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Polícia Rodoviária Federal

PRF
Policial Rodoviário
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN032-N0

Cód.: 9088121379459
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Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA
PRF - Polícia Rodoviária Federal

Policial Rodoviário

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Matemática - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto e Profª Rebecca Soares
Noções de Física - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Ética no Serviço Público - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi
Geopolítica Brasileira - Profº Giovana Marques e Profª Silvana Guimarães
História da PRF- Profº Heitor Ferreira
Legislação de Trânsito - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi e Profª Mariela Cardoso
Noções de Direito Administrativo - Profª Bruna Pinotti e Profº Fernando Paternostro Zantedeschi
Noções de Direito Constitucional - Profª Giovana Marques
Noções de Direito Penal e de Direito Processual Penal - Profº Rodrigo Gonçalves e Profº Eduardo Gigante
Legislação Especial - Profº Eduardo Gigante e Profº Rodrigo Gonçalves
Direitos Humanos e Cidadania - Profª Bruna Pinotti e Profª Giovana Marques

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Aline Mesquita

DIAGRAMAÇÃO
Dayverson Ramon
Higor Moreira
Rodrigo Bernardes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Edição: JUN/2020

www.novaconcursos.com.br

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados; Reconhecimento de Tipos e Gêneros Textuais............. 01


Domínio da Ortografia Oficial........................................................................................................................................................................... 12
Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual; Emprego de Elementos de Referenciação, Substituição e Repetição,
De Conectores e de Outros Elementos de Sequenciação Textual...................................................................................................... 17
Emprego de Tempos e Modos Verbais; Domínio da Estrutura Morfossintática do Período; Emprego das Classes de
Palavras...................................................................................................................................................................................................................... 22
Relações de Coordenação Entre Orações e Entre Termos da Oração; Relações de Subordinação Entre Orações e
Entre Termos da Oração...................................................................................................................................................................................... 61
Emprego dos Sinais de Pontuação................................................................................................................................................................. 71
Concordância Verbal e Nominal...................................................................................................................................................................... 75
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................ 82
Emprego do Sinal Indicativo de Crase........................................................................................................................................................... 89
Colocação dos Pronomes Átonos................................................................................................................................................................... 93
Reescrita de Frases e Parágrafos do Texto; Significação das Palavras; Substituição de Palavras ou de Trechos de
Texto; Reorganização da Estrutura de Orações e de Períodos do Texto; Reescrita de Textos de Diferentes Gêneros e
Níveis de Formalidade......................................................................................................................................................................................... 93
Correspondência Oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República)........................................................... 101

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Modelagem de situações problema por meio de equações do 1º e 2º graus e sistemas lineares........................................ 01


Noção de função; Análise gráfica; Funções afim, quadrática, exponencial e logarítmica; Aplicações.................................. 06
Taxas de variação de grandezas; Razão e proporção com aplicações............................................................................................... 23
Regra de três simples e composta................................................................................................................................................................... 26
Porcentagem............................................................................................................................................................................................................. 28
Regularidades e padrões em sequências; Sequências numéricas; Progressão aritmética e progressão geométrica..... 31
Noções básicas de contagem e probabilidade........................................................................................................................................... 36
Descrição e análise de dados; Leitura e interpretação de tabelas e gráficos apresentados em diferentes linguagens
e representações; Cálculo de médias e análise de desvios de conjuntos de dados.................................................................... 42
Noções básicas de teoria dos conjuntos....................................................................................................................................................... 46
Análise e interpretação de diferentes representações de figuras planas, como desenhos, mapas e plantas; Utilização
de escalas; Visualização de figuras espaciais em diferentes posições; Representações bidimensionais de projeções,
planificações e cortes; Métrica; Áreas e volumes; Estimativas; Aplicações...................................................................................... 50
SUMÁRIO

INFORMÁTICA

Conceito de Internet e Intranet; Conceitos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e


procedimentos associados a internet/intranet; Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio
eletrônico, de grupos de discussão, de busca, de pesquisa e de redes sociais............................................................................. 01
Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Windows); Acesso a distância a computadores, transferência de
informação e arquivos, aplicativos de áudio, vídeo e multimídia........................................................................................................ 17
Redes de Computadores...................................................................................................................................................................................... 75
Conceitos de proteção e segurança; Noções de vírus, worms e pragas virtuais; Aplicativos para segurança (antivírus,
firewall, antispyware etc.)..................................................................................................................................................................................... 76
Computação na nuvem (cloud computing).................................................................................................................................................. 84

NOÇÕES DE FÍSICA

Cinemática escalar, cinemática vetorial.......................................................................................................................................................... 01


Movimento circular................................................................................................................................................................................................ 06
Leis de Newton e suas aplicações.................................................................................................................................................................... 09
Trabalho. Potência. Energia cinética, energia potencial, atrito. Conservação de energia e suas transformações.
Quantidade de movimento e conservação da quantidade de movimento, impulso. Colisões............................................... 16

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e moral. Ética, princípios e valores....................................................................................................................................................... 01


Ética e democracia: exercício da cidadania................................................................................................................................................... 07
Ética e função pública........................................................................................................................................................................................... 09
Ética no setor público............................................................................................................................................................................................ 13
Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal)................. 15

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O Brasil político: nação e território.................................................................................................................................................................. 01


Organização do Estado Brasileiro..................................................................................................................................................................... 01
A divisão interregional do trabalho e da produção no Brasil................................................................................................................ 06
A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles........................................................................................................................... 10
Distribuição espacial da população no Brasil e movimentos migratórios internos...................................................................... 12
A evolução da estrutura fundiária e problemas demográficos no campo....................................................................................... 14
Integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no Brasil............................................... 15
SUMÁRIO

Geografia e gestão ambiental. Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas............... 16
Política e gestão ambiental no Brasil.............................................................................................................................................................. 19
O Brasil e a questão cultural............................................................................................................................................................................... 20
A integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia....................................................................................... 21
O século XX: urbanização da sociedade e cultura de massas............................................................................................................... 42

HISTÓRIA DA PRF

Polícia Rodoviária Federal: história em detalhes........................................................................................................................................ 01


Grandes eventos esportivos............................................................................................................................................................................... 04
Atualidade.................................................................................................................................................................................................................. 05
Tecnologia.................................................................................................................................................................................................................. 06
Trânsito........................................................................................................................................................................................................................ 07
Capacitação............................................................................................................................................................................................................... 08
Ação especializada................................................................................................................................................................................................. 09
Áreas especializadas.............................................................................................................................................................................................. 10

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Lei nº 9.503/1997 e suas alterações (institui o Código de Trânsito Brasileiro CTB)..................................................................... 01


Decreto nº 4.711/2003(dispõe sobre a Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito SNT)................................................ 24
Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações: 04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998;
32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000; 160/2004; 197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007
(exceto os seus anexos); 231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008; 277/2008;
289/2008; 290/2008; 292/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (exceto as fichas); 396/2011; 432/2013;
441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015; 525/2015; 552/2015; 561/2015 (exceto as fichas); 573/2015;
598/2016; 619/2016; 624/2016; 643/2016; 720/2017; 723/2018; 735/2018.................................................................................. 27

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções de organização administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 01


Administração direta e indireta.........................................................................................................................................................................
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista................................................................................ 09
Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.................................................................................. 15
Agentes públicos. Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações. Disposições constitucionais aplicáveis. 23
Disposições doutrinárias. Conceito. Espécies. Cargo, emprego e função pública........................................................................
Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder................................. 30
Licitação. Princípios. Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. Modalidades. Tipos. Procedimento......................... 36
SUMÁRIO

Controle da Administração Pública. Controle exercido pela Administração Pública. Controle judicial. Controle 45
legislativo...................................................................................................................................................................................................................
Responsabilidade civil do Estado. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato 54
comissivo do Estado. Responsabilidade por omissão do Estado. Requisitos para a demonstração da responsabilidade
do Estado. Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado..............................................................................
Regime jurídico administrativo. Conceito. Princípios expressos e implícitos da Administração Pública............................. 59

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos garan-
tias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos................................................................... 01
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo............................................................... 12
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública..................... 15
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente
idoso, índio................................................................................................................................................................................................................ 18

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios Básicos.................................................................................................................................................................................................... 01
Aplicação da lei penal; A lei penal no tempo e no espaço; Tempo e lugar do crime; Territorialidade e extraterritorialidade
da lei penal................................................................................................................................................................................................................ 08
O Fato Típico e Seus Elementos; Crime Consumado e Tentado; Ilicitude e Causas de Exclusão; Excesso Punível........... 17
Crimes Contra a Pessoa........................................................................................................................................................................................ 27
Crimes Contra o Patrimônio............................................................................................................................................................................... 33
Crimes Contra a Fé Pública................................................................................................................................................................................. 43
Crimes Contra a Administração Pública......................................................................................................................................................... 53
Inquérito Policial; Histórico, Natureza, Conceito, Finalidade, Características, Fundamento, Titularidade, Grau de
Cognição, Valor Probatório, Formas de Instauração, Notitia Criminis, Delatio Criminis, Procedimentos Investigativos,
Indiciamento, Garantias do Investigado; Conclusão................................................................................................................................. 60
Prova; Preservação de Local de Crime; Requisitos e Ônus da Prova; Nulidade da Prova; Documentos de Prova;
Reconhecimento de Pessoas e Coisas; Acareação; Indícios; Busca e Apreensão.......................................................................... 65
Prisão em Flagrante............................................................................................................................................................................................... 74
SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento).................................................................................................. 01


Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal)...................................................................... 08
Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos 08
de abuso de autoridade)......................................................................................................................................................................................
Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura)................................................................................................................................. 11
Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente): Título II, Capítulos I e II, Título III, 14
Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII.......................................................................................................................................................
Lei nº 11.343/2006 (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas).................................................................................... 24
Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente): Capítulos III e V.......................................... 28
Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (tráfico de pessoas)................................................................................ 36

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação...................................... 01
Afirmação histórica dos direitos humanos................................................................................................................................................... 01
Direitos humanos e responsabilidade do Estado....................................................................................................................................... 02
Direitos humanos na Constituição Federal................................................................................................................................................... 03
Política Nacional de Direitos Humanos.......................................................................................................................................................... 03
A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos.................................................................................. 03
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados; Reconhecimento de Tipos e Gêneros Textuais............. 01


Domínio da Ortografia Oficial........................................................................................................................................................................... 12
Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual; Emprego de Elementos de Referenciação, Substituição e Repetição,
De Conectores e de Outros Elementos de Sequenciação Textual...................................................................................................... 17
Emprego de Tempos e Modos Verbais; Domínio da Estrutura Morfossintática do Período; Emprego das Classes de
Palavras...................................................................................................................................................................................................................... 22
Relações de Coordenação Entre Orações e Entre Termos da Oração; Relações de Subordinação Entre Orações e
Entre Termos da Oração...................................................................................................................................................................................... 61
Emprego dos Sinais de Pontuação................................................................................................................................................................. 71
Concordância Verbal e Nominal...................................................................................................................................................................... 75
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................ 82
Emprego do Sinal Indicativo de Crase........................................................................................................................................................... 89
Colocação dos Pronomes Átonos................................................................................................................................................................... 93
Reescrita de Frases e Parágrafos do Texto; Significação das Palavras; Substituição de Palavras ou de Trechos de
Texto; Reorganização da Estrutura de Orações e de Períodos do Texto; Reescrita de Textos de Diferentes Gêneros e
Níveis de Formalidade......................................................................................................................................................................................... 93
Correspondência Oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República)........................................................... 101
É possível deduzir que...
O autor permite concluir que...
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E Compreender significa
GÊNEROS TEXTUAIS Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
ficar e decodificar). contexto, acrescentando ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- um texto é um conjunto de ideias), o que pode
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento ser insuficiente para o entendimento do tema
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada desenvolvido.
de seu contexto original e analisada separadamente, po- • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
derá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A deração é o que o autor diz e nada mais.
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun-
damentações), as argumentações (ou explicações), que Os pronomes relativos são muito importantes na in-
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
prova. coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: cia, a saber:
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- te, mas depende das condições da frase.
gumentação, de um processo, de uma época (nes- qual (neutro) idem ao anterior.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quem (pessoa)
quais definem o tempo). cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- o objeto possuído.
renças entre as situações do texto. como (modo)
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com onde (lugar)
uma realidade. quando (tempo)
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. quanto (montante)
• Parafrasear = reescrever o texto com outras Exemplo:
palavras. Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Condições básicas para interpretar aparecer o demonstrativo O).

Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- Dicas para melhorar a interpretação de textos


rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei-
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- • Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação
LÍNGUA PORTUGUESA

ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há


e de síntese; capacidade de raciocínio. muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
mais informação você absorver com a leitura, mais
Interpretar/Compreender chances terá de resolver as questões.
• Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-
Interpretar significa: rompa a leitura.
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. • Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
Através do texto, infere-se que... forem necessárias.

1
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
conclusão). diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
• Volte ao texto quantas vezes precisar. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
do autor. insuspeitada.
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
lhor compreensão. ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
cada questão. inteiramente.
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- coberta temporã.
fo geralmente mantém com outro uma relação de Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
que muito bem essas relações. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
seja, a ideia mais importante. segui boiar.
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
hora da resposta – o que vale não somente para ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
Interpretação de Texto, mas para todas as demais de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
questões! esqueceram de como tudo isso é bom.
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
principal, leia com atenção a introdução e/ou a ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
conclusão. montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
isso, curiosamente, não é fácil.
tem a outros vocábulos do texto.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
bre a vida em geral.
SITES
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
-provas> Também somos profundamente modificados por ele. A
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. cada momento da vida, quando achamos que tudo já
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
html> uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> Suspeito que isso tenha importância também para os
relacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
EXERCÍCIOS COMENTADOS está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
– AOCP-2015) tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
O verão em que aprendi a boiar em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca- nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
éramos do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
IVAN MARTINS sam ser aprendidas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar


Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre- na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
gosto especial. afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor- po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci- se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada

2
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e não pensando em algo ruim.
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
ma relaxada e consciente um grande amor. 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra- Observe a charge a seguir:
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi-
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/ A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html destacando o fato de o cientista:

De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- a) ter alcançado o céu após sua morte;
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar rela- d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
xar e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
calma, com mais prazer, com mais intensidade e me-
nos medo. Resposta: Letra D
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona-
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam = incorreto
vividos intensamente. Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém = incorreto
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es-
acontecer.
távamos esperando”.
Resposta: Letra A
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas sim-
ples que pareciam impossíveis. / Enquanto se está Lastro e o Sistema Bancário
vivo e relação existe, há chance de melhorar = sem-
pre há tempo para boiar (aprender). [...]
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
menos medo = correta. metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela- ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam se deram conta de que ninguém estava interessado em
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
LÍNGUA PORTUGUESA

= incorreta – o autor propõe viver intensamente.


Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
objetivo nos relacionamentos. suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no- deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo- economias seguramente guardadas.
rosas = incorreta – ser mais emoção.

3
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e A leitura do texto permite a compreensão de que
principalmente de valores em contas bancárias, já não
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria- a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua imaginário.
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
explicação permaneceu controversa e escondida por e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do
Bank of England de 2014. Resposta: Letra A
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
bancos = correta
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
números em uma tabela com meu nome e pede que eu imaginário = nem todo
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o tros clientes
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “li-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a vre-mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, “livre-mercado”
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
dinheiro tomei. Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma vidados = desde que não paguem a dívida
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI-
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po- abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati-
der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1% 2018.
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/
inventando-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-


rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.


b) proteger os bens dos clientes de bancos.
c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas.

Resposta: Letra D

Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram


conta de que ninguém estava interessado em trocar
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva
fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que
realmente tinham em ouro nos cofres. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
incorreta
LÍNGUA PORTUGUESA

seguinte informação:
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos =
incorreta a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência = metidos no Rio;
incorreta b) a tarefa da investigação criminal não está sendo
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro = bem-feita;
correta
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com o
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
interlocutor;

4
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
charge; Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre- denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
sença do Exército. sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
Resposta: Letra D determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:

a) Presa por mensagem racista na internet;


b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se-
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
guinte informação:
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri-
mes cometidos no Rio = inferência correta Resposta: Letra C
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen-
do bem-feita = inferência correta Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- como a repressão política, familiar ou de gênero
de com o interlocutor = inferência correta Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local zuelana = como a repressão política, familiar ou de
da charge = incorreta gênero
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
a presença do Exército = inferência correta nico = não consta na Manchete acima
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe Rússia = como a repressão política, familiar ou de
a charge abaixo. gênero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do traba-
lho escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda

Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos


o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
No caso da charge, a crítica feita à internet é: É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; se beneficiar do barateamento do combustível.
c) o risco de contatos perigosos; Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
d) o abandono dos estudos regulares; para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
e) a falta de contato entre membros da família. ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
Resposta: Letra A desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica que está delimitado pelo estado democrático de direito,
excessiva;
LÍNGUA PORTUGUESA

defendido pelos diversos instrumentos institucionais de


Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
incorreto Forças Armadas etc.
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
do, do qual depende a sobrevivência física da população.
incorreto
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de-
autoridades desenvolvam planos de contingência.
pendência tecnológica - expressa em sua fala.

5
O Globo, 31/05/2018. Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- samento e a ação das pessoas para que se promova a
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
é ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
c) lastrear leis e regras na Constituição. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
d) punirem-se os responsáveis por excessos. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
Resposta: Letra D tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do pensa- tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
mento. = incorreto exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
incorreto cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto lamentos e centros de comunicação e associações.
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
= incorreto sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a se- çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
rem devidamente contidos e seus responsáveis, pu- dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
nidos, conforme estabelecido na legislação. / É o que o ambiente.
precisa acontecer... = precisa acontecer a punição dos É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
excessos. direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
brar a educação para a paz.
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educati-
– CESPE-2018) vas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol.
Esc. Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com
Texto CG1A1AAA adaptações).

A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in- de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença dos como
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica-
do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz. a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber- d) etapas para a construção da cultura da paz.
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, e) consequências da construção da cultura da paz.
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na Resposta: Letra D
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. paz. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
em sentido negativo, quando se traduz em um estado paz. = incorreto
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, = incorreto
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- Em “e”: consequências da construção da cultura da
LÍNGUA PORTUGUESA

ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a paz. = incorreto


prática da não violência para resolver conflitos, a prática Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope- radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
ração planejada e o movimento constante da instalação para construção da paz.
de justiça.

6
10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- Com sua fala, a personagem revela que
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
a) a violência era comum no passado.
b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C

Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto


Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violên-
cia está banalizada, nem há mais “punições” para os
agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

O humor da tira é conseguido através de uma quebra de


expectativa, que é:

a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;


b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo
filho;
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.

Resposta: Letra B (Pancho. www.gazetadopovo.com.br)

Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; = É correto associar o humor da charge ao fato de que
incorreto
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
esportivos; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = pleto confinamento.
incorreto b) os dois personagens estão muito bem informados so-
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não bre a economia, o que não condiz com a imagem de
pelo filho; = incorreto criminosos.
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con- c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
trário. = incorreto dos personagens, pois eles demonstram preocupação
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema com a aparência.
incomum: assuntos sociais. d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU- por eles nos presídios.
NESP-2015) Leia a tira. e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevan-
tes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.

Resposta: Letra E
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada


e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto

(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)

7
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto A todo o momento nos deparamos com vários tex-
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur- tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
preende os personagens, que estão acostumados a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto-
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser res. Estes interlocutores são as peças principais em um
relevantes para os personagens, dada a condição em diálogo ou em um texto escrito.
que se encontram. É de fundamental importância sabermos classificar os
Pela condição em que as personagens se encontram, o textos com os quais travamos convivência no nosso dia
aumento no preço dos cosméticos não os afeta. a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos tex-
tuais e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
Texto 1 – guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
Além do celular e da carteira, cuidado com as figuri- nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
nhas da Copa textos naquela tradicional tipologia:
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 Narração, Descrição e Dissertação

A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo As tipologias textuais se caracterizam pelos aspec-
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais tos de ordem linguística
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor-
naleiros estão levando seus estoques para casa quando Os tipos textuais designam uma sequência definida
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até pela natureza linguística de sua composição. São obser-
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
dos por mensagens de celular. ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa
adequada é: A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
ação demarcados no tempo do universo narrado,
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do como também de advérbios, como é o caso de an-
celular e da carteira nos roubos urbanos; tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car- carro quando ele apareceu. Depois de muita con-
teira como alvo de desejo dos assaltantes; versa, resolveram...
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
vendem as figurinhas da Copa; descrevem características tanto físicas quanto psi-
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
nas bancas de jornais;
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
cipal dos ladrões.
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje
Resposta: Letra B desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela
acontecer, como em: O cadastramento irá se pror-
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o rogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.
incorreto D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e modalidade na qual as ações são prescritas de for-
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto Misture todos os ingrediente e bata no liquidifica-
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da dor até criar uma massa homogênea.
Copa nas bancas de jornais; = incorreto E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no -se pelo predomínio de operadores argumenta-
LÍNGUA PORTUGUESA

alvo principal dos ladrões. = incorreto tivos, revelados por uma carga ideológica cons-
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular tituída de argumentos e contra-argumentos que
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também justificam a posição assumida acerca de um deter-
passaram a ser alvo dos assaltantes. minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.

8
Gêneros Textuais Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva.
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características (  ) CERTO   (  ) ERRADO
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, apresenta tal característica.
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo de-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou ESTRUTURA TEXTUAL
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a
cular o texto, etc. capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a mento, elaboramos todas as informações que recebemos
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por e orientamos as ações que interferem na realidade e or-
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- um pensamento transformado em texto.
gação científica são comuns gêneros como verbete de Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, sar, quando escrevemos sempre procuramos uma ma-
seminário, conferência. neira organizada do leitor compreender as nossas ideias.
A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS você quer dizer, por meio da comunicação.
Para isso, os elementos que compõem o texto se
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
subdividem em: introdução, desenvolvimento e con-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
clusão. Todos eles devem ser organizados de maneira
– São Paulo: Saraiva, 2010.
equilibrada.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
Introdução
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-
SITE
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
cao/tipologia-textual.htm> O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex-
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí-
EXERCÍCIO COMENTADO tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex-
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um
capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI- situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais
CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu-
– 2015) ção será o primeiro parágrafo.

Ouro em Fios Desenvolvimento


A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: tentam e dão base às explicações e posições do autor.
É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi-
• Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar zação das ideias em uma sequência que permite formar
a iluminação natural. uma relação equilibrada entre os dois lados.
• Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. O autor do texto revela sua capacidade de discutir
• Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do
LÍNGUA PORTUGUESA

um determinado tema no desenvolvimento, e é através


ambiente.
desse que o autor mostra sua capacidade de defender
• Utilize o computador no modo espera.
seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor
para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a
Fique ligado! Evite desperdícios.
partir daqui.
Energia elétrica.
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
A natureza cobra o preço do desperdício.
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con-
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
clusão. Daí a importância em planejar o texto.

9
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no • Para que o leitor tire suas próprias conclusões,
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido o autor enumera algumas perguntas no final do
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre- texto.
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
Os principais erros cometidos no desenvolvimento A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei- autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni-
ro está relacionado ao autor tomar um argumento se- ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen-
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên-
se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re- enxuto possível.
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge SITE
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
definir uma linha lógica de raciocínio.
Disponível em:
<http://producao-de-textos.info/mos/view/
Conclusão
Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/>
Considerada como a parte mais importante do texto,
é o ponto de chegada de todas as argumentações ela- NÍVEIS DE LINGUAGEM
boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha. A língua é um código de que se serve o homem para
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve funcionais:
ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con- A) a língua funcional de modalidade culta, língua cul-
cluindo...”, “Em conclusão...”. ta ou língua-padrão, que compreende a língua lite-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve rária, tem por base a norma culta, forma linguística
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das utilizada pelo segmento mais culto e influente de
características de textos bem redigidos. uma sociedade. Constitui, em suma, a língua uti-
lizada pelos veículos de comunicação de massa
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas,
ficam muito longas: painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
aliados da escola, prestando serviço à sociedade,
• O problema aparece quando não ocorre uma ex- colaborando na educação;
ploração devida do desenvolvimento, o que gera B) a língua funcional de modalidade popular; língua
uma invasão das ideias de desenvolvimento na popular ou língua cotidiana, que apresenta grada-
conclusão. ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no
• Outro fator consequente da insuficiência de funda- calão.
mentação do desenvolvimento está na conclusão
precisar de maiores explicações, ficando bastante
NORMA CULTA
vazia.
• Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
texto em que o autor fica girando em torno de
ideias redundantes ou paralelas. zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
• Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan-
mente dispensáveis. te do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas
• Quando não tem clareza de qual é a melhor con- escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
clusão, o autor acaba se perdendo na argumenta- nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
ção final. e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:

Em relação à abertura para novas discussões, a con- Estou preocupado. (norma culta)
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin- Tô preocupado. (língua popular)
tes fatores: Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

• Para não influenciar a conclusão do leitor sobre Não basta conhecer apenas uma modalidade de
temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
LÍNGUA PORTUGUESA

aberto. espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,


• Para estimular o leitor a ler uma possível continui- para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
dade do texto, o autor não fecha a discussão de Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
propósito. normas da língua culta.
• Por apenas apresentar dados e informações sobre
o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
cluir o assunto.

10
O conceito de erro em língua As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos exemplos também de transgressões ou “erros” que se
casos de ortografia. O que normalmente se comete são tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir,
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas-
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido,
gride a norma culta. despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es-
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua colarizada tem coragem de usar.
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é da língua popular para a língua culta”.
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
deradas perfeitamente normais construções do tipo: conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
norma culta.
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar. LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE
Deixe eu ver isso! LINGUAGEM
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
falada.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
se alteram: mações e a evoluções.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu não a vi hoje. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Ninguém o deixou falar. a língua falada com base na língua escrita, considerada
Deixe-me ver isso! superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Eu te amo, sim, mas não abuses! emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
transgressões da norma culta na pena ou na boca de de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
refletir serviço à causa do ensino. to entre uma modalidade e outra.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. borada que a língua falada, porque é a modalidade que
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem-
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo isso mesmo, processam-se lentamente e em número
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
LÍNGUA PORTUGUESA

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) dalidade falada.


Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) Importante é fazer o educando perceber que o nível
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
dispersar e Não vamos dispersar-nos) com a situação em que se desenvolve o discurso.
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
de sair daqui bem depressa) gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
no seu posto) padre não fala com uma criança como se estivesse em

11
uma missa, assim como uma criança não fala como um São escritos com C ou Ç e não S e SS
adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei- • Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível • Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
de fala no recesso do lar e na sala de aula. cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre • Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
tidiano, a que já fizemos referência. caniço, esperança, carapuça, dentuço.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
• Após ditongos: foice, coice, traição.
• Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor-
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
to – absorção.

B) O fonema z
ORTOGRAFIA
São escritos com S e não Z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som • Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos:
língua são grafados segundo acordos ortográficos. freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, • Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras metamorfose.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções • Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de quis, quiseste.
etimologia (origem da palavra). • Nomes derivados de verbos com radicais termi-
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
Regras ortográficas empreender - empresa / difundir – difusão.
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
A) O fonema S Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
São escritas com S e não C/Ç • Verbos derivados de nomes cujo radical termina
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com – pesquisar.
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- São escritos com Z e não S
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / im- • Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / • Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
sentir - sensível / consentir – consensual. origem não termine com s): final - finalizar / con-
creto – concretizar.
São escritos com SS e não C e Ç • Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados Exceção: lápis + inho – lapisinho.
por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir -
impressão / admitir - admissão / ceder - cessão / C) O fonema j
exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
- regressão / oprimir - opressão / comprometer - São escritas com G e não J
compromisso / submeter – submissão.
• Quando o prefixo termina com vogal que se junta • Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso.
LÍNGUA PORTUGUESA

com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-


trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. • Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
• No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. gim.
Exemplos: ficasse, falasse. • Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
bege, foge.

12
Exceção: pajem. dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem,
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, relampejar/relampear/relampar/relampadar.
litígio, relógio, refúgio. Os símbolos das unidades de medida são escritos
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
gir, mugir. plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, 20km, 120km/h.
surgir. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
minado com j: ágil, agente. Na indicação de horas, minutos e segundos, não
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
São escritas com J e não G 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
nutos e trinta e quatro segundos).
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. O símbolo do real antecede o número sem espaço:
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji- R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
boia, manjerona. ra vertical ($).
• Palavras terminadas com aje: ultraje.
Alguns Usos Ortográficos Especiais
D) O fonema ch
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE
São escritas com X e não CH
POR QUE (separado e sem acento)
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
caxi, xucro. É usado em:
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
gação) = Por que você não veio ontem?
lagartixa.
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
• Depois de ditongo: frouxo, feixe.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
que faltara à aula ontem.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
São escritas com CH e não X POR QUÊ (separado e com acento)
Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chas- Usos:
si, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
E) As letras “e” e “i” fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
• Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Você faltou. Por quê?
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
• Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são quê?
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve-
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
e -uir: trai, dói, possui, contribui.
Usos:
Há palavras que mudam de sentido quando substituí-
mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me- 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
anda a pé), pião (brinquedo). final) = Compre agora, porque há poucas peças.
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto- 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), que se antecipou.
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
de referência até mesmo para a criação de dicionários, PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
LÍNGUA PORTUGUESA

pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi-


cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br. Usos:

Informações importantes 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-


zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (por-
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- quês). Geralmente é precedido por artigo = Não
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia de
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, porquês.

13
ONDE / AONDE 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
Onde = empregado com verbos que não expressam abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
a ideia de movimento = Onde você está? 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
que expressam movimento = Aonde você vai? ro, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
MAU / MAL gumas exceções continuam por já estarem con-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um queima-roupa, deus-dará.
mau elemento. 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
Mal = pode ser usado como combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. per- quando associados com outro termo que é
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, su-
mal na prova? per-racional, etc.
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-dire-
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal tor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
não compensa. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-gradua-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ção, etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform. pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
– São Paulo: Saraiva, 2010. semi-hospitalar, super-homem.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. termina com a mesma vogal do segundo elemen-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, to: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira -observação, etc.
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002. O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
SITE

Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/


#FicaDica
aulas/portugues/ortografia> Ao separar palavras na translineação
(mudança de linha), caso a última palavra a
Hífen ser escrita seja formada por hífen, repita-o
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
para ligar os elementos de palavras compostas (como Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto- (hífen em ambas as linhas). Devido à
nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente diagramação, pode ser que a repetição do
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de hífen na translineação não ocorra em meus
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; conteúdos, mas saiba que a regra é esta!
compa-/nheiro).

A) Uso do hífen que continua depois da Reforma B) Não se emprega o hífen:


Ortográfica:
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo


1. Em palavras compostas por justaposição que for- termina em vogal e o segundo termo inicia-se em
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
que se unem para formam um novo significado: consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chu- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
va, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-
-se com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar,

14
coeducação, autoestrada, autoaprendizagem, hi- 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
droelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado
etc. de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos portuguesa em:
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe-
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos
o segundo elemento começar com “o”: coopera- seus superiores.
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, b) O time não jogou mau no último campeonato, ape-
coedição, coexistir, etc. sar de enfrentar alguns problemas com jogadores
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no- descontrolados.
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul-
paraquedista, etc. dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben- temas expostos.
feito, benquerer, benquerido, etc. d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- na véspera.
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, e) Os participantes compreendiam mau o que estava
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina- sendo discutido, por isso não conseguiam formular
do, pressuposto, propor. perguntas.
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- Resposta: Letra A
-humano, super-realista, alto-mar.
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, (antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA = Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente –
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa correta é “Cigarro faz mal à saúde”.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Vamos aos itens:
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
SITE Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam-
peonato = mal
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau
aulas/portugues/ortografia> Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe esta-
va de mal (bom) humor = mau
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o
EXERCÍCIOS COMENTADOS que estava sendo discutido = mal

3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –


1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas
Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas
da língua portuguesa as palavras
corretamente.
a) admissão, paralisação, impasse
a) Extrovertido – extroverção.
b) bambusal, autorização, inspiração
b) Disponível – disponibilisar.
c) consessão, extresse, enxaqueca
c) Determinado – determinassão.
d) banalisação, reexame, desenlace
d) Existir – existência.
e) desorganisação, abstração, cassação
e) Característica – caracterizasão.
Resposta: Letra A
Resposta: Letra D
Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização /


Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
inspiração
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse /
Em “d”: Existir / existência = corretas
enxaqueca
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
desenlace
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração
/ cassação

15
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – ESA- Resposta: Letra C
F-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada em
Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que não Faltei porque você estava doente. = conjunção causal
está isento de erros gramaticais e de ortografia, conside- Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
rando-se a ortodoxia gramatical. para substituir por “a causa pela qual”
Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não substituir por “a causa”
procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou Este ponto de vista é porque não há manifestação de
a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a outro pensamento. = conjunção causal
culpa. Teremos:
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão 2, 1, 1, 2
que lhe valera o apelido.
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé, 6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
entusiasmo e coragem na aventura de 89. 2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos- só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1
ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a há um erro gramatical, que é:
quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
lutara pela subsistência. a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”;
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren- b) haver vírgula após a expressão “Um dia”;
tou a pena última. c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o
perguntaram”;
Resposta: Letra A d) grafar-se “porque” em vez de “por que”;
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros
não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se Resposta: Letra D
salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de
ânimo, chamando a si toda a culpa. “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só
Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da usava meias vermelhas”
profissão que lhe valera o apelido = correta Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe
Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a demons- cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como
trar fé, entusiasmo e coragem na aventura de 89 = objeto direto (sem preposição)
correta Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está
Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da correto, pois separa o advérbio no início do período
Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados, Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o per-
a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sem- guntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto
pre lutara pela subsistência = correta – perguntaram o que a quem)
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”;
enfrentou a pena última = correta Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
= correto, pois se invertermos haverá mudança de
5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) roupa).
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
considerando o emprego do por que / porque. que”, já que se trata de uma pergunta indireta.
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
mulheres [...].”
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres.”
(  ) Faltei _____________ você estava doente.
(  ) Todos sabem _____________ não poderei estar
presente.
(  ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
(  ) Este ponto de vista é _________não há manifestação
de outro pensamento.

A sequência está correta em:


LÍNGUA PORTUGUESA

a) 1, 1, 1, 2
b) 1, 2, 1, 2
c) 2, 1, 1, 2
d) 2, 2, 2, 1

16
• Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE da aula.
COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE • Emprego adequado de pronomes, conjunções,
ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, preposições, artigos:
SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO,
DE CONECTORES E DE OUTROS O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
TEXTUAL te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

COESÃO E COERÊNCIA • Uso de hipônimos – relação que se estabelece com


base na maior especificidade do significado de um
Na construção de um texto, assim como na fala, usa- deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com- (mais genérico).
preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin- • Emprego de hiperônimos - relações de um termo
guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que de sentido mais amplo com outros de sentido mais
foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que específico. Por exemplo, felino está numa relação
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên- de hiperonímia com gato.
cia, não só entre os elementos que compõem a oração, • Substitutos universais, como os verbos vicários.
como também entre a sequência de orações dentro do
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
que os participantes do processo têm com o tema. fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima- preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
ginária - composta de termos e expressões - que une evitando repetição desnecessária.
os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela- A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O
frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas
– decorre daí a coerência textual.
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa assim, estabelece a relação entre as duas orações).
incoerência é resultado do mau uso dos elementos de
coesão textual. Na organização de períodos e de pará- Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro-
grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati- priedade de fazer referência ao contexto situacional ou
cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons- ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun-
truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma ção de progressão textual, dada sua característica: são
unidade formal. elementos que não significam, apenas indicam, remetem
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun- aos componentes da situação comunicativa.
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e Já os componentes concentram em si a significação.
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
dependência e independência sintática e semântica, reco- “Os pronomes pessoais e as desinências verbais in-
bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes
estes princípios”. demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais,
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio-
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re- ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste
lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela- momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem,
ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
textual. no próximo ano, depois de (futuro).”
Formas de se garantir a coesão entre os elementos
LÍNGUA PORTUGUESA

A coerência de um texto está ligada:


de uma frase ou de um texto:
1. à sua organização como um todo, em que devem
• Substituição de palavras com o emprego de sinô-
estar assegurados o início, o meio e o
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
associativo.
• Nominalização – emprego alternativo entre um fim;
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
(desgastar / desgaste / desgastante).

17
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um 2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca-
fundamentada em comprovações, apresentação do se refere está adequadamente explicitada entre col-
de estatísticas, relato de experiências; um texto chetes em:
informativo apresenta coerência se trabalhar com
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi-
por outro lado, trabalham com a linguagem figura- lhares de computadores, mantidos por pessoas que
da, livre associação de ideias, palavras conotativas. ‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar
bitcoins” [computadores]
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é
chamado de ´mineração´, os computadores conecta-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. dos à rede competem entre si” [bitcoin]
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede]
SITE d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que
é criada quando o usuário se cadastra no software.”
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com. [espécie ]
br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/ e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em
Paacutegina1.html> algum momento deve estourar.” [bolha]

Resposta: Letra E
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em “a”: “Ela é produzida de forma descentralizada por
milhares de computadores, mantidos por pessoas que
1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
(= as quais – retoma o termo “pessoas”)
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin,
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o
Texto 2
termo “processo de nascimento”)
Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma
circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” =
objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
retoma o termo “faixa limitada”
dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018)
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei-
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”)
A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha
que (= a qual) em algum momento deve estourar.”
a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
[bolha] = correta
ros / erosão dos monumentos;
b) banimento da circulação de carros / erosão dos mo-
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR
numentos / redução da poluição;
– CESGRANRIO-2018-ADAPTADA)
c) erosão dos monumentos / redução da poluição / ba-
nimento da circulação de carros;
O vício da tecnologia
d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba-
nimento da circulação de carros;
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os
e) erosão dos monumentos / banimento da circulação
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô-
de carros / redução da poluição.
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre
as inovações, estavam produtos relacionados a experiên-
Resposta: Letra E
cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir
interesse em profissionais da área, tendo em vista a am-
a circulação de carros a diesel no centro a partir de
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
2024. O objetivo é reduzir a poluição, que contribui
sos segmentos.
para a erosão dos monumentos”.
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no
Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de-
evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
LÍNGUA PORTUGUESA

vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-


ansiedade tão grande para consumir produtos que pro-
ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3),
metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis-
o que preservará os monumentos.
põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos
primeiros a comprar um novo modelo de smartphone?
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que
serão realmente úteis em nossas rotinas?

18
A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o
(Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso
por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa-
evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu mina” [mapeamento cerebral]
a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo
perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta- que represente uma recompensa.” [impulso cerebral]
tus social.
Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica Resposta: Letra B
atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen- Ao texto:
te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir-
produto que quase ninguém ainda possui. tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje
Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que é um dos temas que mais desperta interesse em pro-
mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa- fissionais da área” [experiências de realidade virtual]
vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa- Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in-
das quando uma pessoa muito religiosa se depara com teligência artificial
um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo
para os mais entusiastas. de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli-
O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais gência artificial]
novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére- Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona-
bro a liberação de um hormônio chamado dopamina, dos a experiências de realidade virtual e à utilização de
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é inteligência artificial — que hoje é um dos temas que
liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre- mais desperta interesse em profissionais da área, tendo
sente uma recompensa. em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia
O grande problema é que a busca excessiva por recom- nos mais diversos segmentos.= correta
pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes so- Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten-
ciais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo, po- de a essa última necessidade citada” [segurança]
demos observar a situação problematizada aqui: gasto Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi-
excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de
de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes uma novidade tecnológica atende a essa última neces-
apresentam poucas mudanças em relação ao modelo sidade citada... = status social
anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado
inovadora no cotidiano. dopamina” [mapeamento cerebral]
No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a (...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re-
conter os impulsos na hora de comprar um novo smart- ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse
phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei- impulso cerebral e comprar
to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-
nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
a nova compra. fica algo que represente uma recompensa.” [impulso
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode cerebral]
ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a (...) a liberação de um hormônio chamado dopamina,
respeito da aquisição. responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. liberado = dopamina
2018. Adaptado.
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN-
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli- TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
citada adequadamente entre colchetes em:
Texto I
a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à
LÍNGUA PORTUGUESA

utilização de inteligência artificial — que hoje é um Portugueses no Rio de Janeiro


dos temas que mais desperta interesse em profissio-
nais da área” [experiências de realidade virtual] O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec- guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
artificial] mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
última necessidade citada” [segurança] -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,

19
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas a de uma vela que queima”;
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de produzem menos”.
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para Resposta: Letra B
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas. Em “a”: “A civilização converteu a solidão num dos
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação bens mais preciosos que a alma humana pode dese-
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- jar” = retoma “bens preciosos”
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve- Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da a própria solidão” = o pronome se refere ao período
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo que virá (= catáfora)
significativo de patrícios e algumas associações de por- Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta-
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio “solidão”
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que
da colônia, se localizam outras associações portuguesas, seja apenas a de uma vela que queima” = retoma
como a Casa de Portugal e um grande número de casas “companhia”
regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque-
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente las que produzem menos” = retoma “pessoas”
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri- 6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca, – FGV-2018)
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
preferida pelos mais abastados. NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sala-
zaristas e opositores em manifestação na cidade. In: A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Mostrou também danos morais.
Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A
Adaptado. dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e
avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
“No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos
um grupo significativo de patrícios e algumas associações os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas
de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser-
palavra destacada para fazer referência aos varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que
ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
a) luso-brasileiros havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o
b) patriotas da cidade que consumiria de imediato?
c) habitantes da cidade “Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta.
d) imigrantes portugueses Compras exageradas nos supermercados, estoques do-
e) compatriotas brasileiros mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve
muito comportamento na base de cada um por si.
Resposta: Letra D Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor-
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu
Ainda hoje é o utilizado o termo “patrício” para se re- – tal foi o comportamento de muita gente.
ferir aos portugueses. “Patrício” significa “da mesma Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018.
pátria”.
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To- Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados do primeiro período que leva à produção do segundo
que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná- período é
fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
um elemento futuro do texto (catáfora) é: a) a crise.
b) não trouxe.
LÍNGUA PORTUGUESA

a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais c) apenas.


preciosos que a alma humana pode desejar”; d) danos sociais.
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró- e) (danos) econômicos.
pria solidão”;
c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
viver com alguém que saiba pensar”;

20
Resposta: Letra C são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
1.º período: A crise não trouxe apenas danos sociais e justiça social.
econômicos. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Dar-
2.º período: Mostrou também danos morais. cy. Revista de jornalismo científico e cultural da Univer-
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais sidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37
informações que complementarão a primeira “tese” (com adaptações).
apresentada é “apenas”.
Subentende-se da argumentação do texto que o pro-
7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017) nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo econômico e social de um país”.
tem um sobrenome e temos de agradecer aos romanos
por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos (  ) CERTO   (  ) ERRADO
ergueu um império com a conquista de boa parte das
terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. Resposta: Errado
Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou pre-
nome, um nome. Ao trecho: (...) É necessário investir em pesquisa para
Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci- devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entan-
savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar to, os resultados desse tipo de investimento = inves-
onde tinha nascido”. tir em pesquisa / desse tipo de investimento.
(Ciência Hoje, março de 2014)
9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
“Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer
aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse Texto I
segmento do texto, se refere a(à):
Na organização do poder político no Estado moderno,
a) todo mundo ter um sobrenome; à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
b) sobrenomes citados no início do texto; preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
c) todos os sobrenomes hoje conhecidos; a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
d) forma latina dos sobrenomes atuais; risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
e) existência de sobrenomes nos documentos. exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
quista da liberdade humana também reclama a distri-
Resposta: Letra A buição do poder em ramos diversos, com a disposição
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
Todo mundo tem um sobrenome e temos de agrade- para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
cer aos romanos por isso = ter um sobrenome. nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010) cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro- do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi- poder limite o poder”.
zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca- as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos- separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
tas originais e pertinentes em situações com as quais ele ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um de origem baconiana, não abandonando o rigor das
percurso de difícil travessia para a maioria das institui- certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
um empreendimento em uma realidade duradoura e lu- idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
LÍNGUA PORTUGUESA

crativa. A inovação estimula a comercialização de produ- explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
tos ou serviços e também permite avanços importantes civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
somente quando está fundamentada no conhecimento. Ministério Público em função da proteção dos direitos
A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge- humanos.
ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui- Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9.
sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
entanto, os resultados desse tipo de investimento não

21
No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz Locução adjetiva
referência a “ramos diversos”.
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
Resposta: Certo substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
Ao período: (...) reclama a distribuição do poder em Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
ramos diversos, com a disposição de meios que asse- freio (paixão desenfreada).
gurem o controle recíproco entre eles para o advento Observe outros exemplos:
de um cenário de equilíbrio e harmonia.

10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS- de águia aquilino


SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado de aluno discente
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é
promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias, de anjo angelical
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser de ano anual
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi- de aranha aracnídeo
vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros-
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é de boi bovino
decidir fazer parte dele. de cabelo capilar
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
Dele retoma, textualmente, de cabra caprino
de campo campestre ou rural
a) ciclo.
de chuva pluvial
b) Alguém.
c) padrinho. de criança pueril
d) grupo. de dedo digital
e) apaixonado.
de estômago estomacal ou gástrico
Resposta: Letra A de falcão falconídeo
de farinha farináceo
Voltemos ao período:
A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im- de fera ferino
portante é decidir fazer parte dele. de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS de guerra bélico
VERBAIS. DOMÍNIO DA ESTRUTURA
de homem viril ou humano
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS de leão leonino

1. ADJETIVO de lebre leporino


de lua lunar ou selênico
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- de madeira lígneo
rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
dando com este em gênero e número. de mestre magistral
As praias brasileiras estão poluídas. de ouro áureo
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de paixão passional
LÍNGUA PORTUGUESA

(plural e feminino, pois concordam com “praias”).


de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico

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de velho senil Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de vento eólico Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
de vidro vítreo ou hialino Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
de virilha inguinal Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
de visão óptico ou ótico
Flexão dos adjetivos
Observação:
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª Gênero dos Adjetivos
série. / O muro de tijolos caiu.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática): referem (masculino e feminino). De forma semelhante
aos substantivos, classificam-se em:
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan- A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
do como adjunto adnominal ou como predicativo (do masculino e outra para o feminino: ativo e ativa,
sujeito ou do objeto). mau e má.
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento: o moço norte-a-
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. mericano, a moça norte-americana.
Observe alguns deles:
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Estados e cidades brasileiras:
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas-
culino como para o feminino: homem feliz e mu-
Alagoas alagoano lher feliz.
Amapá amapaense
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariá-
Aracaju aracajuano ou aracajuense
vel no feminino: conflito político-social e desavença
Amazonas amazonense ou baré político-social.
Belo Horizonte belo-horizontino
Número dos Adjetivos
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense A) Plural dos adjetivos simples
Campinas campineiro ou campinense Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Adjetivo Pátrio Composto substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
ruins, boa e boas.
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei- Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa-
erudita. Observe alguns exemplos: lavra que estiver qualificando um elemento for, original-
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva.
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti-
África afro- / Cultura afro-americana vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio-
germano- ou teuto-/Competições nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami-
Alemanha
teuto-inglesas sas cinza, ternos cinza.
américo- / Companhia
América Motos vinho (mas: motos verdes)
américo-africana
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
belgo- / Acampamentos Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Bélgica
belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses B) Adjetivo Composto
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Espanha hispano- / Mercado hispano-português É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape-
Europa euro- / Negociações euro-americanas nas o último elemento concorda com o substantivo a que
franco- ou galo- / Reuniões se refere; os demais ficam na forma masculina, singular.
França Caso um dos elementos que formam o adjetivo com-
franco-italianas
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”

23
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso duas qualidades de um mesmo elemento.
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo Inferioridade
composto inteiro ficará invariável. Veja: Sou menos passivo (do) que tolerante.

Camisas rosa-claro. B) Superlativo


Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros. O superlativo expressa qualidades num grau muito
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. tivo e apresenta as seguintes modalidades:

Observação: B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-


dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer seres. Apresenta-se nas formas:
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, • Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
vestidos cor-de-rosa. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Grau do Adjetivo exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- benéfico beneficentíssimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
bom boníssimo ou ótimo
A) Comparativo comum comuníssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica cruel crudelíssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser difícil dificílimo
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. doce dulcíssimo
fácil facílimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da fiel fidelíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
ou quão. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de seres. Essa relação pode ser:
Superioridade
• De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de todas.
Inferioridade • De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
todas.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
rior, grande/maior, baixo/inferior. antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Observe que: duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
• As formas menor e pior são comparativos de supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
mau, respectivamente. a popular é constituída do radical do adjetivo português
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
LÍNGUA PORTUGUESA

rações feitas entre duas qualidades de um mesmo com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por – cheíssimo.
exemplo:

Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois


elementos.

24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
de modo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. altíssimo.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. comuns na língua popular.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
SITE A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Classificação dos Advérbios


coes/morf/morf32.php>
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
2. ADVÉRBIO bio pode ser de:
Compare estes exemplos: A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
O ônibus chegou. lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
O ônibus chegou ontem. perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures,
defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhu-
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o res, aquém, embaixo, externamente, a distância, à
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de distância de, de longe, de perto, em cima, à direita,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e à esquerda, ao lado, em volta.
do próprio advérbio.
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
(bem)
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
jetivo (claros)
mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
centar ideia de: quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Tempo: Ela chegou tarde. mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
Lugar: Ele mora aqui. dia.
Modo: Eles agiram mal. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Negação: Ela não saiu de casa. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às
Dúvida: Talvez ele volte. claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas,
aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa ma-
Flexão do Advérbio neira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé,
de cor, em vão e a maior parte dos que termi-
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- nam em “-mente”: calmamente, tristemente, pro-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, positadamente, pacientemente, amorosamente,
porém, admitem a variação em grau. Observe: docemente, escandalosamente, bondosamente,
generosamente.
A) Grau Comparativo D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decer-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo to, efetivamente, certo, decididamente, deveras,
modo que o comparativo do adjetivo: indubitavelmente.
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
nato fala tão alto quanto João. F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, prova-
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do velmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
que): Renato fala menos alto do que João. quem sabe.
• de superioridade: G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
LÍNGUA PORTUGUESA

fala mais alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato nada, todo, quase, de todo, de muito, por com-
fala melhor que João. pleto, extremamente, intensamente, grandemente,
bem (quando aplicado a propriedades graduáveis).
B) Grau Superlativo H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
O superlativo pode ser analítico ou sintético: mente, simplesmente, só, unicamente. Por exem-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- plo: Brando, o vento apenas move a copa das
nato fala muito alto. árvores.

25
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- Locução Adverbial
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadure-
ce durante a adolescência. Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
aos meus amigos por comparecerem à festa. nariamente por uma preposição. Veja:

Saiba que: A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,


para dentro, por aqui, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos em geral, frente a frente, etc.
tarde possível. D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, hoje em dia, nunca mais, etc.
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente. A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
o adjetivo e outro advérbio:
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- De repente correram para a rua. (verbo)
cer como advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
bio: Cheguei primeiro.
#FicaDica
Como saber se a palavra bastante é Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
advérbio (não varia, não se flexiona) ou adverbial desempenham na oração a função de adjunto
pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
der, na frase, para substituir o “bastante” por cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
“muito”, estamos diante de um advérbio; se bio. Exemplo:
der para substituir por “muitos” (ou muitas), Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
é um pronome. Veja: verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio dade e de tempo, respectivamente.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
(estudei muitos capítulos) = pronome REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
indefinido
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Advérbios Interrogativos – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
Interrogação Direta Interrogação Indireta
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf75.php>
Onde mora? Indaguei onde morava
Por que choras? Não sei por que choras 3. ARTIGO
LÍNGUA PORTUGUESA

Aonde vai? Perguntei aonde ia


O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Donde vens? Pergunto donde vens
-se como o termo variável que serve para individualizar
Quando voltas? Pergunto quando voltas ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).

26
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estu- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
dam muito. char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de – São Paulo: Saraiva, 2010.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
da! Umas candidatas foram aprovadas! literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal – São Paulo: Saraiva, 2010.
conteúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) SITE
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
Janeiro, Veneza, A Bahia... Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra-
Quando indicado no singular, o artigo definido pode matica/artigo.htm>
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
No caso de nomes próprios personativos, denotando 4. CONJUNÇÃO
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O Além da preposição, há outra palavra também inva-
Pedro é o xodó da família. riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
No caso de os nomes próprios personativos esta- a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
rem no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os palavras de mesma função em uma oração:
Maias, os Incas, Os Astecas... O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) São Paulo.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. Morfossintaxe da Conjunção

Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
cem propriamente uma função sintática: são
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
ter é uns vinte anos. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
O artigo também é usado para substantivar palavras Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
conjunção depende da existência do outro. Veja:
Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
usado: Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
conhecidas: O professor visitará Roma. Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a “mas”. Já em:
bela Roma. Espero que eu seja aprovada no concurso!

Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
sairá agora? a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
LÍNGUA PORTUGUESA

Exceção: O senhor vai à festa? principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse (ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- principal).
didato cuja nota foi a mais alta.

27
Conjunções Coordenativas Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
São aquelas que ligam orações de sentido completo cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
e independente ou termos da oração que têm a mesma ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
função gramatical. Subdividem-se em: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer-
e não), não só... mas também, não só... como tam- ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
bém, bem como, não só... mas ainda. com a circunstância que expressam, classificam-se em:

A sua pesquisa é clara e objetiva. A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que,
Não só dança, mas também canta.
como (= porque, no início da frase), pois que, visto
que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex-
pressando ideia de contraste ou compensação. São Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no
entanto, não obstante. B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, im-
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. pedir sua realização. São elas: embora, ainda que,
apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- que, posto que, conquanto, etc.
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos
que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez...
talvez. C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da princi-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não
ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
que expressa ideia de conclusão ou consequência. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto,
por conseguinte, por isso, assim. #FicaDica
Marta estava bem preparada para o teste, portanto
não ficou nervosa. Você deve ter percebido que a conjunção
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. condicional “se” também é conjunção
integrante. A diferença é clara ao ler as
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma ora- orações que são introduzidas por ela. Acima,
ção que a explica, que justifica a ideia nela con- ela nos dá a ideia da condição para que
tida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo), recebamos um telefonema (se for preciso
porquanto. ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
concurso. = Não há ideia de condição
Não demore, que o filme já vai começar. alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
Falei muito, pois não gosto do silêncio! principal (sei) pede complemento (objeto
direto, já que “quem não sabe, não sabe
Conjunções Subordinativas algo”). Portanto, a oração em destaque
exerce a função de objeto direto da oração
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- principal, sendo classificada como oração
las dependente da outra. A oração dependente, intro- subordinada substantiva objetiva direta.
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
começado quando ela chegou. D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
O baile já tinha começado: oração principal prime a conformidade de um fato com outro. São
quando: conjunção subordinativa (adverbial elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
temporal) soante, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

ela chegou: oração subordinada


O passeio ocorreu como havíamos planejado.
As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
tegrantes e E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
adverbiais: nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
principal. São elas: para que, a fim de que, que,
porque (= para que), que, etc.

28
Toque o sinal para que todos entrem no salão. SITE

F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-


pressa um fato relacionado proporcionalmente coes/morf/morf84.php>
à ocorrência do expresso na principal. São elas:
à medida que, à proporção que, ao passo que e 5. INTERJEIÇÃO
as combinações quanto mais... (mais), quanto me-
nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me- Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
nos... (menos), etc. ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
O preço fica mais caro à medida que os produtos maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
escasseiam. sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
decorrente de uma situação particular, um momento ou
Observação: um contexto específico. Exemplos:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
São incorretas as locuções proporcionais à medida ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
em que, na medida que e na medida em que. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito =
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta interjeição
uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, an- O significado das interjeições está vinculado à ma-
tes que, depois que, logo que, todas as vezes que, neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
desde que, sempre que, assim que, agora que, mal o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
(= assim que), etc. em que for utilizada. Exemplos:
A briga começou assim que saímos da festa.
Psiu!
contexto: alguém pronunciando esta expressão na
H) Comparativas: introduzem uma oração que expres-
rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
sa ideia de comparação com referência à oração
mando! Ei, espere!”
principal. São elas: como, assim como, tal como,
Psiu!
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto,
contexto: alguém pronunciando em um hospital;
do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que
(combinado com menos ou mais), etc. significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
silêncio!”
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na puxa: interjeição; tom da fala: decepção
oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
tanto, tamanho), etc. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:

Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimin-
exame. do alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
interessante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
FIQUE ATENTO! minha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser As interjeições podem ser formadas por:
classificadas de acordo com o sentido que
apresentam no contexto (destaque da Zê!). • simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
• palavras: Oba! Olá! Claro!
• grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Deus! Ora bolas!
LÍNGUA PORTUGUESA

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Classificação das Interjeições


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Comumente, as interjeições expressam sentido de:
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Atenção! Olha! Alerta!
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!

29
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! 5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó»
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! com a sua homônima «oh!», que exprime admira-
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
Ânimo! Adiante! do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! «ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! dosa e pura!” (Olavo Bilac)
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente!
Essa não! Chega! Basta! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira
Deus! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
J) Desculpa: Perdão! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! SITE
Pô! Ora!
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! coes/morf/morf89.php>
Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! 6. NUMERAL
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Saiba que: numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- minada sequência.
frem variação em gênero, número e grau como os no- Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata trata de numerais, mas sim de algarismos.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. palavras consideradas numerais porque denotam quan-
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
Locução Interjetiva década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Classificação dos Numerais
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- século, par, dúzia, década, bimestre.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequ-
1. As interjeições são como frases resumidas, sintéti- ência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
cas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por essa!)
/ Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é final e penúltimo também indicam posição dos seres,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
classes gramaticais podem aparecer como inter-
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quin-
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- tos, etc.
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silên- dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
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cio! Fique quieto! foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.


4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Flexão dos numerais
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
que! Quá-quá-quá!, etc. Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/

30
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais car-
dinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:

Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)


Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

31
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários

Um Primeiro

Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro • Onze Avos
Doze Décimo Segundo • Doze Avos
Treze Décimo Terceiro • Treze Avos
Catorze Décimo Quarto • Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto • Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto • Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo • Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo • Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono • Dezenove Avos
Vinte Vigésimo • Vinte Avos
Trinta Trigésimo • Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo • Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo • Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo • Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo • Setenta Avos
Oitenta Octogésimo • Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo • Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo • Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo • Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo • Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo • Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo • Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
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Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
Milhão Milionésimo Milionésimo
Milhão Bilionésimo Bilionésimo

32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O “a” pode funcionar como preposição, pronome
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- nino: A matéria que estudei é fácil!
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
SITE go; o segundo, preposição.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
coes/morf/morf40.php>
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
7. PREPOSIÇÃO

Preposição é uma palavra invariável que serve para Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, por meio das preposições:
normalmente há uma subordinação do segundo termo
em relação ao primeiro. As preposições são muito im- Destino = Irei a Salvador.
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Modo = Saiu aos prantos.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Lugar = Sempre a seu lado.
para a compreensão do texto. Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
Tipos de Preposição Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Instrumento = Escreveu a lápis.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Posse = Vi as roupas da mamãe.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Autoria = livro de Machado de Assis
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Companhia = Estarei com ele amanhã.
com. Matéria = copo de cristal.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Meio = passeio de barco.
gramaticais que podem atuar como preposições, Origem = Nós somos do Nordeste.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Conteúdo = frascos de perfume.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, se- Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
gundo, senão, visto. Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
lendo como uma preposição, sendo que a última Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,
prepositiva por trás de.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cima de, por trás de.

A preposição é invariável, no entanto pode unir-se SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
a = pela. char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Essa concordância não é característica da preposição, – São Paulo: Saraiva, 2010.
mas das palavras às quais ela se une. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Esse processo de junção de uma preposição com ou- literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
tra palavra pode se dar a partir dos processos de:
SITE
• Combinação: união da preposição “a” com o artigo
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
LÍNGUA PORTUGUESA

Os vocábulos não sofrem alteração. portugues/preposicao/>


• Contração: união de uma preposição com outra
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo- 8. PRONOME
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal forma.
do pronome “aquilo”).

33
O homem julga que é superior à natureza, por isso o Os pronomes retos apresentam flexão de número,
homem destrói a natureza... gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
superior à natureza, por isso ele a destrói... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- assim configurado:
mos (homem e natureza).
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do singular: eu
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do singular: tu
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do singular: ele, ela
referência exata daquilo que está sendo colocado por 1.ª pessoa do plural: nós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 2.ª pessoa do plural: vós
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
mais pronomes têm por função principal apontar para as
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- Esses pronomes não costumam ser usados como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude complementos verbais na língua-padrão. Frases como
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
ma específica para cada pessoa do discurso. até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que formal, devem ser usados os pronomes oblíquos corres-
fala] pondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trou-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? xeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem formas verbais marcam, através de suas desinências, as
se fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- B) Pronome Oblíquo
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
rência através do pronome seja coerente em termos de sentença, exerce a função de complemento verbal
gênero e número (fenômeno da concordância) com o (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no jeto indireto)
enunciado.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da Observação:
nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
cia adequada] me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
cia adequada] marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
cordância inadequada] variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
suem, podendo ser átonos ou tônicos.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. B.1 Pronome Oblíquo Átono

Pronomes Pessoais São chamados átonos os pronomes oblíquos que não


são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
São aqueles que substituem os substantivos, indican- nica fraca: Ele me deu um presente.
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou Lista dos pronomes oblíquos átonos
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 1.ª pessoa do singular (eu): me
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 2.ª pessoa do singular (tu): te
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 1.ª pessoa do plural (nós): nos
LÍNGUA PORTUGUESA

ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto 2.ª pessoa do plural (vós): vos
ou do caso oblíquo. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

A) Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
flores.

34
A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
especiais depois de certas terminações frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
verbais: de companhia: Ele carregava o documento consigo.
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou
-r, o pronome assume a forma lo, los, la A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
ou las, ao mesmo tempo que a terminação Ela veio até mim, mas nada falou.
verbal é suprimida. Por exemplo: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
2. Quando o verbo termina em som nasal, As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
o pronome assume as formas no, nos, na, por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
nas. Por exemplo: soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
viram + o: viram-no próprios, todos, ambos ou algum numeral.
repõe + os = repõe-nos Você terá de viajar com nós todos.
retém + a: retém-na Estávamos com vós outros quando chegaram as más
tem + as = tem-nas notícias.
Ele disse que iria com nós três.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
B.3 Pronome Reflexivo
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
a função de objeto indireto da oração. Possuem acen- sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
tuação tônica forte. a ação expressa pelo verbo.

Lista dos pronomes oblíquos tônicos: Lista dos pronomes reflexivos:


1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo lembro disso.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco lherme já se preparou.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
caso reto. com esta conquista.
As preposições essenciais introduzem sempre prono- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
forma: #FicaDica
Não há mais nada entre mim e ti. O pronome é reflexivo quando se refere
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. à mesma pessoa do pronome subjetivo
Não há nenhuma acusação contra mim. (sujeito): Eu me arrumei e saí.
Não vá sem mim. É pronome recíproco quando indica
reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
Há construções em que a preposição, apesar de sur- Olhamo-nos calados.
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma O “se” pode ser usado como palavra
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- expletiva ou partícula de realce, sem ser
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- rigorosamente necessária e sem função
LÍNGUA PORTUGUESA

nome, deverá ser do caso reto. sintática: Os exploradores riam-se de suas


Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. tentativas. / Será que eles se foram?
Não vá sem eu mandar.

A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”


está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
para mim!

35
C) Pronomes de Tratamento 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa-
pessoa. Alguns exemplos: mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais bo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe- teus cabelos. (errado)
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado e de Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso)
ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
universidades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- Pronomes Possessivos
nários de igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
de direito (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento (coisa possuída).
cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
singular)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- Número Pessoa Pronome
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- Singular Primeira Meu(s), minha(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a Singular Segunda Teu(s), tua(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
Singular Terceira Seu(s), sua(s)
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
ultraformal ou literária. Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
Observações:
Plural Terceira Seu(s), sua(s)
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Note que:
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este a que se refere; o gênero e o número concordam com o
encontro. objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito naquele momento difícil.
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli- Observações:
ca, agiu com propriedade.
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- obrigado, seu José.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
excelência que esse deputado supostamente tem posse. Podem ter outros empregos, como:
para poder ocupar o cargo que ocupa. A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita anos.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
LÍNGUA PORTUGUESA

possessivos e os pronomes oblíquos empregados lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- celência trouxe sua mensagem?
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
livros e anotações.

36
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais ou
oblíquos átonos assumem valor de possessivo:
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, Paulo], aquele [Palmeiras])
para que não ocorra redundância: Coloque tudo
nos respectivos lugares. Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
Pronomes Demonstrativos Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Invariáveis: isto, isso, aquilo.
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Também aparecem como pronomes demonstrativos:

A) Em relação ao espaço: • o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e


Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da indiquei.)
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu? • mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam
em gênero quando têm caráter reforçativo:
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
Eu mesma refiz os exercícios.
quem se fala:
Elas mesmas fizeram isso.
Aquele material não é nosso.
Eles próprios cozinharam.
Vejam aquele prédio!
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
• semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
• tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
rém relativamente próximo à época em que se situa a fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
pessoa que fala: à mencionada em primeiro lugar.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
remoto: deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Naquele tempo, os professores eram valorizados. que estava vendo. (no = naquilo)

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala- Pronomes Indefinidos


rá ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
falará: quantidade indeterminada.
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas
ortografia, concordância. recém-plantadas.
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
desejamos! forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
LÍNGUA PORTUGUESA

um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-


Este e aquele são empregados quando se quer fazer tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao cam-se em:
termo referido em primeiro lugar e este para o referido
por último:
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras])

37
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o Pronomes Relativos
lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, São aqueles que representam nomes já mencionados
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
Algo o incomoda? O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Quem avisa amigo é. um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um tros = oração subordinada adjetiva).
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
certa(s). tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
Cada povo tem seus costumes. que.
Certas pessoas exercem várias profissões. O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
nome demonstrativo o, a, os, as.
Note que: Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- expresso.
nomes indefinidos adjetivos: Quem casa, quer casa.

algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- Observe:


tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
quantas.
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
vários, várias.
Note que:
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.
O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
riáveis e invariáveis. Observe: seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vá- A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
rio, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, a qual)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, pou- quais)
cos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, ne- As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
nhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou- as quais)
tras, quantas.
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
nada, algo, cada. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
plural é feito em seu interior). coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in- minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) tia?).
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
LÍNGUA PORTUGUESA

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, za-se o qual / a qual)


cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
ou outra, etc. O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com
o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
Cada um escolheu o vinho desejado. quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero

38
e número); não se usa artigo depois deste pronome; Com quem andas?
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais. Qual seu nome?
Existem pessoas cujas ações são nobres. Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
(antecedente) (consequente)
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro- ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re- oblíquo quando desempenha função de complemento.
feriu-se a)
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante- 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e lhe ajudar.
tudo:
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Emprestei tantos quantos foram necessários. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
(antecedente) caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Ele fez tudo quanto havia falado. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
(antecedente) so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
precedido de preposição.
É um professor a quem muito devemos. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
(preposição) tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante- dos de preposição.
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada. A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou que eu estava fazendo.
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
vamos no exterior. mim o que eu estava fazendo.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


palavras:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
• como (= pelo qual) – desde que precedida das pa- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
lavras modo, maneira ou forma: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Não me parece correto o modo como você agiu sema- char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
na passada. – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
• quando (= em que) – desde que tenha como ante- literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
cedente um nome que dê ideia de tempo: CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Bons eram os tempos quando podíamos jogar Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
videogame. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. SITE
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. coes/morf/morf42.php>

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode Colocação Pronominal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
pronomes oblíquos átonos na frase.
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas


#FicaDica
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini- Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- função de complemento verbal (objeto). Por
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e isso, memorize:
variações), quanto (e variações). OBlíquo = OBjeto!

39
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- • Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas proposta fazendo-se de desentendida.
devem ser observadas na linguagem escrita.
Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: • Após verbo no particípio = pronome depois do
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Tenho me deliciado com a leitura!
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, Eu tenho me deliciado com a leitura!
jamais, etc.: Não se desespere! Eu me tenho deliciado com a leitura!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli- • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
quem tudo! nas locuções verbais:
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
esforçou. Vamos nos unir!
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a Iremos nos manifestar.
oportunidade.
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. • Quando há um fator para próclise nos tempos
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
Quem lhe disse isso? do pronome oblíquo “solto” entre os verbos =
• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan- Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos
to se ofendem! preocupar”).
• Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Que Deus o ajude. Emprego de o, a, os, as
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
material amanhã. / Tu sabes cantar? os pronomes: o, a, os, as não se alteram.

Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do Chame-o agora.


verbo. A mesóclise é usada: Deixei-a mais tranquila.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam • Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
prol da paz no mundo. (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma • Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
ria. Veja: Não se realizará... para no, na, nos, nas.
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem. Chamem-no agora.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- Põe-na sobre a mesa.
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
nharia nessa viagem).
#FicaDica
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não significa “antes”! Pronome antes do verbo!
forem possíveis: Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
(end, em Inglês – que significa “fim, final!).
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: Pronome depois do verbo!
Quando eu avisar, silenciem-se todos. Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: verbo
Não era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
LÍNGUA PORTUGUESA

se inicia período com pronome oblíquo). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Vou-me embora agora mesmo. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Levanto-me às 6h. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo char - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
no concurso, mudo-me hoje mesmo! – São Paulo: Saraiva, 2010.

40
SITE Observação:

Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- Os substantivos concretos designam seres do mundo


matica/colocacao-pronominal-.html> real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
9. SUBSTANTIVO Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- fantasma.
veis, as quais denominam todos os seres que existem,
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
fenômenos, os substantivos também nomeiam: res que dependem de outros para se manifestarem
ou existirem. Por exemplo: a beleza não existe por
• lugares: Alemanha, Portugal si só, não pode ser observada. Só podemos obser-
• sentimentos: amor, saudade var a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela.
• estados: alegria, tristeza A beleza depende de outro ser para se manifes-
• qualidades: honestidade, sinceridade tar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
• ações: corrida, pescaria abstrato.

Morfossintaxe do substantivo Os substantivos abstratos designam estados, quali-


dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di- (sentimento).
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do • Substantivos Coletivos
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de outra abelha, mais outra abelha.
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem- Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
penhadas por grupos de palavras. Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

Classificação dos Substantivos Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
A) Substantivos Comuns e Próprios mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
Observe a definição: tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
de seres da mesma espécie (abelhas).
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
cidade (em oposição aos bairros). Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada res da mesma espécie.
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
tivo comum. Substantivo coletivo Conjunto de:
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de assembleia pessoas reunidas
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, alcateia lobos
homem, mulher, país, cachorro.
acervo livros
Estamos voando para Barcelona.
trechos literários
antologia
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da selecionados
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – arquipélago ilhas
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
banda músicos
LÍNGUA PORTUGUESA

forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.


desordeiros ou
bando
B) Substantivos Concretos e Abstratos malfeitores
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa banca examinadores
o ser que existe, independentemente de outros
seres. batalhão soldados
cardume peixes

41
caravana viajantes peregrinos Formação dos Substantivos

cacho frutas A) Substantivos Simples e Compostos


cancioneiro canções, poesias líricas Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra.
colmeia abelhas
O substantivo chuva é formado por um único ele-
concílio bispos mento ou radical. É um substantivo simples.
congresso parlamentares, cientistas
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
atores de uma peça ou
elenco único elemento.
filme
esquadra navios de guerra Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
enxoval roupas Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é
falange soldados, anjos composto.
fauna animais de uma região
feixe lenha, capim A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor,
flora vegetais de uma região passatempo.
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício B) Substantivos Primitivos e Derivados
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
horda bandidos, invasores de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa.
médicos, bois, credores, O substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se
junta originou a partir da palavra limão.
examinadores
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina
júri jurados
de outra palavra.
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas Flexão dos substantivos
malfeitores ou
malta O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
desordeiros
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
manada búfalos, bois, elefantes, exemplo, pode sofrer variações para indicar:
matilha cães de raça Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
meninão / Diminutivo: menininho
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral A) Flexão de Gênero
insetos (gafanhotos, Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
nuvem vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
mosquitos, etc.)
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
penca bananas, chaves a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
pinacoteca pinturas, quadros “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
quadrilha ladrões, bandidos Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
ramalhete flores vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
rebanho ovelhas Veja estes títulos de filmes:
peças teatrais, obras O velho e o mar
repertório Um Natal inesquecível
musicais
Os reis da praia
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
revoada pássaros
sínodo párocos A história sem fim
Uma cidade sem passado
LÍNGUA PORTUGUESA

talha lenha
As tartarugas ninjas
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
vara porcos
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita

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2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em: Epicenos:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho” Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
macho e o jacaré fêmea. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- forma para indicar o masculino e o feminino.
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
indivíduo. ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in- chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
palavras macho e fêmea.
a artista.

Substantivos de origem grega terminados em ema A cobra macho picou o marinheiro.


ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
sintoma, o teorema.
Sobrecomuns:
• Existem certos substantivos que, variando de gê-
nero, variam em seu significado: Entregue as crianças à natureza.
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o ca-
beça (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
(dinheiro) e a capital (cidade); o coma (sono mór- masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
bido) e a coma (cabeleira, juba); o lente (professor) nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
e a lente (vidro de aumento); o moral (estado de ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
espírito) e a moral (ética; conclusão); o praça (sol-
dado raso) e a praça (área pública); o rádio (apare- A criança chorona chamava-se João.
lho receptor) e a rádio (estação emissora). A criança chorona chamava-se Maria.

Formação do Feminino dos Substantivos Biformes Outros substantivos sobrecomuns:


a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno criatura.
- aluna. o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu
• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa Comuns de Dois Gêneros:
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
de três formas: Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
- sultana se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
• Substantivos terminados em -or: um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
repórter francês - repórter francesa
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: acentuada preferência pelo masculino: O menino desco-
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
poetisa / duque - duquesa / conde - condessa /
LÍNGUA PORTUGUESA

profeta - profetisa Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:


• Substantivos que formam o feminino trocando o O problema está nas mulheres de mais idade, que não
-e final por -a: elefante - elefanta aceitam a personagem.
• Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
• Substantivos que formam o feminino de maneira fotográfico Ana Belmonte.
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
anteriores: czar – czarina, réu - ré

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Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Plural dos Substantivos Simples
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
proclama, o pernoite, o púbis. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, – ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a Exceção: cânon - cânones.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
São geralmente masculinos os substantivos de ori- em “ns”: homem - homens.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- Atenção:
coma, o hematoma.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. O plural de caráter é caracteres.

Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro -se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
gre. / Uma Londres imensa e triste. cônsul e cônsules.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Muitos substantivos têm uma significação no mascu- 2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
lino e outra no feminino. Observe:
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os Observação:
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas- A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a duas maneiras:
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca- 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe de três maneiras.
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), Observação:
o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a dois – e até três – plurais:
pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos a n c i ã o
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador), – anciões/anciães/anciãos
a voga (moda). charlatão – charlatões/charlatães corrimão
– corrimãos/corrimões
B) Flexão de Número do Substantivo guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/
Em português, há dois números gramaticais: o singu- vilões/vilães
LÍNGUA PORTUGUESA

lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,


que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
rística do plural é o “s” final. o látex - os látex.

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Plural dos Substantivos Compostos Plural das Palavras Substantivadas

A formação do plural dos substantivos compostos As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
depende da forma como são grafados, do tipo de pa- classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
lavras que formam o composto e da relação que esta- tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
comportam-se como os substantivos simples: aguar- Pese bem os prós e os contras.
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, O aluno errou na prova dos noves.
malmequer/malmequeres. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas Observação:
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
de: tos seis e alguns dez.
substantivo + substantivo = couve-flor e
couves-flores Plural dos Diminutivos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e
amores-perfeitos Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
adjetivo + substantivo = gentil-homem e nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e pãe(s) + zinhos = pãezinhos
quintas-feiras
animai(s) + zinhos = animaizinhos
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando botõe(s) + zinhos = botõezinhos
formados de:
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
verbo + substantivo = guarda-roupa e
guarda-roupas farói(s) + zinhos = faroizinhos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante tren(s) + zinhos = trenzinhos
e alto-falantes
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e
reco-recos flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
formados de: papéi(s) + zinhos = papeizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
água-de-colônia e águas-de-colônia funi(s) + zinhos = funizinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo =
cavalo-vapor e cavalos-vapor túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + substantivo que funciona como de- pai(s) + zinhos = paizinhos
terminante do primeiro, ou seja, especifica a função pé(s) + zinhos = pezinhos
ou o tipo do termo anterior: palavra-chave - pala-
vras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, ho- pé(s) + zitos = pezitos
mem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
Plural dos Nomes Próprios Personativos
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sempre que a terminação preste-se à flexão.
saca-rolhas
Os Napoleões também são derrotados.
Casos Especiais As Raquéis e Esteres.

Plural dos Substantivos Estrangeiros


o louva-a-deus e os louva-a-deus
o bem-te-vi e os bem-te-vis Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
LÍNGUA PORTUGUESA

o bem-me-quer e os bem-me-queres escritos como na língua original, acrescentando-se “s”


(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
o joão-ninguém e os joões-ninguém. shorts, os jazz.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.

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Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
joga. jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
Plural com Mudança de Timbre
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
Certos substantivos formam o plural com mudança nho do ser. Pode ser:
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Singular Plural Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Corpo (ô) Corpos (ó) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Esforço Esforços
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Fogo Fogos
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Forno Fornos CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Fosso Fossos char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Imposto Impostos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Olho Olhos Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Osso (ô) Ossos (ó) Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
Ovo Ovos
Poço Poços SITE
Porto Portos
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Posto Postos coes/morf/morf12.php>
Tijolo Tijolos
10. VERBO
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
etc. tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
Observação: é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Estrutura das Formas Verbais
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, os seguintes elementos:
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). -ava; fal-am. (radical fal-)
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro. indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas exemplo: fala-r. São três as conjugações:
improvisadas.
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
C) Flexão de Grau do Substantivo - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Classifica-se em:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside- vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
rado normal. Por exemplo: casa
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama- D) Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
nho do ser. Classifica-se em: signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o nú-
mero (singular ou plural):

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falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- Observação:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
FIQUE ATENTO! corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
O verbo pôr, assim como seus derivados ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª permanece inalterado.
conjugação, pois a forma arcaica do verbo
pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
desaparecido do infinitivo, revela-se em jugação completa. Os principais são adequar, pre-
algumas formas do verbo: põe, pões, caver, computar, reaver, abolir, falir.
põem, etc. D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são:
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Existiam)
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)

Classificação dos Verbos Faz invernos rigorosos na Europa.


Era primavera quando o conheci.
Classificam-se em: Estava frio naquele dia.

A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
inalterado durante a conjugação e desinências reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
Modo Indicativo: impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
Canto Falo conjugação completa.
Cantas Falas Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Canta Falas Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Cantamos Falamos Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Cantais Falais 4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo: Já passa das seis.
#FicaDica 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência:
Observe que, retirando os radicais, as
desinências modo-temporal e número- Basta de tolices.
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer Chega de promessas.
com outro verbo e perceberá que se repetirá
o fato (desde que o verbo seja da primeira 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
conjugação e regular!). Faça com o verbo Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
“andar”, por exemplo. Substitua o radical referência a sujeito expresso anteriormente (por
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
andar). Viu? Fácil! classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
LÍNGUA PORTUGUESA

tais verbos, pessoais.


7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera- de “ser possível”. Por exemplo:
ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
fizesse. Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

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E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con- Murchar Murchado Murcho
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar, Pegar Pegado Pego
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que Romper Rompido Roto
indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
Soltar Soltado Solto
latir, piar).
Suspender Suspendido Suspenso
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver- Tingir Tingido Tinto
bos pessoais na linguagem figurada:
Vagar Vagado Vago
Teu irmão amadureceu bastante.
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o
O que é que aquela garota está cacarejando?
particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
Principais verbos unipessoais:
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um
• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
radical em sua conjugação. Existem apenas dois:
ser (preciso, necessário):
ser (sou, sois, fui) e ir (fui, ia, vades).
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação
bastante)
dos tempos compostos e das locuções verbais. O
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
verbo principal (aquele que exprime a ideia funda-
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
mental, mais importante), quando acompanhado
de verbo auxiliar, é expresso numa das formas no-
• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, se-
minais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
guidos da conjunção que.
Vou espantar todos!
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
Está chegando a hora!
vejo. (Sujeito: que não a vejo)
(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
mais formas equivalentes, geralmente no particí-
pio, em que, além das formas regulares terminadas
em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas cur-
tas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o
irregular é empregado na voz passiva, ou seja, com
os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Particípio Particípio
Infinitivo
Regular Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
LÍNGUA PORTUGUESA

Inserir Inserido Inserto


Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto

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Observação:

Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

P r e t . Fut. do
Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
mais-que-perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles
LÍNGUA PORTUGUESA

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ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

50
HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a re-
flexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
LÍNGUA PORTUGUESA

pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.

A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

51
Há verbos que também são acompanhados de pro- Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmen- em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
te pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas.
Por exemplo: Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis-
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
futebol.
Modos Verbais 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa-
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadei- da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
ro. Existem três modos: momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
estudo para o concurso. “verificarei” ou “vou verificar”.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. C) Particípio: quando não é empregado na formação
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estu- dos tempos compostos, o particípio indica, geral-
de, colega! mente, o resultado de uma ação terminada, flexio-
nando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Formas Nominais Terminados os exames, os candidatos saíram.

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- Quando o particípio exprime somente estado, sem
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
nominais. Observe: pela turma.

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:

Viver é lutar. (= vida é luta)


É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Tempos Verbais
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por Tomando-se como referência o momento em que se
exemplo: fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diver-
É preciso ler este livro. sos tempos.
Era preciso ter lido este livro.
A) Tempos do Modo Indicativo
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singu- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
lar, não apresenta desinências, assumindo a mesma for- colégio.
ma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
maneira: num momento anterior ao atual, mas que não foi com-
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) pletamente terminado: Ele estudava as lições quando foi
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) interrompido.
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) momento anterior ao atual e que foi totalmente termina-
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. do: Ele estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjeti-
LÍNGUA PORTUGUESA

ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara


vo ou advérbio. Por exemplo: as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
advérbio) atual: Ele estudará as lições amanhã.
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.

52
B) Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte •
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S


cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

53
Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantES vendAS partAS E A S


cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

54
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto - Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
LÍNGUA PORTUGUESA

Ele canta Cante você Que ele cante


Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

55
Imperativo Negativo SITE

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar Disponível em: http://www.soportugues.com.br/se-


a negação às formas do presente do subjuntivo. coes/morf/morf54.php

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Vozes do Verbo

Que eu cante Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta


• a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indi-
Que tu cantes Não cantes tu cando se este é paciente ou agente da ação. Importante
lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal.
Que ele cante Não cante você São três as vozes verbais:
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
ação expressa pelo verbo:
Que eles cantem Não cantem eles
Ele fez o trabalho.
• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª sujeito agente ação objeto (paciente)
pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois
uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa ação expressa pelo verbo:
razão, utiliza-se você/vocês.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: O trabalho foi feito por ele.
sê (tu), sede (vós). sujeito paciente ação agente da passiva

Infinitivo Pessoal C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,


agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
O menino feriu-se.
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
#FicaDica
cantarES venderES partirES
cantar vender partir Não confundir o emprego reflexivo do verbo
com a noção de reciprocidade:
cantarMOS venderMOS partirMOS Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
cantarDES venderDES partirDES Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantarEM venderEM partirEM
Formação da Voz Passiva
• O verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução
A voz passiva pode ser formada por dois processos:
verbal)
analítico e sintético.
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito ora-
cional, correspondendo à construção: parece gostarem
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
de você).
maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
• O verbo pegar possui dois particípios (regular e
exemplo:
irregular):
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
Elvis tinha pegado minhas apostilas.
os alunos pintarão a escola)
Minhas apostilas foram pegas.
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Observações:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
• O agente da passiva geralmente é acompanhado
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

da preposição por, mas pode ocorrer a construção


CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
cercada de soldados.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
• Pode acontecer de o agente da passiva não estar
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras:
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi-
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a
transformação das frases seguintes:

56
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
ativa) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do – São Paulo: Saraiva, 2010.
indicativo) AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) SITE

• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as- Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
sume o mesmo tempo e modo do verbo princi- coes/morf/morf54.php>
pal da voz ativa. Observe a transformação da frase
seguinte:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - – CESGRANRIO-2018)
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por O ano da esperança
exemplo:
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos
Abriram-se as inscrições para o concurso. desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
Destruiu-se o velho prédio da escola. do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei-
Observação: ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a
consciência de que era uma doação. A situação foi pio-
O agente não costuma vir expresso na voz passiva rando. Os argumentos também. No início era para pagar
sintética. a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so-
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações,
substancialmente o sentido da frase. remédios. A situação piorando, eu já estava encomen-
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico,
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen-
Sujeito da Ativa objeto Direto te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu
A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz não ajudava mais.
Passiva) Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita
Sujeito da Passiva Agente da Passiva de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei-
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
tempo. também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
Os mestres têm constantemente aconselhado os pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
alunos. indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
los mestres.
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur-
Eu o acompanharei.
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
Ele será acompanhado por mim.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
LÍNGUA PORTUGUESA

consciência para votar. Como? Num mundo em que as


Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre-
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso
paciente ou agente paciente. ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama.

57
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da 3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
internet. TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se substituíssemos
Duvidam. Acham que estou mentindo. os complementos dos verbos abaixo por pronomes pes-
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. soais oblíquos enclíticos, a única forma INADEQUADA
2017, p.97. Adaptado. seria:
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
do pronome átono em destaque está de acordo com a a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;
norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre b) entender os debates / entendê-los;
em: c) ganha destaque / ganha-o;
d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo. e) marcaram sua história / marcaram-na.
b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se. Resposta: Letra D
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz. Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a =
correta
Resposta: Letra A Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o pro- Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo =
nome = próclise) supõe-no
Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:
perder-se-ia (mesóclise) Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = ti-
nham se perdido 4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com prono- VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
me oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se) a colocação pronominal, a expressão em destaque no
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o trecho – ... que cercam o sentido da existência huma-
pronome (próclise): que se perdeu na... – está corretamente substituída pelo pronome, de
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- alternativa:
GRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-pa-
drão da língua portuguesa, o pronome destacado foi a) ... que cercam-lo...
utilizado na posição correta em: b) ... que cercam-no...
c) ... que o cercam...
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se d) ... que lhe cercam...
para combater a disseminação de notícias falsas nas e) ... que cercam-lhe...
redes sociais.
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sem- Resposta: Letra C
pre deve-se ter em mente que o problema de divulga-
ção de notícias falsas é grave e muito atual. Correções à frente:
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
um sentimento generalizado de reprovação à prática o cercam)
de divulgação de inverdades. Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale- reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me- presença, teremos próclise, não ênclise)
nos de 2 milhões de membros. Em “c”: que o cercam = correta
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
à reputação das celebridades. a ele/ela)
Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
Resposta: Letra C
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países mobi- Considerando apenas as regras de regência e de coloca-
lizam-se = se mobilizam ção pronominal da norma-padrão da língua portuguesa,
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boa- a expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam
LÍNGUA PORTUGUESA

tos, sempre deve-se = sempre se deve que raramente ou nunca têm informações sobre o im-
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, cons- pacto ambiental do produto ou do comportamento da
tata-se um sentimento = correta empresa. – pode ser corretamente substituída por
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada
na Alemanha não aplica-se = não se aplica a) ... nunca informam-se sob o impacto...
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo b) ... nunca se informam o impacto...
mais eficaz para que adote-se = que se adote c) ... nunca informam-se ao impacto...

