre com um caráter transformador
SUS, tem um ponto de partida institucionalizado e efetuado com a participação dos trabalhadores.
e legitimado pelas normas operativas do SUS – é Algumas atividades de VISAT poderão ser
a RENAST. Por sua vez, a RENAST se faz ouvir na realizadas por profissionais da rede assistencial,
realidade dos fatos pelos seus centros executores em especial os envolvidos com a atenção primá-
– os CEREST. Logo, são os CEREST que devem ria em saúde. Por sua vez, as equipes de vigilân-
desencadear a VISAT, seja disseminando-a na cia, incluindo a VISAT, deverão organizar-se de
própria rede SUS, onde ela deve permear gran- modo a prestar a retaguarda técnica e o apoio
de parte das ações, como fora dela. Seu papel é matricial para as redes de atenção primária em
estratégico neste sentido, até porque não são os saúde, de média e de alta complexidade.
CEREST os executores exclusivos da VISAT. Eles Geralmente, a vigilância em saúde tem como
representam a base de conhecimento técnico e parâmetros os dados que o sistema de saúde e
legal, inclusive na formação de agentes de vigi- outros sistemas possuem sobre a morbidade e a
lância, para que a VISAT possa ser incorporada mortalidade da população. A vigilância faz uso
às estruturas formais com poder de intervenção, desses dados como evidências para produzir
como é o caso da vigilância sanitária, às que de- ações programáticas e chamar atenção da popu-
têm o poder de sistematizar informações, como lação sobre a necessidade de prevenir as doen-
é o caso da vigilância epidemiológica e da vigi- ças e evitar os riscos. Cabe ressaltar que quanto
lância em saúde ambiental, além daquelas com maior for a capacidade de coletar e analisar os
poder de geração de demandas, como é o caso da dados econômicos, demográficos e de saúde de
atenção básica, entre outras. uma população, maior a possibilidade de cons-
A VISAT pode ser compreendida como uma truirmos informações precisas que permitam de-
prática técnica, política, complexa, ampla e per- flagrar o processo de vigilância em saúde.
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Vasconcellos LCF et al.

Todavia, para se realizar efetivamente ações constituíam-se em experiências incipientes, com


de VISAT, nos moldes que a concebemos, é preci- desempenho fraco diante dos problemas de saú-
so redirecionar o foco operacional dos CEREST, de dos trabalhadores. Certamente houve alguns
passando de um discurso teórico da intenção de avanços de 2002 para cá, o mais evidente foi a ex-
fazer a VISAT, baseado na legislação que a reco- pansão das ações e a implantação de registros de
menda ou mesmo a determina, para uma práxis casos relacionados ao trabalho em todas as regi-
rotineira. Para isso, é necessário observar, no âm- ões e estados, há um processo de nacionalização
bito dos CEREST, alguns fatores capazes de viabi- das ações em curso, os focos se multiplicaram.
lizar as ações de VISAT como: (1) a constituição No entanto, seria preciso realizar uma análise
de equipes capacitadas para coordenar ações in- cuidadosa da prática atual para dimensionar a
terdisciplinares e intersetoriais; (2) identificação, extensão de tais avanços.
