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12º ENCONTRO

A. Planejamento das atividades de


leitura do texto

Professor(a),

Como bem sabemos, a leitura é um processo de interação entre o leitor e o


texto. É, portanto, um processo que deve ser construído. Mas essa construção
deve ser feita pelo aluno. Para isso, você deve se colocar como um guia, um
mediador e não como um detentor do saber.

Neste ENCONTRO, iniciaremos nossas atividades com um planejamento


da leitura fazendo algumas propostas para desenvolver a leitura do texto “No
tempo em que os bichos falavam”.

Divida a turma em grupos e peça aos alunos para fazerem uma pesquisa
sobre fábulas. Cada grupo fica com uma parte da pesquisa: (1) O que é fabula,
suas principais características; (2) Quais os principais autores de fábulas e as
fábulas mais conhecidas; (3) Como e onde nasceram as fábulas? Se a turma tiver
muitos alunos, deixe que dois grupos pesquisem sobre cada uma das partes e
depois troquem informações num debate sobre o que foi pesquisado.

Antes de pedir que os alunos façam a primeira leitura, coloque apenas o


título no quadro e comece a averiguar o que eles já sabem sobre o assunto.

Qual a história sobre bichos de que vocês mais gostaram? Vamos contá-la?
Tem bicho que fala?

Nesse momento, você pode fazer antecipações com os alunos.

Que história será essa?


Será que a história se passa na selva ou na cidade?
Que animais serão os personagens dessa história?

Agora, mostre o texto aos alunos e procure articular essas informações com
outras, como:

Quem escreveu esse texto?


Esse texto é uma fábula, uma lenda ou um conto?

Essa é a hora da primeira leitura do texto, que pode ser silenciosa. Leitura
feita, vamos levar os alunos a buscar o sentido das palavras que constam do
Glossário. Caso haja muitas dúvidas ou divergências entre eles, convide-os a
consultar o dicionário.

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Ao término dessa atividade, peça aos alunos que falem sobre as impressões
do que leram (livremente) para que você tenha uma ideia do perfil de cada
aluno/leitor. Em seguida, você pode fazer um exercício de compreensão do
texto, uma exploração topográfica, isto é, um exame parágrafo a parágrafo, linha
a linha, enfim, de tudo o que compõe visualmente o texto, com as seguintes
perguntas:

Quem era Esopo?


Quem fazia o discurso?
Onde estava o líder durante o discurso?
O que os ratinhos queriam fazer?

Depois dessa primeira leitura, você pode ler o texto em voz alta, ou fazer
uma leitura compartilhada e, em seguida, pode levá-los a fazer algumas
inferências, ou seja, a construir novos sentidos para o texto. É o plano da
interpretação do texto, em que se usam estratégias que caracterizam o
comportamento reflexivo, de nível consciente do leitor.

O que levou os ratinhos a fazerem uma assembleia?


Por que os ratos desistiram de colocar o guizo no pescoço do gato?
O que vocês fariam numa situação parecida?
Vocês acham que é fácil colocar uma ideia em prática? Deem exemplo.

Você pode aproveitar a leitura para relacionar o texto à época atual.

Essa fábula se aplica a situações que os homens vivenciam atualmente?


Essas histórias se parecem com as histórias dos homens? Por quê?

Outras estratégias de leitura podem ser adotadas. Estas representam apenas


algumas sugestões. Passemos, então, às atividades complementares que
deverão ser realizadas após a leitura do texto.

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No tempo em que
os bichos falavam
Houve um tempo em que os
bichos falavam, e eles falavam
tanto que Esopo resolveu
recolher e contar as histórias
deles para todo mundo.
Esopo era escravo de um
rei da Grécia e divertia-se
inventando uma moral para
as histórias que ouvia dos
animais.
Na verdade, nem todos
os moradores do país eram
capazes de entender a
linguagem dos animais, mas
Esopo era. Sobretudo dos
pequeninos, que falavam
muito baixinho, como por
exemplo os ratinhos que
moravam num buraco da parede da cozinha do palácio.
Um dia, quando limpava o chão da cozinha, Esopo ouviu uns ruídos que vinham
de dentro do buraquinho. Os ratinhos estavam muito agitados e preocupados, pois
o rei havia colocado um gato grande e forte para tomar conta dos petiscos reais e o
tal gato não era de brincar em serviço, já tinha devorado vários ratos.
Esopo apurou os ouvidos e pôde ouvir tudo o que os ratinhos diziam. Um
deles, muito espevitado, parecia ser o líder e, de cima de uma caixa de fósforos,
discursava:
Meus amigos, assim não é mais possível, não temos mais paz e tudo porque
o rei resolveu trazer aquela fera para cá. Precisamos fazer alguma coisa, e logo,
porque senão esse gato vai acabar com a nossa raça!
Era uma assembleia de ratos e todos estavam muito empenhados em solucionar
o problema que os afligia: um gato, grande e forte, que o rei havia mandado colocar
na cozinha.
Já tinham perdido vários amigos nos dentes afiados da fera: o Provolone, o
Roquefort, o Camembert e o pobre Tatá, o mais amado de todos.