58
d) ... nunca se informam do impacto... 8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO -
e) ... nunca informam-se no impacto... ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016)
Resposta: Letra D
... para quem Manoel de Barros era comparável a São
Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome, Francisco de Assis...
teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora
vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
algo = precisa de preposição. A alternativa que tem frase acima está em:
preposição presente é a D (do = de+o). Teremos: nun-
ca se informam do impacto. a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – espaço...
VUNESP-2013) Considerando a substituição da expres- c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
são em destaque por um pronome e as normas da co- Charles Baudelaire.
locação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
… – equivale, na norma-padrão da língua, a: ros na literatura...
e) ... para depois casá-las...
a) que abrem-a.
b) que abrem-na. Resposta: Letra A
c) que a abrem.
d) que lhe abrem. “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
e) que abrem-lhe. vo. Procuremos nos itens:
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
Resposta: Letra C Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do
Indicativo
Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, en- Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
tão teremos que + pronome. Resta-nos identificar se to do Indicativo
o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). Vol- Em “d”, Quase meio século separa = presente do
temos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre o Indicativo
quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
a abrem. elas)

7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO ESPE- 9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO
CIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO TRABA- – FCC-2016)
LHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à
constatação de que todo perfil de rede social é um retrato Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
ideal de nós mesmos. O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- sublinhado acima está também sublinhado em:
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
substituído por: a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
amas...
a) ademais. b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
b) conquanto. c) ... país que transformou a infância numa bilionária in-
c) porquanto. dústria de consumo...
d) entretanto. d) E, mesmo que se esforcem muito...
e) apesar. e) Hoje há algo novo nesse cenário.

Resposta: Letra D Resposta: Letra D

Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- que nos ajude = presente do Subjuntivo
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
classificação, para que se mantenha a ideia do perío- Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
do. A correta é entretanto. bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do
LÍNGUA PORTUGUESA

Indicativo
Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
Indicativo

59
10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC- Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo Indicativo
com a norma culta na seguinte frase: Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
= presente do Indicativo
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
não poderia receber qualquer tipo de retificação. Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = pre-
b) Os documentos com assinatura digital disporam de sente do Indicativo
algoritmos de criptografia que os protegeram.
c) Arquivados eletronicamente, os documentos pode- 12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL
ram contar com a proteção de uma assinatura digital. – VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a pala-
d) Quem se propor a alterar um documento criptografa- vra em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos
do deve saber que comprometerá sua integridade. (palavra que qualifica um substantivo).
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos. a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de
eutanásia...
Resposta: Letra E b) ... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua auten- a morte.
ticidade, o documento não poderia receber qualquer d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
tipo de retificação. e) E como seria a verdadeira boa morte?
Em “b”, Os documentos com assinatura digital dispo-
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os Resposta: Letra E
protegeram.
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos Em “a”, Existe grande confusão = substantivo
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a mor-
poderam (puderam) contar com a proteção de uma
te = pronome
assinatura digital.
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
distanciar a morte = substantivo
mento criptografado deve saber que comprometerá
Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
sua integridade.
Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? =
Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie-
adjetivo
rem sem comprometer a integridade dos documentos
= correta 13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
as seguintes frases:
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com


que o cérebro humano não considere útil gravar esses
dados...
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
-número de informações.
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
que morou quando era criança?
Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu-
(acesso: 03/03/2010)
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky...
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “oposição”, da charge, é classificada morfolo-


Resposta: Letra D
gicamente como:
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- a) Substantivo concreto.
vo (expressam ordem). Vamos aos itens: b) Substantivo abstrato.
c) Substantivo coletivo.
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos d) Substantivo próprio.
fazem = presente do Indicativo e) Adjetivo.

60
Resposta: Letra B Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
O termo “oposição” é classificado – morfologicamente tido completo. O período pode ser simples ou composto.
– como substantivo abstrato, pois não existe por si só
– depende de outro ser para “se concretizar”. Período simples é aquele constituído por apenas
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.

Chove.

A existência é frágil.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. Período composto é aquele constituído por duas ou
RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE mais orações:
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.

Termos da Oração
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para para a formação das orações. No entanto, existem ora-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga- define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter-
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove- mo que estabelece concordância com o verbo.
jou muito ontem à noite. O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
partir de seu sentido global: no singular: candidato = está).
A função do sujeito é basicamente desempenhada
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem por substantivos, o que a torna uma função substantiva
formula uma pergunta: Que dia é hoje? da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
faz um pedido: Dê-me uma luz! pria) também podem exercer a função de sujeito.
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo,
tado afetivo: Que dia abençoado! substantivo)
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
sujeito e predicado. do sujeito.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara Um sujeito é determinado quando é facilmente
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
parte da frase que contém “a informação nova para o ou- nado pode ser simples ou composto.
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. possível identificar claramente a que se refere a concor-
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
LÍNGUA PORTUGUESA

estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos Estão gritando seu nome lá fora.
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- Trabalha-se demais neste lugar.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
de ligação): O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
(predicado verbal) plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
Nós estudaremso juntos.
cleo é “fácil” (predicado nominal)

61
A humanidade é frágil. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
Ninguém se move. dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) pais casos de orações sem sujeito com:
As crianças precisam de alimentos saudáveis. • os verbos que indicam fenômenos da natureza:
O sujeito composto é o sujeito determinado que Amanheceu.
apresenta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro. Está trovejando.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. • os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a tempo em geral:
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Está tarde.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Já são dez horas.
pela desinência verbal ou pelo contexto. Faz frio nesta época do ano.
Há muitos concursos com inscrições abertas.
Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu) Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
pronomes não estejam explícitos. ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci- difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
to na desinência verbal “-mos”
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- Chove muito nesta época do ano.
sinência verbal “-ais” Houve problemas na reunião.

Mas: Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-


cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós objeto direto.
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
As questões estavam fáceis!
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Sujeito simples = as questões
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Predicado = estavam fáceis
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
contrário, teríamos uma oração sem sujeito. Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Sujeito = uma ideia estranha
nado de duas maneiras: Predicado = passou-me pelo pensamento

A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o Para o estudo do predicado, é necessário verificar
sujeito não tenha sido identificado anteriormente: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
Bateram à porta; nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
Andam espalhando boatos a respeito da queda do siderar também se as palavras que formam o predicado
ministro. referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
oração.
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
ou composto: de opinião.
Os meninos bateram à porta. (simples) Predicado
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
O predicado acima apresenta apenas uma palavra
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- ligam direta ou indiretamente ao verbo.
ca dos verbos que não apresentam complemento A cidade está deserta.
direto:
Precisa-se de mentes criativas. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
LÍNGUA PORTUGUESA

Vivia-se bem naqueles tempos. -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
Trata-se de casos delicados. elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
Sempre se está sujeito a erros. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
predicativo do sujeito).
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
de indeterminação do sujeito. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:

62
Chove muito nesta época do ano. A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Estudei muito hoje! muns referentes a pessoas:
Compraste a apostila?
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
processos. na-se: objeto direto preposicionado)

O predicado nominal é aquele que tem como nú- B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo cansar a Vossa Senhoria.
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
ligação). prejudica a crise)
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
do sujeito: Os dados parecem corretos. Gosto de música popular brasileira.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, Necessito de ajuda.
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele Objeto Pleonástico
relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
um adjetivo ou substantivo. Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
nificativo, indicando processos. É também sempre por ves Dias)
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
o termo a que se refere. objeto pleonástico
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes.
Ao traidor, nada lhe devemos.
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de O termo que integra o sentido de um nome chama-se
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: complemento nominal, que se liga ao nome que com-
um verbal e outro nominal. pleta por intermédio de preposição:
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
vra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
complemento homens com o predicativo “inconstantes”. Termos acessórios da oração e vocativo
Termos integrantes da oração Os termos acessórios recebem este nome por serem
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
Os complementos verbais (objeto direto e indire- junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
to) e o complemento nominal são chamados termos – este, sem relação sintática com outros temos da oração.
integrantes da oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com- sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
plementos diretamente, sem a presença de preposição, adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
ou indiretamente, por intermédio de preposição. exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
LÍNGUA PORTUGUESA

a pé àquela velha praça.


O objeto direto é o complemento que se liga direta-
mente ao verbo. O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
Houve muita confusão na partida final. ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
Queremos sua ajuda. que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente: numerais e os pronomes adjetivos.

63
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
amigo de infância. entre as orações de um período composto: uma relação
de coordenação ou uma relação de subordinação.
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- Duas orações são coordenadas quando estão juntas
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
verbo. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta português deixou uma obra originalíssima. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta deixou-a. (Período Composto)
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
adjunto adnominal) Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada.
1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta deixou-a inacabada.
2. Irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
do objeto)
Separando as duas, vemos que elas são independen-
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um tes. Tal período é classificado como Período Composto
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se por Coordenação.
relaciona apenas ao substantivo. Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Sindéticas.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se- A) Coordenadas Assindéticas
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. São orações coordenadas entre si e que não são li-
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao justapostas.
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se- Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu B) Coordenadas Sindéticas
valor na oração, em: Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
com o mundo. co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas explicativas.
coisas: amor, arte, ação.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so- Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
nho, tudo forma o carnaval.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, • Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
principais conjunções são: e, nem, não só... mas
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
também, não só... como, assim... como.
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- Comprei o protetor solar e fui à praia.
tantivadas esse papel na linguagem.
João, venha comigo! • Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
Traga-me doces, minha menina! suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
Períodos Compostos senão.

Período Composto por Coordenação Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
O período composto se caracteriza por possuir mais
de uma oração em sua composição. Sendo assim: • Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
LÍNGUA PORTUGUESA

oração) quer; seja...seja.


Estou comprando um protetor solar, depois irei à Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
orações) • Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
orações). posto ao verbo).

64
Passei no concurso, portanto comemorarei! Não sabemos quando ele virá.
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Oração Subordinada Substantiva

• Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas Classificação das Orações Subordinadas


principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, Substantivas
na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Conforme a função que exerce no período, a oração
Não fui à praia, pois queria descansar durante o subordinada substantiva pode ser:
Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal:
Período Composto Por Subordinação
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Quero que você seja aprovado! Sujeito
Oração principal oração subordinada
É fundamental que você compareça à reunião.
Observe que na oração subordinada temos o verbo Oração Principal Oração Subordinada Substan-
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu- tiva Subjetiva
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo FIQUE ATENTO!
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas Observe que a oração subordinada
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou substantiva pode ser substituída pelo
explícitas. pronome “isso”. Assim, temos um período
simples:
Podemos modificar o período acima. Veja: É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Quero ser aprovado. Desta forma, a oração correspondente a
Oração Principal Oração Subordinada “isso” exercerá a função de sujeito.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su- ção principal:
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora- • Verbos de ligação + predicativo, em construções
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É cer-
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou to - Parece certo - É claro - Está evidente - Está
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí- comprovado
citas (como no exemplo acima).
É bom que você compareça à minha festa.
Observação:
• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-
As orações reduzidas não são introduzidas por con- -se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual- anunciado, Ficou provado.
mente, introduzidas por preposição.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
A) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- • Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- - importar - ocorrer - acontecer
tegrante (que, se).
Convém que não se atrase na entrevista.
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva Observação:
Temos medo de que não sejamos aprovados. Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
LÍNGUA PORTUGUESA

Oração Subordinada Substantiva va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam- do singular.
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
onde, como). do verbo da oração principal:
O garoto perguntou qual seu nome. Todos querem sua aprovação no concurso.
Oração Subordinada Substantiva Objeto Direto

65
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem Nosso desejo era sua desistência.
isso) Predicativo do Sujeito
Oração Principal Oração Subordinada
Substantiva Objetiva Direta Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso de-
sejo era isso)
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- Oração Subordinada Substantiva Predicativa
tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum
• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e termo da oração principal.
“se”: A professora verificou se os alunos estavam
presentes. Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às Aposto
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
do carro importado. Oração subordinada substantiva apositiva reduzida
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às de infinitivo
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. (Fernanda tinha um grande sonho: isso)

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. B) Orações Subordinadas Adjetivas

Meu pai insiste em meu estudo. Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
Objeto Indireto sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Esta foi uma redação bem-sucedida.
Objetiva Indireta Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

Observação: O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-


tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
oração. papel:
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Esta foi uma redação que fez sucesso.
Objetiva Indireta Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

4. Completiva Nominal = completa um nome que Perceba que a conexão entre a oração subordinada
pertence à oração principal e também vem marca- adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
da por preposição. feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
Sentimos orgulho de seu comportamento. nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
Complemento Nominal o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= ciona como sujeito).
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva Completiva
Nominal FIQUE ATENTO!
As orações subordinadas substantivas objetivas in- Vale lembrar um recurso didático para
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que reconhecer o pronome relativo “que”: ele
orações subordinadas substantivas completivas nominais sempre pode ser substituído por: o qual -
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da a qual - os quais - as quais
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
LÍNGUA PORTUGUESA

tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o o qual estuda.
segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-


jeito do verbo da oração principal e vem sempre
depois do verbo ser.

66
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati-
Quando são introduzidas por um pronome relativo e vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- C) Orações Subordinadas Adverbiais
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad- Uma oração subordinada adverbial é aquela que
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
gerúndio ou particípio). desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
a introduz (assim como acontece com as coordenadas
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- sindéticas).
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- Oração Subordinada Adverbial
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
me relativo e seu verbo está no infinitivo. A oração em destaque agrega uma circunstância de
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
acessórios que indicam uma circunstância referente, via
Na relação que estabelecem com o termo que carac- de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
bial depende da exata compreensão da circunstância que
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
exprime.
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
minha vida.
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
minha vida.
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
-se subordinadas adjetivas explicativas. “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
Exemplo 1: subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
passava naquele momento. indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
No período acima, observe que a oração em desta- nha vida.
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
le momento. uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação:

O homem, que se considera racional, muitas vezes A classificação das orações subordinadas adverbiais
age animalescamente. é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
LÍNGUA PORTUGUESA

explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-


ceito de “homem”. A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
Saiba que: vo do que se declara na oração principal. Principal
conjunção subordinativa causal: porque. Outras
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- conjunções e locuções causais: como (sempre in-
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, troduzido na oração anteposta à oração principal),
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.

67
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
forte. irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
Já que você não vai, eu também não vou. A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
concessiva.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a Observe outros exemplos:
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- Embora fizesse calor, levei agasalho.
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
qual ela se subordina. Repare:
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
1. Faltei à aula porque estava doente. comparativas estabelecem uma comparação com
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. a ação indicada pelo verbo da oração principal.
Principal conjunção subordinativa comparativa:
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) como.
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois, Você age como criança. (age como uma criança age)
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram
vermelhos. • geralmente há omissão do verbo.

B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou


cia, é efeito do que se declara na oração principal. seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, para a execução do que se declara na oração prin-
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
valor de conforme).
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
concretizando-os.
direitos iguais.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
zida de Infinitivo) G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
se declara na oração principal. Principal conjunção
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
como necessário para a realização ou não de um nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- tiva para que.
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
na oração principal. Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Principal conjunção subordinativa condicional: se. H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, principal. Principal locução conjuntiva subordina-
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
certamente o melhor time será campeão. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Caso você saia, convide-me. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
da oração principal, isto é, admitem uma contra- (mais), quanto menos...(menos).
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces-
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra À proporção que estudávamos mais questões
de expectativa. Principal conjunção subordinativa acertávamos.
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun- À medida que lia mais culto ficava.
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
LÍNGUA PORTUGUESA

sar de que. expresso na oração principal, podendo exprimir


noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
Só irei se ele for. rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
A oração acima expressa uma condição: o fato de poral: quando. Outras conjunções subordinativas
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
Compare agora com: assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
Irei mesmo que ele não vá. depois que, sempre que, desde que, etc.

68
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. Resposta: Letra C
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) Em “c”: que relembremos este dia;
Em “d”: que relembrássemos este dia;
Orações Reduzidas Em uma oração desenvolvida há a presença de con-
junção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer a
As orações subordinadas podem vir expressas como correlação verbal com o período da oração reduzida
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas (o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom relem-
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- brar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia seja
tivo subordinativo que as introduza. bom que relembremos este dia.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
sença do conectivo) LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja, foi usada
para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam oração reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvi-
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. da, a forma adequada seria:
É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo a) para a criação de uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração subordinada subs- b) para que se criasse uma desigualdade social;
tantiva subjetiva c) para que se crie uma desigualdade social;
d) para a criatividade de uma desigualdade social;
Orações Intercaladas e) para criarem uma desigualdade social.

São orações independentes encaixadas na sequên- Resposta: Letra B


cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um
Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou
Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
travessões.
Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A dife-
Nós – continuava o relator – já abordamos este
rença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi usada
assunto.
para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse uma
desigualdade social.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa – FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira orações desse período mantêm entre si a seguinte rela-
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – ção lógica:
São Paulo: Saraiva, 2002.
a) causa e consequência;
SITE b) informação e comprovação;
c) fato e exemplificação;
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ d) afirmação e explicação;
aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao> e) tese e argumentação.

Resposta: Letra A
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país de-
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) creta emergência = devido aos atentados (causa), o
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A país decretou emergência (consequência).
forma de oração desenvolvida adequada corresponden-
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATI-
te à oração sublinhada acima é:
VO – FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
a) relembrarmos este dia;
Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode
b) a relembrança deste dia;
LÍNGUA PORTUGUESA

ser adequadamente substituída pela seguinte oração


c) que relembremos este dia;
desenvolvida:
d) que relembrássemos este dia;
e) uma nova lembrança deste dia. a) para que se evitasse a abstenção;
b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) para que se evite a abstenção;
d) a fim de evitar-se a abstenção;
e) evitando-se a abstenção.

69
Resposta: Letra C c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da
oração por tratar-se de um termo essencial.
Em “a”: para que se evitasse a abstenção; d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um
Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada; termo acessório.
Em “c”: para que se evite a abstenção; e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para evi- termo acessório.
tar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com
as novas medidas para que se evite a abstenção”. Resposta: Letra B
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – A expressão destacada exerce a função de aposto –
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que uma informação a mais sobre o termo citado anterior-
o termo sublinhado funciona como sujeito. mente (no caso, Minas Gerais). É um termo acessório,
podendo ser retirado do período sem prejudicar a
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de
coerência.
excessos”.
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló-
gico para se aproveitar da crise”. 8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, me- MÁTICA – FCC-2014)
lhor, ...”.
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo uma sala...
funcionando”. O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. acima está em:

Resposta: Letra C a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-


ses nos últimos 20 anos ...
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto b) ... que deriva da informação.
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
-ideológico = objeto direto d) ... do que era nos anos 70.
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
pior, melhor = sujeito camisa.
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando
= objeto direto Resposta: Letra C
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito
“Ocupava uma sala” = transitivo direto
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI- Em “a”: A capacidade de computação duplicou = ver-
CIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que lhe bo intransitivo
daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para que Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre papel Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
coesivo, mas também sintático na oração. Assim, sintati- Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
camente, ele deve ser classificado como:
Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
intransitivo
a) adjunto adnominal.
9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
b) objeto direto.
c) complemento nominal. comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
d) objeto indireto. internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
e) predicativo. específica que coíba não somente os usos mas os abusos
deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
Resposta: Letra D as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do tex-
to, é correto afirmar que:
O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indire-
to): Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto = b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
a ele[a]) c) mostram diferentes funções sintáticas;
d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- sintática;
TRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota desde os e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
LÍNGUA PORTUGUESA

18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais,


sua terra natal...”, a expressão em destaque Resposta: Letra D

a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da “Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas,
oração por tratar-se de um termo essencial. os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da ora- falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba
ção por tratar-se de um termo acessório. não somente os usos mas os abusos deste importante

70
e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem ser
substituídos por “a qual”, portanto são pronomes re- EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
lativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º
inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o
2.º, adjetiva restritiva.
PONTUAÇÃO
10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as afirmações Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
apresentadas a seguir. servem para compor a coesão e a coerência textual, além
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva Um texto escrito adquire diferentes significados quando
explicativa. pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o dimi- depende, em certos momentos, da intenção do autor do
nutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua como discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
sujeito da locução verbal “ter surgido”. te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Principais funções dos sinais de pontuação
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração A) Ponto (.)
subordinada adverbial causal.
• Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
Estão corretas apenas as afirmativas cerrando o período.
• Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
a) I e II. panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
b) II e III. de período, este não receberá outro ponto; neste
c) III e IV. caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
d) I, II e IV. de período. Exemplo: Estudei português, matemá-
rica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
Resposta: Letra B • Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de reló- citação:
gio?”, a oração sublinhada é uma oração subordinada
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, Haverá eleições em outubro
continua com sentido, então é pronome relativo – pre- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
sente nas adjetivas, mas no período em questão te- leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
mos uma restritiva = incorreta
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o di- • Os números que identificam o ano não utilizam
minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
como sujeito da locução verbal “ter surgido” = correta como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração 17600-250.
sublinhada é uma oração subordinada substantiva ob-
jetiva direta = correta B) Ponto e Vírgula (;)
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração
destacada é uma oração subordinada adverbial causal • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
= adverbial condicional (“se”) = incorreta importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum es-
pírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
• Separa partes de frases que já estão separadas por
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
tros, montanhas, frio e cobertor.
• Separa itens de uma enumeração, exposição de
motivos, decreto de lei, etc.

Ir ao supermercado;
LÍNGUA PORTUGUESA

Pegar as crianças na escola;


Caminhada na praia;
Reunião com amigos.

71
C) Dois pontos (:) Usa-se a vírgula:

• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio 1. Para marcar intercalação:


Coutinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agra- A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. abundância, vem caindo de preço.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos.
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo Estão produzindo, todavia, altas quantidades de
a rotina de sempre. alimentos.
• Em frases de estilo direto C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
Maria perguntou: é, não querem abrir mão dos lucros altos.

• Por que você não toma uma decisão? 2. Para marcar inversão:

D) Ponto de Exclamação (!) A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-


ção): Depois das sete horas, todo o comércio está
• Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, de portas fechadas.
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca- B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
sar com você! pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
• Depois de interjeições ou vocativos C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo! 3. Para separar entre si elementos coordenados
(dispostos em enumeração):
E) Ponto de Interrogação (?)
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur animais.
Azevedo)
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
F) Reticências (...) remos comer pizza; e vocês, churrasco.
5. Para isolar:
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
pis, canetas, cadernos... A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero sileira, possui um trânsito caótico.
dizer... é verdad... Ah!” B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
mal... pega doutor? Observações:
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
xa, depois, o coração falar... Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
G) Vírgula (,) dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
Não se usa vírgula guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
futebol, lazer, etc.
Separando termos que, do ponto de vista sintático, As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
ligam-se diretamente entre si: binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!
1. Entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos. Temos, ainda, sinais distintivos:
Sujeito predicado
• a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
2. Entre o verbo e seus objetos: ração de siglas (IOF/UPC);
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
LÍNGUA PORTUGUESA

V.T.D.I. O.D. O.I. pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como pri-
meira opção aos parênteses, principalmente na
matemática;
• o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
um nome que não se quer mencionar.

72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. Texto 1
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Gue-
des escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e pre-
SITE videnciário brasileiros são politicamente anacrônicos,
economicamente desastrosos e socialmente perversos.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/ Arquitetados de início em sistemas políticos fechados
portugues/pontuacao/> (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra- Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos pro-
matica/uso-da-virgula.htm> gramas socialdemocratas, são hoje armas de destruição
em massa de empregos locais em meio à competição
global. Reduzem a competitividade das empresas, fabri-
cam desigualdades sociais, dissipam em consumo cor-
EXERCÍCIOS COMENTADOS rente a poupança compulsória dos encargos recolhidos,
derrubam o crescimento da economia e solapam o valor
futuro das aposentadorias”. (adaptado)
1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
O enunciado em que a vírgula foi empregada em desa- No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na Ale-
cordo com as regras de pontuação é manha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Musso-
lini – têm a finalidade textual de:
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro-
dução de dinheiro fosse também limitada. a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado;
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes
padrão-ouro. trabalhista e previdenciário;
c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História;
criado assim, inventado em canetaços a partir da con- d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário
cessão de empréstimos. por serem muito antigos;
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado.
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun- Resposta: Letra B
dante porque é gerada pela simples manipulação de
bancos de dados. Arquitetados de início em sistemas políticos fecha-
dos (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália
Resposta: Letra E fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses
servem para se referir aos sistemas políticos fechados,
O enunciado pede a alternativa em exemplificando-os.
desacordo: Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do
passado = incorreta
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
que a produção de dinheiro fosse também limitada regimes trabalhista e previdenciário = correta
= correta Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o História = incorreta
padrão-ouro = correta Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e previ-
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no denciário por serem muito antigos = incorreta
mundo é criado assim, inventado em canetaços a par- Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do pas-
tir da concessão de empréstimos = correta sado = incorreta
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona
3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE DA-
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
DOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula
abundante = correta
está corretamente empregada.
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-la,
(X) e abundante porque é gerada pela simples mani-
LÍNGUA PORTUGUESA

a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode


pulação de bancos de dados = incorreta - a vírgula
ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
pode ser utilizada antes da conjunção “e”, desde que
b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
haja mudança de sujeito, por exemplo (o que não competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
acontece na questão) c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançan-
do, o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, mui-
tos sofreriam sanções diariamente.

73
e) O tempo não para as transformações sociais são ur- Em “d”: A responsabilidade social explora um leque
gentes mas há quem não perceba esse fato, que é abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) ,
evidente. a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores,
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio
Resposta: Letra C ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social de-
Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei fendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é
a pontuação que faltou: o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente brasi- com a sociedade como um todo.
leira , pode ser considerado, sem dúvida, um desvio
de caráter. 5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)
Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcio-
nário , embora competente, nem sempre conseguia
resolvê-los.
Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
avançando, o sentimento geral, às vezes, era de frus-
tração.= correta
Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
são urgentes , mas há quem não perceba esse fato, (Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado)
que é evidente.
De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadri-
4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- nho, na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula,
RIO-2018) De acordo com a norma-padrão da língua obrigatoriamente,
portuguesa, a pontuação está corretamente empregada
em: a) antes da palavra “olho”.
b) antes da palavra “e”.
a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quan- c) depois da palavra “evitar”.
do atendem, de forma voluntária, aos funcionários e d) antes da palavra “evitar”.
à comunidade em geral, pode ser definido como res- e) depois da palavra “e”.
ponsabilidade social.
b) As empresas que optam por encampar a prática da Resposta: Letra C
responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
uma melhor imagem no mercado. “Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com
c) A noção de responsabilidade social foi muito utiliza- o doutor (vocativo); portanto, presença obrigatória de
da em campanhas publicitárias: por isso, as empresas vírgula após o verbo “evitar”.
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
d) A responsabilidade social explora um leque abrangen- 6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO – VU-
te de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de NESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do texto
vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de im- – Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem
pactos negativos, no meio ambiente. apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em
a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e a duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas,
geração de empregos não a preocupação com a so- que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, …
ciedade como um todo. –, empregam-se as vírgulas para separar as expressões
destacadas porque elas
Resposta: Letra A
a) acrescem às informações precedentes comentários
Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as que lhes ampliam o sentido.
inclusões: b) sintetizam as ideias centrais das informações
Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas, precedentes.
quando atendem, de forma voluntária, aos funcioná- c) apresentam informações que se opõem às informa-
rios e à comunidade em geral, pode ser definido como ções precedentes.
responsabilidade social = correta
LÍNGUA PORTUGUESA

d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o


Em “b”: As empresas que optam por encampar a prá- correto matiz semântico.
tica da responsabilidade social, (X) beneficiam-se de e) estabelecem certas restrições de sentido às informa-
conseguir uma melhor imagem no mercado. ções precedentes.
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi mui-
to utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso,
as empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a
sociedade.

74
Resposta: Letra A Observação:

É uma situação que contrasta com outros lugares de Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas di- unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
mensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, aos elementos que formam esse conjunto.
que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
Os períodos destacados acrescentam informações aos B) Quando o sujeito é formado por expressão que
termos citados anteriormente. indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à
solenidade.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.

Observação:
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver-
Os concurseiros estão apreensivos. bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Concurseiros apreensivos. Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
ram um ao outro)
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su- C) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo ral, a concordância deve ser feita levando-se em
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino) conta a ausência ou presença de artigo. Sem arti-
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con- go, o verbo deve ficar no singular; com artigo no
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, plural, o verbo deve ficar o plural.
número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
ser verbal ou nominal. Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
Concordância Verbal As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
seu sujeito. D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
Sujeito Simples - Regra Geral muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
em número e pessoa. Veja os exemplos: pronome pessoal.

A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h. Quais de nós são / somos capazes?
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. inovadoras.
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
Observação:
Casos Particulares
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
parte de...) seguida de um substantivo ou prono- tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
me no plural, o verbo pode ficar no singular ou no Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
plural.
LÍNGUA PORTUGUESA

ver no singular, o verbo ficará no singular.


A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. Qual de nós é capaz?
Metade dos candidatos não apresentou / apresenta- Algum de vós fez isso.
ram proposta.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos que indica porcentagem seguida de substantivo, o
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- verbo deve concordar com o substantivo.
dalos destruiu / destruíram o monumento.

75
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soam dezenove horas no relógio da praça.
85% dos entrevistados não aprovam a administração Baterão doze horas daqui a pouco.
do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança. Observação:
1% dos alunos faltaram à prova.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
• Quando a expressão que indica porcentagem não torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
com o número. Soa quinze horas o relógio da matriz.
25% querem a mudança. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% conhece o assunto. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
• Se o número percentual estiver determinado por existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se- cam fenômenos da natureza. Exemplos:
-á com eles:
Havia muitas garotas na festa.
Os 30% da produção de soja serão exportados. Faz dois meses que não vejo meu pai.
Esses 2% da prova serão questionados. Chovia ontem à tarde.

F) O pronome “que” não interfere na concordância; já Sujeito Composto


o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
singular. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
bo, a concordância se faz no plural:
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro. Pai e filho conversavam longamente.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. Sujeito
Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
mir a forma plural. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- gramaticais diferentes, a concordância ocorre da
taram os poetas. seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram! prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
• Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
singular: Primeira Pessoa do Plural (Nós)

Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Segunda Pessoa do Plural (Vós)

• Quando “um dos que” vem entremeada de subs- Pais e filhos precisam respeitar-se.
tantivo, o verbo pode: Terceira Pessoa do Plural (Eles)
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio Observação:
que faça o mesmo).
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
condição). possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o de “tomaríeis”.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
Vossa Excelência está cansado? passa a existir uma nova possibilidade de concor-
LÍNGUA PORTUGUESA

Vossas Excelências renunciarão? dância: em vez de concordar no plural com a tota-


lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se cordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
de acordo com o numeral.
Faltaram coragem e competência.
Deu uma hora no relógio da sala. Faltou coragem e competência.
Deram cinco horas no relógio da sala. Compareceram todos os candidatos e o banca.

76
Compareceu o banca e todos os candidatos. Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- O pai com o filho montou o brinquedo.
dância é feita no plural. Observe: O governador com o secretariado traçou os planos
para o próximo semestre.
Abraçaram-se vencedor e vencido. O professor com o aluno questionou as regras.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Casos Particulares composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
• Quando o sujeito composto é formado por núcle- adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
os sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no vesse uma inversão da ordem. Veja:
singular. “O pai montou o brinquedo com o filho.”
“O governador traçou os planos para o próximo semes-
Descaso e desprezo marca seu comportamento. tre com o secretariado.”
A coragem e o destemor fez dele um herói. “O professor questionou as regras com o aluno.”

• Quando o sujeito composto é formado por núcle- Casos em que se usa o verbo no singular:
os dispostos em gradação, verbo no singular:
Café com leite é uma delícia!
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- O frango com quiabo foi receita da vovó.
gundo me satisfaz.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres-
• Quando os núcleos do sujeito composto são sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não so-
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar mente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o
no plural, de acordo com o valor semântico das verbo ficará no plural.
conjunções: Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste.
Drummond ou Bandeira representam a essência da Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
poesia brasileira. notícia.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Quando os elementos de um sujeito composto são
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
“adição”. Já em: é feita com esse termo resumidor.
Juca ou Pedro será contratado. Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima apatia.
Olimpíada. Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas.
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular. Outros Casos

• Com as expressões “um ou outro” e “nem um O Verbo e a Palavra “SE”


nem outro”, a concordância costuma ser feita no
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
duas de particular interesse para a concordância verbal:
Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio. A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora.
• Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
• Quando os núcleos do sujeito são unidos por e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú- terceira pessoa do singular:
cleos recebem um mesmo grau de importância e Precisa-se de funcionários.
LÍNGUA PORTUGUESA

a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de Confia-se em teses absurdas.


“e”.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
O pai com o filho montaram o brinquedo. verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
O governador com o secretariado traçaram os planos diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-
para o próximo semestre. se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O professor com o aluno questionaram as regras. Exemplos:

77
Construiu-se um posto de saúde. • datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
Construíram-se novos postos de saúde. estar expressa ou subentendida:
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. Hoje é dia 26 de agosto.
Hoje são 26 de agosto.
• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
#FicaDica de e for seguido de palavras ou expressões como
Para saber se o “se” é partícula apassivadora pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo ser
fica no singular:
ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
te transformar a frase para a voz passiva. Se
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
a frase construída for “compreensível”, esta-
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
remos diante de uma partícula apassivadora;
Duas semanas de férias é muito para mim.
se não, o “se” será índice de indeterminação.
Veja:
• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
Precisa-se de funcionários qualificados. for pronome pessoal do caso reto, com este con-
Tentemos a voz passiva: cordará o verbo.
Funcionários qualificados são precisados (ou
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” No meu setor, eu sou a única mulher.
destacado é índice de indeterminação do Aqui os adultos somos nós.
sujeito.
Agora: Observação:
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru- Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz o pronome sujeito.
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
semelhança? Agora é só memorizar!). Eu não sou ela.
Ela não é eu.

O Verbo “Ser” • Quando o sujeito for uma expressão de sentido


partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o ral, o verbo ser concordará com o predicativo.
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo A grande maioria no protesto eram jovens.
do sujeito. O resto foram atitudes imaturas.

Quando o sujeito ou o predicativo for: O Verbo “Parecer”

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo O verbo parecer, quando é auxiliar em uma lo-
SER concorda com a pessoa gramatical: cução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas
concordâncias:
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. • Ocorre variação do verbo parecer e não se fle-
A esperança dos pais são eles, os filhos. xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
desenho.
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro • A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
no plural, o verbo SER concordará, preferencial- tivo sofre flexão:
mente, com o que estiver no plural:
As crianças parece gostarem do desenho.
Os livros são minha paixão! (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
Minha paixão são os livros! aas crianças)

Quando o verbo SER indicar Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvi-
dos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração subor-
LÍNGUA PORTUGUESA

• horas e distâncias, concordará com a expressão


numérica: dinada substantiva subjetiva).

É uma hora. Concordância Nominal


São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois A concordância nominal se baseia na relação entre
quilômetros. nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes

78
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposi-
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. ção DE + adjetivo, este último geralmente é usado
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as no masculino singular: Os jovens tinham algo de
seguintes regras gerais: misterioso.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando função adjetiva e concorda normalmente com o
se refere a um único substantivo: As mãos trêmu- nome a que se refere:
las denunciavam o que sentia.
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, Cristina saiu só.
a concordância pode variar. Podemos sistematizar Cristina e Débora saíram sós.
essa flexão nos seguintes casos:
• Adjetivo anteposto aos substantivos: Observação:

O adjetivo concorda em gênero e número com o Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
substantivo mais próximo. nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Eles só desejam ganhar presentes.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
#FicaDica
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de Se a frase ficar coerente com o primeiro,
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. houver coerência com o segundo, função de
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. adjetivo, então varia:
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
• Adjetivo posposto aos substantivos: Ele está só descansando. (apenas
descansando) - advérbio
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
se houver substantivo feminino e masculino). Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
“só”, haverá, novamente, um adjetivo:
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansando)
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
das as construções:
Observação: • O substantivo permanece no singular e coloca-se
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, espanhola e a portuguesa.
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos • O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- portuguesa.
do há substantivos de gêneros diferentes.
Casos Particulares
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
A beleza e a inteligência feminina(s). permitido
O carro e o iate novo(s).
• Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
referem possuir sentido genérico (não vier prece-
dido de artigo).
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
vo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É proibido entrada de crianças.
LÍNGUA PORTUGUESA

é bom para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.


O adjetivo concorda com o substantivo, se este for No verão, melancia é bom.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- É preciso cidadania.
tivo: Esta água é boa para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

D) O adjetivo concorda em gênero e número com os • Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
trou-as muito felizes. o verbo como o adjetivo concordam com ele.

79
É proibida a entrada de crianças. SITE
Esta salada é ótima.
A educação é necessária. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
São precisas várias medidas na educação. coes/sint/sint49.php>

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -


Quite EXERCÍCIOS COMENTADOS
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem. 1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
Seguem anexas as documentações requeridas. CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está
A menina agradeceu: - Muito obrigada. empregada de acordo com a norma-padrão em:
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados. a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas
Estamos quites com nossos credores. mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
virtuais.
Bastante - Caro - Barato - Longe b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al-
guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
Estas palavras são invariáveis quando funcionam c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma parte
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe- do mundo, se substituíram totalmente as moedas re-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- ais pelas virtuais.
tivos, ou numerais. d) De acordo com as regras do mercado financeiro,
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) criou-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. anos.
(pronome adjetivo) e) O valor dos produtos comercializados seriam determi-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida.
As casas estão caras. (adjetivo)
Achei barato este casaco. (advérbio)
Resposta: Letra C
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)

Meio - Meia Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes


criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, todas as moedas virtuais.
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acor-
meia porção de polentas. do com alguns analistas, podem tornar as bitcoins
Quando empregada como advérbio permanece inva- inviáveis.
riável: A candidata está meio nervosa. Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhu-
ma parte do mundo, se substituíram totalmente as
moedas reais pelas virtuais. = correta
#FicaDica Em “d”: De acordo com as regras do mercado finan-
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim ceiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos
saberei que se trata de um advérbio, não últimos anos.
de adjetivo: “A candidata está um pouco Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria
nervosa”. determinado por uma moeda virtual se a real fosse
abolida.

2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL


Alerta - Menos
I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra des-
tacada atende às exigências da norma-padrão da língua
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
portuguesa em:
sempre invariáveis.
Os concurseiros estão sempre alerta.
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exer-
Não queira menos matéria!
cícios são necessárias para uma vida longa e mais
equilibrada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de
tratamento adequado da água são causadores de
LÍNGUA PORTUGUESA

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-


doenças.
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser
– São Paulo: Saraiva, 2010.
reproduzidas nas redes sociais da forma como acon-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
tece hoje.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
gião Nordeste foram elogiados por suas propriedades
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
alimentares.

80
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci- 4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
sam ser estimuladas para que se avance na cura de FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância
algumas doenças. nominal retirados do texto 1:
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
Resposta: Letra D independente.
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de 2. A agenda pública é determinada pela imprensa
exercícios são necessárias (necessários) para uma vida tradicional.
longa e mais equilibrada. 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteú-
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e do independentes.
falta de tratamento adequado da água são causado-
res (causadoras) de doenças. A afirmação correta sobre essas concordâncias é:
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deve-
riam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva-
da forma como acontece hoje. mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
da Região Nordeste foram elogiados por suas pro- referirem-se a dois substantivos;
priedades alimentares = correta c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re-
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constan- fere a ‘imprensa’;
tes precisam ser estimuladas (estimulados) para que d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta-
se avance na cura de algumas doenças. mente no plural por referir-se a ‘empresas’;
e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi
realizada de acordo com as exigências da norma-padrão Resposta: Letra D
da língua portuguesa em: 1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
independente.
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais 2. A agenda pública é determinada pela imprensa
dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e tradicional.
violentas por parte dos usuários. 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de- teúdo independentes.
senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, res-
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso. pectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví- A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in-
deos educacionais que permitam esclarecer os jovens dependente = apenas a “jornalismo”
sobre o vício da tecnologia. Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plu-
d) É preciso educar as novas gerações para que se reduza ral por referirem-se a dois substantivos;
os comportamentos compulsivos relacionados ao uso A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde-
das novas tecnologias. pendente = a um substantivo (jornalismo)
e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determina-
danos psicológicos e o consumismo exagerado causa- da’ se refere a ‘imprensa’;
dos pelo vício da tecnologia. A agenda pública é determinada pela imprensa tra-
dicional = refere-se ao termo “agenda pública”
Resposta: Letra B Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidencia- Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
ram-se) atitudes agressivas e violentas por parte dos teúdo independentes = correta
usuários. Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marke- estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conteú-
ting, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que do’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de
sucesso = correta 5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
escolas do país vídeos educacionais que permitam es- Texto I
clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que Na organização do poder político no Estado moderno,
se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
relacionados ao uso das novas tecnologias. preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou- a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
-se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con- risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
sumismo exagerado causados pelo vício da tecnologia. exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
quista da liberdade humana também reclama a distri-
buição do poder em ramos diversos, com a disposição

81
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles Resposta: Letra C
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia Esses alunos que são usuários constantes de redes so-
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um ciais têm um risco 27% maior de desenvolver depressão
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer- Em: (  ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu, para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai ajustes para fins de concordância.
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar Esse aluno que é usuário constante de redes sociais
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o tem um risco 27% maior de desenvolver depressão
poder limite o poder”. = (verdadeira = haveria quatro alterações)
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza Em: (  ) Mais da metade dos alunos que usam redes
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se sociais podem ficar deprimidos.
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua = falsa (o período em análise não nos transmite tal in-
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for- formação, apenas afirma que usuários constantes têm
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos um risco 27% maior que os demais)
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu Em: (  ) O risco de alunos usuários de redes sociais
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo desenvolverem depressão constante extrapola o índi-
de origem baconiana, não abandonando o rigor das ce dos 27%.
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, = Falsa (“depressão constante” altera o sentido do
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da período)
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con-
cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
de abrangência dos poderes políticos”. ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
nome (regência nominal) e seus complementos.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Resposta: Certo
(...) Até Montesquieu, não eram identificadas com cla- A regência verbal estuda a relação que se estabele-
reza as esferas de abrangência dos poderes políticos ce entre os verbos e os termos que os complementam
= passando o período para a ordem direta (sujeito + (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas de abran- juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
gência dos poderes políticos não eram identificadas regência, o que corresponde à diversidade de significa-
com clareza. dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
contexto em que forem empregados.
6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda-
tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27% contentar.
maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas. agrado ou prazer”, satisfazer.

(  ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes “agradar a alguém”.
para fins de concordância.
(  ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais O conhecimento do uso adequado das preposições é um
podem ficar deprimidos. dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
(  ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol- também nominal). As preposições são capazes de modificar
verem depressão constante extrapola o índice dos 27%. completamente o sentido daquilo que está sendo dito.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de Cheguei ao metrô.


LÍNGUA PORTUGUESA

cima para baixo, é: Cheguei no metrô.

a) V – V – V. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no


b) F – V – F. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
c) V – F – F.
d) F – F – V. A voluntária distribuía leite às crianças.
e) F – F – F. A voluntária distribuía leite com as crianças.

82
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega- Observação:
do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transi- Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
tivo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: ad- para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
junto adverbial). adnominais):
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- carreira)
rentes formas em frases distintas. Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
humor)
A) Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É C) Verbos Transitivos Indiretos
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos Os verbos transitivos indiretos são complementados
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação
Chegar, Ir de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad- tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
para indicar destino ou direção são: a, para. de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
Fui ao teatro. que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
Adjunto Adverbial de Lugar quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
pronomes átonos lhe, lhes.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Comparecer posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
reitos iguais para todos.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
por em ou a. mentos introduzidos pela preposição “a”:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
último jogo. Eles desobedeceram às leis do trânsito.

B) Verbos Transitivos Diretos Responder - Tem complemento introduzido pela


Os verbos transitivos diretos são complementados preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo- dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao Respondi ao meu patrão.
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes Respondemos às perguntas.
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses Respondeu-lhe à altura.
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, Observação:
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
objetos indiretos. do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- analítica:
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, O questionário foi respondido corretamente.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Todas as perguntas foram respondidas
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, satisfatoriamente.
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
visitar. mentos introduzidos pela preposição “com”.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente Antipatizo com aquela apresentadora.
como o verbo amar: Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
vernam para uma minoria privilegiada.
LÍNGUA PORTUGUESA

Amo aquele rapaz. / Amo-o.


Amo aquela moça. / Amo-a. D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
sas e objeto indireto relacionado a pessoas.

83
Agradeço aos ouvintes a audiência. Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
Objeto Indireto Objeto Direto duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Preferir

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
com particular cuidado: indireto introduzido pela preposição “a”:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Observação:
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Informar zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
prefixo existente no próprio verbo (pre).
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Mudança de Transitividade - Mudança de
Informe os novos preços aos clientes. Significado
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
vos preços) Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
Na utilização de pronomes como complementos, veja cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
as construções: curso linguístico muito importante, pois além de permitir
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos a correta interpretação de passagens escritas, oferece
preços. possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou tre os principais, estão:
sobre eles)
Agradar
Observação:
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A mesma regência do verbo informar é usada para os nhos, acariciar, fazer as vontades de.
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Comparar
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
as preposições “a” ou “com” para introduzir o com- introduzido pela preposição “a”.
plemento indireto: Comparei seu comportamento O cantor não agradou aos presentes.
ao (ou com o) de uma criança. O cantor não lhes agradou.

Pedir O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-


to: O cantor desagradou à plateia.
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto Aspirar
de pessoa.
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
Pedi-lhe favores. (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Objeto Indireto Objeto Direto
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substan- pirávamos a ele)
tiva Objetiva Direta
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
LÍNGUA PORTUGUESA

A construção “pedir para”, muito comum na lingua- soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
palavra licença estiver subentendida. Aspiravam a ela)
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
casa.

84
Assistir Implicar

Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
tar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitu-
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. des implicavam um firme propósito.
B) ter como consequência, trazer como consequên-
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- cia, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Assistimos ao documentário. meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Não assisti às últimas sessões. econômicas.
Essa lei assiste ao inquilino.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in- vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de quem não trabalhasse arduamente.
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
conturbada cidade. Namorar

Chamar Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois


anos.
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
licitar a atenção ou a presença de. Obedecer - Desobedecer
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
chamá-la. Sempre transitivo indireto:
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
dicativo preposicionado ou não. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário. Proceder
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia
Custar como refutá-las.
Você procede muito mal.
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- O avião procede de Maceió.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração Procedeu-se aos exames.
reduzida de infinitivo. O delegado procederá ao inquérito.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva Querer
Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Custou-me (a mim) crer nisso. vontade de, cobiçar.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Querem melhor atendimento.
Subjetiva Reduzida de Infinitivo Queremos um país melhor.
LÍNGUA PORTUGUESA

A Gramática Normativa condena as construções que Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
pessoa: Custei para entender o problema.
= Forma correta: Custou-me entender o problema. Visar

Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-


rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.

85
O gerente não quis visar o cheque.
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar

Lembrar algo – esquecer algo


Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar

São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:


Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
LÍNGUA PORTUGUESA

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

86
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Observação:

Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO-2018)

O ano da esperança

O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás do outro.
LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca fui de botar dinheiro nas relações de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinheiro e o amigo. Nos pri-
meiros pedidos, eu ajudava, com a consciência de que era uma doação. A situação foi piorando. Os argumentos também.
No início era para pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser ge-
neroso. Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a fisiote-
rapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, remédios. A situação piorando, eu já estava encomendando
missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamente. Surpresa! O
doente não aparecia para a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu não ajudava mais.

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Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca co- trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
nheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter caído em relação ao modelo anterior.
na história. Só que esse rapaz havia perdido o emprego c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
após o suposto acidente. Foi por isso que me deixei en- realizou foi importante para mostrar que o vício em
ganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde também novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As pessoas d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
buscam vagas nos mercados em expansão. Se a indústria causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. sentirem recompensadas.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir. do que o seu orçamento permite em aparelhos que
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça de elas não necessitam.
velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova cons-
ciência para votar. Como? Num mundo em que as notícias Resposta: Letra E
são plantadas pela internet, em que muitos sites servem
a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram cada his- Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produ-
tória a meu respeito que nem sei o que dizer. Já inventa- to que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lan-
ram casos de amor, tramas nas novelas que escrevo. Pior. çado no mercado, passam a ter uma sensação de
Depois todo mundo me pergunta por que isso ou aquilo superioridade.
não aconteceu na novela. Se mudei a trama. Respondo: — Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
Nunca foi para acontecer. Era mentira da internet. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
Duvidam. Acham que estou mentindo. seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
2017, p.97. Adaptado. qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con-
cada vez mais.
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
está corretamente reescrito em:
vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
a) Podemos esperar para um futuro melhor
Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
b) Podemos esperar com um futuro melhor
to mais do que o seu orçamento permite em apare-
c) Podemos esperar um futuro melhor
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
Resposta: Letra C
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po- sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano
demos esperar o quê? e pela origem de uma série de mazelas, algumas das
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po- quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
demos esperar o quê? do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me- o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
lhor = sentido de “porque” crianças e adolescentes a participarem do processo de
Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor = produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
anteriormente) hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
A única frase correta – e coerente - é podemos esperar Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan-
um futuro melhor. til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica-
do, ele continua sendo grave problema nos países mais
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- pobres.
GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança- Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores O emprego de preposição em “a participarem” é exigido
desses produtos”. A utilização da preposição destacada pela regência da forma verbal “obriga”.
LÍNGUA PORTUGUESA

a é obrigatória para atender às exigências da regência


do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da (  ) CERTO   (  ) ERRADO
língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
preposição antecedendo o pronome que destacado em: Resposta: Certo

a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que (...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem,
quase ninguém possui, recém-lançado no mercado, obriga crianças e adolescentes a participarem =
passam a ter uma sensação de superioridade. quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes

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– objeto direto) a algo (a participarem – objeto indi-
reto: com preposição – no caso, uma oração com a EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
função de objeto indireto). CRASE
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al-
ternativa correta. CRASE

a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
comentou de que o livro estava acabando. idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
de papel, o autor aderiu o livro digital. pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
para jantar. quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar-
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo,
armazenar livros e CDs. à qual, às quais.
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
foi o número de estantes. do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
Resposta: Letra C regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o termo regido é aquele que completa o sentido do termo
amigo comentou de (X) que = comentou que regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao contratada recentemente.
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
seria sair para jantar = correta dos entre parênteses), temos:
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
que da recentemente.
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
se ateve = ao qual/ a que O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos
5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen- ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor- o pronome demonstrativo aquela (àquela).
rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
Observações importantes:
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas. Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes. confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer. • Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
Resposta: Letra A crase está confirmada.

Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não Os dados foram solicitados à diretora.
temos acento indicativo de crase antes de pronome Os dados foram solicitados ao diretor.
pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po-
demos usar a construção: verbo + preposição + pro- • No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de -se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
“dar-lhes”). te na expressão “voltar da”, há a confirmação da
crase.

Faremos uma visita à Bahia.


Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
LÍNGUA PORTUGUESA

Não me esqueço da viagem a Roma.


Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
mais vividos.

89
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
FIQUE ATENTO! Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV.
Nas situações em que o nome geográfico (à moda de Luís XV)
se apresentar modificado por um adjunto • Não se efetiva o uso da crase diante da locução
adnominal, a crase está confirmada. adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades observamos a queima de fogos a distância.
de suas praias.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
Vou a Campinas. = Volto de Campinas. tre foi arremessado à distância de cem metros.
(crase pra quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) • De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
-, faz-se necessário o emprego da crase.

Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor- Ensino à distância.


rerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” • Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
Irei à Salvador de Jorge Amado. petidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Ele estava a cantar.
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de numeral.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad- O número de aprovados chegou a cem.
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento Faremos uma visita a dez países.
grave:
Observações:
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade... • Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- cionando como uma locução adverbial feminina –
cura de... ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezeno-
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida ve horas.
que. • Diante de numerais ordinais femininos a crase está
confirmada, visto que estes não podem ser empre-
Cuidado: quando as expressões acima não exerce- gados sem o artigo: As saudações foram direcio-
rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: nadas à primeira aluna da classe.
Eu adoro a noite! • Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer essa não se apresentar determinada: Chegamos
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não todos exaustos a casa.
preposição. Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos to-
Casos passíveis de nota: dos exaustos à casa de Marcela.

• A crase é facultativa diante de nomes próprios fe- • Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
indicar chão firme: Quando os navegantes regres-
LÍNGUA PORTUGUESA

mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.


• Também é facultativa diante de pronomes posses- saram a terra, já era noite.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
empresa. Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
• Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
ficará aberta até as (às) dezoito horas.
• Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- Paulo viajou rumo à sua terra natal.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se O astronauta voltou à Terra.

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• Não ocorre crase antes de pronomes que reque- Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
rem o uso do artigo. artigo indefinido)
Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
Os livros foram entregues a mim. conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
Dei a ela a merecida recompensa. que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
(objeto indireto, com preposição) = correta.
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o 2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
uso da crase está confirmado no “a” que os antece- Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
de, no caso de o termo regente exigir a preposição. mente, as lacunas do texto a seguir.
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
em sentido genérico ou indeterminado: tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
Estamos sujeitos a críticas. e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
Refiro-me a conversas paralelas. balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
duas mil mulheres.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- a) à … às … a
b) a … as … a
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
c) a … às … a
– São Paulo: Saraiva, 2010.
d) à … às … à
e) a … as … à
SITE
Resposta: Letra B
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
matica/o-uso-crase-.html>
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de aten-
dimento a (preposição – regência nominal de “atendi-
mento”, mas sem acento grave por estar diante de pa-
EXERCÍCIOS COMENTADOS lavra masculina) presos da Casa de Detenção, em São
Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as (objeto
indicativo de crase está empregado corretamente em: direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela que foi a
(artigo definido) maior prisão da América Latina, e de
a) O personagem evita considerar à internet responsável “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que traba-
por suas atitudes. lham no sistema prisional, Varella agora faz um retra-
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen- to das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
são à jogar o tempo fora. também na capital paulista, onde cumprem pena mais
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à de duas mil mulheres.
qualquer influência da internet. Teremos:
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar a / as / a.
com relação ao tempo.
e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa- 3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP -
va que jogava o tempo fora. OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – VU-
NESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento indi-
cativo de crase está empregado corretamente.
Resposta: Letra E
a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer
Aos itens:
com dores de cabeça.
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-


direto)
dios de nosso passado.
Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di-
acento grave indicativo de crase antes de verbo no fícil à determinadas pessoas.
infinitivo) d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qual- os momentos dolorosos.
quer influência = a qualquer (antes de pronome e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconside-
indefinido) ramos o que ela traz de bom.

91
Resposta: Letra D começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
Aos itens: Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no (IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
infinitivo não se usa acento grave)
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episó- Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
dios (palavra masculina e no plural) texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determina-
das = a determinadas (palavra no plural e presença a) a … a … a
só da preposição) b) à … à … à
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se c) a … à … à
refere, refere-se a algo ou a alguém) d) à … à … a
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma e) a … a … à
(antes de artigo indefinido)
Resposta: Letra E
4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL
- VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o Vamos aos trechos:
acento indicativo da crase está corretamente empregado a rápida industrialização nos Estados Unidos deu ori-
em: gem a algumas das maiores fortunas = antes de pro-
nome indefinido
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
talento: quem não tem, não vai nunca aprender. no infinitivo
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão de “ligados” pede preposição
ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como 6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -
um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor. VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se- emprego do acento indicativo da crase.
melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.
e) Também não estamos falando só de correção gramati- a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento. chegam à um grande público devido à rapidez da in-
ternet, é favorável à formação de ondas de credulidade.
Resposta: Letra A b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do favorece que se formem ondas de credulidade.
verbo “aludir” pede preposição) c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
uma (antes de artigo indefinido) é favorável à formação de ondas de credulidade.
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre pala- d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
vras repetidas) chegam a um grande número de pessoas devido à ra-
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à con- pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
clusões = a conclusões (antes de palavra no plural e o que se formam.
“a” está “sozinho” = somente preposição) e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a pen- chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
samento (palavra masculina) favorece à formação de ondas de credulidade.

5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRU- Resposta: Letra C


ZES-SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO
- VUNESP-2018) Acertos entre parênteses:
Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
No começo do século 20, a rápida industrialização nos devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à for-
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores mação (ok)
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vander- Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
bilt e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________ Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
LÍNGUA PORTUGUESA

ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como rapidez da internet, é favorável à formação = correta
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
de serviços financeiros, feito em parceria com a consul- é favorável as ondas (às ondas)
tora PwC. Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) pes-
Para os autores do documento, a primeira Era Doura- soas devido a rapidez (à rapidez) da internet, favorece
da aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual à formação (a formação)

92
Observação: quanto à regência verbal de “favorecer” 1. A desemprego globalização no Brasil e no na está
= pede complemento verbal direto (favorece o quê? Latina América causando.
favorece quem?); já a regência nominal de “favorá- 2. A globalização está causando desemprego no Brasil
vel” pede preposição (favorável a quem? a quê?) e na América Latina.

Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma


frase, as palavras estão amontoadas sem a realização
de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem
relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para
receptores de língua portuguesa inteirados da situação
econômica e cultural do mundo atual.
Prezado candidato, o referido assunto já foi abor-
dado no tópico “classes de palavras”. A Ordem dos Termos na Frase

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que


ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar grama-
ticalmente tal frase, tudo depende da necessidade ou da
REESCRITA DE FRASES E vontade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo,
PARÁGRAFOS DO TEXTO. porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS de inversões e intercalações em nossas frases, confor-
OU DE TRECHOS DE TEXTO. me a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase
2 da seguinte maneira:
TEXTO. REESCRITA DE TEXTOS DE
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE sando desemprego.
FORMALIDADE
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase
a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repa-
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE ESTRU- re que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de
TURAS vírgulas.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase e o que mais nos auxilia na organização de um período,
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando pro-
devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, duzimos frases complexas. Com isto, “entregamos” frases
posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, bem organizadas aos nossos leitores.
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem O básico para a organização sintática das frases é a
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos estru-
a experiência de vida antecedem o ato de escrever. turam tal ordem da seguinte maneira:
Obtido um razoável conhecimento sobre o que ire-
mos escrever, feito o esquema de exposição da matéria, SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+ CIR-
é necessário saber ordenar as ideias em frases bem es- CUNSTÂNCIAS
truturadas. Logo, não basta conhecer bem um determi-
nado assunto, temos que o transmitir de maneira clara A globalização + está causando+ desemprego + no
aos leitores. Brasil nos dias de hoje.
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso
aliado para organizarmos as ideias de maneira clara em Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem
frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção de sin- todas contêm todos estes elementos, portanto cabem
taxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte algumas observações:
da gramática que estuda a disposição das palavras na
LÍNGUA PORTUGUESA

frase e a das frases no discurso, bem como a relação ló- A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
gica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe normalmente são representadas por adjuntos ad-
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de verbiais de tempo, lugar, etc. Note que, no mais
maneira a produzirem um sentido evidente para os re- das vezes, quando queremos recordar algo ou
ceptores das nossas mensagens. Observe: narrar uma história, existe a tendência a colocar os
adjuntos nos começos das frases:

93
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas A globalização, fenômeno econômico deste fim de sé-
minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e culo XX, causa desemprego no Brasil.
outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
existe…” sujeito e o verbo.
Observações:
Tais construções não estão erradas, mas rompem com Outros exemplos:
a ordem direta; A globalização, que é um fenômeno econômico e cul-
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui- tural, está causando desemprego no Brasil e na América
tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por Latina.
exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
burgo. São quatro horas agora; As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
Outras frases são construídas com verbos intransiti- quentemente um papel semelhante ao do aposto expli-
vos, que não têm complemento: cativo, por isto são também isoladas por vírgula.
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad- A globalização causa, caro leitor, desemprego no
junto adverbial) Brasil…
A globalização nasceu no século XX. (idem) Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o
Há ainda frases nominais que não possuem verbos: seu complemento.
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a or-
dem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os ter- A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
mos existentes nelas. no Brasil…
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não
Levando em consideração a ordem direta, podemos pertence ao assunto: globalização, da frase principal, tal
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: oração é apenas um comentário à parte entre o comple-
Se os termos estão colocados na ordem direta não mento verbal e os adjuntos).
haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo
Observação:
disto:
A globalização está causando desemprego no Brasil e
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A
na América Latina.
globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé-
rica Latina.
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da ora-
ção por três vezes ou mais, então é necessário usar a vír-
C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-
gula, mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta -a, tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a
é a regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja: regra n.º 3 da colocação da vírgula.
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
causam desemprego… No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
(três núcleos do sujeito) sando desemprego…
No fim do século XX, a globalização causou desempre-
A globalização causa desemprego no Brasil, na Améri- go no Brasil…
ca Latina e na África.
(três adjuntos adverbiais) Nota-se que a quebra da ordem direta frequente-
mente se dá com a colocação das circunstâncias antes
A globalização está causando desemprego, insatisfa- do sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstân-
ção e sucateamento industrial no Brasil e na América Lati- cias, em gramática, são representadas pelos adjuntos
na. (três complementos verbais) adverbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações
chamadas adverbiais que têm uma função semelhante a
B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, se- dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar,
parar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo etc. Exemplos:
e o seu complemento, nem o complemento e as Quando o século XX estava terminando, a globalização
circunstâncias, ou seja, não devemos separar com começou a causar desemprego.
vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
incorreção: senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos paí-
ses pobres.
O Brasil, será feliz. Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
A globalização causa, o desemprego. go no Brasil.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Observação:


os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun-
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
com vírgulas. Vejamos: mudança de tempos verbais.

94
SITE Os principais erros cometidos no desenvolvimento
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
Disponível em: <http://ricardovigna.wordpress. ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
com/2009/02/02/estudos-de-linguagem-1-estrutura- cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
-frasal-e-pontuacao/> se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
ESTRUTURA TEXTUAL dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa- definir uma linha lógica de raciocínio.
mento, elaboramos todas as informações que recebemos
e orientamos as ações que interferem na realidade e or- Conclusão
ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
um pensamento transformado em texto. Considerada como a parte mais importante do texto,
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen- é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma ma- boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
neira organizada do leitor compreender as nossas ideias. essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
você quer dizer, por meio da comunicação. brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
Para isso, os elementos que compõem o texto se seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
subdividem em: introdução, desenvolvimento e con- ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
clusão. Todos eles devem ser organizados de maneira exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
equilibrada. cluindo...”, “Em conclusão...”.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
Introdução ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
características de textos bem redigidos.
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen- Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa ficam muito longas:
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex- • O problema aparece quando não ocorre uma ex-
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é ploração devida do desenvolvimento, o que gera
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí- uma invasão das ideias de desenvolvimento na
tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex- conclusão.
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um • Outro fator consequente da insuficiência de funda-
capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa mentação do desenvolvimento está na conclusão
situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais precisar de maiores explicações, ficando bastante
comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu- vazia.
ção será o primeiro parágrafo. • Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
texto em que o autor fica girando em torno de
Desenvolvimento ideias redundantes ou paralelas.
• Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita-
A maior parte do texto está inserida no desenvolvi- mente dispensáveis.
mento, que é responsável por estabelecer uma ligação • Quando não tem clareza de qual é a melhor con-
entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são clusão, o autor acaba se perdendo na argumenta-
elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus- ção final.
tentam e dão base às explicações e posições do autor.
É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi- Em relação à abertura para novas discussões, a con-
zação das ideias em uma sequência que permite formar clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin-
uma relação equilibrada entre os dois lados. tes fatores:
O autor do texto revela sua capacidade de discutir
um determinado tema no desenvolvimento, e é através • Para não influenciar a conclusão do leitor sobre
desse que o autor mostra sua capacidade de defender temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em
seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor aberto.
para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a • Para estimular o leitor a ler uma possível continui-
LÍNGUA PORTUGUESA

partir daqui. dade do texto, o autor não fecha a discussão de


Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o propósito.
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con- • Por apenas apresentar dados e informações sobre
clusão. Daí a importância em planejar o texto. o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no cluir o assunto.
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido • Para que o leitor tire suas próprias conclusões,
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre- o autor enumera algumas perguntas no final do
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos. texto.

95
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni- fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen- ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên- ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais
enxuto possível. Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é
SITE o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi-
Disponível em: deradas perfeitamente normais construções do tipo:
<http://producao-de-textos.info/mos/view/
Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/> Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar.
NÍVEIS DE LINGUAGEM Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
A língua é um código de que se serve o homem para Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
funcionais: Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
A) a língua funcional de modalidade culta, língua cul- O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
ta ou língua-padrão, que compreende a língua lite- é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
rária, tem por base a norma culta, forma linguística por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
utilizada pelo segmento mais culto e influente de seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
uma sociedade. Constitui, em suma, a língua uti-
se alteram:
lizada pelos veículos de comunicação de massa
(emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas,
Eu não a vi hoje.
painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
Ninguém o deixou falar.
aliados da escola, prestando serviço à sociedade,
Deixe-me ver isso!
colaborando na educação;
Eu te amo, sim, mas não abuses!
B) a língua funcional de modalidade popular; língua
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
popular ou língua cotidiana, que apresenta grada-
ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-
NORMA CULTA culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
A norma culta, forma linguística que todo povo civili- transgressões da norma culta na pena ou na boca de
zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio- jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan- refletir serviço à causa do ensino.
te do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Estou preocupado. (norma culta) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
Tô preocupado. (língua popular) o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. dispersar e Não vamos dispersar-nos)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
normas da língua culta. de sair daqui bem depressa)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está
O conceito de erro em língua no seu posto)
LÍNGUA PORTUGUESA

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num exemplos também de transgressões ou “erros” que se
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que
gride a norma culta. tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou

96
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es- esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
colarizada tem coragem de usar. tidiano, a que já fizemos referência.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
da língua popular para a língua culta”. expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
norma culta. Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
LINGUAGEM ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos se escreve.
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver-
falada. bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda- gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor- uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
mações e a evoluções. visionado, um bilhete? =
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar Linguagem verbal!
a língua falada com base na língua escrita, considerada
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
emendas, a que os professores sempre estão atentos. futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
trando as características e as vantagens de uma e outra, ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- porta do banheiro, as placas de trânsito? =
de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na Linguagem não verbal!
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen- mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
to entre uma modalidade e outra. anúncios publicitários.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- Alguns exemplos:
borada que a língua falada, porque é a modalidade que Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser Placas de trânsito.
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- Imagem indicativa de “silêncio”.
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
isso mesmo, processam-se lentamente e em número SITE
consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
dalidade falada. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
Importante é fazer o educando perceber que o nível cao/linguagem.htm>
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
com a situação em que se desenvolve o discurso. SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro- Semântica é o estudo da significação das palavras e
LÍNGUA PORTUGUESA

núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um das suas mudanças de significação através do tempo ou
padre não fala com uma criança como se estivesse em em determinada época. A maior importância está em dis-
uma missa, assim como uma criança não fala como um tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
de fala no recesso do lar e na sala de aula.

97
Sinônimos (receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
- abolir. “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimen-
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são to (medida) e cumprimento (saudação), autuar
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver-
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender
outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar). (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de),
tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
Observação: mento, trânsito), mandato (procuração) e manda-
do (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir
A contribuição greco-latina é responsável pela exis- (mergulhar, afundar).
tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemici- Hiperonímia e Hiponímia
clo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diá-
logo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
Antônimos o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
hiperônimo, mais abrangente.
São palavras que se opõem através de seu significa- O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô-
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen- nimo, criando, assim, uma relação de dependência se-
surar; mal - bem. mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi-
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de
Observação: significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Veículos é um hiperônimo de carros.
A antonímia pode se originar de um prefixo de sen- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico- a repetição desnecessária de termos.
munista; simétrico e assimétrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Homônimos e Parônimos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
• Homônimos = palavras que possuem a mesma Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
ferentes. Podem ser char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
rentes na pronúncia: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
e denuncia (verbo); providência (subst.) e providen-
cia (verbo). SITE

B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Disponível em: <http://www.coladaweb.com/portu-


ferentes na escrita: gues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-paronimos>

acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni- Polissemia


zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
reio); censo (recenseamento) e senso (juízo); paço (palácio) Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
e passo (andar). multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na mas que abarca um grande número de significados den-
LÍNGUA PORTUGUESA

pronúncia: tro de seu próprio campo semântico.


caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
• Parônimos = palavras com sentidos diferentes, -se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
porém de formas relativamente próximas. São pa- uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
lavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta ocorrência da polissemia:

98
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de


computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
é o formato quadriculado que têm.

Polissemia e homonímia
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/cor-
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante to-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig-
nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig- mas duas seriam:
nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos
uma homonímia. Corte e coloração capilar
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não ou
é polissemia porque os diferentes significados para a
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma Faço corte e pintura capilar
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um
determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
cados estão interligados porque remetem para o mesmo char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
conceito, o da escrita. – São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Polissemia e ambiguidade Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto SITE
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in- Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra-
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à matica/polissemia.htm>
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: Denotação e Conotação
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
quentemente são felizes. Exemplos de variação no significado das palavras:
Neste caso podem existir duas interpretações
diferentes: Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
As pessoas têm alimentação equilibrada porque literal)
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
equilibrada. figurado)
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma As variações nos significados das palavras ocasionam
interpretação. Para fazer a interpretação correta é mui- o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
to importante saber qual o contexto em que a frase é (conotação) das palavras.
proferida.
A) Denotação
LÍNGUA PORTUGUESA

Muitas vezes, a disposição das palavras na construção


do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
comicidade. Repare na figura abaixo:
apresenta seu significado original, independentemente
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa-
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco-
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li-
teral da palavra.

99
A denotação tem como finalidade informar o recep-
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo EXERCÍCIOS COMENTADOS
um caráter prático. É utilizada em textos informativos,
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu-
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: “Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
O elefante é um mamífero. cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
As estrelas deixam o céu mais bonito! meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
B) Conotação
a) Antropologia: estudo do homem como representante
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando do sexo masculino;
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes b) Etimologia: estudo das raças humanas;
interpretações, dependendo do contexto em que esteja c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros so-
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que bre a Terra;
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das
significação mediante a circunstância em que a mesma mulheres;
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re- Resposta: Letra D
provação (tomei pau no concurso).
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- Em “a”: Antropologia: Ciência que se dedica ao estudo
tos no receptor da mensagem, através da expressividade do homem (espécie humana) em sua totalidade
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
numa linguagem poética e na literatura, mas também palavras procurando determinar as causas e circuns-
ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em tâncias de seu processo evolutivo
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-
ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
Você é o meu sol! prever as variações do tempo.
Minha vida é um mar de tristezas. Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
Você tem um coração de pedra! mulheres = correta
Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
nicas pelas quais a vida se manifesta
#FicaDica
Procure associar Denotação com Dicionário: 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
trata-se de definição literal, quando o termo LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os
é utilizado com o sentido que consta no anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números
dicionário. da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale
ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in-
dicada é:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS a) tinta indelével / que não se apaga;
b) ação impossível / que não se possui;
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. d) carro invisível / que não tem vistoria;
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- e) voz inaudível / que não possui audiência.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Resposta: Letra A
SITE Em “a”: tinta indelével / que não se apaga = correta
Em “b”: ação impossível = que não é possível
http://www.normaculta.com.br / conotacao - e- denotacao Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “e”: voz inaudível = que não se ouve

100
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) Resposta: Errado

A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- (...) Permite-se a interdição de registros de época, em
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde de “impedido”.
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
crianças e adolescentes a participarem do processo de 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
da compra. – tem sentido equivalente a
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan-
til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica-
a) impetuosidade.
do, ele continua sendo grave problema nos países mais
pobres. b) empatia.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com c) relutância.
adaptações). d) consentimento.
e) segurança.
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a Resposta: Letra C
“pobreza”.
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na
(  ) CERTO   (  ) ERRADO hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
Resposta: Errado Em “b”: empatia = incorreto
Em “c”: relutância (resistência).
(...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
terreno = refere-se a “trabalho infantil”. Em “e”: segurança = incorreto
A substituição que manteria o sentido do período é
4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- “ainda há relutância”.
GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio
– CESPE-2013)

Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-


ção de biografias à autorização do biografado ou des- CORRESPONDÊNCIA OFICIAL
cendentes. As consequências da norma são negativas.
(CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA
Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
para a posteridade a vida de personagens importantes PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato Redação oficial é o meio utilizado para o estabeleci-
da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Má- mento de relações de serviço na administração pública
rio de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo e corresponde ao modo uniforme de redigir atos nor-
quanto na literatura não pode haver censura prévia. Pu- mativos e comunicações oficiais. Para que se alcance a
blicada a reportagem (ou biografia), os que se sentirem efetividade dessas relações, são traçadas normas de lin-
atingidos que recorram à justiça. É preciso seguir o pa- guagem e padronização no uso de fórmulas e estética
drão existente em muitos países, em que há biografias para as comunicações escritas, as quais são revestidas de
“autorizadas” e “não autorizadas”. certas peculiaridades restritas ao meio.
Reclamações posteriores, quando existem, são encami- As comunicações oficiais devem primar pela ob-
nhadas ao foro devido, os tribunais. jetividade, transparência, clareza, simplicidade e
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil para impessoalidade.
justificar o veto a que a historiografia do país seja enri- Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve ex-
quecida, como se não bastasse o fato de o poder de cen- trair uma única interpretação, há de procurar ser com-
LÍNGUA PORTUGUESA

sura concedido a biografados e herdeiros ser um atenta- preensível por todo e qualquer cidadão brasileiro.
do à Constituição. Com esses cuidados, é possível aprimorar um item
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações). fundamental na profissionalização do servidor, na racio-
nalização do trabalho e na redução dos custos.
A palavra “sonegado” está sendo empregada com o sen-
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
tido de reduzido, diminuído.
maneira pela qual o Poder Público redige atos normati-
vos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
vista do Poder Executivo.

101
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa- sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
lidade, uso do padrão culto de linguagem, concisão, dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é ina-
formalidade e uniformidade, clareza e precisão, objeti- ceitável que um texto legal não seja entendido pelos
vidade, coesão e coerência. cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente,
clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
FIQUE ATENTO! dos atos normativos obedece a certa tradição. Há nor-
Essas quatro ultimas características foram mas para sua elaboração que remontam ao período de
acrescentadas no novo manual de redação nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
oficial. riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de-
zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos,
o número de anos transcorridos desde a Independência.
Vejamos: Essa prática foi mantida no período republicano.
Precisão: o atributo da precisão complementa a cla- Esses mesmos princípios (impessoalidade, clare-
reza e caracteriza-se Por: za, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
• articulação da linguagem comum ou técnica para a permitir uma única interpretação e ser estritamente im-
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. pessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, desde linguagem.
que usada de forma que não haja dúvidas na informação. Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
• manifestação do pensamento ou da ideia com as sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
mesmas palavras, evitando o emprego de sinôni- receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
mos com proposito meramente estilístico. Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
• escolha de expressão ou palavra que não confira a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
duplo sentido ao texto. tratados de forma homogênea (o público).
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao assun- buscou fazer das características específicas da forma ofi-
to que se deseja abordar, sem voltas e sem redundân- cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que
cias. Para conseguir isso, é fundamental que o redator se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as uma forma específica de linguagem administrativa,
secundarias. o que coloquialmente e pejorativamente se chama bu-
rocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
Coesão e coerência: é indispensável que o texto te- redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
nha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a co- e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
nexão, a ligação, a harmonia entre os elementos de um construção de frases.
texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência A redação oficial não é, portanto, necessariamente
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali-
frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando conti- dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima
nuidade uns aos outros. clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
jornalístico, da correspondência particular, etc.
#FicaDica Apresentadas essas características fundamentais da
Todo o texto precisa estar conectado, para redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
isso, fique atento à regência nominal e verbal, cada uma delas.
usando das preposições corretas de acordo
com a intenção do texto. • Uso do padrão culto de linguagem

A necessidade de empregar determinado nível de


Fundamentalmente esses atributos decorrem da linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração um lado, do próprio caráter público desses atos e co-
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos municações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais,
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou es-
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes- tabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regu-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo lam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é
LÍNGUA PORTUGUESA

a publicidade e a impessoalidade princípios fundamen- alcançado se em sua elaboração for empregada a lin-
tais de toda administração pública, claro está que devem guagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com cla-
ções oficiais. reza e objetividade.
Não se concebe que um ato normativo de qualquer As comunicações que partem dos órgãos públicos fe-
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci-
ou impossibilite sua compreensão. A transparência do dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar

102
o uso de uma linguagem restrita a determinados gru- • Clareza e precisão
pos. Não há dúvida que um texto marcado por expres-
sões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos Clareza
vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão
dificultada. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
Ressalte-se que há necessariamente uma distância oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos-
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente sibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se conce-
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração be que um documento oficial ou um ato normativo de
de costumes, e pode eventualmente contar com outros qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa-
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns rência é requisito do próprio Estado de Direito: é inacei-
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua tável que um texto oficial ou um ato normativo não seja
escrita incorpora mais lentamente as transformações, entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas publicidade não se esgota na mera publicação do texto,
de si mesma para comunicar. estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja
A língua escrita, como a falada, compreende diferen- claro.
tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer Para a obtenção de clareza, sugere-se:
de determinado padrão de linguagem que incorpore ex-
pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do tido comum, salvo quando o texto versar sobre
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz menclatura própria da área;
da língua, a finalidade com que a empregamos. b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca- as orações na ordem direta e evitar intercalações
ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão oração;
culto é aquele em que a) se observam as regras da gra- c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o
mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum texto;
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res- d) não utilizar regionalismos e neologismos;
saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na e) pontuar adequadamente o texto;
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das f) explicitar o significado da sigla na primeira referên-
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, cia a ela; e
dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti- g) utilizar palavras e expressões em outro idioma
cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi- apenas quando indispensáveis, em razão de serem
da compreensão por todos os cidadãos. designações ou expressões de uso já consagrado
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a ou de não terem exata tradução. Nesse caso, gra-
simplicidade de expressão, desde que não seja confundi- fe-as em itálico, conforme orientações do subitem
da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso 10.2 deste Manual.
do padrão culto implica emprego de linguagem rebus-
cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de Precisão
linguagem próprios da língua literária.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamen- O atributo da precisão complementa a clareza e ca-
te um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso racteriza-se por:
do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas a) articulação da linguagem comum ou técnica para a
expressões, ou será obedecida certa tradição no empre- perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
go das formas sintáticas, mas isso não implica, necessa- b) manifestação do pensamento ou da ideia com as
riamente, que se consagre a utilização de uma forma de mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní-
linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo mia com propósito meramente estilístico; e
jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreen- c) escolha de expressão ou palavra que não confira
são limitada. duplo sentido ao texto.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas
LÍNGUA PORTUGUESA

em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso É indispensável, também, a releitura de todo o tex-
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são obscuros provém principalmente da falta da releitura, o
de difícil entendimento por quem não esteja com eles fa- que tornaria possível sua correção. Na revisão de um ex-
miliarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá- pediente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreen-
-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da são por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. ser desconhecido por terceiros. O domínio que adqui-
rimos sobre certos assuntos, em decorrência de nossa

103
experiência profissional, muitas vezes, faz com que os realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, incon-
tomemos como de conhecimento geral, o que nem sem- formada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao
pre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise terceiro fuso, a maioria da população do Acre demons-
os termos técnicos, o significado das siglas e das abre- trou que a ela seria melhor regressar ao quarto fuso, es-
viações e os conceitos específicos que não possam ser tando cinco horas a menos que em Greenwich.
dispensados. Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários,
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante, es-
elaboradas certas comunicações quase sempre compro- magadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assuntos confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua oficial, que deve primar pela impessoalidade. Elimina-
indesejável repercussão no texto redigido. dos os excessos, o período ganha concisão, harmonia e
A clareza e a precisão não são atributos que se atin- unidade:
jam por si sós: elas dependem estritamente das demais
características da redação oficial, apresentadas a seguir. Exemplo:

• Objetividade Apurado o resultado da consulta à população acrea-


na, verificou-se que a maioria da população se mani-
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja festou pela rejeição da alteração realizada pela Lei no
abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir 11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal vin-
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual culada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre
é a ideia principal e quais são as secundárias. demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich.
em todo texto de alguma complexidade: as fundamen-
tais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o • Coesão e coerência
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas exis- É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
tem também ideias secundárias que não acrescentam in- Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmo-
formação alguma ao texto, nem têm maior relação com nia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
que também proporcionará mais objetividade ao texto. verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que coerência de um texto são: referência, substituição, elip-
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou tor- se e uso de conjunção.
na o texto rude e grosseiro. A referência diz respeito aos termos que se relacio-
nam a outros necessários à sua interpretação. Esse me-
• Concisão canismo pode dar-se por retomada de um termo, relação
com o que é precedente no texto, ou por antecipação de
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- um termo cuja interpretação dependa do que se segue.
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
transmitir o máximo de informações com o mínimo de Exemplos:
palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como
economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção.
passagens substanciais do texto com o único objetivo Ele aguardou a decisão do Plenário.
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de O TCU apontou estas irregularidades: falta de assina-
excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que tura e de identificação no documento.
nada acrescentem ao que já foi dito. A substituição é a colocação de um item lexical no
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração.
evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjeti- Exemplos:
vos e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
um exemplo1 de período mal construído, prolixo: Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
O exemplo de período mal construído foi elaborado, O ofício está pronto. O documento trata da exonera-
para fins didáticos, a partir do exemplo de período bem ção do servidor.
construído, por sua vez, extraído da Exposição de Mo- Os governadores decidiram acatar a decisão. Em se-
tivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21 de guida, os prefeitos fizeram o mesmo.
dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a). A elipse consiste na omissão de um termo recuperá-
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo: vel pelo contexto.

Apurado, com impressionante agilidade e precisão, Exemplo:


naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à popu-
lação acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os
maioria da população daquele distante estado manifes- particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do
tou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração verbo “regulamenta”).

104
Outra estratégia para proporcionar coesão e coerên- É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento.
cia ao texto é utilizar conjunção para estabelecer ligação Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
entre orações, períodos ou parágrafos. quele pronome de tratamento para uma autoridade de
Exemplo: certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
o interesse de seu Governo pelo assunto. cuida a comunicação.
A formalidade de tratamento vincula-se, também,
• Impessoalidade à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
a administração pública federal é una, é natural que as
A impessoalidade decorre de princípio constitucional comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O es-
(Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois as- tabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
pectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a admi- nual, exige que se atente para todas as características da
nistração pública proceda de modo a não privilegiar ou redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação
prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, sempre, o dos textos.
interesse público; o segundo, a abstração da pessoalida- A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes
de dos atos administrativos, pois, apesar de a ação admi- para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer ne-
nistrativa ser exercida por intermédio de seus servidores, cessária a impressão, e a correta diagramação do texto
é resultado tão-somente da vontade estatal. são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca-
A redação oficial é elaborada sempre em nome do pítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas
serviço público e sempre em atendimento ao interesse específicas para cada tipo de expediente. Em razão de
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos seu caráter público e de sua finalidade, os atos normati-
expedientes oficiais não devem ser tratados de outra for- vos e os expedientes oficiais requerem o uso do padrão
ma que não a estritamente impessoal. culto do idioma, que acata os preceitos da gramática for-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que mal e emprega um léxico compartilhado pelo conjunto
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica-
dos usuários da língua. O uso do padrão culto é, por-
ções oficiais decorre:
tanto, imprescindível na redação oficial por estar acima
das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regio-
a) da ausência de impressões individuais de quem
nais; dos modismos vocabulares e das particularidades
comunica: embora se trate, por exemplo, de um
linguísticas.
expediente assinado por Chefe de determinada
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do
Recomendações:
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável
padronização, que permite que as comunicações
elaboradas em diferentes setores da administração • a língua culta é contra a pobreza de expressão e
pública guardem entre si certa uniformidade; não contra a sua simplicidade;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- • o uso do padrão culto não significa empregar a
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
concebido como público, ou a uma instituição pri- linguagem próprias do estilo literário;
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. • a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
Em todos os casos, temos um destinatário conce- na redação de um bom texto.
bido de forma homogênea e impessoal; e
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
se o universo temático das comunicações oficiais drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
se restringe a questões que dizem respeito ao in- padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
teresse público, é natural não caber qualquer tom haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
particular ou pessoal. ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
Não há lugar na redação oficial para impressões sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
pessoais, como as que, por exemplo, constam de consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
uma carta a um amigo, ou de um artigo assina- rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
do de jornal, ou mesmo de um texto literário. A ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
redação oficial deve ser isenta da interferência da
individualidade de quem a elabora. A concisão, a Classificação da correspondência
clareza, a objetividade e a formalidade de que nos
valemos para elaborar os expedientes oficiais con- • Patente
tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessá- • Confidencial ou secreta
LÍNGUA PORTUGUESA

ria impessoalidade.
• Formalidade e padronização A correspondência confidencial ou secreta nunca
As comunicações administrativas devem ser sem- deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á dire-
pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma ção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada, de
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica- preferência em livro próprio.
ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o A correspondência particular, como é lógico, também
documento gerado no SEI!, o documento em html etc.), não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos
quanto para os eventuais documentos impressos. destinatários.

105
A correspondência dita patente, é que vai entrar no A resposta pode ser executada de diversas formas:
circuito de tratamento.
• Ditado direto, em que o processador de texto exe-
Abertura cuta diretamente o texto que lhe é transmitido;
A abertura da correspondência é importante referir a • Ditado indireto, onde o processador de texto exe-
forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a inuti- cuta o texto através de uma minuta, um registro
lização do conteúdo. que estenografou ou um registro gravado.
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteú-
do para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida Assinatura
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são Depois de finalizada a correspondência deve ser de
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos novo lida e em seguida assinada. A organização das
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior. grandes empresas implica que o correio e expedição es-
teja pronto até determinada hora, de forma a ser levado
a despacho.
Registro das entradas
Geralmente esta fase da correspondência concentra-
Registro de saída
-se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais O registro das saídas também é normalmente feito
recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais e
outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem das encaminhadas devidamente.
cópias não pode ser feita sem antes ser colocado o res-
pectivo carimbo da entrada contendo a data e o número Expedição e Arquivo
da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, mas Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito
tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a cor- deve-se verificar se:
respondência recebida.
• A carta está datada e assinada;
Distribuição • Contém o material referido em anexo;
A distribuição da correspondência pode ser feita de • O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por
diversas formas, mas sempre de forma a poder ser con- fim...
trolada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado livro de • Toda a correspondência que é expedida da empre-
protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia de remessa sa deve possuir em arquivo a respectiva cópia;
de documentos que os descreve e agrupa por destinos, • Quando a correspondência for registrada, junta-
acompanhando-os até a recepção. Aí é assinado um du- mente com a cópia, deve ser arquivado um exem-
plicado que comprova a entrega. plar do talão de aceitação;
• No caso do registro ser com aviso de recepção,
Resposta ou Arquivo este, após ser devolvido pelo destinatário com a
Depois de ser lida, a correspondência deve ser conve- respectiva assinatura, deve também ser arquivado
nientemente tratada. com a cópia da correspondência.

O que significa que: Para se redigir uma boa correspondência, é necessá-


ria objetividade na exposição do pensamento, é preciso
buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras em-
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, a
pregadas, e assim estabelecer uma melhor relação entre
correspondência vai imediatamente para o arqui-
as ideias.
vo, com a devida indicação no canto superior es-
querdo e a assinatura do ordenante;
• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas as "Se escrever cartas é um sinal de boa
anotações necessárias para a sua execução ou, en- educação, escrever corretamente é prova de
tão, se for o caso, o próprio destinatário encarre- boa instrução e inteligência". (Jane S. Singer)
gar-se-á de a escrever.
• Não esquecer que:
• Toda a correspondência urgente deve ter uma res- Há vários tipos de correspondência, e cada uma pos-
posta imediata; sui suas características, com suas normas e técnicas. O
• Não se deve adiar a resolução de assuntos pen- estilo e as técnicas aplicadas em correspondências se
dentes, tornando-os eternamente esquecidos. A atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O estilo
execução de uma carta resposta implica disponibi- depende dos conhecimentos dominados pelo redator, e
lidade de tempo e disponibilidade mental. este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão apresenta-
LÍNGUA PORTUGUESA

• Portanto, a redação da carta deve ser executada das ao longo do trabalho.


por uma pessoa experiente, de forma a minimizar Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até
as perdas de tempo e conseguir uma boa qualida- outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja
de de comunicação. para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más
notícias. Da habilidade social do remetente virá seu su-
cesso com o destinatário. Será preciso conhecer os có-
digos de comportamento deste para que a mensagem
surta efeito.