nas atividades produtivas do território, das situa-
ções de risco mais problemáticas quanto à saúde A formação intensiva de agentes de VISAT
dos trabalhadores; (3) elaboração de planos de
ação junto a representantes dos trabalhadores É consensual a necessidade de formação de
para a intervenção nos processos e ambientes de recursos humanos para atuar em sintonia com
trabalho; (4) integração com os demais compo- as diretrizes atuais da VISAT, levando em conta
nentes da Vigilância em Saúde; e (5), entre outras a heterogeneidade dos CEREST, gestores e técni-
medidas, o desencadeamento de processos admi- cos. Além dessa formação qualificada de técnicos
nistrativos e de negociação. dos CEREST para realizar ações prioritárias que
Sem a tomada de uma posição mais ostensiva provoquem transformações, seria necessário ca-
e cotidiana nessa direção, a VISAT poderá perma- pacitar maciçamente agentes públicos e sindicais
necer no campo da retórica, apenas como uma (ou de setores representativos de trabalhado-
mera formulação teórica e normativa, para boa res). Desse modo, ampliar-se-ia o universo de
parte dos CEREST. Nesse sentido, conviria fazer profissionais, especialmente no âmbito do SUS,
uma análise comparativa da situação atual da VI- comprometidos com as ações de vigilância. Uma
SAT no país com os resultados obtidos na pesqui- capacitação básica para a VISAT que, além de
sa intitulada “Estudo da Situação e Tendências da viabilizar no nível local o desencadeamento de
Vigilância em Saúde do Trabalhador no Brasil”9, ações, despertaria em muitos dos profissionais
que foi realizada, em 2002, a pedido da CIST Na- participantes um compromisso público com a
cional. O objetivo desse estudo foi o de identifi- defesa da vida e da saúde no trabalho. E, ao mes-
car os Programas de Saúde do Trabalhador (PST) mo tempo, contribuiria para uma mudança de
– que nesse mesmo ano viriam a compor a Re- cultura no setor saúde, no tocante ao reconheci-
nast – em que havia experiência de Visat. Foram mento da categoria trabalho como determinante
analisados nesses PST, entre outros aspectos: as social fundamental da saúde.
demandas que desencadeavam as intervenções; as No processo de formação de agentes de vi-
ações intersetoriais desenvolvidas; o perfil profis- gilância, é importante distinguir os diversos ní-
sional das equipes; os procedimentos e as formas veis de formação, respeitando-se as capacidades
de intervenção; o impacto das ações; e o envolvi- técnicas e tecnológicas de cada CEREST em cada
mento do controle social nessas ações. realidade local. É evidente que o processo de vi-
A investigação mostrou vários ângulos da gilância deve se pautar em alguns critérios meto-
situação naquela época, como o fato de a maior dológicos estabelecidos nas normativas, especial-
parte das ações em VISAT terem ocorrido na mente na PNSTT, na Portaria 3.120/98 de VISAT
região Sudeste, especialmente, no estado de São e nas Diretrizes de VISAT10, mas em alguns ca-
Paulo, o movimento sindical ser o maior impul- sos pode-se ir além, buscando novas formas de
sionador das ações e as ações intersetoriais serem abordagem. Dadas as especificidades dos setores
mais frequentes do que as intrasetoriais. As difi- produtivos e processos de trabalho, as análises
culdades encontradas para a implementação das das situações de risco podem requerer assessoria
ações foram atribuídas, entre outros motivos, à de especialistas de várias áreas de conhecimento.
falta de capacitação das equipes, de recursos ma- É também parte do processo de formação
teriais e equipamentos, de integração com os vá- em vigilância a confecção de manuais protoco-
rios níveis de gestão do SUS e de parcerias com los, normas técnicas, tecnologias de intervenção,
sindicatos de trabalhadores. avaliação e monitoramento das ações. Assim,
À luz dessas constatações, os pesquisado- como roteiros com orientações, diretrizes gerais
res concluíram que as ações de VISAT no SUS e específicas para análise dos processos e orga-
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nização do trabalho. Trata-se de Instrumentos O compromisso dos trabalhadores
que sirvam mais como guia operacional básico enquanto sujeitos da ação de VISAT
do que propriamente como receituários fechados
ou check-lists. Nesta perspectiva, cabe a formu- É voz corrente que os movimentos de luta dos
lação de um programa estratégico de formação trabalhadores, especialmente pela saúde, perde-
e elaboração de materiais para os estados, tendo ram força e unidade nos últimos anos. As lutas
como referências as diretrizes de vigilância e as pela saúde no Brasil foram bastante significativas
prioridades nacionais. nos anos 1980 e 1990. Casos exemplares marca-
Um projeto nacional de capacitação de agen- ram nossa memória, tais como as relacionadas à
tes para participar de ações de vigilância, obser- leucopenia e ao benzeno, às LER-Dort, à silicose,
vando alguns critérios estabelecidos na Portaria ao amianto e a tantas outras. Todas elas conse-
nº 3.120 e em consonância com as diretrizes da guiram conjugar a luta dos trabalhadores com a
PNSTT, já vem sendo desenvolvido. Para maiores ação pública encaminhada por agentes públicos
detalhes ver o Blog multiplicadoresdevisat.com. inseridos na estrutura do aparelho de Estado bra-
Estamos denominando agentes de VISAT sileiro12.