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Planejaram, planejaram e não conseguiram chegar a nenhuma conclusão que
agradasse a todos. Precisavam de estratégias eficazes e seguras.
Uns achavam que deveriam matar o tal gato; outros diziam que era impossível:
"Como matar uma fera daquelas?"
Horácio estava quase convencido de que a sina de seu povo era morrer entre os
dentes do gato. Com lágrimas nos olhos, já ia descendo da caixa de fósforos quando
Frederico, um ratinho muito tímido que nunca falava, saindo de uma prateleira de
vidro, resolveu dar sua opinião:
Como vocês sabem, eu não gosto muito de falar, por isso serei rápido, mas
antes vocês vão responder a uma pergunta: Por que esse gato é tão perigoso para
nós, se somos tão ágeis e espertos?
E Horácio respondeu:
Ora, Frederico, esse gato é silencioso, não faz nenhum barulho. Como é que
vamos saber quando ele se aproxima?
Exatamente como eu pensei. Me perdoem a modéstia, mas acho que a ideia
que tive é a melhor de todas as que ouvi aqui. Vejam só, é simples: Vamos arrumar
um guizo, pode ser até aquele que pegamos da roupa do bobo da corte. Lembram?
Aquele que achamos bonitinho e que faz um barulho enorme.
Os ratos não estavam entendendo nada, para que serviria um guizo?
Frederico tratou de explicar:
A gente pega o guizo e coloca no pescoço do gato. Quando ele se aproximar,
vamos ouvir o barulho e fugir. Não é simples?
Todos adoraram a ideia. Era só colocar o guizo que todos ouviriam o gato se
aproximar.
Todos os ratos foram abraçar Frederico e estavam na maior euforia quando,
de repente, um ratinho, que não parava de roer um apetitoso pedaço de queijo,
resolveu perguntar:
Mas quem é que vai colocar o guizo no pescoço do gato?
Todos saíram cabisbaixos. Como não haviam pensado naquilo antes?
Era o fim da euforia dos ratinhos.
Para Esopo, a moral da história era a seguinte: "Não adianta ter boas ideias se não
temos quem as coloque em prática". Ou ainda: "Inventar é uma coisa, colocar em
prática é outra".

Recontada por Georgina Martins..Disponível em>http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/tempo-bichos-


falavam-634274.shtml> Acesso em 1º dez. 2012. Adaptado.

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Glossário
Para ajudá-lo a compreender o texto, procure inferir o sentido das palavras
abaixo:
petiscos (l. 22): comidinha rápida; guloseimas, comidas gostosas.
espevitado (l. 25): assanhado, animado.
assembleia (l. 30): reunião de pessoas que têm algum interesse comum, com a
finalidade de discutir e deliberar sobre temas determinados.
empenhados (l. 30): que demonstra interesse em conseguir algo; comprometido.
afligia (l. 31): que causava aflição a (alguém) ou atormentava.
estratégias (l. 36): meios desenvolvidos para conseguir alguma coisa.
modéstia (l. 49): que não possui nem demonstra vaidade em relação a si mesmo,
às suas próprias conquistas.
guizo (l. 51): pequena esfera oca de metal que ressoa quando se agita com as
bolinhas que contém.
bobo da corte (l. 51): alguém com atitudes bobas, risíveis, que só serve para
distrair e divertir, que não leva nada a sério.
euforia (l. 59): estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e
ânimo, mas que não corresponde à realidade.
cabisbaixos (l. 63): sem ânimo; que está abatido, desanimado, deprimido.

B. Planejamento das atividades


complementares

1 Desenvolvendo habilidades de leitura

1. O fato que dá origem à narrativa é


A) a indecisão dos ratos.
B) a assembleia dos ratos.
C) o aparecimento do gato.
D) o discurso de Frederico.
D7 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa.
2. Os ratos estavam agitados porque
A) a conversa deles era ouvida por Esopo.
B) a ideia de Frederico não era executável.
C) o ratinho Tatá e outros tinham sido mortos.
D) o rei tinha colocado um gato no castelo.
D8 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

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3. Os advérbios destacados em “Por que esse gato é tão perigoso para nós,
se somos tão ágeis e espertos?”, (l. 44-45), indicam
A) afirmação.
B) dúvida.
C) intensidade.
D) modo.
D12 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por
conjunções, advérbios, etc.