106
Tipos de Correspondência As comunicações que partem dos órgãos públicos fe-
derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci-
Quando se fala de correspondência, pensa-se logo dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
em uma simples carta, em mensagem escrita para tra- o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos.
ta-se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações Não há dúvida que um texto marcado por expressões
são bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou ou- de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
tros rumos, não perdendo suas características especiais. vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão
A correspondência tomou rumos diferentes, em diversas dificultada.
áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos A língua escrita, como a falada, compreende dife-
utilitários, como os de um industrial e seus compradores, rentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. O
ou os que dizem respeito à comunicação comercial, ban- mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter im-
cária, judicial e de tantas instituições sociais. Usualmente, pessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de
divide-se a correspondência em: clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto
da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele
a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais em que:
ou menos íntimas, sobre assuntos da vida priva- Observam-se as regras da gramática formal;
da, tais como notícias do quotidiano, da família, Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos
de viagens, agradecimentos, convites, pêsames. A usuários do idioma.
espécie mais particular de todas é a chamada carta É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
de amor, onde se expressam as nuanças do senti- do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
mento mais humano de todos. que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas
b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do- ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
cumentos ligados a transações comerciais, indus- idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão,
triais e também financeiras, tais como assuntos que se atinja a pretendida compreensão por todos os
bancários, investimentos, empréstimos, câmbios, cidadãos.
etc. Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra a
c) Oficial: quando provém de instituições do serviço simplicidade de expressão, desde que não seja confundi-
público, tanto civis como militares, ou a elas se di- da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso
rige. Abrange atos dos poderes legislativo, execu- do padrão culto implica emprego de linguagem rebus-
tivo e judiciário, requerimento dos cidadãos, avisos cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
à população, etc. linguagem própria da língua literária.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas so- padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
ciais diversas, como uma carta de um cidadão, solicitan- haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
do um favor comercial a um amigo pertencente a essa ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
área de atividades. A distinção recomendável é utilizar sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
nas cartas particulares uma linguagem mais espontânea, consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
mais rica em calor humano (salvo em comunicados im- rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
pressos, tais como convites, participações, que serão li- ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
dos não só pelos interessados, mas por outras pessoas
fora do círculo de amizade do remetente), deixando para Os atos administrativos são classificados como:
as cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem ape-
lar para aspectos afetivos, e para cartas ou documentos ATOS DE CORRESPONDÊNCIA
oficiais reservar uma formulação impessoal, mais dis-
tanciada e formal, que veicule a mensagem de forma Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos,
clara, mas sem pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a entidades e presidentes de comissões da Administração
um governador de Estado, por exemplo, sempre se fará do Município comunicam ao público assunto de seu in-
mencionando-se o cargo e não familiarmente o “prezado teresse e solicitam a sua participação.
fulano”. Carta: Forma de correspondência por meio da qual
os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a
Atos Oficiais personalidades e entidades públicas e particulares para
Os atos oficiais são entendidos como atos de caráter tratar de assunto oficial.
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos Circular: Correspondência oficial de igual teor, expe-
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos pú- dida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes de
LÍNGUA PORTUGUESA

blicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for unidades administrativas a vários destinatários.
empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com Exposição de Motivos: Correspondência por meio
os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de da qual os secretários e autoridades de nível hierárquico
informar com clareza e objetividade. A necessidade de equivalente expõem assuntos da Administração Munici-
empregar determinado nível de linguagem nos atos e ex- pal para serem solucionados por atos do Prefeito.
pedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter Quando a exposição de motivos tratar de assuntos
público desses atos e comunicações; de outro, de sua que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser
finalidade. assinada pelos Secretários envolvidos.

107
Além do caráter informativo, a exposição de motivos ATOS NORMATIVOS
pode propor medidas ou submeter projeto de ato nor-
mativo à apreciação da autoridade competente. Decreto: Ato emanado do Poder Público, com for-
Memorando: Correspondência utilizada pelas che- ça obrigatória, que se destina a assegurar ou promover
fias no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para a ordem política, social, jurídica e administrativa. É por
expor assuntos referentes a situações administrativas em meio de decretos que o chefe do Governo determina a
geral. Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em observância de regras legais.
nível hierárquico diferente. Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares de Coor-
Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do denações, Departamentos, Presidentes de Comissões,
Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expon- além de outras autoridades de nível hierárquico equiva-
do sobre matérias que dependem de deliberação da Câ- lente, determinam providências a serem cumpridas por
mara. A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, unidades orgânicas e/ou servidores subordinados.
entre outros: encaminhamento de projeto de lei comple- Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
mentar ou financeira; pedido de autorização para o Pre- (por delegação do Prefeito) expedem determinações
feito e o Vice-Prefeito se ausentarem do Município por gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
mais de 15 dias; encaminhamento das contas referentes servidores para substituições eventuais e execução de
ao exercício anterior; abertura da sessão legislativa; co- atividades.
municação de sanção de veto. Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, ten-
Ofício: Meio de comunicação utilizado entre dirigen- do como característica fundamental o estabelecimento
tes de órgãos e entidades e titulares de unidades da Pre- de normas, diretrizes e orientações para a consecução
feitura ou ainda destes para com a Administração Esta- dos objetivos.
dual, Federal e Empresas Privadas. É válida para assuntos normativos ou de reconheci-
Telegrama: Forma de correspondência em que são mento de excepcionalidade.
transmitidas comunicações de absoluta urgência e com Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos titu-
lares de órgãos e entidades e presidentes de comissões,
reduzido número de palavras, uma vez que a sua princi-
que se destina a fixar condições e prazos para a legitima-
pal característica é a síntese.
ção de ato ou fato administrativo, a ser concretizado pela
Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que,
Administração Municipal.
de acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar,
Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade
pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o
dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em uni-
pedido seja deferido, ou seja, aprovado.
dades organizacionais, especifica as respectivas compe-
tências, define as atribuições de seus dirigentes e indica
ATOS ENUNCIATIVOS seus relacionamentos interno e externo. Os regimentos
serão postos em vigor por decreto do Prefeito, referen-
Apostila: Documento que complementa um ato dado pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato.
oficial, em geral ligado à vida funcional dos servidores Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei
públicos, fixando vantagens pecuniárias, retificando ou ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua
alterando nomes ou títulos. aprovação por decreto do Prefeito.
O ato deve ser publicado e registrado no assenta-
mento funcional. É sempre assinado pelo titular do órgão ATOS DE AJUSTE
expedidor.
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre
solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade a administração pública e particulares, vislumbrando, de
pedido para que decida sobre o assunto. um lado, o objeto do acordo, e de outro, a contrapresta-
O despacho pode ser interlocutório ou decisório: ção correspondente (remuneração).
O Interlocutório é breve e baseado em informações Convênio: Acordo firmado por entidades públicas,
ou parecer, e consta do corpo do processo (quando hou- ou entre estas e organizações particulares, para realiza-
ver). Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade ção de objetivos de interesse comum dos partícipes.
competente, podendo, contudo, ser elaborado e assina- Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um
do por outros servidores desde que lhes seja delegada ato originário - contrato ou convênio - quando verifi-
competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De cada a necessidade de alteração de uma das condições
ordem”. ajustadas.

O decisório defere ou indefere solicitações. ATOS COMPROBATÓRIOS


Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre
assuntos submetidos à sua consideração. É um ato ad- Alvará: Documento firmado por autoridade compe-
LÍNGUA PORTUGUESA

ministrativo usado com mais frequência por conselhos, tente, certificando, autorizando ou aprovando atos ou
comissões, assessorias e equivalentes. direitos.
Relatório: Documento em que se relata ao superior Ata: Documento que registra, com o máximo de fide-
imediato a execução de trabalhos concernentes a deter- lidade, o que se passou em uma reunião, sessão públi-
minados serviços ou a um período relativo ao exercício ca ou privada, congresso, encontro, convenção e outros
de cargo, função ou desempenho de atribuições. eventos, para comprovação, inclusive legal, das discus-
sões e resoluções havidas.

108
A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos do administrador. Em se tratando de motivo vincu-
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às lado pela lei, o agente da administração, ao prati-
mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou car o ato, fica na obrigação de justificar a existência
entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo
rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou menos invalidável por ausência da motivação.
espaços em branco. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação,
A linguagem utilizada na redação é bastante sumária a modificação ou a comprovação de situações jurí-
e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por dicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades
sua característica de simples resumo de fatos. Também, sujeitas à atuação do Poder Público. Neste sentido,
em decorrência disso, os verbos são empregados sempre o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por
no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser meio dele a administração manifesta o seu poder
evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas e a sua vontade ou atesta simplesmente situações
e valores, de preferência, são escritos por extenso. A re- pré-existentes.
dação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos fatos
ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre eles. AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as retifica-
ções feitas à anterior. Concordância com os pronomes de tratamento
Para os erros constatados no momento da redação,
consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula retifica- Os pronomes de tratamento apresentam certas pe-
tiva “digo”. Se forem notados erros após a redação, há o culiaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e
recurso da expressão “em tempo”. pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa grama-
Atestado: Documento em que se comprova um fato tical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância
e se afirma a existência ou inexistência de uma situação para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa Excelência ou
de direito da qual se tenha conhecimento em favor de Vossa Senhoria são utilizados para se comunicar direta-
alguém. mente com o receptor.
Certidão: Documento oficial onde se transcrevem da-
dos de assentamentos funcionais com absoluta precisão. #OBS.:
A certidão deve ser escrita sem abertura de pará-
grafos, emendas ou rasuras. Quando houver engano ou Quanto às formas de tratamento não foi alterado nes-
omissão, o certificante o corrigirá com “digo”, colocado sa última atualização do manual.
imediatamente após o erro.
Declaração: Documento de manifestação administra- Concordância de gênero
tiva, declaratório da existência ou não de um direito ou
de um fato. Com as formas de tratamento, faz-se a concordância
com o sexo das pessoas a que se referem:
Os atos administrativos são compostos pelos seguin- Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a as-
tes elementos: sistir ao III Seminário da NOVA.

1. Competência - É a condição primeira para a vali- • Vossa Excelência será informada (mulher) a respei-
dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser to das conclusões do III Seminário da NOVA.
realizado validamente sem que o agente disponha
de poder legal para praticá-lo. Concordância de pessoa
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atin-
gir. Não se compreende ato administrativo sem fim Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, as
público. formas de tratamento exigem verbos e pronomes refe-
3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o rentes a elas na terceira pessoa:
ato administrativo constitui elemento vinculado
e indispensável à sua perfeição. A inexistência da Vossa Excelência solicitou...
forma induz à inexistência do ato administrativo.
A forma normal do ato administrativo é a escrita, • Vossa Senhoria informou...
embora atos existam consubstanciados em ordens • Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria
verbais, e até mesmo em sinais convencionais, e sua equipe para... Na oportunidade, teremos a
como ocorre com as instruções momentâneas de honra de ouvi-los...
superior a inferior hierárquico, com as determi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nações da polícia em casos de urgência e com a A pessoa do emissor


sinalização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato
escrito em forma legal não se exporá à invalidade. O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo,
4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de di- poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a primei-
reito ou de fato que determina ou autoriza a rea- ra do plural (plural de modéstia). Não pode, no entanto,
lização do ato administrativo. O motivo como misturar as duas opções ao longo do texto:
elemento integrante da perfeição do ato, pode vir
expresso em lei, como pode ser deixado a critério

109
Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência... para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
• Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência... que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
• Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência... to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
• Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência... civis, militares e eclesiásticas.
Umas das características do estilo da correspondên-
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua cia oficial e empresarial é a polidez, entendida como o
(Excelência, Senhoria, etc.) ajustamento da expressão às normas de educação ou
cortesia.
• Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento di- A polidez se manifesta no emprego de fórmulas de
reto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não, sim-
se fala, ou a quem se dirige a correspondência plesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de suge-
(equivale a você): Na expectativa do atendimento rir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no cuidado
do que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa de evitar frases agressivas ou ásperas (até uma carta
Senhoria nossas atenciosas saudações. de cobrança pode ter seu tom amenizado, fazendo-se
• Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pes- menção, por exemplo, a um possível esquecimento...); no
soa de quem se fala (equivale a ele fala): Na aber- emprego adequado das formas de tratamento, dispen-
tura do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor sando sempre atenção respeitosa a superiores, colegas
da PUCRS falou sobre o Plano Estratégico. e subalternos.
No que diz respeito à utilização das formas de trata-
Abreviatura das formas de tratamento mento e endereçamento, deve-se considerar não apenas
a área de atuação da autoridade (universitária, judiciária,
A forma por extenso demonstra maior respeito, maior religiosa, etc.), mas também a posição hierárquica do car-
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigi- go que ocupa.
da ao Presidente da República. Fique claro, no entanto,
que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por Concordância com os Pronomes de Tratamento
extenso, independentemente do cargo ocupado pelo
destinatário. Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con-
Vossa Magnificência cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refi-
ram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se
É assim que manuais mais antigos de redação ensinam fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a con-
a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito cordância para a terceira pessoa. É que o verbo concor-
cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar, da com o substantivo que integra a locução como seu
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto»;
tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente «Vossa Excelência conhece o assunto».
e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a Da mesma forma, os pronomes possessivos referi-
fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser dos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor. pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não
«Vossa ... vosso...”).
Pronomes de Tratamento Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pes-
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra- soa a que se refere, e não com o substantivo que com-
tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o
acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por- correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senho-
tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento ria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”, está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
passou-se a empregar, como expediente linguístico de
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no Emprego dos Pronomes de Tratamento
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
o autor: Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tra-
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fin- tamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira
gir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se di-
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela rige. Na redação oficial, é necessário atenção para o uso
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei dos pronomes de tratamento em três momentos distin-
LÍNGUA PORTUGUESA

com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); tos: no endereçamento, no vocativo e no corpo do texto.
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, do documento. No corpo do texto, pode-se empregar os
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por
A partir do final do século XVI, esse modo de trata- extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelo-
mento indireto já estava em voga também para os ocu- pe que contém a correspondência oficial.
pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu

110
Vocativo Senhor Ministro,
Senhor Governador,
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas co- No envelope, o endereçamento das comunicações di-
municações oficiais, o vocativo será sempre seguido de rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá
vírgula. a seguinte forma:
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, uti- A Sua Excelência o Senhor
liza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentís- Fulano de Tal
sima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula. Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF
FIQUE ATENTO! A Sua Excelência o Senhor
Aqui temos outra mudança. Senador Fulano de Tal
O manual atualizado traz a possibilidade de se Senado Federal
utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o oficio 70.165-900 – Brasília. DF
estiver sendo direcionado para PARTICULAR.
Senhor Governador... (para autoridades) Senhor Ministro,
Prezado fulano de tal... (para particular) Submeto a Vossa Excelência projeto (...)

Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO DO


Como visto, o emprego destes obedece a secular tra- TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades arrola-
dição. São de uso consagrado: das na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
sua repetida evocação.
a) do Poder Executivo; Vossa Senhoria é empregado para as demais auto-
Presidente da República; ridades e para particulares. O vocativo adequado e o
Vice-Presidente da República; endereçamento que deve constar no envelope são:
Ministros de Estado;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Ao Senhor
Distrito Federal; Fulano de Tal
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Rua ABC, no 123
Embaixadores; 70.123 – Curitiba. PR
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu- Senhor Fulano de Tal,
pantes de cargos de natureza especial; Escrevo a Vossa Senhoria (...)
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais. Como se depreende do exemplo acima, FICA DISPEN-
SADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO ILUSTRÍSSIMO
b) do Poder Legislativo: para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
Deputados Federais e Senadores; Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do prono-
Ministro do Tribunal de Contas da União; me de tratamento Senhor.
Deputados Estaduais e Distritais; Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE TRA-
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; TAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscrimi-
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. nadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
c) do Poder Judiciário: por terem concluído curso universitário de doutorado.
Ministros dos Tribunais Superiores; É costume indevido designar por doutor os bacharéis, es-
Membros de Tribunais; pecialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos
Juízes; demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
formalidade às comunicações.
d) outros: Auditores da Justiça Militar. Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
O vocativo a ser empregado em comunicações diri- empregada por força da tradição, em comunicações diri-
gidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, se- gidas a reitores de universidade.
guido do cargo respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Corresponde-lhe o vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Nacional,
LÍNGUA PORTUGUESA

Magnífico Reitor,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribu-
nal Federal. Agradeço a Vossa Magnificência por (...)

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Os pronomes de tratamento e vocativos para religio-
Senhor, seguido do cargo respectivo: sos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Senhor Senador, Em comunicações dirigidas ao Papa:
Senhor Juiz,

111
Santíssimo Padre,

Rogo a Vossa Santidade que (...)


Em comunicações aos Cardeais:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

Em comunicações a Arcebispos e Bispos:


Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo / Bispo,

Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superiores religiosos:


Reverendíssimo Senhor Monsenhor / Cônego / Superior religioso

Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:


Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,

Rogo a Vossa Reverência que (...)

Veja o quadro a seguir, que:

• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;


• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.

Autoridades Universitárias

Cargo ou
Por Extenso Abreviatura Singular Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Função
Ao Magnífico Reitor
V. Mag. as
ou V. Magnífico Reitor
ou
Magas.
Vossa Magnificência
V. Mag.ª ou V. Maga. ou
Reitores ou Ao Excelentíssimo
V. Exa. ou V. Ex.ª ou
Vossa Excelência Senhor Reitor
Excelentíssimo
Nome
V.Ex.as ou V.Exas. Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. S e n h o r Nome
Vice-Reitor Cargo
Endereço
Assessores
Ao Senhor
Pró-Reitores
V.S.ª ou Nome
Diretores Vossa Senhoria V.S. ou V.Sas.
as
Senhor + cargo
V.Sa. Cargo
Coord. de
Endereço
Departamento
LÍNGUA PORTUGUESA

112
Autoridades Judiciárias

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Ao Excelentíssimo Senhor
Desembargadores
V o s s a E x c e l e n t í s s i m o Nome
Membros de Tribunais V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex. ou V. Exas.
as
Excelência Senhor + cargo Cargo
Presidentes de
Endereço
Tribunais
Procuradores
Promotores
M e r i t í s s i m o Ao Meritíssimo Senhor Juiz
Meritíssimo Senhor Juiz ou
Juiz Ao Excelentíssimo Senhor
M.Juiz ou V.Ex.ª, V.
Juízes de Direito ou V.Ex.as ou Juiz
Exas.
V o s s a Nome
Excelência E x c e l e n t í s s i m o Cargo
Senhor Juiz Endereço

Autoridades Militares

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais V o s s a E x c e l e n t í s s i m o Nome
V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex.as, ou V. Exas.
(até Coronéis) Excelência Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
V o s s a Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
Senhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Abreviatura
Cargo ou unção Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev. ou V. V.Ex. Rev.
ma
ou V. E x c e l e n t í s s i m o
as mas
Arcebispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V. V.Ex.asRev.mas ou V. E x c e l e n t í s s i m o
Bispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Eminência
Vossa Eminência V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas. Eminentíssimo
Reverendíssima
ou Vossa ou ou Reverendíssimo
Cardeais Nome
E m i n ê n c i a V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou V. ou Eminentíssimo
Cargo
Reverendíssima Ema. Revma. Emas. Revmas. Senhor Cardeal
Endereço
Ao Reverendíssimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Cônego
V o s s a V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Cônegos Nome
Reverendíssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço

113
Ao Reverendíssimo
Frade
V o s s a V. Rev. ma
V. Rev. mas
Reverendíssimo
Frades Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade
Cargo
Endereço
A Reverendíssima Irmã
V o s s a V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo Nome
Freiras
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Irmã Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo
Monsenhor
V o s s a V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
A Sua Santidade o
Papa Vossa Santidade V.S. Santíssimo Padre
• Papa
Ao Reverendíssimo
Padre / Pastor
ou
Sacerdotes em V o s s a V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Padre / Ao Reverendo Padre /
geral e pastores Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Pastor Pastor
Nome
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Cargo ou Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Alteza Real
Nome
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Nome
Imperadores Vossa Majestade V.M. VV. MM. Majestade
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Nome
Reis Vossa Majestade V.M. VV. MM. Majestade
Cargo
Endereço
LÍNGUA PORTUGUESA

114
Autoridades Civis

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Chefe da Casa Civil e da

Casa Militar

Cônsules

Deputados

Embaixadores
Ao Excelentíssimo
Governadores
Senhor
V o s s a V.Ex.ª ou V.Ex.
as
Excelentíssimo
Nome
Ministros de Estado Excelência V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo
Cargo
Endereço
Prefeitos

Presidentes da República

Secretários de Estado

Senadores

Vice-Presidentes de
Repúblicas
Ao Senhor
Demais autoridades
V.S.ª ou V.S.as Nome
não contempladas com Vossa Senhoria Senhor + Cargo
V. Sa. ou V. Sas. Cargo
tratamento específico
Endereço
Forma de Diagramação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

FIQUE ATENTO!
- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou
Carlito (antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações;
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
LÍNGUA PORTUGUESA

- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavraschave do conteúdo.

115
Fechos para Comunicações
FIQUE ATENTO!
O fecho das comunicações oficiais possui, além da De acordo com essas alterações, os tipos
finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o des- memorando e aviso foram abolidos e passou-
tinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo uti- se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
lizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com
o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual es- A diagramação proposta para esse expediente é de-
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes nominada padrão ofício.
para todas as modalidades de comunicação oficial: A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente aparece no documento oficial.
da República:
Respeitosamente, Partes do documento no padrão ofício

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- Cabeçalho


rarquia inferior:
Atenciosamente, O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações diri- do documento, centralizado na área determinada pela
gidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e formatação.
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual No cabeçalho deverão constar os seguintes elementos:
de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
a) brasão de Armas da República: no topo da página.
Não há necessidade de ser aplicado em cores. O
Identificação do Signatário
uso de marca da instituição deve ser evitado na
correspondência oficial para não se sobrepor ao
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden- Brasão de Armas da República.
te da República, todas as demais comunicações oficiais b) nome do órgão principal;
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as c) nomes dos órgãos secundários, quando necessá-
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da rios, da maior para a menor hierarquia; e
identificação deve ser a seguinte: d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
(espaço para assinatura) Exemplo:
Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a


assinatura em página isolada do expediente. Transfi-
ra para essa página ao menos a última frase anterior ao
fecho.

O Padrão Ofício Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,


endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico
Antes das ultimas alterações do Manual de Reda- oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
ção, tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e do documento, centralizados.
Memorando.
A distinção básica anterior entre os três era: 5.1.2 Identificação do expediente
a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros
de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; Os documentos oficiais devem ser identificados da
b) ofício: era expedido para e pelas demais autorida- seguinte maneira:
des; e
a) nome do documento: tipo de expediente por ex-
c) memorando: era expedido entre unidades admi-
LÍNGUA PORTUGUESA

tenso, com todas as letras maiúsculas;


nistrativas de um mesmo órgão.
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra
“número”, padronizada como No;
c) informações do documento: número, ano (com
quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede
o documento, da menor para a maior hierarquia,
separados por barra (/); e
d) alinhamento: à margem esquerda da página.

116
Exemplo:

OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT

Local e data do documento

Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar da seguinte forma:

a) composição: local e data do documento;


b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a
sigla da unidade da federação depois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os demais dias do
mês. Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.
Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.

Endereçamento

O endereçamento é a parte do documento que informa quem receberá o expediente.


Nele deverão constar os seguintes elementos:

a) vocativo: na forma de tratamento adequada para quem receberá o expediente;


b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas:
primeira linha: informação de localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, infor-
mação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e
unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão,
não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade da federação; e

e) alinhamento: à margem esquerda da página.

O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Exce-
lência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor”
ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria a Senhora”.

Exemplos:

A Sua Excelência o Senhor À Senhora Ao Senhor


[Nome] [Nome] [Nome]
Ministro de Estado da Justiça Diretora de Gestão de Pessoas Chefe da Seção de Compras
Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Seção
70064-900 Brasília/DF 70070-030 Brasília. DF Brasília — DF

Assunto

O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não
se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

117
Exemplos: c) parágrafos:
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão • espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
julho/2018. cada parágrafo;
Assunto: Aquisição de computadores. • recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
gem esquerda;
Texto do documento • numeração dos parágrafos: apenas quando o do-
cumento tiver três ou mais parágrafos, desde o pri-
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte meiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o
padronização de estrutura: fecho;
I – nos casos em que não seja usado para encami- d) fonte: Calibri ou Carlito;
nhamento de documentos, o expediente deve conter a • corpo do texto: tamanho 12 pontos;
seguinte estrutura: • citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
• notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fon-
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da
tes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e
comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a
Wingdings;
honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar
que. Prefira empregar a forma direta: Informo, So- Fechos para comunicações
licito, Comunico;
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da
se o texto contiver mais de uma ideia sobre o as- finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatá-
sunto, elas devem ser tratadas em parágrafos dis- rio. Os modelos para fecho anteriormente utilizados fo-
tintos, o que confere maior clareza à exposição; e ram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
assunto. Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los,
este Manual estabelece o emprego de somente dois fe-
II – quando forem usados para encaminhamento de chos diferentes para todas as modalidades de comuni-
documentos, a estrutura é modificada: cação oficial:

a) introdução: deve iniciar com referência ao expe- a) Para autoridades de hierarquia superior a do re-
diente que solicitou o encaminhamento. Se a re- metente, inclusive o Presidente da República:
messa do documento não tiver sido solicitada, Respeitosamente,
deve iniciar com a informação do motivo da co- b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar-
municação, que é encaminhar, indicando a seguir quia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
os dados completos do documento encaminhado
(tipo, data, origem ou signatário e assunto de que Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di-
se trata) e a razão pela qual está sendo encaminha- rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
do; e tradição próprios.

Exemplos: O fecho da comunicação deve ser formatado da se-


guinte maneira:
Em resposta ao Ofício n o 12, de 1o de fevereiro de
a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da
2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de
página;
2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
trata da requisição do servidor Fulano de Tal. gem esquerda;
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do c) espaçamento entre linhas: simples;
Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presiden- d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
te da Confederação Nacional da Indústria, a respeito de cada parágrafo; e
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região e) não deve ser numerado.
Nordeste.
Identificação do signatário
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação de-
sejar fazer algum comentário a respeito do docu- Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente
mento que encaminha, poderá acrescentar pará- da República, todas as demais comunicações oficiais de-
grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não vem informar o signatário segundo o padrão:
há parágrafos de desenvolvimento em expediente
LÍNGUA PORTUGUESA

usado para encaminhamento de documentos. a) nome: nome da autoridade que as expede, grafa-
do em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa
III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto linha acima do nome do signatário;
do documento deve ser formatado da seguinte maneira: b) cargo: cargo da autoridade que expede o docu-
mento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas.
a) alinhamento: justificado; As preposições que liguem as palavras do cargo
b) espaçamento entre linhas: simples; devem ser grafadas em minúsculas; e

118
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Exemplo:
(espaço para assinatura)
NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República
(espaço para assinatura)
NOME
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

Numeração das páginas

A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação.


Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Formatação e apresentação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:

a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);


b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão
colorida para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico,
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a sobriedade e a padronização do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado
para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencial-
mente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço
público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte manei-
ra: tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do
conteúdo

Exemplo:
Ofício 123_2018_relatório produtividade anual
LÍNGUA PORTUGUESA

119
Seguem exemplos de Ofício:
LÍNGUA PORTUGUESA

120
LÍNGUA PORTUGUESA

121
Tipos de documentos

FIQUE ATENTO!
Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos
LÍNGUA PORTUGUESA

os tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.

Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar-se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis
variações:

a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão
receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.

122
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente
para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo
expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:

OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC


OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas
ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Definição e finalidade

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:

a) propor alguma medida;


b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o
assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros
envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.

Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das
exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou infor-
mar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar
o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto
informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.
As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que per-
mitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:

a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.
LÍNGUA PORTUGUESA

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos minis-
tros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

123
Exemplo de exposição de motivos:
LÍNGUA PORTUGUESA

124
#FicaDica
A exposição de motivos deve estar adequados ao sistema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Do-
cumentos Oficiais)
LÍNGUA PORTUGUESA

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elabo-
ração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos com as
propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica que
informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico
da Pasta.

125
Mensagem Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores do
Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes de
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial missão diplomática, diretores e conselheiros de agências
entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e IV do
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacio-
Poder Legislativo para informar sobre fato da administra- nal competência privativa para aprovar a indicação.
ção pública; para expor o plano de governo por ocasião O curriculum vitae do indicado, assinado, com a infor-
da abertura de sessão legislativa; para submeter ao Con- mação do número de Cadastro de Pessoa Física, acom-
gresso Nacional matérias que dependem de deliberação panha a mensagem.
de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comu-
nicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
e da Nação. ce-Presidente da República se ausentarem do país
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos por mais de 15 dias:
ministérios à Presidência da República, a cujas assesso-
rias caberá a redação final. Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da com-
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao petência privativa do Congresso Nacional. O Presidente
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni-
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti- cação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de gens idênticas.
lei complementar e os que compreendem plano
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos e) Encaminhamento de atos de concessão e de reno-
anuais e créditos adicionais: vação de concessão de emissoras de rádio e TV:

Os projetos de lei ordinária ou complementar são en- A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
viados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art.
gência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser outorga ou a renovação da concessão após deliberação
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Des-
cabe pedir na mensagem a urgência prevista na Consti-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos mem- tuição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já define o
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou renova-
ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Pre- ção, acompanha a mensagem o correspondente proces-
sidência da República ao Primeiro-Secretário da Câma- so administrativo.
ra dos Deputados, para que tenha início sua tramitação
(Constituição, art. 64, caput). f) Encaminhamento das contas referentes ao exercí-
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano cio anterior:
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Con-
respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secre- gresso Nacional as contas referentes ao exercício ante-
tário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da rior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados rea-
comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está lizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput, in-
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § ciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu
5o), que comanda as sessões conjuntas. Regimento Interno.

b) Encaminhamento de medida provisória: g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:

Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons- Deve conter o plano de governo, exposição sobre a
tituição, o Presidente da República encaminha Mensa- situação do País e a solicitação de providências que jul-
gem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício gar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O porta-
para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntando dor da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência
LÍNGUA PORTUGUESA

cópia da medida provisória. da República. Esta mensagem difere das demais, porque
vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas
c) Indicação de autoridades: em forma de livro.

As mensagens que submetem ao Senado Federal a h) Comunicação de sanção (com restituição de


indicação de pessoas para ocuparem determinados car- autógrafos):
gos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do

126
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário da
Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos
três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de sanção.

i) Comunicação de veto:

Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar,
se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário Oficial
da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:


• Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).
• Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art.
49, caput, inciso I);
• Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
• Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso
VI);
• Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
• Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
• Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art. 128,
§ 2o);
• Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
• Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
• Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
• Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
• Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
único);
• Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
mentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
• Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
• Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
188, § 1o).

Forma e estrutura
As mensagens contêm:

a) brasão: timbre em relevo branco


b) identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com
o recuo de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.
LÍNGUA PORTUGUESA

127
Exemplo de mensagem:

Correio eletrônico (e-mail)

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às
características de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.
LÍNGUA PORTUGUESA

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também na
administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode signi-
ficar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão
“.gov.br”, por exemplo.

128
Como sistema de transmissão de mensagens eletrô- Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
nicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de
na principal forma de envio e recebimento de documen- abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como “Abra-
tos na administração pública. ços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados,
não são fechos oficiais e, portanto, não devem ser utiliza-
Valor documental dos em e-mails profissionais.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de O correio eletrônico, em algumas situações, acei-
agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor documen- ta uma saudação inicial e um fecho menos formais. No
tal, isto é, para que possa ser aceito como documento entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
original, é necessário existir certificação digital que ateste deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro
a identidade do remetente, segundo os parâmetros de documento oficial.
integridade, autenticidade e validade jurídica da Infraes-
trutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. Bloco de texto da assinatura
O destinatário poderá reconhecer como válido o
e-mail sem certificação digital ou com certificação digi- Sugere-se que todas as instituições da administração
tal fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assi-
será obrigatório a repetição do ato por meio documento natura do e-mail deve conter o nome completo, o cargo,
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
ICP-Brasil.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor Exemplo:
a aceitação de documento eletrônico que não atenda os Maria da Silva
parâmetros da ICP-Brasil. Assessora
Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
Forma e estrutura (61)XXXX-XXXX
Um dos atrativos de comunicação por correio ele-
trônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir Anexos
padronização da mensagem comunicada. No entanto, A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
devem-se observar algumas orientações quanto à sua imagens de diversos formatos é uma das vantagens do
estrutura. e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Campo “Assunto” Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, corpo do correio eletrônico.
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencaminha-
do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, mento de anexos nas mensagens de resposta.
localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o Os arquivos anexados devem estar em formatos
conteúdo completo da mensagem para que não pareça, usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/ Quando se tratar de documento ainda em discussão, os
lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em for-
preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma mato que possa ser editado.
da Previdência”.
Recomendações
Local e data
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez • Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de
que o próprio sistema apresenta essa informação. confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
deve constar da mensagem pedido de confirma-
Saudação inicial/vocativo ção de recebimento;
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por • Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
uma saudação. Quando endereçado para outras insti- computadores, mantêm-se a recomendação de
tuições, para receptores desconhecidos ou para parti- tipo de fonte, tamanho e cor dos documentos ofi-
culares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais ciais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, se- • Fundo ou papéis de parede eletrônicos não de-
guido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Preza- vem ser utilizados, pois não são apropriados para
LÍNGUA PORTUGUESA

da Senhora”. mensagens profissionais, além de sobrecarregar o


tamanho da mensagem eletrônica;
Exemplos: • A mensagem do correio eletrônico deve ser revi-
Senhor Coordenador, sada com o mesmo cuidado com que se revisam
Prezada Senhora, outros documentos oficiais;
Fecho • O texto profissional dispensa manifestações emo-
cionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;

129
• Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das con-
versas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
• Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota agres-
sividade de parte do emissor da comunicação.
• Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de logo-
tipos do ente público junto ao texto da assinatura.
• Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

FIQUE ATENTO!
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manual de Redação

No Manual de Redação Oficial, temos ainda um capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E
GRAMÁTICA.

Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua ela-
boração, levou-se em conta amplo levantamento feito das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à sintaxe
e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual de uma parte eminentemente prática, à qual se possa recorrer sempre
que houver incerteza quanto à grafia de determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à adequada
expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de
regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática
dita tradicional (ou normativa). A aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria, forçosamente, em discussão
de teoria linguística, o que não parece apropriado em um Manual que tem óbvia finalidade prática.
Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias
em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há
gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades
do idioma.
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem. No
entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente contribui
para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteúdo do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que se refere
ao uso do hífen.
Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse assunto e segue o link para análise do conteúdo do Manual na
íntegra:
http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-oficial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-republica/

Hífen

O hífen é usado em palavras compostas, com pronomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-alas, pós-
-moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a, sa-ú-de.
LÍNGUA PORTUGUESA

130
Prefixos e Elementos de Composição

Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:

Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:


H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, Intra-,
sobre-humano, supra-hepático,
Sobre-, Supra-, Ultra-
ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.
H/R
Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano,
Hiper-, Inter-, Super-
inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por
exemplo “subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-, Soto-, Vice-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-
Vizo-
mestre (substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá
hífen. Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor,
propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por Exemplos com H: geo-histórico,
apresentarem elevado grau de independência e mini-hospital, neo-helênico,
possuírem uma significação mais ou menos delimitada, proto-história, semi-hospitalar.
presente à consciência dos falantes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, Hidro-, arqui-inimigo, auto-observação,
Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, eletro-ótica, micro-ondas,
LÍNGUA PORTUGUESA

Proto-, Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- micro-ônibus, neo-ortodoxia,


semi-interno, tele-educação.

#Importante

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo
que este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’,
dobram-se essas letras.

131
Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência,
cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno. • Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos
pode haver duas formas de grafia.
2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen,
mesmo diante de palavras começadas por ‹e›. Exemplos:

Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, “Hidroavião” e “hidravião”;


reedição. “hidroenergia” e “hidrenergia”

3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo • No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado
terminar em vogal e o segundo elemento começar apenas quando houver função de substantivo (=
por r ou s, estas consoantes serão duplicadas e não de associado).
se utilizará o hífen.
Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalida-
de, autorretrato, contrarregra, contrassenso, extrasseco, • Travessão e Hífen
infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc.
Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
um sinal de pontuação mais longo do que o hífen.
FIQUE ATENTO!
Não confunda as grafias das palavras • Hífen e translineação
autorretrato e porta-retrato. A primeira é
composta pelo prefixo auto-, o que justifica Havendo coincidência de fim de linha com o hífen,
a ausência do hífen e a duplicação da deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo no início da linha
consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado, seguinte.
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata- Exemplos: ex-
se de uma forma do verbo “portar”. Assim, • alferes
esse substantivo composto deve ser sempre guarda-
grafado com hífen.
• chuva
Por favor, diga-
4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
terminar em vogal e o segundo elemento começar • nos logo o que aconteceu.
por vogal diferente, não se utilizará o hífen.
Conheça algumas diferenças de significação que o
Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada, agroin- uso (ou ausência) do hífen pode provocar:
dustrial, contraindicação, infraestrutura, intraocular, plu-
rianual, pseudoartista, semiembriagado, ultraelevado, Significado com uso do
etc. Significado sem uso do hífen
hífen
Ao meio-dia = às 12h
5) Não se utilizará o hífen nas formações com os pre-
fixos des- e in-, nas quais o segundo elemento ti-
ver perdido o “h” inicial.
Meio dia = metade do dia
Exemplos: desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao pos-


suir função prefixal. Pão duro = pão envelhecido

Exemplos: não violência, não agressão, não


comparecimento.
Pão-duro = sovina
Lembre-se:
LÍNGUA PORTUGUESA

Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os


elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc.

Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal,


tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, tetra-
plégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:

132
Cara suja = rosto sujo 2. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016)
Cara-suja = espécie de Considerando as disposições do MRPR, assinale a opção
periquito que apresenta o vocativo adequado para ser empregado
em um expediente cujo destinatário seja um Delegado
de Polícia Civil.

a) Magnífico Delegado,
b) Digníssimo Delegado,
c) Senhor Delegado,
d) Excelentíssimo Senhor Delegado,
e) Ilustríssimo Senhor Delegado,
Copo de leite = copo com leite Copo-de-leite = flor
Resposta: Letra C
Manual de Redação:
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
(...)
Para ter acesso ao conteúdo completo da parte gra- Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra-
matical, acesse nosso site e adquira nossos materiais de tamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na
Língua Portuguesa para complementar seus estudos. lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
sua repetida evocação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
(...) Como se depreende do exemplo acima, fica dis-
pensado o emprego do superlativo ilustríssimo para
1. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pro-
República (MRPR), o aviso e o ofício são nome de tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen-
a) modalidades de comunicação entre unidades admi- to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscrimina-
nistrativas de um mesmo órgão. damente. Como regra geral, empregue-o apenas em
b) instrumentos de comunicação oficial entre os chefes comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
dos poderes públicos. por terem concluído curso universitário de doutorado.
c) documentos que compartilham a mesma diagrama- É costume designar por doutor os bacharéis, especial-
ção, uma vez que seguem o padrão ofício. mente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos
d) expedientes utilizados para o tratamento de assun- demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
tos oficiais entre órgãos da administração pública e formalidade às comunicações.
particulares. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
e) correspondências usualmente remetidas por particu- manual.htm
lares a órgãos do serviço público.
3. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços
Resposta: Letra C de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014)
De acordo com o Manual: Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
O Padrão Ofício respondências oficiais, julgue os itens que se seguem,
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e República.
o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
adotar uma diagramação única, que siga o que cha-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
mamos de padrão ofício.
cargos públicos.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
manual.htm
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Errado
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afi-
nal, a dignidade é condição primordial para que tais
cargos públicos sejam ocupados.
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
cial_publicacoes_ver.php?id=2

133
5. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁ- Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
RIO – MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação ofi- das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
cial, exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras, tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou Aten- nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
ciosamente, de acordo com as hierarquias do destinatá-
rio e do remetente. 7. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços
de Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Conside-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO rando aspectos estruturais e linguísticos das correspon-
dências oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo
Resposta: Certo com o Manual de Redação da Presidência da República.
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es- O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
tabelece o emprego de somente dois fechos diferen- das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
tes para todas as modalidades de comunicação oficial: nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente cargos públicos.
da República: Respeitosamente,
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
rarquia inferior: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- Resposta: Errado
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma- Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afi-
nal, a dignidade é condição primordial para que tais
4. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS cargos públicos sejam ocupados.
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata, Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
devem-se relatar exaustivamente, com o máximo de cial_publicacoes_ver.php?id=2
detalhamento possível, incluindo-se os aspectos subje-
tivos, as discussões, as propostas, as resoluções e as de-
liberações ocorridas em reuniões e eventos que exigem
registro.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado

Ata é um documento administrativo que tem a fina-


lidade de registrar de modo sucinto a sequência de
eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas
com um fim específico. É característica da Ata apre-
sentar um resumo, cronologicamente disposto, de
modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/
ensino/a_redacao_oficial_ata/)

6. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – CES-


PE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamen-
te, de acordo com as hierarquias do destinatário e do
remetente.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo

Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-


LÍNGUA PORTUGUESA

tabelece o emprego de somente dois fechos diferen-


tes para todas as modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da


República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,

134
4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
HORA DE PRATICAR! TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
com acento gráfico é:
1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA
AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos a) história;
eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os b) evidência;
segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com his- c) até;
tórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vocábulos d) país;
acentuados do trecho anterior foram colocados em pares e) humanitárias.
com palavras também acentuadas graficamente. Dentre
os pares formados, indique o que apresenta igual justifi- 5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
cativa para tal evento. DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo
com seu significado, o conjunto de características for-
a) céu / avô mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
b) astrônomos / álibi palavras podem pertencer à mesma classe de palavras
c) histórias / balaústre ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
d) formidáveis / ínterim seguir considerando tais aspectos (considere as palavras
em destaque).
2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- (1) advérbio
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- (2) pronome
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica, (3) conjunção
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, (4) substantivo
assinale a alternativa com a sequência correta.
(  ) “Não há prisão pior [...]”
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam (  ) “O lugar de estudo era isso.”
hiato com a vogal anterior. (  ) “E o olho sem se mexer [...]”
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos (  ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
ou não de s. (  ) “Emília respondeu com uma pergunta que me
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas. espantou.”
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
é acentuada. A sequência está correta em

(  ) íris a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
(  ) saída b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
(  ) compraríamos c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
(  ) vendê-lo d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
(  ) bônus
(  ) viúvo 6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
(  ) bisavôs Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
pronome indefinido.
a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4 a) “Ele não exige fatos...”.
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2 b) “Era um ídolo para mim.”.
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3 c) “Discordo dele.”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – e) “O bom humor está disponível a todos...”.
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às 7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
regras de acentuação todas as palavras em: Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
os termos destacados são, respectivamente,
a) andróide, odisseia, residência
b) arguição, refém, mausoléu a) artigo e pronome.
c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
LÍNGUA PORTUGUESA

b) artigo e preposição.
d) feiúra, enjoo, maniqueísmo c) preposição e artigo.
e) sutil, assembléia, arremesso d) pronome e artigo.
e) preposição e pronome.

135
8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO c) O branco está preocupado que não chove mais em
– FGV-2017) alguns lugares.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo- trajetória.
roso e independente. A agenda pública é determinada e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo 12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍ-
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as VEL SUPERIOR – CONHECIMENTOS BÁSICOS
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- – CESPE-2014-ADAPTADA)
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”. A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017) mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto foram usados com essa finalidade, como o chocolate,
de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue-
por locuções; a substituição abaixo que está adequada é: ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo
a) independente = com dependência; Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o
b) pública = de publicidade; acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo
c) relevante = de relevância; de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis
d) sociais = de associados; de fazer quando os valores eram contados em bois ou
e) mobilizador = de motivação. imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano,
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo-
9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014) lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- 960, mas elas não se espalharam para outros lugares e
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é caíram em desuso no fim do século XIV.
um adjetivo. As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
a) ... um câncer de boca horroroso, ... crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
b) Ele tem dezesseis anos... terceira revolução monetária. “Com a informática, o di-
c) Eu queria que ele morresse logo, ... nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis,
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às livres do espaço, do tempo e do controle de governos e
famílias. corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da
e) E o inferno não atinge só os terminais. Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América.
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações).
10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para
“que” em destaque funciona como pronome relativo. medir riquezas e trocar mercadorias”.

a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente (  ) CERTO   (  ) ERRADO


tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”. 13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”. GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado,
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”. ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen-
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada
votar”. para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis a) uma informação sobre o significado de um termo an-
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e teriormente empregado;
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento;
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes-
LÍNGUA PORTUGUESA

como ocorre em: ma coisa;


d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos antes;
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. e) a ênfase de algo que parece importante para o texto.
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
que índio não sabe nada.

136
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
retamente empregado em: zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- significativo de patrícios e algumas associações de por-
poles importante papel no desenvolvimento da eco- te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
da hierarquia urbana. de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
b) Conforme o grau de influência e importância inter- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
nacional, classificou-se as 50 maiores cidades em três como a Casa de Portugal e um grande número de casas
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi-
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne-
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
gócios e a cultura.
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além de área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
um atendimento bastante diversificado, como jornais, preferida pelos mais abastados.
teatros, cinemas, entre outros. PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
dades globais como verdadeiros polos de influência Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
internacional, devido à presença de sedes de grandes de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
empresas transnacionais e importantes centros de
pesquisas. O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL papel gramatical está repetido corretamente em:
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às
exigências de concordância da norma-padrão da língua a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem da
portuguesa em: cidade.
b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fica-
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- riam ricos.
ses as notícias falsas. c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias na cidade.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas. d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- empregos.
sultaram na criação de serviços especializados. e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as no- tas de trabalho.
tícias reais porque vem acompanhados de títulos
chamativos. 17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.
destacada foi realizada de acordo com as exigências da
norma-padrão da língua portuguesa em:
16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-
Texto I rio que se promova novos estudos sobre mecanismos
de proteção mais eficazes.
Portugueses no Rio de Janeiro b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
de grande porte permite que se suspeitem dos ha-
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- ckers responsáveis.
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo tos milhões de dólares.
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, guerra virtual pela informação, necessitam-se de estu-
LÍNGUA PORTUGUESA

como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, dos mais aprofundados.


além de outros ramos, como os das papelarias e lojas e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais porção incontrolável, é aconselhável que se estabeleça
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de novas restrições de utilização pelos jovens.
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas.

137
18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
normas de concordância e a adequada articulação entre DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
tempos e modos verbais estão plenamente observadas tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
na frase: da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
crase.
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre- Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. se está corretamente empregado.
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de a) O memorando refere-se à documentos enviados na
constituir textos clássicos desse gênero. semana passada.
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
cia urgente.
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá
c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar
alcançado uma relevância jamais vista.
com pessoas já desestimuladas.
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na
d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de consta na lista.
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- flexível e são responsáveis.
recer matéria para uma boa crônica, desde que não
falte ao cronista recursos de grande imaginação. 22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018) bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
A concordância está em conformidade com a norma-pa- sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
drão na seguinte frase: devendo ocorrer o mesmo na frase:

a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito. b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da
texto literário. companhia.
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina- e) Transmita confiança aqueles que observam seu
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. desempenho.
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para 23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
não ser influenciadas. CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório ser empregado na palavra destacada em:
de leituras.
a) A intenção da entrevista com o diretor estava re-
lacionada a programação que a empresa pretende
20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
desenvolver.
CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à ceira das instituições.
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados. ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora
do mercado formal de trabalho.
a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
supressão do advérbio “a” com o pronome femini- nanceiras consideram que vale a pena investir na nova
no “a” que acompanha os substantivos “relação” e moeda virtual.
“escola”. e) Os participantes do seminário sobre mercado finan-
b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a ceiro foram convidados a comparar as importações e
nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti- as exportações em 2017.
vos “relação” e “escola”.
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi- 24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti- CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
LÍNGUA PORTUGUESA

vos “relação” e “escola”. de crase está de acordo com a norma-padrão em:


d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a” a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens à
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”. esmo.
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
junção da preposição “a” com o artigo feminino “a” c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou à
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”. prazo.

138
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- 28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
danças na trama. GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse
à emissora. Texto 1 – Guerra civil

25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017


GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão da O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
deve ser empregado na palavra destacada em: Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, Outro dado relevante é o crescimento da violência em
em geral, pequena variação de funções quando com- alguns estados do Sul e do Sudeste.
parados a versões anteriores. Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
junto a crianças do ensino fundamental para ver como assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
elas se comportam no ambiente virtual. Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
o depoimento de professores. em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho- plementação de programas estruturantes com o objetivo
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
novos lançamentos. de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
de crédito para não serem surpreendidas com valores e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,
deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
muito altos.
mita o acompanhamento das ações e que incentive o
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
União e das guardas municipais.
A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
especialistas, quase metade delas está associada _____
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
bate efetivo _____ embriaguez ao volante. a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e e do Sudeste”;
respectivamente, com: b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-
corre de fato”;
a) às … a c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte
b) as … à das demais unidades da Federação”;
c) à … à d) “...viaturas e novas tecnologias”;
d) às … à e) “Definir metas e alcançá-las...”.
e) à … a
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR-
27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica
acento indicativo de crase está corretamente empregado convenientemente substituída por uma oração em forma
em: desenvolvida na seguinte opção:

a) A população, de um modo geral, está à espera de que, a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs;
com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. b) a possibilidade de decifração das referências cristãs;
b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa- c) que se pudessem decifrar as referências cristãs;
rem a sua postura. d) que possamos decifrar as referências cristãs;
c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu- e) a possibilidade de que decifrássemos as referências
nições muito mais severas. cristãs.
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
dos demais motoristas e de pedestres. 30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI-
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal
nova lei para que ela possa funcionar. realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver”
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin-
te alternativa:

a) para que sobrevivam.


b) a fim de que sobrevivessem.

139
c) para sua sobrevida. Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
d) no intuito de sobreviverem. já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
e) para sua sobrevivência. falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
31. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
MÉDIO – CESPE-2013) É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- de Nagele e voltando aos espaços privados.
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
por processos que culminaram na sua formalização insti- espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
tucional e na ampliação de sua área de atuação. é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. por até 20 minutos.
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- Retemos mais informações quando nos sentamos em um
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e design de interiores.
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios aber-
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de tos podem ser ruins para funcionários.” Disponível
procurador da Fazenda (defensor do fisco). em:<www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017.
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- Adaptado)
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as 32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos des-
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
favoráveis ao trabalho em espaços abertos compartilhados
brasileira.
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
ção à criatividade.
No período “A sua história é marcada por processos que
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
transferência de atividades para o lar.
restritiva.
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar
(  ) CERTO   (  ) ERRADO conteúdos.
d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO colegas e chefes.
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
ponder às questões a seguir: constante dos chefes.

Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi- 33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa- nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
redes e divisórias. grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove para o chamado escritório aberto, como feito por
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio Chris Nagele.
chefe. b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
paço, com portas e tudo. equipes para escritórios abertos, também foi feito por
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
LÍNGUA PORTUGUESA

ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. transferido por muitos executivos.
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
15% da produtividade, desenvolver problemas graves que já tinham sido feitos por outros executivos do
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar setor.
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
organização.

140
34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
– até então –, em destaque no início do segundo pará- vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
grafo, expressa um limite, com referência língua portuguesa é:

a) temporal ao momento em que se deu a transferência a) admissão, infração, renovação


da equipe de Nagele para o escritório aberto. b) diversão, excessão, sucessão
b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava c) extenção, eleição, informação
a equipe de Nagele antes da mudança para locais d) introdução, repreção, intenção
abertos. e) transmissão, conceção, omissão
c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o
exemplo de outros executivos, e espacial ao tipo de 39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
escritório que adotou. FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias. um só vocábulo, a forma adequada será
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem-
poral às mudanças favoráveis à integração. a) sociais-econômicos.
b) social-econômicos.
35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- c) sociais-econômico.
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão d) socioeconômicos.
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece e) socioseconômicos.
uma relação de sentido com o parágrafo
40. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
empresas que adotaram o modelo de escritórios empregado de acordo com a norma-padrão da língua
abertos. portuguesa em:
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção
do modelo de escritórios abertos. a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com no campo da política: é menor nas publicações rela-
base em resultados de pesquisas. cionadas às catástrofes naturais.
d) anterior, introduzindo informações que se contra- b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos. os usuários compartilham informações com as quais
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- concordam: pois não verificam as fontes antes.
mato tradicional de escritório fechado. c) As informações enganosas são mais difundidas do
que as verdadeiras: de acordo com estudo recente fei-
36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA- to por um instituto de pesquisa.
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
relação à ortografia dos pares. uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
quase impossível.
a) Atenção – atenciozo. e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
b) Aprender – aprendizajem. entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
c) Simples – simplissidade. cias sem fonte confiável.
d) Fúria – furiozo.
e) Sensação – sensacional. 41. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) retamente em:
As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre- a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
da palavra sublinhada está igualmente correta. trangimentos às empresas.
b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial. quem está conectado de quem não faz parte do mun-
b) A paralização da equipe técnica demorou bastante. do digital.
c) O funcionário reinvindicou suas horas extras. c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial. que confirmam aquilo que corresponde, às suas
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista. crenças.
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
dados e checar se as informações refletem a realidade.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
tos de vista alternativos.

141
42. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposição.
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
portuguesa em:
45. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
a) A conexão é feita por meio de uma plataforma espe- CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada)
cífica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis- Leia as frases.
positivos móveis dos passageiros. As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito alarmantes.
grande, porém não é capaz de absorver uma presença Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
maior de produtos vindos do exterior. mente convertidos .......... estados depressivos.
c) Depois de chegarem às telas dos computadores e Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
celulares, as notícias estarão disponíveis em voos cidade é considerada doença.
internacionais.
d) Os últimos dados mostram que, muitas economias Para que haja coerência com a regência nominal estabe-
apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem
com que os juros cresçam pouco. ser preenchidas, respectivamente, por:
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e a) ao … com … na
ver, se a importação vale a pena. b) ao … em … à
c) do … com … na
43. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) d) com o … em … para
e) com o … para … à
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
– 2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
correta:
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
a) Ela queria namorar com ele.
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
b) Já assisti a esse filme.
das por violações das leis antitrust — apenas um item de
c) O caminhoneiro dormiu no volante.
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos d) Quando eles chegam em Campo Grande?
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e e) A moça que ele gosta é aquela ali.
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- 47. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados 2014) A regência nominal está correta em:
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo
nos Estados Unidos da América durante uma década in- falso.
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- b) As meninas têm aversão de verduras.
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.

Não haveria prejuízo para o sentido original do texto 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada I – CESGRANRIO-2018)
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
imediatamente depois de “e”. Na internet, mentiras têm pernas longas

(  ) CERTO   (  ) ERRADO Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”,
mas nestes tempos de internet parece que a situação se
44. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais
a substituição dos trechos destacados na passagem – O “longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es- maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in-
LÍNGUA PORTUGUESA

tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois formações verdadeiras.


metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor- Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal-
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal. sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom-
panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões
a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas,
disposição. formando “cascatas” de compartilhamento.
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.

142
Ao compararem os padrões de compartilhamento des- da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que,
sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas.
que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez, Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a
aumentando o número de “degraus” da cascata - e com veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
maior abrangência do que os considerados verdadeiros. tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
A tendência também se manteve, independentemente tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
forte quando versavam sobre política do que os demais, O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; ter- se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
rorismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
e desastres naturais. próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil de Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
poucos seguidores e novatos nas redes. No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
— Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
pessoas não têm tempo nem condições para verificar prejudicando.
se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As (  ) CERTO   (  ) ERRADO
redes sociais colocam todas as informações no mesmo
nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso, 51. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
uma fonte confiável de uma não confiável. BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas. LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.
O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

No trecho “independentemente do tema geral que os ru-


mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
res, por ter sentido equivalente, é:

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas

49. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O


período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO (www.arionaurocartuns.com.br)
podem trocar de posição é:
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o
a) A arte é a mais bela das mentiras; mesmo sentido em:
b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) A forma segue a emoção; a) Só vence quem concorre.
d) A obra de arte: uma interrupção do tempo; b) Mariana veio só, infelizmente.
e) Na arte não existe passado nem futuro. c) Pedro estava só, quando cheguei.
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
50. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.
E TRANSPORTE – CESPE-2015)

TEXTO II

A partir de uma ação do Ministério Público Federal


(MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
LÍNGUA PORTUGUESA

africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de


descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos

143
GABARITO
ANOTAÇÕES
1 B ___________________________________________________________
2 A
3 B ____________________________________________________________
4 E
____________________________________________________________
5 A
6 E ____________________________________________________________
7 A
____________________________________________________________
8 C
9 A ____________________________________________________________
10 A
____________________________________________________________
11 D
12 CERTO ____________________________________________________________
13 D
14 C ____________________________________________________________
15 E ____________________________________________________________
16 E
17 C ____________________________________________________________
18 C
____________________________________________________________
19 C
20 E ____________________________________________________________
21 D
____________________________________________________________
22 B
23 A ____________________________________________________________
24 E
____________________________________________________________
25 E
26 D ____________________________________________________________
27 A
28 B ____________________________________________________________
29 D ____________________________________________________________
30 E
31 CERTO ____________________________________________________________
32 C
____________________________________________________________
33 C
34 A ____________________________________________________________
35 D
____________________________________________________________
36 E
37 E ____________________________________________________________
38 A
____________________________________________________________
39 D
40 E ____________________________________________________________
41 D
42 C ____________________________________________________________
43 CERTO ____________________________________________________________
44 E
45 B ____________________________________________________________
46 B
LÍNGUA PORTUGUESA

____________________________________________________________
47 C
48 B ____________________________________________________________
49 C
____________________________________________________________
50 CERTO
51 A ____________________________________________________________

____________________________________________________________

144
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Modelagem de situações problema por meio de equações do 1º e 2º graus e sistemas lineares........................................ 01


Noção de função; Análise gráfica; Funções afim, quadrática, exponencial e logarítmica; Aplicações.................................. 07
Taxas de variação de grandezas; Razão e proporção com aplicações............................................................................................... 23
Regra de três simples e composta................................................................................................................................................................... 26
Porcentagem............................................................................................................................................................................................................. 29
Regularidades e padrões em sequências; Sequências numéricas; Progressão aritmética e progressão geométrica..... 32
Noções básicas de contagem e probabilidade........................................................................................................................................... 37
Descrição e análise de dados; Leitura e interpretação de tabelas e gráficos apresentados em diferentes linguagens
e representações; Cálculo de médias e análise de desvios de conjuntos de dados.................................................................... 43
Noções básicas de teoria dos conjuntos....................................................................................................................................................... 48
Análise e interpretação de diferentes representações de figuras planas, como desenhos, mapas e plantas; Utilização
de escalas; Visualização de figuras espaciais em diferentes posições; Representações bidimensionais de projeções,
planificações e cortes; Métrica; Áreas e volumes; Estimativas; Aplicações...................................................................................... 51
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “–4” para o
2º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º mem-
MODELAGEM DE SITUAÇÕES PROBLEMA bro com o sinal trocado:
POR MEIO DE EQUAÇÕES DO 1º E 2º GRAUS
E SISTEMAS LINEARES 5x – 2x = 8 + 4
Aplicando a regra 5, simplifica-se as expressões em
ambos os membros. Simplificar significa “juntar” todos
os termos com incógnitas em um único termo no 1º
membro e fazer o mesmo com todos os temos que con-
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou mais tenham somente números no 2º membro:
variáveis, conhecidas por incógnitas, são desconhecidas.
Resolver uma equação significa encontrar o valor das in- 3x = 12
cógnitas. Equações do primeiro grau são equações onde
há somente uma incógnita a ser encontrada e seu ex- Aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º mem-
poente é igual a 1. A forma geral de uma equação do bro. Para isso, divide-se ambos os lados da equação por
primeiro grau é: 3, fazendo com que no 1º membro reste apenas x:

ax + b = 0 3x 12 12
= →x= → x = 4 → S = {4}
Onde a e b são números reais. 3 3 3

O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º mem-


bro enquanto o “lado direito” é denominado 2º membro. Exemplo: Resolva a equação:

2x
#FicaDica + 2 (x – 4) = x + 1
3
Para resolver uma equação do primeiro grau,
costuma-se concentrar todos os termos que Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para
contenham incógnitas no 1º membro e to- isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses:
dos os termos que contenham somente nú-
meros no 2º membro. 2x
+ 2x – 8 = x + 1
3

FIQUE ATENTO! Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores


Há diversas formas de equações do primeiro de todos os termos. Nessa equação, o denominador co-
grau e a seguir serão apresentados alguns mum é “3”:
deles. Antes, há uma lista de “regras” para a
solução de equações do primeiro grau: 2x 6x 24 3x 3
Regra 1 – Eliminar os parênteses; + – = +
3 3 3 3 3
Regra 2 – Igualar os denominadores de todos
os termos caso haja frações;
Como há o mesmo denominador em todos os ter-
Regra 3 – Transferir todos os termos que con-
mos, eles podem ser “cortados”:
tenham incógnitas para o 1º membro;
Regra 4 – Transferir todos os termos que con-
2x + 6x – 24 = 3x + 3
tenham somente números para o 2º membro;
Regra 5 – Simplificar as expressões em am-
Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “3x” para o
bos os membros;
1º membro:
Regra 6 – Isolar a incógnita no 1º membro.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2x + 6x – 3x – 24 = 3
Exemplo: Resolva a equação: 5x – 4 = 2x + 8. Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-24” para
o 2º membro:
As regras 1 e 2 não se aplicam, pois não há parên-
teses, nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o 2x + 6x – 3x = 24 + 3
termo “2x” para o 1º membro. Para fazer isso, basta colo-
cá-lo no 1º membro com o sinal trocado: Aplicando a regra 5, simplificam-se as expressões em
ambos os membros:
5x – 4 – 2x = 8
5x = 27

1
Por fim, aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º
1º membro: grau se diz incompleta.
Exs:

x=
27
5
→S= { } 27
5
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1, b = 0
e c = -81).
10t² + 2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10, b =
2 e c = 0).
EXERCÍCIOS COMENTADOS 5y² = 0 é uma equação incompleta (a = 5, b = 0 e c
= 0)
1. Calcule:
Todas essas equações estão escritas na forma ax2 +
a) –3x – 5 = 25 bx + c = 0, que é denominada forma normal ou forma
reduzida de uma equação do 2º grau com uma incógnita.
1 Há, porém, algumas equações do 2º grau que não
b) 2x – =3
2 estão escritas na forma ax2 + bx + c = 0; por meio de
transformações convenientes, em que aplicamos o prin-
Resposta: cípio aditivo para reduzi-las a essa forma.
a) –3x – 5 = 25 ⇒ –3x – 5 + 5 = 25 + 5 ⇒ –3x = 30 ⇒ Ex:
Dada a equação: 2x2 – 7x + 4 = 1 – x2, vamos escrevê-
–3x 30 -la na forma normal ou reduzida.
= ⇒ x = –10
3 –3
2x² –7x + 4 –1 + x² = 0
1 1 1 1 2x² + x² – 7x + 4 – 1 = 0
b) 2x – = 3 ⟹ 2x – + =3+ ⟹ 3x² – 7x + 3 = 0
2 2 2 2
7 2x 7 7 RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU: FÓRMULA
2x = ⟹ = ⟹x=
2 2 4 4 DE BHÁSKARA

2. Encontre o valor de x que satisfaz a equação: 3x + 24 Para encontras as soluções de equações do segundo
= -5x grau, é necessário conhecer seu discriminante, represen-
tado pela letra grega ∆ (delta).
Resposta:
3x +24 = -5x ⇒ 3x + 5x + 24 = 0 - 5x + 5x ⇒ 8x = - 24 ∆ = b² – 4 · a · b
⇒ x= - 3

EQUAÇÃO DO 2º GRAU FIQUE ATENTO!


O discriminante fornece importantes infor-
Equações do segundo grau são equações nas quais mações de uma equação do 2ª grau:
o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é ex- Se ∆ > 0 →A equação possui duas raízes
pressa por: reais e distintas.
Se ∆ = 0 →A equação possui duas raízes
ax² + bx + c = 0 reais e idênticas.
Se ∆ < 0 →A equação não possui raízes reais.
Onde a, b e c são números a ≠ 0 reais e. Os números
a, b e c são chamados coeficientes da equação:
A solução é dada pela Fórmula de Bháskara:
• a é sempre o coeficiente do termo em x2. – b ± √∆
• b é sempre o coeficiente do termo em x. x= ,válida para os casos onde ∆ >0 ou ∆ = 0.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

• c é sempre o coeficiente ou termo independente. 2a

EQUAÇÃO COMPLETA E INCOMPLETA

Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz


completa.
Exs:

5x2 – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5, b


= – 8, c = 3).
y2 + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1, b
= 12, c = 20).

2
#FicaDica
Para utilizar a Fórmula de Bháskara a equação deve estar obrigatoriamente no formato ax² + bx + c = 0 .
Caso não esteja, é necessário colocar a equação nesse formato para, em seguida, aplicar a fórmula.

Quando b = 0 diz-se que as raízes das equações são simétricas.


As regras para solução de uma equação do 2º grau são as seguintes:

Regra 1 – Identificar os números a, b e c


Regra 2 – Calcular o discriminante
Regra 3 – Caso o discriminante não seja negativo, utilizar a Fórmula de Bháskara

Exemplo: Resolva a equação x2 – x – 6 = 0


Aplicando a regra 1, identifica-se: a = 1, b = –1 e c = – 6
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:

∆ = b² – 4 · a · c = (–1)² – 4 · 1 · (-6 ) = 1 + 24 = 25

Como o discriminante não é negativo, aplica-se a regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:

{
–(–1) ± 1±5 6
–b ± √∆ 1±5 = = 3
√25 2 2
x= = = =
1-5 -4
2a 2x1 2 = = -2
2 2

Assim: s= { –2,3}

Exemplo: Resolva a equação x2 – 4x + 4 = 0


Aplicando a regra 1, identifica-se: a = 1, b = – 4 e c = 4
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:

∆ = b² – 4 · a · c = (-4)² – 4 · 1 · 4 = 16 – 16 = 0

Como o discriminante não é negativo, aplica-se a regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:

– b ± √∆ – (– 4) ± √0 4±0 4
x= = = = =2
2a 2x1 2 2

Assim, S = {2}

Note que, como o discriminante é nulo, a equação possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
Exemplo: Resolva a equação x2 + 2x + 3 = 0
Aplicando a regra 1, identifica-se: a = 1, b = 2 e c = 3
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

∆ = b² – 4 · a · c = (2)² – 4 · 1 · 3 = 4 – 12 = – 8

Como o discriminante é negativo, a equação não possui raízes reais.


Assim, S=∅ (solução vazia).

3
Associação de Sistemas Lineares com Matrizes
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Podemos escrever qualquer sistema linear da seguin-
1. Determine os valores de x que satisfazem: x2 – 2x – 5 te forma, separando as constantes das incógnitas:
=0

Resposta:
x’ = 1 – √6 e x’’ = 1 + √6
x2 – 2x – 5 = 0
∆ = (– 2)2 – 4 · (– 5) · 1 = 4 + 20 = 24
– (– 2) ± √24 2 ± 2 √6
x= = = 1 ± √6
2·1 2
Assim, as raízes x’ e x’’ são: Se det A ≠ 0 , a matriz possui inversa e assim po-
x’ = 1 + √6 e x’’ = 1 – √6 demos isolar X da seguinte maneira:

2. Determine os valores de x que satisfazem: x² – 2x +


5=0 A � X = B ⇒ A−1 � A � X = A−1 � B
⇒ I � X = A−1 � B
Resposta:
Não existe solução em R. ⇒ X = A−1 � B
x² – 2x – 5 = 0
∆=(– 2)2 – 4 · (5) · (1) = 4 – 20 = – 16 Sistemas Lineares 2x2
Então, como não existe solução real para o cálculo
da raiz quadrada de 16, nenhum valor de x satisfaz a Um exemplo de sistema 2 x 2, possui duas equações
equação.
e duas incógnitas (x e y) é:
SISTEMAS LINEARES
3𝑥 − 𝑦 = 6
Definição �
2𝑥 + 2𝑦 = 20
Sistemas lineares são conjuntos de 2 ou mais equa-
ções lineares, onde procura-se valores das incógnitas, Há diversos métodos utilizados para resolver um sis-
chamadas de X = x1 , x2, x3 … e xn que atendam si- tema linear 2 x 2. Aqui, destacam-se dois deles: método
multaneamente todas as equações lineares: da adição e método da substituição.

Método da Adição

O método da adição consiste em multiplicar uma (ou


ambas) das equações por um valor de modo que, ao so-
mar-se as duas equações, uma das incógnitas seja elimi-
nada. Para isso, a incógnita a ser eliminada deve possuir
o mesmo número multiplicando-a em ambas as equa-
Onde ções, porém com sinais opostos. Utilizando o exemplo:
a11, a12, ∙∙∙ ,ann e b1, b2, ∙∙∙ , bnsão números reais.
3𝑥 − 𝑦 = 6
Classificação de Sistemas Lineares �
2𝑥 + 2𝑦 = 20
Considerando um sistema de n equações lineares, Uma maneira de resolver o sistema pelo método da
podemos classificá-lo de 3 formas possíveis: adição consiste em eliminar a variável “y”. Na primeira
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

equação a variável “y” está multiplicada por -1, enquan-


Impossível: Quando não existem valores de to que na segunda equação, está multiplicada por 2. Se
X = (x1 , x2, x3 … e xn) que satisfaçam todas as n a primeira equação for multiplicada por , em ambas as
equações lineares. equações a variável “y” estará multiplicada por 2 porém
com sinais opostos.
Possível e Indeterminado: Quando existem infinitas
possibilidades para X = (x1 , x2, x3 … e xn ) que aten-
dem todas as equações;
Possível e determinado: Quando apenas um único
conjunto de X = (x1 , x2, x3 … e xn ) satisfaz as equa-
ções lineares.

4
Somando-se ambas as equações após multiplicar a Sistemas Lineares 3x3 ou maiores.
primeira equação por 2, tem-se:
Todos os sistemas lineares podem ser resolvidos pelo
6x − 2y + 2x + 2y = 12 + 20 método da substituição apresentado acima. Porém, com
mais equações, ele vai se tornando bem trabalhoso. Des-
→ 8x = 32
ta forma, um método mais rápido é sugerido, chamado
→x=4
de método de Cramer. Utiliza-se a notação matricial e o
conceito de determinantes para resolver:
Após encontrar o valor de uma das variáveis, basta
substituir esse valor em qualquer uma das equações e
encontrar o valor da outra variável. Substituindo na pri- Ex:
meira equação:

3x − y = 6
→ 3×4−y =6 Primeiro, calcula-se DA = det A . Também serão cal-
culados determinantes auxiliares, substituindo uma colu-
→ 12 − y = 6
na correspondente da matriz A, pela matriz B:
→y=6
Assim, S = 4,6
, e
Método da Substituição

Este método consiste em isolar uma das incógnitas


em uma das equações e substituir na outra equação. Re- , e
tomando o mesmo exemplo:

3𝑥 − 𝑦 = 6

2𝑥 + 2𝑦 = 20 , e

É possível isolar qualquer uma das variáveis em


qualquer uma das equações. Isolando a variável “y” Os valores das incógnitas são calculados da seguinte
na primeira equação: maneira:

y = 3x − 6 Dx1 Dx2 Dx3


x1 = DA
, x2 = DA
, x3 = DA
Substitui-se essa expressão para “y” na segunda
equação: Exemplo: Resolva pelo método de Cramer o seguinte
Sistema Linear:
2x + 2 3x − 6 = 20

Agora, resolve-se essa equação do primeiro grau:

2x + 6x − 12 = 20
2x + 6x = 20 + 12 Transformando em forma matricial:
8x = 32
1 2 −1 x 2
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

32
x= =4 2 −1 1 y = 3
8
1 1 1 z 6
Utiliza-se a expressão encontrada anteriormente para
“y” para encontrar o valor dessa incógnita:

y = 3x − 6
→ y = 3 × 4 − 6 = 12 − 6
→y=6
Assim: S = 4,6

5
Calculando os determinantes: Resposta: Letra E.
Para esse caso o método da soma é utilizado:
1 2 −1
DA = 2 −1 1 = −7
1 1 1

2 2 −1
Dx = 3 −1 1 = −7
6 1 1

1 2 −1
Dy = 2 3 1 = −14
1 6 1

1 2 2
Dz = 2 −1 3 = −21
1 1 6

Logo:

D −7
x = D x = −7 = 1
A

D −14
y = Dy = =2
A −7 4y + 2z = 4
−4y − 4z = −8
D −21 − 2z = − 4
z = Dz = −7
=3 z = 2
A

#FicaDica Obs: Aqui usamos o método da soma, mas como ex-


posto no texto, podemos usar o método de Cramer.
Sistemas lineares de ordem 3x3 ou maiores
não precisam ser necessariamente resolvidos 2. (PM SP 2014 – VUNESP). Em um lote de xícaras de
usando o método de Cramer. Fica a cargo do porcelana, a razão entre o número de xícaras com de-
estudante escolher um forma que pareça ser feitos e o número de xícaras perfeitas, nesta ordem, é
mais fácil. 2/3. Se o número total de xícaras do lote é 320, então, a
diferença entre o número de xícaras perfeitas e o número
de xícaras com defeitos, nesta ordem, é:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 56.
b) 78.
1. (VUNESP/2010) Considere o seguinte sistema linear: c) 93.
d) 85.
e) 64.

Resposta: Letra E
Vamos denominar:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

x = número de xícaras com defeitos


Pode-se afirmar que o valor de z é y = número de xícaras perfeitas

a) –2. Sabendo disto, temos as seguintes equações:


b) –1.
c) 0. x 2
= ,
d) 1. y 3
e) 2. ou seja,
2y
x =
3
x + y = 320

6
Temos um sistema de equações de primeiro grau. Domínio
Substituindo a primeira na segunda equação:
O domínio da função, ou domínio de f(x), é o conjun-
2y to de todos os valores que podem ser atribuídos a x, ou
+ y = 320 seja, todos os elementos do conjunto A.
3
(multiplicando ambos os lados por 3)
2y + 3y = 320 � 3 Contradomínio
5y = 960
y = 960/5 = 192 O contradomínio da função, ou contradomínio de f(x),
são todos os valores possíveis que podem ser atribuídos
Calculando x: a y, ou seja, trata-se do conjunto B,

x = 2 y⁄3 = 2 � 192⁄3 = 128 Imagem

Daí, A imagem de uma função, ou imagem de f(x), é um


subconjunto do contradomínio que contém apenas os
y – x = 192 – 128 = 64 valores de y que tiveram algum elemento de x associado.
Usando o diagrama esquemático representado ante-
riormente, podemos descrever as 3 definições nele:
NOÇÃO DE FUNÇÃO. ANÁLISE GRÁFICA. Domínio: Todos os valores de A: f(x):Dom={2,4,7,10}
FUNÇÕES AFIM, QUADRÁTICA, EXPONENCIAL Contradomínio: Todos os valores de B: f(x):Contra-
E LOGARÍTMICA. APLICAÇÕES Dom= {0,4,8,10,12,16}
Imagem: Todos os valores de B que tiveram associa-
ção com A: f(x):Imagem={0,4,10,16}
FUNÇÃO DO 1˚ GRAU
Observe que o elemento “8” do conjunto B não per-
Conceitos Fundamentais sobre Funções
tence a imagem, pois não há nenhum valor do conjunto
A associado a ele.
Uma função é uma relação entre dois conjuntos A e
B de modo que cada elemento do conjunto A está as-
sociado a um único elemento de B. Sua representação FIQUE ATENTO!
matemática é bem simples: Nem sempre a imagem e o contradomínio
terão o mesmo tamanho!
y=f(x):A→B

Onde y são os elementos do conjunto B e x são os


elementos do conjunto A. f(x) é a chamada “função de Função crescente: A função f(x), num determinado
intervalo, é crescente se, para quaisquer x1 e x2 pertencen-
x”, que basicamente é uma expressão matemática que
tes a este intervalo, com com x1<x2, tivermos f(x1 )<f(x2 ).
quantifica o valor de y, dado um valor de x. Outra manei-
ra de representarmos uma função é através de um mo-
delo esquemático:

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

x1<x2→f(x1 )<f(x2 )

Função decrescente: Função f(x), num determinado


intervalo, é decrescente se, para quaisquer x1 e x2 perten-
cente a este intervalo, com x1<x2, tivermos f(x1 )>f(x2 ).
Neste modelo esquemático, temos o conjunto A
sendo representado a esquerda e o conjunto B sendo
representado a direita, mostrando a relação de função
entre eles. A partir destas definições, podemos definir 3
conceitos fundamentais das funções: Domínio, Contra-
domínio e Imagem.

7
#FicaDica
A apresentação de uma função por meio de
seu gráfico é muito importante, não só na
Matemática como nos diversos ramos dos
estudos científicos.

Função do 1º Grau

x1<x2→f(x1 )>f(x2 ) As funções de 1° grau, conhecidas também como


funções lineares, são expressões matemáticas onde a va-
Função constante: A função f(x), num determinado riável independente x possui grau igual a 1 e não está no
intervalo, é constante se, para quaisquer x1<x2 , tivermos denominador, em outras palavras, a forma geral de uma
f(x1) = f(x2). função de primeiro grau é a seguinte:

f(x)=ax+b a≠0

Onde “a” e “b” são números reais e são denomina-


dos respectivamente de coeficientes angular e linear. Nas
funções de primeiro grau, tanto o domínio, contradomí-
nio e imagem são todos os números reais, uma vez que
não há nenhum tipo de restrição de valor nas mesmas.

Zeros da Função do 1º grau:

Chama-se zero ou raiz da função do 1º grau y = ax +


b o valor de x que anula a função, isto é, o valor de x para
que y seja igual à zero.
Representação Gráfica Assim, para achar o zero da função y = ax + b, basta
resolver a equação ax + b = 0
A função f(x) pode ser representada no plano carte-
siano, através de um par ordenado (x,y). O lugar geomé- Ex:
trico dos pares ordenados para os quais x∈Dom e y∈Ima- Determinar o zero da função: y = 2x – 4.
gem formam, no plano cartesiano, o gráfico da função.
Um exemplo de plano cartesiano é apresentado abaixo:

O zero da função y = 2x – 4 é 2.

Gráfico da Função do 1º Grau

A forma desta função, como o próprio nome diz, será


linear ou uma reta, e terá três tipos:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a) Crescente: a> 0
Quando o coeficiente angular da função for positi-
vo, os valores de y aumentarão quando o valor de
x também aumentar. A representação gráfica dos
três posicionamentos desta reta, em função do va-
lor de b, está abaixo:

8
c) Constante:
Algumas referências não tratam a função constante
como uma função linear e na teoria, realmente ela não
é. Entretanto, como sua forma também é uma reta e tra-
ta-se de um caso específico do valor de a, colocamos
nesta seção para ficar de maneira mais didática ao leitor.
A representação gráfica dos três posicionamentos desta
reta, em função do valor de b, está abaixo:

b) Decrescente:
A representação gráfica dos três posicionamentos
desta reta, em função do valor de b, está abaixo:

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

9
Estudo do sinal da função do 1º grau

Estudar o sinal da função do 1º grau


é determinar os valores reais de x para que:
• A função se anule (y = 0);
• A função seja positiva (y > 0);
• A função seja negativa (y < 0).

Ex:
Estudar o sinal da função .

a) Qual o valor de x que anula a função?

• Para x = 2 temos y = 0;
• Para x > 2 temos y > 0;
• Para x < 2 temos y < 0.

A função se anula para .


EXERCÍCIOS COMENTADOS
b) Quais valores de x tornam positiva a função?

1. Determine o domínio das funções reais apresentadas


abaixo.

a)

b)

c)
A função é positiva para todo x real maior que 2.

c) Quais valores de x tornam negativa a função? Resposta:


a) Domínio =

b) Domínio =

c) Domínio =

Exercício comentado 2

2. Determine o domínio e a imagem da função f(x)=√(x+2)


A função é negativa para todo x real menor que 2.
Resposta:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Domínio = {xϵR/x≥-2}
Podemos também estudar o sinal da função por meio
Imagem = {yϵR/y≥0}
de seu gráfico:
FUNÇÃO DO 2˚ GRAU

Chama-se função do 2º grau ou função quadrática


toda função de em definida por um polinômio
do 2º grau da forma com a , b e
c reais e . O gráfico de uma função do 2º grau é
uma parábola.

10
Exs:

ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU

As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx


+ c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portanto, O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está
as soluções da equação do 2º grau. associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do
2
vértice (yV).
ax + bx + c = 0
A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
zando a fórmula de Bháskara como já visto.

FIQUE ATENTO!
As raízes (quando são reais), o vértice e a in-
tersecção com o eixo y são fundamentais para
traçarmos um esboço do gráfico de uma fun-
ção do 2º grau.
Exemplo:
Vamos determinar as coordenadas do vértice da pa-
CONCAVIDADE DA PARÁBOLA rábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.

No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter Cálculo da abscissa do vértice:
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada
para baixo (a < 0).
b −8 8
xV = − =− = =4
2a 2�1 2

Cálculo da ordenada do vértice:


Substituindo x por 4 na função dada:
yV=42-8∙4=15=16-32=15=-1

Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por


V (4,–1).

a>0 a<0 Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser


calculada de duas formas distintas: substituindo o valor
COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA de xv na função ou usando a fórmula dada anteriormente
yV = −
Δ .
4a
A parábola que representa graficamente a função do
2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta vertical Costuma-se utilizar a primeira forma (apresentada no
que intercepta o gráfico num ponto chamado de vértice. exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se
As coordenadas do vértice (xV,yV ) são: tempo na prova. Mas fica a cargo do aluno qual forma
utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizan-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

do a fórmula:
b Δ
xV = − e yV = −
2a 4a
Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2
− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4

Δ 4 4
yV = − =− = − = −1
4a 4�1 4 que é idêntico
(como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado
anteriormente.

11
DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO DO 2º GRAU b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da parábo-
la apontada para baixo, e como temos duas raízes
O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além
dos números reais, ou seja Dom = ℝ disso, o vértice da parábola caracteriza o ponto de
Como visto acima, a imagem de uma função do 2º máximo da mesma. Seguem as representações
grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice para as duas raízes positivas, uma positiva e outra
(yV). negativa, e as duas negativas, respectivamente:

Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }

Representação gráfica – diferentes casos

Para sabermos a posição e orientação desta parábola,


precisaremos além de analisar o sinal do discriminante,
teremos que analisar também o sinal do coeficiente “a”.
Vejam os casos:

a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da pa-


rábola apontada para cima, e como temos duas
raízes distintas, a mesma cruza duas vezes no
eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracte-
riza-se pelo ponto de mínimo da mesma. Seguem
as representações para duas raízes positivas, uma
positiva e outra negativa, e as duas negativas,
respectivamente:

c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola se-


gue apontada para cima, mas a mesma toca o
eixo x apenas uma vez, já que a raízes são idên-
ticas. Além disso, o vértice desta parábola é exa-
tamente o ponto de tangência, a figura a seguir
apresenta os casos para a raiz positiva e negativa
respectivamente:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

12
d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola se-
gue apontada para baixo, mas a mesma toca o f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola
eixo x apenas uma vez, já que a raízes são idên- não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará-
ticas. Além disso, o vértice desta parábola é exa- bola segue para baixo e as figuras a seguir apre-
tamente o ponto de tangência, a figura a seguir sentam os gráficos para vértices com coordenada
apresenta os casos para a raiz positiva e negativa x positiva e negativa respectivamente:
respectivamente:

VALOR MÁXIMO E VALOR MÍNIMO DA FUNÇÃO


DO 2º GRAU

• Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem


e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola
ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado
não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará-
ponto de mínimo e a ordenada do vértice é cha-
bola segue para cima e as figuras a seguir apre-
mada valor mínimo da função;
sentam os gráficos para vértices com coordenada
• Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
x positiva e negativa respectivamente:
ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto
de máximo e a ordenada do vértice é chamada va-
lor máximo da função.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Dada a função parabólica f(x)=x2-x, determine as coor-


denadas do vértice, V

Resposta: As coordenadas do seu vértice podem ser


encontradas através de:

13
xv = – b No caso apresentado, é interessante encontrar apenas yv:
xv = – 2a
b
Δ
yv = –2aΔ yv = –
yv = –4a
Δ 4a
4a
(b² – 4 � a � c)
Logo, yv = –
4a
−1 1
xv = − =
2 � 1 2−1 1 82– 4 � – 2 � 0
xv = − = yv = –
2�1 2 4� – 2

yv = 8
Portanto:
Portanto, a altura máxima atingida pela bola foi de 8
1 1
V= ,− . metros.
2 4

2. (UFSCAR–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de FUNÇÃO DO 2˚ GRAU


meta por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua
trajetória descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥0) , Chama-se função do 2º grau ou função quadrática
onde  t  é o tempo medido em segundo e  h(t)  é a altu- toda função de em definida por um polinômio
ra em metros da bola no instante  t. Determine, após o do 2º grau da forma com a , b e
chute: c reais e . O gráfico de uma função do 2º grau é
uma parábola.
a) o instante em que a bola retornará ao solo.
b) a altura atingida pela bola. Exs:

Resposta:
a) Houve dois momentos em que a bola tocou o chão:
o primeiro foi antes de ela ser chutada e o segundo foi
quando ela terminou sua trajetória e retornou para o
chão. Em ambos os momentos a altura h(t) era igual a
ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU
zero, sendo assim:
h(t)= – 2t^2+ 8t
As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx
0 = – 2t^2+ 8t
+ c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portanto,
2t^2– 8t = 0
as soluções da equação do 2º grau.
2t(t – 4)= 0
t’ = 0 2
ax + bx + c = 0
t’’ – 4 = 0
A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
t’’ = 4
zando a fórmula de Bháskara como já visto.
Portanto, o segundo momento em que a bola tocou
no chão foi no instante de quatro segundos.
b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo vér- FIQUE ATENTO!
tice da parábola. As coordenadas do seu vértice po- As raízes (quando são reais), o vértice e a in-
dem ser encontradas através de: tersecção com o eixo y são fundamentais para
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

traçarmos um esboço do gráfico de uma fun-


b ção do 2º grau.
xv = –
2a

CONCAVIDADE DA PARÁBOLA
Δ
yv = –
4a No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada
para baixo (a < 0).

14
Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser
calculada de duas formas distintas: substituindo o valor
de xv na função ou usando a fórmula dada anteriormente
.
Δ
yV = −
4a

Costuma-se utilizar a primeira forma (apresentada no


exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se
tempo na prova. Mas fica a cargo do aluno qual forma
utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizan-
a>0 a<0 do a fórmula:

COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA


Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2
− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4
A parábola que representa graficamente a função do
2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta vertical Δ 4 4
yV = − =− = − = −1
que intercepta o gráfico num ponto chamado de vértice. 4a 4�1 4 que é idêntico
As coordenadas do vértice (xV,yV ) são: (como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado
anteriormente.
b Δ
xV = − 2a e yV = − 4a DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO DO 2º GRAU

O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto


dos números reais, ou seja Dom = ℝ
Como visto acima, a imagem de uma função do 2º
grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice
(yV).

Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }

O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – DIFERENTES CASOS
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do
vértice (yV). Para sabermos a posição e orientação desta parábola,
precisaremos além de analisar o sinal do discriminante,
teremos que analisar também o sinal do coeficiente “a”.
Vejam os casos:

a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da pa-


rábola apontada para cima, e como temos duas
raízes distintas, a mesma cruza duas vezes no
eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracte-
riza-se pelo ponto de mínimo da mesma. Seguem
as representações para duas raízes positivas, uma
Exemplo:
positiva e outra negativa, e as duas negativas,
Vamos determinar as coordenadas do vértice da pa-
respectivamente:
rábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Cálculo da abscissa do vértice:

b −8 8
xV = − =− = =4
2a 2�1 2

Cálculo da ordenada do vértice:


Substituindo x por 4 na função dada:
yV=42-8∙4=15=16-32=15=-1

Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por


V (4,–1).

15
c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola se-
gue apontada para cima, mas a mesma toca o
eixo x apenas uma vez, já que a raízes são idên-
ticas. Além disso, o vértice desta parábola é exa-
tamente o ponto de tangência, a figura a seguir
apresenta os casos para a raiz positiva e negativa
respectivamente:

b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da parábo-


la apontada para baixo, e como temos duas raízes
distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além
disso, o vértice da parábola caracteriza o ponto de
máximo da mesma. Seguem as representações
para as duas raízes positivas, uma positiva e outra
negativa, e as duas negativas, respectivamente:

d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola se-


gue apontada para baixo, mas a mesma toca o
eixo x apenas uma vez, já que a raízes são idên-
ticas. Além disso, o vértice desta parábola é exa-
tamente o ponto de tangência, a figura a seguir
apresenta os casos para a raiz positiva e negativa
respectivamente:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

16
VALOR MÁXIMO E VALOR MÍNIMO DA FUNÇÃO
DO 2º GRAU
e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola
não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará- • Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
bola segue para cima e as figuras a seguir apre- ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado
sentam os gráficos para vértices com coordenada ponto de mínimo e a ordenada do vértice é cha-
x positiva e negativa respectivamente: mada valor mínimo da função;
• Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de
máximo e a ordenada do vértice é chamada valor
máximo da função.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Dada a função parabólica f(x)=x2-x, determine as coor-


denadas do vértice, V

Resposta: As coordenadas do seu vértice podem ser


encontradas através de:

xv = – b
xv = – 2a
b
yv = –2aΔ
yv = –4a
Δ
4a
Logo,

−1 1
xv = − =
f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola 2 � 1 2−1 1
não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará- xv = − =
2�1 2
bola segue para baixo e as figuras a seguir apre-
sentam os gráficos para vértices com coordenada
x positiva e negativa respectivamente:
Portanto:

1 1
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

V= ,− .
2 4

2. (UFSCAR–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de


meta por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua
trajetória descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥0) ,
onde  t  é o tempo medido em segundo e  h(t)  é a altu-
ra em metros da bola no instante  t. Determine, após o
chute:

a) o instante em que a bola retornará ao solo.


b) a altura atingida pela bola.

17
Resposta: FUNÇÃO AFIM
a) Houve dois momentos em que a bola tocou o chão:
o primeiro foi antes de ela ser chutada e o segundo foi Conceito
quando ela terminou sua trajetória e retornou para o
chão. Em ambos os momentos a altura h(t) era igual a Uma função f:R→R chama-se afim quando existe
zero, sendo assim: constantes a,b∈R tais que f(x)=ax+b para todo x∈R.
h(t)= – 2t^2+ 8t Note que os valores numéricos mudam conforme
0 = – 2t^2+ 8t o valor de x é alterado, sendo assim obtemos diversos
2t^2– 8t = 0
pares ordenados, constituídos da seguinte maneira: (x,
2t(t – 4)= 0
f(x)). Veja que para cada coordenada x, iremos obter uma
t’ = 0
coordenada f(x). Isso auxilia na construção de gráficos
t’’ – 4 = 0
t’’ = 4 das funções.
Portanto, o segundo momento em que a bola tocou Portanto, para que o estudo das funções afim seja
no chão foi no instante de quatro segundos. realizado com sucesso, compreenda bem a construção
de um gráfico e a manipulação algébrica das incógnitas
b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo vér- e dos coeficientes.
tice da parábola. As coordenadas do seu vértice po-
dem ser encontradas através de: Estudo dos Sinais

b Definimos função como relação entre duas grande-


xv = – zas representadas por x e y. No caso de uma função do
2a
1º grau, sua lei de formação possui a seguinte caracte-
rística: y = ax + b ou f(x) = ax + b, onde os coeficientes a
Δ e b pertencem aos reais e diferem de zero. Esse modelo
yv = – de função possui como representação gráfica a figura
4a
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do
No caso apresentado, é interessante encontrar domínio e da imagem crescem ou decrescem de acordo
apenas yv: com o valor do coeficiente a. Se o coeficiente possui sinal
positivo, a função é crescente, e caso ele tenha sinal ne-
Δ gativo, a função é decrescente.
yv = –
4a 1º Caso:a>0

(b² – 4 � a � c)
yv = –
4a

82– 4 � – 2 � 0
yv = –
4� – 2

yv = 8 Para valores de x, x>-b/a, a função é positiva, ou seja,


tem o mesmo sinal de a
Portanto, a altura máxima atingida pela bola foi de 8 Para x< -b/a, a função é negativa, ou seja, tem sinal
metros. contrário ao de a. 2ºCaso: a <0

FUNÇÃO LINEAR
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Uma função f:R→R chama-se linear quando existe


uma constante a ∈R tal que f(x)=ax para todo x∈R.

18
Para valores de x, x>-b/a, a função é negativa, ou
seja, tem o mesmo sinal de a são  . Veja os gráficos:
Para valores de x, x<-b/a, a função é positiva, ou seja,
tem sinal contrário de a.

Função Quadrática

Em geral, uma função quadrática ou polinomial do


segundo grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
É essencial que apareça ax² para ser uma função qua-
drática e deve ser o maior termo.

Considerações

Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para
baixo se a<0

Relação do ∆= ! ! − 4!" !na função


Quando ∆> 0!, a parábola y=ax²+bx+c intercepta o
eixo x em dois pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2
são raízes da equação ax²+bx+c=0
Imagem
Quando ∆= 0!, a parábola y=ax²+bx+c é tangente
ao eixo x, no ponto – ! , 0 .! O conjunto-imagem Im da função y = ax2 + bx + c,  a 
Repare que, quando
2! tivermos o discriminante , as
0, é o conjunto dos valores que y pode assumir. Há
duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais a − ! ! . duas possibilidades:
2!
Raízes 1ª - quando a > 0,

−! ± !! − !"#
!=
!"

−! + !! − !"# a>0
!! =
!"

−! − !! − !"#
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

!! =
!"
!

Se, a parábola y=ax²+bx+c não intercepta o eixo.

Vértices e Estudo do Sinal

Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada


para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a pa-
rábola tem concavidade voltada para baixo e um ponto
de máximo  V. Em qualquer caso, as coordenadas de V

19
2ª quando a < 0, INEQUAÇÃO PRODUTO E QUOCIENTE

Inequação Produto: denominamos assim inequação-


produto toda inequação do tipo:
f(x) . g(x)<0, f(x) . g(x)≤0, f(x).g(x) > 0 ou f(x) . g(x) ≥ 0
a<0
Resolver uma inequação produto consiste em encon-
trar os valores de x que satisfazem a condição estabeleci-
da pela inequação, ao mesmo tempo. Para isso devemos
estudar o sinal de cada função e também do conjunto
solução:
Exemplo: Colocamos em um chamado quadro de
sinais, cada função e resolvemos através do sinal (apli-
cando a regra dos sinais que vale para multiplicação e
divisão) do produto f(x). g(x), temos:
Exemplo: (2 - x). (-x2 + 6x - 5) ≤ 0

Exemplo

Vamos construir o gráfico da função y = x2 + x:


Primeiro atribuímos a x alguns valores, depois calcu-
lamos o valor correspondente de y e, em seguida, liga-
mos os pontos assim obtidos.

x Y
-3 6
-2 2
-1 0
S = {x ϵ R| 1 ≤ x ≤ 2 e x 5}
-1/2 -1/4
0 0
FIQUE ATENTO!
1 2
Observar os intervalos, se são abertos (< ou
2 6 >) / fechados (≤ ou ≥), para que a resolução
satisfaça a solução.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

20
Inequação Quociente: denominamos assim inequação-quociente toda inequação do tipo:

A regra de resolução e sinais da inequação produto é a mesma para quociente.


Exemplo:

f(x) = x + 5 = 0 → x = -5
g(x) = x – 2 = 0 → x = 2

Observe que no 2 a “bolinha fica aberta”, pois se incluirmos o mesmo na resolução teremos g(x) = 0, e como por lei
de formação, nosso denominador não pode ser zero.
Solução: S= {x ϵ R | x ≤ -5 e x > 2}

FUNÇÃO EXPONENCIAL

A função exponencial, como o nome mostra, é uma função onde a variável independente é um expoente: f(x)=aX

FIQUE ATENTO!
Com “a” sendo um número real. Possui dois tipos básicos, quando a>1 (crescente) e 0<a<1 (decrescente).

As figuras a seguir apresentam seus respectivos gráficos:

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

21
y 2 3y
#FicaDica − +4=0
8 2
É importante ressaltar que o gráfico da fun- Multiplicando a equação por 8
ção exponencial (na forma que foi apresen- y2-12y+32=0
tado) não toca o eixo x, pois a função f(x)=ax
com a>0 é sempre positiva. Resolvendo a equação do segundo grau:

Δ = −12 2 − 4 � 1 � 32 = 144 − 128 = 16


EQUAÇÕES EXPONENCIAIS

As equações exponenciais são funções exponenciais


relacionadas a números ou expressões. O princípio fun-
damental para a resolução das mesmas é lembrar que
dois expoentes serão iguais se as respectivas bases tam-
bém forem iguais, sigam os exemplos abaixo: Assim

Exemplo: Resolva 3x=27 2x = 4 → 2x = 22 → x1 = 2


Resolução: Seguindo o princípio que bases iguais �
terão expoentes iguais, temos que lembrar que 27=33 , 2x = 8 → 2x = 23 → x2 = 3
assim:
Portanto, a soma das raízes é igual a 2+3=5
3x=33
x=3
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
S={3}
As funções logarítmicas tem como base o operador
matemático log:
EXERCÍCIOS COMENTADOS

f x = log a x , com a > 0, a ≠ 1 e x > 0


1. Resolva 22x=1024

Resposta: FIQUE ATENTO!


Utilizando as propriedades de potenciação, tem-se:
Observe que há restrições importantes para
22x=210 os valores de (logaritmando) e (base) e
2x=10 será essas restrições que poderá deter-
Portanto, a solução da equação exponencial é x=5. minar o conjunto solução das equações
logarítmicas.
2. (CONED-2016) Qual a soma das raízes ou zeros da
função exponencial abaixo:

O gráfico da função logarítmica terá dois formatos,


22x−3 − 3 � 2x−1 + 4 = 0 baseado nos possíveis valores de a. Será crescente quan-
do e decrescente quando :
a) 5
b) 4
c) 6
d) 8
e) -6

Resposta: Letra A.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

22x−3 − 3 � 2x−1 + 4 = 0

Faz-se a substituição 2x=y pra obter uma equação de


segundo grau

22
TAXAS DE VARIAÇÃO DE GRANDEZAS.
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES

RAZÃO

Quando se utiliza a matemática na resolução de pro-


blemas, os números precisam ser relacionados para se
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar
os números é através da razão. Sejam dois números reais
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa or-
dem) o quociente a ÷ b, ou 𝑎 .
𝑏
1. Equações Logarítmicas A razão basicamente é uma fração, e como sabem,
frações são números racionais. Entretanto, a leitura des-
As equações logarítmicas adotarão um princípio se- te número é diferente, justamente para diferenciarmos
melhante as equações exponenciais. Para se achar o mes- quando estamos falando de fração ou de razão.
mo logaritmando, dois logaritmos deverão ter a mesma
3
base ou vice-versa. Ressalta-se apenas que as condições a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de
de existência de um logaritmo devem ser respeitadas. fração, lê-se: “três quintos”.
Veja o exemplo:
3
Ex: b) Quando temos o número 5
e estamos tratando
Resolva log2 x − 2 = 4 de razão, lê-se: “3 para 5”.

Primeiramente, será importante transformar o núme- Além disso, a nomenclatura dos termos também é
ro 4 em um log. Como a base do log que contém x é dois, diferente:
vamos transformar 4 em um log na base 2 da seguinte
forma: O número 3 é numerador
3
log 2 16 = 4 a) Na fração 5

Igualando isso a equação: O número 5 é denominador

log 2 x − 2 = log 2 16 O número 3 é antecedente

b) Na razão
3
5
#FicaDica O número 5 é consequente
Bases iguais, logaritmandos iguais:
Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50
20 2
50 5 50 5
e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece-
4x + 2 = 3x + 3 20 2
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de
→ 4x − 3x = 3 − 2 montarmos a razão.
→x=1
Ex. Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo-
ças. A razão entre o número de rapazes e o número de
moças é 15 , se simplificarmos, temos que a fração equi-
EXERCÍCIO COMENTADO 5 21
valente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1. (FUNDEP-2014) O conjunto solução da equação zes e o total de alunos é dada por 36 = 12 , o que equivale
15 5

log 4x + 2 = log 3x + 3 é: a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
a) S={1} entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
b) S= {2} dos números que expressam as medidas dessas grande-
c) S= {3} zas numa mesma unidade.
d) S= {4} Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
e) S= {5} 360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
distância percorrida em relação ao total?
Resposta: Letra A. Como as bases são iguais, os loga- Como os dois números são da mesma espécie (dis-
ritmandos devem ser iguais. Portanto, pode-se escre- tância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a
ver: 4x+2=3x+3→4x-3x=3-2→x=1 razão:

23
240 𝑘𝑚 2 Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas
𝑟= =
360 𝑘𝑚 3 será uma espécie totalmente diferente das outras duas.

No caso de mesma espécie, porém em unidades diferen-


tes, deve-se escolher uma das unidades e converter a outra. #FicaDica
A razão entre uma distância e uma medida
Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
de tempo é chamada de velocidade.
extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
tensão da prova?
Veja que agora estamos tentando relacionar metros Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais,
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de
unidades, vamos utilizar “km”: 927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo
36000 m=36 km
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes
Como é pedida a razão entre o que falta em relação
e a área total?
ao total, temos que:

42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1 Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte-


𝑟=
42 𝑘𝑚
= =
42 𝑘𝑚 7 remos o número de habitantes por km2 (hab./km2):

Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri- 66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a
𝑑= = 71,5
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
razão entre o comprimento representado no desenho e
o comprimento real?
Convertendo o comprimento real para cm, temos #FicaDica
que:
A razão entre o número de habitantes e a
20 𝑐𝑚 1 área deste local é denominada densidade
𝑒= =
800 𝑐𝑚 40 demográfica.

#FicaDica Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L


de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per-
A razão entre um comprimento no desenho
e o correspondente comprimento real, cha- corridos pelo número de litros de combustível consumi-
ma-se escala dos, teremos o número de quilômetros que esse carro
percorre com um litro de gasolina:

Razão entre grandezas de espécies diferentes: É 83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚


𝑐= = 10,47
possível também relacionar espécies diferentes e isto 8𝑙 𝑙
está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
física:
#FicaDica
Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui-
lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô- A razão entre a distância percorrida em rela-
metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o ção a uma quantidade de combustível é de-
tempo gasto no translado? finida como “consumo médio”
Para montarmos a razão, precisamos obter as
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

informações: Proporção

Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km A definição de proporção é muito simples, pois se tra-
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h ta apenas da igualdade de razões.
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o
tempo gasto para isso: 3 6
Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim
140 𝑘𝑚 70 como 6 está para 10”).
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ Observemos que o produto 3 ∙ 10=30 é igual ao pro-
2ℎ 1
duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
mental das proporções

24
4
#FicaDica Ou seja, o numerador e o denominador de 3 quan-
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu-
Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere- merador e denominador da outra fração, logo, elas são
mos que os produtos entre o numeradores equivalentes e consequentemente, proporcionais.
e os denominadores da outra razão serão Agora vamos apresentar algumas propriedades da
iguais.
proporção:

a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro-


2 6 porcionais, podemos criar outra proporção soman-
Ex. Na igualdade 3 = 9 , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo, do os numeradores com os denominadores e divi-
temos uma proporção. dindo pelos numeradores (ou denominadores) das
razões originais:
Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se
a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da 5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem = → = → =
correta? 2 4 5 10 5 10
Como temos que seguir a receita, temos que atender
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de ou
gotas a serem ministradas:
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 = → = → =
2 4 2 4 2 4
=
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔
b) Diferença dos termos: Analogamente a soma,
temos também que se realizarmos a diferença
Logo, para atendermos a proporção, precisaremos entre os termos, também chegaremos em outras
encontrar qual o número que atenderá a proporção. proporções:
Multiplicando em cruz, temos que:
4 8 4−3 8−6 1 2
3x=105 = → = → =
3 6 4 8 4 8
105
𝑥= ou
3
x=35 gotas 4 8 4−3 8−6 1 2
= → = → =
3 6 3 6 3 6
Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
35 gotas do remédio, atendendo a proporção.
c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma dos antecedentes está para a soma dos conse-
proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica- quentes assim como cada antecedente está para o
ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro- seu consequente:
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações 12 3 12 + 3 15 12 3
equivalentes. Lembra deste conceito?
= → = = =
8 2 8+2 10 8 2

FIQUE ATENTO! d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A


Uma fração é equivalente a outra quando soma dos antecedentes está para a soma dos con-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

podemos multiplicar (ou dividir) o nume- sequentes assim como cada antecedente está para
rador e o denominador da fração por um o seu consequente:
mesmo número, chegando ao numerador e
denominador da outra fração. 12 3 12 − 3 9 12 3
= → = = =
8 2 8−2 6 8 2
4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois:
3 9
4x=12 →x=3
3x=9 →x=3

25
9000 25000
FIQUE ATENTO! = → 25x = 19998 → x = R$ 799,92
x 2222
Usamos razão para fazer comparação entre
duas grandezas. Assim, quando dividimos
uma grandeza pela outra estamos compa- 4. Há, em virtude da demanda crescente de economia de
rando a primeira com a segunda. Enquanto água, equipamentos e utensílios como, por exemplo, as
proporção é a igualdade entre duas razões. bacias sanitárias ecológicas, que utilizam 6 litros de água
por descarga em vez dos 15 litros utilizados por bacias
sanitárias não ecológicas, conforme dados da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
EXERCÍCIOS COMENTADOS Qual será a economia diária de água obtida por meio da
substituição de uma bacia sanitária não ecológica, que
gasta cerca de 60 litros por dia com a descarga, por uma
1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de bacia sanitária ecológica?
278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins
tinha uma população de aproximadamente 1.156.000 ha- Resposta: Se x for o número de litros de água despe-
bitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de jadas pela bacia ecológica, tem-se que:
Tocantins? 15/60=6/x → 15x=6∙60 → 15x=360
Logo: x=360/15=24 litros.
Resposta : A densidade demográfica é definida Então, a economia de água foi de (60-24) = 36 litros.
como a razão entre o número de habitantes e a área
ocupada:
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
1 156 000 hab.
d= = 4,15 ha b⁄k m²
278 500 km² REGRA DE TRÊS SIMPLES

Os problemas que envolvem duas grandezas direta-


2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300  cm²  e a mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o vidos através de um processo prático, chamado regra de
três simples.
valor da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ? Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos
litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:
Solução:
A1 300
= =3
A2 100 O problema envolve duas grandezas: distância e litros
de álcool.
Então, isso significa que a área do retângulo 1 é 3 ve- Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
zes maior que a área do retângulo 2. consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
3.(CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016)
se correspondem em uma mesma linha:
Dois amigos decidem fazer um investimento conjunto
por um prazo determinado. Um investe R$ 9.000 e o ou-
Distância (km) Litros de álcool
tro R$  16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um
180 15
lucro de R$ 2.222 e decidem dividir o lucro de maneira
210 x
proporcional ao investimento inicial de cada um. Portan-
to o amigo que investiu a menor quantia obtém com o Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál-
investimento um lucro: cool”), vamos colocar uma flecha:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a) Maior que R$ 810,00


b) Maior que R$ 805,00 e menor que R$ 810,00
c) Maior que R$ 800,00 e menor que R$ 805,00
d) Maior que R$ 795,00 e menor que R$ 800,00
e) Menor que R$ 795,00

Resposta : Letra D. Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$ Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo
16000,00=R$ 25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi so- de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
bre este valor. Assim, constrói-se uma proporção en- e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
tre o valor aplicado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o esquema que estamos montando, indicamos esse fato
exercício quer o lucro de quem aplicou menos) e seu colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
respectivo lucro: sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

26
Armando a proporção pela orientação das flechas, Na montagem da proporção devemos seguir o senti-
temos: do das flechas. Assim, temos:

180 15 4 80
= → 180x = 15 � 210 = → 80x = 4 � 60
210 𝑥 𝑥 60

→ 180x = 3150 → x = 3150/180 → x = 17,5 → 80x = 240 → x = 240/80 → x = 3

Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Procure manter essa linha de raciocínio nos
diversos problemas que envolvem regra de
três simples ! Identifique as variáveis, verifi- 1. (CBTU – ASSISTENTE OPERACIONAL – FU-
que qual é a relação de proporcionalidade e MARC/2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido im-
siga este exemplo ! portado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro
linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojis-
ta deixou de ganhar com a venda do tecido foi:
Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 km/h,
eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumentando a) R$ 0,69
a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse b) R$ 0,96
percurso? c) R$ 1,08
Solução: Indicando por x o número de horas e colo- d) R$ 1,20
cando as grandezas de mesma espécie em uma mesma
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se cor- Resposta: Letra B. As grandezas (comprimento e pre-
respondem em uma mesma linha, temos: ço) são diretamente proporcionais. Assim, a regra de
três é direta:
Velocidade (km/h) Tempo (h)
60 4 Metros Preço
80 x 1 12

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), va- 0,02 x


mos colocar uma flecha:
1 � x = 0,02 � 12 → x = R$ 0,24
Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para
que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim,
cada 2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram con-


siderados quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar
Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo 4∙0,24=R$ 0,96
fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais. 2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao para construir um muro de 51m²?
da flecha da coluna “tempo”:
Resposta: 9 trabalhadores.
As grandezas (área e trabalhadores) são diretamente
proporcionais. Assim, a regra de três é direta:

27
Área N Trabalhadores
17 3
51 x

17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores

REGRA DE TRÊS COMPOSTA


Resposta: Em 10 dias.
O processo usado para resolver problemas que en-
volvem mais de duas grandezas, diretamente ou in-
versamente proporcionais, é chamado regra de três FIQUE ATENTO!
composta. Repare que a regra de três composta, em-
Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em bora tenha formulação próxima à regra de
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi- três simples, é conceitualmente distinta de-
riam 300 dessas peças? vido à presença de mais de duas grandezas
Solução: Indiquemos o número de dias por x. Co- proporcionais.
loquemos as grandezas de mesma espécie em uma só
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha: EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (SEDUC-SP - ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN-


FORMAÇÃO – VUNESP/2014) Quarenta digitadores
preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 ho-
ras. Para preencher 5 616 formulários de 18 linhas, em 3
Comparemos cada grandeza com aquela em que está horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digi-
o x. As grandezas peças e dias são diretamente propor- tadores seja o mesmo, o número de digitadores neces-
cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan- sários será:
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido
da flecha da coluna “dias”: a) 105
b) 117
c) 123
d) 131
e) 149

Resposta: Letra B. A tabela com os dados do enun-


ciado fica:

As grandezas máquinas e dias são inversamente pro- Digitadores Formulários Linhas Horas
porcionais (duplicando o número de máquinas, o número
40 2400 12 2,5
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso
será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma x 5616 18 3
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
Comparando-se as grandezas duas a duas, nota-se
que:
Digitadores e formulários são diretamente propor-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

cionais, pois se o número de digitadores aumenta, a


quantidade de formulários que pode ser digitada tam-
bém aumenta.
Digitadores e linhas são diretamente proporcionais,
pois se a quantidade de digitadores aumenta, o núme-
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão ro de linhas que pode ser digitado também aumenta.
Digitadores e horas são inversamente proporcionais,
que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra- pois se o número de horas trabalhadas aumenta, en-
x
zões, obtidas segundo a orientação das flechas 6 � 160 : tão são necessários menos digitadores para o serviço
8 300 e, portanto, a quantidade de digitadores diminui.

28
A regra de três fica: 𝑝
𝐴= .𝑉
100
40 2400 12 3
= � � Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
x 5616 18 2,5 todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
40 86400 gem se resumem a três tipos:
→ =
x 252720
→ 86500x = 10108800 Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
→ x = 117 digitadores Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas-
𝑝
ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja,
100
por V. Assim:
2. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20
carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados 𝑝
por 4 homens em 16 dias? P% de V =A= 100 .V
Resposta:
Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2
100
Homens Carrinhos Dias Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
8 20 5 67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
4 x 16 Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
Observe que,  aumentando  o número de homens, a assistem ao tal programa?
produção de carrinhos  aumenta. Portanto a relação
é  diretamente proporcional  (não precisamos inverter Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
a razão). siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e
Aumentando o número de dias, a produção de carri- o total, basta realizarmos a multiplicação:
nhos  aumenta. Portanto a relação também é  direta-
mente proporcional (não precisamos inverter a razão). 67% de 56000=A=
67
56000=37520
Devemos igualar a razão que contém o termo x com o 100
produto das outras razões. Resp. 37 520 pessoas.
Montando a proporção e resolvendo a equação,
temos:
Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
20 8 5 lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
= �
π 4 16
𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
20 � 4 � 16 100 𝑉
x= = 32
8�5 Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
Logo, serão montados 32 carrinhos. Qual foi sua porcentagem de vitórias?
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
gem de vitórias que esse time obteve, assim:
PORCENTAGEM
𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
PORCENTAGEM 𝑉 16

Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.


A definição de porcentagem passa pelo seu próprio
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

seja, é uma fração de denominador 100. Representamos


acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
aprovado?
Para sabermos se o candidato passou, é necessário
calcular sua porcentagem de acertos:
50
Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equiva-
lente a ela é uma porcentagem que podemos represen- 𝐴 48
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
tar por 50%. 𝑉 80
Logo, o candidato foi aprovado.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:

29
Cálculo do todo (conheço p e A e quero achar V): Fatorando:
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente: p
VD = (1 – ) .V
100
𝑝 𝐴 𝐴 p
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100 Em que (1 – 100 ) será definido como fator de des-
100 𝑉 𝑝
conto, que pode estar representado tanto na forma de
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus fração ou decimal.
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
quantos tiros ele deu no total? Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
o “todo”, assim: mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
𝐴 15 deve admiti-lo?
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠 Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
𝑝 75 saber o valor de V, assim:

Forma Decimal: Outra forma de representação de p


VA = ( 1 + ).V
porcentagens é através de números decimais, pois to- 100
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são 40
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há 3500 = ( 1 + ).V
100
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver- 3500 =(1+0,4).V
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que
está representada na forma de fração: 3500 =1,4.V

75 3500
75% = = 0,75 V= =2500
100 1,4

Aumento e desconto percentual Resp. R$ 2 500,00

Outra classe de problemas bem comuns sobre por- Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
centagem está relacionada ao aumento e a redução per- em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um de-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini- les é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
envolvida Aqui, basta calcular o valor de VD :

Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial p


VD = (1 – ) .V
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. Cha- 100
memos de VA o valor após o aumento. Assim: 20
VD = (1 – ) .250,00
100
p
VA = V + .V VD = (1 –0,2) .250,00
100
Fatorando: VD = (0,8) .250,00
p
VA = ( 1 + ) .V VD = 200,00
100 Resp. R$ 200,00
p
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Em que (1 + ) será definido como fator de au-


100
mento, que pode estar representado tanto na forma de
fração ou decimal.

Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial


V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha-
memos de VD o valor após o desconto.

p
VD = V – .V
100

30
Além disso, essa formulação também funciona para
FIQUE ATENTO! aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
Em alguns problemas de porcentagem são a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
necessários cálculos sucessivos de aumen- um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
tos ou descontos percentuais. Nesses casos aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
é necessário ter atenção ao problema, pois Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
erros costumeiros ocorrem quando se calcu-
la a porcentagens do valor inicial para obter 𝑝1
todos os valores finais com descontos ou V1 = V .(1+ )
100
aumentos. Na verdade, esse cálculo só pode
ser feito quando o problema diz que TODOS Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
os descontos ou aumentos são dados a uma
porcentagem do valor inicial. Mas em geral, 𝑝2
os cálculos são feitos como mostrado no V2 = V_1 .(1 – )
100
texto a seguir.
Como temos uma expressão para , basta substituir:

𝑝1 𝑝2
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos V2 = V .(1+ ) .(1 – )
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer 100 100
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
após o primeiro aumento, temos: sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
ao seu valor original.
𝑝1
V1 = V .(1 + )
100 (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja,
Este problema clássico tem como finalidade concei-
após já ter aumentado uma vez, temos que:
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
𝑝2
V2 = V1 .(1 + ) nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
100 aprendemos, temos que:
Como temos também uma expressão para V1, basta
substituir: 𝑝1 𝑝2
V2 = V . 1+
100
. 1–
100
𝑝1 𝑝2 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
100 100 20 20
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
Assim, para cada aumento, temos um fator corres- 100 100
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
ao resultado final.
V2 = V .(1,2) .(0,8)
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
96
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois V2 = 0,96.V= V=96% de V
descontos sucessivos de p1% e p2%. 100
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
𝑝1 nalar a opção ERRADO
V1 = V.(1 – )
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

após já ter descontado uma vez, temos que: EXERCÍCIOS COMENTADOS

𝑝2 1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição,


V2 = V_1 .(1 – ) uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponha-
100
mos ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar
Como temos também uma expressão para V2, basta um índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9%
substituir: entre as mulheres, o número de votantes do sexo mas-
culino será exatamente igual ao número de votantes do
𝑝1 𝑝2 sexo feminino. Determine o número de eleitores de cada
V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100 sexo.

31
Resposta: Denotamos o número de eleitores do sexo Ao representarmos uma sequência numérica, deve-
femininos de F e de votantes masculinos de M. Pelo mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al-
enunciado do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o guns exemplos de sequências numéricas:
índice de abstenções entre os homens foi de 6% e de
9% entre as mulheres, ou seja, 94% dos homens e 91% Ex: (2,4,6,8,10,12,…) - números pares positivos.
das mulheres compareceram a votação, onde 94%M Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...) - números naturais.
= 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para determinar o Ex: (10,20,30,40,50...) - números múltiplos de 10.
número de eleitores de cada sexo temos os seguinte Ex: (10,15,20,30) - múltiplos de 5, maiores que 5 e me-
sistema para resolver: nores que 35.
Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de
F + M = 18500 sequências:
� Sequência finita: Sequência numérica onde a quanti-
0,94M = 0,91F
0,91
dade dos elementos é finita.
Da segunda equação, temos que M = 0,94 F . Agora, Sequência infinita: Sequência que seus elementos se-
substituindo M na primeira equação do sistema en- guem ao infinito.
contra-se F =  9400 e por fim determina-se M = 9100
Representação
2. (UFMG 2017) Uma pessoa comprou, fora do Brasil,
um produto por U$S 80,00 Sobre esse valor foi cobra- Em uma sequencia numérica qualquer, o primeiro ter-
da uma taxa de 45% (frete) para o envio da mercadoria. mo será representado por uma letra minúscula seguido
Chegando ao Brasil, esse produto foi tarifado com 15% de sua posição na sequência. Assim, o primeiro termo é
de imposto sobre importação que incidiu sobre o valor representado por a1, o segundo termo é a2, o terceiro a3
do produto e do frete. Desta forma, o aumento percen- e assim por diante.
tual do produto em relação ao preço de compra foi de,
aproximadamente,
FIQUE ATENTO!
a) 12 Em uma sequência numérica finita desconhe-
b) 37 cida, o último elemento (chamado por exem-
c) 60 plo de n-ésimo termo) é representado por an.
d) 67

Resposta: Letra D. Considerando o valor de U$S 80,00


para o produto, temos: #FicaDica
Valor com a taxa de 45%: 80+80∙0,45=80∙1,45 Na matemática, achar uma expressão que
Valor com a tarifa de 15% 80∙1,45+80∙1,45∙0,15=80∙1,67 possa descrever a sequência numérica em
Portanto, o aumento percentual será dado por: função da posição do termo na mesma tor-
80∙1,67-80 ou seja 67% de 80. na-se conveniente e necessário para se usar
essa teoria. Os exemplos a seguir exemplifi-
REGULARIDADES E PADRÕES EM SEQUÊNCIAS. cam esse conceito:
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.PROGRESSÃO
ARITMÉTICA E PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Ex: (1,2,3,4,…)→Essa sequência pode ser descrita
como sendo: an=n. Ou seja, qualquer termo da sequência
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS é exatamente o valor de sua posição.
Ex: (5,8,11,14,…)→Essa sequência pode ser descrita
Definição como sendo: an=3n+2. Ou seja, qualquer termo da se-
quência é o triplo da sua posição somado 2.
O diário do professor é composto pelos nomes de
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são Ex: (0,3,8,15,…)→ Essa sequência pode ser descrita
escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá- como sendo: an=n2-1. Ou seja, qualquer termo da se-
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês quência é o quadrado da sua posição subtraído 1.
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências Essa expressão de an é definida como expressão do
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência termo geral da sequência.
que você pode imaginar.
A definição formal de sequência é todo conjunto ou
grupo no qual os seus elementos estão escritos em uma
determinada ordem ou padrão. No estudo da matemáti-
ca estudamos obviamente, as sequências numéricas.

32
Termo Geral
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Dado esta lógica de formação das progressões arit-
1. (FCC-2016 – MODIFICADO) Determine o termo ge- méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão
do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
ral an da sequência numérica
que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:
1 3 5 7 an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗
, , , , … , an
2 4 6 8

Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex-


Resposta: Mediante análise dos termos da sequência,
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
nota-se que termo geral é
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo.
2n − 1
an =
2n Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3,
qual é o quinto termo?
2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência 1 e n = 5. Assim:
é igual a:
an = ap + n − p � r
a) 0,9 a5 = a1 + 5 − 1 � r
b) 9 a5 = 7 + 4 � 3
c) 0,009 a5 = 19
d) 0,09
e) 0,0009 Ou seja, o quinto termo desta PA é 19.

Resposta: Letra C. Utilizando o termo geral dessa b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter
2n−1 a razão da PA.
sequência an = 2n , facilmente a500 e a50 são Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será
identificados. Substituindo para n=500 e n=50, chega- a razão da PA?
-se ao resultado. Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
PROGRESSÃO ARITMÉTICA 3 e n = 6. Assim:

Definição
an = ap + n − p � r
As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”, são a6 = a3 + 6 − 3 � r
sequências de números, que seguem um determinado −1 = 2 + 3 � r
padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte
da sequência ser o termo anterior adicionado de um va-
3r = −3
lor fixo, que chamaremos de constante da PA, represen- r = −1
tado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima: Ou seja, a razão desta PA é -1.

a) S={1,2,3,4,5…} : Esta sequência é caracterizada por Soma dos termos


sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja,
Outro ponto importante de uma progressão arit-
trata-se de uma PA com razão . Se r>0, classificare- mética é a soma dos termos. Considerando uma PA
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

mos com PA crescente. que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos:
b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên- S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to-
cias onde ao invés de somar, estaremos subtrain- dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
do um valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte = 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
é o termo anterior subtraído 2, assim, trata-se de ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e .
uma PA com razão . Se r<0, classificaremos com PA Como você calcularia a soma dos 5 termos?
decrescente. O jeito que você aprendeu até agora seria obter os
c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma se- outros termos e a razão a partir da expressão do termo
quência de valores constantes, nesse caso, é como geral, porém você teria que fazer muitas contas para che-
se estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um
r=0, classificaremos com PA constante. padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa
apenas do primeiro termo e do último:

33
a1 + an � n
Sn = FIQUE ATENTO!
2 Com as considerações anteriores, temos que
numa PA com termos, a soma de dois ter-
Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5, podemos calcular mos equidistantes dos extremos é constante
a soma: e igual a soma do primeiro termo com o úl-
timo termo.
2 + 10 � 5 12 � 5 60
Sn = = = = 30
2 2 2
Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi-
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA distantes dos extremos, teremos, então:
para acharmos a soma.
Propriedades ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r
As progressões aritméticas possuem algumas pro- ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
priedades interessantes que podem ser exploradas em
provas de concursos:
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo Somando as expressões:
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo an
, an e an+1.Podemos afirmar a partir da fórmula do termo ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
–1
geral que:
Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
an = an−1 + r
an = an+1 – r ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r
Somando as duas expressões:
ap + ak = a1 + an
2an = an−1 + r + an +1 − r
2an = an−1 + an + 1
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O que leva a:
1. Em relação à progressão aritmética (10, 17, 24, …),
an−1 + an + 1 determine:
an =
2 a) o termo geral dessa PA;
b) o seu 15° termo;
P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa sequên-
cia finita, dizemos que dois termos são equidistantes dos Resposta:
extremos se a quantidade de termos que precederem o a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé-
primeiro deles for igual à quantidade de termos que su-
tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r:
cederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
r = a2 – a1
(a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ), r = 17 – 10
− − − r=7
A razão é 7, e o primeiro termo da progressão (a1) é 10.
Temos: Através da fórmula do termo geral da PA, temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a2 e an 1 são termos equidistantes dos extremos; an = a1 + (n – 1). r



a3 e an 2 são termos equidistantes dos extremos; an = 10 + (n – 1). 7

a4 e an 3 são termos equidistantes dos extremos.
− Portanto, o termo geral da progressão é dado por an =
10 + (n – 1). 7.
Nota-se que sempre que dois termos são equidis-
tantes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao b)  Como já encontramos a fórmula do termo geral,
valor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, vamos utilizá-la para encontrar o 15° termo. Tendo em
se os termos e são equidistantes dos extremos, então: vista que n = 15, temos então:
an = 10 + (n – 1). 7
p + k = n+1 a15 = 10 + (15 – 1). 7

34
a15 = 10 + 14 . 7
a15 = 10 + 98 FIQUE ATENTO!
a15 = 108 Atenção as definições de PG decrescente e
PG alternada, muitos alunos se confundem
O 15° termo da progressão é 108. e dizem que PG decrescente ocorre quando
, em uma analogia a PA.
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A
razão dessa PA é um número: Termo Geral

a) Múltiplo de 5 Dado esta lógica de formação das progressões geo-


b) Primo métricas, podemos também definir a “expressão do ter-
c) Com 3 divisores positivos mo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática que rela-
d) Igual a média geométrica entre 9 e 4 ciona dois termos de uma PG com a razão q:
e) Igual a 4!

Resposta: Letra B. Aplicando a fórmula do termo ge-


an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ
ral nas duas considerações do enunciado, chega-se a
razão igual a 3, que é um número primo Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa ex-
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (PG)
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
Definição trar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG
As progressões geométricas, conhecidas com “PG”, igual a 5 e a razão é 2, qual é o quarto termo?
são sequências de números, como as PA, mas seu padrão
está relacionado com a operação de multiplicação e di- Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e quere-
visão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG é composto
mos achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral,
pelo termo anterior multiplicado por uma razão cons-
temos que p = 1 e n = 4. Assim:
tante, que será chamada de “q”.

Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas an = ap � qn−p


definições: a4 = a1 � q4−1
a) S={2,4,8,16,32…}: Esta sequência é caracterizada a4 = 5 � 23
por sempre multiplicar o termo anterior por uma a4 = 5 � 8 = 40
razão constante, q = 2. Como os termos subse-
qüentes são maiores, temos uma PG crescente (ca- Ou seja, o quarto termo desta PG é 40.
racterizada por q > 0 )
1 1 1
S = {9,3,1, , , … }: Esta b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter
b) sequência
3 9 27 a razão da PG. Exemplo: O segundo termo da PG é
é caracterizada por sempre multiplicar o ter-
3 e o quarto é 1/3, qual será a razão da PG, saben-
1 do que q < 0 ?
q=
mo anterior por uma razão constante 3
, ou seja, estar sendo dividida sempre por 3. As- 1
sim, como os termos subseqüentes são menores, Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = 3 e que-
temos uma PG decrescente (caracterizada por remos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral,
a1 > 0 e 0 < q < 1 ). temos que p = 2 e n = 4. Assim:
c) S={-1,-2,-4,-8 ,-16,…}: Esta sequência é caracteri-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

zada por sempre multiplicar o termo anterior por


uma constante q=-2. Assim, como os termos sub-
seqüentes são menores, temos outro caso de PG
decrescente (caracterizada por a1 < 0 e q > 1 ).
d) S={1,-4,16,-64,256…}: Esta sequência mostra alter-
nância de sinal entre os termos. A razão neste caso
é q=-4 e quando isto ocorre, definimos como PG
alternada. (caracterizada por q < 0 ).
e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos
constantes e é caracterizada por ter uma razão
q=1. Neste caso, é definido o que chamamos de
PG constante.

35
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG
an = ap � qn−p é igual a 684.
a4 = a2 � q4−2
Soma da PG infinita
1 Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres-
= 3 � q2 sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG
3 com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, pode-
1 mos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
q2 = se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1
9
, podemos obter a somar todos eles e obter um valor
finito. A fórmula da PG infinita é apresentada a seguir:

a1
S∞ =
1−q
Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3.
#FicaDica
Soma finita dos termos
Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a A fórmula é bem simples e como na fórmu-
somatória dos “n” primeiros termos também. Uma fór- la da soma dos “n” primeiros termos, temos
mula foi deduzida e está apresentada a seguir: dependência apenas do primeiro termo e da
razão.
a1 � qn − 1
Sn =
q−1
Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG:

O ponto interessante desta fórmula é que ela depen-


de apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessi- 1 1 1 1 1
S = {1, , , , , ,…�
dade de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro 2 4 8 16 32
termo e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro
termo com a fórmula do termo geral e depois obtém a Resolução: Como se trata de uma PG decrescen-
te com a1 = 1 e q = , ela atende aos requisitos da
1
soma. O exemplo a seguir ilustra isso:
2
Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos soma infinita: Substituindo na fórmula:
de uma PG, com q = 3 e a2 = 12
Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é necessá- a1
S∞ =
rio obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral 1−q
(com n=2 e p=1):
1
an = ap � qn−p S∞ =
1
a2 = a1 � q2−1 1−2
12 = a1 � 31
1
a1 = 4 S∞ = =2
1
2
Com o primeiro termo obtido, podemos encontrar a
somatória (com n=4): Ou seja, a soma dos termos desta PG infinita vale 2.

a1 qn − 1
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Sn = EXERCÍCIOS COMENTADOS
q−1

a1 q4 − 1 1.(FUNAI – CONHECIMENTOS GERAIS –


S4 =
q−1 ESAF/2016) O limite da série infinita S de razão 1/3,
1 1
S = 9 + 3 + 1 + + + ⋯ ) é:
3 9
4 34 − 1
S4 = a) 13,444...
3−1
b) 13,5
c) 13,666...
4 � 343 − 1 d) 13,6
S4 = = 2 � 342 = 684
2 e) 14

36
Resposta: Letra B. Finalmente, multiplicamos os números:
a1
Aplicando a fórmula da PG infinita S∞ = , che-
1−q
ga-se na resposta.

2. Determine o valor do sexto termo da seguinte pro-


gressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...). Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se
montar um prato.
Resposta: a6 = 32
Nota-se que a razão da progressão geométrica é igual FATORIAL
a 2. Então, tem-se que:
Antes de definirmos casos particulares de contagem,
an = ap � qn−p iremos definir uma operação matemática que será uti-
a6 = a1 � q6−1 lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal
de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim,
a6 = 1 � 25 = 32
quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu-
lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato-
NOÇÕES BÁSICAS DE CONTAGEM E rial está apresentada a seguir:
PROBABILIDADE
n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM


Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo
O princípio fundamental da contagem permite quan- produto deste número e seus antecessores, até se chegar
tificar situações ou casos de uma determinada situação ao número 1. Vejam os exemplos abaixo:
ou evento. Em outras palavras, é uma maneira sistemáti-
ca de “contar” a quantidade de “coisas”. 3! = 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 6
A base deste princípio se dá pela separação de ca- 5! = 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 120
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma mul-
tiplicação de todos estes números é feita para achar a
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir Assim, basta ir multiplicando os números até se che-
irá ilustrar isso. gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
Exemplo:“ João foi almoçar em um restaurante no muito rápido, veja quanto é 10!:
centro da cidade, ao chegar no local, percebeu que ofe-
recem 3 tipos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas di- 10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800
ferentes e 5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras
distintas ele pode fazer um pedido, pegando apenas 1 Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar-
tipo de cada alimento? ” mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
são normalmente feitas por último, procurando fazer o
Resolução: O princípio da contagem depende forte- maior número de simplificações possíveis. Observe este
mente de uma organização do problema. A sugestão é exemplo:
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos dis- Calcule
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
=
tintos (salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer 7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
4 traços: Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro.
Pela definição de fatorial, temos o seguinte:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
Agora, preencheremos a quantidade de possibilida- 7!
=
7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
des de cada caso:
Observe que o denominador pode ser inteiramente
cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
é uma particularidade interessante e facilitará demais a
simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
to de 3 termos:

10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
= = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1

37
Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato-
riais desde o começo!

Agora que sabemos o que é fatorial e como simplifi-


cá-lo, podemos passar para os casos particulares de con-
tagem: Permutações, Combinações e Arranjos
Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas
PERMUTAÇÃO
correspondentes e neste caso, é um problema de permu-
tação sem repetição como já foi visto:
PERMUTAÇÃO SEM REPETIÇÕES DE ELEMENTOS
P5 = 5! = 120
As permutações são definidas como situações onde o
número de elementos é igual ao número de posições em
Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala-
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde
vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber
com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere-
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es-
mos 7 posições:
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de
P as pessoas e C as cadeiras:

Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que


acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
palavra:
Em problemas onde o número de elementos é igual
ao número de posições, sempre teremos uma permuta-
ção. A fórmula da permutação, considerando que não há
repetição de elementos é a seguinte:
Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada nas
Pn = n!

posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de posição


Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, caracte-
basta eu calcular o fatorial de 5: rizando uma repetição. Assim, para saber a quantidade
P5 = 5! = 120
de anagramas com repetição, corrigiremos a fórmula da
permutação da seguinte forma:
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei-
ras diferentes na fileira de cadeiras. n!
Pna =
a!
Observe que a fórmula da permutação é utilizada
como não há repetição de elementos, mas e quando
ocorre repetição? Neste caso, a fórmula da permutação Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
terá uma complementação, para desconsiderar casos re- com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
petidos que serão contados 2 ou mais vezes se utilizar- letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
mos a fórmula diretamente.
7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
O exemplo mais comum destes casos é o que chama- 3! 3⋅2⋅1
mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas
necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira- possíveis.
mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra- Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
mas podemos formar com o nome BRUNO: é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
Montando a esquematização: plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:

38
Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
com repetição, faremos duas divisões:

n!
Pna,b =
a! b!

Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo, É importante notar que as comissões ADG e GAD não
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um. possuem diferenças, já que as casas C1,C2 e C3 não pos-
Como ambos repetem duas vezes: suem nenhuma particularidade descrita no enunciado.
Assim, trata-se de um problema de combinação. A fór-
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360 mula da combinação depende do número de elementos
P62,2 = = = = = 180 “n” e o número de posições “p”:
2! 2! 2.1 .2.1 2.1 2

Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas. n!


Cn,p =
p! (n − p)!
COMBINAÇÕES
No exemplo, temos 7 elementos e 3 posições, assim:
As combinações e os arranjos, que serão apresenta-
dos a seguir, possuem uma característica diferente da n! 7! 7! 7�6�5�4�3�2�1 7�6�5
permutação. A diferença está no fato do número de po- Cn,p = p!(n−p)!
= 3! 7−3 ! = 3!�4! = 3�2�1 � 4�3�2�1 = 3�2�1 = 7 � 5 = 35
sições ser MENOR que o número de elementos, ou seja,
quando os elementos forem agrupados, sobrarão alguns. Ou seja, podemos formar 35 comissões distintas.
Veja este exemplo: De quantas maneiras podemos for-
mar uma comissão de 3 membros, dentro os 7 funcioná- ARRANJOS
rios de uma empresa?
Resolução: Este exemplo mostrará também como Os arranjos seguem a mesma linha da combinação,
diferenciar combinação de arranjo. Logo de início, po- onde o número de elementos deve ser maior que o nú-
demos ver que não se trata de um problema de permu- mero de posições possíveis, mas com a diferença que a
tação, pois temos 3 posições para 7 elementos. Para di- ordem de escolha dos elementos deve ser considerada.
ferenciar combinação e arranjo, temos que verificar se a Vamos utilizar o mesmo exemplo descrito na combina-
ordem de escolha dos elementos importa ou não. Neste ção, mas com algumas diferenças:
caso, a ordem não importa, pois estamos escolhendo 3 De quantas maneiras podemos formar uma comissão
pessoas e não importa a ordem que escolhemos elas pois de 3 membros, composta por um presidente, um vice-
a comissão será a mesma. Observe a esquematização: -presidente e um secretário, dentro os 7 funcionários de
uma empresa?
Observe que agora o enunciado classifica explicita-
mente as posições, e podemos montar o esquema da
seguinte forma:

As pessoas foram chamadas pelas letras de A até G.


Vamos supor que escolheremos as pessoas A,D e G mas
em ordens diferentes:

As posições agora foram classificadas de acordo com


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a posição que foi pedida no enunciado. Vamos observar


agora o que acontece quando selecionando novamente
as pessoas A,D e G:

39
2. Quantas senhas com 4 algarismos diferentes podemos
escrever com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,e 9?

Resolução:
Esse exercício pode ser feito tanto com a fórmula,
quanto usando a princípio fundamental da contagem.

• 1ª maneira: usando o princípio fundamental da


contagem.
Neste caso, as duas comissões são diferentes, pois em
Como o exercício indica que não ocorrerá repetição
uma a pessoa A é presidente e na outra ela é vice-presi-
nos algarismos que irão compor a senha, então tere-
dente. Como a ordem importa, temos um problema de
mos a seguinte situação:
arranjo. A fórmula de arranjo é mais simples que a fór-
o 9 opções para o algarismo das unidades;
mula de combinação:
o 8 opções para o algarismo das dezenas, visto que
já utilizamos 1 algarismo na unidade e não pode
n!
An,p = repetir;
(n − p)! o 7 opções para o algarismo das centenas, pois
já utilizamos 1 algarismo na unidade e outro na
dezena;
Tomando n=7 e p = 3 novamente: o 6 opções para o algarismo do milhar, pois temos
que tirar os que já usamos anteriormente.
n! 7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1 Assim, o número de senhas será dado por:
An,p = = = = =9∙8∙7∙6
7 � 6 �=5 3=024
210senhas
(n − p)! 7−3 ! 4! 4�3�2�1
• 2ª maneira: usando a fórmula
Para identificar qual fórmula usar, devemos perceber
7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1 que a ordem dos algarismos é importante. Por exem-
= = = = 7 � 6 � 5 = 210
7 − 3 ! 4! 4�3�2�1 plo 1234 é diferente de 4321, assim iremos usar a fór-
mula de arranjo.
Então, temos 9 elementos para serem agrupados de 4
Ou seja, é possível formar 210 comissões neste caso. a 4. Desta maneira, o cálculo será:
Veja que o número é maior que o número da combina-
ção. A razão é que comissões que antes eram repetidas
na combinação, deixaram de ser no arranjo. 9! 9! 9 � 8 � 7 � 6 � 5!
A9,4 = = = = 3024 senhas
9 − 4 ! 5! 5!

EXERCÍCIOS COMENTADOS PROBABILIDADE

Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento


1. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). Na sequência cres-
cente de todos os números obtidos, permutando-se os
Em uma tentativa com um número limitado de re-
algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a 
sultados, todos com chances iguais, devemos considerar
três definições fundamentais:
a) 94ª
Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos re-
b) 95ª
sultados possíveis.
c) 96ª
Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos re-
d) 97ª
sultados possíveis; será representado por S e o número
e) 98ª
de elementos do espaço amostra por n(S).
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do es-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Resposta: Letra B. Deve-se contar todos os números


paço amostral; será representado por A e o número de
anteriores a 78312. Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4 es-
elementos do evento por n(A).
paços, ou seja 4! = 24 números; iniciando com 2 _ _ _ _
temos outros 24 números, assim como iniciando com
Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,
3_ _ _ _. Depois temos os números iniciados com “71_ _
portanto são eventos.
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _”
e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que
Ø = evento impossível.
S = evento certo.
são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já
será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94.
Logo, ele será o 95° número

40
Conceito de Probabilidade União de Eventos

As probabilidades têm a função de mostrar a chance Considere A e B como dois eventos de um espaço
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer amostral S, finito e não vazio, temos:
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A),
de um espaço amostral S≠ Ø , é dada pelo quociente en-
tre o número de elementos A e o número de elemento S.
Representando:

n(A)
P A =
N(S)

n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)↔
Ex: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1
a 6, e observar o lado virado para cima, temos:
a) um espaço amostral, que seria o conjunto S
n(A ∪ B) n(A) n(B) n(A ∩ B)
↔ = + −
{1,2,3,4,5,6}.. n(S) n(S) n(S) n(S)
b) um evento número par, que seria o conjunto A1 =
{2,4,6} C S.
Logo: P(A ∪ B) = P(A) + P(B) - P(A ∩ B)
c) o número de elementos do evento número par é
n(A1) = 3.
Eventos Mutuamente Exclusivos
d) a probabilidade do evento número par é 1/2, pois

n(A1 ) 3 1
P A = = =
N(S) 6 2

Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não


Vazio

a) Em um evento impossível a probabilidade é igual a


zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão de-
1. Simbolicamente: P( Ø ) = 0 e P(S)= 1 nominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B
b) Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A) = 0, portanto: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). Quando os eventos
≤ 1. A1 , A2 , A3 , … , An de S forem, de dois em dois, sempre mu-
c) Se A for o complemento de A em S, neste caso P(A) = tuamente exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:
1 - P(A)
P(A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An ) = P(A1 ) + P(A2 ) + P(A3 ) + . . . + P(An )
Demonstração das Propriedades

Considerando S como um espaço finito e não vazio, Eventos Exaustivos


temos:
Quando os eventos A , A , A , … , A de S forem,
de dois em dois, mutuamente exclusivos, estes serão de-
1 2 3 n

nominados exaustivos se:

A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An = S
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


� A ∪ �A = S
A∩A =∅

Então, logo:

41
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ ∪ An = 𝑃 A1 + 𝑃 A2 + ⋯ + 𝑃(An ) A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B)

𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ An = 𝑃 S = 1
FIQUE ATENTO!
Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ...+ P(An) = 1 Um exercício de probabilidade pode envol-
ver aspectos relativos à análise combinató-
Probabilidade Condicionada ria. É importante ter em mente a diferença
conceitual que existe entre ambos.
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral
S, finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a
A é dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo
que já ocorreu A. É representada por P (B/A). EXERCÍCIOS COMENTADOS
Veja:
1. Uma bola será retirada de uma sacola contendo 5 bo-
n(A ∩ B) las verdes e 7 bolas amarelas. Qual a probabilidade desta
P(B⁄A) = bola ser verde?
n(A)
Resposta: 5/12.
Neste exercício o espaço amostral possui 12 elemen-
tos, que é o número total de bolas, portanto a proba-
bilidade de ser retirada uma bola verde está na razão
de 5 para 12.
Sendo S o espaço amostral e E o evento da retirada de
uma bola verde, matematicamente podemos repre-
sentar a resolução assim:

n E
P E =
n S
Eventos Independentes
5
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral P E =
12
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente
quando: Logo, a probabilidade desta bola ser verde é 5/12.

P(A/B) = P(A) 2. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Entre os cin-


P(B/A) = P(B) co números 2, 3, 4, 5 e 6, dois deles são escolhidos ao
acaso e o produto deles dois é calculado. A probabilida-
Intersecção de Eventos de desse produto ser um número par é:
Considerando A e B como dois eventos de um espaço
a) 60%
amostral S, finito e não vazio, logo:
b) 75%
c) 80%
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B) d) 85%
P(B/A) = = =
n(A) n A + n(S) P(A) e) 90%

n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B) Resposta: Letra E. Para sabermos o tamanho do es-


P(A/B) = = = paço amostral, basta calcularmos a combinação dos 5
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

n(B) n B + n(S) P(B)


elementos tomados 2 a 2 (a ordem não importa, pois
a ordem dos fatores não altera o produto):
Assim sendo:
P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B/A) 5! 5 � 4
C5,2 = = = 10
P(A ∩ B)= P(B) ∙ P(A/B) 2! 3! 2
Para o produto ser par, os dois números escolhidos
Considerando A e B como eventos independentes, deverão ser par ou um deles é par. O único caso onde
logo P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) o produto não dá par é quando os dois números são
= P(A)∙ P(B). Para saber se os eventos A e B são indepen- ímpares. Assim, apenas o produto 3 5 não pode ser
dentes, podemos utilizar a definição ou calcular a proba- escolhido. Logo, se 1/10 = 10% não terá produto par,
bilidade de A ∩ B. Veja a representação: os outros 90% terão.

42
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS
APRESENTADOS EM DIFERENTES LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES. CÁLCULO DE MÉDIAS E
ANÁLISE DE DESVIOS DE CONJUNTOS DE DADOS

ESTATÍSTICA

Definições Básicas

Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar na tomada de decisões por meio da obtenção, análise, organi-
zação e interpretação de dados.

População: conjunto de entidades (pessoas, objetos, cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que apresen-
tem no mínimo uma característica em comum. Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços de um produto,
médicos de um hospital, estudantes que prestam determinado concurso, etc.

Amostra: É uma parte da população que será objeto do estudo. Como em muitos casos não é possível estudar a
população inteira, estuda-se uma amostra de tamanho significativo (há métodos para determinar isso) que retrate o
comportamento da população. Exemplo: pesquisa de intenção de votos de uma eleição. Algumas pessoas são entre-
vistadas e a pesquisa retrata a intenção de votos da população.
Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será chamado de e cada valor desse dado será chamado de . Essa variável
pode ser quantitativa (assume valores) ou qualitativa (assume características ou propriedades).

Medidas de tendência central

São medidas que auxiliam na análise e interpretação de dados para a tomada de decisões. As três medidas de ten-
dência central são:

Média aritmética simples:∑xi razão entre a soma de todos os valores de uma mostra e o número de elementos da
amostra. Expressa por x
� .=
Calculada por:
n
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com média aritmética simples, porém aqui cada variável tem um
peso diferente pi que é levado em conta no cálculo da média.

∑xi pi
x� =
∑pi

Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em caso de número para de elementos, a mediana é a média entre
os elementos intermediários

Moda: valor que aparece mais vezes dentro de uma amostra.


Ex: Dada a amostra {1,3,1,2,5,7,8,7,6,5,4,1,3,2} calcule a média, a mediana e a moda.
Solução
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Média:

1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14

Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente:
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}

Como a amostra tem 14 valores (número par), os elementos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse exem-
3+4 7
plo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a média entre eles: = 2 = 3,5
2

43
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 1 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,10} calcule a média, a mediana e a moda.
Solução:
Média:

2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14

Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é igual a 9.

Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso 3, a
segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira prova, 5 na
segunda e 6 na terceira.

Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.

∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12

TABELAS E GRÁFICOS

Tabelas
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais diversos tipos de dados. O mais importante é saber interpretá-
-las e para isso é conveniente saber como uma tabela é estruturada. Toda tabela possui um título que indica sobre o
que se trata a tabela. Toda tabela é dividida em linhas e colunas onde, no começo de uma linha ou de uma coluna, está
indicado qual o tipo de dado que aquela linha/coluna exibe.
Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso

Curso Número de Estudantes


Administração 2000
Arquitetura 1450
Direito 2500
Economia 1800
Enfermagem 800
Engenharia 3500
Letras 750
Medicina 1500
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Psicologia 1000
TOTAL 15300

Nesse caso, as colunas são: curso e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da Universi-
dade com o respectivo número de alunos de cada curso.

Tabela 2 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso e gênero

44
Curso Gênero Número de Estudantes
Homem 1200
Administração
Mulher 800
Homem 850
Arquitetura
Mulher 600
Homem 1600
Direito
Mulher 900
Homem 800
Economia
Mulher 1000
Homem 350
Enfermagem
Mulher 450
Homem 2500
Engenharia
Mulher 1000
Homem 200
Letras
Mulher 550
Homem 700
Medicina
Mulher 800
Homem 400
Psicologia
Mulher 600
TOTAL 15300

Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da
Universidade com o respectivo número de alunos de cada curso separados por gênero.

#FicaDica
Acima foram exibidas duas tabelas como exemplos. Há uma infinidade de tabelas cada uma com sua par-
ticularidade o que torna impossível exibir todos os tipos de tabelas aqui. Porém em todas será necessário
identificar linhas, colunas e o que cada valor exibido representa.

Gráficos

Para falar de gráficos em estatística é importante apresentar o conceito de frequência.

Frequência: Quantifica a repetição de valores de uma variável estatística.

Tipos de frequência

Absoluta: mede a quantidade de repetições.


Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota possui freqüência absoluta:

fi = 4
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Relativa: Relaciona a quantidade de repetições com o total (expresso em porcentagem)


Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota possui freqüência relativa:

6
fr = ∙ 100 = 20%
30

45
TIPOS DE GRÁFICOS
Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos
Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo
atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na hori- 2500

zontal são apresentados os grupos (dados qualitativos)


dos quais deseja-se apresentar dados enquanto na verti-
2000

cal são apresentados os valores referentes a cada grupo 1500

(dados quantitativos ou frequências absolutas)


1000

Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo 500

todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de


estudantes separados pelos seus continentes de origem:
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Estudantes da Universidade ALFA Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas
700
relações entre grandezas em relação a um todo. Nesse
gráfico é possível visualizar a relação de proporcionalida-
de entre as grandezas. Recebe esse nome pois lembram
600

500 uma pizza pelo formato redondo com seus pedaços (fre-
400 quências relativas).
300
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
200
todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de
100
estudantes de acordo com seus continentes de origem
0
América do América do América Europa Ásia África Oceania
Norte Sul Central

Estudantes da Universidade ALFA


Gráficos de barras: gráficos bastante similares aos 30

de colunas, porém, nesse tipo de gráfico, na horizontal 150


são apresentados os valores referentes a cada grupo (da- 260 630
dos quantitativos) enquanto na vertical são apresentados
os grupos (dados qualitativos)
440
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de 150
520

estudantes separados pelos seus continentes de origem:

América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania

Estudantes da Universidade ALFA


Ex: Foi feito um levantamento do idioma falado pelos
Oceania alunos de um curso da Universidade ALFA.
África
Frequências absolutas:
Ásia

Europa

América Central

América do Sul
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

América do Norte

0 100 200 300 400 500 600 700

Gráficos de linhas: gráficos nos quais são exibidas


séries históricas de dados e mostram a evolução dessas
séries ao longo do tempo.

Ex: A Universidade ALFA tem 10 anos de existências


e seu reitor apresentou um gráfico mostrando o número
de alunos da Universidade ao longo desses 10 anos.

46
Frequências relativas: 2. (UFC - 2016) A média aritmética das notas dos alunos
de uma turma formada por 25 meninas e 5 meninos é
igual a 7. Se a média aritmética das notas dos meninos
é igual a 6, a média aritmética das notas das meninas é
igual a:

a) 6,5
b) 7,2
c) 7,4
d) 7,8
e) 8,0

Resposta: Letra B. Primeiramente, será identificada a


soma das notas dos meninos por  x  e a da nota das
meninas por y. Se a turma tem 5 meninos e a média
aritmética de suas notas é igual a 6, então a soma das
notas dos meninos  (x)  dividida pela quantidade de
EXERCÍCIOS COMENTADOS meninos (5) deve ser igual a 6, isto é:

x
1. (SEGEP-MA - Técnico da Receita Estadual – = 6
5
FCC/2016) Três funcionários do Serviço de Atendimento
ao Cliente de uma loja foram avaliados pelos clientes que x = 6 ∙ 5
atribuíram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento
recebido. A tabela mostra as notas recebidas por esses x = 30
funcionários em um determinado dia. Do mesmo modo, se a turma tem 25 meninas
(Me é a média aritmética de suas notas), o quociente
da soma das notas das meninas (y) e a quantidade de
meninas (25) deve ser igual a Me, isto é:
(x + y)/(25+5) = 7
y = 25∙Me
Para calcular a média da turma, devemos somar as no-
tas dos meninos (30) às notas das meninas (y) e dividir
Considerando a totalidade das 95 avaliações desse dia, pela quantidade de alunos (25 + 5 = 30). O resultado
é correto afirmar que a média das notas dista da moda deverá ser 7. Sendo assim, temos:
dessas mesmas notas um valor absoluto, aproximada-
mente, igual a: x + y
= 7
25 + 5
a) 0,33
b) 0,83 30 + 25 ∙ Me
c) 0,65 30
= 7
d) 0,16
e) 0,21 30 + 25 ∙ Me = 7 • 30

Resposta: Letra C Trata-se de um caso de média arit- 30 + 25 ∙ Me = 210


mética ponderada. Considerando as 95 avaliações, o
peso de cada uma das notas é igual ao total de pes- 25 ∙ Me = 210 – 30
soas que atribuiu a nota. Analisando a tabela
8 pessoas atribuíram nota 1 25 ∙ Me = 180
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

18 pessoas atribuíram nota 2


21 pessoas atribuíram nota 3 Me = 7,2
29 pessoas atribuíram nota 4
19 pessoas atribuíram nota 5 Portanto, a média aritmética das notas das meninas
Assim, a média das 95 avaliações é calculada por: é 7,2.

8 ∙ 1 + 18 ∙ 2 + 21 ∙ 3 + 29 ∙ 4 + 19 ∙ 5 318
x� = = = 3,34
8 + 18 + 21 + 29 + 19 95

47
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
NOÇÕES BÁSICAS DE TEORIA DOS CONJUNTOS boca aberta para o maior conjunto

5. Subconjunto
TEORIA DOS CONJUNTOS
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento
1. Representação de A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
• Enumerando todos os elementos do conjunto:
S={1, 2, 3, 4, 5} 6. Operações
• Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: B={3,4,5,6,7} 6.1. União
• por meio de diagrama:
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um tercei-
ro formado pelos elementos que pertencem pelo menos
um dos conjuntos a que chamamos conjunto união e re-
presentamos por: A∪B.

Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}

Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-


res de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.
2. Igualdade

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem


exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa- 6.2. Interseção


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem: A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto for-
A={1,2,3} e B={2,1,3} mado pelos elementos que são ao mesmo tempo de
Não importa se há repetição: A e de B, e é representada por : A∩B. Simbolicamente:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3} A∩B={x|x∈A e x B}

3. Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Exemplo:
4. Relações de Inclusão A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), Diferença Uma outra operação entre conjuntos é a
⊃(contém), (não contém) diferença, que a cada par A, B de conjuntos faz corres-
ponder o conjunto definido por:
A Relação de inclusão possui 3 propriedades: A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.
Exemplo: A este conjunto pertencem os elementos de A que
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5} não pertencem a B.
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

48
A\B = {x : x∈A e x∉B}.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que
são carecas, são também barbados. Sabe-se que existem
B-A = {x : x∈B e x∉A}. 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não
são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados. Dentre
todos esses homens, o número de barbados que não são
altos, mas são carecas é igual a

a) 4.
b) 7.
c) 13.
d) 5.
Exemplo: e) 8.
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do Resposta: Letra A. Primeiro, quando temos 3 diagra-
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao mas, sempre começamos pela interseção dos 3, de-
conjunto B. pois interseção a cada 2 e por fim, cada um
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

6.3. Complementar

O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-

mado pelos elementos do conjunto universo que não


pertencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos ape-


nas homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

7. Fórmulas da união

n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩-
C)-n(B C)
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao in-
vés de fazer todo o digrama, se colocarmos nessa fórmu-
la, o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso
é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você
entender melhor e perceber que, dependendo do exercí-
cio é melhor fazer de uma forma ou outra.

49
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e 7+y+5=16
não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 ho- Y=16-12
mens que são carecas e não são altos e nem barbados Y=4

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES-


PE/2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60
anos de idade foi dividida nos seguintes dois grupos:
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pes-
soas); e
B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 600
pessoas).
Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética ou
fumante ou ambos (diabética e fumante).
Sabemos que 18 são altos A população do grupo B é constituída por três conjun-
tos de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que
nunca fumaram (não fumantes).
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo.
Se, das pessoas do grupo A, 280 são fumantes e 195 são
diabéticas, então 120 pessoas desse grupo são diabéticas
e não são fumantes.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo.

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7
Carecas são 16
280-x+x+195-x=400
x=75
Diabéticos: 195-75=120

Referências

YOUSSEF, Antonio Nicolau (et al.). Matemática: ensino


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

médio, volume único. – São Paulo: Scipione, 2005.


CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado, volume
1, 2010

50
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE Pontos colineares pertencem à mesma reta.
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DE
FIGURAS PLANAS, COMO DESENHOS,
MAPAS E PLANTAS. UTILIZAÇÃO DE
ESCALAS. VISUALIZAÇÃO DE FIGURAS
ESPACIAIS EM DIFERENTES POSIÇÕES.
REPRESENTAÇÕES BIDIMENSIONAIS
DE PROJEÇÕES, PLANIFICAÇÕES E
CORTES. MÉTRICA. ÁREAS E VOLUMES.
ESTIMATIVAS. APLICAÇÕES
Três pontos determinam um único plano.
INTRODUÇÃO A GEOMETRIA PLANA

1. Ponto, Reta e Plano

A definição dos entes primitivos ponto, reta e pla-


no é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui
será o mais importante é sua representação geométrica
e espacial.

1.1. Representação, (notação) Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
reta está contida neste plano.
Pontos serão representados por letras latinas maiús-
culas; ex: A, B, C,…
Retas serão representados por letras latinas minúscu-
las; ex: a, b, c,…
Planos serão representados por letras gregas minús-
culas; ex: β,∞,α,...

1.2. Representação gráfica

Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um


ponto em comum.

Postulados primitivos da geometria, qualquer postu-


lado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova,
contanto que não exista a contraprova. Observe que . Sendo que H está contido na reta r e
Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos na reta s. Um plano é um subconjunto do espaço de tal
distintos. modo que quaisquer dois pontos desse conjunto podem
Dois pontos determinam uma única reta (uma e so- ser ligados por um segmento de reta inteiramente con-
mente uma reta). tida no conjunto.
Um plano no espaço pode ser determinado por qual-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

quer uma das situações:


Três pontos não colineares (não pertencentes à mes-
ma reta);

• Um ponto e uma reta que não contem o ponto;


• Um ponto e um segmento de reta que não contem
o ponto;
• Duas retas paralelas que não se sobrepõe;
• Dois segmentos de reta paralelos que não se
sobrepõe;
• Duas retas concorrentes;
• Dois segmentos de reta concorrentes.

51
Duas retas (segmentos de reta) no espaço podem Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um
ser: paralelas, concorrentes ou reversas. ângulo reto (90°).

Duas retas são ditas reversas quando uma não tem Razão entre Segmentos de Reta
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa. de uma reta que estão limitados por dois pontos que são
as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto
inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento
por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início
e B o final do segmento.
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.

Uma reta é perpendicular a um plano no espaço , se


ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento
de reta contido no plano que tem P como uma de suas Segmentos Proporcionais
extremidades é perpendicular à reta.
Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-
lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
Uma reta r é paralela a um plano no espaço , se existe sentadas na tabela a seguir:
uma reta s inteiramente contida no plano que é paralela
à reta dada. m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis- m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é A razão entre os segmentos e e a razão entre os
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter- segmentos e , são dadas por frações equivalentes, isto
seção entre o plano e o segmento. é: ; PQ/RS = 4/6 e como , segue a existência de uma pro-
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula. porção entre esses quatro segmentos de reta. Isto nos
conduz à definição de segmentos proporcionais.
Diremos que quatro segmentos de reta, , , e , nesta
ordem, são proporcionais se: .
Os segmentos e são os segmentos extremos e os
segmentos e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter- sentam as medidas dos segmentos:
seção é uma reta.
Planos paralelos no espaço são planos que não tem Feixe de Retas Paralelas
interseção.
Quando dois planos são concorrentes, dizemos que Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla-
tais planos formam um diedro e o ângulo formado en- no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter-
tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal. As
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma- retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado, for-
do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos mam um feixe de retas paralelas enquanto que as retas s
concorrentes. e t são retas transversais.

52
#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode ser
formulada de várias maneiras. Se um dos seg-
mentos do feixe de paralelas for desconhe-
cido, a sua dimensão pode ser determinada
com o uso de razões proporcionais.

Ângulos

Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego


- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de- não colineares.
termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
por duas retas transversais.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

Identificamos na sequência algumas proporções:

Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de


retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indica-
das em centímetros.

Ângulo Central

a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o cen-


tro da circunferência;
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Assim:

B C⁄A B = E F⁄D E
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C
Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não
pertence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

53
Ângulos Complementares: Dois ângulos são com-
plementares se a soma das suas medidas é 900.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a


uma circunferência e seus lados são secantes a ela.

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a


mesma medida.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º. Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são
opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas
semi-retas opostas aos lados do outro.

Ângulo Raso:

É o ângulo cuja medida é 180º;


É aquele, cujos lados são semi-retas opostas. Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-
plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.

Ângulo Reto:

É o ângulo cuja medida é 90º;


É aquele cujos lados se apóiam em retas
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

perpendiculares.
Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência
em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde
a 1/360 da circunferência denominamos de grau.

Ângulos formados por duas retas paralelas com


uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no


mesmo plano e não possuem ponto em comum.

54
Vamos observar a figura abaixo:

Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos


ângulos 1 e 8 também será 180°. Ângulos alternos in-
Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas ternos: O termo alterno significa lados diferentes e sua
estão descritas a seguir: propriedade é que eles sempre serão congruentes

Ângulos colaterais internos: O termo colateral sig-


nifica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma
destes ângulos será sempre 180°

Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é


igual ao ângulo 5

Ângulos alternos externos: O termo alterno signifi-


Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos ca lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre
ângulos 3 e 6 também será 180° serão congruentes

Ângulos colaterais externos: O termo colateral sig-


nifica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma
destes ângulos será sempre 180°
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

55
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CS-UFG-2016) Considere que a figura abaixo re-


presenta um relógio analógico cujos ponteiros das ho-
ras (menor) e dos minutos (maior) indicam 3 h e 40 min.
Nestas condições, a medida do menor ângulo, em graus,
formado pelos ponteiros deste relógio, é:

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é


igual ao ângulo 8

Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam


uma mesma posição na reta transversal, um na região in-
terna e o outro na região externa.

a) 120°
b) 126°
c) 135°
d) 150°

Resposta: Letra B.
Considerando que cada hora equivale a um ângulo de
30° (360/12 = 30) e que a cada 15 min o ponteiro da
hora percorre 7,5°. Assim, as 3h e 40 min indica um
ângulo de aproximadamente 126°.

2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e


cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos
ângulos x e y.

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é


igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.

FIQUE ATENTO!
Há cinco classificações distintas para os
ângulos formados por duas retas paralelas
que intersectam uma transversal. Então,
procure visualizar bem as imagens para
associá-las a cada classificação existente.

Resposta: x = 50° e y = 130°


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Facilmente observamos que os ângu-


los x e 50° são opostos pelo vértice, logo, x = 50°. Po-
demos constatar também que y e 50° são suplemen-
tares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°.

56
POLÍGONOS

Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono” advém
do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).

Linhas poligonais e polígonos

Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:

Linha poligonal fechada simples:

Linha poligonal fechada não-simples:

Linha poligonal aberta simples:

Linha poligonal aberta não-simples:

FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões
(a interior e a exterior), sem pontos comuns.

Elementos de um polígono
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Um polígono possui os seguintes elementos:

Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.

57
Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E
Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b� , c� , d
� , e� .
Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1
Classificação dos polígonos quanto ao número de lados

Nome Número de lados Nome Número de lados


triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

A classificação dos polígonos pode ser ilustrada pela seguinte árvore:

Um polígono é denominado simples se ele for descrito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide o
plano em uma região interna e externa), caso o contrário é denominado complexo.
Um polígono simples é denominado convexo se não tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo.
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os vértices
pertencerem a uma mesma circunferência.
Um polígono inscritível é denominado regular se todos os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes.
Alguns polígonos regulares:

a) triângulo equilátero
b) quadrado
c) pentágono regular
d) hexágono regular

Propriedades dos polígonos


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

De cada vértice de um polígono de n lados, saem dv = n – 3


O número de diagonais de um polígono é dado por:

n n−3
d=
2

Onde n é o número de lados do polígono.


A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono de n lados (Si) é dada por:

Si = n − 2 � 180°

58
A soma das medidas dos ângulos externos de um po-
lígono de n lados (Se) é igual a: EXERCÍCIOS COMENTADOS

360°
Se = 1. (PREF. DE POÁ-SP – ENGENHEIRO DE SEGURAN-
n ÇA DE TRABALHO – VUNESP/2015) A figura ilustra
um octógono regular de lado cm.
Em um polígono convexo de n lados, o número de
triângulos formados por diagonais que saem de cada
vértice é dado por n - 2.
A medida do ângulo interno de um polígono regular
de n lados (ai ) é dada por:

n − 2 � 180°
ai =
n

A medida do ângulo externo de um polígono regular Sendo a altura do trapézio ABCD igual a 1 cm, a área do
triângulo retângulo ADE vale, em cm²
de n lados (ae ) é dada por:
a) 5
360°
ae = b) 4
n c) 5
d) 2 + 1
A soma das medidas dos ângulos centrais de um po- e) 2
lígono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º.
A medida do ângulo central de um polígono regular Resposta: Letra D.
de n lados () é dada por:

360°
ac =
n

Polígonos regulares

Os polígonos regulares são aqueles que possuem to-


dos os lados congruentes e todos os ângulos congruen-
tes. Todas as propriedades anteriores são válidas para os Como a altura do trapézio mede 1 cm, temos um trian-
polígonos regulares, a diferença é que todos os valores gulo isósceles de hipotenusa AB, assim, o segmento
são distribuídos uniformemente, ou seja, todos os ân- AD = 2 + 2 . Assim, a área de ADE é:
gulos terão o mesmo valor e todas as medidas terão o
mesmo valor. 2+2 2 2 2 2
A= = + =1+ 2
2 2 2
#FicaDica
2. (UNIFESP - 2003) Pentágonos regulares congruentes
Polígonos regulares são formas de polígonos podem ser conectados lado a lado, formando uma es-
mais estudadas e cobradas em questões de trela de cinco pontas, conforme destacado na figura a
concursos. seguir
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

59
Observe na imagem anterior que a soma de três ângu-
los internos do pentágono com o ângulo θ tem como
resultado 360°.

108 + 108 + 108 + θ = 360


324 + θ = 360
θ = 360 – 324
θ = 36°

QUADRILÁTEROS, CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO

Quadriláteros

Nessas condições, o ângulo θ mede: São figuras que possuem quatro lados dentre os
quais temos os seguintes subgrupos:
a) 108°.
b) 72°. Paralelogramo
c) 54°.
d) 36°.
e) 18°.

Resposta: Letra D.
Na ponta da estrela onde está destacado o ângulo θ,
temos o encontro de três ângulos internos de pen-
tágonos regulares. Para descobrir a medida de cada
um desses ângulos, basta calcular a soma dos ângulos
internos do pentágono e dividir por 5.

Características:

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:


AB // DC e AD // BC .
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
A altura é medida em relação a distância entre os seg-
mentos paralelos, ou seja: BG: altura = h
A base é justamente a medida dos lados que se me-
diu a altura: AD: base = b
A área é calculada como o produto da base pela al-
tura: Área= b∙h
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
A fórmula para calcular a soma dos ângulos internos
de um polígono é: S = (n – 2) · 180 Retângulo
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

*n é o número de lados do polígono. No caso desse


exercício:

S = (5 – 2) · 180
S = 3 · 180
S = 540

Dividindo a soma dos ângulos internos por 5, pois um


pentágono possui cinco ângulos internos, encontrare-
mos 108° como medida de cada ângulo interno.

60
Características: Quadrado

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja: AB//DC


e AD//BC.
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos
do retângulo medem 90°: A �=B � = C� = D� = 90°
No retângulo, um par de lados paralelos será a base e o outro
será a altura, no desenho: AB: altura = h e AD: base = b
A área é calculada como o produto da base pela al-
tura: Área= b∙h
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados:

Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h Características:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
Losango AB // DC e AD // BC
Possuem os quatro lados com medidas iguais:
AB = DC = AD = BC
Diferentemente do losango, todos os ângulos do
quadrado medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base
e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado =

A área é calculada de maneira simples: Área = L2


O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados:

Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

Trapézio

Características:

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja: AB//DC


e AD//BC
Possuem os quatro lados com medidas iguais: AB =
DC e AD = BC
No losango, definem-se diagonais como a distância
entre vértices opostos, assim:
BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d
A área é calculada a partir das diagonais e não dos
D�d
lados: Área = 2
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Características:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão


chamados de bases maior e menor:
AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
A altura será definida como a distância entre as bases:
BG: altura = h
A área é calculada em função das bases e da altura:
B+b
Área = �h
2
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

61
Circunferência e Círculo

Uma circunferência é definida como o conjunto de


pontos cuja distância de um ponto, denominado de cen-
tro, O é igual a R, definido como raio.

Características:

O ângulo α é definido como ângulo central

απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
360
Já um círculo é definido como um conjunto de pontos
cuja distância de O é menor ou igual a R.
αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2
Segmento Circular

Um Segmento Circular é uma região de um círculo


compreendida entre um segmento que liga os pontos de
cruzamento dos segmentos de reta com a circunferência,
ao qual definimos como corda AB e a circunferência.

Características:

A medida relevante da circunferência é o raio (R) que


é a distância de qualquer ponto da circunferência em re-
lação ao centro C.
A área é calculada em função do raio: Área = πR2
O perímetro, também chamado de comprimento da
circunferência, é calculado em função do raio também:
Perímetro = 2πR Características:

Setor Circular A Área do Setor Circular (para α em radianos):


R2
Um Setor Circular é uma região de um círculo com-
A= α − sen α
2
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

no centro e vão até a circunferência. 3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências

Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja


#FicaDica distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se-
guintes posições relativas:
Em termos práticos, um setor circular é um
“pedaço” de um círculo.
Reta Tangente: Reta e circunferência possuem ape-
nas um ponto em comum (dOP = R)

62
A área sombreada, em cm2, corresponde a:

a) 30
b) 36
c) 3 46π − 2
Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem
d) 6(36π − 1)
pontos em comum (dOP > R)
e) 2(6π − 1)

Resposta: Letra B.
Aplicando a fórmula do segmento circular, encontra-
-se a área de intersecção dos dois círculos. Subtrain-
do esse valor da área do semicírculo, chega-se ao
resultado.

2. A figura abaixo é um losango. Determine o valor


de x e y, a medida da diagonal   AC , da diagonal   BD e
o perímetro do triângulo BMC.

Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois


pontos em comum (dOP < R)

Resposta:
Aplicando as relações geométricas referentes ao lo-
sango, tem-se:

x = 15
y = 20
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

BMC = 15 + 20 + 25 = 60

EXERCÍCIOS COMENTADOS TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS

1.(SEEDUC-RJ – Professor – CEPERJ/2015) O quadrado Definição


MNPQ abaixo tem lado igual a 12cm. Considere que as
curvas MQ e QP representem semicircunferências de diâ- Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono
metros respectivamente iguais aos segmentos MQ e QP. que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí-
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
gulos, alturas, medianas e bissetrizes.

63
Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
sobre os mesmos.

Classificação dos triângulos quanto ao número de


lados
a) Vértices: A,B,C.
b) Lados: AB,BC e AC. Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas
c) Ângulos internos: a, b e c. iguais. .

Altura: É um segmento de reta traçada a partir de m(AB) = m(BC) = m(CA)


um vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice
formando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.

Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais.


m(AB) = m(AC).
Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto
médio do lado oposto. BM é uma mediana.

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em


duas partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e
neste caso Ê = Ô.

2.1. Classificação dos triângulos quanto às medi-


das dos ângulos

Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos


são agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

do que 90º.
Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu-
lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.

Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-


gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).

64
Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso, Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.
isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º. Como observamos no desenho, as letras minúsculas
representam os ângulos internos e as respectivas letras
maiúsculas os ângulos externos.

Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma
(90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
muito cobrado! externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b

Ex: No triângulo desenhado, podemos achar a medi-


da do ângulo externo x, escrevendo:

x = 50º + 80º = 130°.

Medidas dos Ângulos de um Triângulo

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos
ângulos internos desse triângulo.

Congruência de Triângulos
#FicaDica
Duas figuras planas são congruentes quando têm a
Em alguns locais escrevemos as letras maiús-
culas, acompanhadas de acento () para re- mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
presentar os ângulos. tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF
são congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF

Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên-


cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e
entre os ângulos:

Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu-


los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
graus, isto é: a + b + c = 180°

Ex: Considerando o triângulo abaixo, podemos achar


o valor de x, escrevendo:
Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST,
70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obte-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

escrevemos: A�~R � , B� ~ S� , C� ~ �T
mos x = 180º − 70º − 60º = 50º

65
LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido
FIQUE ATENTO! um lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois
Dois triângulos são congruentes, se os triângulos são congruentes quando têm um lado, um ân-
seus elementos correspondentes são gulo, um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse
ordenadamente congruentes, isto é, os três lado respectivamente congruente.
lados e os três ângulos de cada triângulo
têm respectivamente as mesmas medidas.
Deste modo, para verificar se um triângulo
é congruente a outro, não é necessário
saber a medida de todos os seis elementos,
basta conhecerem três elementos, entre os
quais esteja presente pelo menos um lado.
Para facilitar o estudo, indicaremos os lados
correspondentes congruentes marcados
com símbolos gráficos iguais. Semelhança de Triângulos

Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma


forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
Casos de Congruência de Triângulos
duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .
Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figu-
LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conheci-
ras semelhantes. Para os triângulos:
dos. Dois triângulos são congruentes quando têm, res-
pectivamente, os três lados congruentes. Observe que os
elementos congruentes têm a mesma marca.

Os três ângulos são respectivamente congruentes,


isto é: A~R, B~S, C~T
LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um
ângulo. Dois triângulos são congruentes quando têm Casos de Semelhança de Triângulos
dois lados congruentes e os ângulos formados por eles
também são congruentes. Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem
dois ângulos correspondentes congruentes, então os
triângulos são semelhantes.

ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e


um lado. Dois triângulos são congruentes quando têm
um lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respecti-
vamente, congruentes.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Se A~D e C~F então: ABC =


� DEF

Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem


dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos
formados por esses lados também são congruentes, en-
tão os triângulos são semelhantes.

66
Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2 ,

então ABC =
� EFG
Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos
semelhantes e o valor de x será igual a 8.

Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.

Teorema de Pitágoras

Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição
do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

67
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:

Triângulo Triângulo Triângulo


ABC A`B`C` A``B``C``
Área do quadrado construído sobre a hipotenusa 4 8 16
Área do quadrado construído sobre um cateto 2 4 8
Área do quadrado construído sobre o outro cateto 2 4 9

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Pitágoras observou que a área do quadrado construído sobre


a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.
A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos os
triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:

Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos
da matemática, o Teorema de Pitágoras:

c 2 = a2 + b2

Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabelecer uma relação importante entre a medida d da diagonal e a
medida l do lado de um quadrado.

d= medida da diagonal
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

l= medida do lado
Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retângulo ABC, temos:

d² = l² + l²
d = √2l²
d=l 2

68
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


lecer uma relação importante entre a medida h da altura
e a medida l do lado de um triângulo equilátero.