todos os profissionais inseridos nos CEREST, Segundo o inventário da RENAST, a parti-
inclusive os de nível médio e que atuam como cipação de trabalhadores nas ações de VISAT é
apoio administrativo, os membros das CIST, da ordem de 30,7% dos CEREST estaduais, sen-
os representantes sindicais e de outras entida- do sua participação em todas as ações de 25,5%.
des de trabalhadores dos setores produtivos de Considerando que um dos princípios de VISAT
interesse e relevância epidemiológica local e os é a participação dos trabalhadores, é de se supor
inspetores sanitários que atuam nas Vigilâncias que ela se aproximasse dos 100%. É coerente es-
Sanitárias da região de abrangência dos CEREST. tar sintonizado com a máxima de que sem a par-
Este grupo de profissionais é prioritário para ser ticipação dos trabalhadores não se faz vigilância
capacitado, em virtude de serem essenciais no em saúde do trabalhador.
desencadeamento das ações. Contudo, é muito Do mesmo modo, segundo esse inventário,
importante que outros agentes sejam formados, a participação dos trabalhadores na CIST é algo
tais como os profissionais das outras vigilâncias a ser avaliado. Embora exista CIST vinculada à
– epidemiológica, ambiental – da atenção básica, maioria aos Conselhos de Saúde nos estados
da rede assistencial e de outros setores, para en- (76,0%), não se tem uma avaliação da frequ-
riquecer as abordagens intra e intersetoriais. Po- ência e dos conteúdos das reuniões, do tipo de
dem participar também membros de órgãos do representação e do grau de representatividade,
Estado, como promotores do Ministério Público, das demandas encaminhadas pelos sindicatos e,
professores universitários e alunos de pós-gradu- principalmente, do engajamento em todas as eta-
ação de áreas de interesse da VISAT e de outras pas da VISAT, como é previsto conceitual e nor-
instâncias11. mativamente. É possível, também, observar que
É fundamental que toda formação no âm- as CIST, por se tratarem de instâncias oficiais e,
bito da VISAT aconteça estritamente vinculada portanto, instituídas no âmbito do SUS não vêm
à ação. A complexidade do mundo do trabalho, exigindo do poder público o espaço que lhes é
implicando num sem-fim de processos produti- devido, inclusive quanto à sua responsabilidade
vos dos mais diversos tipos, pressupõe a prioriza- sobre aqueles que representam. São ainda inci-
ção de setores que demandam mais atenção em pientes as CIST que vêm buscando esse espaço.
distintas regiões do país. Uma vez definidos, esses Quanto a isso, chama atenção o fato de que, pou-
setores deveriam constituir o foco específico da co a pouco, as Comissões Intersetoriais de Saúde do
formação dos agentes para implementar os pro- Trabalhador (Cist) nos últimos anos foram sendo
cessos de vigilância. Várias são as modalidades restringidas em seu alcance, por força de represen-
pedagógicas para desencadear e sustentar esse tações inexpressivas de baixa amplitude e abran-
processo ao longo do tempo. Por exemplo, ações gência em suas estruturações. A Cist, em vários
em frigoríficos e agrotóxicos em algumas regiões estados e municípios, passou a ser mero apêndice
do sul do país vêm consolidando esse modo de formal do conselho de saúde, inclusive, por ser exi-
formação-ação. gido em muitas localidades que ela seja formada
pelos próprios conselheiros. O fato, além de ser um
contrassenso ao espírito de sua criação, no sentido
de ampliar a intersetorialidade, acaba reproduzin-
do a pauta de discussão do próprio conselho13.