4. O ponto de exclamação em “senão esse gato vai acabar com a nossa


raça!”, (l. 29), produz um sentido de
A) determinação.
B) desconfiança.
C) maldade.
D) orgulho.
D14 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações.

5. A expressão destacada em “o tal gato não era de brincar em serviço”,


(l. 22-23) tem, nesse texto, o sentido de que o gato era
A) atento.
B) malvado.
C) mal-humorado.
D) persistente.
D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

6. Esse texto tem a finalidade de


A) estimular as pessoas a criarem gato.
B) informar sobre a relação entre gato e rato.
C) levar as pessoas à reflexão sobre conflitos.
D) orientar sobre como afugentar ratos.
D9 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

2 Compreendendo o texto

7. Quem era Esopo?


Era escravo de um rei da Grécia e divertia-se inventando uma moral para as
histórias que ouvia dos animais.

8. Quem fazia o discurso na assembleia dos ratos?


Um ratinho espevitado.

9. Onde estava o líder durante o discurso?


Em cima da caixa de fósforos.

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10. O que os ratinhos queriam fazer?


Queriam colocar o guizo no pescoço do gato.

3 Interpretando o texto

11. O que levou os ratinhos a fazerem uma assembleia?


O rei havia colocado um gato grande e forte para tomar conta dos petiscos
reais e eles tinham que se livrar da fera.

12. Por que os ratos desistiram de colocar o guizo no pescoço do gato?


Porque nenhum rato tinha coragem de colocar o guizo no pescoço do gato.

13. O que você faria numa situação parecida?


(Resposta pessoal)

14. Você acha que é fácil colocar uma ideia em prática? Dê exemplo.
(Resposta pessoal)

4 Pensando sobre o texto

15. Copie do texto o trecho em que o ratinho Horácio demonstra desânimo.


“Horácio estava quase convencido de que a sina de seu povo era morrer
entre os dentes do gato.”

16. As frases do penúltimo parágrafo da fábula: “Todos saíram cabisbaixos.


Como não haviam pensado naquilo antes? Era o fim da euforia dos
ratinhos”, revelam que os ratinhos se sentiram de que forma?

Desanimados.

17. Existe um ditado popular: “Quem não arrisca não petisca”. Você acha
que ele se aplica ao texto? Comente.

(Resposta pessoal)

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5 Explorando a gramática no texto
Sinônimos e Antônimos

Conforme a forma e o significado das palavras, é possível classificá-las como


sendo:
Antônimos: quando são palavras com significado contrário (também oposto
ou inverso) umas das outras;
Sinônimos: no caso de palavras que têm significados idênticos ou muito
semelhantes.

18. Reescreva o trecho “Sobretudo dos pequeninos, que falavam muito


baixinho,” substituindo as palavras destacadas por antônimos.

Sobretudo dos grandões (ou grandalhões), que falavam muito alto.

Pronomes indefinidos
São denominados indefinidos os pronomes que se referem à 3ª pessoa do
discurso quando esta tem sentido vago e indeterminado.

19. Retire do texto um trecho que apresente dois pronomes indefinidos.


“Uns achavam que deveriam matar o tal gato; outros diziam que era
impossível”.

Desenvolvendo a escrita
6 Atividade para casa

www.pexels.com

Vamos mudar o fim dessa fábula? Imagine que, após a pergunta “– Mas


quem é que vai colocar o guizo no pescoço do gato?” aparece um novo
personagem: o cachorro do cozinheiro. E agora, o que pode acontecer? Use
sua imaginação e mude o fim dessa história.

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7 Conhecendo o gênero textual

Fábula
A fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi
particularmente desenvolvido por Esopo, autor que viveu no século VI a.C.,
na Grécia antiga. A Esopo foi atribuído um conjunto de pequenas histórias,
de caráter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos
por animais. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os
envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem.
Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para os seres humanos.
Cada animal simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como o leão
representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. É uma
narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são
seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática
é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da
bondade sobre a astúcia e a derrota de preguiçosos.

8 Conhecendo o autor

Georgina Martins
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 8 de junho de 1959. Especialista
em Teoria e Crítica da Literatura Infantil e Juvenil e doutoranda em Literatura
Brasileira, Georgina é professora do curso de Pós-Graduação em Literatura
infantil e juvenil da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, e diretora de Produção Cultural da mesma universidade. Coordena
projetos de formação de professores das redes estadual e municipal. Estreou
na Literatura Infantil em 1999, com o livro O Menino que não se chamava João
e a Menina que não se chamava Maria, publicado pela DCL.

Sugestões de leitura
1. As fábulas de 2. Fábulas de Esopo,
Esopo, Ruth Rocha, Editora

A F
Jean de La Fontaine, Salamandra.
adaptado por Lúcia
Tulchinski, Editora
Scipione.

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