Se a área de R1 eé R
542 ,m², então o perímetro
R1de
e R 2 , é, em
metros, igual a:

a) 54
b) 48
c) 36
d) 40
e) 42
l= medida do lado
h= medida da altura Resposta: Letra B.
Esse problema se resolve tanto por semelhança de
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coin- triângulos, quanto pela área de . Em ambos os casos,
cidem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo encontraremos x = 12 m. Após isso, pelo teorema de
retângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema Pitágoras, achamos a hipotenusa do triângulo
R1 e R 2 , , que
de Pitágoras, podemos escrever: será 20 m. Assim, o perímetro será 12+16+20 = 48 m.

2. (PM SP 2014 – VUNESP).  Duas estacas de madei-


ra, perpendiculares ao solo e de alturas diferentes, estão
distantes uma da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas
uma outra estaca de 1,7 m de comprimento, que ficará
apoiada nos pontos A e B, conforme mostra a figura.

3l2
h² =
4

l 3
h=
2

A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da


EXERCÍCIOS COMENTADOS
menor estaca, nessa ordem, em cm, é:

1.(TJ-SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – VU- a) 95.


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão b) 75.


indicadas em metros, mostra as regiões   R e R , e , c) 85.
ambas com formato de triângulos retângulos, situadas d) 80.
1 2

em uma praça e destinadas a atividades de recreação in- e) 90.


fantil para faixas etárias distintas. Resposta: Letra D.
Note que x é exatamente a diferença que queremos, e
podemos calculá-lo através do Teorema de Pitágoras:

69
1,72 = 1,52 + x 2
FIQUE ATENTO!
2,89 = 2,25 + x 2
Há três formas distintas de utilizar a Lei dos
x 2 = 2,89 – 2,25 Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha cui-
x² = 0,64x = 0,8 m ou 80 cm dado ao expressar os termos conhecidos e
a incógnita em uma das três equações pro-
LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS postas. Note que o termo à esquerda do si-
nal de igual é o lado oposto ao ângulo que
Lei dos Senos deve aparecer na equação.

A Lei dos senos relaciona os senos dos ângulos de


um triângulo qualquer (não precisa necessariamente ser
retângulo) com os seus respectivos lados opostos. Além EXERCÍCIOS COMENTADOS
disso, há uma relação direta com o raio da circunferência
circunscrita neste triângulo: 1. Calcule a medida de x:

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


temos que aplicar ao ângulo oposto ao lado que ire-
a b c mos usar. Assim, o lado de medida 100 possui o ângu-
= = = 2R
� sen B
sen A � sen C� lo A
� como oposto, e ele mede 30°, dado as medidas
dos outros ângulos, assim:
Lei dos Cossenos
x 100
=
A lei dos cossenos é considerada uma generalização do sen 45° sen 30°
teorema de Pitágoras, onde para qualquer triângulo, conse-
guimos relacionar seus lados com a subtração de um termo x 100
=
que possui o ângulo oposto do lado de referência. 2/2 1/2

x = 100 2

2.Calcule a medida de x:


a2 = b2 + c 2 − 2 � b � c � cos A
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


b2 = a2 + c 2 − 2 � a � c � cos B
c 2 = a2 + b2 − 2 � a � b � cos C�

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


ela se relaciona com a circunferência circunscrita ao
triângulo:

70
GEOMETRIA ESPACIAL

Poliedros

Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando as
faces do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um poliedro
regular. Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:

Tetraedro: poliedro de quatro faces


Hexaedro: poliedro de seis faces (cubo)
Octaedro: poliedro de oito faces
Dodecaedro: poliedro de doze faces
Icosaedro: poliedro de vinte faces

Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo nú-
mero de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção do cubo).
Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É dada por:

V− A+F = 2

Prismas

Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos. Quanto
à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.

Prisma reto

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
As faces laterais são retangulares.

Prisma oblíquo

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.

Bases: regiões poligonais congruentes


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Altura: distância entre as bases

Arestas laterais paralelas: mesmas


medidas

Faces laterais: paralelogramos

Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo

71
Prismas regulares: prismas que possuem como base,
polígonos regulares (todos os lados iguais).

Sendo AB a área da base, determinada pelo polígono


que forma a base, a área lateral, determinada pela soma
Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polí-
das áreas dos triângulos laterais, temos que:
gono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada
pela soma das áreas dos retângulos formados entre as Área total: AT = AL + AB
duas bases, temos que:
AB � h
Área total: AT = AL + 2 � AB Volume: V =
3

Volume: V = AB . h , onde h é a altura, caracterizada Cones


pela distância entre as duas bases
Os cones são sólidos possuem uma única base (cír-
Cilindros culo). A distância do vértice à circunferência (contorno
da base) é chamada de geratriz (g) e a distância entre o
São sólidos parecidos com prismas, que apresentam vértice e o centro do círculo é a altura do cone (h).
bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.

Geratriz: g 2 = R2 + h2

Sendo R o raio da base, a altura do cilindro, temos que: Área da Base: AB = πR2
Área da base: AB = πR2
Área lateral: AL = 2πRh Área Lateral: AL = πgR
Área total: AT = AL + 2AB
Volume: V = AB � h Área Total: AT = AL + AB

Pirâmides AB � h
Volume: V =
3
As pirâmides possuem somente uma base e as faces laterais
Esfera
são triângulos. A distância do vértice de encontro dos triângulos
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

com a base é o que determina a altura da pirâmide (h).


A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distância
em relação a um centro é menor ou igual ao raio da es-
fera R. A esfera é popularmente conhecida como “bola”
pois seu formato é o mesmo de uma bola de futebol, por
exemplo.

72
Resposta : Letra C.

VA = 53 = 125 cm³
VB = 103 = 1000 cm³
VC
Logo: = VA + VB = 125 + 1000
2
VC
→ = 1125 → VC = 2250 cm³
2

2250
Portanto, VC = 18 � 10 � h = 2250 → h = 180
= 12,5 cm

2
Área da Superfície Esférica: A = 4πR 2. (PEDAGOGO – IF/2016) Uma lata de óleo de soja de
1 litro, com formato cilíndrico, possui 8 cm de diâmetro
4πR3 interno. Assim, a sua altura é de aproximadamente: (Con-
Volume: V =
3 sidere π = 3,14 )

a) 20 cm
#FicaDica b) 25 cm
c) 201 cm
Na área total dos prismas e cilindros, mul- d) 200 cm
tiplicamos a área da base por 2 pois temos e) 24 cm
duas bases formando o sólido. Já no caso
das pirâmides e dos cones isto não ocorre, Resposta: Letra A.
pois há apenas uma base em ambos. 1L = 1dm3 = 1000 cm³
Volume da lata(cilindro):
VC = πR2h → 3,14 � 42 � h = 1000 → h ≅ 20 cm
Obs: Como o diâmetro é igual a 8cm o raio é igual a
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4cm.

1. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 3. (PREF. ITAPEMA-SC – TÉCNICO CONTÁBIL – MS


VUNESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto,
de madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de
C com formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos um cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do
respectivos volumes, em cm³, são representados por VA, cone é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do
VB e VC. cilindro é:

a) 9 cm
b) 30 cm
c) 60 cm
d) 90 cm

Resposta: Letra D.
Volume do cone: VC
Volume do cilindro: Vcil
Do enunciado: VC = 1,3. Vcil (30% maior).
Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do bloco C,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a:

a) 15,5
b) 11
c) 12,5
d) 14
e) 16

73
1
A h = 1,3 � πR2cil hcil
3 B C
1 2
πR h = 1,3 � πR2cil hcil
3 C C
1
3R cil 2 � 39 = 1,3 � R2cil hcil
3
1
. 9R2cil . 39 = 1,3 � R2cil hcil
3
3R2cil. 39 = 1,3 � R2cilhcil
117
3.39 = 1,3 � hcil → hcil = = 90 cm
1,3

4. (CÂMARA DE ARACRUZ-ES – AGENTE ADMINISTRATIVO E LEGISLATIVO – IDECAN/2016) João possui cinco


esferas as quais, quando colocadas em certa ordem, seus volumes formam uma progressão aritmética. Sabendo que a
diferença do volume da maior esfera para a menor é 32 cm³ e que o volume da segunda maior esfera é 86,5 cm³, então
o diâmetro da menor esfera é: (Considere: π = 3)

a) 2 cm
b) 2,5 cm
c) 4,25 cm
d) 5 cm

Resposta: Letra D.
Sendo a P.A. (V1 , V2 , V3, V4 , V5), (, o enunciado fornece:
Do termo geral da P.A., sabe-se que

V5 = V1 + 5 − 1 � r = V1 + 4r

onde r é a razão da P.A.

Assim, V1 + 4r − V1 = 32 → 4r = 32 → r = 8
Como

V4 = V1 + 3r
→ V1 + 3 � 8 = 86,5
→ V1 + 24 = 86,5
→ V1 = 62,5 cm

Como

4 3
V= πR
3
4
→ � 3 � R3 = 62,5
3
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

62,5
→ R3 =
4
→ R3 = 15,625
→ R = 2,5 cm

Como o exercício pediu o diâmetro, D = 2.2,5 = 5 cm

SISTEMA DE UNIDADES DE MEDIDAS

O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.

74
MEDIDAS DE COMPRIMENTO

A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou di-
vidir), utiliza-se a regra do 10 c , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:

Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

2o passo: Conte a
quantidade de casas
que você anda de uma
unidade para a outra. De
metro para centímetro
foram 2 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

Ex: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1º passo: Inicia-se
da unidade que
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

você vai converter.

2º passo: Conte a quan-


tidade de casas que você
anda de uma unidade
para a outra. De milíme-
tro para decâmetro são 4
casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

75
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

Medidas de Área (Superfície)

As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10c , utiliza-
-se a regra de 102c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica
ou divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 2 km² para m²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

2º passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso,
de km2 para m2, andou-
se 3 casas.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ex: Conversão de 20 mm² para cm²

76
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

2o passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso, de
mm2 para cm2, andou-se 1
casa.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

MEDIDAS DE VOLUME (CAPACIDADE)

As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

c
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10 , utiliza-se
a regra de 103c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a

77
quantidade de
casas que você andou.
Neste caso, de m3
para cm3, forma2 casas.

Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³


km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³
(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você
andou. Neste caso,
de m3 para dm3,
andou-se 1 casa.

kL hL dal³ l³ dl³ cl³ ml³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)
Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).

Medidas de Massa
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)

Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do 10c ,
multiplicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.

78
d) 15h 30min
FIQUE ATENTO! e) 15h 45min
Outras unidades importantes:
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores
vale 1000 kg. mencionados no enunciado do teste, ou seja:
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro 13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³. Logo, a questão correta é a letra D.
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectôme-
tro quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, 2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros?
(varia de região para região e normalmente
a conversão desejada é dada na prova). Resposta: “0, 00348 dl”.
Como 1 cm3 equivale a 1 ml, é melhor dividirmos 348
mm3  por mil, para obtermos o seu equivalente em
Medidas de Tempo centímetros cúbicos: 0,348 cm3.
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que equivalem.
mede intervalos de tempo, é o mais conhecido. Neste ponto já convertemos de uma unidade de me-
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s dida de volume, para uma unidade de medida de
capacidade.
Para passar de uma unidade para a menor seguinte,
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
multiplica-se por 60.
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1
décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que mos então por 10 duas vezes:
0,3h = 18min. 0,348ml:10:100,00348dl
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
Para medir ângulos, também temos um sistema não
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na as- 3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.
tronomia, na cartografia e na navegação são necessárias
medidas inferiores a 1º. Temos, então: Resposta: 0, 00005 hm².
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) Para passarmos de decímetros quadrados para hectô-
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) metros quadrados, passaremos três níveis à esquerda.
Dividiremos então por 100 três vezes:
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é 50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a
Há uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que esquerda.
os indicam são diferentes: Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante
do dia. 4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
Resposta: 5,2 kg.
#FicaDica Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, deve-
mos dividir (porque na tabela grama está à direita de
Por motivos óbvios, cálculos no sistema quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passar-
hora – minuto – segundo são similares a mos de gramas para quilogramas saltamos três níveis
cálculos no sistema grau – minuto – segun- à esquerda.
do, embora esses sistemas correspondam Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
a grandezas distintas. de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
tograma para quilograma:
5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Isto equivale a passar a vírgula três casas para a


EXERCÍCIOS COMENTADOS esquerda.
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.

1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o 5. Converta 2,5 metros em centímetros.


curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e che-
gou na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. Resposta: 250 cm.
A que horas terminará a aula de inglês? Para convertermos 2,5 metros em centímetros, deve-
mos multiplicar (porque na tabela  metro  está à es-
a) 14h querda de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para
b) 14h 30min passarmos de metros para centímetros saltamos dois
c) 15h 15min níveis à direita.

79
Primeiro passamos de metros para decímetros e de- O volume de cada tora pode ser calculado pelos mé-
pois de decímetros para centímetros: todos de Smalian:    ou de Newton: 
2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm  em que V é o volume da tora; At, a área
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a do topo da tora; Ab, a área da base da tora; Am, a área
direita. mediana da tora; e C, o comprimento da tora.
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO

HORA DE PRATICAR! 3. CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia


Federal
1. CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal O tempo gasto (em dias) na preparação para determina-
As figuras seguintes ilustram a vista frontal e a vista da da operação policial é uma variável aleatória X que segue
esquerda de um sólido que foi formado empilhando-se distribuição normal com média M, desconhecida, e des-
cubos de mesmo tamanho. vio padrão igual a 3 dias. A observação de uma amostra
aleatória de 100 outras operações policiais semelhantes
a essa produziu uma média amostral igual a 10 dias.
Com referência a essas informações, julgue o item que
segue, sabendo que P(Z > 2) = 0,025, em que Z denota
uma variável aleatória normal padrão.

Considerando-se o teste da hipótese nula  H0: M  ≤  9,5


dias contra a hipótese alternativa H1: M > 9,5 dias, ado-
tando-se o nível de significância igual a 1%, não haveria
evidências estatísticas contra a hipótese H0.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO
A partir das figuras precedentes, julgue o item a seguir,
com relação à possibilidade de a figura representar uma 4. CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
vista superior do referido sólido.

Considerando os dados apresentados no gráfico, julgue


os itens seguintes.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO A média do número de acidentes ocorridos no período


de 2007 a 2010 é inferior à mediana da sequência de
dados apresentada no gráfico.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2. CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito Criminal Fe-


deral - Área 9
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Uma serraria obtém um rendimento volumétrico de 50%
ao processar 10 m3 sólidos de toras de Manilkara hube-
ri  (Ducke) A. Chev., proveniente da floresta amazônica.
As espécies têm massa específica verde de 1.260 kg/m3 ,
comprimento de 500 cm e diâmetros da base e do topo
iguais a 50 cm e 40 cm, respectivamente. Do total de re-
síduos resultante desse processamento, 50% correspon-
dem a serragem, e os outros 50%, a material em pedaços.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.

80
5. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo 8. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB –
2014) Considere o conjunto A representado pelo diagra-
ma da figura a seguir e o conjunto B = (x é natural / x ≠
múltiplo de 3}. Determine o conjunto A - B.

Considerando as tabelas acima, que apresentam, respec-


tivamente, o peso e a estatura da criança A, desde o nas-
cimento (0 ano) até o 3.o ano de vida, bem como o peso
da criança B, desde o nascimento (0 ano) até o 2.º ano de
vida, julgue os itens a seguir.
Considere que, no plano cartesiano xOy, a variável x seja
o tempo, em anos, e a variável y seja a altura, em cen-
tímetros. Considere, ainda, que exista uma função qua- a) {1950,1962,1974,1986,1998,2010}
drática y = f(x) = ax2  + bx + c, cujo gráfico passa pelos b) {1954,1958,1970,1982,1990,2002,2014}
pontos (x, y) correspondentes às alturas no nascimento c) {1950,1958,1974,1982,1998,2010}
no 1.º, 2.º e 3.º anos de vida da criança A. Em face dessas d) {1950,1962,1978,1986,1998,2006,2010}
informações, é correto afirmar que  e) {1954,1974,1982,1994,2002,2014}

(  ) CERTO   (  ) ERRADO 9. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB –


2014) Utilizando como universo o conjunto de letras {A,
6. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo B, C, D, E, F, G, H, I, J, L, M, N, O, P, Q} foi formado o con-
Paulo, Maria e Sandra investiram, respectivamente, R$ junto ordenado, representado a seguir, cujos elementos
20.000,00, R$ 30.000,00 e R$ 50.000,00 na construção de são termos de letras que são obtidos seguindo-se um
um empreendimento. Ao final de determinado período comportamento lógico.
de tempo, foi obtido o lucro de R$ 10.000,00, que deverá
se dividido entre os três, em quantias diretamente pro- {BFH, CGI, FJM, GLN, ...}
porcionais às quantias investidas.
Considerando a situação hipotética acima, julgue os itens Observando este comportamento determine o próximo
que se seguem. elemento deste conjunto.
Paulo e Maria receberão, juntos, mais do que Sandra.
a) JMQ.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO b) HMO.
c) HNO.
7. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo d) JOQ.
Considere que o interior de um recipiente tenha a forma e) LPQ.
de um
paralelepípedo retângulo de base quadrada de lado me- 10. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
dindo 50 cm – 2013) Se a tarefa estiver sem do realizada pela equipe
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

e altura, 40 cm. Considere, ainda, que esse recipiente te- inicial de 30 operários e, no início do quinto dia, 2 ope-
nha sido rários abandonarem a equipe, e não forem substituídos,
enchido com um combustível homogêneo composto de
então essa perda ocasionará atraso de 10 dias no prazo
gasolina
de conclusão da obra.
pura e álcool e que 40% do combustível constitua-se de
álcool.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Com base nessas informações, julgue os itens
subsequentes.
Menos de 55 litros do combustível contido no recipiente
constitui-se de gasolina pura.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

81
11. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE 15. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) Se, ao iniciar a obra, a equipe designada para – 2013) A diferença entre a previsão para o número de
a empreitada receber reforço de uma segunda equipe, acidentes em 2011 feita pelo referido modelo linear e o
com 90 operários igualmente produtivos e desempenho número de acidentes ocorridos em 2011 dado no gráfico
igual ao dos operários da equipe inicial, então a estrada é superior a 8.000.
será concluída em menos de 1/5 do tempo inicialmente
previsto (  ) CERTO   (  ) ERRADO
16. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE –
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 2013) O valor da constante A em F(t) é superior a 14.500.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Considerando os dados apresentados no gráfico, julgue Considere que o nível de concentração de álcool na
os itens seguintes. corrente sanguínea, em g/L, de uma pessoa, em função
do tempo t, em horas, seja expresso por N = – 0,008 · (t²
12. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE – 35t + 34). Considere, ainda, que essa pessoa tenha co-
– 2013) A média do número de acidentes ocorridos no meçado a ingerir bebida alcoólica a partir de t = t0 (N(t0 )
período de 2007 a 2010 é inferior à mediana da sequên- = 0), partindo de um estado de sobriedade, e que tenha
cia de dados apresentada no gráfico. parado de ingerir bebida alcoólica em t = t1 , voltando a
ficar sóbria em t = t2 . Considere, por fim, a figura acima,
(  ) CERTO   (  ) ERRADO que apresenta o gráfico da função N(t) para t 0 [t0 , t2 ].
Com base nessas informações e tomando 24,3 como va-
13. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE lor aproximado de , julgue os itens que se seguem.
– 2013) Os valores associados aos anos de 2008, 2009 e
2010 estão em progressão aritmética. 17. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) O nível de concentração mais alto de álcool na
(  ) CERTO   (  ) ERRADO corrente sanguínea da referida pessoa ocorreu em t = t1
com t1 > 18 horas.
14. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) O número de acidentes ocorridos em 2008 foi, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
pelo menos, 26% maior que o número de acidentes ocor-
ridos em 2005 18. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) O nível de concentração de álcool na corrente
(  ) CERTO   (  ) ERRADO sanguínea da pessoa em questão foi superior a 1 g/L por
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

pelo menos 23 horas.


Instrução: Considere que, em 2009, tenha sido cons-
truído um modelo linear para a previsão de valores fu- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
turos do número de acidentes ocorridos nas estradas
brasileiras. Nesse sentido, suponha que o número de 19. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE –
acidentes no ano t seja representado pela função F(t) = 2013) O valor de t2 é inferior a 36.
At + B, tal que F(2007) = 129.000 e F(2009) =159.000.
Com base nessas informações e no gráfico apresentado, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
julgue os itens das questões 6 e 7.

82
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 CERTO ___________________________________________________________
2 CERTO ____________________________________________________________
3 CERTO
____________________________________________________________
4 ERRADO
____________________________________________________________
5 ERRADO
6 ERRADO ____________________________________________________________
7 ERRADO ____________________________________________________________
8 A
____________________________________________________________
9 D
10 ERRADO ____________________________________________________________

11 ERRADO ____________________________________________________________
12 ERRADO ____________________________________________________________
13 ERRADO
____________________________________________________________
14 CERTO
15 ERRADO ____________________________________________________________
16 CERTO ____________________________________________________________
17 ERRADO
____________________________________________________________
18 CERTO
____________________________________________________________
19 CERTO
____________________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

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83
ANOTAÇÕES

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

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84
ÍNDICE

INFORMÁTICA

Conceito de Internet e Intranet; Conceitos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e


procedimentos associados a internet/intranet; Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio
eletrônico, de grupos de discussão, de busca, de pesquisa e de redes sociais............................................................................. 01
Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Windows); Acesso a distância a computadores, transferência de
informação e arquivos, aplicativos de áudio, vídeo e multimídia........................................................................................................ 17
Redes de Computadores...................................................................................................................................................................................... 75
Conceitos de proteção e segurança; Noções de vírus, worms e pragas virtuais; Aplicativos para segurança (antivírus,
firewall, antispyware etc.)..................................................................................................................................................................................... 76
Computação na nuvem (cloud computing).................................................................................................................................................. 84
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
CONCEITO DE INTERNET E INTRANET; Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível
DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS tendimento da informação trocada entre eles.
ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET. A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
FERRAMENTAS E APLICATIVOS bendo informações, por isso o periférico que permite a
COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO, DE conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
CORREIO ELETRÔNICO, DE GRUPOS MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
PESQUISA E DE REDES SOCIAIS
1. Protocolos Web

Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-


tros que são largamente usados na Internet:
CONCEITOS DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS À
INTERNET E INTRANET, BUSCA E PESQUISA NA • HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
WEB, MECANISMOS DE BUSCA NA WEB. transferência de Hipertexto, desde 1999 é utiliza-
do para trocar informações na Internet. Quando
O objetivo inicial da Internet era atender necessida- digitamos um site, automaticamente é colocado à
des militares, facilitando a comunicação. A agência nor- frente dele o http://
te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
Onde:
tar os computadores de departamentos de pesquisas e
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí-
bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter
se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
texto, som, imagem, filmes e links.
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
outros pontos estratégicos.
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co- • URL (Uniform Resource Locator): Localizador Pa-
nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens drão de recursos, serve para endereçar um recurso
fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador na web, é como se fosse um apelido, uma maneira
de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da mais fácil de acessar um determinado site.
informação poderia ser realizado por várias rotas, assim, Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre- Faz a solicitação de um arquivo de
ga da informação, é importante mencionar que a maior http://
hiper mídia para a Internet.
distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
Estipula que esse recurso está na
tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
rede mundial de computadores
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer www
a troca de informações de computadores de universi- (veremos mais sobre www em um
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma próximo tópico).
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu É o endereço de domínio. Um
nome passa a ser, INTERNET. endereço de domínio representará
novaconcursos
A evolução não parava, além de atingir fronteiras sua empresa ou seu espaço na
continentais, os computadores pessoais evoluíam em Internet.
forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
Indica que o servidor onde esse site
net deixou de conectar apenas computadores de univer-
está
sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários .com
hospedado é de finalidades
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil comerciais.
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co- .br Indica queo servidor está no Brasil.
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua
difusão nos tempos atuais. Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
Um marco que é importante frisar é o surgimento do que demonstram a finalidade e organização que o criou,
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá- como:
INFORMÁTICA

fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta- .gov - Organização governamental
josa, pois até então, só era possível a existência de textos. .edu - Organização educacional
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .org - Organização
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido .ind - Organização Industrial
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que .net - Organização telecomunicações

1
.mil - Organização militar 2. Provedor
.pro - Organização de profissões
.eng – Organização de engenheiros O provedor é uma empresa prestadora de serviços
E também, do país de origem: que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
.it – Itália necessário conectar-se com um computador que já este-
.pt – Portugal ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
.ar – Argentina deve permitir que seus usuários também tenham acesso
.cl – Chile a Internet.
.gr – Grécia No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que se trata de um site hospedado em um servidor dos que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
Estados Unidos. so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
• HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Se- no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
melhante ao HTTP, porém permite que os dados uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
sejam transmitidos através de uma conexão cripto- ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
grafada e que se verifique a autenticidade do servi- como o backbone possui uma velocidade de transmis-
dor e do cliente através de certificados digitais. são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
• FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transfe- Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
rência de arquivo, é o protocolo utilizado para po- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
der subir os arquivos para um servidor de internet, que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP, so e um endereço eletrônico na Internet.
FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
nal utiliza um desses programas FTP ou similares 3. Home Page
e executa a transferência dos arquivos criados, o
manuseio é semelhante à utilização de gerencia- Pela definição técnica temos que uma Home Page é
dores de arquivo, como o Windows Explorer, por um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com-
exemplo. putadores rodando um Navegador (Browser), que per-
• POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
dos Correios permite, como o seu nome o indica, e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
recuperar o seu correio num servidor distante (o informações dentro das Home Pages.
servidor POP). É necessário para as pessoas não
ligadas permanentemente à Internet, para pode-
rem consultar os mails recebidos offline. Existem #FicaDica
duas versões principais deste protocolo, o POP2 e
o POP3, aos quais são atribuídas respectivamente O endereço de Home Pages tem o seguinte
as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de formato:
comandos textuais radicalmente diferentes, na tro- http://www.endereço.com/página.html
ca de e-mails ele é o protocolo de entrada. Por exemplo, a página principal do meu pro-
• IMAP (Internet Message Access Protocol): É um jeto de mestrado:
protocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofe- http://www.youtube.com/canaldoovidio
rece muitas mais possibilidades, como, gerir vários
acessos simultâneos e várias caixas de correio,
além de poder criar mais critérios de triagem. 4. Plug-ins
• SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o pro-
tocolo padrão para envio de e-mails através da Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
Internet. Faz a validação de destinatários de men- dade do Browser em recursos específicos - permitindo,
sagens. Ele que verifica se o endereço de e-mail por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja
do destinatário está corretamente digitado, se é filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas
um endereço existente, se a caixa de mensagens de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci-
do destinatário está cheia ou se recebeu sua men- dade impressionante. Maiores informações e endereços
sagem, na troca de e-mails ele é o protocolo de sobre plug-ins são encontradas na página:
saída. http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
• UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Indices/
Permite que a aplicação escreva um datagrama en- Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
INFORMÁTICA

capsulado num pacote IP e transportado ao des- temos uma relação de alguns deles:
tino. É muito comum lermos que se trata de um
protocolo não confiável, isso porque ele não é im- • 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
plementado com regras que garantam tratamento etc.).
de erros ou entrega. • Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).

2
• Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, 2. Objetivo de construir uma Intranet
BMP, PCX, etc.).
• Negócios e Utilitários. Organizações constroem uma intranet porque ela é
• Apresentações. uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
INTRANET distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
capital com conhecimentos das operações e produtos da
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de empresa.
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes 3. Aplicações da Intranet
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa. municações corporativas em uma intranet dá para sim-
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
informações particulares dentro da estrutura de comuni- onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
cações da empresa. operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na exemplo:
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos • Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, lis-
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- tas de preços, promoções, planejamento de eventos;
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos • Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati- Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
des de membros das equipes, situações de projetos;
zaram o acesso à informação através de redes de com-
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
temas de melhoria contínua (Sistema de Suges-
base de usuários, já familiarizados com conhecimentos
tões), manuais de qualidade;
básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
tilas, políticas da companhia, organograma, opor-
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
tunidades de trabalho, programas de desenvolvi-
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
mento pessoal, benefícios.
e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação Para acessar as informações disponíveis na Web cor-
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran- porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
do de tamanho a cada mês. nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei- resume quase somente em clicar nos links que remetem
to, que tem interessado um número cada vez maior de às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse
interessadas em integrar informações e usuários: a intra- tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
net. Seu advento e disseminação promete operar uma fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
revolução tão profunda para a vida organizacional quan- o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu- quantidade de informações nela armazenadas.
tadores, no final da década de 80.
4. A intranet é baseada em quatro conceitos:
1. O que é Intranet?
• Conectividade - A base de conexão dos computa-
O termo “intranet” começou a ser usado em meados dores ligados por meio de uma rede, e que podem
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se transferir qualquer tipo de informação digital entre si;
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno- • Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
logias projetadas para a comunicação por computador dores e sistemas operacionais podem ser conecta-
entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis- dos de forma transparente;
te em uma rede privativa de computadores que se baseia • Navegação - É possível passar de um documen-
nos padrões de comunicação de dados da Internet pú- to a outro por meio de referências ou vínculos de
blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo documentos;
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida- acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
INFORMÁTICA

de de uso propiciada pelos programas de navegação na rer graças à execução de programas aplicativos,
Web, os browsers. que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
tadores que acessam a rede (também chamados
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
a arquitetura da intranet: cliente-servidor).

3
• A vantagem da intranet é que esses programas 5.5. filetype:tipo
são ativados através da WWW, permitindo grande
flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java, Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
assumiram grande importância no desenvolvimen- extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
to de softwares aplicativos que obedeçam aos três letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
conceitos anteriores. chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT,
5. Mecanismos de Buscas DOC.

Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno 5.6. palavra_chave_01 * palavra_chave_02
exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, em que os termos inicial e final aparecem, independente
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha cebook * msn e veja o resultado na prática.
acesso a resultados mais relevantes.
Os mecanismos de buscas contam com operadores 6. Áudio e Vídeo
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um A popularização da banda larga e dos serviços de
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis e-mail com grande capacidade de armazenamento está
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de- aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul- blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
tados podem ser mais especializados em relação ao que tornar a experiência decepcionante.
você procura.
A maioria deles depende de um único programa para
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai necessi-
5.1. -palavra_chave
tar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player de
vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de “CO-
Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
der/DECoder”, codec é uma espécie de complemento que
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
descomprime - e comprime - o arquivo. É o caso do MPEG,
por computação, provavelmente encontrarei na relação
que roda no Windows Media Player, desde que o codec es-
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação teja atualizado - em geral, a instalação é automática.
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência Com os três players de multimídia mais populares -
serão omitidos. Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos, tan-
5.2. +palavra_chave to offline como por streaming (neste caso, o download e
a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV Terra).
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de Atualmente, devido à evolução da internet com os
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais,
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com- há uma grande demanda por programas para trabalhar
putação, terei como retorno uma gama mista de resul- com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a
tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra-
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento
busca do tipo computação + ciência SP. ou conversão de imagens.
Porém, muitos destes programas não são o que se
5.3. “frase_chave” pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes.
Retorna uma busca em que existam as ocorrências Caso o que você precise seja apenas um programa para
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
foi empregada. Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
5.4. palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras mento especial para as suas mais variadas imagens.
INFORMÁTICA

chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por O Picasa está com uma versão cheia de inovações que
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas re- faz dele um aplicativo completo para visualização de fo-
levantes sobre pelo menos um dos dois temas - nesse tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen-
caso, como as duas palavras chaves são populares, os dois tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de
resultados são apresentados em posição de destaque. imagem do computador.

4
As ferramentas de edição possuem os métodos mais no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
avançados para automatizar o processo de correção de comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos indispensável que o usuário possua um username e uma
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen- ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con- escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
apenas as fotos que contém pessoas. hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
Depois de tudo organizado em seu computador, você operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar- sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via 8. Algumas dicas
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
poucos segundos. número de conexões simultâneas para evitar uma
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve sobrecarga na máquina. Uma outra limitação possí-
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e vel é a faixa de horário de acesso, que muitas vezes é
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade considerada nobre em horário comercial, e portan-
com este tipo de programa. Ele também dispõe de al- to, o FTP anônimo é temporariamente desativado.
guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer 2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
operações como copiar e deletar imagens até o efeito espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site
de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa sendo acessado.
oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e 3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui-
alteração de cores em sua imagem por meio de apenas vo verifique se você está usando o modo correto,
um clique. isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e
Além disso sempre é possível a visualização de ima- no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav,
gens pelo próprio gerenciador do Windows. etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar
perda de tempo.
7. Transferência de arquivos pela internet 4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir
FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên- que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte- tador como um servidor remoto de FTP, bastando
ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam buído dinamicamente.
como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não 9. Grupos de Discussão e Redes Sociais
texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico São espaços de convivências virtuais em que grupos
e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
sempre transferida como uma informação textual, en- vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri- entre outras ações.
zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário). As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo-
Um servidor FTP é um computador que roda um pro- lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi-
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu:
capaz de se comunicar com outro computador na Rede
que o esteja acessando através de um cliente FTP. Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni-
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um para que elas próprias criassem suas páginas na internet.
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas- Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo). a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas.
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de No mesmo ano, também surge uma plataforma que
diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do permite a interação com antigos colegas da escola, o
INFORMÁTICA

sistema. Isto é muito importante, porque garante um Classmates.


nível de segurança adequado, evitando que estranhos Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma platafor-
tenham acesso a todas as informações da empresa. ma que, desta vez, tinha como foco a publicação de
Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”, fotografias.
o que acontece em geral é que a conexão é posicionada

5
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
deira rede social, o Friendster. des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede é a falta de privacidade.
social de caráter profissional do mundo. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr. para algumas precauções.
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
#FicaDica
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de
Por ser algo muito atual, tem caído muitas
amizade ou namoro).
questões de redes sociais nos concursos
• Networking: partilha e busca de conhecimentos
atualmente.
profissionais e procura emprego ou preenchimen-
to de vagas.
• Partilha e busca de imagens e vídeos.
• Partilha e busca de informações sobre temas variados. EXERCÍCIOS COMENTADOS
• Divulgação para compra e venda de produtos e
serviços. 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se
• Jogos, entre outros. uma impressora estiver compartilhada em uma
intranet por meio de um endereço IP, então, para se
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- imprimir um arquivo nessa impressora, é necessário,
das, destacamos: por uma questão de padronização dessa tecnologia
de impressão, indicar no navegador web a seguinte
• Facebook: interação e expansão de contatos. url: ,
• Youtube: partilha de vídeos. em que deve estar acessível via
• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e
chamadas de voz. rede e deve ser do tipo PDF.
• Instagram: partilha de fotos e vídeos.
• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
são conhecidas como “tweets”. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
• Skype: telechamada. Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir-
• LinkedIn: interação e expansão de contatos ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam
profissionais. ser impressos, o que torna o item errado, o comando
• Badoo: relacionamentos amorosos. para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. somente o local onde está o arquivo a ser impresso.
• Messenger: envio de mensagens instantâneas.
• Flickr: partilha de imagens. 2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em
• Google+: partilha de conteúdos. uma intranet, for disponibilizado um portal de informa-
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme- ções acessível por meio de um navegador, será possível
lhante ao Twitter. acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
10. Vantagens e Desvantagens configurado o servidor do portal.
Existem várias vantagens em fazer parte de redes
sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
crescimento tão significativo ao longo dos anos.
Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
As redes também facilitam a relação com quem está
mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
trem fisicamente.
Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
INFORMÁTICA

de pessoas ao mesmo tempo.


Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
um acontecimento, a preparação de uma manifestação
ou a mobilização de um grupo para um protesto.

6
Com base na figura acima, que ilustra as configurações 5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
9, julgue os próximos itens. computacionais, permanentemente conectados à Inter-
net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
( ) CERTO  ( ) ERRADO Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) net message access protocol), em detrimento do POP3
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
permite ao seu computador trocar informações com um conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
servidor que abriga um site. Isso significa que, uma vez mente, fazer o download das mensagens para o compu-
conectados sob esse protocolo, as máquinas podem re- tador em uso.
ceber e enviar qualquer conteúdo textual – os códigos
que resultam na página acessada pelo navegador.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou outras
conexões propícias a phishing (fraude eletrônica) e hac-
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o pa-
kers, pessoas mal-intencionadas podem atravessar o ca-
minho e interceptar os dados transmitidos com relativa drão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a função
facilidade. Portanto, uma conexão em HTTP é insegura. de baixar as mensagens do servidor de e-mail para o com-
Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro- putador que o programa foi configurado. Quando o POP é
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na substituído pelo IMAP, essas mensagens são baixadas para
transmissão de dados entre seu computador e o ser- o computador do usuário só que apenas uma cópia delas,
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação deixando no servidor as mensagens originais; quando o
é criptografada, aumentando significativamente a se- acesso é feito por outro computador essas mensagens que
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con- estão no servidor são baixadas para este outro computa-
versassem uma língua que só as duas entendessem, dor, deixando sempre a original no servidor.
dificultando a interceptação das informações.
Para saber se está navegando em um site com crip- 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente, utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além mento de arquivos entre seus usuários
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
do site, já que a conexão segura também identifica pá- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ginas na Internet por meio de seu certificado.
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função
3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser- principal é enviar mensagens e não o compartilha-
vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80 objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem
de destino no endereço do proxy. todas as redes citadas na questão permitem.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-
mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual,
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços são mostrados detalhes como a data da instalação e o
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ usuário que executou a operação.
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede ( ) CERTO  ( ) ERRADO
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80. sões do Firefox, contudo o histórico não contém o
usuário que executou a operação. Este recurso está
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE Atualizações – Histórico de atualizações.
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada. 8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
( ) CERTO  ( ) ERRADO o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
portantes e recomendá-los aos seus amigos.
INFORMÁTICA

Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-


ção se o servidor assim estiver configurado, do con- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.

7
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser- Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica
viço online que o Internet Explorer usa para recomen- que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo
clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. de criptografia do tipo SSL.
Considere que um delegado de polícia federal, em
uma sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve 12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
a janela ilustrada acima, que mostra uma página web meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
do sítio do DPF, cujo endereço eletrônico está indica- disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
do no campo . A partir dessas informações, mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
julgue os itens de 09 a 12. outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con- tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da- nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua-
lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado ( ) CERTO  ( ) ERRADO
acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
desse conteúdo. Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá o botão de histórico, que se encontre informações das
condições de verificar se houve ou não a alteração men- páginas acessadas anteriormente, e também permite
cionada, independentemente da configuração do IE6, que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja contidas no diretório do IE6.
em modo online.

( ) CERTO  ( ) ERRADO REDES SOCIAIS

Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma O termo “rede social” vem de antes mesmo do surgi-
nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste mento das plataformas digitais de interação espalhadas
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es- pela internet. Rede social diz respeito à interação social, à
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi- formação de redes de comunicação entre diferentes gru-
bido sem alterações. pos de pessoas, organizações e até mesmo sociedades.
O meio virtual se apropriou do termo com o surgimento
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar- das plataformas digitais de interação social.
mazenamento de informações em arquivos denomina- As redes sociais, no meio digital, são ambientes não-
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um -físicos, ou seja, virtuais em que pessoas se conectam e
sistema de segurança instalado em um computador. Para estabelecem relações, compartilhando seus interesses
reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos através de mensagens, em chats de bate-papo, por meio
para impedir que cookies sejam armazenados no com- de fotos, vídeos e textos curtos, entre outros recursos
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos disponibilizados por cada qual. Na atualidade, uma das
referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do principais maneiras de exemplificar o avanço da globa-
uso do menu . lização é a criação das redes sociais digitais e a forma
como a humanidade se apropriou destes novos recursos
( ) CERTO  ( ) ERRADO como meio de comunicação.
De acordo com a última pesquisa realizada pela We
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a Are Social em 2018, mais de 3 bilhões de pessoas utili-
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer zam redes sociais todo mês e 9 em cada 10 fazem seu
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, uso através de dispositivos móveis. O que antes era
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade praticamente impossível, hoje é realidade, as inovações
e, em Configurações, mover o controle deslizante até tecnológicas, combinadas com a criação de plataforma
em cima para bloquear todos os cookies e, em segui- digitais que permitem a comunicação entre pessoas de
da, clicar em OK. diferentes localidades no planeta, encurtou fronteiras e
aproximou pessoas que jamais teriam a possibilidade de
11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o estabelecerem qualquer tipo de comunicação, como há
acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante um algumas décadas.
provedor de Internet acessível por meio de uma conexão a É evidente a transformação social que a utilização de
uma rede LAN, à qual estava conectado o computador do redes sociais gerou na sociedade. Sociólogos e antropó-
delegado, é correto concluir que as informações obtidas logos estudam o meio digital como um ambiente de vi-
INFORMÁTICA

pelo delegado transitaram na LAN de modo criptografado. vência social da modernidade, assim como a realidade fí-
sica, com direto à cultura, costumes e linguagem própria.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Entre as mais famosas redes sociais no país, pode-se des-
tacar o Facebook, o Instagram, o Twitter e o Whatsapp,
o Youtube e o LinkedIn. Outras plataformas, um pouco

8
menores, também podem ser citadas como exemplos de algumas horas. Quando o Facebook comprou o Insta-
redes sociais como o Telegram, o Flickr e o Google+. Ob- gram, ainda mais recursos surgiram, dentre eles pode-
serve a seguir as principais funções, recursos, interações mos citar as mais diversas funcionalidades como filtros
e demais especificidades de cada rede social. de edição, enquetes, perguntas e respostas, gifs, IGTV
(vídeos com maior duração e tempo, criados pelos usuá-
FACEBOOK rios), etc.

TWITTER

A plataforma foi criada em 2004 por Mark Zucker-


berg e é hoje uma das mais acessadas redes sociais em
todo o planeta. A ideia principal desta plataforma, desde O Twitter surgiu em 2016 e mantém sua função pri-
o início, era ser uma rede de relacionamentos, em que as mordial até os dias de hoje. Ele funciona como uma es-
pessoas poderiam se conectar com outras e estabelecer pécie de microblog em que seus usuários podem com-
amizades e contatos de maneira geral, bater papo e par- partilhar informações em um curto espaço de caracteres
tilhar interesses. O simples propósito desta rede foi o que (280), estas postagens são chamadas de tweets pela pla-
atraiu milhares de pessoas para dentro do site. taforma. É essencialmente um site que permite não ape-
Redes sociais de relacionamento já existiam antes do nas uma interação com amigos e conhecidos, mas tam-
surgimento do Facebook, sites como o Orkut, o MySpa- bém com famosos, celebridades e figuras públicas que
ce e o Friendster já ofereciam recursos como chats de publicam informações, opiniões, anunciam leis, eventos,
bate-papo, perfis pessoais, publicação de fotos e vídeos shows, filmes e links que redirecionam os usuários para
e compartilhamento de ideias através de “posts”, no en- outros sites.
tanto, a popularização do Facebook se deu, inicialmente O Twitter é uma maneira rápida e prática de realizar
devido à simplicidade da plataforma. pronunciamentos é este o motivo pelo qual muitas per-
Hoje em dia, o Facebook dispõe dos mais variados re- sonalidades famosas utilizam o recurso dos tweets como
cursos, tais como a promoção de produtos e serviços e o meio para se aproximar de seu público e da população
impulsionamento de publicidade, além de jogos, grupos em geral. Apesar da informalidade da plataforma, polí-
de venda (marketplace), eventos, entre outros. Apesar ticos, instituições e organizações públicas e privadas se
de todas as inovações e novidades, a rede social ainda apropriaram de seus recursos a fim de obter fácil acesso
é mais utilizada para interação e expansão de contato, à opinião pública. Presidentes, governadores e vereado-
além do compartilhamento de pensamentos, ideias e res, marcas mundialmente famosas, jornais e jornalistas,
interesses. jogadores de futebol, atores e atrizes, cantores e músi-
cos, todos estão reunidos nesta plataforma e podem in-
INSTAGRAM teragir uns com os outros, comentar e debater assuntos
como política, jogos, reality shows, entre outras pautas
da atualidade.

WHATSAPP

O Instagram é uma rede social de entretenimento,


sendo este entretenimento gerado pelos próprios usuá-
rios. Antes de Mark Zuckerberg comprar o Instagram, ele
era uma apenas uma rede social de compartilhamento
de fotos no estilo das câmeras Polaroid. Para os amantes
de fotografia, pessoas comuns que gostavam de tirar fo- O envio de mensagens instantâneas entre telefones
tos do mundo ao redor e curiosos do mundo todo, o Ins- celulares há alguns anos atrás era de domínio exclusi-
tagram era a rede ideal. Partilhar apenas fotos e vídeos, vo das operadoras telefônicas. O SMS (short message
sem a necessidade de textos, era a ideia inicial desta pla- service) era o meio pelo qual as pessoas conseguiam se
taforma de uso exclusivo de dispositivos móveis.
INFORMÁTICA

comunicar de maneira rápida. De 2009 a 2010, o What-


Com o passar do tempo, a evolução do Instagram sApp surgiu como um aplicativo para dispositivos móveis
transformou a plataforma em uma rede de interação capaz de realizar esta função gratuitamente. A populari-
cheia de recursos, tais como os stories, recurso adapta- zação deste aplicativo no país se deu pela maneira como
do do Snapchat, aplicativo em que as pessoas postavam facilitou a comunicação rápida entre usuários.
pequenos vídeos rápidos que desapareciam depois de

9
Hoje, através de mensagens de texto, mensagens de Esta plataforma é muito utilizada por empresas para
áudio, envio de fotos e vídeos, chamadas de áudio e até o recrutamento de profissionais, sendo assim, o perfil
mesmo stories (como no Instagram), o WhatsApp se tor- dos usuários serve como uma espécie de currículo digi-
nou a rede social mais utilizada pelos brasileiros, mais de tal, nestes perfis a experiência profissional, a formação
120 milhões de pessoas no país usufruem dos recursos acadêmica, entre outras informações dos usuários fica
disponibilizados pelo aplicativo hoje. disponível para que a empresa ou instituição visualize e
considere se é um perfil adequado ou não à vaga em
YOUTUBE questão.
O LinkedIn também serve para troca de experiências
profissionais em comunidades e compartilhamento de
links, vídeos e fotos que agreguem valor profissional ao
perfil de cada usuário, entre outras atividades ligadas à
trabalho.

A principal plataforma digital de entretenimento na TELEGRAM


internet na atualidade é o Youtube. Lançada em 2005
e comprada pelo Google em 2006, o Youtube hoje tem
mais de 1,5 bilhões de usuários, ficando atrás apenas do
Facebook, que possui 2,2 bilhões de usuários ativos. O
principal recurso oferecido por esta rede é o compar-
tilhamento de vídeos. Através de seus perfis pessoais,
usuários do mundo todo podem fazer o upload de vídeos
criados por eles próprios.
Inicialmente, a grande maioria dos vídeos compar-
tilhados no Youtube eram caseiros e rendiam algumas
visualizações e curtidas de amigos e família. Mas a pro- Um dos principais concorrentes do WhatsApp, ainda
porção que a rede alcançou foi tão grande que pessoas que menos popular, é o aplicativo russo Telegram. Este
começaram a produzir conteúdo exclusivo para seus es- aplicativo de mensagens instantâneas foi lançado em
pectadores, mensal, semanal e até diariamente. 2013 e está disponível em aplicativo, em smartphones e
Foi, então, que o Google viu a possibilidade de mo- tablets e no navegador web. Assim como outros aplica-
netizar o acesso da plataforma, tornando visualizações e tivos, ele permite o envio de mensagens de texto, áudio,
curtidas em uma possibilidade rentável para seus usuá- foto e vídeo, no entanto, alguns recursos a mais desta-
rios, de modo que muitos usuários se tornaram profis- cam em sua interface.
sionais do Youtube, os youtubers, produtores pagos de Os criadores do Telegram se preocuparam em as-
conteúdo na plataforma, populares não apenas no meio segurar que seus usuários pudessem se sentir seguros
virtual, mas famosos na vida real também. ao utilizá-lo, sendo assim, recursos de segurança e pri-
O Youtube se tornou uma empresa e hoje em dia as vacidade são oferecidos dentro da plataforma; como a
pessoas podem acessar todo e qualquer tipo de conteú- possibilidade de ter conversas secretas com os usuários
do em vídeo, desde receitas, tutoriais de maquiagem, da sua lista de contatos, neste tipo de conversa áudios,
videoaulas de matérias escolares até clipes musicais, rea- vídeos texto e fotos enviados são excluídos de maneira
lity shows, talk shows e vlogs (uma espécie de diário de automática após o período de tempo determinado pelo
bordo em vídeo). É possível também o streaming ao vivo usuário. Nele o usuário pode criar também uma senha
de vídeo, chamado live, também presente no Instagram. que bloqueia o acesso indevido ao app. Outro recurso
que o Telegram dispõe é a possibilidade de criar grupos
LINKEDIN de conversa com até 200 mil pessoas e o envio de arqui-
vos de tamanho ilimitado.

FLICKR

Esta rede social é uma rede profissional de relacio-


namento. Com funções semelhantes à de outras redes
sociais, como o Facebook, ela utiliza seus recursos para
INFORMÁTICA

que seus usuários possam se conectar de maneira cor-


porativa com pessoas ao redor do mundo. Através desta O Flickr é uma plataforma canadense antiga na web,
plataforma, disponível na web e em dispositivos móveis, ela existe desde 2004, com a proposta de hospedar fo-
o usuário pode se estabelecer interações com empresas tos gratuitamente em seu site. Sua interface permite aos
e profissionais de diversas áreas. usuários o upload de fotos, desenhos e ilustrações que

10
podem ser classificados, por meio de legendas e tags que Resposta: Letra D.
indicam o assunto, o tema ou a localização do conteúdo, Nas outras alternativas, Hotmail, Gmail e Skype não
um recurso que facilita o acesso do próprio usuário e podem ser consideradas redes sociais. Elas são, res-
de outros. A organização do perfil do usuário também é pectivamente, serviços de e-mails e programa de co-
uma possibilidade, podendo gerencias as fotos por lotes. municação em vídeo, áudio e texto.
O site também dispõe de grupos de discussão, seme-
lhantes aos grupos de outras redes sociais. 2. (PREFEITURA DE RIO BRANCO-AC – NUTRICIONIS-
TA – INSTITUTO BRASILEIRO DE APOIO E DESENVOL-
GOOGLE+ VIMENTO EXECUTIVO – 2017) Através de uma rede
social é possível encontrar amigos, divulgar eventos,
assistir vídeos, bater papo e fazer marketing. Qual das
redes sociais tem uma proposta totalmente voltada para
o mundo profissional?

a) Google+
b) Facebook
c) Linkedln
O Google+ (ou Google Plus) foi uma rede social cria- d) Pinterest
da pelo Google em 2011 e surgiu como potencial rival e) Instagram
do Facebook. A plataforma foi retirada do ar pelo Google
em abril de 2019 e hoje já não pode ser utilizada como Resposta: Letra C.
rede social. A decisão se deu pela baixa popularidade da O LinkedIn foi desenvolvido com o propósito de unir
rede. Os usuários de outras plataformas Google não gos- corporações, clientes, candidatos a vagas e emprego,
taram muito da interface da rede. patrões e empregados em uma rede social de com-
O Google+ dispunha dos mais variados recursos, partilhamento de ideias para o ambiente profissional.
além do básico de qualquer rede social (publicação de Ela é a única das redes sociais mencionadas que pos-
vídeos, fotos, chats de bate-papo, entre outros) como a sui esta proposta.
integração com diversas outras aplicações do Google, a
possibilidade de criar círculos de amizade com pessoas FONTE
de diferentes grupos (amigos íntimos, colegas de traba-
lho, família, etc) e compartilhar postagens com apenas Portal Toda Matéria. Disponível em: <https://www.to-
um deles sem que o outro visualize, a possibilidade de damateria.com.br/redes-sociais/>.
chamadas de vídeo com o Hangouts e o Google Fotos, Matérias para Consursos. Disponível em: <http://ma-
que permite o upload de fotos e a sincronização de mí- teriasparaconcursos.com.br/2019/08/26/redes-sociais/>.
dias de qualquer aparelho móvel com uma conta do Portal RD. Disponível em: <https://resultadosdigitais.
Google logada (estes dois últimos ainda existem hoje de com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/#googleplus>.
maneira independente). Portal We Are Social. Disponível em: <https://digi-
talreport.wearesocial.com/>, <https://wearesocial.com/
global-digital-report-2019>.
#FicaDica Tech Tudo. Disponível em: <https://www.techtudo.com.
Uma pesquisa feita pela We Are Social em br/listas/2019/03/o-que-e-telegram-4-perguntas-e-res-
parceria com a Hootsuite em 2019 indicou postas-sobre-o-rival-do-whatsapp.ghtml>, <https://www.
que as três redes sociais mais utilizadas techtudo.com.br/tudo-sobre/google-talk.html>, <https://
no Brasil são o Youtube, em primeiro lu- www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2011/05/o-que-e-
gar, o Facebook, em segundo, e por fim, o -o-skype-conheca-mais-uma-forma-de-comunicacao-on-
WhatsApp. line.html>, <https://tecnoblog.net/277442/7-coisas-que-
-voce-precisa-saber-sobre-o-fim-do-google/>.
Canal Tech. Disponível em: <https://canaltech.com.br/
apps/o-que-e-telegram/>,<https://canaltech.com.br/uti-
EXERCÍCIOS COMENTADOS litarios/google-talk-e-completamente-desativado-e-da-
-lugar-ao-hangouts-96090/>.
1. (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE MACRO Portal CCM. Disponível em: <https://br.ccm.net/
REGIÃO DO SUL DE MINAS-MG – PSICÓLOGO – INS- faq/6855-como-funciona-o-flickr>.
TITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO E PESQUISA – 2017) Tecmundo. Disponível em: <https://www.tecmundo.
O Brasil está entre os cinco países com maior número de com.br/imagem/779-o-que-e-flickr-.htm>.
usuários de redes sociais. São exemplos de redes sociais Exame Abril. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/
na internet: tecnologia/irrelevante-e-problematico-google-chega-ao-fim/>.
INFORMÁTICA

Veja Isso. Disponível em: <https://www.vejaisso.com/o-


a) Facebook, Hotmail e Twitter. -que-e-e-como-usar-o-google-tutorial-completo-para-
b) Skype, Facebook e Youtube. -criar-sua-conta/>.
c) Flickr, Linkedin e Gmail. Rock Content. Disponível em: <https://rockcontent.
d) LinkedIn, Facebook e Twitter. com/blog/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/>.

11
NOÇÕES BÁSICAS DE FERRAMENTAS E APLICATI- Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo
VOS DE NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO. navegador considerado pelos especialistas e possui uma
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
Um browser ou navegador é um aplicativo que opera Apple existem versões para Windows.
através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
as partes do mundo.
Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
são programas de computador especializados em vi-
sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega- Figura 4: Símbolo do Safari
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave-
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou- um programa preparado para explorar a Internet dando
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos. acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con- clique em seu símbolo.
sequentemente um dos melhores navegadores existen-
tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
muito fácil de utilizar.

Figura 5: Símbolo do Internet Explorer

Figura 1: Símbolo do Google Chrome #FicaDica


Glossário interessante que abordam inter-
#FicaDica net e correio eletrônico
Ultimamente tem caído perguntas relacio- Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro
de mensagens indesejadas.
nadas a guia anônima que não deixa rastro
Browser: Programa utilizado para navegar
(senhas, auto completar, entre outros), e é
na Web, também chamado de navegador.
acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N Exemplo: Mozilla Firefox.
Cliente de e-mail: Software destinado
a gerenciar contas de correio eletrôni-
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente na- co, possibilitando a composição, envio,
vegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não ter recebimento, leitura e arquivamento de
uma interface tão amigável, porém é um dos navegadores mensagens. A seguir, uma lista de geren-
mais rápidas e com maior segurança contra hackers. ciadores de e-mail (em negrito os mais
conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
(Linux) e Windows Mail.

Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox Outros pontos importantes de conceitos que podem
ser abordado no seu concurso são:
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
desempenho, porém especialistas em segurança o consi- sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
dera o navegador com menos segurança. para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
como imagens, sons, filmes, entre outros.
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
INFORMÁTICA

de Correio): Termo utilizado para designar os servidores


de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
Figura 3: Símbolo do Opera bird, Microsoft Outlook Express etc.

12
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de Mecanismos de Buscas
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
para o computador as mensagens armazenada sem sua exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
caixa postal no servidor. ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. acesso a resultados mais relevantes.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori- Os mecanismos de buscas contam com operadores
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga entanto, pode não interessar e você, caso não seja um
praticante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
discussão.
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
tados podem sem mais especializados em relação ao que
Um pouco de história você procura.
A internet é uma rede de computadores que liga os • palavra_chave
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores Retorna um busca excluindo aquelas em que a pala-
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No vra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a- por computação, provavelmente encontrarei na relação
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro- dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
car informações sobre pesquisas e armamentos que não ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por  computação
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, -ciência , os resultados que tem a palavra chave ciên-
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto cia serão omitidos.
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos
EUA. +palavra_chave
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80 Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe- ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém putação, terei como retorna uma gama mista de resulta-
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons, dos. Caso eu queira filtrar somente os casos em que ciên-
etc) que também ficou conhecido como rede mundial. cias aparece, e também no estado de SP, realizo uma
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um busca do tipo computação + ciência SP.
projeto que pode ser considerado o princípio da World
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo- “frase_chave”
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
Retorna uma busca em que existam as ocorrências dos ter-
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
mos que estão entre aspas, na ordem e grafia exatas ao que
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
foi inserido. Assim, se você realizar uma busca do tipo “como
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
faser” – sim, com a escrita incorreta da palavra FAZER, verá re-
bém é um personagem importante e inclusive é sultados em que a frase idêntica foi empregada.
conhecido por muitos como o pai da internet.
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
#FicaDica
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
próprio endereço, chamado URL, ele facilita exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
a navegação e possui características especí- relevantes sobre pelo menos um dos dois temas- nesse
ficas como a falta de  acentuação gráfica  e caso, como as duas palavras chaves são populares, os dois
palavras maiúsculas. Uma url possui o http resultados são apresentados em posição de destaque.
(protocolo), www (World Wide Web), o nome
da empresa que representa o site, .com (ex: filetype:tipo
se for um site governamental o final será
.gov) e a sigla do país de origem daquele site Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
INFORMÁTICA

(no Brasil é usado o BR). extensão especificada. Por exemplo, em uma busca  fi-
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos de
extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, DOC

13
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
profissionais que compartilham uma mesma área é o
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * compartilhamento de calendário entre membros de uma
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados mesma equipe.
em que os termos inicial e final aparecem, independente Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
cebook * msn e veja o resultado na prática. concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
Correios Eletrônicos maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
O calendário é uma ferramenta bastante interessante
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas: do Outlook que permite que o usuário organize de for-
os agentes de usuários e os agentes de transferência de ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de de forma a ter um maior controle das atividades que de-
transferência realizam um processo de envio dos agentes vem ser realizadas durante o seu dia a dia.
usuários e servidores de e-mail. Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
Os agentes de transferência usam três protoco- que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
los:  SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP é que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o
usado para transferir mensagens eletrônicas entre os com- que pode ser uma ótima pedida para profissionais den-
putadores. O POP é muito usado para verificar mensagens tro de uma mesma equipe, principalmente quando um
de servidores de e-mail quando ele se conecta ao servidor determinado membro entra de férias.
suas mensagens são levadas do servidor para o computa- Para conseguir utilizar essa função basta que você en-
dor local. Pode ser usado por quem usa conexão discada. tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
Já o IMAP também é um protocolo padrão que per- Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per- no seu Outlook.
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem Nessa janela é que você vai poder escolher todas as
acessa o e-mail de vários locais diferentes. informações que vão ser compartilhadas com quem você
deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen-
dário de forma simples e detalhada de fácil visualização
#FicaDica para quem você deseja enviar uma mensagem.
Um e-mail hoje é um dos principais meios de Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra-
comunicação, por exemplo: balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró-
canaldoovidio@gmail.com pria para deixar os comunicados enviados por e-mail
Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba com uma aparência mais profissional.
quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com Dessa forma, é considerado um conhecimento básico
é a tipagem. saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão
dentro de um concurso público.
Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô- Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de
nicas em um único computador, sem necessariamente seus estudos do conteúdo básico de informática para a
estarmos conectados à Internet no momento da criação sua preparação para concurso. Ao contrário do que mui-
ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor- ta gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar
reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos, uma assinatura é bastante simples, de forma que perder
como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como pontos por conta dessa questão em específico é perder
o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá- pontos à toa.
rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
correio eletrônico através do Outlook Express que tam- de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
bém estão presentes no Mozilla Thunderbird. e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio-
com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem
de teclado para a realização de diversas funções dentro maiores problemas.
do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote No Outlook Express podemos preparar uma mensa-
alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na fi-
apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada gura acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a
INFORMÁTICA

mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso seguir:


em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
principais na cabeça.

14
#FicaDica
Segmentos do Outlook Express
Painel de Pastas: permite que o usuário sal-
ve seus e-mails em pastas específicas e dá a
possibilidade de criar novas pastas;
Painel das Mensagens: onde se concentra
a lista de mensagens de determinada pas-
ta e quando se clica em um dos e-mails o
conteúdo é disponibilizado no painel de
conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde
irá aparecer o conteúdo das mensagens
Figura 6: Tela de Envio de E-mail enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concen-
tram as pessoas que foram cadastradas em
#FicaDica sua lista de endereço.
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico
ou o contato registrado no Outlook do des-
NOTES SMARTCLOUD E VERSE
tinatário da mensagem. Campo obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
IBM SmartCloud Notes é um serviço de e-mail em nu-
ou o contato registrado no Outlook do des-
vem com vários locatários. Quando você usa o serviço,
tinatário que servirá para ter ciência desse
os administradores na IBM® configuram e mantêm os
e-mail.
servidores de e-mail do IBM Domino para você na nuvem
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários fi-
em servidores IBM externos. O serviço oferece os bene-
cam ocultos.
fícios de arquitetura e recursos de segurança do servidor
de e-mail do Domino sem gasto adicional com manuten-
Assunto: campo onde será inserida uma breve des- ção do servidor de e-mail.
crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase
sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional, Usando os clientes a seguir, os usuários se conectam
mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento ao serviço SmartCloud Notes pela Internet para acessa-
pode levar o destinatário a não dar a devida importância rem o e-mail:
à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é • O IBM Verse ou o Web client por meio de uma in-
equivalente à folha onde será digitada a mensagem. terface do navegador;
A mensagem, após digitada, pode passar pelas for- • Notes;
matações existentes na barra de formatação do Outlook: • IBM mail support for Microsoft Outlook;
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias • Clientes IMAP;
open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation • Dispositivos remotos.
(mesma criadora do Mozilla Firefox). • Qualquer combinação desses clientes pode ser
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que usada.
não necessita de instalação no computador do usuário, já
que funciona como uma página de internet, bastando o Pelo menos uma pessoa em uma empresa é designa-
usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com da como um administrador da empresa. Um administra-
seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili- dor da empresa tem uma conta de usuário com a função
dade já que não necessita estar na máquina em que um de Administrador e é responsável pela configuração do
cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. serviço e administração das contas do usuário.
O serviço SmartCloud Notes fornece várias opções
que são projetadas para ajudá-lo a implementar o servi-
ço da maneira que satisfaça melhor às suas necessidades
de negócios.
É possível implementar o serviço com a assistência de
um representante IBM Software Services for Collabora-
tion ou de um Parceiro de Negócios IBM. A escolha dessa
opção depende de fatores como o tipo de ambiente do
INFORMÁTICA

SmartCloud Notes implementado e seu conhecimento e


prioridades de TI interno.
É possível escolher em uma lista de modelos de arqui-
vos de mensagens padrão que estão disponíveis no servi-
ço, por padrão, ou desenvolver um modelo customizado

15
para sua empresa. É possível desenvolver o modelo cus- SKYPE
tomizado internamente ou contratar um representante
IBM ou de terceiros para desenvolvê-lo. A aprovação de
um modelo customizado requer um pequeno contrato de
serviço com o IBM Software Services for Collaboration.
Um assinatura do Traveler está automaticamente dis-
ponível. Esta assinatura permite aos usuários acessar o
serviço através de dispositivos portáteis móveis supor-
tados. Observe que o modo ultraleve do web client su-
porta o uso de alguns dispositivos móveis sem compra Uma plataforma antiga na web (lançada em 2003)
adicional. que ainda possui alta popularidade é o Skype. A interfa-
Se você adquirir a assinatura do IBM Connections ce do Skype, programa da Microsoft, pode ser acessada
Compliance for Mail, o conteúdo do e-mail do usuário através de dispositivos móveis, pelo computador ou até
poderá ser capturado e retido para descoberta jurídica mesmo pela Alexa (assistente virtual da Amazon). Dentre
posterior. Para obter mais informações sobre este servi- seus recursos básicos estão o envio de mensagens de
ço, consulte a documentação doIBM Connections Com- texto, chamadas de voz e chamadas de vídeo com até 50
pliance for Mail. pessoas (Skype Business).
No mundo todo, o Skype é utilizado no ambiente
A liberação web do IBM SmartCloud Notes permite coorporativo para a realização de videoconferências e
experimentar o IBM® Verse, e-mail reinventado para ligações internacionais. No entanto, pessoas em outros
uma nova maneira de trabalhar. O IBM Verse usa uma li- países também a utilizam para se comunicarem com ami-
nha de design avançado, as mais recentes e rápidas aná- gos e familiares distantes. É possível também enviar SMS
lises sociais e procura facetada para ajudá-lo a priorizar e realizar chamadas para telefones de qualquer lugar do
seu trabalho, personalizar a sua experiência de trabalho e mundo através do sistema pré-pago ou da assinatura na
construir relacionamentos de trabalho mais fortes. interface.
Com o recurso de chamadas de áudio e vídeo no
APLICATIVOS DE COMUNICAÇÃO WhatsApp, o Skype tem perdido alguns usuários fre-
quentes, que optam por usar o Skype apenas de modo
coorporativo. A qualidade das chamadas do Skype, no
Algumas redes sociais se consolidaram para atender
entanto, continuam sendo um dos grandes diferenciais
uma demanda simples da população: a necessidade de da plataforma.
conversar de maneira rápida e prática. Deste modo, sur-
giram os aplicativos de bate-papo, mensagens instan-
tâneas e vídeo-chamadas. Hoje em dia quase todos os #FicaDica
aplicativos e sites de relacionamento e entretenimento
oferecem este serviço, no entanto, alguns são ou foram As redes sociais desenvolvem hábitos diá-
destinados exclusivamente à estas funções, como os rios na rotina das pessoas. Qual é o primei-
mencionados a seguir. ro aplicativo que você verifica ao acordar?
E o segundo? Seus hábitos e rotinas virtuais
GOOGLE TALK são tão inerentes à sua vida quanto a rea-
lidade física, e é por isso que o mundo vir-
tual pode ser considerado uma sociedade
dentro da própria sociedade.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS-RN – AGENTE DE


PORTARIA – COMISSÃO PERMANENTE DO VESTIBU-
LAR – 2017) O Skype e o Hangouts são aplicativos de
O Google Talk foi um serviço de chat e mensagens comunicação muito utilizados no meio empresarial, bem
instantâneas desenvolvido pelo Google em 2005, poste- como para fins pessoais. Sobre esses serviços, é correto
riormente substituído pelo Google Hangouts em 2013, afirmar:
que possui todos os poucos recursos que a antiga inter-
face possuía, como o compartilhamento de GIFs e men- a) O Skype e o Hangouts são incapazes de realizar cha-
sagens de texto simples, proposta inicial do GTalk. madas de vídeo.
b) No Skype, é possível atribuir um estado para expressar
disponibilidade (online, ocupado, ausente).
INFORMÁTICA

c) O Skype e o Hangouts permitem o envio de arquivos


de qualquer extensão.
d) Para que se possa utilizar o Hangouts, é necessário
o recebimento de um convite de alguém que já seja
usuário do serviço.

16
Resposta: Letra B
Na plataforma do Skype é possível escolher a melhor NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL
opção para que os seus contatos saibam sua dispo- (AMBIENTE LINUX E WINDOWS).
nibilidade. Ambos programas, Hangouts e Skype dis-
ACESSO A DISTÂNCIA A
põem de chamadas de vídeo e permitem o envio de
arquivos de até 200 e 300 MB respectivamente. Por
COMPUTADORES, TRANSFERÊNCIA
fim, no Google Hangouts há a possibilidade de en- DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS,
viar um convite às pessoas que não possuem conta no APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E
Google, mas os demais contatos (que já possuem uma MULTIMÍDIA
conta de e-mail Google) já ficam automaticamente
sincronizados aos contatos dos usuários.
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE LINUX E SOFTWARE
LIVRE
FONTE:
O Linux é um sistema operacional originalmente fun-
Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamate- dado em comandos, mas que vem amplificando ambien-
ria.com.br/redes-sociais/>. tes gráficos de estruturas e uso similar, e são do Win-
Matérias para Consursos. Disponível em: <http://ma- dows. Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez
teriasparaconcursos.com.br/2019/08/26/redes-sociais/>. mais aderidos, os comandos do Linux ainda são ampla-
Resultados Digitais. Disponível em: <ht- mente empregados, sendo de suma importância o co-
tps://resultadosdigitais.com.br/especiais/ nhecer e estudar.
tudo-sobre-redes-sociais/#googleplus>. Outro termo muito usado quando tratamos do Linux
We Are Social. Disponível em: <https://digitalre- é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que
port.wearesocial.com/>, <https://wearesocial.com/ faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada
global-digital-report-2019>. de software mais próxima do hardware, considerado o
Canal Tech. Disponível em: <https://canaltech.com.br/ núcleo do sistema. O Linux teve início com o desenvolvi-
apps/o-que-e-telegram/>. mento de um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds,
Portal CCM. Disponível em: <https://br.ccm.net/ em 1991, quando era apenas um estudante finlandês. Ao
faq/6855-como-funciona-o-flickr>. Kernel, que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux.
Tecno Blog. Disponível em: <https://tecnoblog.ne- Como o Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primá-
t/277442/7-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-fim- rios básicos e indispensáveis para o funcionamento da
-do-google/>. máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos
Revista Exame. Disponível em: <ht- para atender inúmeras necessidades, como por exemplo
tps://exame.abril.com.br/tecnologia/ um módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de
irrelevante-e-problematico-google-chega-ao-fim/>. vídeo lançada no mercado ou até uma interface gráfica
https://www.vejaisso.com/o-que-e-e-como-usar-o- como a que usamos no Windows.
-google-tutorial-completo-para-criar-sua-conta/ Uma forma de atender a necessidade de comunica-
Tech Tudo. Disponível em: <https://www.techtudo.com. ção entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema
br/tudo-sobre/google-talk.html>, <https://www.techtu- (SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de
do.com.br/artigos/noticia/2011/05/o-que-e-o-skype-co- espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece.
nheca-mais-uma-forma-de-comunicacao-online.html>,
<https://www.techtudo.com.br/listas/2019/03/o-que- Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada
-e-telegram-4-perguntas-e-respostas-sobre-o-rival-do- direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve
-whatsapp.ghtml>, <https://www.tecmundo.com.br/ima- utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço
gem/779-o-que-e-flickr-.htm>. do usuário/Kernel.
Canal Tech. Disponível em: <https://canaltech.com. No Linux também existem diferentes run levels de
br/utilitarios/google-talk-e-completamente-desativado-e- operação. O run level de uma inicialização padrão é o de
-da-lugar-ao-hangouts-96090/>. número 2.
Blog Rock Content. Disponível em : <https://rockcon- Como o Linux também é conhecido por ser um sis-
tent.com/blog/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/>. tema operacional que ainda utiliza bastante comandos
digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que é
exatamente o programa que possibilita o usuário digitar
comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacio-
nal e realize funções.
No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command.
com, por meio do qual era possível realizar comandos
como o dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o
INFORMÁTICA

Bash, que, para usuários comuns, aparece como símbolo


$, e para o root, aparece com o símbolo #.
Há também os termos usuário e superusuário. En-
quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de
comandos simples, ao superusuário é possível configurar

17
quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles po- • head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo
dem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios. • history – Mostra o histórico de comandos dados
Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do no terminal.
sistema. O diretório padrão que possui os programas • ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as
usados pelo superusuário para o gerenciamento e a ma- infor- mações relacionadas a cada uma delas
nutenção do sistema é o /sbin. • iptraf - Analisador de tráfego da rede com interfa-
/bin-Comandos utilizados durante o boot e por usuá- ce gráfica baseada em diálogos
rios comuns. • kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais
/sbin-Como os comandos do/bin, só que não são uti- sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo.
lizados pelos usuários comuns. • kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx.
Por esse motivo, o diretório sbin foi nomeado de su- • killall - Manda um sinal para todos os processos.
perusuário, pois há comandos que só podem ser utiliza- • less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto
dos nesse diretório. Funciona como se quem estivesse com controle
no diretório sbin fosse o administrador do sistema, com • ls - Listar o conteúdo do diretório
permissões especiais de inclusões, exclusões e também • ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório
de alterações. • ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l)
em ordem inversa (r) de data (t)
Comandos Básicos • man - Mostra informações sobre um comando
• mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado
Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos na raiz do Linux para a criação de novos diretórios.
que podemos usar no Shell do Linux:
Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o dire-
• addgroup - Adiciona grupos tório chamado “myfolder”.
• adduser - Adiciona usuários
• apropos - Faz pesquisa por palavra ou string
• cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
texto
• cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou re-
torna para home
cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exem-
plo: cd /usr/bin/
• chfn - altera informação relativa a um utilizador
• chmod -Altera as permissões de arquivos ou di-
retórios. É um comando para manipulação de ar-
quivos e diretórios que muda as permissões para
acesso para cada pessoa. Por exemplo, um diretó-
rio que poderia ser de escrita e leitura, pode passar Figura 15: Prompt “ftp”
a ser apenas leitura, impedindo que seu conteúdo
seja alterado.
• chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas • mount – Montar partições em algum lugar do
(dono) sistema.
• clear – Limpa a tela do terminal • mtr - Mostra rota até determinado IP
• cmd>>txt - adiciona o resultado do comando • mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios
(cmd) ao fim do arquivo (txt) • nano – Editor de textos básico.
• cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente • nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema opera-
• df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema cional Linux, para o compartilhamento de recursos
de arquivos pela rede
• dig - Testa a configuração do servidor DNs • netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no
• dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log) sistema.
• du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições • nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais
• du -msh - Mostra o tamanho do diretório em atrás de portas abertas.
megabytes • nslookup - Consultas a serviços DNs
• env - Mostra variáveis do sistema • ntsysv - Exibe e configura os processos de
• exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root. inicialização
• /etc – É o diretório onde ficam os arquivos de con- • passwd - Modifica senha (password) de usuários
figuração do sistema • ps - Mostra os processos correntes
• /etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de ar- • ps –aux - Mostra todos os processos correntes no
INFORMÁTICA

quivos para o diretório Home de novos usuários. sistema


• fdisk -l – Mostra a lista de partições. • ps -e – Lista os processos abertos no sistema.
• find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3 • pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt pa-
• find – Busca arquivos no disco rígido. drão do Linux mostra apenas o último nome do ca-
• halt -p – Desligar o computador. minho do diretório atual. Para mostrar o caminho

18
completo do diretório atual digite o comando Não são só comandos digitados via teclado que po-
pwd. Linux@fedora11 – é a versão do Linux que demos executar no Linux. Várias versões foram expandi-
está sendo usada. das e o kernel evoluiu bastante. Sobre ele correm as mais
help pwd – é o comando que nos mostrará o conte- diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente no
údo da ajuda sobre o pwd. A informação do help servidor de janelas XFree.Entre as mais de vinte interfaces
nos mostra que pwd imprime o nome do diretório gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.
atual.
• reboot – Reiniciar o computador.
• recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-
8859-15..utf8 file_to_change.txt
• rm - Remoção de arquivos (também remove
diretórios)
• rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
• rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
• route - Mostra as informações referentes às rotas
• shutdown -r now – Reiniciar o computador
• split - Divide um arquivo
• smbpasswd - No sistema operacional Linux, na
versão samba, smbpasswd permite ao usuário
alterar sua senha criptografada smb que é arma- Figura 16: MenuK,naversãoSuse–image-
zenada no arquivo smbpasswd (normalmente no mobtidadehttp://pt.wikibooks.org/wiki/
diretório privado sob a hierarquia de diretórios do Linux_para_iniciantes/A_interface_gr%C3%A1fica_KDE
samba). Os usuários comuns só podem executar o
comando, sem opções. Ele os levará para que sua Um dos motivos que ainda desconvence muitas pes-
senha velha smb seja digitada e, em seguida, pe- soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional,
dir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir é a quantidade de programas compatíveis com ele, o que
que a senha foi digitada corretamente. Nenhuma vem sendo resolvido com o passar do tempo. Sua inter-
senha será mostrada na tela enquanto está sendo face familiar, semelhante ao do Windows, tem ajudado a
digitada. aumentar os adeptos ao Linux.
• su - Troca para o superusuário root (é exigida a Distribuição Linux é um sistema operacional que utiliza
senha) o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem várias
• su user - Troca para o usuário especificado em versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, Debian, Fe-
‘user’ (é exigida a senha) dora, etc. Cada uma com suas vantagens e desvantagens. O
• tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem que torna a escolha de uma distribuição bem pessoal.
• tail - O comando tail mostra as últimas linhas de
um arquivo texto, tendo como padrão as 10 últi-
mas linhas. Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. FIQUE ATENTO!
Ele pode ser acrescentado de alguns parâmetros Distribuições são criadas, normalmente,
como o -n que mostra o [numero] de linhas do para atender razões específicas. Por exem-
final do arquivo; o – c [numero] que mostra o [nu- plo, existem distribuições para rodar em
mero] de bytes do final do arquivo e o – f que exi- servidores, redes - onde a segurança é prio-
be constantemente os dados do final do arquivo à ridade - e, também, computadores pessoais.
medida que são adicionados. Assim, não é possível dizer qual é a melhor
• tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que distribuição, já que ela depende do objetivo
“ouve” os pacotes do seu computador
• top – Exibe os processos do sistema e dados do
processador.
• touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio; Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamen-
também altera data e hora de modificação para to de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux
agora
• traceroute - Define uma rota do host local até o Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
destino mostrando os roteadores intermediários gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no
• umount – Desmontar partições. Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a có-
• uname -a – Informações sobre o sistema pia, recorte, colagem, movimentação e organização dos
operacional arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os dispo-
• userdel - Remove usuários sitivos de armazenamento não são nomeados por letras.
• vi - Editor de ficheiros de texto Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
INFORMÁTICA

• vim - Versão melhorada do editor supracitado máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
• which - Exibe qual arquivo binário está sendo cha- um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
mado pelo shell quando chamado via linha de um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.
comando
• who - Informa quem está logado no sistema

19
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra-
mas, e quando uma categoria é selecionada, sua descri-
ção é mostrada na parte inferior da janela. Alguns exem-
plos de categorias podemos mencionar são: Acessórios,
Educacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre outros.

Manipulação de Hardware e Dispositivos

A manipulação de hardware e dispositivos é possí-


vel ser realizada no menu Locais, Computador, através
Figura 17: Linux–Fonte:OLivroOficialdoUbuntu o qual acessamos a lista de dispositivos em execução. A
maioria dos dispositivos de hardware instalados no Li-
As principais pastas do Linux são: nux Ubuntu são meramente instalados. Quando se trata
/etc- Contém os arquivos gerais de configuração do de um pendrive, após sua conexão física, aparecerá uma
sistema e dos programas instalados. janela do gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo
/home– Cada conta de usuário possui um diretório do dispositivo. É importante, porém, lembrar-se de des-
salvo na pasta home. montar corretamente os dispositivos de armazenamento
/boot arquivos de carregamento do sistema, incluin- e outros antes de encerrar seu uso. No caso do pendrive,
do configuração do gerenciador de boot e o kernel. é possível clicar com o botão direito do mouse sobre o
/dev– Onde ficam as entradas das placas de dispositi- ícone localizado na área de trabalho e em seguida, clicar
vos como rede, som e impressoras. em Desmontar.
/lib– Bibliotecas do sistema.
/media– Contém a instalação de dispositivos como
Agendamento de Tarefas
drive de CD, pendrives, entre outros.
/opt– Utilizado por desenvolvedores de programas.
O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é feito
/proc– Armazena informações sobre o estado atual
por meio do agendador de tarefas chamado cron, que
do sistema.
permite determinar horários e intervalos para que tare-
/root–Diretório do super usuário.
fas sejam executadas. Ele possibilita detalhar comandos,
data e hora que ficam em um arquivo chamado cron-
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja,
copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, consideran- tab - arquivo de texto que armazena a lista de coman-
do que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma: dos a serem acionados no horário e data que foram
determinados.
• Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado Administração de Usuários e Grupos no Linux
para a área de transferência, mas o original conti-
nuará no local. Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de
• Recortar: Clique com o botão direito do mouse so- ambos termos:
bre o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslo-
cado para a área de transferência, sendo removido • Superusuário: É o administrador do sistema. Ele
do seu local de origem. tem acesso e permissão para executar todos os
• Colar: Clique com o botão direito do mouse no comandos.
local desejado e depois em colar. O conteúdo da • Usuário Comum: Tem as permissões configura-
área de transferência será colado. das pelo superusuário para o grupo em que se
encontra.

Outra alternativa é deixar a janela do local de origem Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino. grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos con-
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo ceder permissões aos grupos e colocar o usuário que
desejado e o transferir para o destino. queremos que tenha determinada permissão no grupo
correspondente.
Instalar, Remover e Atualizar Programas
Comandos Básicos para Grupos
Para instalar ou remover um programa, considerando
o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar • Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo
/Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives pela • Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplica- nome grupo nomeusuario
ções, Adicionar/Remover. • Definir senha para o usuário: sudo password
INFORMÁTICA

Na parte superior da janela encontramos uma linha nomeusuario


de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicati- • Remover usuário do sistema: sudo userdel
vo que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos nomeusuario
a configuração de mostrar apenas os itens suportados
pelo Ubuntu.

20
Permissões no Linux
#FicaDica
Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem
acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros es- Como no Painel de controle do Windows,
tão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As temos o centro de controle do KDE, onde
permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões é possível personalizar toda a parte gráfica,
do proprietário, permissões do grupo e permissões para fontes, temas, ícones, estilos, área de traba-
os outros usuários. lho, além da Internet, periféricos, acessibili-
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos dade, segurança e privacidade, som e con-
comuns com o ‘-‘. figurações para o administrador do sistema.
Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões
do proprietário do grupo WINDOWS
r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence
r- -Permissão para os outros usuários
O Windows assim como tudo que envolve a informá-
As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execução.
tica passa por uma atualização constante, os concursos
públicos em seus editais acabam variando em suas ver-
• Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto
veja, ou seja, leia o arquivo.
as versões do Windows quanto do Linux.
• Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
criar e alterar arquivos.
• Execução: (x, de eXecution) o usuário pode execu- software, um programa de computador desenvolvido por
tar arquivos. programadores através de códigos de programação. Os
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, signi- são considerados como a parte lógica do computador,
fica que ela não é atribuída ao usuário. uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
apenas quando o computador está em funcionamento. O
Compactação e Descompactação de Arquivos Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
o primeiro a ser instalado na máquina.
Comandos básicos para compactação e descompac- Quando montamos um computador e o ligamos pela
tação de arquivos: primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu-
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti-
gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos com- lizarmos todos os recursos do computador, com toda a
pactados com gzip. qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a
gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis. gun- Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard-
zip[opções][arquivos]descompacta arquivos. zcat[op- ware, temos que instalar o SO.
ções][arquivos]descompacta arquivos. Após sua instalação é possível configurar as placas
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar
Comandos básicos para backups os demais programas, como os softwares aplicativos e
utilitários.
tar Agrupa vários arquivos em apenas um. O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge-
compress Faz a compressão de arquivos padrão do Unix. rencia os demais programas.
uncompress Descomprime arquivos compactados A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits
pelo compress. e 64 bits está na forma em que o processador do com-
zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo putador trabalha as informações. O Sistema Operacional
compress. de 32 bits tem que ser instalado em um computador que
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits
tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows,
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso
ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta de pro-
cessos para dentro e para fora da memória, pelo arma-
zenamento de um número maior desses processos na
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o
desempenho geral do programa”.

WINDOWS 7
INFORMÁTICA

Figura 18: Centro de Controle do KDE Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
imagemobtidadehttp:// 1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_ em computador e clique em Propriedades.
gr%C3%A1fica_KDE 2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.

21
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIA-
você precisará de um processador capaz de executar MENTO DE INFORMAÇÕES; ARQUIVOS, PASTAS E
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um PROGRAMAS.
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan-
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB arquivos, ícones ou outras pastas.
ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
64 bits pode processar grandes quantidades de memó- meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários vamos no computador, estamos criando um arquivo.
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com Ícones – são imagens representativas associadas a
frequência”. programas, arquivos, pastas ou atalhos.
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
caso, é possível instalar:

• Sobre o Windows XP; Criação de pastas (diretórios)


• Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
(Win Vista), também 32 bits;
• Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
• Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
• Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
• Win 7 em um computador e formatar o HD duran-
te a instalação;
• Win 7 em um computador sem SO;

Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual


tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
chave do produto, que é um código que será solicitado
durante a instalação.
Vamos adotar a opção de instalação com formata-
ção de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft
Corporation:

• Ligue o seu computador, de forma que o Windows


seja inicializado normalmente, insira do disco de Figura 64: Criação de pastas
instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
desligue o seu computador.
• Reinicie o computador. #FicaDica
• Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer Clicando com o botão direito do mouse em
isso, e siga as instruções exibidas. um espaço vazio da área de trabalho ou ou-
• Na página de Instalação Windows, insira seu idio-
tro apropriado, podemos encontrar a opção
ma ou outras preferências e clique em avançar.
pasta.
• Se a página de Instalação Windows não aparecer
e o programa não solicitar que você pressione al- Clicando nesta opção com o botão esquer-
guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas do do mouse, temos então uma forma prá-
configurações do sistema. Para obter mais infor- tica de criar uma pasta.
mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
seu computador usando um disco de instalação do
Windows 7 ou um pen drive USB.
• Na página Leia os termos de licença, se você acei-
tar os termos de licença, clique em aceito os ter-
mos de licença e em avançar.
• Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
que em Personalizada.
• Na página onde deseja instalar Windows? clique Figura 65: Criamos aqui uma pasta
em opções da unidade (avançada). chamada “Trabalho”.
• Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
INFORMÁTICA

• Quando a formatação terminar, clique em avançar.


• Siga as instruções para concluir a instalação do
Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu-
tador e a configuração de uma conta do usuário
inicial.

22
• colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
• reiniciar o computador, que desliga e liga auto-
maticamente o sistema. Usado após a instalação
de alguns programas que precisam da reiniciali-
zação do sistema para efetivarem sua instalação,
durante congelamento de telas ou travamentos da
máquina.
• realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
Figura 66: Tela da pasta criada usuário do mesmo computador.