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Vasconcellos LCF et al.

Poderíamos enumerar diversas razões para do o ideário e missão de um serviço público que
esse relativo esvaziamento das lutas dos trabalha- tem como objetivo a defesa da saúde e da vida.
dores e, também, o afrouxamento dos laços que Servir ao público é assumir as responsabilidades
uniam os trabalhadores com os agentes públicos de buscar todas as alternativas quantas sejam
comprometidos com essas lutas, mas não é o ob- necessárias para chegar ao seu objetivo. Cabe
jetivo deste texto. Aqui pretendemos, de forma aos CEREST buscar esses sujeitos de uma forma
simplificada, pensar algumas alternativas para sistemática e orgânica ao método operacional de
uma nova aproximação da área de saúde do tra- VISAT. Estabelecer alianças e laços de confiança
balhador com os próprios trabalhadores. com o movimento sindical e representativo dos
Já na 3ª Conferência Nacional de Saúde do trabalhadores é tarefa imprescindível do CE-
Trabalhador, suas recomendações insistiam no REST. A maneira de chegar e as estratégias de
processo participativo, coerentes com o campo. aproximação vão variar enormemente em fun-
Entre esses pontos ressaltavam: (1) a ampliação ção de conjunturas sociais, econômicas e políti-
do âmbito da participação no controle social cas em cada nível local, cabendo à própria equipe
para os movimentos populares, organizações de de cada CEREST estabelecê-las.
trabalhadores rurais e do mercado informal, bem Uma das experiências mais interessantes de
como para portadores de doenças do trabalho; VISAT aconteceu no Estado do Rio de Janeiro,
(2) a criação de conselhos gestores paritários e entre os anos de 1990 e 199714. O Programa de
comitês temáticos nas unidades de saúde e nos Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado
Centros de Referência de Saúde do Trabalhador; de Saúde do Rio de Janeiro (PST/RJ) organizou
(3) a organização de fóruns ampliados regionais o Conselho Estadual de Saúde do Trabalhador
ou estaduais para fortalecer a base de sustentação (CONSEST), incluindo nele a representação de
social; (4) a implantação de estratégias para ca- diversas instituições e de vários sindicatos de tra-
pacitar os participantes das instâncias de contro- balhadores. Todas as ações do PST/RJ eram reali-
le social e de vigilância, que atuam nos conselhos zadas em conjunto com o CONSEST. A maioria
de saúde, nos conselhos gestores e nas comissões. das atividades estava voltada para a vigilância.
Na saúde do trabalhador, os sindicatos e ou- Os trabalhadores e seus sindicatos participavam
tras organizações representativas dos trabalhado- ativamente, trazendo os problemas e demandas,
res são parceiros indispensáveis na realização das planejando as ações junto com os técnicos, parti-
ações de vigilância. Constituem um dos funda- cipando das fiscalizações como agentes sociais de
mentos da eficácia e da continuidade das inter- inspeção e avaliando o resultado das intervenções.
venções. Por isso, insistimos que no processo de O CONSEST chegou a ter representantes de
vigilância nenhum saber técnico substitui a con- mais de cinquenta categorias de trabalhadores.
tribuição do conhecimento dos trabalhadores. Para ações específicas, foram criadas câmaras
Esse conhecimento que é gerado na experiência técnicas nas quais os trabalhadores e os técnicos
e com a reflexão sobre a prática deve se associar discutiam pormenorizadamente os problemas
ao dos especialistas na discussão dos problemas e de vigilância em sua área e preparavam as ações
dos passos a serem dados para superá-los. Pode, antes de ir ao campo. Foram criadas câmaras
muitas vezes, ser o fundamento para intervenções técnicas de metalúrgicos, da indústria naval, de
dos profissionais de vigilância e para o acompa- servidores públicos, dos químicos, dos bancários
nhamento das ações até que os problemas em e processadores de dados, de trabalhadores rurais
pauta se solucionem. e de outras categorias.