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7
quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir- Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e um clique no botão Iniciar.
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra 2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
de tarefas, que traz uma série de particularidades, como: dos como atalhos na barra de tarefas para serem
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
Figura 68: Barra de tarefas idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são
1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato configurados para entrar em ação quando o com-
com todos os outros programas instalados, programas putador é iniciado. Muitos deles ficam em exe-
que fazem parte do sistema operacional e ambientes de cução o tempo todo no sistema, como é o caso
configuração e trabalho. Com um clique nesse botão, de ícones de programas antivírus que monitoram
abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém constantemente o sistema para verificar se não há
opções que nos permitem ver os programas mais aces- invasões ou vírus tentando ser executados.
sados, todos os outros programas instalados e os recur- 5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de relógio constantemente na sua tela, clicando duas
acesso para todas as opções disponíveis no computador. vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco-
INFORMÁTICA

Por meio do botão Iniciar, também podemos: ne, acessamos as Propriedades de data e hora.
• desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;

23
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho
muito grande, são excluídos sem irem antes para a Lixei-
ra. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma men-
sagem, ou perguntando se realmente deseja enviar aquele
item para a Lixeira, ou avisando que o que foi selecionado
será permanentemente excluído. Outra forma de excluir do-
cumentos ou pastas sem que eles fiquem armazenados na
Lixeira é usar as teclas de atalho Shift+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
Figura 70: Propriedades de data e hora que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos. Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas
Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:
Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.

Figura 71: Restauração de arquivos


enviados para a lixeira

A restauração de objetos enviados para a lixeira pode


ser feita com um clique com o botão direito do mouse
sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
o arquivo para seu local de origem.

#FicaDica
INFORMÁTICA

Outra forma de restaurar é usar a opção


“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.
Figura 73: Propriedades da barra de
tarefas e do menu iniciar

24
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: • Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
• Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela bém permite alterar sons do sistema, reproduzir
seja posicionada em outros cantos da tela que não CDs automaticamente, configurar modo de eco-
seja o inferior, ou seja, impede que seja arrastada nomia de energia e atualizar drives de dispositivos
com o botão esquerdo do mouse pressionado. instalados.
• Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul- • Programas: através desta opção, podemos reali-
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar zar a desinstalação de programas ou recursos do
maior aproveitamento da área da tela pelos pro- Windows.
gramas abertos, e a exibe quando o mouse é posi- • Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui al-
cionado no canto inferior do monitor. teramos senhas, criamos contas de usuários, deter-
minamos configurações de acesso.
• Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela,
menu iniciar e barra de tarefas.
• Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação
de números e moedas.
• Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com-
putador às necessidades visuais, auditivas e moto-
ras do usuário.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Computador


Iniciar

Pela figura acima podemos notar que é possível a apa- #FicaDica


rência e comportamento de links e menus do menu Iniciar.
Através do “Computador” podemos consul-
tar e acessar unidades de disco e outros dis-
positivos conectados ao nosso computador.

Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em


Computador. A janela a seguir será aberta:

Figura 21: Barra de Ferramentas

Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alterar


configurações do Windows, como aparência, idioma, confi-
gurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele é possí-
vel personalizar o computador às necessidades do usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:

• Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do


sistema e da segurança”, permite a realização de
Figura 76: Computador
backups e restauração das configurações do sis-
tema e de arquivos. Possui ferramentas que per-
Observe que é possível visualizarmos as unidades de
mitem a atualização do Sistema Operacional, que
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
exibem a quantidade de memória RAM instalada
Vemos também informações como o nome do computa-
no computador e a velocidade do processador.
dor, a quantidade de memória e o processador instalado
Oferece ainda, possibilidades de configuração de
na máquina.
Firewall para tornar o computador mais protegido.
INFORMÁTICA

• Rede e Internet: mostra o status da rede e possibili-


ta configurações de rede e Internet. É possível tam-
bém definir preferências para compartilhamento
de arquivos e computadores.

25
WINDOWS 8 Grupos de Aplicativos

É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu- parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente podem ser renomeados.
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
rios acostumados com o antigo visual desse sistema. Visualizar as pastas
A tela inicial completamente alterada foi a mudança
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas A interface do programas no computador podem ser
as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini- vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial
para ter acesso aos programas que mais utiliza. Compartilhar e Receber
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer Comando utilizado para compartilhar conteúdo,
um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizan- enviar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na op-
do uma das pastas e não encontre algum comando, cli- ção Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar.
que com o botão direito do mouse para que esse painel Há também a opção Dispositivo que é usada para re-
apareça. ceber e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao
A organização de tela do Windows 8 funciona como computador.
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica- Alternar Tarefas
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
área de trabalho, que representam aplicativos de versões Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os pro-
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe- gramas abertos no desktop e os aplicativos novos do SO.
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma lista
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados na lateral esquerda que mostra os aplicativos modernos.
automaticamente. Telas Lado a Lado
A tela pode ser customizada conforme a conveniên-
cia do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
mas podem ser encontrados clicando com o botão direito do to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que um des- ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom-
ses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com o botão panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na Tela Inicial. computador.

Charms Bar
Visualizar Imagens
O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa e
esse recurso possibilita “esconder” algumas configurações O sistema operacional agora faz com que cada vez
e aplicações. É uma barra localizada na lateral que pode ser que você clica em uma figura, um programa específico
acessada colocando o mouse no canto direito e inferior da abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. Essa fun- isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
ção substitui a barra de ferramentas presente no sistema lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
e configurada de acordo com a página em que você está. Program as Default.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial Imagem e Senha
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao
papel de parede. invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
Redimensionar as tiles em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou- imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di- colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor. pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto.
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
INFORMÁTICA

destacar no computador. imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou-
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez,
repita os movimentos para acessar seu computador.

26
Internet Explorer no Windows 8 Windows 10 Mobile Enterprise

Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de porativo. Também estará disponível através do Licencia-
ferramentas e menus. mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
WINDOWS 10 para o mercado corporativo.
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que Windows 10 IoT Core
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
soft indica como requisitos básicos dos computadores:

• Processador de 1 Ghz ou superior;


• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits);
Figura 77: Tela do Windows 10 • Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver- ou maior.
sões (com destaque para as duas primeiras):

Windows 10 EXERCÍCIOS COMENTADOS

É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a


1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere
maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
que o usuário de um computador com sistema opera-
e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.
cional Windows 7 tenha permissão de administrador e
deseje fazer o controle mais preciso da segurança das
Windows 10 Pro conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu-
tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu-
Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro- rança avançado do firewall do Windows para especificar
teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc- precisamente quais aplicativos podem e não podem fa-
ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes
Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má- podem, ou não, ser externamente acessados.
quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
realizar conexões a uma rede corporativa. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Windows 10 Enterprise Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede


de fogo) é um dispositivo de uma rede de compu-
Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio tadores que tem por objetivo aplicar uma política de
do Licenciamento por Volume, voltado a empresas. segurança a um determinado ponto da rede. O fire-
wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli-
Windows 10 Education cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a
redes TCP/IP.
Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender Este dispositivo de segurança existe na forma de soft-
as necessidades do meio educacional. Também tem seu ware e de hardware, a combinação de ambos é cha-
método de distribuição baseado através da versão aca- mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade
dêmica de licenciamento de volume. de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con-
Windows 10 Mobile trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do
INFORMÁTICA

grau de segurança desejado.


Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
sia como um sistema operacional único, os smartphones
com o Windows 10 possuem uma versão específica do
sistema operacional compatível com tais dispositivos.

27
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a
a atualização de programas na plataforma Linux a serem computadores com outros sistemas operacionais, com-
efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem
por meio das opções install e upgrade, respectivamente. de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando das por meio de interrupção do fornecimento de energia
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador elétrica.
do sistema.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos-
Resposta: Errado. O comando para a atualização é sui a vantagem de não perder dados caso a máquina
“sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa- seja desligada por meio de interrupção do forneci-
cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co- mento de energia elétrica.
mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo
realmente permite a usuários comuns obter privilégios 7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicializa-
de outro usuário como o administrador ção GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Li-
nux, podem ser acessadas por uma interface de linha de
3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu- comando.
tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o
aumento da memória virtual possibilita a redução do ( ) CERTO  ( ) ERRADO
consumo de memória RAM em uso, o que permite exe-
cutar, de forma paralela e distribuída, no computador, Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini-
uma quantidade maior de programas. cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura-
ção, assim como é possível alterar as opções de inicia-
( ) CERTO  ( ) ERRADO lização do Windows (em Win+Pause, Configurações
Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais cialização e Recuperação).
eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna-
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de 8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside-
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op- re que um usuário de login joao_jose esteja usando o
ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
do PC for insuficiente para a execução de demasiados de um computador com ambiente Windows 7. Considere
programas. ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste- do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio-
ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo, tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais
diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no
cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di-
gravados nas unidades de disco nas quais permanecem retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos.
até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha-
ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux.
Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\
( ) CERTO  ( ) ERRADO Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas
estarem em outro diretório, se forem feitas configu-
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windo- rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu-
ws conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si ração em português o diretório dos documentos do
pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS. usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu-
ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria
5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta.
Windows, não há possibilidade de o usuário interagir O item considera o comportamento padrão do siste-
com o sistema operacional por meio de uma tela de ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação
computador sensível ao toque. não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente
a este sistema software. A premissa de que a informa-
( ) CERTO  ( ) ERRADO ção fosse apresentada na barra de ferramentas não
compromete o entendimento da questão.”
Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win-
INFORMÁTICA

dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade 9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
de que a tela seja sensível ao toque. ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar
arquivos de um diretório para um pen drive.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

28
Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a execução de vários comandos por meio de um console. O co-
mando “cp” é utilizado para copiar arquivos entre diretórios e arquivos para dispositivos.

10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se clicar a opção , será exibida uma janela por meio da
qual se pode verificar diversas propriedades do arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com periféricos pode ser realizada por meio de diferentes interfaces.
Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que podem ser consultadas ao se ativar as propriedades de um arquivo
estão as opções: tamanho e os seus atributos.

MICROSOFT WINDOWS 10

Windows 10 é a mais recente versão do sistema operacional da Microsoft. Multiplataforma, o download do software
pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windows Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile) como smartpho-
nes e tablets. Une a interface clássica do Windows 7 com o design renovado do Windows 8 e 8.1, criando um ambiente
versátil capaz de se adaptar a telas de todos os tamanhos e perfeito para uso com teclado e mouse, como o tradicional
desktop.
Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades:

Menu Iniciar

O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava toda a área do monitor. Muitos usuários não conseguiram se
adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft trouxesse o menu Iniciar de volta no Windows 10.
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem fixar tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos
disponibilizados através da Windows Store.
O menu também pode ser expandido automaticamente no modo Tablet para se comportar como a tela inicial do
Windows 8 e 8.1.

Cortana
INFORMÁTICA

A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Microsoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela também
estará presente nos PCs.
A Cortana permite que os usuários façam chamadas no Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem com-
promissos agendados, definam lembretes, configurem o alarme, tomem notas e muito mais.

29
Microsoft Edge

A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador subs-
tituirá o Internet Explorer como o navegador padrão do Windows.
O novo navegador foi desenvolvido como um app Universal e receberá novas atualizações através da Windows
Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui suporte
para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta melhor a diferentes tamanhos de tela.
Com ele os usuários também poderão fazer anotações em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue na Web com você e assim encontre informações úteis que
podem te ajudar.
INFORMÁTICA

Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a Cortana encontrará informações como horários de funciona-
mento, telefone, endereço e até mesmo reviews.

Você também poderá fazer perguntas para a Cortana durante a navegação.

30
Áreas de trabalho virtuais
O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com este
recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas de trabalho com programas específicos abertos em cada uma delas.
Por exemplo, você pode deixar uma janela do Internet Explorer visível em uma área de trabalho enquanto trabalha no
Word em outra.
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Windows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desktop
Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta no máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto que no
Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum

O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos híbridos que combinam tablet e notebook. Com este modo
o usuário pode alternar facilmente entre o uso do híbrido como tablet e como notebook, basicamente combinando a
simplicidade do tablet com a experiência de uso tradicional.

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavillion x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10 pode
ser configurado para que entre no modo Tablet automaticamente. Com isso não é necessário perder tempo mexendo
nas configurações quando for necessário usar o híbrido como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Windows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração, a Microsoft conectou um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado Bluetooth
para usar o aparelho em um modo que oferece mais produtividade. Com isso o smartphone basicamente se transfor-
mou em um PC com área de trabalho e tudo.

Nova Windows Store

Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a nova Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A Microsoft
também já confirmou que ela também oferecerá aplicativos Win32 tradicionais.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Business”, que oferecerá aplicativos para usuários finais e aplicativos
privados voltados para ambientes corporativos e organizações.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto específico de aplicativos que serão instalados nos computa-
dores disponíveis para os alunos.

08 – Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações
do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação e VPN.
INFORMÁTICA

31
Novos aplicativos Email e Calendário

Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma interface melhorada e oferecem mais recursos do que as atuais
versões para Windows 8.1.
No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor de texto mais rico baseado no app Universal do Word para
Windows 10 e também permite que o usuário utilize um plano de fundo personalizado para o app.
INFORMÁTICA

32
Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que o
usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/semana/mês mais facilmente.

Novo Painel de Controle moderno

A última das 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo é o novo Painel de Controle moderno do sistema
operacional. Ele oferece bem mais opções que a versão moderna presente no Windows 8.1, o que é uma boa notícia
para os usuários.

INFORMÁTICA

33
Como muitas das coisas mais refinadas da vida, o Explorador de Arquivos ficou melhor com a idade. Para verificá-lo
no Windows 10, selecione o ícone na barra de tarefas ou no menu Iniciar ou pressione a tecla do logotipo do Windows
+ E no seu teclado.

Veja a seguir algumas alterações importantes para o Windows 10:

O OneDrive agora faz parte do Explorador de Arquivos.


Quando o Explorador de Arquivos for aberto, você entrará no Acesso rápido. As pastas usadas com frequência e
os arquivos usados recentemente ficam listados ali, assim você não precisa procurar por eles uma série de pastas para
encontrá-los.
INFORMÁTICA

34
Agora, você pode usar aplicativos para compartilhar arquivos e fotos diretamente de Explorador de Arquivos. Sele-
cione os arquivos que deseja compartilhar, acesse a guia Compartilhar, selecione o botão Compartilhar e, em seguida,
escolha um aplicativo.

Se você está migrando do Windows 7, veja algumas diferenças mais:

Meu computador agora é chamado Este Computador e ele não aparecerá na área de trabalho por padrão.

#FicaDica
As bibliotecas não aparecerão no Explorador de Arquivos, a menos que você queira. Para adicioná-las ao
painel esquerdo, selecione a aba Exibição > Painel de navegação > Mostrar bibliotecas.

PERSONALIZAÇÃO

Tela de fundo: Aqui você pode selecionar uma nova imagem para sua tela de fundo, bem como ajustá-la para
preencher a tela, ficar centralizada, lado a lado, entre outras opções.
Cores: Escolha a cor de destaque na tela de fundo, do menu Iniciar, barra de tarefas e Central de Ações. Também é
possível optar por deixá-los transparentes.
Tela de bloqueio: A imagem de fundo da tela de bloqueio também pode ser facilmente definida neste menu, que
traz ainda opções para escolher aplicativos que serão exibidos na tela de bloqueio. Ao todo, oito aplicativos podem ser
destacados nesta seção, sendo que um deles pode oferecer informações mais detalhadas.
INFORMÁTICA

35
Temas: Oferece acesso ao menu que permite escolher um tema para alterar a tela de fundo da área de trabalho, a
cor e os sons de uma só vez.
Iniciar: Aqui você pode escolher mostrar os aplicativos mais utilizados, juntamente com aplicativos adicionados
recentemente. Você também pode escolher quais pastas aparecem no menu Iniciar.

Sobre a Área de trabalho do Windows 10

Cada vez que você entra num computador com sistema operacional Windows, a Área de Trabalho do sistema é
aberta.
INFORMÁTICA

Como funciona esta Área de trabalho ou Desktop?


Na área de trabalho do Windows 10 estão os acessos diretos a alguns aplicativos assim como à barra de tarefas que
está localizado na parte inferior da tela. Talvez, para poder vê-la, é preciso passar o mouse ou a mão na parte inferior
da tela caso seja um dispositivo móvel.

36
Como adicionar atalhos na Área de trabalho? 

Se há um programa ou aplicativo que você usa frequentemente, é recomendado criar um atalho na área de trabalho
para poder acessá-lo mais fácil e rapidamente. Para fazer isso, clique no ícone do programa e o arraste para a área de
trabalho soltando-o no lugar que você quer vê-lo.

INFORMÁTICA

37
Como organizar os ícones? 

Se depois de adicionar vários ícones na área de trabalho eles ficarem desorganizados, você pode organizá-los por
nome, tamanho, tipo de item ou data de modificação. Para fazer isso, basta clicar com o mouse direito na área de tra-
balho e aparecerá um menu com a opção Classificar por onde você pode escolher uma das opções.

Resolução de tela do Windows 10

O Windows 10, por padrão, vem configurado para usar a resolução nativa do monitor – aquela que melhor se adap-
ta ao tamanho da sua tela. Entretanto, se preferir, o usuário pode escolher uma configuração personalizada de forma
rápida e simples. Com isso é possível aumentar o tamanho dos itens da tela - ideal pra quem tem problemas de visão.
Veja como ajustar manualmente a resolução do computador com a última versão do sistema da Microsoft.

Passo 1. Clique com o botão direito do mouse sobre o papel de parede e, no menu de contexto, clique em “Confi-
gurações de exibição”;
INFORMÁTICA

38
Acesse as configurações de vídeo do Windows 10 (Foto: Reprodução/Helito Bijora)

Passo 2. Role a página de ajustes de vídeo até o fim e clique em “Configurações de vídeo avançadas”;

Abra as configurações avançadas (Foto: Reprodução/Helito Bijora)

Passo 3. Em “Resolução”, selecione a opção desejada e clique em “Aplicar”;

INFORMÁTICA

39
Definindo uma resolução de tela personalizada (Foto: Reprodução/Helito Bijora)

Passo 4. Por fim, caso tenha chegado ao resultado esperado e queira usar a resolução escolhida, clique em “Manter
alterações”.

Clique no botão indicado para aplicar a nova resolução de forma definitiva (Foto: Reprodução/Helito Bijora)

Os gadgets foram descontinuados

Não há mais gadgets disponíveis em nosso site porque a plataforma da Barra Lateral do Windows no Windows 7
apresenta vulnerabilidades sérias. A Microsoft retirou o recurso nas versões mais recentes do Windows. Os gadgets
podem ser violados para danificar seu computador, acessar seus arquivos, mostrar conteúdo inadequado ou mudar
de comportamento a qualquer momento. Um criminoso pode até mesmo usar um gadget para assumir total controle
de seu computador. Se você estiver preocupado com a segurança dos gadgets que você baixou, saiba mais sobre os
gadgets e as etapas a serem seguidas para proteger seu computador.

Aplicativos são mais funcionais e mais seguros

Os gadgets não estão mais disponíveis. Em vez disso, o Windows 10 agora vem com diversos aplicativos com várias
INFORMÁTICA

funcionalidades semelhantes e muito mais. Você pode obter mais aplicativos de jogos a calendários. Alguns aplicativos
são versões melhores dos gadgets que você conhece e adora, e muitos deles são gratuitos.

40
O menu Iniciar

A tela ou menu Iniciar do Windows 10 voltou a ter a forma clássica que tínhamos nos sistemas operacionais com o
Windows XP ou Vista combinado com a tela inicial do Windows 8.
Para acessar este menu, você deve clicar no ícone do Windows localizado na barra de tarefas no canto inferior es-
querdo da tela.

O que tem no menu Iniciar?

No lado direito da tela você verá alguns aplicativos em pequenos quadradinhos, já no lado esquerdo terá acesso
rápido aos programas que você mais usa. Mais embaixo estão as opções para abrir o navegador de arquivos, configu-
ração, a opção para desligar e um comando para acessar todos os aplicativos que estejam instalados no equipamento.

INFORMÁTICA

41
Como personalizar o menu Iniciar? 

Se você quiser dar um toque pessoal ao seu menu Iniciar, o Windows lhe permite modificar os aplicativos que
aparecem. Você também pode organizá-los conforme seu gosto. Aprenda como fazer, seguindo estes simples passos: 

Passo 1: 
Clique com o mouse direito em um dos aplicativos que aparecem no menu Iniciar. 

Passo 2: 
No menu que aparece você deve clicar em Redimensionar e escolha uma das opções.

Mover um aplicativo no menu Iniciar 

Você também pode organizar os ícones dos aplicativos da maneira que você quiser. Para fazer isso, basta clicar
sobre o programa que você deseja mover pressionando o mouse e arrastando para a posição desejada. 

Conforme você vai movendo o ícone, ele vai se encaixando automaticamente.


INFORMÁTICA

42
Remover um aplicativo do menu Iniciar 

Outra opção para personalizar o menu Iniciar é apagando o acesso rápido aos aplicativos que você não quer que
apareçam. É muito simples, basta clicar com o mouse direito no programa que pretende remover e selecionar Desafi-
xar de Iniciar.
Ao fazer esta operação o aplicativo não será eliminado do seu computador, só vai sair do menu Iniciar. No entanto,
você poderá encontrá-lo na sua lista de aplicativos.

Bibliotecas do Windows

Bibliotecas são contêineres virtuais para o conteúdo dos usuários. Uma biblioteca pode conter arquivos e pastas
armazenadas no computador local ou em um local de armazenamento remoto. No Windows Explorer, os usuários
interagem com as bibliotecas de maneira semelhante a como elas interagiram com outras pastas. As bibliotecas são
criadas com base nas pastas conhecidas herdadas (como meus documentos, minhas imagens e minhas músicas) às
quais os usuários estão familiarizados e essas pastas conhecidas são incluídas automaticamente nas bibliotecas padrão
e definidas como o local de salvamento padrão.

Conteúdo da biblioteca

Incluir uma pasta em uma biblioteca não move ou altera fisicamente o local de armazenamento de arquivos ou pas-
tas; a biblioteca é uma exibição dessas pastas. No entanto, os usuários que interagem com arquivos em uma biblioteca
são copiar, mover e excluir os próprios arquivos, não cópias desses arquivos.

Bibliotecas padrão e pastas conhecidas

As bibliotecas padrão incluem:

• Documentos
• Música
• Imagens
• Vídeos

As bibliotecas são criadas com base nas pastas conhecidas herdadas (como meus documentos, minhas imagens e
minhas músicas) às quais os usuários estão familiarizados. Essas pastas conhecidas são incluídas automaticamente nas
INFORMÁTICA

bibliotecas padrão e definidas como o local de salvamento padrão. Ou seja, quando os usuários arrastam, copiam ou
salvam um arquivo na biblioteca de documentos, o arquivo é movido, copiado ou salvo na pasta meus documentos.
Administradores e usuários podem alterar o local padrão de salvar para.

43
Ocultar bibliotecas padrão

Os usuários ou administradores podem ocultar ou excluir as bibliotecas padrão, embora o nó bibliotecas no pai-
nel de navegação não possa ser ocultado ou excluído. É preferível ocultar uma biblioteca padrão para excluí-la, pois
aplicativos como o Windows Media Player dependem das bibliotecas padrão e serão recriadas se não existirem no
computador. Veja como ocultar bibliotecas padrão para obter instruções.

Locais de salvamento padrão para bibliotecas

Cada biblioteca tem um local de salvamento padrão. Os arquivos são salvos ou copiados para este local se o usuário
optar por salvar ou copiar um arquivo em uma biblioteca, em vez de um local específico na biblioteca. As pastas conhe-
cidas são locais de salvamento padrão; no entanto, os usuários podem selecionar um local de salvamento diferente. Se
o usuário remover o local de salvamento padrão de uma biblioteca, o próximo local será automaticamente selecionado
como o novo local de salvamento padrão. Se a biblioteca estiver vazia nos locais ou se todos os locais incluídos não
puderem ser salvos, a operação de salvamento falhará.

Requisitos de indexação e bibliotecas “básicas”

Alguns recursos de biblioteca dependem do conteúdo das bibliotecas que estão sendo indexadas. Locais de biblio-
teca devem estar disponíveis para indexação local ou serem indexadas de forma de acordo com o protocolo de inde-
xação do Windows. Se a indexação não estiver habilitada para um ou mais locais em uma biblioteca, toda a biblioteca
será revertida para a funcionalidade básica:
Não há suporte para navegação de metadados por meio de visões organizadas por.
Somente grep-pesquisas.
Somente o grep-sugestões de pesquisa. As únicas propriedades disponíveis para sugestões de entrada são data
modificada e tamanho.
Não há suporte para pesquisa no menu iniciar. As pesquisas do menu Iniciar não retornam arquivos de bibliotecas
básicas.
Nenhuma visualização de trechos de arquivo para resultados de pesquisa retornados no modo de conteúdo.
Para evitar essa funcionalidade limitada, todos os locais na biblioteca devem ser indexados, locais ou remotamente.
Quando os usuários adicionam pastas locais a bibliotecas, o Windows adiciona o local ao escopo de indexação e in-
dexa o conteúdo. Locais remotos que não são indexados remotamente podem ser adicionados ao índice local usando
a sincronização de arquivos offline. Isso dá ao usuário os benefícios do armazenamento local, mesmo que o local seja
remoto. A criação de uma pasta “sempre disponível offline” cria uma cópia local dos arquivos da pasta, adiciona esses
arquivos ao índice e mantém as cópias locais e remotas sincronizadas. Os usuários podem sincronizar manualmente
locais que não estão indexados remotamente e não estão usando o redirecionamento de pastas para obter os benefí-
cios de serem indexados localmente.

Agora Meu Computador é Este Computador

Localizá-lo

Para acessar Este Computador no Windows 10, abra o Explorador de Arquivos na barra de tarefas e selecione Este
Computador no painel esquerdo.
INFORMÁTICA

44
Fixá-lo na Tela Inicial

Se quiser que Este Computador apareça no menu Iniciar, abra o Explorador de Arquivos, clique com o botão direito
do mouse (ou pressione e segure) em Este Computador no painel esquerdo e selecione Fixar na Tela Inicial.

Agora, há um bloco Este Computador no menu Iniciar.

Adicioná-lo à área de trabalho

Para criar um atalho na área de trabalho, abra o Explorador de Arquivos, selecione Este Computador no painel es-
querdo e, em seguida, arraste-o para sua área de trabalho.

Lixeira

A Lixeira fornece uma segurança quando arquivos ou pastas são excluídos no Windows. Quando você exclui qual-
quer um desses itens do disco rígido, o Windows o coloca na Lixeira e o ícone Lixeira se transforma de vazio em cheio.
Os itens excluídos de um disquete ou de uma unidade de rede são excluídos permanentemente e não são enviados
para a Lixeira.
INFORMÁTICA

Os itens na Lixeira permanecem nela até que você decida excluí-los permanentemente do computador. Esses itens
ainda ocuparão espaço no disco rígido, poderão ser restaurados para seu local original ou sua exclusão poderá ser
desfeita.
Se você tiver pouco espaço no disco rígido, lembre-se sempre de esvaziar a Lixeira. Também é possível restringir o
tamanho da Lixeira para limitar a quantidade de espaço no disco rígido ocupada por ela.

45
Quando você exclui um arquivo, ele é movido para school podem precisar de uma ajudinha na hora de uti-
a lixeira. Se você mudar de ideia, é possível restaurar o lizar o app Configurações. Por este motivo, elaboramos
arquivo para o seu lugar original, mas caso desejar ex- um guia que vai ajudá-los a controlar facilmente o novo
cluí-lo definitivamente, basta esvaziar a lixeira. sistema operacional da Microsoft.

Para excluir um arquivo do computador, você pode Como acessar as Configurações e o Painel de
usar três maneiras diferentes. Controle

Opção 1: Vamos começar pelo básico: onde está o novo menu


de Configurações? Existem algumas opções diferentes
Clique sobre o arquivo e arraste-o até o ícone da Li- para você acessá-lo:
xeira que está localizada na área de trabalho.
No modo desktop, clique em Iniciar e selecione a op-
Opção 2: ção Configurações no canto inferior esquerdo do menu;

Selecione o arquivo que você deseja excluir e clique No modo tablet, clique no ícone de Todos os Aplica-
com o mouse direito sobre ele. Um menu será aberto tivos, localizado no canto inferior esquerdo, para exibir a
onde você deve clicar em Excluir. lista de todos os apps e encontrar a opção Configurações;

Opção 3 Em qualquer um dos modos, você sempre pode re-


Selecione o arquivo que você quer excluir e clique na correr à Central de Ações, localizada no canto inferior
tecla Delete. Se desejar excluir mais de um arquivo, pode direito, ao lado do relógio. Nela é possível ver a opção
selecioná-los com a tecla Control (Ctrl). “Todas as Configurações”;
Excluir arquivos no PC usando o teclado
Você também pode optar pelo atalho de teclado: te-
Esvaziar a lixeira cla do logotipo do Windows + I.

Para esvaziar a Lixeira, você só tem que dar um clique


direito sobre o ícone localizado na área de trabalho. Um
menu abrirá e você deve selecionar a opção Esvaziar Li-
xeira e pronto! Todos os arquivos que se estão ali serão
definitivamente excluídos do seu computador.
Para excluir ou restaurar arquivos da Lixeira
1. Na área de trabalho, clique duas vezes em Lixeira.
2. Siga um destes procedimentos:

• Para restaurar um item, clique nele com o botão


direito do mouse e clique em Restaurar.
• Para restaurar todos os itens, no menu Editar, cli-
que em Selecionar tudo e, no menu Arquivo, clique
em Restaurar.
Já o bom e velho Painel de Controle pode ser aberto
Painel de Controle por meio de um clique com o botão direito do mouse no
canto inferior esquerdo da tela, sobre o botão do menu
O Painel de Controle é uma das ferramentas mais Iniciar. No menu que irá surgir, basta procurar por “Painel
importantes do Windows, pois permite personalizar as de Controle”. Outra forma de encontrá-lo é digitar “Pai-
configurações do computador. Com o lançamento do nel de Controle” da barra de pesquisa do Windows.
Windows 8, a Microsoft resolveu apostar em um novo
aplicativo chamado “Configurações do PC” para delegar
algumas tarefas que antes eram feitas apenas no Painel
de Controle.
O Windows 10 manteve o novo aplicativo, simplifi-
cando seu nome para “Configurações” e concedendo
mais responsabilidades a ele. O novo menu adotou o
lado intuitivo do Painel de Controle do Windows 7 e di-
minuiu a necessidade do usuário acessar constantemen-
te a ferramenta para personalizar seu desktop.
INFORMÁTICA

No entanto, apesar da mudança benéfica, alguns


usuários – principalmente aqueles que não utilizaram
o Windows 8 – estão um pouco perdidos em relação
às configurações do Windows 10. Acostumados a re-
correr ao Painel de Controle para tudo, os usuários old

46
Primeiros passos na configuração do Windows 10

Quando você precisar verificar sua impressora, mouse, conexão à internet, ou então personalizar sua tela de fundo,
entre outras coisas, basta acessar o menu Configurações. As opções de ajuste encontradas no app são as seguintes:

Adequado tanto para uso com mouse quanto para telas sensíveis ao toque, o app lista as várias configurações que
você pode personalizar. Ao selecionar um dos grupos acima, você irá visualizar as opções de configuração do lado es-
querdo da janela e, em seguida, basta tocar em cada uma delas para ver as diferentes mudanças que você pode realizar.

Gerenciamento do sistema operacional

Cada botão disponível no app reúne um conjunto de configurações que vão mudar a maneira como seu PC fun-
INFORMÁTICA

ciona. Quando você tiver dúvidas sobre onde encontrar alguma configuração específica no seu Windows 10, basta
consultar este guia e utilizar o atalho Ctrl+F para localizá-la no texto.

Veja quais são as opções de ações encontradas no app Configurações e o que é possível fazer em cada uma delas:

47
SISTEMA

Economia de bateria: Além de verificar o uso da ba-


teria e o tempo restante estimado, neste menu também
é possível configurar seu notebook ou tablet para ativar
a economia de bateria automaticamente se ela estiver
abaixo de uma determinada porcentagem – assim como
acontece com smartphones e tablets.
Tela: Permite que você encontre ferramentas para
ajustar o monitor do seu computador (orientação, ta-
manho do texto, brilho, etc). A opção “Configurações de
vídeo avançadas”, localizada no canto inferior da janela
direito, permite alterar a resolução de tela.
 Notificações e ações: Nesta seção é possível geren-
ciar as notificações do sistema e de aplicativos especí-
ficos, bem como escolher as ações rápidas que serão
exibidas na Central de Ações e selecionar os ícones que
aparecem na barra de tarefas.

Energia e suspensão: Para otimizar ainda mais o uso


Aplicativos e recursos: Aqui é possível desinstalar ou da bateria, use este menu para configurar o tempo em
mover aplicativos de uma unidade para outra. que a tela ficará ativa e também o tempo de uso antes
que o computador seja automaticamente suspenso.
Multitarefas: Traz opções de ajuste das janelas duran- Armazenamento: Descubra o que está ocupando es-
te o modo multitarefa, além de trazer opções de configu- paço no seu computador, a quantidade de espaço res-
ração das áreas de trabalho virtuais. tante que você tem no seu HDD ou SSD e altere o local
Modo Tablet: Se você está utilizando um dispositivo em que novos apps, músicas, documentos, fotos e vídeos
INFORMÁTICA

híbrido, não deixe de verificar as configurações do Modo serão salvos por padrão.
Tablet, ativando o modo touch-friendly e outras opções Mapas offline: Este pode parecer um recurso um
úteis que tornarão a interação com o seu display sensível tanto inútil se você não estiver usando um tablet, mas
ao toque muito mais satisfatória. se você estiver preocupado com o uso de dados, então
ele pode ser extremamente bem-vindo. Baixe mapas de

48
diversas regiões do mundo para acessá-los sem a necessidade de uma conexão com a internet.

Aplicativos padrão: Este menu ajuda a configurar quais aplicativos são usados para quais tarefas, oferecendo a pos-
sibilidade de acessar a loja do Windows para encontrar uma alternativa ou selecionar um que já tenha sido instalado.
Sobre: Aqui você vai encontrar o nome do seu PC, grupo de trabalho e a versão do Windows que está sendo exe-
cutada, juntamente com informações sobre CPU e RAM. As informações são praticamente as mesmas encontradas
anteriormente por meio de um clique com o botão direito em Computador, no Windows Explorer, e a escolha da opção
Propriedades.

DISPOSITIVOS

INFORMÁTICA

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Impressoras e scanners: Permite adicionar novos har- REDE E INTERNET
dwares, além de configurar seu dispositivo para evitar o
download de drivers, informações e apps durante o uso
de planos de internet limitados. A opção “Configurações
relacionadas” abre janelas do antigo Painel de Controle.
Dispositivos conectados: Supervisiona outros tipos
de hardware, exceto impressoras e scanners, que já es-
tejam conectados.
Bluetooth: Gerencie dispositivos Bluetooth e configu-
rações relacionadas.
Mouse e touchpad: Permite ajustes simples, como a
escolha do principal botão do mouse e tempo de atraso
antes do início dos cliques no touchpad.
Digitação: Configurações relacionadas à verificação e
correção ortográfica.
Reprodução automática: Permite configurar este re-
curso e definir padrões de ação para drives removíveis
e cartões de memória. Você pode definir o Explorador
de Arquivos para exibir os arquivos sempre que você in-
serir um cartão de memória, por exemplo, ou até mes-
mo importar automaticamente o conteúdo para seu
computador.

Wi-Fi: Exibe as configurações de conexões de rede


sem fio, bem como configurações relacionadas (opções
de adaptador, opções avançadas de compartilhamento,
etc).

Modo avião: Um simples interruptor permite parar


toda a comunicação sem fio do dispositivo.

Uso de dados: Exibe a quantidade de dados consu-


midos pelo PC nos últimos 30 dias, bem como sua fonte
(Wi-Fi ou Ethernet). Clique em “Detalhes de Uso” para ver
informações sobre o consumo de dados de cada aplica-
tivo instalado na máquina.

VPN: Se você estiver usando uma VPN (Rede Privada


Virtual), configure-a clicando em “+ Adicionar uma cone-
xão VPN” e insira os detalhes relevantes.
INFORMÁTICA

Conexão discada: No caso improvável de você estar


usando uma conexão discada à Internet, você pode con-
figurá-la neste menu.
Ethernet: Esta seção oferece ferramentas adequadas
para configurar sua conexão de rede local.

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Proxy: Permite ajustar configurações de proxy manuais ou automáticas.

CONTAS

Acessar um PC equipado com o Windows 10 requer uma conta. A principal maneira de fazer isso é usar uma já exis-
tente no Outlook.com, Hotmail, Office 365, OneDrive, Skype, Xbox ou no próprio Windows. Se você não possui nenhu-
ma delas, crie uma conta de e-mail gratuita no Outlook.com, por exemplo, e torne-a sua nova conta da Microsoft. Sua
conta da Microsoft oferece acesso a aplicativos e jogos na Windows Store e permite que você veja suas configurações
e outros conteúdos em vários dispositivos Windows 10.

INFORMÁTICA

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Sua conta: Selecione a opção “Entrar com uma conta da Microsoft” e siga as instruções do sistema para mudar seu
acesso para uma conta da empresa. Sua conta local será alterada para sua conta da Microsoft. Se realizar esta mudan-
ça, na próxima vez que você entrar no Windows, use o nome e a senha da sua conta da Microsoft. Seus aplicativos e
arquivos não serão afetados.
Opções de entrada: Permite configurar a senha de acesso. Para acessar o sistema e seus aplicativos, o Windows 10
suporta senhas de texto, PINs numéricos e senhas com imagem (onde uma foto escolhida pelo usuário é exibida e ele
precisa desenhar em cima dela para desbloquear o sistema). O uso de um PIN é o mais recomendado para usuários
de tablets.
Acesso corporativo: Fornece uma opção para se conectar ao trabalho ou à escola, uma vez que permite acessar
recursos compartilhados (como apps, redes e e-mails). Clique no botão “+ Conectar” para inserir suas credenciais.
Família e outros usuários: Se você pretende compartilhar seu computador com outras pessoas, considere adicionar
contas para elas. Assim seus amigos e familiares terão um espaço pessoal, com arquivos separados, favoritos do nave-
gador e uma área de trabalho própria.

Sincronizar configurações: Ativando a sincronização, itens como o tema da área de trabalho, configurações do na-
vegador e senhas serão exibidos em todos os seus dispositivos Windows 10 (desde que você entre com sua conta da
Microsoft e ative a sincronização em cada dispositivo).
INFORMÁTICA

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HORA E IDIOMA

Data e hora: Permite definir automaticamente ou manualmente a data e hora do computador ou tablet, escolher o
fuso horário desejado, ajustar automaticamente para o horário de verão e alterar os formatos de data e hora.
Região e idioma: O Windows e os apps instalados podem usar seu país ou região para fornecer conteúdo local, além
de adequar-se ao idioma padrão.
Fala: Oferece uma coleção de ferramentas para gerenciar recursos de voz, como o idioma que você fala com o dis-
positivo, a voz padrão dos apps do Windows, configurações de microfone para reconhecimento de fala, entre outros.

INFORMÁTICA

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ATUALIZAÇÃO E SEGURANÇA

Windows Update: O Windows Update é vital para o conceito do Windows como um serviço. Nesta guia, você pode
verificar se há novas atualizações disponíveis e acessar opções avançadas sobre a forma como as atualizações são
instaladas no seu dispositivo. Aqui você pode clicar em “Instalar agora” para instalar todas as atualizações pendentes.
Windows Defender: Nesta tela, você encontra a ferramenta de defesa contra malwares da própria Microsoft. Deixar
o Windows Defender ativado ajuda a localizar e impedir a instalação ou execução de malwares. Também é possível
optar por enviar ou não para a Microsoft informações sobre os possíveis problemas de segurança encontrados pelo
sistema de proteção.
Backup: Pela primeira vez, o Windows 10 inclui uma solução de backup simples. Faça backup dos seus arquivos em
outra unidade e restaure-os se os originais foram perdidos, danificados ou excluídos. Nesta guia, você também pode
restaurar um backup antigo.

Recuperação: Caso o seu computador não esteja tão rápido ou confiável como antes, restaurá-lo pode ser uma boa
opção. A restauração permite que você escolha entre manter seus arquivos ou removê-los e depois reinstala o Windows.
INFORMÁTICA

Ativação: Aqui é possível ver se o seu Windows está ativado ou não. Se você estiver conectado à Internet, o Windo-
ws 10 será ativado automaticamente. Você também pode selecionar “Ativar” para tentar ativar manualmente o Windo-
ws. Caso o estado de ativação informe “O Windows não está ativado”, selecione “Ir para a Loja” e verifique se há uma
licença válida disponível do Windows para o dispositivo. Se uma licença não estiver disponível, você precisará comprar
o Windows na loja ou desfazer a atualização para a versão anterior do sistema.

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Para desenvolvedores: Esta guia permite habilitar o modo de desenvolvedor para abrir alguns aplicativos com algu-
mas opções extras. Além disso, também é possível liberar o sideload de aplicativos. No entanto, se você é um usuário
comum, indicamos que a opção “Não usar recursos de desenvolvedor” fique ativa.

Como obter ajuda no Windows 10

Veja aqui algumas maneiras diferentes de encontrar ajuda para o Windows 10:

Procurar ajuda – Insira uma pergunta ou palavra-chave na caixa de pesquisa na barra de tarefas para encontrar apps,
arquivos, configurações e obtenha ajuda da Web.

App Dicas – Descubra as novidades e veja dicas úteis sobre como aproveitar ao máximo o Windows. 
support.microsoft.com – Acesse support.microsoft.com/windows para encontrar respostas para problemas mais
complexos, procurar conteúdo de suporte em categorias diferentes e contatar o suporte. 
Obter ajuda – Selecione o link Obter ajuda quando estiver em Configurações para saber mais sobre a configuração
que está usando e encontrar respostas para suas dúvidas.

CONTATAR O SUPORTE

Use a caixa de pesquisa para localizar o aplicativo “Contatar o Suporte”, que vem pré-instalado no Windows 10.
Depois que abrir o aplicativo, clique ‘Introdução’ e insira uma descrição da qual você está querendo obter ajuda. Uma
INFORMÁTICA

vez que encontrar uma solução, clique nos links para ser redirecionado para o fórum da Microsoft contendo a solução
para o seu problema.

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Existem outras opções que você também usar, caso queira conversar com um técnico da Microsoft:

Retorne a ligação: Há muitos usuários que preferem falar com alguém, ao invés do chat. Se for o seu caso, clique
nessa opção e espere até que um técnico da Microsoft esteja pronto para lhe ajudar.
Agendar uma chamada: Felizmente, a Microsoft oferece a opção “Agendar uma chamada”, para evitar a necessidade
de ter que esperar por um período de tempo prolongado. Para fazer isso, basta clicar nessa opção, inserir um número
de telefone, selecionar a data e horários disponíveis.
Chat: Aqui você pode iniciar um bate-papo em texto com um dos técnicos disponíveis. Clique nessa opção, se não
quiser conversar por telefone com o suporte técnico.
Pergunte à comunidade: Nesta opção você pode buscar suporte para qualquer versão do Windows, fazer e respon-
der perguntas sobre como usar seus produtos da Microsoft, por exemplo.
INFORMÁTICA

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Mecanismos de busca

Encontre seus arquivos no Windows 10 usando um destes métodos.


Pesquisar na barra de tarefas: digite o nome de um documento (ou uma palavra-chave desse documento) na caixa
de pesquisa na barra de tarefas e selecione Você verá os resultados para documentos em seu computador e no One-
Drive em Melhor correspondência.

Pesquisar no Explorador de Arquivos: abra o Explorador de Arquivos pela barra de tarefas ou clique com o botão
direito do mouse no menu Iniciar  e escolha Explorador de Arquivos, depois selecione um local no painel esquerdo para
procurar. Por exemplo, selecione Este computador para olhar em todos os dispositivos e unidades no seu computador,
ou selecione Documentos para procurar apenas arquivos armazenados nele.

#FicaDica
Para adicionar um ícone para Este computador na área de trabalho: selecione Iniciar > Configurações >
Personalização > Temas > Configurações de ícone da área de trabalho. Na janela pop-up, marque a caixa
de seleção ao lado de Computador e, em seguida, selecione Aplicar > OK.

Conhecendo – e usando – a Barra de pesquisas

A Barra de pesquisas do Windows 10 está presente ao lado do ícone do Menu Iniciar, onde é possível ler a frase
“Search the web and Windows” (algo como “Pesquise a web e o Windows”, em português). Ao simplesmente clicar
nela, você abre uma coluna que exibe notícias recentes populares e a imagem do dia do Bing, uma fotografia aleatória
selecionada pela equipe da Microsoft.
INFORMÁTICA

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resultados da busca para tais palavras-chave. Faça alguns
testes e digite outras coisas na barra de pesquisa para
conferir o que ela exibe. Caso queira, você pode clicar em
“Pesquisar meus itens” ou “Pesquisar na Web” para obter
resultados focados nessas duas categorias.

Mas é ao digitar alguma dentro do campo de busca


que a barrinha mostra seu verdadeiro poder. Ao escrever,
por exemplo, “Word”, nós obtemos quatro categorias de
resultados diferentes: aplicativos já instalados no seu
computador (no caso, WordPad), configurações do com-
putador (realce ou correção automática de palavras com
ortografia incorreta), apps disponíveis para download na
Loja e termos de busca na internet que incluem a palavra
digitada. APLICATIVO INTRODUÇÃO

Se você for iniciante no Windows, o aplicativo per-


mitirá que você trabalhe como um profissional imedia-
tamente. O aplicativo Introdução irá ajuda-lo com ins-
truções detalhadas, apresentações de slides e vídeos de
como usar o Windows 10. Para começar a explorar tudo
que o Windows 10 tem a oferecer, é só digitar ‘Introdu-
ção’ na caixa de pesquisa e selecione o aplicativo. Você
vai várias abas no lado esquerdo, cada um explicando um
recurso ou função no Windows 10.

Caso clicássemos na primeira opção, abriríamos o


INFORMÁTICA

WordPad; na segunda, acessaríamos o Painel de Con-


trole na página exata da configuração em questão; na
terceira, executaríamos a Loja para iniciar o download do
aplicativo sugerido; na quarta, seríamos redirecionados
para o Internet Explorer já aberto no Bing.com e com os

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PERGUNTE À CORTANA

Cortana é um dos recursos mais falado no Windows 10, isso porque a assistente virtual não é apenas um criador de
lembretes, agendar reuniões ou contar piada — também é ótimo método de encontrar ajuda para questões básicas.
Cortana pode ajudá-lo nas tarefas do dia-a-dia usado apenas sua voz! Você pode deixar que ela encontre docu-
mentos, fotos, músicas e vídeos em seu PC, fazer pesquisas na web, realizar cálculos matemáticos, ou saber a previsão
do tempo para o fim de semana.
Para isso, basta dizer “Ei, Cortana” e fazer uma pergunta verbalmente como usar atalhos de teclado, por exemplo.

INFORMÁTICA

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Como funciona a barra de tarefas do Windows 10

A barra de tarefas é o espaço que normalmente está localizado na parte inferior da tela e permite acesso direto aos
aplicativos ou programas que estão sendo executado no seu computador.

Como funciona a barra de tarefas do Windows 10? 


Na barra de tarefas do Windows é onde está o menu Iniciar, com o qual você pode acessar todos os programas
no seu dispositivo e também a Cortana, que é a assistente virtual e buscador deste sistema operacional. Além disso, é
onde conseguimos ter acesso direto a certos programas ou aplicativos que estão sendo usados. No lado direito, você
encontrará informações como o status da bateria, conexão à Internet, a hora e o acesso ao painel de notificação.

Como fixar um programa na barra de tarefas? 


Se você usa um programa com bastante frequência, é recomendável fixá-lo à sua barra de tarefas para pode aces-
sá-lo mais facilmente e rapidamente. Saiba como: 

Passo 1: 
Clique no botão Iniciar para acessar a lista de programas instalados no seu sistema. 

Passo 2: 
Clique com o mouse direito sobre o programa que pretende fixar na barra de tarefas e selecione a opção Mais onde
você deverá escolher a opção chamada, Fixar na barra de tarefas.
INFORMÁTICA

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Para remover esse programa ou qualquer outro que esteja fixado, você só tem que clicar com o mouse direito sobre
ele na barra de tarefas e selecione a opção Desafixar da barra de tarefas.

Como configurar a barra de tarefas? 


Se você quiser mais opções para personalizar sua barra de tarefas, pode entrar na opção Configurações da barra de
tarefas e modificar a forma que você deseja ver esta ferramenta. 

Passo 1:
Clique com o botão direito do mouse em qualquer espaço livre da sua Barra de tarefas.

Passo 2:
No menu que aparecer selecione Configurações da barra de tarefas.
INFORMÁTICA

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Passo 3: 

No painel que é aberto habilite ou desabilite as opções que deseja alterar na sua barra de tarefas, clicando em cada uma.

JANELAS

O Windows é um sistema operacional que baseia sua interface gráfica no conceito de janelas. Elas são a alma da
interface do Windows. Em princípio, podemos dizer que todos os programas que são exibidos pelo sistema, o são
através de janelas.

COMPONENTES BÁSICOS DAS JANELAS

1 – BARRA DE TÍTULO
INFORMÁTICA

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Apresenta o nome da janela (que normalmente é o nome de um arquivo, seguido do nome do programa) e os
botões de

O Ícone mais a esquerda ( ) ao pressionar um clique simples com o botão principal do mouse e aberto um menu
suspenso com opções para controle desta mesma janela.

Um duplo clique sobre este mesmo ícone fecha a janela ativa.

BARRA DE MENU

Apresenta uma lista de menus suspensos agrupados por categorias. Um clique sobre cada menu abre suas opções.
Outra forma de abrir um item do menu é pressionando ALT(Esquerdo) + LETRA SUBLINHADA DO MENU. A partir daí,
podemos navegar pelos itens utilizando as teclas de direção (setas) do teclado e selecionar o item teclando ENTER.

BARRA DE STATUS

Apresenta algumas informações sobre o conteúdo da janela. Esta barra traz uma série de informações para resolu-
ções de questões de concursos.

TRABALHANDO COM VÁRIAS JANELAS

Como sistema operacional Windows é multitarefa podemos abrir várias janelas ao mesmo tempo, embora só seja
possível manipular uma janela por vez.

ORGANIZAR AS JANELAS

Você pode organizar janelas abertas de uma dessas três maneiras:


INFORMÁTICA

Cascata, que organiza as janelas em uma única pilha em leque exibindo os títulos das janelas.
Empilhadas, que coloca as janelas em uma ou mais pilhas verticais dependendo do número de janelas abertas.
Lado a lado, que mostra cada janela - aberta, mas não maximizada - na área de trabalho para que você possa ver
todas as janelas de uma vez.

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Ajustar Janela na Lateral - Arraste a barra de título de uma janela para a esquerda ou a direita da tela até ser exibido
um contorno da janela expandida
Ajustar Janela na Vertical - Aponte para a borda superior ou inferior da janela aberta até o ponteiro mudar para uma
seta de duas pontas clique e segure o botão do mouse arrastando até a parte superior ou inferir da área de trabalho.
Minimizar/Restaurar Janelas Abertas: Você pode usar Aero Shake para minimizar rapidamente todas as janelas aber-
tas exceto a que você quiser. Depois, você pode restaurar todas as janelas, com a mesma facilidade. Na janela que você
deseja manter aberta, arraste (ou sacuda) a barra de título de um lado para o outro, rapidamente.

#FicaDica
É possível posicionar até quatro janelas de forma organizada na área de trabalho.

FUNÇÃO SNAP

O Windows 10 recebeu uma grande atualização na ferramenta Snap, que divide a tela em mais de um aplicativo.
Embora a função não seja nova, a Microsoft adicionou atalhos e liberou um recurso para abrir e redimensionar até
quatro programas diferentes ao mesmo tempo.
Confira o passo a passo e aprenda a usar o Snap no novo sistema operacional da Microsoft no modo desktop e no
modo tablet. A função ajuda a economizar tempo e aumentar a produção de trabalhos.

Modo desktop

Se você utiliza um computador sem tela sensível ao toque, o Windows Snap pode ser ativado de diversas formas.
Confira as dicas.

Dica 1. Arrastando a janela

Passo 1. Quando quiser dividir a tela do Windows, arraste a primeira janela para uma das laterais do display;

Passo 2. O assistente da Microsoft vai exibir miniaturas das janelas abertas na outra lateral. Clique na que for da sua
preferência.

Dica 2. Atalhos no teclado

Passo 1. Para dividir a tela do Windows usando o teclado, basta apertar a “tecla Windows” e a seta para a lateral
onde você quer colocar. Como exemplo, usaremos “Windows+Seta para esquerda”;
Passo 2. O assistente do Windows vai exibir a miniatura na lateral oposta. Navegue com as setas do teclado e, quan-
do escolher, pressione Enter para abrir.
INFORMÁTICA

Dica 3. Como abrir três ou quatro janelas

Passo 1. Posicione uma janela normalmente em uma das laterais utilizando o teclado;
Passo 2. Aperte “Windows+Seta pra cima” para posicioná-la na parte superior ou “Windows+Seta para baixo” para
parte inferior;

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Passo 3. Abra outro programa e repita a operação até que você abra o número de janelas desejado.

Dica 4. Redimensionando as janelas

Passo 1. Após o Update 1 do Windows 10, é possível redimensionar ambas as janelas no modo desktop ao mesmo
tempo. Para isso, coloque o mouse em cima da divisão entre os programas e aguarde que a linha fique sombreada;

Passo 2. Arraste para a direita ou esquerda para redimensionar a tela. Quando terminar, solte o Mouse.
Dica 5. Arraste conteúdo entre programas

Se quiser, o usuário também pode usar o modo Snap para arrastar conteúdo entre as janelas abertas. Isso funciona,
por exemplo, entre janelas do Explorer; navegador da Web e editor de texto; arquivos PDF e aplicativos de tradução,
entre outros.

Gerenciador de Tarefas no Windows 10

O “Gerenciador de Tarefas” do Windows 10 é uma poderosa ferramenta que monitora o desempenho de vários re-
cursos do PC, como memória, uso do espaço de armazenamento, CPU, entre outros elementos de hardware. Conhecer
estes dados, é importante para entender o funcionamento da máquina e detectar o que pode deixar o sistema opera-
cional lento. O software apresenta informações completas, em tempo real, sobre a performance do PC, sem precisar
instalar aplicativos de terceiros, que vão oferecer exatamente as mesmas funções, e as vezes cobrar por isso.

Passo 1. “Abra o Gerenciador de Tarefas”. Clique na barra de busca da Cortana e digite “Gerenciador de Tarefas”.
INFORMÁTICA

Aperte “Enter” no teclado para confirmar. Você também pode acionar a função ao apertar Ctrl + Shift + Esc no te-
clado, ao mesmo tempo;

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Acesse o “Gerenciador de tarefas” do Windows 10. Há duas maneiras rápidas de fazer isso (Foto: Reprodução/Pedro
Cardoso)

Passo 2. Clique em “Desempenho”;

Selecione a aba “Desempenho”, a que nos interessa neste tutorial sobre Windows 10 (Foto: Reprodução/Pedro
Cardoso)

Passo 3. Repare que, em cada uma das opções, é possível saber exatamente qual o tipo de hardware que está ins-
talado na máquina, para o usuário ter a certeza de que não foi enganado na hora da compra;
É possível ver informações sobre o hardware na sua máquina com Windows 10 (Foto: Reprodução/Pedro Cardoso)

Passo 4. Na parte de baixo, de cada uma das abas, você tem acesso a diversos dados técnicos sobre o funcionamen-
INFORMÁTICA

to do componente em tempo real;

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Informações detalhadas sobre o que está acontecendo no PC com Windows 10, na hora (Foto: Reprodução/Pedro
Cardoso)

Passo 5. Na primeira opção, a que mostra monitoramento da CPU, o usuário poderá ter uma noção geral ou verificar
a performance de cada núcleo do processador. Para isso, clique com o botão direito do mouse em cima do gráfico e
escolha “Alterar gráfico para”, e depois, “Processadores lógicos”;

INFORMÁTICA

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Selecione a opção que visualiza os quatro núcleos separadamente (Foto: Reprodução/Pedro Cardoso)

Passo 6. Agora, você consegue ver o gráfico de desempenho de cada núcleo, separadamente;

Ficará assim após a mudança de visualização (Foto: Reprodução/Pedro Cardoso)

Passo 7. Se você quiser monitorar o sistema o tempo todo, é possível minimizar o “Gerenciador de tarefas” para
deixá-lo no cantinho da tela.

Primeiro, clique com o botão direito do mouse na barra lateral esquerda e escolha “Exibição resumida”.
INFORMÁTICA

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Diminua a janela para ocupar menos espaço na tela (Foto: Reprodução/Pedro Cardoso)

Estrutura dos Arquivos

De uma maneira bem simples, tudo funciona em uma espécie de pirâmide, do disco rígido para as pastas mais
específicas do sistema.
Na prática é como se você tivesse um arquivo desses de escritório, com algumas gavetas, várias pastas dentro de
cada gaveta e assim por diante. No caso do Windows é muito semelhante, como você confere no exemplo abaixo, que
mostra as pastas mais utilizadas pelos usuários:

Conhecer essa estrutura é ideal porque a grande maioria dos aplicativos que criam arquivos no PC – músicas, vídeos,
downloads – faz uso das pastas principais do sistema. A dica aqui é fuçar bastante em todas elas até que você lembre
melhor onde cada diretório fica, o que torna bem mais fácil encontrar seus dados no PC.
Todo e qualquer software ou informação gravada em nosso computador será guardada em uma unidade de disco,
que vimos anteriormente (HD, disquete, CD, Zip, etc..). Essas informações só podem ser gravadas de uma forma: elas
são transformadas em arquivos.
Não se preocupe: Arquivo é apenas a nomenclatura que usamos para definir Informação Gravada. Quando digita-
mos um texto ou quando desenhamos uma figura no computador, o programa (software) responsável pela operação
nos dá o direito de gravar a informação com a qual estamos trabalhando e, após a gravação, ela é transformada em um
arquivo e colocada em algum lugar em nossos discos. Essa é a operação que chamamos dessalvar um arquivo.
No momento da gravação, ou seja, após solicitarmos o comando salvar, o computador nos pede duas informações
para prosseguir com o salvamento: O nome do arquivo e a pasta (diretório) onde ele será salvo.
Pasta é o nome que damos a certas “gavetas” no disco. Pastas são estruturas que dividem o disco em várias partes
de tamanhos variados, como cômodos em uma casa. Uma pasta pode conter arquivos e outras pastas. As pastas são
comumente chamadas de Diretórios, nome que possuíam antes. Lembre-se bem: Pastas são “gavetas”, arquivos são
“documentos”. Portanto, nunca vai haver um arquivo que tem uma pasta dentro. As pastas guardam os arquivos e não
o contrário!
Os arquivos e as pastas devem ter um nome. O nome é dado no momento da criação. A Regra para nomenclatura
de arquivos e pastas varia para cada Sistema Operacional.
INFORMÁTICA

#FicaDica
No Windows, que vamos estudar neste material, os nomes podem conter até 256 caracteres (letras, núme-
ros, espaço em branco, símbolos), com exceção destes / \ | > < * ? : “ que são reservados pelo Windows.

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Os arquivos são gravados nas unidades de disco, e ficam lá até que sejam apagados. Quando solicitamos trabalhar
com um arquivo anteriormente gravado (esse processo chama-se abrir o arquivo), o arquivo permanece no disco e uma
cópia de suas informações é jogada na memória RAM para que possamos editá-lo. Ao abrir um arquivo, pode-se alte-
rá-lo indiscriminadamente, mas as alterações só terão efeito definitivo se o salvarmos novamente. Quando salvamos
um arquivo pela segunda vez em diante, ele não nos solicitará mais um nome e um local, isso só acontece na primeira
gravação.

ESTRUTURA DE PASTAS DO WINDOWS 10

Quando o Windows 10 é instalado, seus arquivos são copiados para as unidades de disco rígido do computador
normalmente representado pela letra C: nesta unidade são criadas algumas pastas para guardar arquivos. Arquivos
de Programas - Esta pasta contém diversas outras, cada uma com os arquivos dos aplicativos instalados no Windows.
Programas como Office, Outlook, Adobe, Jogos, Programas antivírus e demais aplicativos.
Arquivos de Programas (X86) - Esta pasta contém diversas outras, cada uma com os arquivos dos aplicativos insta-
lados no Windows, ela só existe se o sistema operacional for 64 Bits e foram instalados programados de 32 bits.
Usuários – Pasta onde são armazenadas as configurações, arquivos e informações de cada usuário. Ex: Área de Tra-
balho, Contatos, Documentos, Downloads, Favoritos, etc.
Windows – Esta pasta guarda os arquivos de configuração e de programas do sistema operacional.

• RENOMEANDO / COPIANDO / RECORDANDO E COLOCANDO ARQUIVOS E PASTAS

As principais operações com arquivos e pastas, nós poderemos fazer utilizando o Windows Explorer:

No Windows 10 o ato de mover ou copiar um arquivo ou pasta pode ser realizado simplesmente com a ação de
arrastar o conteúdo com o mouse.
Se o arquivo for arrastado com o mouse (botão principal) da pasta de origem para a pasta de destino e as duas
pastas estão na mesma unidade de disco o resultado desta ação será a retirada do arquivo da pasta de origem e será
guardado na pasta de destino, ou seja, o arquivo será movido. Ex: O arquivo Provas.doc que está dentro da pasta C:\
Questões\ se for arrastado para a pasta C:\Concursos\ o resultado desta ação será a movimentação do arquivo da pasta
Questões para a pasta Concursos.
Se o arquivo for arrastado com o mouse da pasta de origem para a pasta de destino e as duas pastas estão em
unidades diferentes de discos, o resultado desta ação será a geração de uma cópia do na pasta de destino, ou seja, o
arquivo será copiado. Ex: O arquivo Provas.doc que está dentro da pasta C:\Questões\ se for arrastado para a pasta F:\
INFORMÁTICA

Concursos\ o resultado desta ação será a geração de uma cópia do arquivo da pasta Questões para a pasta Concursos.
Combinando o arrastar do mouse com o teclado.
Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão principal) junto desta ação a tecla SHIFT for pressionada o
resultado é sempre mover o arquivo/pasta para ao destino.

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Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão Selecione o botão Avançado e marque a caixa de se-
principal) junto desta ação a tecla CTRL for pressionada o leção Criptografar o conteúdo para proteger os dados.
resultado é sempre a criação de uma cópia para o arqui- Selecione OK para fechar a janela Atributos Avança-
vo/pasta no destino. dos, selecione Aplicar e, em seguida, selecione OK.
Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão
principal) junto desta ação a tecla ALT for pressionada o Principais atalhos de teclado
resultado é sempre a criação de um atalho para o arqui-
vo/pasta no destino. Copiar, colar e outros atalhos de teclado gerais
Se o arquivo/pasta for arrastado com o botão auxiliar
ao final da ação será aberto um menu solicitando a con- Pressione esta tecla / Para fazer isto
firmação da operação. Ctrl + X / Recortar o item selecionado.
Outra novidade no Windows nas ações de copiar/re- Ctrl + C (ou Ctrl + Insert) / Copiar o item selecionado.
cortar e colar arquivos e pastas é que nesta ação é possí- Ctrl + V (ou Shift + Insert) / Colar o item
vel pausar a cópia, conforme tela abaixo: selecionado.
Ctrl + Z / Desfazer uma ação.
Alt + Tab / Alternar aplicativos abertos.
Alt + F4 / Fechar o item ativo ou sair do aplicativo
ativo.
Tecla do logotipo do Windows + L / Bloquear seu
computador.
Tecla do logotipo do Windows + D / Exibir e ocultar
a área de trabalho.
F2 / Renomear o item selecionado.
F3 / Procurar um arquivo ou uma pasta no Explorador
Se o arquivo copiado ou recortado já existe no local de Arquivos.
de destino à tela abaixo será exibida para que o usuário F4 / Exibir a lista da barra de endereços no Explorador
possa escolher a ação: de Arquivos.
F5 / Atualizar a janela ativa.
F6 / Percorrer elementos da tela de uma janela ou da
área de trabalho.
F10 / Ativar a barra de menus no aplicativo ativo.
Alt + F8 / Mostrar sua senha na tela de credenciais.
Alt + Esc / Percorrer itens na ordem em que foram
abertos.
Alt + letra sublinhada / Executar o comando referente
a essa letra.
Alt + Enter / Exibir propriedades do item
selecionado.
Alt + Barra de espaço / Abrir o menu de atalho da
janela ativa.
Alt + Seta para a esquerda / Voltar.
Alt + Seta para a direita / Avançar.
Antes de decidir a opção correta é possível compa- Alt + Page Up / Mover uma tela para cima.
rar os itens copiados para Substituir ou Ignorar de forma Alt + Page Down / Mover uma tela para baixo.
classificada. Ctrl + F4 / Fechar o documento ativo (em aplicativos
que sejam de tela inteira e permitam vários documentos
Como criptografar um arquivo abertos ao mesmo tempo).
Ctrl + A / Selecionar todos os itens em um documen-
to ou em uma janela.
A criptografia de arquivos ajuda a proteger seus
Ctrl + D (ou Delete) / Excluir o item selecionado e
dados criptografando-os. Somente alguém com a cha-
movê-lo para a Lixeira.
ve de criptografia correta (como uma senha) pode
Ctrl + R (ou F5) / Atualizar a janela ativa.
descriptografá-los.
Ctrl + Y / Refazer uma ação.
Ctrl + Seta para a direita / Mover o cursor para o iní-
#FicaDica cio da próxima palavra.
Ctrl + Seta para a esquerda / Mover o cursor para o
A criptografia de arquivos não está disponí- início da palavra anterior.
vel no Windows 10 Home. Ctrl + Seta para baixo / Mover o cursor para o início
INFORMÁTICA

do próximo parágrafo.
Ctrl + Seta para cima / Mover o cursor para o início do
Clique com o botão direito do mouse (ou pres-
parágrafo anterior.
sione e segure) em um arquivo ou pasta e selecione
Ctrl + Alt + Tab / Usar as teclas de direção para alter-
Propriedades.
nar entre todos os aplicativos abertos.

71
Alt + Shift + teclas de direção / Quando um grupo ou Tecla do logotipo do Windows + Shift + C / Abrir o
bloco está em foco no menu Iniciar, movê-lo na direção menu de botões.
especificada. Tecla do logotipo do Windows + D / Exibir e ocultar a
Ctrl + Shift + teclas de direção / Quando um bloco es- área de trabalho.
tiver em foco no menu Iniciar, mova-o para outro bloco Tecla do logotipo do Windows + Alt + D /
para criar uma pasta. Exibir e ocultar data e hora na área de trabalho.
Ctrl + teclas de direção / Redimensionar o menu Ini- Tecla do logotipo do Windows + E / Abrir o Explora-
ciar quando ele estiver aberto. dor de Arquivos.
Ctrl + tecla de direção (para ir até um item) + Barra de Tecla do logotipo do Windows + F / Abrir o Hub de
espaço / Selecionar vários itens separadamente em uma Feedback e tirar uma captura de tela.
janela ou na área de trabalho. Tecla do logotipo do Windows + G / Abrir Barra de
Ctrl + Shift com uma tecla de direção / Selecionar um jogo quando um jogo é aberto.
bloco de texto. Tecla do logotipo do Windows + H / Iniciar ditado.
Ctrl + Esc / Abrir Iniciar. Tecla do logotipo do Windows + I / Abrir
Ctrl + Shift + Esc /Abrir o Gerenciador de Tarefas. Configurações.
Ctrl + Shift / Mudar o layout do teclado quando hou- Tecla do logotipo do Windows + J / Definir o foco para
ver vários layouts de teclado disponíveis. uma dica do Windows quando houver uma disponível.
Ctrl + Barra de espaço / Ativar ou desativar o IME do
idioma chinês. Quando uma dica do Windows aparecer, leve o foco
Shift + F10 / Exibir o menu de atalho do item para a dica. Pressionar os atalhos de teclado novamente
selecionado. leva o foco para o elemento na tela ao qual a dica do
Shift com qualquer tecla de direção / Selecionar mais Windows está ancorada.
de um item em uma janela ou na área de trabalho, ou Tecla do logotipo do Windows + K / Abrir a ação rá-
selecionar texto em um documento. pida Conectar.
Shift + Delete / Excluir o item selecionado sem movê- Tecla do logotipo do Windows + L / Bloquear seu
computador ou mudar de conta.
-lo para a Lixeira primeiro.
Tecla do logotipo do Windows + M / Minimizar todas
Seta para a direita / Abrir o próximo menu à direita ou
as janelas.
abrir um submenu.
Tecla do logotipo do Windows + O / Bloquear a orien-
Seta para a esquerda / Abrir o próximo menu à es-
tação do dispositivo.
querda ou fechar um submenu.
Tecla do logotipo do Windows + P / Escolher um
Esc / Parar ou encerrar a tarefa atual.
modo de exibição da apresentação.
PrtScn / Fazer uma captura da tela inteira e copiá-la
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Q / Abrir a
para a sua área de transferência. Assistência Rápida.
Tecla do logotipo do Windows + R / Abrir a caixa de
Observação diálogo Executar.
Você pode alterar esse atalho para que ele também Tecla do logotipo do Windows + S / Abrir a pesquisa.
abra a captura de tela, o que permitirá editá-la. Selecione Tecla do logotipo do Windows + Shift + S / Fazer uma
Iniciar > Configurações > Facilidade de Acesso > Teclado captura de tela de parte da tela.
e ative a opção Atalho Print Screen. Tecla do logotipo do Windows + T / Percorrer aplica-
Use a tecla PrtScn para abrir a captura de tela tivos na barra de tarefas.
Tecla do logotipo do Windows + U / Abrir a Central
Atalhos de teclado da tecla do logotipo do Windows de Facilidade de Acesso.
Pressione esta tecla / Para fazer isto Tecla do logotipo do Windows + V / Abrir a área de
Tecla do logotipo do Windows / Abrir ou fechar Iniciar. transferência.
Tecla do logotipo do Windows + A / Abrir a Central
de ações. Observação
Tecla do logotipo do Windows + B / Definir o foco na Para ativar este atalho, selecione Iniciar > Configura-
área de notificação. ções > Sistema > Área de Transferência e ative a tecla de
Tecla do logotipo do Windows + C / Abrir a Cortana alternância sob Histórico da área de transferência.
no modo de escuta. Tecla do logotipo do Windows + Shift + V / Percorrer
notificações.
Observações Tecla do logotipo do Windows + X / Abrir o menu
Esse atalho é desativado por padrão. Para ativá-lo, Link Rápido.
selecione Iniciar > Configurações > Cortana e ative o Tecla do logotipo do Windows + Y / Alternar entrada
botão de alternância em Permitir que a Cortana escute entre o Windows Mixed Reality e a área de trabalho.
meus comandos quando eu pressionar a tecla do logoti- Tecla do logotipo do Windows + Z / Mostrar os co-
po do Windows + C. mandos disponíveis em um aplicativo no modo de tela
INFORMÁTICA

A Cortana só está disponível em determinados paí- inteira.


ses/regiões, e alguns de seus recursos talvez não estejam Tecla do logotipo do Windows + ponto (.) ou ponto e
disponíveis em todos os lugares. Se a Cortana não estiver vírgula (;) / Abrir painel de emojis.
disponível ou estiver desativada, ainda assim você pode- Tecla do logotipo do Windows + vírgula (,) / Espiar
rá usar a pesquisa. temporariamente a área de trabalho.

72
Tecla do logotipo do Windows + Pause / Abrir a caixa Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + V / Abrir
de diálogo Propriedades do Sistema. alertas.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + F / Procurar Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Shift + B /
computadores (se você estiver em uma rede). Ativar computador de tela preta ou em branco
Tecla do logotipo do Windows + Shift + M / Restaurar
janelas minimizadas na área de trabalho. Atalhos de teclado do prompt de comando
Tecla do logotipo do Windows + número / Abrir a Pressione esta tecla / Para fazer isto
área de trabalho e iniciar o aplicativo fixado na barra de Ctrl + C (ou Ctrl + Insert) / Copiar o texto selecionado.
tarefas, na posição indicada pelo número. Se o aplicativo Ctrl + V (ou Shift + Insert) / Colar o texto selecionado.
já estiver em execução, mudar para esse aplicativo. Ctrl + M / Entrar no modo de marca.
Tecla do logotipo do Windows + Shift + número / Alt + tecla de seleção / Começar seleção no modo de
Abrir a área de trabalho e iniciar uma nova instância do bloqueio.
aplicativo fixado na barra de tarefas, na posição indicada Teclas de direção / Mover o cursor na direção
pelo número. especificada.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + número / Page Up / Mover o cursor uma página acima.
Abrir a área de trabalho e mudar para a última janela Page Down / Mover o cursor uma página abaixo.
ativa do aplicativo fixado na barra de tarefas, na posição Ctrl + Home (modo de marca) / Mover o cursor para
indicada pelo número. o início do próximo buffer.
Tecla do logotipo do Windows + Alt + número / Abrir Ctrl + End (modo de marca) / Mover o cursor para o
a área de trabalho e abrir a Lista de Atalhos do aplicati- final do próximo buffer.
vo fixado na barra de tarefas, na posição indicada pelo Ctrl + Seta para cima / Mover uma linha acima no
número. histórico de saída.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Shift + núme- Ctrl + Seta para baixo / Mover uma linha abaixo no
ro / Abrir a área de trabalho e abrir uma nova ins- histórico de saída.
Ctrl + Home (navegação no Histórico) / Se a linha de
tância do aplicativo localizado na posição especificada,
comando estiver vazia, mova o visor para o início do buf-
na barra de tarefas, como um administrador.
fer. Do contrário, exclua todos os caracteres à esquerda
Tecla do logotipo do Windows + Tab / Abrir a Visão
do cursor na linha de comando.
de tarefas.
Ctrl + End (navegação no Histórico) / Se a linha de
Tecla do logotipo do Windows + seta para cima / Ma-
comando estiver vazia, mova o visor para a linha de co-
ximizar a janela.
mando. Do contrário, exclua todos os caracteres à direita
Tecla do logotipo do Windows + seta para baixo /
do cursor na linha de comando.
Remover o aplicativo atual da tela ou minimizar a janela
da área de trabalho. Atalhos de teclado de caixas de diálogo
Tecla do logotipo do Windows + seta para a esquerda Pressione esta tecla / Para fazer isto
/ Maximizar a janela do aplicativo ou da área de trabalho, F4 / Exibir os itens na lista ativa.
no lado esquerdo da tela. Ctrl + Tab / Avançar nas guias.
Tecla do logotipo do Windows + seta para a direita / Ctrl + Shift + Tab / Voltar nas guias.
Maximizar a janela do aplicativo ou da área de trabalho, Ctrl + número (número de 1 a 9) / Mover para a ené-
no lado direito da tela. sima guia.
Tecla do logotipo do Windows + Home / Minimizar Tab / Avançar nas opções.
todas as janelas da área de trabalho, exceto a ativa (res- Shift + Tab / Voltar nas opções.
taura todas as janelas com um segundo pressionamento). Alt + letra sublinhada / Executar o comando (ou sele-
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para cionar a opção) que é usada com essa letra.
cima / Alongar a janela da área de trabalho até as partes Barra de espaço / Marcar ou desmarcar a caixa de se-
superior e inferior da tela. leção caso a opção ativa seja uma caixa de seleção.
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para Backspace / Abrir uma pasta um nível acima caso
baixo / Restaurar/minimizar janelas ativas da área de tra- uma pasta esteja selecionada na caixa de diálogo Salvar
balho verticalmente, mantendo a largura. Como ou Abrir.
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para a Teclas de direção / Selecionar um botão caso a opção
esquerda ou seta para a direita / Mover um aplicativo ativa seja um grupo de botões de opção.
ou uma janela na área de trabalho, de um monitor para
outro. Atalhos de teclado do Explorador de Arquivos
Tecla do logotipo do Windows + Barra de espaço / Pressione esta tecla / Para fazer isto
Mudar o idioma de entrada e o layout do teclado. Alt + D / Selecionar a barra de endereços.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Barra de espa- Ctrl + E / Selecionar a caixa de pesquisa.
ço / Alterar para uma entrada selecionada anteriormente. Ctrl + F / Selecionar a caixa de pesquisa.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Enter / Ligar Ctrl + N / Abrir uma nova janela.
INFORMÁTICA

o Narrador. Ctrl + W / Fechar a janela ativa.


Tecla do logotipo do Windows + Plus (+) / Abrir a Ctrl + roda de rolagem do mouse / Alterar o ta-
Lupa. manho e a aparência dos ícones de arquivo e pasta.
Tecla do logotipo do Windows + barra (/) / Iniciar re- Ctrl + Shift + E / Exibir todas as pastas acima da pasta
conversão IME. selecionada.

73
Ctrl + Shift + N / Criar uma nova pasta.
Num Lock + asterisco (*) / Exibir todas as subpastas EXERCÍCIO COMENTADO
da pasta selecionada.
Num Lock + adição (+) / Exibir o conteúdo da pasta
selecionada. 1. (PREFEITURA DE SALVADOR-BA – AGENTE DE
Num Lock + subtração (-) / Recolher a pasta TRÂNSITO E TRANSPORTE – FGV – 2019) No Explora-
selecionada. dor de Arquivos (Windows Explorer) do Windows 10 BR,
Alt + P / Exibir o painel de visualização. para remover um arquivo previamente selecionado sem
Alt + Enter / Abrir a caixa de diálogo Propriedades enviá-lo para a lixeira, deve ser usado
do item selecionado.
Alt + Seta para a direita / Exibir a próxima pasta. a) Alt+Delete.
Alt + Seta para cima / Exibir a pasta na qual a pasta b) Alt+Shift+Delete.
estava. c) Ctrl+Delete.
Alt + Seta para a esquerda / Exibir a pasta anterior. d) Ctrl+Shift+Delete.
Backspace / Exibir a pasta anterior. e) Shift+Delete.
Seta para a direita / Exibir a seleção atual (se esti-
ver recolhida) ou selecionar a primeira subpasta. RESPOSTA: Letra E.
Seta para a esquerda / Recolher a seleção atual (se Em “a”: Errado – Alt+Delete Não é um atalho válido
estiver expandida) ou selecionar a pasta na qual a pasta dentro do explorador de arquivos.
atual estava. Em “b”: Errado – Alt+Shift+Delete Não é um atalho
End / Exibir a parte inferior da janela ativa. válido dentro do explorador de arquivos.
Home / Exibir a parte superior da janela ativa. Em “c”: Errado – Ctrl+Delete Não é um atalho válido
F11 / Maximizar ou minimizar a janela ativa. dentro do explorador de arquivos.
FONTE Em “d”: Errado – Ctrl+Shift+Delete Não é um atalho
válido dentro do explorador de arquivos.
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades- Em “e”: Certo – Shift + Delete apaga o arquivo sem
-no-windows-10 / passar pela lixeira.
microsoft.com/pt-br/windows/ compare -windows
-10- home-vs-pro 2. (PREFEITURA DE SALVADOR-BA – AGENTE DE
https://www.hardware.com.br/noticias/2015-05/con- TRÂNSITO E TRANSPORTE – FGV – 2019) Assinale a
fira-quais-serao-as-sete-versoes-do-windows-10.html opção que indica, no MS-Windows 10, a tecla utilizada
https://tecnoblog.net/180910/windows-10-home- para abrir (mostrar) o menu Iniciar.
-pro-diferenca /
https://support.microsoft.com/pt-br/help/17217/
windows-10-whats-changed-in-file-explorer
https://www.algosobre.com.br/informatica/arquivos- a)
-e-pastas-a-organizacao-logica-dos-discos.html
http://www.alissoncleiton.com.br/arquivos_material/
sistema_operacional_windows_10.pdf
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/no- b)
ticia/2015/11/windows-10-como-usar-funcao-snap-e-
-abrir-mais-de-um-app-na-tela.html
https://canaltech.com.br/windows/guia-definitivo-
-de-configuracao-do-windows-10 /
c)
https://www.tecmundo.com.br/windows-10/
73546-windows-10-utilizar-barra-pesquisas-sistema.htm
https://support.microsoft.com/pt-br/help/4028227/
windows-10-how-to-get-help
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noti- d)
cia/2015/10/como-mudar-resolucao-de-tela-do-windo-
ws-10.html
https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windo-
ws-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/ e)
https://docs.microsoft.com/pt-br/windows/client-
-management /windows-libraries
RESPOSTA: Letra E.
https://brasilescola.uol.com.br/informatica/visao-ge-
ral-sobre-lixeira.htm
Em “a”: Errado – A tecla Alt, ao ser pressionada so-
INFORMÁTICA

https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/no-
zinha, não surte efeito algum. Dentro do office, por
ticia/2017/02/como-usar-o-gerenciador-de-tarefas-no-
exemplo, ativa as dicas de tecla.
-windows-10.html
Em “b”: Errado – A tecla em questão, ao ser pressio-
nada, abre o mesmo menu obtido ao se clicar o botão
direito do mouse

74
Em “c”: Errado – A tecla Ctrl, ao ser pressionada sozi- Veja alguns tipos de redes:
nha, não surte efeito algum Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se
Em “d”: Errado – o botão seta acima move o cursor comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth;
para cima. Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
Em “e”: Certo – A tecla com o logotipo do Windows, que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
localizada entre o Ctrl e o Alt, dentre outras funções, um prédio ou um campus de universidade;
pode ser utilizada para abrir (mostrar) o menu Iniciar Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
Prezado candidato, sobre “Acesso a distância a tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
computadores, transferência de informação e arqui- 10km. Ex.: TV à cabo;
vos, aplicativos de áudio, vídeo e multimídia.”, já fo- Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
ram abordados anteriormente. WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
REDES DE COMPUTADORES maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
REDES DE COMPUTADORES eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
Redes de Computadores refere-se à interligação por para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- grandes distâncias.
missões e protocolos de vários computadores com o ob-
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa 2. Topologia de Redes
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
ou dispositivos de rede). Astopologias das redes de computadores são as es-
Atualmente, existe uma interligação entre computa- truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica- tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam mostram a localização de cada componente da rede que
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá- serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do- modo que os dados trafegam na rede:
cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio tão interconectadas por pares através de um roteamento
de jogos, etc. de dados;
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, hub ou switch;
o crescimento das redes de computadores também tem Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que automação industrial e na década de 1980 pelas redes To-
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- ken Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores são
ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- entreligados formando um anel e os dados são propagados
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo
de computador a computador até a máquina de origem;
destacados com mais exaltação, entre outros problemas.
Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com beamento é feito sequencialmente;
objetivos militares: interconectar os centros de comando Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
1. Alguns tipos de Redes de Computadores
3. Cabos
Antigamente, os computadores eram conectados
em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo- Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores, física utilizada para conectar computadores em rede, es-
foi necessário aumentar a distância da troca de infor- tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi- missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
INFORMÁTICA

cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN, Os mais utilizados são:
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). lojas de informática ou produzidos pelo usuário;

75
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis, gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA, caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
suporte não encontrado em computadores mais novos; tráfego.
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de Modem: Dispositivo responsável por transformar a
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências onda analógica que será transmitida por meio da linha
eletromagnéticas. telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
4. Sistema de Cabeamento Estruturado de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de servidor são conhecidos como clientes.
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen- entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede
to estruturado. depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem- são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
um único local, sem a necessidade de serem conectados
diretamente no hub. CONCEITOS DE PROTEÇÃO E
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
SEGURANÇA. NOÇÕES DE VÍRUS,
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um WORMS E PRAGAS VIRTUAIS.
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção APLICATIVOS PARA SEGURANÇA
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem (ANTIVÍRUS, FIREWALL,
inseridos em um rack. ANTISPYWARE ETC.)
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é
pensada de forma a realizar a sua expansão.
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- Segurança da informação: procedimentos de se-
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- gurança
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de
serem transmissores de informações para outros pontos, A Segurança da Informação refere-se às proteções
eles também diminuem o desempenho da rede, poden- existentes em relação às informações de uma determi-
do haver colisões entre os dados à medida que são ane- nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
encontra-se dentro do hub. às pessoais.
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras do ou dado que tenha valor para alguma corporação
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou
máquina consegue enviar um determinado sinal até que exposta ao público para consulta ou aquisição.
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os #FicaDica
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis. Antes de proteger, devemos saber:
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona • O que proteger;
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
• De quem proteger;
de relacionar diferentes arquiteturas.
• Pontos frágeis;
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,
• Normas a serem seguidas.
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas
portas de entrada e melhor performance, podendo ser
utilizado para redes maiores. A Segurança da Informação se refere à proteção
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes existente sobre as informações de uma determinada
e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa-
como um tipo de ponte na camada de rede do modelo OSI ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por
(Open Systens Interconnection - protocolo de interconexão informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para
de sistemas abertos para conectar máquinas de diferentes alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada
INFORMÁTICA

fabricantes), identificando e determinando um IP para cada para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou
computador que se conecta com a rede. aquisição.
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de dados Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou
na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os ro- não de ferramentas) para definir o nível de segurança
teadores estáticos, capaz de encontrar o menor caminho que há e, com isto, estabelecer as bases para análise de

76
melhorias ou pioras de situações reais de segurança. A • Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
segurança de certa informação pode ser influenciada grafados, agregados a um documento do qual são
por fatores comportamentais e de uso de quem se utili- função, garantindo a integridade e autenticidade
za dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca ou do documento associado, mas não ao resguardo
por pessoas mal-intencionadas que têm o objetivo de das informações.
furtar, destruir ou modificar tal informação. • Mecanismos de garantia da integridade da in-
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi- formação: Usando funções de “Hashing” ou de
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade checagem, é garantida a integridade através de
— representa as principais características que, atualmen- comparação do resultado do teste local com o di-
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa- vulgado pelo autor.
ção da segurança para um certo grupo de informações • Mecanismos de controle de acesso: Palavras-
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são -chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do
inteligentes.
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a
• Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
privacidade é também uma grande preocupação.
um documento.
Portanto as características básicas, de acordo com
os padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as • Integridade: Medida em que um serviço/informa-
seguintes: ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a
entrada por intrusos.
• Confidencialidade – especificidade que limita o • Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
acesso a informação somente às entidades autên- proposital de simular falhas de segurança de um
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietá- sistema e obter informações sobre o invasor en-
rio da informação. ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato
• Integridade – especificidade que assegura que a explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma
informação manipulada mantenha todas as carac- espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot
terísticas autênticas estabelecidas pelo proprietá- não oferece forma alguma de proteção.
rio da informação, incluindo controle de mudanças • Protocolos seguros: Uso de protocolos que ga-
e garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu- rantem um grau de segurança e usam alguns dos
tenção e destruição). mecanismos citados.
• Disponibilidade – especificidade que assegura que
a informação esteja sempre disponível para o uso Mecanismos de encriptação
legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au-
torização pelo proprietário da informação.
• Autenticidade – especificidade que assegura que #FicaDica
a informação é proveniente da fonte anunciada
e que não foi alvo de mutações ao longo de um A criptografia vem, originalmente, da fu-
processo. são entre duas palavras gregas:
• Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade • CRIPTO = ocultar, esconder.
que assegura a incapacidade de negar a autoria • GRAFIA= escrever
em relação a uma transação feita anteriormente.

Mecanismos de segurança Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em


códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam
O suporte para as orientações de segurança pode ser uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o
encontrado em: destinatário que saiba a chave de encriptação possa de-
Controles físicos: são barreiras que limitam o conta- criptar e ler a mensagem com clareza.
to ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que Permitem a transformação reversível da informação
assegura a existência da informação) que a suporta. de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta
limitam o acesso à informação, que está em ambien- para, a partir de um conjunto de dados não encriptados,
te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro produzir uma continuação de dados encriptados. A ope-
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele- ração inversa é a desencriptação.
mento mal-intencionado. Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave
privada.
Existem mecanismos de segurança que sustentam os A chave pública é usada para codificar as informa-
controles lógicos: ções, e a chave privada é usada para decodificar.
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para
• Mecanismos de cifração ou encriptação: Permi- ‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não
tem a modificação da informação de forma a tor- tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o
INFORMÁTICA

ná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, emissor e receptor original possui.
algoritmos determinados e uma chave secreta Hoje, a criptografia pode ser considerada um método
para, a partir de um conjunto de dados não cripto- 100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e
grafados, produzir uma sequência de dados cripto- proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes
grafados. A operação contrária é a decifração. e tentativas de invasão.

77
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ • El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, um problema matemático que o torna mais segu-
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa ro. É muito usado em assinaturas digitais.
criptografia.
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave NOÇÕES DE VÍRUS
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a Firewall é uma solução de segurança fundamentada
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
de combinações e decodificar a mensagem, que mes- um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, de rede para determinar quais operações de transmissão
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
criptografia. fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
simétricas e as chaves assimétricas sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- Para melhor compreensão, imagine um firewall como
ritmos que usam essa chave, estão: sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
• DES (Data Encryption Standard): Faz uso de car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
chaves de 56 bits, que corresponde à aproxima- objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
damente 72 quatrilhões de combinações. Mesmo se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
sendo um número extremamente elevado, em devida autorização.
1997, quebraram esse algoritmo através do méto- Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
do de ‘tentativa e erro’, em um desafio na internet.
porta para se instalar em um computador sem o usuário
• RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algorit-
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
mo muito utilizado em e-mails e usa chaves de
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
8 a 1024 bits. Além disso, ele tem várias versões
tadores externos não autorizados, entre outros.
que diferenciam uma das outras pelo tamanho das
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
chaves.
de barreira que verifica quais dados podem passar ou
• EAS (Advanced Encryption Standard): Atual- não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
mente é um dos melhores e mais populares algo- cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
ritmos de criptografia. É possível definir o tamanho usuário.
da chave como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
bits. configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
• IDEA (International Data Encryption Algori- computador ou na rede. O problema é que esta condi-
thm): É um algoritmo que usa chaves de 128 bits, ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
parecido com o DES. Seu ponto forte é a fácil exe- criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
cução de software. aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusi-
As chaves simétricas não são absolutamente seguras ve ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes
quando referem-se às informações extremamente valio- serão automaticamente permitidos.
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa- Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma, figurado para permitir automaticamente o tráfego de
a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode determinados tipos de dados, como requisições HTTP
chegar a terceiros. (veja mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear
Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a outras, como conexões a serviços de e-mail.
pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um
pública para codificar e a chave privada para decodificar, firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí-
considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli-
algoritmos utilizados, estão: citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto
o que está explicitamente bloqueado.
• RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algo- Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan-
ritmos de chave assimétrica mais usados, em que do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu-
dois números primos (aqueles que só podem ser rança internos mais específicos ou oferecendo um refor-
divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli- ço extraem procedimentos de autenticação de usuários,
cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci- por exemplo.
so fazer fatoração, que significa descobrir os dois O trabalho de um firewall pode ser realizado de vá-
primeiros números a partir do terceiro, sendo um rias formas. O que define uma metodologia ou outra são
INFORMÁTICA

cálculo difícil. Assim, se números grandes forem fatores como critérios do desenvolvedor, necessidades
utilizados, será praticamente impossível descobrir específicas do que será protegido, características do sis-
o código. A chave privada do RSA são os números tema operacional que o mantém, estrutura da rede e as-
que são multiplicados e a chave pública é o valor sim por diante. É por isso que podemos encontrar mais
que será obtido. de um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos.

78
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primei- das circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou
ras soluções de firewall surgiram na década de 1980 exija muito trabalho de configuração para bloquear ou
baseando-se em filtragem de pacotes de dados (pac- autorizar determinados acessos.
ketfiltering), uma metodologia mais simples e, por isso,
mais limitada, embora ofereça um nível de segurança Proxy transparente: No que diz respeito a limita-
significativo. ções, é conveniente mencionar uma solução chamada
Para compreender, é importante saber que cada pa- de proxy transparente. O proxy “tradicional”, não ra-
cote possui um cabeçalho com diversas informações a ramente, exige que determinadas configurações sejam
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP feitas nas ferramentas que utilizam a rede (por exem-
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- plo, um navegador de internet) para que a comunica-
rewall então analisa estas informações de acordo com as ção aconteça sem erros. O problema é, dependendo da
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja aplicação, este trabalho de ajuste pode ser inviável ou
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo custoso.
também executar alguma tarefa relacionada, como re- O proxy transparente surge como uma alternativa
gistrar o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. para estes casos porque as máquinas que fazem parte
O firewall de aplicação, também conhecido como da rede não precisam saber de sua existência, dispen-
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma sando qualquer configuração específica. Todo acesso é
solução de segurança que atua como intermediário en- feito normalmente do cliente para a rede externa e vice-
tre um computador ou uma rede interna e outra rede, -versa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo
externa normalmente, a internet. Geralmente instalados e responder adequadamente, como se a comunicação,
em servidores potentes por precisarem lidar com um de fato, fosse direta.
grande número de solicitações, firewalls deste tipo são É válido ressaltar que o proxy transparente também
opções interessantes de segurança porque não permi- tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
tem a comunicação direta entre origem e destino. mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
um malware enviando dados de uma máquina para a
to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
diretamente com a internet, há um equipamento entre
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
seguir se comunicar externamente, o malware teria que
entre o proxy e a internet. Observe:
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
mente não acontece; no proxy transparente não há esta
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.

Limitações dos firewalls

#FicaDica
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são
recursos de segurança bastante importantes,
mas não são perfeitos em todos os sentidos.

Figura 91: Proxy


Seguem abaixo algumas dessas limitações:
Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta- • Um firewall pode oferecer a segurança desejada, mas
belecer regras que impeçam o acesso de determinados comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de
endereços externos, assim como que proíbam a comu- um computador). Esta situação pode gerar mais gas-
nicação entre computadores internos e determinados tos para uma ampliação de infraestrutura capaz de su-
serviços remotos. perar o problema;
Este controle amplo também possibilita o uso do • A verificação de políticas tem que ser revista pe-
proxy para tarefas complementares: o equipamento riodicamente para não prejudicar o funcionamento
pode registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; de novos serviços;
conteúdo muito utilizado pode ser guardado em uma • Novos serviços ou protocolos podem não ser devi-
espécie de cache (uma página Web muito acessada fica damente tratados por proxies já implementados;
guardada temporariamente no proxy, fazendo com que • Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati-
não seja necessário requisitá-la no endereço original vidade maliciosa que se origina e se destina à rede
a todo instante, por exemplo); determinados recursos interna;
INFORMÁTICA

podem ser liberados apenas mediante autenticação do • Um firewall pode não ser capaz de identificar uma
usuário; entre outros. atividade maliciosa que acontece por descuido do
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, usuário - quando este acessa um site falso de um
haja visto a enorme quantidade de serviços e protocolos banco ao clicar em um link de uma mensagem de
existentes na internet, fazendo com que, dependendo e-mail, por exemplo;

79
• Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex- colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo; tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
• Um firewall não pode interceptar uma conexão sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
que não passa por ele. Se, por exemplo, um usuá- seu computador vulnerável aos ataques.
rio acessar a internet em seu computador a partir E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
de uma conexão 3G (justamente para burlar as res- ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
interferir. de informação.
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
Sistema antivírus todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
precisou formatar seu computador? seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
Os vírus representam um dos maiores problemas os espaços do programa original, para não dar a menor
para usuários de computador. Para poder resolver esses pista de sua existência.
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares Cada vírus possui um critério para começar o ataque
criaram o principal utilitário para o computador, os an- propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
tivírus, que são programas com o propósito de detectar gados, o micro começa a travar, documentos que não
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
depois de ingressar no sistema. tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- estragos muito grandes.
gramas de software que são implementados sem o con- Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
proprietário de um computador e que cumprem diver-
-o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e
todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
perda de dados, alteração de funcionamento, interrup-
deles para proteger seu sistema operacional.
ção do sistema e propagação para outros computadores.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
Os antivírus são aplicações de software projetadas
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
como medida de proteção e segurança para resguardar
antivírus mais conhecidos:
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
computadores. sui versão de teste.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
namento comum que com frequência compara o código e outra gratuita para uso não comercial (com menos
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de funcionalidades).
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
determinar se trata de um elemento prejudicial para o ware.com.br - Possui versão de teste.
sistema. Também pode reconhecer um comportamento É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in- criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
teragir com o mesmo. de propagação.
Como novos vírus são criados de maneira quase
constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
necer em execução durante todo tempo que o sistema
informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
sites de entrada e saída visitados.
Um antivírus pode ser complementado por outros
aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
INFORMÁTICA

de vírus. Figura 92: Principais antivírus do mercado atual


Então, antivírus são os programas criados para man-
ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
dados de seu computador.

80
Tipos de Vírus barras de ferramentas no navegador e podem impedir
acesso a determinados sites (como sites de software an-
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” tivírus, por exemplo).
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo ferramenta desenvolvida especialmente para combater
o executa, o programa atua de forma diferente do que aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
era esperado. no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
Ao contrário do que é erroneamente informado na nem anti-spywares conseguem “pegar”.
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
clusivamente, como definição para programas que cap- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
informações como passwords, logins e quaisquer dados, considere a mensagem.
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In- Política de segurança da Informação
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas Hoje as informações são bens ativos da empresa,
visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve imagine uma Universidade perdendo todos os dados
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com
oferecidas. isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo
Worms (vermes) podem ser interpretados como um mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi- série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne-
pal diferença entre eles está na forma de propagação: rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa-
os worms podem se propagar rapidamente para outros ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma importantes de uma organização, contribuindo decisiva-
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma- mente para a uma maior ou menor competitividade, por
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o isso é necessária a implementação de políticas de segu-
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz rança da informação que busquem reduzir as chances de
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de fraudes ou perda de informações.
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail A Política de Segurança da Informação é um docu-
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema mento que contém um conjunto de normas, métodos
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio e procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser
que permita a contaminação de computadores (normal- comunicados a todos os funcionários, bem como anali-
mente milhares) em pouco tempo. sado e revisado criticamente, em intervalos regulares ou
quando mudanças se fizerem necessárias.
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
serem necessariamente vírus, estes três nomes também mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
representam perigo. Spywares são programas que ficam 27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam para a gestão de segurança da informação, na qual po-
informações sobre eles. Para contaminar um computa- dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar,
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
desconhecidos ou serem baixados automaticamente da informação em uma organização.
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso. Importante mencionar que conforme a ISO/IEC
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem 27002:2005(2005), a informação é um conjunto de da-
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, dos que representa um ponto de vista, um dado proces-
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. sado é o que gera uma informação. Um dado não tem
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. valor antes de ser processado, a partir do seu proces-
INFORMÁTICA

Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» samento, ele passa a ser considerado uma informação,
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex- que pode gerar conhecimento, logo, a informação é o
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página conhecimento produzido como resultado do processa-
inicial do browser e impede o usuário de mudá-la, exi- mento de dados.
be propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala

81
De fato, com o aumento da concorrência de merca- durante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na
do, tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão noite de quarta seria idêntico àquele criado na terça.
em todos os níveis. Como resultado deste significante Apesar de ser possível configurar backups desta maneira,
aumento da interconectividade, a informação está agora é mais provável que você não o faça. Para entender mais
exposta a um crescente número e a uma grande varie- sobre este assunto, devemos primeiro entender os tipos
dade de ameaças e vulnerabilidades. diferentes de backup que podem ser criados. Estes são:
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005,
p.ix), “segurança da informação é a proteção da informa- • Backups completos;
ção de vários tipos de ameaças para garantir a continui- • Backups incrementais;
dade do negócio, minimizar o risco ao negócio, maximi- • Backups diferenciais;
zar o retorno sobre os investimentos e as oportunidades • Backups delta;
de negócio, para isso é muito importante a confidencia-
lidade, integridade e a disponibilidade, onde: O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
A confidencialidade é a garantia de que a informação todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
é acessível somente por pessoas autorizadas a terem dispositivos de backup correspondentes), independente
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação de versões anteriores ou de alterações nos arquivos des-
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- de o último backup. Este tipo de backup é o tradicional
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quan-
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis do pensam em backup: guardar TODAS as informações.
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. Outra característica do backup completo é que ele é o
Um exemplo simples seria o furto do número e da se- ponto de início dos outros métodos citados abaixo. To-
nha do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta dos usam este backup para assinalar as alterações que
bancária de uma pessoa. deverão ser salvas em cada um dos métodos.
A integridade é a garantia da exatidão e completeza Este tipo consiste no backup de todos os arquivos
da informação e dos métodos de processamento (NBR para a mídia de backup. Conforme mencionado anterior-
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada, mente, se os dados sendo copiados nunca mudam, cada
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A backup completo será igual aos outros. Esta similaridade
integridade é garantida quando se mantém a informa- ocorre devido ao fato que um backup completo não ve-
ção no seu formato original. rifica se o arquivo foi alterado desde o último backup;
A disponibilidade é a garantia de que os usuários copia tudo indiscriminadamente para a mídia de backup,
autorizados obtenham acesso à informação e aos ati- tendo modificações ou não. Esta é a razão pela qual os
vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/ backups completos não são feitos o tempo todo. Todos
IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível os arquivos seriam gravados na mídia de backup. Isto sig-
para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope- nifica que uma grande parte da mídia de backup é usada
rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um mesmo que nada tenha sido alterado. Fazer backup de
incidente de segurança da informação por quebra de 100 gigabytes de dados todas as noites quando talvez
disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de 10 gigabytes de dados foram alterados não é uma boa
sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra prática; por este motivo os backups incrementais foram
de disponibilidade. criados.
Já os backups incrementais primeiro verificam se o
PROCEDIMENTOS DE BACKUP horário de alteração de um arquivo é mais recente que o
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em
O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão uma Instituição, onde todos os backups eram programa-
acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os dos para a quarta-feira.
dados originais do disco rígido forem apagados ou subs- A vantagem principal em usar backups incrementais
tituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido é que rodam mais rápido que os backups completos. A
a um defeito do disco rígido, você poderá restaurar facil- principal desvantagem dos backups incrementais é que
mente os dados usando a cópia arquivada. para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces-
sário procurar em um ou mais backups incrementais até
Tipos de Backup encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de ar-
quivo completo, é necessário restaurar o último backup
Fazer um backup é simples. Basta copiar os arqui- completo e todos os backups incrementais subsequen-
vos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o tes. Numa tentativa de diminuir a necessidade de procu-
backup. Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir rar em todos os backups incrementais, foi implementada
acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrom- uma tática ligeiramente diferente. Esta é conhecida como
peu? Bem, é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É backup diferencial.
nessa hora que entram as estratégias de backup. Os backups diferenciais, também só copiam arquivos
INFORMÁTICA

Se você perguntar a alguém que não é familiarizado alterados desde o último backup, mas existe uma dife-
com backups, a maioria pensará que um backup é so- rença, eles mapeiam as alterações em relação ao último
mente uma cópia idêntica de todos os dados do com- backup completo, importante mencionar que essa téc-
putador. Em outras palavras, se um backup foi criado nica ocasiona o aumento progressivo do tamanho do
na noite de terça-feira, e nada mudou no computador arquivo.

82
Os backups delta sempre armazenam a diferença en- VPN
tre as versões correntes e anteriores dos arquivos, co-
meçando a partir de um backup completo e, a partir daí, É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi-
a cada novo backup são copiados somente os arquivos ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão
que foram alterados enquanto são criados hardlinks para de dois computadores utilizando uma rede pública (In-
os arquivos que não foram alterados desde o último ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
backup. Esta é a técnica utilizada pela Time Machine da esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
Apple e por ferramentas como o rsync. dalidade de trabalho homeoffice, em que o funcionário
pode, da casa dele, acessar todos seus arquivos e softwa-
Mídias res específicos da empresa.
A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de dados com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
removível amplamente utilizado. Tem os benefícios de cus- possam ser enviados sem que outros usuários tenham
to baixo e uma capacidade razoavelmente boa de arma- acesso.
zenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvantagens. Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados na fita dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
é sequencial por natureza. Estes fatores significam que é programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
necessário manter o registro do uso das fitas (aposentá-las so para o envio dos dados é o seguinte:
ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e também que a
procura por um arquivo específico nas fitas pode ser uma • Os dados são criptografados e encapsulados.
tarefa longa. • Algumas informações extras, como o número de
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
como um meio de backup. No entanto, os preços de ar- dos que serão enviados para que o computador
mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos, receptor possa identificar quem mandou o pacote
usar drives de disco para armazenamento de backup faz de dados.
sentido. A razão principal para usar drives de disco como • O pacote contendo todos os dados é enviado
um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de por meio do “túnel” criado até o computador de
armazenamento em massa mais rápido. A velocidade destino.
pode ser um fator crítico quando a janela de backup do • A máquina receptora irá identificar o computador
seu centro de dados é curta e a quantidade de dados a remetente por meio das informações anexadas ao
serem copiados é grande. pacote de dados.
O armazenamento deve ser sempre levado em con- • Os dados são recebidos e desencapsulados.
sideração, onde o administrador desses backups deve se • Finalmente os dados são descriptografados e ar-
preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda ade- mazenados no computador de destino
quadamente às necessidades de todos, e também asse-
gurar que os backups estejam disponíveis para a pior das Computação na nuvem (cloud computing)
situações.
Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela
deve-se garantir os testes para que com o passar do tem- internet, o usuário está utilizando o conceito de compu-
po não fiquem ilegíveis. tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli-
cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
Recomendações para proteger seus backups diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que
os dados não se encontram em um computador específi-
Fazer backups é uma excelente prática de seguran- co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
você esteja a salvo no dia em que precisar deles: aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
como o One Drive.
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritó- Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
rio, e, se for possível, em algum recipiente à prova possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
de incêndios, como os cofres onde você guarda balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
seus documentos e valores importantes. lugar — é justamente por isso que o seu computador
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
mantenha em lugares separados. vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, à internet.
é melhor comprimir os arquivos que já sejam mui-
to antigos (quase todos os programas de backup
contam com essa opção), assim você não desper-
diça espaço útil.
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira
INFORMÁTICA

que sua informação fique criptografada o suficien-


te para que ninguém mais possa acessá-la. Se sua
informação é importante para seus entes queridos,
implemente alguma forma para que eles possam
saber a senha se você não estiver presente.

83
#FicaDica HORA DE PRATICAR!
Basta pensar que, a partir de uma conexão
com a internet, você pode acessar um ser- 1. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
vidor capaz de executar o aplicativo deseja- SOCIAL – SUPERIOR – CESPE – 2016) O próximo item,
do, que pode ser desde um processador de que aborda procedimentos de informática e conceitos
textos até mesmo um jogo ou um pesado de Internet e intranet, apresenta uma situação hipotética,
editor de vídeos. Enquanto os servidores seguida de uma assertiva a ser julgada.
executam um programa ou acessam uma Ao iniciar seu dia de trabalho, Daniel se deparou com
determinada informação, o seu computa- inúmeros aplicativos abertos em seu computador de tra-
dor precisa apenas do monitor e dos peri- balho, o que deixava sua máquina lenta e sujeita a tra-
féricos para que você interaja. vamentos frequentes. Ele constatou, ainda, que somente
um desses aplicativos era necessário para a execução de
suas atividades. Nessa situação, para melhorar o desem-
penho do seu computador, Daniel deve utilizar um apli-
cativo de antivírus instalado localmente, para eliminar os
aplicativos que estiverem consumindo recursos além do
COMPUTAÇÃO NA NUVEM normal.
(CLOUD COMPUTING)
( ) CERTO  ( ) ERRADO

2. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA


Computação na nuvem (cloud computing) DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) Em
uma placa-mãe de computador pessoal existem grupos
Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela de barramentos que são separados por processadores
internet, o usuário está utilizando o conceito de compu- dedicados, denominados northbridge e southbridge, fa-
tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli- zendo parte do chamado chipset da placa-mãe.
cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que ( ) CERTO  ( ) ERRADO
os dados não se encontram em um computador específi-
co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o 3. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA
Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
como o One Drive.
Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
lugar — é justamente por isso que o seu computador
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
à internet.

#FicaDica
Basta pensar que, a partir de uma conexão
com a internet, você pode acessar um servi-
dor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de tex-
tos até mesmo um jogo ou um pesado editor
de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada
informação, o seu computador precisa ape-
nas do monitor e dos periféricos para que
você interaja. Entre a unidade central de processamento (CPU) e a me-
mória RAM dinâmica, encontra-se uma memória cache
do tipo estática, cuja latência no acesso aos dados arma-
zenados é menor que a da memória RAM dinâmica.
INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

84
4. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA 6. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) SOCIAL – SUPERIOR – CESPE – 2016) O próximo item,
que aborda procedimentos de informática e conceitos
de Internet e intranet, apresenta uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
A área administrativa do INSS informou a todos os ser-
vidores públicos lotados nesse órgão que o acesso a de-
terminado sistema de consulta de dados cadastrais seria
disponibilizado por meio da Internet, em substituição ao
acesso realizado somente por meio da intranet do órgão.
Nessa situação, não haverá similaridade entre os siste-
mas de consulta, porque sistemas voltados para intranet,
diferentemente dos voltados para Internet, não são com-
patíveis com o ambiente web.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

7. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO –


CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item
que se segue.
Na Internet, os endereços IP (Internet Protocol) consti-
tuem recursos que podem ser utilizados para identifica-
ção de microcomputadores que acessam a rede.
Considerando a figura acima, que apresenta um diagra-
ma de blocos da arquitetura de um computador pessoal,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
julgue os itens subsequentes acerca de conceitos de
informática.
8. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO –
Os modelos atuais de processadores Pentium não pos-
CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item
suem internamente um coprocessador matemático em
que se segue.
seu interior.
A ferramenta OneDrive do Windows 10 é destinada à
navegação em páginas web por meio de um browser
( ) CERTO  ( ) ERRADO
interativo.
5. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA
( ) CERTO  ( ) ERRADO
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
9. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPERIOR
– CESPE – 2008) Considerando a situação hipotética em
que João deseja enviar a José e a Mário uma mensagem
de correio eletrônico por meio do Outlook Express, jul-
gue o item abaixo.
Caso João, antes de enviar a mensagem, inclua, no cam-
po CC: do aplicativo usado para o envio da mensagem,
o endereço de correio eletrônico de Mário, e, no campo
Para:, o endereço eletrônico de José, então José e Mário
receberão uma cópia da mensagem enviada por João,
mas José não terá como saber que Mário recebeu uma
cópia dessa mensagem.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O barramento PCI de um computador pessoal possui


uma vazão de dados menor que o barramento que inter-
liga as bridges northbridge e southbridge.
INFORMÁTICA

( ) CERTO  ( ) ERRADO

85
10. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA 12. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊN-
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) CIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
A partir das informações apresentadas anteriormente na
imagem, julgue os itens que se seguem.
Para que a página apresentada fosse gerada, foi estabe-
lecida pelo menos uma conexão na porta 80 do servidor
cujo endereço de domínio é www.inss.gov.br.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

13. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊN-


CIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
A partir das informações apresentadas anteriormente na
imagem, julgue os itens que se seguem.
A informação apresentada na região D pode ter sido ge-
rada por meio de scripts escritos na mesma linguagem
de programação empregada na tecnologia Ajax.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

14. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊN-


A figura acima apresenta a interface de um navegador CIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
web, após acesso a um sítio web, na qual são destacadas A partir das informações apresentadas anteriormente na
regiões nomeadas de A até F. Na situação apresentada, o imagem, julgue os itens que se seguem.
ponteiro do mouse está sobre a região C, o que fez com O acionamento do link na região E possivelmente não
que as informações nas regiões D e F fossem apresenta- implicará em consultas a um SGBD na retaguarda do
das. Caso o usuário passe o ponteiro do mouse sobre as servidor de nome www010.dataprev.gov.br.
regiões A, B e E serão mostradas na região F, respectiva-
mente, as informações a seguir. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

15. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA


DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) Se o
servidor que gerou a página apresentada ficar indispo-
nível, o acionamento do link da região A produzirá um
erro do tipo 404 Not Found.
A partir das informações apresentadas acima, julgue os
itens que se seguem. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
As informações acima permitem afirmar que nenhuma
das páginas cujos endereços são disponibilizados na pá- 16. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO
gina atualmente apresentada ao usuário é gerada por – SUPERIOR – CESPE – 2008) Com relação a recursos
meio de scripts na linguagem PHP. disponíveis na Internet, julgue os itens a seguir.
Nos CDs de áudio modernos, todos os arquivos são gra-
( ) CERTO  ( ) ERRADO vados no formato denominado MP3. Em muitos casos,
entretanto, é comum a realização de download de arqui-
11. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊN- vos de áudio por meio da Internet. Nesse caso, a música
CIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) não é baixada em formato MP3, pois, entre os formatos
A partir das informações apresentadas anteriormente na disponíveis, este é o que ocupa maior espaço em memó-
imagem, julgue os itens que se seguem. ria. Em geral, para esse tipo de download, o arquivo é
Caso o usuário clique o mouse quando o ponteiro está baixado no formato WAV, o qual é obtido quando o ar-
sobre a região B, será enviado um pedido http ao servi- quivo MP3 passa por um programa de compactação que
dor cujo endereço de domínio é www.previdencia.gov. o torna muito menor, mas que, ainda assim, mantém as
br. Entre os parâmetros da resposta http a ser retornada características sonoras essenciais da gravação.
pelo servidor, estão os de nome ATVD, DN1 e H1.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
17. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO
– SUPERIOR – CESPE – 2008) Com relação a recursos
INFORMÁTICA

disponíveis na Internet, julgue os itens a seguir.


O URL www.google.com identifica a página da Web do
serviço conhecido como enciclopédia livre, no qual co-
laboradores voluntários de todo o mundo escrevem e
submetem artigos sobre determinado tema. Esses artigos

86
são revisados por outros colaboradores voluntários e, fi-
nalmente, são aprovados para publicação online. Essa en- GABARITO
ciclopédia livre pode ser acessada de forma gratuita por
qualquer usuário com acesso à Internet.
1 ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
2 CERTO
18. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO – 3 CERTO
CESPE – 2008) Com relação a mensagens de correio ele- 4 ERRADO
trônico e a conceitos relacionados a Internet e intranet,
5 CERTO
julgue os itens seguintes.
É comum, mediante o uso de programas de computador 6 ERRADO
que utilizam o Windows XP como sistema operacional, o 7 CERTO
recebimento de mensagens de texto por meio de correio 8 ERRADO
eletrônico. Entretanto, é possível a realização dessa mes-
ma tarefa por meio de programas de computador ade- 9 ERRADO
quados que utilizam o sistema operacional Linux. 10 ERRADO
11 ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
12 CERTO
19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO – 13 CERTO
CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item 14 CERTO
que se segue.
15 ERRADO
A infecção de um computador por vírus enviado via cor-
reio eletrônico pode se dar quando se abre arquivo infec- 16 ERRADO
tado que porventura esteja anexado à mensagem eletrô- 17 ERRADO
nica recebida. 18 CERTO
( ) CERTO  ( ) ERRADO 19 CERTO
20 ERRADO
20. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPE- 21 CERTO
RIOR – CESPE – 2008) Acerca da comunicação institu-
22 ERRADO
cional e da segurança da informação, julgue os itens que
se seguem.
Os controles lógicos são mecanismos de segurança da in-
formação que buscam limitar o contato ou acesso direto
à informação ou à infraestrutura que a contém.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

21. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPE-


RIOR – CESPE – 2008) Acerca da comunicação institu-
cional e da segurança da informação, julgue os itens que
se seguem.
A assinatura digital é um exemplo de controle lógico.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

22. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPE-


RIOR – CESPE – 2008) Acerca da comunicação institu-
cional e da segurança da informação, julgue os itens que
se seguem.
A assinatura digital, por meio de um conjunto de dados
criptografados associados a um documento, garante a
integridade e confidencialidade do documento.

( ) CERTO  ( ) ERRADO


INFORMÁTICA

87
ANOTAÇÕES

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INFORMÁTICA

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88
ÍNDICE

NOÇÕES DE FÍSICA

Cinemática escalar, cinemática vetorial.......................................................................................................................................................... 01


Movimento circular................................................................................................................................................................................................ 06
Leis de Newton e suas aplicações.................................................................................................................................................................... 09
Trabalho. Potência. Energia cinética, energia potencial, atrito. Conservação de energia e suas transformações.
Quantidade de movimento e conservação da quantidade de movimento, impulso. Colisões............................................... 16
CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA #FicaDica
VETORIAL.
É possível converter uma velocidade em km/h
CINEMÁTICA ESCALAR para m/s e vice-versa. Para converter uma ve-
locidade de km/h para m/s basta DIVIDIR por
Denomina-se cinemática escalar o ramo da Física que 3.6. Já para converter uma velocidade de m/s
estuda o movimento dos corpos. Para tal, é importante para km/h basta MULTIPLICAR por 3,6.
conhecer algumas grandezas que caracterizam os movi-
mentos e ajudam a estudá-los. São elas MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME
DESLOCAMENTO ESCALAR Movimento retilíneo uniforme (MRU) é o movimento
no qual o corpo (móvel) percorre uma trajetória reta com
O deslocamento escalar é a diferença entre os pon- velocidade constante. Ou seja, em um mesmo intervalo
tos finais e iniciais de um espaço (trajetória). É denotado de tempo ele percorre distâncias iguais.
por Δ𝑆 . Para calculá-lo basta fazer a diferença entre a
posição final (Sf) de um corpo e a posição inicial (S0) do a) Classificação do Movimento Retilíneo Uniforme
mesmo. Por exemplo: um carro parte de uma cidade A
em direção à cidade B. Olhando no mapa rodoviário a O MRU pode ser classificado em dois movimentos
cidade A encontra-se no quilômetro 20 de uma rodovia distintos, a saber:
e a cidade B encontra-se no quilômetro 140 da mesma
rodovia. Se um carro se desloca de A para B, ele parte da • Movimento Progressivo: denomina-se movimen-
posição S0 e chega em Sf. = 140 km. Logo o seu desloca- to progressivo o movimento no qual o corpo se
mento foi de Δ𝑆 .=140 - 20 = 120 km. Conclui-se que o movimenta no sentido positivo da trajetória. Por
deslocamento é calculado por: sentido positivo, entende-se o sentido no qual a
posição da trajetória aumenta. Por exemplo, recu-
Δ𝑆 = Sf = S0 perando o exemplo do carro que vai da cidade A
para a cidade B, como a cidade A está na posição
VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA 20 km e a cidade B está na posição 140 km, nota-se
que de A para a B a posição aumentou. Portanto, o
A velocidade escalar média (Vm) é a razão entre o des- sentido da trajetória é positivo de A para B. Em um
locamento escalar (Δ𝑆 ) e o tempo transcorrido ( Δ𝑡) para movimento progressivo diz-se que a velocidade é
realizar esse deslocamento. Ou seja: positiva, ou seja v>0.
• Movimento Retrógrado: denomina-se movimen-
to progressivo o movimento no qual o corpo se
Vm= Δ𝑆
movimenta no sentido negativo da trajetória. Por
sentido negativo, entende-se o sentido no qual a
______
posição da trajetória diminui. Novamente utilizan-
do o exemplo das cidades A e B. Nota-se que A
Δ𝑡 está na posição 20 km e a cidade B está na posição
140 km, nota-se que de B para a A a posição dimi-
A unidade de velocidade média no Sistema Interna- nuiu. Portanto, o sentido da trajetória é negativo
cional é m/s. Porém, é possível expressá-la em outras de B para A. Em um movimento retrógrado diz-se
unidades. A mais comum delas é o km/h. Voltando ao que a velocidade é negativa, ou seja v<0.
exemplo anterior do carro que se desloca entre as cida-
des A e B, sabe-se que ele realizou esse deslocamento
em 2h. Logo, a velocidade média do carro nesse trajeto FIQUE ATENTO!
foi de: Velocidade positiva significa que o corpo
está se deslocando no sentido positivo da
Δ𝑆 120 trajetória e velocidade negativa significa que
𝑣𝑚 = = = 60 𝑘 𝑚 ⁄ℎ
Δ𝑡 2 o corpo está se deslocando no sentido ne-
gativo da trajetória. Velocidade negativa não
Note que o deslocamento foi calculado em km e o significa que o corpo está “freando”!
tempo transcorrido em h e, portanto, a velocidade foi
calculada em km/h. b) Função Horária do Espaço (posição)
NOÇÕES DE FÍSICA

É a função que permite obter a posição do corpo em


movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
É dada por:

𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡

1
Onde:
S= Posição do móvel em função do tempo
S0=Posição inicial do móvel
v= Velocidade do móvel
Δ𝑡=Intervalo de tempo transcorrido

c) Gráficos do Movimento Retilíneo Uniforme

As grandezas do movimento retilíneo uniforme são


expressas na forma de gráficos. São eles:

Gráfico S X t
Em ambos os movimentos, a velocidade é constante
e forma uma linha horizontal. A diferença é que no movi-
mento progressivo, o valor da velocidade é positivo e no
movimento retrógrado, é negativo.

#FicaDica
Para MRU o gráfico S×t é sempre uma reta
(crescente ou decrescente) e o gráfico v×t
é sempre uma reta horizontal (acima ou
abaixo do eixo x)

Cinemática vetorial

Quando estudamos o movimento retilíneo uniforme


(MRU) e o movimento uniformemente variado (MUV)
reparamos que; uma das características desses movi-
mentos era o fato de serem tratados sempre em linhas
retas. Quando estamos falando em um movimento que
se baseia numa linha reta, rapidamente pensamos: “Este
movimento só pode ter duas direções!”. Em matemática
chamamos um lado de positivo e outro lado de negativo,
e este é o método que usamos para definir, nas equa-
No movimento progressivo, a gráfico Sxt é crescente, ções, os sinais de cada grandeza.
ou seja, conforme aumenta o tempo, o valor de S aumen- Quando passamos a ter mais do que dois sentidos
ta. Por outro lado, no movimento retrógrado, o gráfico possíveis, aumentam as dificuldades de definir, mate-
Sxt é decrescente, ou seja, aumentando o tempo, o valor maticamente, as grandezas impostas (já que não temos
de S diminui. somente duas possibilidades). E a maneira como nós tra-
tamos, a partir de agora, é fazendo o uso de Vetores.
Gráfico v×t
VETORES

Quando se estuda grandezas físicas, sabe-se que há


dois tipos: Escalares e vetoriais. A primeira, basta apenas
uma única informação (valor) para ela ser determinada.
Já as grandezas vetoriais, necessitam de três informa-
ções, valor, direção e sentindo.
Vamos tomar como exemplo a velocidade de um
carro. Normalmente, fala-se apenas do seu valor, por
exemplo, 100 km/h, considerando uma rodovia. Mas,
essa informação é suficiente? Se considerarmos que só
queremos saber o quanto o carro está rápido, este valor
é suficiente, mas se quisermos saber para onde o carro
NOÇÕES DE FÍSICA

está indo? Um carro andando a 100 km/h para o norte é


a mesma coisa que andar a 100 km/h para o sul?
Fisicamente, não é a mesma coisa, e dizemos que nos
dois carros, temos sentidos opostos, ou seja, cada carro
está indo no movimento diametralmente oposto ao ou-
tro. Assim, grandezas vetoriais precisarão de mais infor-
mações para ser totalmente determinadas.

2
Para colocar todas as informações organizadas, te- • Vetores com módulo e direção iguais, mas senti-
mos a seguir a caracterização das três informações que dos diferentes:
compõe um vetor:

• Módulo (ou magnitude): É o valor da grandeza em


si e irá determinar o tamanho de um vetor, ou seja,
vetores maiores terão módulos maiores.
• Direção: Descreve o plano onde o vetor se loca-
liza. Por exemplo, uma pessoa andando em uma
rua plana, tem direção horizontal, no caso de uma
rua inclinada, o ângulo de inclinação indicará a
direção. Aqui temos dois vetores que possuem uma única di-
• Sentido: É a informação complementar da direção, ferença: Estão apontados para sentidos opostos. Caso
uma vez que para cada direção, temos dois senti- esses vetores fossem forças, uma anularia a outra, resul-
dos possíveis. Por exemplo, em um plano horizon- tando em uma resultante nula.
tal, podemos estar indo para esquerda ou direita;
na direção vertical, para cima ou para baixo, etc. • Vetores com módulo iguais, mas direção e sentido
diferentes:
Com as três informações caracterizadas, define-se
agora a geometria de um vetor, que está apresentada na
figura a seguir:

Nesse caso, temos dois vetores com o mesmo tama-


Geometricamente, o vetor é uma seta, onde seu ta- nho, mas apontado para direções diferentes, o que por
manho indicará o módulo e há as indicações de dire- consequência gera direções diferentes.
ção e sentido. Nesse caso, temos um vetor de direção
horizontal, e sentido para a direita. Vejam agora outros
exemplos. #FicaDica
Vetores são utilizados principalmente em
• Vetores de mesmo módulo, direção e sentido: Dinâmica, quando se trata de equilíbrio
de forças. As operações vetores descritas a
seguir serão fundamentais para o entendi-
mento desta parte da Física.

OPERAÇÕES COM VETORES

Agora que são conhecidas as características dos veto-


Neste exemplo, os vetores a e b são idênticos, pois res, serão descritas as operações que são possíveis com
possuem as três informações iguais. essas grandezas.

• Vetores de módulos diferentes, mas mesma dire- Soma e subtração de vetores


ção e sentido:
Em concursos e vestibulares, as operações mais co-
bradas são soma e subtração de vetores. Para iniciar, va-
mos apresenta-la de uma maneira simples, dois vetores
com módulos diferentes, mas com direções e sentidos
iguais:
NOÇÕES DE FÍSICA

Conforme dito anteriormente, o tamanho do vetor é


ligado ao seu módulo. Nesse caso, pode-se afirmar que
o módulo do vetor b é menor que o módulo do vetor a

3
Se pensarmos esses vetores como forças, é fácil per-
ceber que se tivermos uma força a valendo 10N e uma
força b valendo 5N, a soma será de 10+5 = 15N. Ve-
torialmente, como o tamanho é diretamente ligado ao
módulo do vetor, assim:

Após isso, coloca-se o início do vetor b, no final do


vetor a, conforme visto a seguir:

O vetor soma (𝑎 + 𝑏) será justamente o vetor formado


pelo início do vetor a e o final do vetor b:
_____>

O vetor (a+b) foi formado a partir da junção dos dois


vetores. Agora, e se quisermos subtrair os vetores, como
fica a operação (a - b)? Se pensarmos novamente em for-
ça, temos uma força a de 10 N apontado para a direita e
uma força b de 5N apontada para a esquerda, resultando
uma força de 10 - 5 = 5N para a direita. Vetorialmente:
Esse método também vale para a soma de três ou
mais vetores:

Seguindo a mesma metodologia, os três vetores uni-


dos ficam:

O vetor (𝑎 + 𝑏) também foi formado a partir da jun-


ção dos dois vetores. Observe que nas duas operações,
o início do vetor b foi colocado no final do vetor a. Esse
é um dos métodos para se calcular a soma ou subtração
de dois ou mais vetores e ele pode ser extrapolado para
vetores de direções diferentes. Veja o exemplo a seguir: A mesma regra vale para subtração. Para seguir a
mesma metodologia, temos que fazer a seguinte consi-
deração matemática:

𝑎 − 𝑏 = 𝑎⃗ − 𝑏 = 𝑎⃗ + (−𝑏�

Ou seja, a subtração de vetores será uma soma do


primeiro vetor com o oposto do segundo, veja na figura
a seguir:

São dois vetores com módulo, direção e sentido di-


ferentes, como soma-los? A estratégia é simples: Como
NOÇÕES DE FÍSICA

estamos fazendo (𝑎 + 𝑏) , vamos copiar o primeiro vetor,


ou seja, a:
Novamente temos dois vetores a e b. Para aplicar o
método, primeiro temos que montar o vetor -b, que é o
mesmo vetor b, mas de sentido contrário:

4
Agora basta aplicar o método, colocando o início do
vetor -b no final do vetor a:

Os pontos de cruzamento das linhas pontilhadas com


#FicaDica os eixos marcam os finais das componentes ax e ay. Para
Existe um outro método de soma e subtra- construir os vetores, inicia-se do mesmo ponto onde o
ção de vetores chamado método da poli- vetor a está desenhado:
gonal. Como ele é específico para soma de
apenas dois vetores, optou-se por apresen-
tar apenas o caso geral, que funciona em
qualquer exercício.

Decomposição de vetores

A decomposição de vetores é uma ferramenta impor-


tante aplicada na Física, pois permite que se separe um
vetor específico em diferentes componentes, que pode
facilitar o entendimento de alguns fenômenos ou para
estudar casos específicos. A idéia consiste em dividir o
vetor em dois (em problemas no plano) ou três (em pro-
blemas tridimensionais) componentes paralelas aos ei-
xos de coordenadas. Veja o exemplo a seguir: #FicaDica
Você pode verificar que a = ax + ay usando
o método de soma de vetores apresentado
anteriormente.

As magnitudes das componentes, serão em função


do ângulo 0. Como esse ângulo é formado entre o vetor
principal e o eixo x, então o vetor ax terá a magnitude
proporcional ao cosseno do ângulo:

𝑎𝑥 = 𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃

Já a componente y, será proporcional ao seno do


A figura apresenta um vetor a localizado no plano xy, ângulo:
formando um ângulo 0 com o eixo x. Em certos proble-
mas da Física, principalmente os relacionados com equi- 𝑎𝑦 = 𝑎. 𝑠𝑒𝑛𝜃
líbrio de forças, é conveniente decompor esse vetor em
uma soma:
𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 FIQUE ATENTO!
Observe sempre qual eixo está formando o
NOÇÕES DE FÍSICA

Onde ax é um vetor paralelo ao eixo x e ay é um vetor ângulo θ. Se ele estivesse formado pelo ve-
paralelo ao eixo y. Para fazer essa decomposição, basta tor 𝑎⃗ e o eixo y, as proporcionalidades de
traçarmos linhas pontilhadas paralelas aos eixos x e y, seno e cosseno se inverteriam.
partindo do final do vetor, conforme visto na figura:

5
A unidade é o radiano por segundo. Novamente há
MOVIMENTO CIRCULAR. uma relação entre propriedades lineares e angulares:
, onde é a velocidade linear.
Por fim a aceleração angular (indicada por ), somen-
Na Mecânica clássica, movimento circular é aque- te no MCUV, é definida como a derivada da velocidade
le em que o objeto ou ponto material se desloca numa angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia:
trajetória circular. Uma força centrípeta muda de direção
o vetor velocidade, sendo continuamente aplicada para
o centro do círculo. Esta força é responsável pela cha-
mada aceleração centrípeta, orientada para o centro da
circunferência-trajetória.
Pode haver ainda uma aceleração tangencial, que ob- A unidade é o radiano por segundo, ou radiano por
viamente deve ser compensada por um incremento na segundo ao quadrado. A aceleração angular guarda re-
intensidade da aceleração centrípeta a fim de que não lação somente com a aceleração tangencial e não com a
deixe de ser circular a trajetória. O movimento circular aceleração centrípeta: , onde é a acelera-
classifica-se, de acordo com a ausência ou a presença ção tangencial.
de aceleração tangencial, em movimento circular unifor-
me (MCU) e movimento circular uniformemente variado Como fica evidente pelas conversões, esses valores
(MCUV). angulares não são mais do que maneiras de se expressar
as propriedades lineares de forma conveniente ao movi-
Propriedades e Equações mento circular. Uma vez quer a direção dos vectores des-
locamento, velocidade e aceleração modifica-se a cada
instante, é mais fácil trabalhar com ângulos. Tal não é o
caso da aceleração centrípeta, que não encontra nenhum
correspondente no movimento linear.
Surge a necessidade de uma força que produza essa
aceleração centrípeta, força que é chamada analoga-
mente de força centrípeta, dirigida também ao centro
da trajetória. A força centrípeta é aquela que mantém o
objeto em movimento circular, provocando a constante
mudança da direção do vector velocidade.

A aceleração centrípeta é proporcional ao quadrado


da velocidade angular e ao raio da trajetória:
Movimento da Circunferência

Uma vez que é preciso analisarmos propriedades an- f


gulares mais do que as lineares, no movimento circular
são introduzidas propriedades angulares como o deslo- A função horária de posição para movimentos circu-
camento angular, a velocidade angular e a aceleração an- lares, e usando propriedades angulares, assume a forma:
gular e centrípeta. No caso do MCU existe ainda o perío- , onde é o deslocamento angular no início
do, que é propriedade também utilizada no estudo dos do movimento. É possível obter a velocidade angular a
movimentos periódicos. O deslocamento angular (indi- qualquer instante , no MCUV, a partir da fórmula:
cado por ) se define de modo similar ao deslocamento
linear. Porém, ao invés de considerarmos um vetor des-
locamento, consideramos um ângulo de deslocamento.
Há um ângulo de referência, adotado de acordo como Para o MCU define-se período T como o intervalo de
problema. O deslocamento angular não precisa se limitar tempo gasto para que o móvel complete um desloca-
a uma medida de circunferência mento angular em volta de uma circunferência comple-
( ); para quantificar as outras propriedades do ta ( ). Também define-se frequência (indicada por
movimento circular, será preciso muitas vezes um dado f) como o número de vezes que essa volta é completa-
sobre o deslocamento completo do móvel, independen- da em determinado intervalo de tempo (geralmente 1
temente de quantas vezes ele deu voltas em uma circun- segundo, o que leva a definir a unidade de frequência
ferência. Se for expresso em radianos, temos a relação como ciclos por segundo ou hertz). Assim, o período é o
, onde R é o raio da circunferência e s é o deslo- inverso da frequência:
camento linear. Por exemplo, um objeto que tenha velocidade angu-
NOÇÕES DE FÍSICA

Pegue-se a velocidade angular (indicada por ), por lar de 3,14 radianos por segundo tem período aproxi-
exemplo, que é a derivada do deslocamento angular pelo madamente igual a 2 segundos, e frequência igual a 0,5
intervalo de tempo que dura esse deslocamento: hertz.

6
Transmissão do movimento circular

Muitos mecanismos utilizam a transmissão de um


cilindro ou anel em movimento circular uniforme para
outro cilindro ou anel. É o caso típico de engrenagens e
correias acopladas as polias. Nessa transmissão é man-
tida sempre a velocidade linear, mas nem sempre a ve-
locidade angular. A velocidade do elemento movido em
relação ao motor cresce em proporção inversa a seu ta-
manho. Se os dois elementos tiverem o mesmo diâme-
tro, a velocidade angular será igual; no entanto, se o ele-
mento movido for menor que o motor, vai ter velocidade
angular maior. Como a velocidade linear é mantida, e
Δ𝑆 = 𝜑𝑅 sendo
Δ𝑆 = 𝜑𝑅em radianos.
, então:
b) Período e Frequência

Em movimento circular uniforme, o tempo gasto


para o móvel completar uma volta é constante. Ou seja,
O movimento circular ocorre quando em diversas si-
a cada intervalo de tempo fixo, o móvel completa uma
tuações que podem ser tomadas como exemplo:
volta. A esse intervalo de tempo fixo, dá-se o nome de
período, denotado pela letra T. Se um satélite leva 50h
• Uma pedra fixada a um barbante e colocada a girar
para dar a volta na Terra, diz-se que o período desse sa-
por uma pessoa descreverá um movimento circular
télite é T=50h. Um movimento com período constante, é
uniforme.
chamado de periódico.
Em um movimento periódico, dá-se o nome de fre-
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME
quência à grandeza que mede a quantidade de eventos
(voltas) ocorridas em um intervalo de tempo. É denotada
Movimento circular é definido como todo movimento
pela letra f. Por exemplo, o motor de um carro produz
no qual a trajetória descrita pelo móvel é circular. Um
2400 rotações por minuto. Note que foram 2400 eventos
satélite em órbita em torno da Terra, o movimento de
(voltas, rotações) em um intervalo de tempo (minuto).
rotação de uma roda de bicicleta, são exemplos de mo-
Assim, diz-se que a frequência do motor é f= 2400 rpm.
vimentos circulares.
No SI, a unidade de frequência é s-1ou Hz que correspon-
de a rotações por segundo.
GRAUS E RADIANOS

No Sistema Internacional de Medidas (SI), a unida- #FicaDica


de de medida para ângulos é o radiano. A definição de
radiano é a seguinte: medida do ângulo que determi- Para converter um frequência em rotações
na um arco de comprimento igual ao raio. É importante por minuto (rpm) para rotações por segundo
que seja conhecida a correspondência entre ângulos e (Hz), basta dividir a quantidade de rotações
radianos, para conversão de valores. A equivalência é a por minuto por 60. No exemplo do motor, a
seguinte: frequência em Hz é igual a 𝑓 =
2400
= 40 𝐻𝑧
60
𝜋 𝑟𝑎𝑑 = 180°
Período e frequência estão relacionados, da seguinte
Assim, é possível obter outros ângulos notáveis em forma: fT=1, ou:
radianos, tais como:
1 1
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋 𝑓 = 𝑇 ou 𝑇 = 𝑓
90° = ; 60° = ; 45° = ; 30° =
2 3 4 6
Pelas expressões acima, nota-se que o período é o
Para outros ângulos, basta utilizar a equivalência inverso da frequência e vice-versa.
apresentada e encontrar o outro ângulo utilizando regra
de três. VELOCIDADE ANGULAR
a) Deslocamento Linear (Espaço)
NOÇÕES DE FÍSICA

A velocidade angular de um movimento circular uni-


forme, denotada por , é calculada por:
Um móvel percorrendo uma trajetória circular com
raio , descreve um ângulo e percorre um espaço , que é Δ𝜑
calculado por: 𝜔=
Δ𝑡

7
Δ𝜑
𝜔=
onde Δ𝜑 é o ângulo descrito pelo móvel e Δ𝑡 é
𝜔 = de tempo transcorrido. Considerando uma
o intervalo
Δ𝑡
volta completa, na qual o móvel percorre 360° (ou
2𝜋
𝜔=
radianos) e o tempo transcorrido é igual ao período T,𝑇 a
velocidade angular pode ser expressa por:

2𝜋
𝜔=
𝑇

VELOCIDADE LINEAR

A velocidade linear de um movimento circular unifor-


me, denotada por , é calculada por:

Δ𝑆
𝑣=
Δ𝑡
Δ𝜑
𝜔=
onde Δ𝑆 é o deslocamento linear e Δ𝑡 é o tempo
𝑣=
transcorrido.
Δ𝑡 Considerando uma volta completa onde o
móvel percorre uma volta completa, o deslocamento é
igual ao comprimento da trajetória circular que é calcu-
lado por Δ𝑆 = 2𝜋𝑅 . Novamente, em uma volta completa,
o tempo transcorrido é igual ao período e, consequente-
mente velocidade linear pode ser expressa por:

2𝜋𝑅 Considerando dois pontos A e B, cada um em uma


𝑣=
𝑇 engrenagem ou disco, vale a seguinte relação:

𝑣𝐴 = 𝑣𝐵
FIQUE ATENTO!
Assim: 𝜔𝐴 𝑅𝐴 = 𝜔𝐵 𝑅𝐵 ↔ 𝑓𝐴 𝑅𝐴 = 𝑓𝐵 𝑅𝐵
Há uma relação entre as velocidades linear e
angular. Analisando as duas fórmulas nota-
-se que a relação entre elas é dada por
EXERCÍCIOS COMENTADOS
𝑣 = 𝜔𝑅
1. (CESGRANRIO 2018) Um veículo de passeio movi-
menta-se em linha reta a uma velocidade de 36 km/h.
ACELERAÇÃO CENTRÍPETA Considerando-se que não haja deslizamento entre o
pneu e a pista, e que o diâmetro do pneu seja de 50 cm,
Embora o movimento seja uniforme, ele possui uma a rotação da roda, expressa em rad/s, é de
aceleração na direção do centro da trajetória, que ocorre
em virtude da variação da direção do vetor velocidade a) 10
durante a trajetória. A essa aceleração dá-se o nome de b) 20
aceleração centrípeta que é calculada da seguinte forma: c) 40
d) 50
𝑣2 e) 80
𝑎𝐶𝑃 =
𝑅
Resposta: Letra C A roda descreve um movimen-
TRANSMISSÃO DO MOVIMENTO CIRCULAR – COR- to circular uniforme com velocidade linear igual a
REIAS E ENGRENAGENS 36
. O raio da trajetória é igual a 25 cm, ou
= 10 𝑚 ⁄𝑠
3,6

É possível realizar a transmissão de movimento circu- 0,25 m. A velocidade linear se relaciona com a rotação
lar entre dois discos, rodas, engrenagens, polias, etc. Um em rad/s por meio da fórmula:
exemplo prático é a transmissão entre as duas catracas
da bicicleta, que é feita por uma corrente metálica. 𝑣 = 𝜔𝑅 → 10 = 𝜔. 0,25 → 𝜔 = 40 𝑟𝑎 𝑑 ⁄𝑠
NOÇÕES DE FÍSICA

8
2.(ENEM 2013) Para serrar ossos e carnes congeladas, Renascimento (séculos XIV-XVI), o físico italiano Galileu
um açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três Galilei modificou a pergunta inicial e passou a se questio-
polias e um motor. O equipamento pode ser montado de nar: Por que os corpos em movimento param de se mo-
duas formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança, vimentar? O que é necessário fazer para que um corpo
é necessário que a serra possua menor velocidade linear em movimento pare? Galileu realizou então uma série de
experimentos com um plano inclinado e uma bola.

Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a


justificativa desta opção?

a) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares


iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio
terá menor frequência.
b) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais e
a que tiver maior raio terá menor velocidade linear em Ele percebeu que, quando soltava a bola do alto do
um ponto periférico. plano inclinado, ela descia e, após atingir o plano hori-
c) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferen- zontal, deslocava-se por mais um trecho e depois parava.
tes e a que tiver maior raio terá menor velocidade li- Em seguida, ele poliu a bola e o plano e percebeu que a
near em um ponto periférico. bola ia mais longe.
d) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocida- Depois, lubrificou ambos e se deu conta de que,
des lineares em pontos periféricos e a que tiver menor quanto menor fosse o atrito entre a bola e o plano, mais
raio terá maior frequência. longe ela iria. Então, concluiu que, se não houvesse atrito
e) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes velocida- entre a bola e o plano, ela rolaria infinitamente, sem pa-
des lineares em pontos periféricos e a que tiver maior rar; ou seja, era a força de atrito, contrária ao movimento,
raio terá menor frequência. que fazia a bola parar.
Com base nessa e em outras ideias do séc. XVII, o
Resposta: Letra A. Já que o açougueiro quer diminuir físico Isaac Newton formulou uma teoria, que ajudou a
a velocidade linear da serra, a frequência entre as po- humanidade a explicar uma série de fenômenos conhe-
lias 2 e 3 devem ser a menor possível. Lembrando que cidos naquela época, mas que não tinham ainda uma ex-
as polias tem velocidades lineares iguais e frequências plicação física, baseada em observações, experimentos e
inversamente proporcionais ao raio. Na montagem P, novas hipóteses.
as polias 1 e 2 possuem a mesma velocidade linear, já Essa teoria, conhecida como mecânica de Newton, ou
que estão ligadas por uma correia. O mesmo acontece mecânica clássica, está estruturada sobre três leis, cha-
com as polias 1 e 3 na montagem Q. Porem, o raio da madas leis de Newton, em homenagem a esse cientista
polia 3 é maior, logo, a montagem que devemos esco- inglês.
lher deve usar a polia 3 ligada a 1, para que tenhamos
uma menor velocidade linear. 2. 1ª lei de Newton – Princípio da inércia

A primeira lei de Newton, também conhecida como


princípio da inércia, afirma que se nenhuma força agir
LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES. sobre um corpo, ou se a soma das forças que agirem
sobre ele (chamada de força resultante) for nula (igual a
zero), então ele não muda de velocidade, ou seja, perma-
LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES nece com sua velocidade vetorial constante. Em outras
palavras, para que a velocidade de um corpo seja alte-
1. Explicando as causas dos movimentos rada, e, consequentemente, o movimento, é necessário
que alguma força atue sobre ele.
NOÇÕES DE FÍSICA

Durante muito tempo a humanidade se perguntou Visualização da força resultante e suas consequências
por que determinados objetos se movimentavam. A ex- Chama-se de força resultante a soma de todas as forças
periência diária mostrou que, para deslocar um objeto que atuam em um corpo.
que estivesse parado, era necessário aplicar uma força
sobre ele. Por isso, chegou- -se à conclusão de que, para
manter um movimento, também seria necessária a ação
de uma força. Mas, durante o período conhecido como

9
No caso representado na figura, como as forças aplicadas pelas pessoas na corda têm a mesma direção (horizontal),
mas sentidos opostos (a força de 80 N tem sentido da direita para a esquerda e a de 100 N, da esquerda para a direita),
a força resultante é de 20 N, na direção horizontal e com sentido para a direita.
Note que, se as duas forças tivessem a mesma intensidade, a força resultante entre elas seria nula e, consequente-
mente, nada se moveria.
A tendência que um corpo tem de manter sua velocidade é chamada de inércia. Por isso, uma pessoa que se mexe
pouco ou que tem pouca iniciativa é chamada de inerte.

Essa propriedade da matéria pode ser observada em várias atividades cotidianas. Ela explica por que, por exemplo,
quando se está parado no interior de um ônibus e ele começa a se movimentar, se tem a sensação de estar sendo
jogado para trás, ou, quando um veículo está andando e para repentinamente, se tem a sensação de ser lançado para
frente, ou mesmo quando o automóvel em que se viaja faz uma curva, e você pode sentir que está sendo lançado para
fora dele.

Por isso é muito importante o uso do cinto de segurança. Ele evita que seu corpo continue em movimento, para
frente ou para o lado, e que você se machuque, caso o veículo faça movimentos muito bruscos.

2. 2ª lei de Newton
NOÇÕES DE FÍSICA

Você viu na 1a lei de Newton o que acontece quando a força resultante sobre um corpo é nula. Mas o que acontece,
então, quando a força resultante não é nula, ou seja, o que acontece quando há uma força resultante aplicada em um
corpo?
Se não há força resultante agindo em um corpo, sua velocidade permanece constante; portanto, quando houver
uma força resultante, sua velocidade vai variar.
É isso o que afirma a 2ª lei de Newton. Mais do que isso, ela diz o quanto a velocidade vai variar. Imagine duas
caixas de mesmo tamanho.

10
Uma delas está vazia e a outra cheia de tijolos. Sendo Se duas pessoas empurram um bloco de 100 kg sobre
assim, a caixa vazia está muito mais leve do que a outra. uma superfície com atrito desprezível na mesma direção,
Qual delas será mais fácil de movimentar? O que a 2a lei mas em sentidos opostos, com a da direita atuando com
de Newton afirma é que a mudança na velocidade de um uma força de 70 N, e a da esquerda, com uma força de 50
corpo depende de sua massa. N, qual será a aceleração adquirida pelo bloco?
Quanto maior a massa, maior a sua inércia, ou seja,
maior será a dificuldade de modificar a velocidade do
corpo. Sendo assim, é mais fácil movimentar a caixa vazia
do que a caixa cheia de tijolos, não é mesmo? Em lingua-
gem matemática, diz-se que a mudança na velocidade é
inversamente proporcional à massa do corpo.
Para uma força de mesma intensidade, quanto maior
a massa, menor será a variação da velocidade. Como a
grandeza física que mede a variação da velocidade é a
aceleração, pode-se escrever que:

Note que, nesse caso, as forças têm sentido contrário;


então a força resultante sobre o bloco será de 70 – 50
= 20 N, para a esquerda, já que a pessoa da direita está
aplicando mais força. Portanto, de acordo com a 2ª lei de
Newton, tem-se que:

Sabendo que a variação da velocidade dividida pela


variação do tempo é igual à aceleração do corpo
é possível escrever a 2ª lei de Porém, se os dois empurrarem na mesma direção e
sentido, com as mesmas forças citadas anteriormente, a
Newton, em sua formulação matemática, desta resultante será 70 + 50 = 120 N, e calcula-se a aceleração:
maneira:

Por exemplo, se uma força resultante de 400 N for


aplicada em um carro de 1.000 kg, ele vai adquirir qual
aceleração? Utilizando a 2ª lei de Newton, tem-se:

Outro exemplo que se pode analisar é o de um carro


se movimentando a 100 km/h, quando colide contra um
muro. Qual é a força que atua sobre uma pessoa de 80
kg que estiver em seu interior?
NOÇÕES DE FÍSICA

11
Observe o exemplo a seguir, no qual uma bola bate
na parede. Note que as forças de ação e reação possuem
A situação é a seguinte: esse carro, que estava em as seguintes características:
movimento, parou subitamente. Ele foi de 100 km/h a 0
km/h em aproximadamente 0,2 s. Inicialmente, é preciso
transformar a unidade da velocidade de km/h para m/s:
100 km equivalem a 100.000 m, e 1 h equivale a 3.600 s.
Então:

Ou seja, o carro vai de 28 m/s a 0 m/s (Δv = 28 m/s)


em 0,2 s. Portanto, sua aceleração é de:

têm a mesma intensidade (a força que a bola apli-


ca na parede tem o mesmo valor da força que a parede
aplica na bola);
têm a mesma direção (as duas forças são horizontais);
Como a massa da pessoa é de 80 kg, a força aplicada têm sentidos opostos (a bola “empurra” a parede para
pelo carro nela, durante a colisão, é de:
a esquerda e a parede “empurra” a bola para a direita).
Um par de forças de ação e reação nunca se equilibra
(nunca se anula), pois as forças de ação e reação estão
aplicadas em corpos diferentes. No caso acima, a bola
exerce uma força na parede e a parede faz força na bola.
Essa força equivale a colocar um bloco com pouco Utilizando a 2a lei de Newton, é possível perceber que,
mais de 1 tonelada (t) sobre essa pessoa. como a massa da bola é bem menor do que a da parede,
a maior variação de velocidade acontece na bola, que
3. 3ª lei de Newton – Princípio da ação e reação acaba voltando, enquanto a parede praticamente não se
move.
Você já percebeu que para subir uma escada você faz A mesma coisa acontece quando uma pessoa anda.
força para baixo com as pernas? Que para fazer exercícios
Sua ação é a de empurrar o chão para trás, então o chão
em uma barra você “puxa a barra para baixo”, mas acaba
reage e a empurra para frente. Embora a força aplicada
subindo? E que, ao andar para frente, você faz força com
no chão seja exatamente a mesma que o chão aplica nos
os pés para trás, como se estivesse empurrando o chão?
Essas situações parecem contraditórias, pois, ao fazer pés, a resultante não é nula, pois, conforme foi dito ante-
força em um sentido, desloca-se para o sentido oposto. riormente, não se podem somar forças que estão atuan-
Como é possível explicar isso? do em corpos diferentes. Uma pessoa aplica uma força
A resposta para essa questão é dada a partir da 3ª lei no chão (ação da pessoa no solo) e o chão aplica uma
de Newton, que afirma que as forças sempre aparecem força nela (reação do solo sobre a pessoa). Como a mas-
aos pares. Ela estabelece que a toda ação corresponde sa do chão, ou seja, da Terra, é muito maior do que a de
uma reação. Essa reação possui a mesma intensidade e uma pessoa, ele permanece praticamente com a mesma
NOÇÕES DE FÍSICA

direção, mas sentido contrário. Ou seja, se um corpo A velocidade (parado), enquanto a pessoa vai para frente.
aplica uma força sobre um corpo B, então o corpo B tam-
bém aplica uma força no corpo A, de mesma intensidade, 4. Lei da gravitação de Newton
mesma direção, mas em sentido contrário.
Newton sabia que um corpo jogado para cima subia
durante certo tempo e depois caía. Se ele fosse lançado
para cima e para frente, como uma bala de canhão, além

12
de subir, ele iria para frente, descrevendo uma trajetó-
ria parabólica. Percebeu, então, que a bala caía na Terra
como se estivesse sendo atraída para ela por uma força.

Utilizando os dados disponíveis, ele percebeu que a


relação com a distância é quadrática, ou seja, a força gra-
Imaginou, portanto, um experimento no qual atira- vitacional varia com o inverso do quadrado da distância
va a bala do canhão com velocidades cada vez maiores. entre os corpos envolvidos. Essa força atua sobre todos
Como a bala era atraída pela Terra para baixo, ela acaba- os corpos que têm massa, sejam eles celestes ou terres-
va caindo, porém, cada vez mais longe. tres. Em linguagem matemática, pode-se escrever que:
Newton avaliou que, se a bala fosse lançada cada vez
com mais força, cairia cada vez mais longe, e que, se ela
fosse lançada com certa velocidade, seria atraída pela
Terra e “cairia” em direção ao solo, mas nunca chegaria
nele, como se ficasse caindo para sempre, sem alcançar o
chão. Dessa forma, a bala ficaria girando, em órbita, em
volta da Terra.
Isso explica por que, quando o planeta está mais pró-
ximo do Sol, essa força aumenta e ele passa a se deslocar
mais rápido enquanto esse aumento de aceleração agir
sobre ele.
Da mesma forma, quando o planeta está mais longe,
ele se move mais lentamente em torno do Sol. Isso expli-
ca a 2ª e a 3ª leis de Kepler1 e por que os planetas mais
distantes como Marte, Júpiter e Saturno têm períodos de
translação maiores do que a Terra, mas Mercúrio e Vênus
têm períodos menores.
Por meio da lei da gravidade, Newton conseguiu ex-
plicar como a Terra pode ser redonda e estar em movi-
Assim, ele pôde concluir que o mesmo acontecia com mento e mesmo assim as pessoas, em qualquer lugar,
a Lua. Ao mesmo tempo em que ela caía em direção à ainda estarem presas a ela e não caírem: a força da gra-
Terra, ela andava para o lado, de tal maneira que nunca vidade entre a Terra e as pessoas (e tudo o que está em
encontraria o solo terrestre, ou seja, ela não colidiria com sua superfície) é suficientemente grande para mantê-las
a Terra porque tinha movimento lateral. presas ao solo.
Se ela parasse de girar em torno do nosso planeta, A Terra exerce uma força sobre o que está em sua
a Lua cairia no solo terrestre como uma pedra qualquer volta, puxando tudo “para baixo”, ou melhor, para o seu
abandonada no alto de um precipício. Newton então centro. Por isso, não faz sentido pensar que estamos de
analisou o movimento dos planetas e satélites, e obser- cabeça para baixo em relação aos moradores do Japão,
vou que todos eles se moviam em torno de um corpo por exemplo, pois, num planeta redondo, todos estão
central (os satélites em torno do planeta e os planetas em “do lado de cima” da Terra, relativamente ao centro do
torno do Sol), concluindo que todos deviam se atrair com planeta.
uma força chamada força gravitacional, que dependia:

• diretamente da massa dos corpos envolvidos:


quanto maior a massa deles, maior seria a força de
atração; e
• inversamente da distância: quanto mais afastados
estivessem os corpos, menor seria a intensidade
NOÇÕES DE FÍSICA

dessa força.

1  Concluiu que as órbitas não eram circulares como se pensava,


mas sim elípticas (ovais). Além disso, concluiu que a velocidade or-
bital dos planetas não era constante e que existia uma relação ma-
temática entre a distância a que um planeta está do Sol e o período
de translação dele.

13
Isso também permite diferenciar os conceitos de massa e peso. A massa é uma característica do corpo que tem um
valor universal, ou seja, tem o mesmo valor em qualquer lugar do espaço. Mas o peso não. O peso é uma força; é a
força que a Terra aplica em um corpo que esteja suficientemente próximo dela, ou seja, o peso é a força com que um
planeta (no caso, a Terra) puxa um corpo para o seu centro.
Portanto, embora a massa de uma pessoa qualquer não mude se ela circular em diferentes astros, seu peso pode
se alterar. Na Lua, por exemplo, ela será seis vezes mais leve, mas, em Júpiter, duas vezes e meia mais pesada, embora
sua massa não se altere. A força gravitacional, junto com a rotação da Terra, também ajuda a entender o fenômeno
das marés.
Como a água é fluida, ela pode se deslocar sobre a superfície da Terra de acordo com a ação da força gravitacional
tanto da Lua quanto do Sol, além da gravitação terrestre. A força gravitacional “puxa” a água que se concentra na di-
reção do Sol e da Lua. Quando eles estão alinhados, acontecem as marés altas mais altas (chamadas maré de sizígia)
e, quando estão em quadratura, ou seja, formando um ângulo de 90º (com a Terra como vértice), acontecem as marés
altas menores.
NOÇÕES DE FÍSICA

A lei da gravitação universal de Newton permitiu prever a existência de novos planetas no Sistema Solar. Com o
desenvolvimento de lunetas e telescópios cada vez mais potentes, também foi possível mapear suas trajetórias com
mais precisão e descobrir outro planeta, batizado de Urano. Porém, Urano nunca era encontrado onde as leis de Kepler
previam, e alguns astrônomos começaram a desconfiar da existência de outro planeta que, com sua força gravitacio-
nal, estaria modificando a trajetória de Urano. Utilizando as leis de Newton sobre gravitação, o astrônomo francês Le

14
Verrier calculou onde deveria estar o astro que modifica- em órbita a 560 km de altura, os astronautas se aproxi-
va a trajetória de Urano, e outros astrônomos localizaram maram do Hubble. Dois astronautas saíram da Atlantis e
um novo planeta, Netuno, apontando seus telescópios se dirigiram ao telescópio. Ao abrir a porta de acesso, um
para o local indicado pelo cientista francês. deles exclamou: “Esse telescópio tem a massa grande,
Com isso, as leis de Newton ganharam definitivamen- mas o peso é pequeno.”
te o status de teoria válida para explicar o movimento
dos corpos. Com a evolução tecnológica, muitas novida-
des foram descobertas no céu.
Atualmente, sabe-se que o Universo é muito maior
do que aquele conhecido pelos gregos, e mesmo pela
humanidade, até a época de Copérnico, Galileu, Kepler
ou Newton. O modelo heliocêntrico é válido para o Sis-
tema Solar, ou seja, o Sol é uma estrela entre muitas ou-
tras e tem seu sistema planetário formado pelos planetas
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno, cada um com sua(s) lua(s), exceto por Mercúrio Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se afirmar
e Vênus, que não as têm. que a frase dita pelo astronauta
Por sua vez, o Sol faz parte de um conjunto muito
grande de estrelas que formam uma galáxia, chamada a) se justifica porque o tamanho do telescópio determi-
Via Láctea. Esta, por sua vez, é uma entre muitos bilhões na a sua massa, enquanto seu pequeno peso decorre
de galáxias espalhadas pelo Universo, tudo isso interliga- da falta de ação da aceleração da gravidade.
do por meio da força gravitacional. b) se justifica ao verificar que a inércia do telescópio é
grande comparada à dele próprio, e que o peso do
telescópio é pequeno porque a atração gravitacional
criada por sua massa era pequena.
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e do peso
de objetos em órbita tem por base as leis de Kepler,
que não se aplicam a satélites artificiais.
d) não se justifica, porque a força-peso é a força exercida
pela gravidade terrestre, neste caso, sobre o telescó-
pio e é a responsável por manter o próprio telescópio
em órbita.
e) não se justifica, pois a ação da força-peso implica a
ação de uma força de reação contrária, que não existe
naquele ambiente. A massa do telescópio poderia ser
avaliada simplesmente pelo seu volume.

Resposta: Letra D. A sensação de ausência de peso


dita pelo astronauta não é causada pela falta de gravi-
dade, mesmo porque nesta região (560 km de altura)
é de 90% da gravidade na superfície terrestre. O que
acontece é que o astronauta sente o peso aparente
do telescópio, resultante da subtração da força peso
(centrípeta) pela centrífuga gerada pela rotação do te-
lescópio em torno da Terra. Portanto o peso do teles-
cópio não é pequeno e a frase não se justifica.

2.(CESGRANRIO 2017) Uma carga é colocada em um


elevador, que está parado no primeiro andar de um pré-
dio. Esse elevador sobe do primeiro ao quinto andar com
velocidade constante, sendo acelerado ao iniciar seu mo-
vimento no primeiro andar e desacelerado ao chegar ao
quinto andar até parar.
Se a carga conduzida pesa P newtons, a força que ela
exerce no piso do elevador é
NOÇÕES DE FÍSICA

EXERCÍCIOS COMENTADOS a) Maior que P no instante em que o elevador começa a


subir, no primeiro andar.
1.(ENEM 2009) O ônibus espacial Atlantis foi lançado b) Maior que P no instante em que o elevador chega ao
ao espaço com cinco astronautas a bordo e uma câme- quinto andar.
ra nova, que iria substituir uma outra danificada por um c) Menor que P, enquanto o elevador sobe do primeiro
curto-circuito no telescópio Hubble. Depois de entrarem ao quinto andar.

15
d) Igual a P durante todo o trajeto. E quando 𝜃 = 90°?
e) Igual apenas no instante em que o elevador chega ao
quinto andar.
FIQUE ATENTO!
Resposta: Letra A. Ótima questão teórica, que nos faz
Quando 𝜃 = 90°?, o trabalho é nulo! Ou seja,
lembrar a primeira e segunda lei de Newton. Para o
quando a força é perpendicular à direção
elevador sair do repouso até sua velocidade de subi-
do deslocamento ela não realiza trabalho.
da constante, é necessária uma aceleração, da mesma
Um exemplo disso é um corpo se deslocan-
forma que para parar no quinto andar, será necessária
do sobre um plano sob ação de uma força
uma desaceleração. Assim, nessas situações, pela se-
F. Nessas condições a sua força peso é per-
gunda lei de Newton, deverá existir uma força resul-
pendicular à direção do deslocamento e não
tante maior que P no primeiro andar (para o elevador
realiza trabalho.
acelerar para cima) e menor que P no quinto andar
(para ele parar). Durante o período de velocidade
constante, pela primeira lei, a resultante é nula e assim TIPOS DE FORÇAS E O PLANO INCLINADO
a força do elevador será igual a P.
No estudo da mecânica clássica, existem diversos ti-
pos de forças de diferentes naturezas. É importante saber
TRABALHO. POTÊNCIA. ENERGIA as características de cada uma elas, para saber se a mes-
CINÉTICA, ENERGIA POTENCIAL, ma está aplicada ou não em um corpo. A seguir, seguem
ATRITO. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA os diversos tipos de forças existentes:
E SUAS TRANSFORMAÇÕES.
QUANTIDADE DE MOVIMENTO E FORÇA PESO
CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE
MOVIMENTO, IMPULSO. COLISÕES. A Força Peso, geralmente representada pela letra P, é
de natureza gravitacional, ou seja, existe devido a atração
de dois corpos com massa. Um deles normalmente é o
TRABALHO DE UMA FORÇA planeta Terra, onde vivemos, mas isso pode ser diferen-
te se os problemas forem no espaço. Neste caso, existe
O trabalho de uma força é definido como a quantida- um conteúdo da Física específico, chamado gravitação
de de energia necessária para que essa força provoque universal.
um deslocamento em um móvel. O trabalho, denotado Nos problemas de mecânica, a força peso será sim-
pela letra grega “tau” , é função do deslocamento d e da plesmente um vetor, posicionado na direção vertical e
força aplicada sobre o corpo. Seja uma força F aplicada a para baixo. Seu módulo é calculado a partir do produ-
um corpo e deslocando-o de uma distância d, conforme to da massa do corpo pela aceleração da gravidade g,
figura abaixo: assim:

𝑃 = 𝑚𝑔
O trabalho é calculado por: 𝜏 = 𝐹. 𝑑. cos 𝜃. A uni- Cada corpo terá sua própria força peso, assim, quan-
dade de trabalho, no SI, é o Joule (J). do o problema tiver mais de um corpo, quando o dia-
grama de corpo livre de cada um for montado, deve-se
𝜏 =O𝐹.ângulo
𝑑. cos 𝜃. é o ângulo formado entre a direção do considerar as forças peso individualmente em cada um
deslocamento e a linha de ação da força. Ele pode variar deles.
de 0 a 180°. O que muda nesses casos?
Quando 0 ≤ 𝜃 < 90 , a força é favorável ao movimen- FORÇA NORMAL OU DE CONTATO
to, ou seja, tem alguma de suas componentes na direção
do deslocamento. Assim, diz-se que o trabalho de uma A Força Normal só perde para a Força Peso em ter-
força nessas condições é positivo 𝜏 > 0 . Recebe o nome mos de popularidade, mas apresenta uma característica
de trabalho motor. interessante em relação a sua direção de aplicação. Pri-
Quando 90 < 𝜃 ≤ 180 , a força é desfavorável ao mo- meiramente, vamos explicar a sua natureza: As Forças
NOÇÕES DE FÍSICA

vimento, ou seja, tem alguma de suas componentes na Normais aparecem quando há contato entre dois corpos
direção contrária ao deslocamento. Assim, diz-se que o ou entre um corpo e uma superfície. Vejam os exemplos
trabalho de uma força nessas condições é negativo 𝜏 < 0 a seguir:
. Recebe o nome de trabalho resistente.

16
afastamento das superfícies, ou seja, como a superfície
está abaixo do bloco, então a normal deve ser para cima,
i) para afastá-los.
Para o caso do plano inclinado, a questão principal
permanece, será perpendicular ao plano de contato, as-
ii) sim, a força normal também se inclina junto com o plano,
diferentemente da força peso que será sempre vertical e
para baixo.
No terceiro caso, temos mais de uma força normal.
A primeira, para o bloco A é idêntica ao primeiro caso,
iii) com contato na superfície horizontal, já a segunda, vem
do contato dos blocos A e B. Como o plano de contato
iv) também é horizontal, as duas forças são verticais. A dife-
rença está no sentido pois a convenção é sempre aplicar
no sentido dos corpos se afastarem.

#FicaDica
Neste segundo caso, observa-se claramente
a terceira lei de Newton, já que as forças de
v)
contato entre os blocos A e B são de mesma
natureza e são devidas ao contato entre eles.
Tem-se 5 casos: Corpo apoiado em superfície hori-
zontal, corpo apoiado em plano inclinado, dois corpos
um sobre o outro, apoiados em superfície horizontal, No quarto caso, temos os dois blocos apoiados no
dois corpos apoiados na superfície e encostados e por plano horizontal, assim cada um terá sua força normal
último, um corpo apoiado em uma superfície vertical. correspondente com a superfície. Além disso, como há
Agora, vejam como fica a aplicação apenas das forças o contato entre eles, também aparecerá uma normal nos
de contato nos diagramas de corpo livre dos exemplos: blocos, na direção horizontal, já que o contato desta vez
é no plano vertical.
Por fim, o quinto caso, que mantém a verdade da for-
ça normal ser aplicada perpendicularmente a direção de
contato. Como desta vez o contato é no plano vertical, a
normal deverá ser aplicada no plano horizontal e com a
i) direção de separação do contato, ou seja, para a direita,
nesse caso.

#FicaDica
ii) É por causa dessa força normal e do atrito na
parede que conseguimos segurar um corpo
apoiado na parede, exercendo uma força
horizontal.

FORÇA TRAÇÃO
iii)
A Força de Tração tem a natureza de existência devi-
do a presença de um fio ou um cabo. Geralmente esse
cabo é inextensível, ou seja, não se deforma, e possui
massa desprezível. Logo, a tração é apenas uma força
iv) transmitida pelo cabo e terá sempre a direção do mes-
mo. A diferença estará no sentido, que deve ser sempre
na idéia de “puxar” o corpo. Veja os exemplos:
v)
NOÇÕES DE FÍSICA

Observando os 5 casos, é possível verificar que a na-


tureza da força normal será sempre perpendicular ao pla-
no de contato entre os corpos ou superfícies.
No primeiro exemplo, temos o contato entre o corpo
e a superfície no plano horizontal, assim, a força normal
será aplicada na perpendicular (vertical) e na direção de

17
sentido para cima. No segundo, como está prendendo
o corpo na horizontal, ela irá impedir que o mesmo vá
para a direita, assim, a força será para a esquerda. No
terceiro caso, temos diferentes situações para os corpos
i) A e B. Como o corpo A está pendurado, sua força será
vertical para cima e o corpo B por estar sendo puxado
pelo fio preso a A, terá sua tração apontada para a di-
ii) reita. No quarto caso, temos um plano inclinado, onde
a força segue a direção do fio e por fim, o quinto, onde
cada fio tem sua força de tração particular apontada para
a direção dos mesmos, apresentará duas forças inclina-
das que deverão ser decompostas nas direções vertical e
horizontal para serem solucionadas.
iii)
FORÇA ELÁSTICA

A força elástica é caracterizada pela presença de uma


mola. A mola é um dispositivo armazenador de energia,
iv) devido a seu poder de contração e extensão. Quando a
mola é estimulada a um desses movimentos, ela armaze-
nará a energia, para depois devolvê-la no sentido con-
trário, ou seja, se a mola se estender, ela terá a tendência
de se contrair para restaurar o comprimento inicial; já o
v) contrário, se a mola se contrair, ela terá a tendência de se
estender, até restaurar o comprimento inicial. Vejam os
No primeiro caso, temos um corpo suspenso por um exemplos a seguir:
fio na vertical. Já o segundo, é um corpo preso a um fio
na horizontal; o terceiro caso é um corpo preso a outro,
através de um fio; o quarto caso é um corpo preso a um
fio no plano inclinado e no quinto, um corpo preso a dois
fios. Vejam como ficam as forças de tração aplicada aos
corpos:

Temos três casos, sendo de cima para baixo, a mola


em sua posição original, no meio, a mola estendida e
embaixo, a mola contraída. No primeiro, a Força Elástica
i) será nula, uma vez que a mola não sofreu contração ou
extensão, já no segundo e terceiro casos, vejam o diagra-
ma de corpo livre:
ii)

iii)

iv)

No caso da mola estendida para a direita, a força de


restauração será para a esquerda. Já no terceiro caso,
v) com a contração sendo para a esquerda, a força elástica
NOÇÕES DE FÍSICA

será para a direita, restaurando o comprimento original


Observando os diagramas de corpo livre, percebe-se do primeiro caso.
a característica fundamental da Força de Tração, que é Para se calcular a força elástica, considera-se sempre
a força estar aplicada exatamente na direção do fio. O por hipótese, que a mola tem comportamento linear, ou
sentido, por convenção será com a intenção de puxar o seja, o quanto se estende ou se contrai da mesma é pro-
corpo. No primeiro caso, como o fio está na vertical e porcional a força elástica. Essas duas variáveis são ligadas
suspende o corpo, a tração será aplicado ao corpo no através da constante da mola, que é um parâmetro em

18
função da geometria e do material que é feito o dispo- Se F ultrapassar o limite do atrito estático, o corpo
sitivo. Com isso, define-se a Lei Hooke para o cálculo de irá se movimentar. Porém, o atrito não deixará de existir,
uma força devida ao estímulo de uma mola: apenas mudará de natureza, passando de atrito estático
para atrito dinâmico.
𝐹𝑒𝑙 = 𝑘𝑥 O atrito dinâmico é calculado pela mesma fórmula do
atrito estático, com a diferença que seu coeficiente é di-
Onde Fel é a força elástica, k é a constante da mola e ferente, assim:
x é o quanto a mola se estendeu/contraiu em relação ao
comprimento original. 𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁

FIQUE ATENTO! Onde é o coeficiente de atrito dinâmico, que sem-


𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁
pre é menor que o atrito estático 𝜇𝑒 . . Devido a esse fato
O erro mais comum quando se estuda força
que quando estamos arrastando um móvel, é mais di-
elástica é achar que x é o comprimento total
fícil retirá-lo do lugar do que continuar empurrando o
da mola, mas não é. Supondo uma mola de
mesmo.
10 cm de comprimento e foi contraída para
7 cm. Nesse caso, x= 10-7= 3cm, ou seja, a
mola contraiu 3 cm. #FicaDica
O atrito estático pode variar de valor,
FORÇA DE RESISTÊNCIA – ATRITO até chegar ao limite que é calculado por
𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁. Após esse limite, o corpo irá
As forças de resistência tem por característica funda- se movimentar e o atrito será o dinâmico,
mental, como o próprio nome diz, resistir ao movimento que será constante e igual a 𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁 .
do corpo. O atrito é um exemplo dessas forças e será
sempre contrário a tendência do movimento. Além dis-
so, o atrito possui duas naturezas, estático e dinâmico, DIAGRAMA DE CORPO LIVRE
vamos a elas:
Atrito estático. Neste tipo de atrito, a força tem a ten- No estudo de forças aplicadas a um corpo, pode ha-
dência de manter o corpo em repouso, ou seja, parado. ver casos onde a quantidade de vetores é alta e isso pode
O atrito estático, equilibra com a força que está sendo gerar alguma confusão. Para evitar esse tipo de proble-
aplicada ao corpo, deixando a resultante nula. Veja o ma, criou-se uma estratégia, chamada Diagrama de cor-
exemplo: po livre. A idéia baseia-se em isolar o corpo de superfí-
cies e corpos e nele colocar apenas as forças que estão
sendo aplicadas ao mesmo. Veja o exemplo a seguir:

Na figura, temos um bloco em uma superfície com


atrito, com uma força F aplicada ao mesmo. Observa-se Na figura, temos um corpo apoiado em uma superfí-
que o corpo permanece em repouso. O que ocorre? cie plana horizontal, sem atrito. Uma força F está sendo
Neste caso, para o corpo permanecer em repouso, a aplicada nele na direção horizontal. Neste caso, o diagra-
primeira lei de Newton deve valer, ou seja, a resultante ma de corpo livre será apenas do corpo, sem a superfície
das forças deve ser nula. Para isso, existe uma força de horizontal, e serão indicadas as forças atuantes nele:
mesma magnitude de F, mas em sentido oposto. Essa
força é o atrito estático:

Porém, o atrito estático tem um limite, que é calcula-


do da seguinte maneira: Como praticamente todos os problemas estudados
na mecânica clássica estão localizados no planeta Terra,
𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁 a força peso (gravitacional) sempre aparecerá. Adicional-
NOÇÕES DE FÍSICA

mente, devido ao contato entre o corpo e a superfície,


aparece uma força Normal. Além disso, deve-se indicar a
Onde 𝜇𝑒 é o coeficiente de atrito estático, dado em
força F aplicada na horizontal.
função da superfície e N é a força normal do corpo com
Este foi um exemplo simples, agora vamos considerar
a superfície de contato.
um mesmo problema, mas com 2 blocos, A e B

19
É comum decompor a força Peso em duas compo-
nentes: uma componente paralela ao plano inclinado
e uma perpendicular a ele. São elas, respectivamente,
(peso tangencial) e (peso relativo à normal). As compo-
nentes estão exibidas abaixo:
Neste caso, temos a força F aplicada ao corpo A que
por sua vez irá empurrar o corpo B. Considerando nova-
mente a superfície horizontal sem atrito, veja como fica
os diagramas de corpo livre dos elementos A e B:

Cada uma delas pode ser calculada da seguinte forma:

𝑃𝑡 = 𝑃. sen 𝜃
𝑃𝑛 = 𝑃. cos 𝜃
Se observarmos os dois diagramas, certamente não
haverá dúvidas sobre as aplicações das forças normais e Para um corpo apoiado sobre um plano inclinado
peso. O que pode gerar alguma confusão é a presença tem-se que: N=Pn
das forças 𝐹𝐴𝐵 e 𝐹𝐵𝐴 e o fato da força F não estar apli- Observação Importante: Quando um corpo está
car no corpo B. apoiado sobre um plano inclinado, a força normal não
A explicação é simples. Primeiramente, uma força é igual à forma peso, mas sim à componente normal da
aplicada ao corpo é única e exclusivamente aplicada a força peso, Pn.
ele, ou seja, qualquer corpo em contato não irá receber
necessariamente a força F como consequência do movi-
mento. Assim, o corpo A irá aplicar uma força diferente
EXERCÍCIOS COMENTADOS
em B, que é a força 𝐹𝐴𝐵 . Mas e a força 𝐹𝐵𝐴 ?
Se você recordar o enunciado da terceira lei de Ne- 1.(CESGRANRIO 2014) Considere três blocos que se
wton, quando um corpo aplica uma força em outro, ele movem sobre uma superfície horizontal em virtude da
recebe de volta a mesma com direção oposta. Logo, Se A
ação de uma força horizontal   de módulo 360 N, como
aplica uma força em B, receberá como reação, a mesma
mostra a Figura abaixo.
força em sentido contrário, assim: 𝐹𝐴𝐵 = −𝐹𝐵𝐴 .
Dados esses exemplos, o diagrama de corpo livre se
mostra importante justamente para avaliar se a pessoa
consegue identificar corretamente as forças e aplica-las
nos corpos corretos. Se esse procedimento é bem domi-
nado, a aplicação da segunda lei de Newton para calcular
a aceleração dos corpos se torna trivial. As massas dos blocos P, Q e R valem, respectivamente,
12,0 kg, 18,0 kg e 30,0 kg, e o valor do coeficiente de
atrito cinético entre os blocos e a superfície é 0,200. O
#FicaDica módulo da força de interação entre os blocos P e Q, em
Muitas questões do Enem e concursos pú- N, é ()
blicos podem tratar sobre sincretismo na
cultura brasileira, que não quer dizer apenas a) 120
aspectos religiosos, mas cultural como um b) 180
todo. c) 240
d) 288
e) 324
PLANO INCLINADO
Resposta: Letra D. Essa questão remete exatamente
Em um corpo apoiado sobre um plano inclinado, sem
o que foi discutido no conceito do diagrama de corpo
atrito, atuam as seguintes forças, conforme figura abaixo:
livre. Montando o diagrama de corpo livre dos três
blocos, temos:
NOÇÕES DE FÍSICA

20
ENERGIA

Energia é um conceito comum a todos nós pois lida-


mos com energia diariamente. Energia elétrica, energia
solar, energia dos alimentos, enfim, diferentes formas de
energia. Aqui serão apresentadas formas de energia re-
lativas ao ramo da Mecânica.
Com as massas dos corpos, pode-se calcular suas for-
ças peso e igualá-las as forças normais, uma vez que na Energia Cinética
vertical, temos equilíbrio, assim: N_P=P_P=120N, N_Q=P_
Q=180N e N_R=P_R=300N. A partir das forças normais É a forma de energia associada ao movimento. Um
e com os coeficientes de atrito, pode-se calcular as res- corpo de massa em movimento com velocidade possui
pectivas forças: fat_p=μ.N_p=24 N, fat_Q=μ.N_Q=36N 𝑚𝑣 2
energia cinética 𝐸𝑐 =igual a:
e fat_R=μ.N_R=60N. Como não temos os valores das 2
forças de contato entre os corpos, não é possível achar 𝑚𝑣 2
a aceleração do conjunto isoladamente. Será necessário 𝐸𝑐 =
2
um sistema de 3 equações e 3 incógnitas, lembrando que
Energia Potencial Gravitacional

É a forma de energia associada ao trabalho da força


e :
peso. Um corpo de massa que está a uma altura de um
plano horizontal de referência possui energia potencial
gravitacional 𝐸𝑝 =
igual
𝑚. 𝑔.a:ℎ

𝐸𝑝 = 𝑚. 𝑔. ℎ

Energia Potencial Elástica

É a forma de energia associada ao trabalho da força


Resolvendo, tem-se que , elástica. Uma mola de constante elástica comprimida/ 𝑘Δ𝑥 2
estendida em Δ𝑥 , possui energia potencial elástica 𝐸𝑝𝑒𝑙 = 2
a = 4m/s 2, FQP = 288 N e FRQ = 180N. igual a:

2.(IBFC 2017) Um corpo de massa 10 Kg desce um plano 𝑘Δ𝑥 2


𝐸𝑝𝑒𝑙 =
inclinado que faz um ângulo α (alfa) com o plano hori- 2
zontal. O coeficiente de atrito entre as superfícies é de
0,4. Dados g = 10 m/s² , sen α = 0,8 e cos α = 0,6. A Energia Mecânica
aceleração do corpo é igual a:
É a energia de um corpo que corresponde à soma da
a) 1,4 m/s2 energia cinética e de todas as formas de energia poten-
b) 2,8 m/s2 ciais. A energia mecânica 𝐸𝑚 =de𝐸𝑐um
+ 𝐸corpo
𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙é igual a:
c) 5,6 m/s2
d) 7,2, m/s2 𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙
e) 8,3 m/s2
Evidentemente,
𝐸𝑚 =a𝐸parcela
𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 só irá existir em siste-
Resposta: Letra C: A resultante de forças que atua sobre o
mas onde haja mola(s).
corpo é igual a : 𝐹𝑅 = 𝑃𝑡 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑁 . Como
a força normal é igual à componentes normal da força peso, CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA
vem: 𝐹𝑅 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃𝑛 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃. cos 𝜃 Um sistema é dito conservativo quando agem sobre
Substituindo valores, a força resultante
é
ele forças conservativas. Em linhas gerais, um sistema é
𝐹𝑅 = 10.10.0,8 − 0,4.10.10.0,6 = 80 − 24 = 56 𝑁 . conservativo quando não há forças dissipativas (resistên-
Aplicando a segunda lei de Newton: cia do ar, atrito, perdas) nem forças que acrescem energia
NOÇÕES DE FÍSICA

ao sistema. Quando o sistema é conservativo, a energia


𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 → 56 = 10. 𝑎 → 𝑎 = 5,6 𝑚 ⁄𝑠 ² mecânica é constante. Considerando, por exemplo, um
carrinho em uma montanha russa desprezando-se todas
as formas de perdas. O carrinho da montanha russa vai
de um ponto A para um ponto B. Como não há perdas,
diz-se que o sistema é conservativo e, portanto, a energia
mecânica se conserva.