A maior garantia de mudança das condições Nesse trabalho coletivo foi-se construindo
de trabalho geradoras de agravos ocorre de fato também uma metodologia de atuação em vigi-
quando os trabalhadores demonstram força po- lância em saúde do trabalhador, especialmente
lítica e passam a exigir, na cena pública, mecanis- no que concernia à participação dos represen-
mos de transformação das situações que agridem tantes sindicais como agentes sociais de inspeção.
sua saúde. Sua presença é essencial na definição Muitas das ações foram iniciadas e concluídas
de prioridades decorrentes das suas necessidades, com êxito.
na própria atividade de preparação e de execução Alguns CEREST recentemente conseguiram
de inspeções sanitárias, bem como na avaliação estimular a formação de agentes do controle
e no acompanhamento permanente dos casos e social para a Visat, como foi o caso dos poucos
processos em vigilância. que aderiram à iniciativa do Ministério da Saú-
Por outro lado, cabe aos CEREST efetuar de de promover cursos de educação à distância
um movimento de dentro para fora, reforçan- no sentido de impulsionar as ações de vigilância
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nos estados15 e que, entre outros motivos, por di- para as ações estão no campo da saúde, mas tam-
versos entraves burocráticos, não obteve o êxito bém nas engenharias, na agronomia, na econo-
almejado. mia, no direito, na antropologia e na sociologia,
Sabemos que uma das razões do distancia- entre outras.
mento das representações de trabalhadores das Outras articulações se fazem necessárias na
estruturas de saúde do trabalhador é a desconti- perspectiva da força coercitiva de convencimento
nuidade e a baixa resolutividade das ações desen- das mudanças. Toda intervenção desencadeada
cadeadas. Portanto, é igualmente imperioso que pela VISAT, seja qual for o setor econômico-pro-
cada ação, em cada segmento econômico-produ- dutivo, deságua numa negociação coletiva entre
tivo, seja capaz de gerar um nível de resolutivida- Estado, sindicato e empresa, cujo conteúdo de
de capaz de reconquistar a confiança dos traba- mudança das condições de trabalho exige um
lhadores na ação pública. Para isso, é necessário poder coercitivo do setor público para garantir
que se gerem indicadores de avaliação das ações, a defesa da saúde. Assim, muitas vezes, é preci-
apontando as variáveis solucionadas e as que ca- so estabelecer forças-tarefa conjuntas de setores
recem ainda de solução, mantendo-as sob o olhar estatais, tais como com os Ministérios Público
da VISAT, e indicadores que monitorem os perfis Federal e Estadual, do Trabalho e Emprego, da
de adoecimento em cada segmento. Previdência Social, da Agricultura e Produção
Finalmente, o restabelecimento dos elos de Agrícola, do Desenvolvimento Agrário, do Meio
confiança entre o serviço público e o próprio pú- Ambiente etc. Cada setor produtivo que se en-
blico (no caso, os trabalhadores) consolida-se na contre sob o processo de vigilância estará a exigir,
medida em que a continuidade das ações possa na medida de sua capacidade de enfrentamento
ser apropriada pela classe trabalhadora. Ou seja, com o Estado, alianças mais robustas do ponto de
o “olho” da vigilância é assumido pelos trabalha- vista político-institucional, para fazer valer o pa-
dores, sinalizando para o serviço público sempre pel do setor público em saúde na defesa da vida.
que haja distúrbios nas variáveis já solucionadas Especialmente por isso, é também estratégico na
ou as que careçam de solução. É evidente que os condução da VISAT, por parte dos CEREST, a ar-
CEREST e as estruturas articuladas devem estar ticulação permanente com setores do Parlamento
prontos para dar a resposta ágil e adequada a es- (municipal e estadual), principalmente com suas
tas sinalizações. comissões temáticas (saúde, direitos humanos
etc.), no sentido de buscar reconfigurações legais
As estratégias de articulação intersetorial de defesa da saúde dos trabalhadores. São duas
com outras áreas do Estado as ações importantíssimas nessa conjugação: as
audiências públicas e as proposições de projetos
A inserção da RENAST e dos seus centros de lei, tais como os códigos sanitários e normas
executores na estrutura do SUS implica numa específicas voltadas para setores específicos.
atitude institucional condizente com a concep- O Poder Judiciário é outra via de articulação
ção que o sistema de saúde preconiza e pressupõe setorial, especialmente pela melhor caracteriza-
para seu funcionamento. No caso da saúde do ção das questões a ele demandadas em situações
trabalhador e, especialmente, na VISAT, o grau -limite em que a ação de vigilância em si não é
de complexidade requerida para o desenvolvi- capaz de intervir nos processos causadores dos
mento das ações exige articulações intersetoriais danos à saúde.
de modo a dar conta das exigências do conheci-
mento para a intervenção. É inviável uma ação O diálogo estruturante dos pares
complexa de VISAT, com o grau de aprofunda-
mento necessário, sem o aporte de conhecimen- São muitas as pessoas de diversas áreas de co-
tos específicos para cada caso. Praticamente só nhecimento que vêm acompanhando e estudan-
vamos encontrar capacidade técnica e conheci- do os problemas decorrentes da relação saúde-
mentos aprofundados para analisar e intervir so- trabalho em universidades, na rede de saúde e em
bre certas situações de trabalho nas áreas de pro- outras instâncias do poder executivo, legislativo,
dução de conhecimentos sistematizados, ou seja, até mesmo do judiciário, e em organizações da
nas universidades. Portanto, a VISAT, encabeçada sociedade civil. Grande parte desses estudos é re-
pelo SUS, a partir dos CEREST, depende, em boa levante e poderia estar subsidiando a tomada de
medida, de articulações bem estruturadas e con- posições mais efetivas na mudança dos padrões
sistentes com setores das universidades em cada de adoecimento e morte no trabalho. No entan-
nível local. Exemplos dessas áreas fundamentais to, os seus resultados, na sua grande maioria, não
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são apropriados pelos tomadores de decisão na de diversa natureza e ter presente o conjunto he-
esfera das políticas públicas, pelos próprios tra- terogêneo dos serviços na área da saúde do tra-
balhadores, pelos legisladores, pelos operadores balhador no SUS, tanto pela composição de suas
do Poder Judiciário e da própria mídia. Além dis- equipes quanto pelos níveis de atuação. Essas são
so, pesquisas financiadas por órgãos de fomento premissas fundamentais a considerar na defini-
não são monitoradas para evitar duplicidade de ção de setores a serem priorizados, na programa-
uso de recursos, temas recorrentes ou sua con- ção de atividades e no desenvolvimento de pro-
tribuição para enfrentar os problemas estudados. jetos com vistas a aprimorar a atuação da VISAT.
Nesse sentido, é preciso que as temáticas Especificamente, no que diz respeito ao con-
sobre a VISAT como objeto de pesquisa sejam trole social, é surpreendente constatar o eleva-
construídas tendo como referência com o intuito do número de CIST estaduais existentes e de
de fornecer subsídios para a implementação de representantes de instituições públicas e de or-
ações de vigilância nos setores estudados. ganizações da sociedade civil que as compõem.
Nas últimas décadas, algumas inciativas fo- Entretanto, caberia indagar o número dos que
ram tomadas de articulações entre pesquisadores participam regularmente e a frequência com que
e profissionais envolvidos na formulação e no en- acontecem as reuniões. E, mais ainda, as temá-
caminhamento de ações no campo da Saúde do ticas abordadas, particularmente no que tange
Trabalhador no Brasil. É o caso, especialmente, às demandas e a participação dos seus membros
do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Traba- na preparação, acompanhamento e avaliação das
lhador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva ações da VISAT. Neste momento de grande mo-
(Abrasco), com a realização do I Simpósio Brasi- bilização em torno da IV CNSTT - a ação mais
leiro de Saúde do Trabalhador – SIMBRAST, em significativa e abrangente de controle social - se-
2007, cujo resultado encontra-se expresso no ria necessário que as CIST do país e, mais pre-
livro “A saúde do trabalhador na sociedade bra- cisamente, a nacional, efetuassem uma avaliação
sileira contemporânea”16. Entre outras iniciativas pormenorizada da sua contribuição com vistas a
do GT nessa linha, destacam-se as discussões re- definir compromissos na melhoria das condições
alizadas sobre as diretrizes da PNSTT, em 2009, de trabalho e saúde da população trabalhadora.
com ênfase na VISAT e nas ações de atenção bási- O título deste texto “Entre o estabelecido e o
ca, assim como e a publicação do Dossiê da Saú- por fazer na Vigilância em Saúde do Trabalha-
de do Trabalhador em dois números da Revista dor” tem um duplo caráter de reconhecimento e
Brasileira de Saúde Ocupacional, em 201317,18. de desafio.
No caso dos projetos de implementação de O caráter de reconhecimento se dá àqueles
VISAT relacionados à RENAST, uma maior ar- que tentam exercer a vigilância em saúde do tra-
ticulação, tanto no nível nacional quanto nos balhador no Brasil. O exercício da VISAT requer
níveis regionais, poderia aperfeiçoar seu desen- destes um grande esforço para continuar tentan-
volvimento e gerar de forma mais rápida instru- do. Os obstáculos para o desenvolvimento da VI-
mentos de intervenção técnica e normativa que SAT, a par de se situarem no enfrentamento com
pudessem se disseminar para as demais regiões o poder econômico, estão situados também no
do país. É o caso do desenvolvimento de projetos poder político representativo e no próprio poder
sobre setores específicos, caso do agronegócio, executivo dos setores do aparelho de Estado bra-
frigoríficos, construção civil e transporte, entre sileiro sobre os quais recai a responsabilidade da
outros19. preservação da vida e da saúde no trabalho. Na
É factível que comecemos a pensar em estra- própria estrutura do SUS, são enormes as difi-
tégias de diálogo, financiamento, monitoramen- culdades de apoio para a VISAT, principalmente
to e avaliação das pesquisas e projetos de desen- por parte da gestão nos seus diversos níveis e em
volvimento da VISAT no Brasil já. instâncias intrassetoriais onde haja responsabi-
lidades diretas ou indiretas sobre estas questões.
Fora do setor saúde, propriamente dito, também
Considerações finais são muitas as dificuldades de apoio às ações de
Visat, especialmente na sua compreensão como
É de se esperar que as intenções do Ministério da ação típica de saúde pública.
Saúde de implementar ações da VISAT em todos Já o caráter de desafio se dá na perspectiva de
os CEREST, até 2015, não se vejam frustradas. se ter a convicção de que a defesa da saúde da
Para isso, conforme apontamos insistentemente saúde e da vida no trabalho é capaz de arreba-
são necessários superar uma série de limitações nhar corações e mentes, especialmente entre os
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que estão chegando e se formando no campo da
saúde do trabalhador, para encorpar as iniciati-
vas e repensar as estratégias desse enfrentamento.
A saúde do trabalhador está no centro de
uma arena de conflitos e a VISAT é o instrumen-
tal ético, político, técnico e metodológico para
fortalecer o lado que normalmente perde sua
saúde e até sua vida nessa arena.

Colaboradores Referências

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Artigo apresentado em 09/09/2014


Aprovado em 10/09/2014
Versão final apresentada em 11/09/2014

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