21
o bloco por 5 metros. A diferença é que uma pessoa le-
vou 2 segundos para arrastar o bloco e a outra levou 5
segundos. Quem realizou o maior trabalho?
Nenhuma! Pois ambas arrastaram o bloco (mesma
força) pela mesma distância e, portanto, realizaram o
mesmo trabalho. Qual a diferença? Cada uma realizou
esse trabalho com uma potência diferente! Então, com
𝐴 𝐵 isso define-se potência como a taxa de realização de tra-
Assim, vale: 𝐸𝑚 = 𝐸𝑚
balho ou simplesmente a razão entre trabalho e o tempo
gasto na realização de trabalho:
Ou seja: 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 = 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐
𝐴 𝐴 𝐵 𝐵

𝜏
TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA 𝑃𝑜𝑡 = 𝜏
Δ𝑡 𝑃𝑜𝑡 =
como a unidade de 𝜏 é J e a unidade de Δ𝑡 é s, a
Esse teorema relaciona o trabalho da força resultante 𝑃𝑜𝑡 é=o Watt (W).
unidade de potência
(ou trabalho resultante) com a variação da energia ciné- Δ𝑡
tica de um corpo. Define-se trabalho da força resultante
como o produto da força resultante pelo deslocamen-
to do corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝐹𝑅 . 𝑑 ou como a somatória do tra- EXERCÍCIOS COMENTADOS
balho de cada uma das forças que atua sobre o corpo:
𝜏𝐹𝑅 = 𝜏𝐹1 + 𝜏𝐹2 + ⋯ 1.(ENEM 2010) Com o objetivo de se testar a eficiência
de fornos de micro-ondas, planejou-se o aquecimento
em 10 ºC de amostras de diferentes substâncias, cada
#FicaDica uma com determinada massa, em cinco fornos de mar-
cas distintas. Nesse teste, cada forno operou à potência
As duas formas de calcular o trabalho da for- máxima.
ça resultante são equivalentes. A primeira é O forno mais eficiente foi aquele que
mais apropriada quando a força resultante é
conhecida ou fácil de ser calculada. Já a se- a) forneceu a maior quantidade de energia às amostras.
gunda, é mais apropriada quando os traba- b) cedeu energia à amostra de maior massa em mais
lhos de cada uma das forças que atua sobre tempo.
o corpo são conhecidos. c) forneceu a maior quantidade de energia em menos
tempo.
O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que: d) cedeu energia à amostra de menor calor específico
mais lentamente.
𝜏𝐹𝑅 = Δ𝐸𝑐 e) forneceu a menor quantidade de energia às amostras
em menos tempo.
𝜏𝐹𝑅 = 𝐸𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
Resposta: Letra C. A eficiência do forno é a razão
entre a quantidade de calor (energia) cedida pelo
tempo para ceder este calor, independente da massa
da substância. Quanto maior esta razão, maior a efi-
onde 𝑣𝑓 e 𝑣𝑖 são, respectivamente, as velocidades fi- ciência do forno micro-ondas, ou seja, é mais eficiente
nal e inicial do corpo. aquele forno que forneceu maior quantidade de ener-
gia em menos tempo.
POTÊNCIA
2.(IBFC 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J, atuan-
Para entender o conceito de potência e sua relação do sobre um corpo na mesma direção e no mesmo senti-
com trabalho, vamos dar um exemplo prático. Duas pes- do do seu deslocamento. Sabendo que o deslocamento
soas vão arrastar, cada uma, um bloco. A força necessária é de 10 m, a intensidade da força aplicada é igual a:
para arrastar esse bloco é de 1000 N. Uma das pessoas
consegue arrastar esse bloco por enquanto outra pes- a) 4 N
soa consegue arrastá-lo por 5 m. Qual das duas pessoas b) 8 N
“gastou” mais energia? c) 12 N
Olhando para as duas, ambas realizaram a mesma d) 16 N
força (1000 N) pois ambas conseguiram arrastar o bloco. e) 20 N
NOÇÕES DE FÍSICA

Porém cada uma delas arrastou o bloco por uma distân-


cia diferente e realizaram, portanto, trabalhos diferentes. Resposta: Letra A. Aplicação direta da definição de
A energia “gasta” por cada pessoa é igual ao trabalho da trabalho:
força.
Assim, a pessoa que arrastou o bloco por 5 metros 40
realizou um trabalho maior. Mas consideremos o mesmo 𝜏 = 𝐹. 𝑑 → 40 = 𝐹. 10 → 𝐹 =
10
=4𝑁
caso novamente. Porém, agora, as duas pessoas arrastam

22
IMPULSO, QUANTIDADE DE MOVIMENTO E CHOQUES

IMPULSO DE UMA FORÇA

O impulso de uma força é definido como o produto dessa força


𝐼⃗ = 𝐹⃗ . pelo
Δ𝑡 tempo
𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 em que ela é aplicada. Denota-se
da seguinte forma:

𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
O impulso é uma grandeza vetorial, possui direção, sentido e intensidade. A intensidade é calculada pelo produto
𝐼 = 𝐹Δ𝑡 , a direção e o sentido são os mesmos da força. A unidade do impulso, no SI, é N.s .

QUANTIDADE DE MOVIMENTO

A quantidade de movimento Q de um corpo é definida da seguinte forma:

𝑄 = 𝑚. 𝑣⃗
onde
𝑄 = 𝑚. é𝑣⃗ a massa do corpo e 𝑣⃗ é a velocidade do corpo. Também é uma grandeza vetorial, com intensidade igual
𝑄 = 𝑚.
𝑚
a 𝑄𝑄 =
= 𝑚. ⃗⃗ e direção e sentido iguais aos da velocidade. A unidade da quantidade de movimento é o 𝑘𝑔. 𝑠 .
𝑚.𝑣𝑣

Teorema do Impulso

O Teorema do Impulso relaciona o impulso da força resultante que atua sobre um corpo com a variação da quanti-
dade de movimento desse corpo. Em resumo, o impulso da força resultante faz com que a quantidade de movimento
desse corpo varie. Assim: 𝐼⃗𝑅 = Δ𝑄 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖

Conservação da Quantidade de Movimento

Para enunciar o princípio de conservação da quantidade de movimento, é necessário definir o conceito de sistema
isolado. Um sistema isolado é todo sistema composto por mais de um corpo no qual não há atuação de forças exter-
nas. Por isso o nome “isolado”, pois o sistema é isolado de forças externas. Em um sistema isolado, há somente forças
internas ou, quando há forças externas elas são tão pequenas que podem ser desprezadas.

FIQUE ATENTO!
Em um sistema isolado, a força resultante FR é nula e, consequentemente, seu impulso IR também é.

O princípio de conservação da quantidade de movimento estabelece que em um sistema isolado a quantidade de


movimento se conserva, ou seja, a variação da quantidade de movimento é nula:

Δ𝑄 = 0 → 𝑄𝑓 = 𝑄𝑖

Choques

Choques (ou colisões) são interações entre corpos onde cada um exerce uma força sobre o outro. Aqui iremos con-
siderar colisões como sistemas isolados e, por consequência disso, em todos os choques a quantidade de movimento
irá se conservar, ainda que a energia mecânica não se conserve necessariamente.

É possível classificar os choques em três categorias. A seguir serão apresentadas todas elas. Para tal, consideraremos
dois corpos A e B, de massas ma e mb, com velocidades va e vb antes do choque e velocidades 𝑣𝐴′ e 𝑣𝐵′ e após o choque.
Os tipos de choques são os seguintes:
NOÇÕES DE FÍSICA

i)

23
ii)

iii)

Perfeitamente elásticos: choques nos quais ocorre conservação da energia cinética


Parcialmente elásticos: choques nos quais há dissipação parcial de energia cinética
Perfeitamente inelásticos (anelásticos): choques nos quais há máxima dissipação de energia mecânica. Após os
choque os corpos permanecem unidos e possuem a mesma velocidade final, ou seja:

#FicaDica
Se em algum exercício aparecer no enunciado algo como “após os choques os corpos têm a mesma
velocidade” ou “saem unidos após o choque”, trate o choque como inelástico. Vale atenção a termos
parecidos com esses nos enunciados em exercícios sobre choques.

Para caracterizar choques há uma grandeza denominada coeficiente de restituição (e) que corresponde à razão da
velocidade relativa de afastamento (depois do choque) e da velocidade relativa de aproximação (antes do choque). É
calculada por:

𝑣𝐵′ − 𝑣𝐴′
𝑒=
𝑣𝐴 − 𝑣𝐵

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2016) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que
corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezivel. A figura ilustra um trilho horizontal com dois car-
rinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1,
de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em
que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante.
Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.
NOÇÕES DE FÍSICA

24
Com base nos dados experimentais, o valor da massa do
carrinho 2 é igual a

a) 50,0 g
b) 250,0 g
c) 300,0 g
d) 450,0 g
e) 600,0 g

Resposta: Letra C. A questão trata de uma colisão


inelástica, afinal os corpos saem juntos após o conta-
to. Em qualquer colisão, a quantidade de movimento
se conserva.

𝑄𝐴 = 𝑄𝐷 𝑚1 𝑉1 FIQUE ATENTO!
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑉’150 � 15 Respeitando a Lei de Ação e Reação, a força
= 𝑚1 + 𝑚2 � 5 𝑚1 + 𝑚2 que o corpo de massa M1 exerce no corpo de
= 450𝑔 massa M2 tem a mesma intensidade, direção
Como o carrinho 1 possui massa de 150g, o carrinho e sentido oposto à força que M2 exerce em
2 possui massa de 300g. M1-.

2.(IGP-RS 2017) Um projétil, de 5g, é disparado por uma CAMPO GRAVITACIONAL


pistola a uma velocidade de 350 m/s contra um alvo me-
tálico disposto sobre uma base móvel de massa total de A partir da expressão para o cálculo da força gravi-
65g. Sabendo que a bala fica alojada no alvo, desprezan- tacional, é possível obter uma expressão para o campo
do a resistência do ar e supondo a distância de disparo gravitacional de um determinado corpo (um planeta, por
suficientemente curta a ponto de ignorarmos efeitos gra- exemplo). Entende-se por campo gravitacional uma re-
vitacionais sobre a bala, qual a velocidade aproximada gião no espaço, em torno de um corpo de massa , na
do recuo do alvo?  qual um outro corpo, de massa , será submetido à força
. A expressão para o campo gravitacional do corpo de
a) 23 m/s massa é dada por:
b) 25 m/s
c) 27 m/s 𝐺. 𝑀1
d) 30 m/s 𝑔=
e) 32 m/s
𝑟2
onde R é a distância do centro de gravidade de M1
até o ponto no qual deseja-se calcular o valor do campo
Resposta: Letra B. Aplicando a conserva-
gravitacional.
ção da quantidade de movimento, tem-se
que: 𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = 𝑚𝑎 𝑣´𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣´𝑏.
1. Leis de Kepler
Como a bala se funde ao alvo, temos que:
𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = (𝑚𝑎 + 𝑚𝑏 )𝑣 . Como vb=0, tem-se O astrônomo Johanes Kepler dedicou-se a estudar o
que: 5.350 = 5 + 65 𝑣´ → 𝑣´ = 25 𝑚 ⁄𝑠 movimento planetário. Como conclusão dos seus estu-
dos, enunciou três leis. Essas leis são aplicadas para pla-
netas se movimentando ao redor do Sol e para satélites
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL em órbita em torno de planeta. As Leis de Kepler são as
seguintes:
FORÇA GRAVITACIONAL
a) 1ª Lei ou Lei das Órbitas: a órbita de planetas ao
A Lei da Gravitação Universal, proposta por Newton, redor do Sol possui formato elíptico, onde o sol
diz que dois corpos se atraem mutuamente por uma ocupa um dos focos.
força que é diretamente proporcional às suas massas e
inversamente proporcional à distância entre eles. Essa
força é calculada da seguinte forma: #FicaDica
𝐺. 𝑀1 . 𝑀2 Isso não significa que não existam órbitas cir-
NOÇÕES DE FÍSICA

𝐹𝑔 = culares, pois uma circunferência nada mais


𝑟2
é do que um caso particular da elipse onde
onde G é a constante de gravitação universal e vale ambos os focos estão na mesma posição.
𝐺 = 6,67.10−11𝑁 𝑚2 ⁄𝑘 𝑔² , M e M são as massas dos
1 2
corpos e R é a distância entre os centros de gravidade
dos corpos, conforme exemplificado na figura abaixo:

25
em seu redor em órbitas circulares. A teoria de Ptolo-
meu resolvia de modo razoável os problemas astronô-
micos da sua época. Vários séculos mais tarde, o clérigo
e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao
encontrar inexatidões na teoria de Ptolomeu, formulou a
teoria do heliocentrismo, segundo a qual o Sol deveria
ser considerado o centro do universo, com a Terra, a Lua
e os planetas girando circularmente em torno dele. Por
fim, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler
(1571-1630), depois de estudar o planeta Marte por cer-
ca de trinta anos, verificou que a sua órbita é elíptica.
Esse resultado generalizou-se para os demais planetas.
O ponto no qual o planeta se encontra mais próximo A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afir-
do sol é denominado periélio (P) enquanto que o ponto mar que
mais afastado do sol é denominado afélio (A).
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por se-
#FicaDica rem mais antigas e tradicionais.
b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo ins-
Para gravar esses nomes, basta gravar as pri- pirado no contexto político do Rei Sol.
meiras letras das palavras: PERiélio lembra c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa
PERto e AFélio lembra AFastado. científica era livre e amplamente incentivada pelas
autoridades.
d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às ne-
b) 2º Lei ou Lei das Áreas: o segmento que une o as- cessidades de expansão econômica e científica da
tro ao Sol varre áreas iguais no mesmo intervalo de Alemanha.
tempo. Em resumo, a velocidade com que a área é e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos
varrida é constante. métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.

Resposta: Letra E. As leis de Kepler dizem respeito


aos estudos dos corpos celestes que gravitam em tor-
no do Sol. Kelper não foi o pioneiro nessa área, logo,
seus estudos foram generalizados e testados graças a
medidas já feitas pelo astrônomo Tycho Brahe

2.(CESGRANRIO/2018) Considerando que o raio da Ter-


ra é, aproximadamente, 4 vezes maior do que o raio da
Lua, assim como as respectivas massas possuem uma ra-
zão de cerca de 100 vezes, a aceleração da gravidade na
Com isso, conclui-se que o astro tem uma velocidade Lua, em relação à da Terra, é 
maior no periélio em relação á velocidade no afélio.
a) cerca de 3 vezes maior
c) 3ª Lei ou Lei dos Períodos: o quadrado dos perío- b) cerca de 6 vezes maior
dos dos astros que orbitam em torno do mesmo c) aproximadamente 6 vezes menor
corpo (sol) é diretamente proporcional ao cubo d) aproximadamente 3 vezes menor
dos raios médios de suas órbitas. Matematicamen- e) praticamente igual
te, vêm:
Resposta: Letra C. A gravidade na Terra vale
𝑇12 𝑇22
= = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐺𝑀𝑇 𝐺𝑀𝐿
𝑅13 𝑅23 𝑔𝑇 = 𝑔 = 2
𝑅2𝑇 . A gravidade da lua vale 𝐿 𝑅𝐿 .
onde T1 e R1 são, respectivamente, o período e o raio 𝑀𝑇 𝑅𝑇
da órbita do primeiro astro enquanto T2 e T2 são, respec- 𝑀 = e𝑅 =
Do enunciado, 𝐿 100 𝐿 4 . Substituindo ML
tivamente, o período e o raio da órbita do segundo astro. e RL na equação do campo gravitacional na lia:
NOÇÕES DE FÍSICA

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2009) Na linha de uma tradição antiga, o astrô-
nomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do
geocentrismo, segundo a qual a Terra seria o centro do
universo, sendo que o Sol, a Lua e os planetas girariam

26
ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS o significado de parado, imóvel e quando um corpo é
submetido a um conjunto de forças, para ele se manter
Até agora, os tópicos de física consideravam um cor- parado, terá que atender algumas condições
po como um ponto material, onde todas as forças eram A primeira condição você já sabe, que é a força resul-
aplicadas neste ponto, independentemente do tamanho tante ser nula, o que segue a primeira e segunda leis de
que o mesmo tinha. Obviamente que essa suposição é Newton:
válida para alguns casos, mas que no mundo real, essa
prática nem sempre irá funcionar, sobretudo quando ti-
vermos corpos muito compridos, como barras e vigas. � 𝐹𝑖 = 0
Neste caso, adota-se o conceito de corpos rígidos, 𝑖
onde sua dimensão será relevante para o resultado final.
A base da estática dos corpos rígidos é o momento que A segunda, que virá justamente da estática, diz que
uma força aplica no corpo e sua definição será apresen- para um corpo estar em equilíbrio, deverá também ter
tada a seguir. uma somatória de momentos nula, assim:

MOMENTO DE UMA FORÇA � 𝑀𝐹𝑖 = 0


𝑖
Observe a figura a seguir onde temos uma barra pre-
sa a um apoio e ela está submetida a uma força 𝐹⃗ apli-
cada a uma distância b desse apoio: FIQUE ATENTO!
O equilíbrio de momentos deverá ser calcu-
lado SEMPRE no mesmo ponto de apoio, ou
seja, escolhe-se um ponto de apoio e cal-
cula-se o momento das forças aplicadas ao
corpo em relação a esse apoio.

O momento de uma força 𝐹⃗ em relação ao apoio


Para exemplificar, vamos começar do exemplo mais
é definido como sendo o produto da própria força pela
simples, duas forças aplicadas sobre uma barra apoiada:
distância do ponto de apoio:

𝑀𝐹 = 𝐹. 𝑏

Esta distância b é chamada de braço e é definida


como a distância entre o ponto de aplicação da força e o
ponto de apoio.

#FicaDica O equilíbrio de momentos nesse caso pode ser calcu-


Preste sempre atenção se a massa da barra lado no ponto de apoio, assim:
é desprezível para o problema, pois se não
for, a força peso pode gerar um momento
� 𝑀𝐹𝑖 = 0 → −𝐹1. 𝑏1 + 𝐹2. 𝑏2 = 0
no apoio.
𝑖

CONVENÇÃO DE SINAIS O momento relativo a força 𝐹1 tem sinal negativo


pois tem a tendência de girar a barra no sentido horário,
Um momento é dito positivo quando a força aplica- o que gera um momento negativo. Já a força 𝐹2 gera um
da tem a tendência de girar o corpo no sentido anti-ho- momento positivo pois gira a barra no sentido anti-ho-
rário e negativo no sentido horário. Para você verificar rário. Logo:
essa tendência de giro, basta imaginar o ponto de apoio
como um “pivot” e verificar como a barra giraria com a 𝐹1. 𝑏1 = 𝐹2 . 𝑏2
aplicação da força. No exemplo acima, você pode verifi-
car que a força tem a tendência de girar a barra no sen-
tido horário, ou seja, irá gerar um momento com sinal
NOÇÕES DE FÍSICA

negativo.

EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO

Agora que a definição de momento está fixada, va-


mos para o ponto mais importante do capítulo que é o
estudo do equilíbrio do corpo. O nome “estática” tem

27
No caso geral, se tivermos n forças aplicadas a barra:

Lembrando que M = F � d

Parroz � darroz – Pcm � dcm = 0


Aplicando o equilíbrio:
5 � g � 3 = Mcm � g � 1
� 𝑀𝐹𝑖 = 0 → � 𝐹𝑖 . 𝑏𝑖 = 0
𝑖 𝑖
Mcm = 15 kg

EXERCÍCIOS COMENTADOS 2.(UFF – Técnico – Coseac/2015) Dado o esquema


abaixo:
1.(ENEM 2015) Em um experimento, um professor le-
vou para a sala de aula um saco de arroz, um pedaço de
madeira triangular e uma barra de ferro cilíndrica e ho-
mogênea. Ele propôs que fizessem a mediação da mas-
sa da barra utilizando esses objetos. Para isso, os alunos
fizeram marcações na barra, dividindo-a em oito partes
iguais, e em seguida apoiaram-na sobre a base triangu-
lar, com o saco de arroz pendurado em uma de suas ex-
tremidades, até atingir a situação de equilíbrio.

O valor da reação RA, em t (toneladas), é: 

a) 4,8
b) 5,4
Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida pelos c) 5,0
alunos? d) 4,0
e) 6,0
a) 3,00 kg
b) 3,75 kg Resposta: Letra A: Aplicando o equilíbrio de momen-
c) 5,00 kg tos em relação ao apoio B:
d) 6,00 kg
e) 15,00 kg −𝑅𝐴 . 5 + 2.4 + 4.3 + 4.1 = 0 → 5𝑅𝐴 = 24 → 𝑅𝐴 = 4,8 𝑡

Resposta: Letra E. Quando falamos agora em estáti-


ca, o primeiro passo é desenhar as forças que a barra Maquinas Simples
sofre. Entendendo que: a tração que a corda puxando
o arroz exerce sobre a barra de ferro é igual ao peso Alavanca é uma máquina constituída por uma barra
do arroz. Podemos, a partir daí, desenhar as forças do rígida, que pode girar em volta de um ponto de apoio
problema que irão entrar em equilíbrio pelo fato de a (fulcro).
barra não rodar e nem se mover. “Deem-me um ponto de apoio e uma alavanca e mo-
verei a Terra.” Essa foi a frase dita por Arquimedes no
século III a.C, ao descobrir a Lei da Alavanca. As Alavan-
cas tem o papel principal de facilitar o trabalho no nosso
cotidiano.
NOÇÕES DE FÍSICA

28
Na antiguidade, os homens pré-históricos já utiliza- Alavanca Inter-resistente: A Força Resistente está
vam alavancas, para a remoção de pedras e objetos mui- localizada entre o Ponto de Apoio (Fulcro) e a Força
to pesados Potente.
As suas funções são: levantar objetos pesados, mover
objetos pesados de determinados locais.
Alguns exemplos de Alavancas do nosso cotidiano
são: gangorra, cortador de unhas, pinça, tesoura, alicate.
Considerada uma máquina simples, a Alavanca é uti-
lizada para equilibrar um peso grande com um peso pe-
queno. Esse equilíbrio ocorre desde que a distância do
peso pequeno até o ponto de apoio (fulcro) seja maior
que a distância do peso maior. Chamamos isso também
de Vantagem Mecânica, ou seja, aumentamos a força a
ser aplicada em algum objeto.
Além disso, a Alavanca possui também possui três Alavanca Inter-resistente
propriedades, são elas:
As roldanas, também chamadas de polias, são tipos
• Ponto de Apoio (Fulcro): É o ponto em que permite de rodas utilizados em máquinas para direcionar a força
a alavanca girar. feita sobre determinados objetos por meio de fios, cor-
• Força Resistente (Fr): É o peso do objeto que será das ou cabos, de modo que seja possível desviar a tra-
deslocado. jetória ou até mesmo levantá-los. Elas são utilizadas na
• Força Potente (Fp): É onde se aplica a força para construção civil, na composição de motores, aparelhos
movimentar o objeto. de academia etc.

Existem três tipos de Alavanca: Roldana fixa


• Alavanca Interfixa;
Ela geralmente é utilizada para erguer objetos pesa-
• Alavanca Interpotente;
dos, e a força feita para tal tarefa corresponde exatamen-
• Alavanca Inter-resistente;
te ao peso do objeto elevado.
Alavanca Interfixa: O Ponto de Apoio (Fulcro) está lo-
calizado entre a Força Potente e a Força Resistente.

Alavanca Interfixa

Alavanca Interpotente: A Força Potente está localiza-


da entre o Ponto de Apoio (Fulcro) e a Força Resistente.

Na imagem acima, observe que a roldana está presa


ao teto. Sua função é apenas proporcionar a elevação do
objeto.
NOÇÕES DE FÍSICA

Roldanas fixas e móveis

Existe uma forma de associar roldanas de modo que


Alavanca Interpotente
a força necessária para elevar determinado objeto seja
menor que o peso do referido corpo. Na imagem a se-
guir, a roldana de número 1 está presa ao teto, por isso, é
fixa e capaz de alterar a direção e o sentido de aplicação

29
da força. As roldanas 2, 3 e 4, que são denominadas de A partir desse raciocínio, concluímos que a força exe-
soltas, estão acopladas entre si, e o objeto levantado está cutada para erguer um determinado objeto por meio de
preso à roldana 4. um sistema de polias dependerá do número de roldanas
soltas, como demonstrado na seguinte equação:

F: força necessária para que um determinado objeto


seja erguido;
P: peso do objeto;
N: número de espiras soltas que compõem o sistema.
Repare que, no exemplo da figura anterior, as três
roldanas soltas tornaram a força feita oito vezes menor.

Exemplo:

Ainda tomando como referência a imagem anterior,


onde existe uma roldana fixa e três polias soltas, imagi-
ne que o objeto erguido possua massa igual a 160 kg.
A força necessária para que ele possa ser erguido pela
associação das polias corresponderá à força necessária
para elevar um objeto de apenas 20 kg! Sabendo que o
peso de um objeto é o resultado do produto de sua mas-
sa pela aceleração da gravidade (g = 10 m/s2), podemos
definir a força F da seguinte forma:

Peso do objeto:

Cada roldana solta reduz a ação da força peso pela


metade, de forma que o esforço necessário para elevar Força F aplicada na roldana:
um determinado objeto seja menor. A força peso do ob-
jeto da figura anterior será dividida ao meio pela ação
das polias 2, 3 e 4, portanto, a força necessária para ele-
var objeto será oito vezes menor que o seu peso.

Mapa Mental: Roldanas

A força de 200 N aplicada para erguer o objeto cor-


responde ao peso de um objeto de apenas 20 kg.

Cadernal

O cadernal é um tipo de configuração em que exis-


tem várias roldanas móveis acopladas ao mesmo número
de roldanas fixas. Nesse sistema, a força necessária para
a elevação de um objeto é determinada pela seguinte
equação:
NOÇÕES DE FÍSICA

30
Nessa equação, F é a força necessária para a elevação
de um objeto de peso P. O índice N representa o núme-
ro de roldanas soltas que compõem o cadernal. Se um HORA DE PRATICAR!
objeto de 160 kg fosse erguido por meio de um cadernal
composto por três polias soltas, a força feita correspon- 1.CESPE - 2011 - SAEB-BA - PROFESSOR - FÍSICA
deria ao peso de um objeto de aproximadamente 26,7
kg.

<https://www.portalsaofrancisco.com.br/fisica/
alavanca>
<https://brasilescola.uol.com.br/fisica/roldanas.
htm>

Na figura acima, estão representados dois esquemas de


associação de molas: o primeiro é uma associação em
série e o segundo, uma associação em paralelo. K1 e K2
são as constantes elásticas das duas molas associadas.
Considerando que e Ks e Kp sejam as constantes elásti-
cas equivalentes da associação em série e da associação
em paralelo, respectivamente, então elas satisfazem às
seguintes condições:

a)

b)

c)

d)
NOÇÕES DE FÍSICA

31
2. Física - Teorias, Leis, Princípios e Propriedades Fí-
sicas de materiais - Centro de Seleção e de Promoção
de Eventos UnB (CESPE) - 2018 - Secretaria de Estado GABARITO
de Educação - AL (SEDUC/AL) - Professor
1 A
Acerca da mecânica newtoniana, julgue os itens a seguir. 2 ERRADO
O movimento circular uniforme é assim chamado por 3 ERRADO
não envolver aceleração. 4 CERTO
5 B
( ) CERTO  ( ) ERRADO

3. Física - Teorias, Leis, Princípios e Propriedades Fí-


sicas de materiais - Centro de Seleção e de Promoção
de Eventos UnB (CESPE) - 2018 - Secretaria de Estado
de Educação - AL (SEDUC/AL) – Professor

Acerca da mecânica newtoniana, julgue os itens a seguir.


A função trabalho não pode ser definida para forças não
conservativas como a força de atrito.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

4. Física - Cinemática - Centro de Seleção e de Pro-


moção de Eventos UnB (CESPE) - 2006 - Prefeitura de
Parauapebas - PA - Professor Nível II

Torna-se mais fácil de explicar aos alunos o conceito de


trabalho quando se relaciona a variação da energia ciné-
tica de um objeto ao trabalho sobre esse objeto realizado
por uma força resultante. É essencial fazê-los compreen-
der que o trabalho depende das direções relativas entre
as forças aplicadas no objeto e o seu deslocamento. Jul-
gue os itens seguintes, que apresentam aplicações desse
conceito e de suas implicações. Considere que um objeto
se desloque sobre uma superfície horizontal. Nesse caso,
a força normal exercida pela superfície sobre o objeto
não realiza trabalho.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

5. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE – PAPILOSCOPISTA –


CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta associa-
ção correta entre a grandeza física e sua unidade de base
correspondente, de acordo com o sistema internacional
de pesos e medidas.

a) Corrente Elétrica: Candela


b) Temperatura Termodinâmica: Kelvin
c) Quantidade de Substância: %/kg
d) Intensidade Luminosa: Ampere
e) Massa: mol
NOÇÕES DE FÍSICA

32
ÍNDICE
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Ética e moral. Ética, princípios e valores....................................................................................................................................................... 01
Ética e democracia: exercício da cidadania................................................................................................................................................... 07
Ética e função pública........................................................................................................................................................................................... 09
Ética no setor público............................................................................................................................................................................................ 13
Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal)................. 15
consideração de valor como equivalente de uma medi-
ÉTICA E MORAL. ÉTICA, PRINCÍPIOS E ção do que é real e voluntarioso no campo das ações
VALORES virtuosas”2.
É difícil estabelecer um único significado para a pala-
vra ética, mas os conceitos acima contribuem para uma
A ética é composta por valores reais e presentes na compreensão geral de seus fundamentos, de seu objeto
sociedade, a partir do momento em que, por mais que às de estudo.
vezes tais valores apareçam deturpados no contexto so- Quanto à etimologia da palavra ética: No grego exis-
cial, não é possível falar em convivência humana se esses tem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma
forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se breve, chamada épsilon, e uma longa, denominada eta.
os preceitos da Moral e o valor do justo (componente Éthos, escrita com a vogal longa, significa costume; po-
ético do Direito). rém, se escrita com a vogal breve, éthos, significa caráter,
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas índole natural, temperamento, conjunto das disposições
transformações sofridas pela sociedade através dos tem- físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sen-
pos provocaram uma variação no conceito de ética, por tido, éthos se refere às características pessoais de cada
outro, não é possível negar que as questões que envol- um, as quais determinam que virtudes e que vícios cada
vem o agir ético sempre estiveram presentes no pensa- indivíduo é capaz de praticar (aquele que possuir todas
mento filosófico e social. as virtudes possuirá uma virtude plena, agindo estrita-
Aliás, uma característica da ética é a sua imutabilida- mente de maneira conforme à moral)3.
de: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje. Por A ética passa por certa evolução natural através da
exemplo, respeitar o próximo nunca será considerada história, mas uma breve observação do ideário de alguns
uma atitude antiética. Outra característica da ética é a pensadores do passado permite perceber que ela é com-
sua validade universal, no sentido de delimitar a diretriz posta por valores comuns desde sempre consagrados.
do agir humano para todos os que vivem no mundo. Não Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-
há uma ética conforme cada época, cultura ou civiliza- -se a Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas
ção. A ética é uma só, válida para todos eternamente, de apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego
forma imutável e definitiva, por mais que possam surgir Mos ou Morus, referindo-se exclusivamente ao regra-
novas perspectivas a respeito de sua aplicação prática. mento que determina a ação do indivíduo.
É possível dizer que as diretrizes éticas dirigem o Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas
comportamento humano e delimitam os abusos à liber- pela Moral ser apenas uma parte da Ética, mas princi-
dade, estabelecendo deveres e direitos de ordem moral, palmente porque enquanto a Moral é entendida como
sendo exemplos destas leis o respeito à dignidade das a prática, como a realização efetiva e cotidiana dos valo-
pessoas e aos princípios do direito natural, bem como a res; a Ética é entendida como uma “filosofia moral”, ou
exigência de solidariedade e a prática da justiça1. seja, como a reflexão sobre a moral. Moral é ação, Ética
é reflexão.
Conceitos alternativos de ética:
ÉTICA MORAL
• Ciência do comportamento adequado dos homens
em sociedade, em consonância com a virtude. • Mais ampla • Parte da ética
• Disciplina normativa, não por criar normas, mas • Teoria • Prática
por descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mos- • Reflexão • Ação
tra às pessoas os valores e princípios que devem
nortear sua existência. • Filosofia moral/ • Realização efetiva e
• Doutrina do valor do bem e da conduta humana Doutrina cotidiana dos valores
que tem por objetivo realizar este valor.
• Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom No início do pensamento filosófico não prevalecia
e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o real distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o
certo e o errado. agir ético envolviam essencialmente as noções de virtude
• Fornece as regras fundamentais da conduta huma- e de justiça, constituindo
na. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os uma das dimensões da virtude. Por exemplo, na Gré-
usos e abusos da liberdade. cia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

• Doutrina do valor do bem e da conduta humana variações de abordagem, o conceito de ética aparece
que o visa realizar. sempre ligado ao de virtude.
Aristóteles4, um dos principais filósofos deste mo-
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido
entendida como a ciência da conduta humana perante 2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de 2010.
aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a 3 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática,
2005.
1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 4 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Paulo: Martin Claret, 2006.

1
mento histórico, concentra seus pensamentos em algu- mas apenas uma máxima, de modo que é a razão pura
mas bases: prática que determina o agir ético. Ou seja, se a razão
prevalecer, a escolha ética sempre será algo natural.
a) definição do bem supremo como sendo a felicida- Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, perce-
de, que necessariamente ocorrerá por uma ativida- beu-se o quão graves haviam sido as suas consequên-
de da alma que leva ao princípio racional, de modo cias. O pensamento filosófico ganhou novos rumos,
que a felicidade está ligada à virtude; retomando aspectos do passado, mas reforçando a di-
b) crença na bondade humana e na prevalência da mensão coletiva da ética. Maritain7, um dos redatores
virtude sobre o apetite; da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948,
c) reconhecimento da possibilidade de aquisição das defendeu que o homem ético é aquele que compõe a
virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela sociedade e busca torná-la mais justa e adequada ao
prática constante; ideário cristão. Assim, a atitude ética deve ser conside-
d) afastamento da ideia de que um fim pudesse ser rada de maneira coletiva, como impulsora da sociedade
bom se utilizado um meio ruim. justa, embora partindo da pessoa humana individual-
mente considerada como um ser capaz de agir conforme
Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram os valores morais.
com os religiosos. O homem viveria para conhecer, amar Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínse-
e servir a Deus, diretamente e em seus irmãos. Santo To- ca a do conceito de ética, embora sempre tenha estado
más de Aquino5, um dos principais filósofos do período, presente, com maior ou menor intensidade dependendo
lançou bases que até hoje são invocadas quando o tópi- do momento, possuiu diversos enfoques ao longo dos
co em questão é a Ética: tempos.
Pode-se considerar que, do pensamento grego até
a) consideração do hábito como uma qualidade que o Renascimento, a justiça foi vista como uma virtude e
deverá determinar as potências para o bem; não como uma característica do Direito. Por sua vez, no
b) estabelecimento da virtude como um hábito que Renascimento, o conceito de Ética foi bifurcado, reme-
sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, tendo-se a Moral para o espaço privado e remanescendo
podendo ser intelectual, moral ou teologal – três a justiça como elemento ético do espaço público. No en-
virtudes que se relacionam porque não basta tanto, como se denota pela teoria de Maquiavel8, o justo
possuir uma virtude intelectual, capaz de levar ao naquele tempo era tido como o que o soberano impu-
conhecimento do bem, sem que exista a virtude nha (o rei poderia fazer o que bem entendesse e utilizar
moral, que irá controlar a faculdade apetitiva e quaisquer meios, desde que visasse um único fim, qual
quebrar a resistência para que se obedeça à razão seja o da manutenção do poder).
(da mesma forma que somente existirá plenitude Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discus-
virtuosa com a existência das virtudes teologais); são da justiça como um elemento similar à Moral, mas
c) presença da mediania como critério de determina- inerente ao Direito, por exemplo, Kant9 defendeu que a
ção do agir virtuoso; ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o
d) crença na existência de quatro virtudes cardeais – a conhecimento da legislação e com o contexto social em
prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza. que ela está inserida, sendo que sob o aspecto do con-
teúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo
No Iluminismo, Kant6 definiu a lei fundamental da ra- contrário ao imperativo categórico da Moral kantiana.
zão pura prática, que se resume no seguinte postulado: Ainda, Locke, Montesquieu e Rousseau, em comum
“age de tal modo que a máxima de tua vontade possa va- defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
ler-te sempre como princípio de uma legislação univer- o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo
sal”. Mais do que não fazer ao outro o que não gostaria suas ações limitadas pelos direitos dos cidadãos subme-
que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem tidos ao regime estatal.
deve agir de tal modo que cada uma de suas atitudes re- Tais pensamentos iluministas não foram plenamente
flita aquilo que se espera de todas as pessoas que vivem seguidos, de forma que se firmou a teoria jurídica do po-
em sociedade. O filósofo não nega que o homem poderá sitivismo, pela qual Direito é apenas o que a lei impõe
ter alguma vontade ruim, mas defende que ele racional- (de modo que se uma lei for injusta nem por isso será
mente irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática inválida), que somente foi abalada após o fim trágico da
máxima da razão que é o imperativo categórico. Por isso, 2ª Guerra Mundial e a consolidação de um sistema glo-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

o prazer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao bal de proteção de direitos humanos (criação da ONU
apetite, não são aptos para determinar uma lei prática, + declaração universal de 1948). Com o ideário huma-
nista consolidou-se o Pós-positivismo, que junto consigo
5 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Van-
nucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodrí- 7 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução Afrânio Couti-
guez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição nho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962.
Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção I, 8 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São
questões 49 a 114. Paulo: Martin Claret, 2007.
6 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Paulo Barrera. 9 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson Bini. São
São Paulo: Ícone, 2005. Paulo: Ícone, 1993.

2
trouxe uma valorização das normas principiológicas do Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as
ordenamento jurídico, conferindo-as normatividade. principais notas que distinguem a Moral do Direito não
Assim, a concepção de uma base ética objetiva no se referem propriamente ao conteúdo, pois é comum
comportamento das pessoas e nas múltiplas modalida- que diretrizes morais sejam disciplinadas como normas
des da vida social foi esquecida ou contestada por fortes jurídicas.12
correntes do pensamento moderno. Concepções de ins- Com efeito, a partir da segunda metade do século XX
piração positivista, relativista ou cética e políticas volta- (pós-guerra), a razão jurídica é uma razão ética, fundada
das para o homo economicus passaram a desconsiderar a na garantia da intangibilidade da dignidade da pessoa
importância e a validade das normas de ordem ética no humana, na aquisição da igualdade entre as pessoas, na
campo da ciência e do comportamento dos homens, da busca da efetiva liberdade, na realização da justiça e na
sociedade da economia e do Estado. construção de uma consciência que preserve integral-
No campo do Direito, as teorias positivistas que pre- mente esses princípios.
valeceram a partir do final do século XIX sustentavam Assim, as principais notas que distinguem Moral e Di-
que só é direito aquilo que o poder dominante deter- reito são:
mina. Ética, valores humanos, justiça eram considerados
elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos. Pensavam Direito Moral
com isso em construir uma ciência pura do direito e ga-
rantir a segurança das sociedades.10 Comportamento Comportamento
Exterioridade
Atualmente, entretanto, é quase universal a retoma- exterior interior
da dos estudos e exigências da ética na vida pública e Pode se exigir Não pode se exigir
na vida privada, na administração e nos negócios, nas Exigibilidade a obrigação o cumprimento de
empresas e na escola, no esporte, na política, na justiça, derivada da lei obrigações morais
na comunicação. Neste contexto, é relevante destacar Sanções não
que ainda há uma divisão entre a Moral e o Direito, que Sanções aplicadas organizadas (ex.:
constituem dimensões do conceito de Ética, embora a Coação
pelo Estado exclusão de um
tendência seja que cada vez mais estas dimensões se jun- grupo social)
tem, caminhando lado a lado.
Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns au-
tores, entre eles Radbruch e Del Vechio são partidários de #FicaDica
uma dicotomia rigorosa, na qual a Ética abrange apenas Os critérios que distinguem Moral e Direito
a Moral e o Direito. Contudo, para autores como Miguel são:
Reale, as normas dos costumes e da etiqueta compõem a Exterioridade – Ética é exterior, Moral é in-
dimensão ética, não possuindo apenas caráter secundá- terior;
rio por existirem de forma autônoma, já que fazem parte Exigibilidade – Direito é exigível, Moral não;
do nosso viver comum.11 Coação – Direito é coativo, Moral não – o
Direito exerce sua pressão social a partir do
#FicaDica centro ativo do Poder, a moral pressiona
pelo grupo social não organizado. Tanto no
Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = Direito quanto na Moral existem sanções.
Moral + Direito Elas somente são aplicadas de forma diver-
Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + sa, sendo que somente o Direito aceita a
Direito + Costumes coação, que é a sanção aplicada pelo Es-
tado.

Para os fins da presente exposição, basta atentar para


O descumprimento das diretivas morais gera sanção,
o binômio Moral-Direito como fator pacífico de compo-
e caso ele se encontre transposto para uma norma jurí-
sição da Ética. Assim, nas duas posições adotadas, uma
dica, gera coação (espécie de sanção aplicada pelo Esta-
das vertentes da Ética é a Moral, e a outra é o Direito.
do). Assim, violar uma lei ética não significa excluir a sua
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações
validade. Por exemplo, matar alguém não torna matar
entre o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

uma ação correta, apenas gera a punição daquele que


nos seguintes termos: o direito rege o comportamento
cometeu a violação.
exterior, a moral enfatiza a intenção; o direito estabelece
uma correlação entre os direitos e as obrigações, a moral
prescreve deveres que não dão origem a direitos subje-
tivos; o direito estabelece obrigações sancionadas pelo

10 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João


Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 12 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
2002. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

3
Neste sentido, explica Reale13: “No plano das normas 3. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU-
éticas, a contradição dos fatos não anula a validez dos CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação
preceitos: ao contrário, exatamente porque a normativi- a moral e ética, julgue o item a seguir.
dade não se compreende sem fins de validez objetiva e Moral pode ser definida como todo o sistema público de
estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos regras próprio de diferentes grupos sociais, que abrange
e as violações das normas conduzem à responsabilidade normas e valores que são aceitos e praticados, como cer-
e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da ordenação tos e errados.
normativa”.
Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interli- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
gados, mas a primeira é mais abrangente que a segunda,
porque pode abarcar outros elementos, como o Direito Resposta: Certo. A moral é responsável por criar re-
e os costumes. Todas as regras éticas são passíveis de gras internas a um grupo social, que correspondem a
alguma sanção, sendo que as incorporadas pelo Direito normas e valores. Estas normas e valores são aceitos
aceitam a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado. como certos e errados de forma genérica e abstrata,
Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras jurídicas de maneira consistente no grupo social. Assim, a mo-
são compostas por postulados morais, isto é, envolvem ral é interna, mas não significa que não possa ser ge-
os mesmos valores e exteriorizam os mesmos princípios. neralizada, criando a moral de um grupo social.

ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES


EXERCÍCIOS COMENTADOS
A área da filosofia do direito que estuda a ética é co-
1. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS nhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tra-
BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da tado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria
Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida- dos valores. Daí valores e princípios serem componentes
dania, julgue o item seguinte. Uma vez que a moral se da ética sob o aspecto da exteriorização de suas diretri-
reveste de conteúdo mais doutrinário e normativo que zes. Em outras palavras, a mensagem que a ética preten-
a ética, é correto afirmar que um dos fundamentos de de passar se encontra consubstanciada num conjunto de
existência da noção de moral seria a formação de uma valores, para cada qual corresponde um postulado cha-
base teórica para o estudo da ética. mado princípio.
De uma maneira geral, a axiologia proporciona um
(  ) CERTO   (  ) ERRADO estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade
que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por
Resposta: Errado. A moral não se reveste de conteú- serem elementos que permitem a compreensão da ética,
do mais doutrinário e normativo do que a ética, pelo também se encontram presentes no estudo do Direito,
contrário. Além disso, a moral não se fundamenta notadamente quando a posição dos juristas passou a ser
na necessidade de se formar uma base teórica para mais humanista e menos positivista (se preocupar mais
o estudo da ética, embora isso tenha ocorrido inva- com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana
riavelmente, quando se observa a evolução histórica do que com o que a lei específica determina).
do conceito de ética e sua normalização através dos Os juristas, descontentes com uma concepção positi-
tempos. vista, estadística e formalista do Direito, insistem na im-
portância do elemento moral em seu funcionamento, no
2. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU- papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a inten-
CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação ção maldosa, os bons costumes e tantas outras noções
a moral e ética, julgue o item a seguir. cujo aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas
A ética é um ramo da filosofia que estuda a moral, os di- dessas regras foram promovidas à categoria de princí-
ferentes sistemas públicos de regras, seus fundamentos pios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em
e suas características. considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma
legislação que lhes concedesse o estatuto formal de lei
(  ) CERTO   (  ) ERRADO positiva, tal como o princípio que afirma os direitos da
defesa. No entanto, a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a apli-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Resposta: Certo. A ética é ramo da filosofia e subdi-


vide-se classicamente em Moral e Direito. Estuda não cação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).14
apenas a moral, mas os sistemas de regras, seus fun- É inegável que o Direito possui forte cunho axiológi-
damentos e suas características. co, diante da existência de valores éticos e morais como
diretrizes do ordenamento jurídico, e até mesmo como
meio de aplicação da norma.

13 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 14 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
2002. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

4
Assim, perante a Axiologia, o Direito não deve ser in- O mais relevante princípio da ordem jurídica brasileira
terpretado somente sob uma concepção formalista e po- é o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos
sitivista, sob pena de provocar violações ao princípio que os demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°,
justifica a sua criação e estruturação: a justiça. III, CF).
Neste sentido, Montoro15 entende que o Direito é Claro, o Direito não é composto exclusivamente por
uma ciência normativa ética: “A finalidade do direito postulados éticos, já que muitas de suas normas não
é dirigir a conduta humana na vida social. É ordenar a possuem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma
convivência de pessoas humanas. É dar normas ao agir, norma que estabelece um prazo de 10 ou 15 dias não
para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em boa par-
suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, te.
portanto, na categoria das ciências normativas do agir, A Moral é composta por diversos valores - bom,
também denominadas ciências éticas ou morais, em sen- correto, prudente, razoável, temperante, enfim, todas
tido amplo. Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um as qualidades esperadas daqueles que possam se dizer
aspecto especial: o da justiça”. cumpridores da moral. É impossível esgotar um rol de
A formação da ordem jurídica, visando a conservação valores morais, mas nem ao menos é preciso: basta um
e o progresso da sociedade, se dá à luz de postulados olhar subjetivo para compreender o que se espera, num
éticos. O Direito criado não apenas é irradiação de prin- caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom
cípios morais como também força aliciada para a propa- senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto
gação e respeitos desses princípios. sabe que está contrariando o agir esperado pela socieda-
Um dos principais conceitos que tradicionalmente se de, tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente).
relaciona à dimensão do justo no Direito é o de lei natu- Todos estes valores morais se consolidam em princí-
ral. Lei natural é aquela inerente à humanidade, indepen- pios, isto é, princípios são postulados determinantes dos
dentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada valores morais consagrados.
acima de tudo. O conceito de lei natural foi fundamen- Segundo Rizzatto Nunes18, “a importância da existên-
tal para a estruturação dos direitos dos homens, ficando cia e do cumprimento de imperativos morais está rela-
reconhecido que a pessoa humana possui direitos ina- cionada a duas questões: a) a de que tais imperativos
lienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e buscam sempre a realização do Bem - ou da Justiça, da
lugar, que devem ser respeitados por todos os Estados e Verdade etc., enfim valores positivos; b) a possibilidade
membros da sociedade.16 de transformação do ser - comportamento repetido e
O Direito natural, na sua formulação clássica, não é durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em
um conjunto de normas paralelas e semelhantes às do dever ser, pela verificação de certa tendência normativa
Direito positivo, mas é o fundamento do Direito positivo. do real”.
É constituído por aquelas normas que servem de fun- Quando se fala em Direito, notadamente no direito
damento a este, tais como: “deve se fazer o bem”, “dar constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam
a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser as atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., os principais valores morais consolidados, na forma de
normas essas que são de outra natureza e de estrutura princípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu
diferente das do Direito positivo, mas cujo conteúdo é a proíbo que um funcionário público receba uma vanta-
ele transposto, notadamente na Constituição Federal.17 gem indevida para deixar de praticar um ato de interesse
Importa fundamentalmente ao Direito que, nas rela- do Estado, consolido os valores morais da bondade, da
ções sociais, uma ordem seja observada: que seja asse- justiça e do respeito ao bem comum, prescrevendo a res-
gurada individualmente cada coisa que for devida, isto é, pectiva norma.
que a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou me-
formal, isto é, o valor essencial, do direito é a justiça. nos amplo, pode refletir um valor moral por meio de um
No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurí- princípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são
dicos fundamentais de cunho ético estão instituídos no iguais perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o
sistema constitucional, isto é, firmados no texto da Cons- valor moral do tratamento digno a todos os homens, na
tituição Federal. São os princípios constitucionais os mais forma de um princípio constitucional (princípio da igual-
importantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles dade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público
se referindo de forma específica à ética no setor público. de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou acei-


tar promessa de tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço
uma regra que traduz os valores morais da solidariedade
15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. e do respeito ao interesse coletivo. No entanto, sempre
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. por trás de uma regra infraconstitucional haverá um prin-
16 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diá- cípio constitucional. No caso do exemplo do art. 317 do
logo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
Letras, 2009.
17 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 18 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estu-
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. do do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

5
CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (ob-
jetivo da República segundo o art. 3º, IV, CF – “promover #FicaDica
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”) Regras são comandos definitivos, com teor
claro e preciso.
e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF, no que
Princípios são normas amplas, trazem man-
tange à Administração Pública).
damentos de otimização.
Conforme Alexy19, a distinção entre regras e princí-
Havendo conflito entre regras, a resolução
pios é uma distinção entre dois tipos de normas, for-
se dá por critérios de especialidade ou an-
necendo juízos concretos para o dever ser. A diferença terioridade.
essencial é que princípios são normas de otimização, ao Havendo conflito entre princípios, a reso-
passo que regras são normas que são sempre satisfeitas lução se dá por ponderação à luz dos prin-
ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e outra cípios da razoabilidade e da proporciona-
não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embo- lidade.
ra não perca sua validade e nem exista fundamento em
uma cláusula de exceção, ou seja, haverá razões suficien-
tes para que em um juízo de sopesamento (ponderação)
um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção de
tal critério de equiparação normativa entre regras e prin- EXERCÍCIO COMENTADO
cípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os
nomes do pós-positivismo.
Em resumo, valor é a característica genérica que com- 1.(PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB –
põe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade, 2014) É certo que os princípios se distinguem de valo-
respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação es- res e regras. Sobre os princípios e sua função, é correto
perada daquele que atende certo valor ético (por exem- afirmar:
plo, não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito
a você é um postulado que exterioriza o valor do respei- a) Nem sempre os princípios devem ser aplicados em
to; tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade sua inteireza, pois, em caso de conflito entre regra e
é o postulado do princípio da igualdade que reflete os princípio, as regras predominam, em razão de sua su-
valores da solidariedade e da justiça social). Por sua vez, perioridade normativa.
virtude é a característica que a pessoa possui coligada a b) Os princípios são comandos definitivos que se aplicam
algum valor ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme ou não se aplicam em uma determinada situação, se-
algum dos valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser gundo um parâmetro de “tudo ou nada”.
temperante, ser magnânimo). c) Enquanto as regras são comandos definitivos, os prin-
Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são cípios são normas de otimização, que comportam uma
elementos constantemente correlatos, que se comple- ideia de gradação capaz de permitir sua aplicação de
mentam e estruturam, delimitando o modo de agir es- forma ponderada.
perado de todas as pessoas na vida social, bem como d) A noção de validade é essencial ao reconhecimento
preconizando quais os nortes para a atuação das insti- dos princípios porque estes devem ser sempre aplica-
tuições públicas e privadas. Basicamente, a ética é com- dos de modo que seja feito o que preveem na íntegra,
posta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua par- em todas as situações.
te principal), sendo que virtudes são características que e) Os princípios são valores individuais oriundos de juí-
aqueles que agem conforme a ética (notadamente sob zos internos formulados por cada cidadão, valores es-
o aspecto Moral) possuem, as quais exteriorizam valores tes que serão tolerados se estiverem de acordo com
éticos, a partir dos quais é possível extrair postulados que os valores sociais.
são princípios.
Resposta: Letra C. A alternativa correta é a “c”, pois
descreve de forma clara a função das regras de tra-
zer comandos definitivos (com baixa margem de in-
terpretação, teor claro e preciso) e dos princípios de
trazerem mandamentos de otimização (ou seja, são o
fundamento para a melhor interpretação das regras) e
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

que podem ser graduados (colisões de princípios são


resolvidas por critérios de ponderação, diferente do
conflito de normas, em que uma norma anula a outra
– nos princípios, busca-se o equilíbrio).
A alternativa “a” está errada porque no conflito entre
regras e princípios, prevalecem os princípios, justa-
mente porque eles dão fundamento às regras.
As alternativas “b” e “d” estão erradas porque é possí-
19 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Vir- vel a aplicação parcial de um princípio.
gílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

6
A alternativa “e” está errada porque os princípios são A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil,
essencialmente gerais, não são formados em juízo in- considerado o grande número de cidadãos, de modo
dividual. que a regra é a democracia indireta. Na Grécia Antiga,
encontra-se um raro exemplo de democracia direta, que
somente era possível porque, embora a população fosse
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA grande, a maioria não era composta de pessoas conside-
CIDADANIA radas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças,
e somente os cidadãos tinham direito de participar do
processo democrático.
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C.
Contemporaneamente, o regime que mais se aproxi-
as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar
ma dos ideais de uma democracia direta é a democracia
para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas
semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um
cidade-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas.
regime de democracia em que existe a combinação de
Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em
representação política com formas de democracia direta.
oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., torna-
Democracia é um conceito interligado à Ética no que
ram-se democracias. As origens da chamada democracia
tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se
se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a parti-
afirmar isto se considerados os três conceitos de Aristó-
cipação direta daqueles poucos que eram considerados
teles sobre as dimensões da justiça (distributiva, comuta-
cidadãos, por meio da discussão na polis.
tiva e social), dos quais se origina a dimensão da justiça
Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um regi-
participativa.
me de governo em que o poder de tomar decisões polí-
Por esta dimensão da justiça participativa, resta des-
ticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um
pertada a consciência das pessoas para uma atitude de
cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a
agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade
decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado
em que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta
o poder de eleger um representante). Com efeito, é um
consciência de que há uma obrigação de cada um para
regime de governo em que se garante a soberania po-
com a sociedade de participar de forma consciente e livre
pular, que pode ser conceituada como “a qualidade má-
e de se inteirar total e habitualmente na vida social que
xima do poder extraída da soma dos atributos de cada
pertence.
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher
Quem deve participar é quem vive na sociedade, é
os seus representantes no governo por meio do sufrágio
o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao
universal e do voto direto, secreto e igualitário”20.
mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve
Uma democracia pode existir num sistema presiden-
participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive
cialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico
em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para partici-
- somente importa que seja dado aos cidadãos o poder
par, o fato de não participar em si já é uma injustiça. Com
de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre-
a ampliação do conceito de soberania e cidadania e, con-
sentante eleito).
sequentemente, da responsabilidade do cidadão, torna-
-se ainda mais evidente esta necessidade de participar.
#FicaDica A referência à justiça participativa, corolário do con-
ceito de cidadania, é de fundamental importância para o
A principal classificação das democracias é elemento moral da noção de ética, no sentido de possi-
a que distingue a direta da indireta: bilitar um agir voltado para o bem da sociedade.
a) direta, também chamada de pura, na Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A
qual o cidadão expressa sua vontade por
cidadania tem um compromisso com a efetivação da
voto direto e individual em casa questão
democracia participativa. E participar não é votar a cada
relevante;
eleição, não se interessar pelo andamento da política e
b) indireta, também chamada representa-
até se esquecer de quem mereceu seu sufrágio.
tiva, em que os cidadãos exercem indivi-
dualmente o direito de voto para escolher Com efeito, participar é um direito de todo aquele
representante(s) e aquele(s) que for(em) que é cidadão, consolidando o conceito de democracia
mais escolhido(s) representa(m) todos os e reforçando os valores éticos de preservação do justo e
eleitores; garantia do bem comum.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

c) semidireta, também conhecida como


participativa, em que se tem uma demo-
cracia representativa mesclada com pecu-
liaridades e atributos da democracia direta
(sistema híbrido).

20 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São


Paulo: Saraiva, 2000.

7
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza21:
#FicaDica “estamos diante da democracia semidireta ou participa-
tiva, um ‘sistema híbrido’, uma democracia representati-
Quem é cidadão? Cidadão, por sua vez, é va, com peculiaridades e atributos da democracia direta.
o nacional, isto é, aquele que possui o vín-
Pode-se falar, então, em participação popular no poder
culo político-jurídico da nacionalidade com
por intermédio de um processo, no caso, o exercício da
o Estado, que goza de direitos políticos, ou
soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito,
seja, que pode votar e ser votado.
referendo, iniciativa popular, bem como outras formas,
Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político
que liga um indivíduo a determinado Esta- como a ação popular”.
do, fazendo com que ele passe a integrar
o povo daquele Estado, desfrutando assim Destaca-se o caput do artigo 14:
de direitos e obrigações.
Povo: conjunto de pessoas que compõem Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
o Estado, unidas pelo vínculo da naciona- gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
lidade. igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
População: conjunto de pessoas residentes I - plebiscito;
no Estado, nacionais ou não. II - referendo;
Direitos políticos: instrumentos por meio III - iniciativa popular.
dos quais a Constituição Federal permite o
exercício da soberania popular, atribuindo O que diferencia o plebiscito do referendo é o mo-
poderes aos cidadãos para que eles pos- mento da consulta à população: no plebiscito, primeiro
sam interferir na condução da coisa pública se consulta a população e depois se toma a decisão po-
de forma direta ou indireta1. lítica; no referendo, primeiro se toma a decisão política e
depois se consulta a população. Embora os dois partam
1 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha
é que os dois são “formas de consulta ao povo para que
Na disciplina constitucional, os direitos políticos ga- delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natu-
rantidos àquele que é cidadão encontram-se disciplina- reza constitucional, legislativa ou administrativa”22.
dos nos artigos 14 e 15. O cidadão detém direitos políti- Na iniciativa popular, confere-se à população o poder
cos e, em regra, não poderá perdê-los, sofrendo apenas de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
eventualmente com suspensão. mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
#FicaDica dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê
o artigo 61, §2°, CF:
Os direitos políticos somente são perdidos
em dois casos, quais sejam cancelamento Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
de naturalização por sentença transitada apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
em julgado (o indivíduo naturalizado volta lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitora-
à condição de estrangeiro) e perda da na- do nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
cionalidade brasileira em virtude da aqui- com não menos de três décimos por cento dos eleito-
sição de outra (brasileiro se naturaliza em res de cada um deles.
outro país e assim deixa de ser considerado
um cidadão brasileiro, perdendo direitos
Entretanto, os mecanismos enumerados no artigo
políticos). Nota-se que não há perda de di-
14, CF não são os únicos que contemplam possibilida-
reitos políticos pela prática de atos atenta-
des de participação direta no poder político por parte
tórios contra a Administração Pública por
parte do servidor, mas apenas suspensão. do cidadão brasileiro. Ao longo do texto constitucional e
de legislações infraconstitucionais despontam inúmeros
outros mecanismos que exteriorizam uma relação cada
vez mais próxima entre o Estado e a sociedade civil.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A democracia brasileira adota a modalidade semidi- Além da já mencionada ação popular – prevista no
reta, porque possibilita a participação popular direta no artigo 5o, LXXIII, CF, segundo a qual “qualquer cidadão é
poder por intermédio de processos como o plebiscito, parte legítima para propor ação popular que vise a anular
o referendo e a iniciativa popular. Contudo, a democra- ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
cia indireta que é predominantemente adotada no Brasil, o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
por meio do sufrágio universal (direito de todos de votar
e de ser votado) e do voto direto e secreto com igual 21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
valor para todos. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

8
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência” – merecem destaque as au-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
diências e as consultas públicas.
“O objetivo maior das audiências é incentivar os pre- 1. (ANTAQ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –
sentes na busca de soluções de problemas públicos. Po- 2014) No que diz respeito à democracia, julgue o item
dem servir como forma de coleta de mais informações ou abaixo.
provas (depoimentos, pareceres de especialistas, docu- Em uma sociedade democrática, permite-se a criação de
mentos etc.) sobre determinados fatos. Também são rea- novos direitos e considera-se legítimo o conflito.
lizadas na definição de políticas públicas, bem como para
elaboração de projetos de lei, a realização de empreen- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
dimentos que podem gerar impactos à cidade, à vida das
pessoas e ao meio ambiente. Além disso, as audiências Resposta: Certo. A criação e a emergência de novos
também podem ser feitas depois da implantação de po- direitos num processo histórico fazem parte da vivên-
líticas, para discussão e avaliação de seus resultados e cia de uma sociedade democrática, aberta à alteração
impactos. Geralmente, a audiência é uma reunião com de suas normas, inclusive para a ampliação de direi-
duração de um período (manhã, tarde ou noite), coor- tos fundamentais. É da essência da democracia, ainda,
denada pelo órgão competente ou em conjunto com a possibilidade de conflitos ideológicos, garantido o
entidades da sociedade civil que a demandaram”23. As pluralismo do pensamento, inclusive e notadamente
consultas públicas possuem o mesmo objetivo, mas cos- o político.
tumam ser feitas por outros veículos que não reuniões
presenciais, por exemplo, páginas oficiais de internet. 2. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS
Há que se denotar, ainda, uma ampliação da perspec- BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da
tiva de cidadania, vista não apenas como a participação Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida-
política nas vias tradicionais de poder como também a dania, julgue o item seguinte.
participação na comunidade em que a pessoa está inse- O exercício da cidadania sofre influência das questões
rida. Neste foco, impõe-se a cada indivíduo que se inclua éticas e morais que moldam o comportamento individual
socialmente e traga contribuições para a comunidade em do cidadão. Isso porque o conjunto das condutas indivi-
que está inserido, nos aspectos ambientais e sociais. Se duais compõe o comportamento de determinado grupo
inserem neste campo os projetos sociais desenvolvidos social, do qual são extraídas as demandas que subsidiam
internamente em cada comunidade, buscando contribuir a adoção de políticas públicas e a concretização de direi-
para o desenvolvimento de seus membros, como crian- tos sociais.
ças, adolescentes, idosos, dependentes químicos, mulhe-
res, famílias, trabalhadores desempregados, etc. (  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. Cidadania é um conceito estri-


#FicaDica tamente relacionado à ética, no sentido de impor a
Democracia – pode ser direta (exercida cada indivíduo que se inclua socialmente e traga con-
pelos cidadãos), indireta (exercida por re- tribuições para a comunidade em que está inserido.
presentantes) ou semidireta (mesclando os Assim, na relação entre ética e cidadania pensa-se
dois, como no Brasil). no indivíduo como parte de um todo. Suas condutas
Cidadão – É direito e dever participar. A pertencem ao grupo social, pois nele está inserido. A
cidadania tem uma dimensão ética, sen- observação das necessidades dos coletivos, que são
do incumbência de cada um se integrar na os grupos sociais, permite delimitar políticas públicas
vida da comunidade em que se insere. Não e concretizar direitos sociais para além da perspectiva
basta votar ou exercer as vias legais da par- individual.
ticipação direta. É preciso se integrar na co-
munidade e contribuir para que ela avance,
garantindo o bem a todos.
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Quando se fala em ética na função pública, não se


trata do simples respeito à moral social: a obrigação ética
no setor público vai além e encontra-se disciplinada em
detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (no-
tadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que se
destaca a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Adminis-
23 https://www.politize.com.br/audiencias-publicas-como-partici- trativa, a qual traz um amplo conceito de funcionário pú-
par/

9
blico no qual podem ser incluídos os servidores do Banco zar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos
do Brasil). Ocorre que o funcionário de uma instituição possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalida-
financeira da qual o Estado participe de certo modo ex- des particulares.24
terioriza os valores estatais, sendo que o Estado é o ente O Estado tem um valor ético, de modo que sua atua-
que possui a maior necessidade de respeito à ética. Por ção deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propria-
isso, o servidor além de poder incidir em ato de improbi- mente o Estado que é aético, porque ele é composto
dade administrativa (cível), poderá praticar crime contra por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que
a Administração Pública (penal). Então, a ética profissio- o compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional
nal daquele que serve algum interesse estatal deve ser do funcionário público é uma questão ligada à ética no
ainda mais consolidada. serviço público, pois se os homens que compõe a estru-
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao tura do Estado tomam uma atitude correta perante os
menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do
caso da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é valor ético do Estado.
adotada num sentido estrito - ética corresponde ao valor Alguns cidadãos recebem poderes e funções espe-
do justo, previsto no Direito vigente, o qual é estabeleci- cíficas dentro da administração pública, passando a de-
do com um olhar atento às prescrições da Moral para a sempenhar um papel de fundamental interesse para o
vida social. Em outras palavras, quando se fala em ética Estado. Quando estiver nesta condição, mais ainda, será
no âmbito dos interesses do Estado não se deve pensar exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é responsá-
apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas vel pela manutenção da sociedade, que espera dele uma
que a regulamentam, o que permite a aplicação de san- conduta ilibada e transparente.
ções. Veja o organograma: Quando uma pessoa é nomeada como servidor pú-
blico, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado
representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao
máximo todos os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que
a exercem, o qual geralmente se encontra consubstan-
ciado em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada
categoria profissional. No caso das profissões na esfera
pública, esta exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a
obrigação ética no setor público vai além e encontra-se
disciplinada em detalhes na legislação, tanto na esfera
constitucional (notadamente no artigo 37) quanto na
ordinária (em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 -
Código de Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade
Administrativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos
As regras éticas do setor público são mais do que
servidores públicos civis na esfera federal).
regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais,
Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
passíveis de coação. A desobediência ao princípio da
de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
moralidade caracteriza ato de improbidade administra-
complexo da sociedade como uma atividade específica.
tiva, sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pra-
mesma forma, o seu comportamento em relação ao Có-
tica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige,
digo de Ética pode gerar benefícios, como promoções, e
nessas relações, a preservação de uma conduta condi-
prejuízos, como censura e outras penas administrativas.
zente com os princípios éticos específicos. O grupamen-
A disciplina constitucional é expressa no sentido de pres-
to de profissionais que exercem o mesmo ofício termina
crever a moralidade como um dos princípios fundadores
por criar as distintas classes profissionais e também a
da atuação da administração pública direta e indireta,
conduta pertinente. Existem aspectos claros de observa-
bem como outros princípios correlatos. Logo, o Estado
ção do comportamento, nas diversas esferas em que ele
brasileiro deve se conduzir moralmente por vontade ex-
se processa: perante o conhecimento, perante o cliente,
pressa do constituinte, sendo que à imoralidade adminis-
perante o colega, perante a classe, perante a sociedade,
trativa aplicam-se sanções.
perante a pátria, perante a própria humanidade como
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se


conceito global”25. Todos estes aspectos serão conside-
dar somente no âmbito da vida particular, mas também
rados em termos de conduta ética esperada.
na atuação profissional, principalmente se tal atuação se
der no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Es-
tado é a forma social mais abrangente, a sociedade de
fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio,
das individualidades e das demais sociedades, chamadas 24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
de fins particulares. O Estado, como pessoa, é uma fic- Método, 2011.
ção, é um arranjo formulado pelos homens para organi- 25 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

10
mesmo, defesa das prerrogativas, moderação e to-
#FicaDica lerância.
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitu-
O agente público é uma extensão do Es- des que podem ser esperadas do profissional, mas assim
tado e representa a sua vontade. Por isso como é difícil delimitar um conceito de ética, é complica-
mesmo, deve se guiar pelos mesmos prin- do estabelecer exatamente quais as condutas esperadas
cípios que ele se guia, conforme o manda- de um servidor: melhor mesmo é observar o caso con-
mento constitucional. creto e ponderar com razoabilidade.
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente
os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo
Em geral, as diretivas a respeito do comportamento com que cada atividade desempenhada no exercício da
profissional ético podem ser bem resumidas em alguns profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcio-
princípios basilares. nando os rumos da ética empresarial na escolha de dire-
Segundo Nalini26, o princípio fundamental seria o de trizes e políticas institucionais.
agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atua- O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se
lizado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu guia por determinados mandamentos de ação, os quais
dever ético; tomando-se como princípios específicos: valem tanto para a esfera pública quanto para a privada,
embora a punição dos que violam ditames éticos no âm-
• Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensí- bito do interesse estatal seja mais rigorosa.
vel na vida pública e na vida particular. Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da
• Princípio da dignidade e do decoro profissional - gestão ética nas empresas públicas:
agir da melhor maneira esperada em sua profissão
e fora dela, com técnica, justiça e discrição. PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade
• Princípio da incompatibilidade - não se deve acu- e a responsabilidade como fundamentos de dignidade
mular funções incompatíveis. pessoal”. Significa desempenhar suas funções com trans-
• Princípio da correção profissional - atuação com parência, de forma honesta e responsável, sendo leal à
transparência e em prol da justiça. instituição. O funcionário deve se portar de forma digna,
• Princípio do coleguismo - ciência de que você e exteriorizando virtudes em suas ações.
todos os demais operadores do Direito querem a
mesma coisa, realizar a justiça. SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa huma-
• Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo na”. A expressão “dignidade da pessoa humana” está
em todas funções. estabelecida na Constituição Federal Brasileira, em seu
• Princípio do desinteresse - relegar a ambição pes- art. 3º, III, como um dos fundamentos da República Fe-
soal para buscar o interesse da justiça. derativa do Brasil. Ao adotar um significado mínimo
• Princípio da confiança - cada profissional de Direi- apreendido no discurso antropocentrista do humanismo,
to é dotado de atributos personalíssimos e intrans- a expressão valoriza o ser humano, considerando este o
feríveis, sendo escolhido por causa deles, de forma centro da criação, o ser mais elevado que habita o pla-
que a relação estabelecida entre aquele que busca neta, o que justifica a grande consideração pelo Estado
o serviço e o profissional é de confiança. e pelos outros seres humanos na sua generalidade em
• Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da jus- relação a ele. Respeitar a dignidade da pessoa humana
tiça, aos valores constitucionais, à verdade, à trans- significa tomar o homem como valor-fonte para todas as
parência. ações e escolhas, inclusive na atuação empresarial.
• Princípio da independência profissional - a maior
autonomia no exercício da profissão do operador TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos
do Direito não deve impedir o caráter ético. atos e na apreciação do mérito dos subordinados”.
• Princípio da reserva - deve-se guardar segredo Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex-
sobre as informações que acessa no exercício da teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na es-
profissão. colha dos que deverão ser promovidos, a qual se fará
• Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa- exclusivamente com base no mérito. Não se pode to-
-fé e de forma correta, com lealdade processual. mar questões pessoais, como desavenças ou afinidades,
quando o julgamento se faz sobre a ação de um funcio-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

• Princípio da discricionariedade - geralmente, o


profissional do Direito é liberal, exercendo com nário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu
boa autonomia sua profissão. mal, deve ser punido.
• Outros princípios éticos, como informação, so-
lidariedade, cidadania, residência, localização, QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelec-
continuidade da profissão, liberdade profissional, tual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o
função social da profissão, severidade consigo cumprimento da missão institucional”.
A missão institucional envolve a obtenção de lucros,
em regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na
26 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. missão institucional serão estabelecidas determinadas

11
metas para a empresa, que deverão ser buscadas pe- OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regula-
los funcionários. Para tanto, cada um deve se preocupar mentos, as instruções e as ordens das autoridades a que
com o aperfeiçoamento de suas capacidades, tornando- estiver subordinado”. O Direito é uma das facetas mais
-se paulatinamente um melhor funcionário, por exemplo, relevantes da Ética porque exterioriza o valor do justo e
buscando cursos e estudando técnicas. o seu cumprimento é essencial para que a gestão ética
seja efetiva.
QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente
e trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, res- NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência,
peitando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, atento à finalidade do serviço público”.Não basta cum-
colaborando e aceitando colaboração”. prir o Direito, é preciso respeitar a divisão de funções
Existe uma hierarquia para que as funções sejam de- feitas com o objetivo de otimizar as atividades desem-
sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desor- penhadas.
dem não permite que as atividades se encadeiem e se
enlacem, gerando perda de tempo e desperdício de re- DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilí-
cursos. Não significa que ordens contrárias à ética devam brio entre a legalidade e finalidade do ato administrativo
ser obedecidas, caso em que a medida cabível é levar a a ser praticado”. Bem comum é o bem de toda a coleti-
questão para as autoridades responsáveis pelo controle vidade e não de um só indivíduo. Este conceito exterio-
da ética da instituição. Cada atividade deve ser desem- riza a dimensão coletiva da ética. Maritain27 apontou as
penhada da melhor maneira possível, isto é, não se pode características essenciais do bem comum: redistribuição,
deixar de praticá-la corretamente por ser mais trabalho- pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pes-
so (por negligência entende-se uma omissão perigosa). soas e colaborar para o desenvolvimento delas; respeito
No tratamento dos demais colegas e do público, o fun- à autoridade na sociedade, pois a autoridade é neces-
cionário deve ser cordial e ético, embora somente assim sária para conduzir a comunidade de pessoas humanas
estará contribuindo para a gestão ética da empresa. para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão
de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos es-
SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com digni- senciais do bem comum.
dade, decoro, zelo, eficácia e moralidade”.
O bom comportamento não deve se fazer presente
somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário
#FicaDica
se portar bem quando estiver em sua vida privada, na A partir da consagração do princípio da
convivência com seus amigos e familiares, bem como moralidade, é possível afirmar que agir de
nos momentos de lazer. Por melhor que seja como fun- forma ética no desempenho de funções
cionário, não será aceito aquele que, por exemplo, for públicas não é questão de mera morali-
visto frequentemente embriagado ou for sempre denun- dade, mas verdadeiramente jurídica, com
ciado por violência doméstica. arcabouço legal, notadamente, Decreto
Dignidade é a característica que incorpora todas as nº 1.171/1994, Lei nº 8.112/1990, Lei nº
demais, significando o bom comportamento enquanto 8.429/1992. Obedecer aos ditames da ética
pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser é verdadeiro dever funcional do servidor,
tratado. Decoro significa discrição, aparecer o mínimo o qual, se desobedecido, pode gerar puni-
possível, não se vangloriar com base em feitos institucio- ções.
nais. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as ativi-
dades sempre sejam desempenhadas do melhor modo.
Eficácia remete ao dever de fazer com que suas ativida-
des atinjam o fim para o qual foram praticadas, isto é, EXERCÍCIOS COMENTADOS
que não sejam abandonadas pela metade. Moralidade
significa respeitar os ditames morais, mais que jurídicos, 1. (TRT 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – PSICO-
que exteriorizam os valores tradicionais consolidados na LOGIA – CESPE – 2008) Com relação à ética nas organi-
sociedade através dos tempos. zações, julgue os itens a seguir.
As escolhas dos dirigentes, perante dilemas éticos, são
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de so- influenciadas por fatores de ordem individual, como ida-
lução uma pessoa que busca perante a Administração
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de, grau de instrução, valores morais, que são parâme-


Pública satisfazer um direito que acredita ser legítimo”. tros decisivos no processo de tomada de decisão.
O bom atendimento do público é necessário para que
uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem (  ) CERTO   (  ) ERRADO
um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de
lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução. Resposta: Certo. As escolhas dos gestores, quando
Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser escla- enfrentam dilemas éticos, são também influenciadas
recido, de forma que a confiabilidade na instituição não
fique abalada.
27 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3.
ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

12
por fatores de ordem individual, que podem ser deci- no comportamento individual. Mas pode-se falar em éti-
sivos no processo de tomada de decisão e são válidos, ca realçada quando se atua num universo mais amplo,
cabendo na margem de discricionariedade dos atos de interesse de todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e
administrativos, podendo abranger aspectos como apura-se o seu sentido em contraposição com o de Ética
gênero, idade, grau de instrução, orientações filosófi- Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido co-
cas ou valores morais. nhecida é o da justiça”.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Di-
2. (TRT 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – PSICO- reito, consolidando o valor do justo. Diante da relevância
LOGIA – CESPE – 2008) Com relação à ética nas organi- social de que a Ética se faça presente no exercício das ati-
zações, julgue os itens a seguir. vidades públicas, as regras éticas para a vida pública são
O comportamento ético da organização independe da mais do que regras morais, são regras jurídicas estabe-
filosofia pessoal e dos processos cognitivos de decisão lecidas em diversos diplomas do ordenamento, possibi-
de seus dirigentes. litando a coação em caso de infração por parte daqueles
que desempenham a função pública.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais per-
mitem que ele consolide o bem comum e garanta a pre-
Resposta: Errado. A cultura estabelecida no âmbito servação dos interesses da coletividade, se encontram
de uma empresa e a forma como o dirigente lida com exteriorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez,
seus funcionários interfere no comportamento da or- são estabelecidos na Constituição Federal e em legisla-
ganização. Tudo isso é matéria da cultura organizacio- ções infraconstitucionais, a exemplo das que serão es-
nal, em seu aspecto ético. tudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94,
Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92. Todas as diretivas de
3. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTI- leis específicas sobre a ética no setor público partem da
TUCIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Acerca de Constituição Federal, que estabelece alguns princípios
ética deontológica e de ética e democracia, julgue o pró- fundamentais para a ética no setor público. Em outras
ximo item. palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especial-
Ser honesto e verdadeiro e cumprir promessas são con- mente o caput, que permite a compreensão de boa parte
siderados princípios éticos. do conteúdo das leis específicas, porque possui um ca-
ráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da
(  ) CERTO   (  ) ERRADO administração pública. Estabelece a Constituição Federal:

Resposta: Certo. Não pode ser considerada conduta Art. 37. A administração pública direta e indireta de
ética ser desonesto e mentir, ou então deixar de cum- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
prir promessas feitas licitamente. Assim, honestidade trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
e seriedade são primados éticos que devem ser cum- de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
pridos no exercício da função pública. de e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

É de fundamental importância um olhar atento ao


significado de cada um destes princípios, posto que eles
ÉTICA NO SETOR PÚBLICO estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de
Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando
como base os ensinamentos de Carvalho Filho29 e Spit-
zcovsky30:
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalida-
e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter es-
de significa a permissão de fazer tudo o que a lei
paço para exercer individualmente sua liberdade moral,
não proíbe. Contudo, como a administração públi-
cabendo à ética pública garantir que os indivíduos que
ca representa os interesses da coletividade, ela se
vivem em sociedade realizem projetos morais individuais.
sujeita a uma relação de subordinação, pela qual
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da mo-
só poderá fazer o que a lei expressamente deter-
ralidade crítica e sob o aspecto da moralidade legaliza-
mina (assim, na esfera estatal, é preciso lei ante-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

da: quando se estuda a lei posta ou a ausência de lei e


rior editando a matéria para que seja preservado o
questiona-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica;
princípio da legalidade). A origem deste princípio
quando a regra justa é incorporada ao Direito, há mora-
está na criação do Estado de Direito, no sentido
lidade legalizada ou positivada.
de que o próprio Estado deve respeitar as leis que
Sobre a Ética Pública, explica Nalini28: “Ética é sempre
dita.
ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de to-
dos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja 29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
28 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: 30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. Método, 2011.

13
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- e ao controlar gastos (limitando o teto de remu-
ses que representa, a administração pública está neração), por exemplo. O núcleo deste princípio
proibida de promover discriminações gratuitas. é a procura por produtividade e economicidade.
Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos Alcança os serviços públicos e os serviços adminis-
demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo trativos internos, se referindo diretamente à con-
este princípio, a administração pública deve tratar duta dos agentes.
igualmente todos aqueles que se encontrem na
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po-
pessoalidade no que tange à contratação de servi- dem ser apontados como princípios de natureza ética re-
ços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se lacionados à função pública a probidade e a motivação:
ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser
alcançado pela administração pública é somente a) Princípio da probidade: um princípio constitucio-
o interesse público. Com efeito, o interesse parti- nal incluído dentro dos princípios específicos da
cular não pode influenciar no tratamento das pes- licitação, é o dever de todo o administrador pú-
soas, já que se deve buscar somente a preservação blico, o dever de honestidade e fidelidade com o
do interesse coletivo. Estado, com a população, no desempenho de suas
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio funções. Possui contornos mais definidos do que
no artigo 37 da CF representa o reconhecimen- a moralidade. Diógenes Gasparini31 alerta que
to de uma espécie de moralidade administrativa, alguns autores tratam como distintos os princí-
intimamente relacionada ao poder público. A ad- pios da moralidade e da probidade administrativa,
ministração pública não atua como um particular, mas não há características que permitam tratar os
de modo que enquanto o descumprimento dos mesmos como procedimentos distintos, sendo no
preceitos morais por parte deste particular não é máximo possível afirmar que a probidade admi-
punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí- nistrativa é um aspecto particular da moralidade
dico adota tratamento rigoroso do comportamen- administrativa.
to imoral por parte dos representantes do Estado. b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
O princípio da moralidade deve se fazer presente administrador de motivar todos os atos que edita,
não só para com os administrados, mas também gerais ou de efeitos concretos. É considerado, en-
no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado tre os demais princípios, um dos mais importantes,
à noção de bom administrador, que não somente uma vez que sem a motivação não há o devido
deve ser conhecedor da lei, mas também dos prin- processo legal, uma vez que a fundamentação sur-
cípios éticos regentes da função administrativa. ge como meio interpretativo da decisão que levou
TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca liga- meio de viabilização do controle da legalidade dos
ção com os dois princípios anteriores. atos da Administração. Motivar significa mencio-
d) Princípio da publicidade: A administração pública é nar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto
obrigada a manter transparência em relação a to- e relacionar os fatos que concretamente levaram à
dos seus atos e a todas informações armazenadas aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
nos seus bancos de dados. Daí a publicação em administrativos devem ser motivados para que o
órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por Judiciário possa controlar o mérito do ato adminis-
exemplo, a própria expressão “concurso público” trativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
(art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos de- controle, devem ser observados os motivos dos
vem tomar conhecimento do processo seletivo de atos administrativos.
servidores do Estado. Diante disso, como será vis-
to, se negar indevidamente a fornecer informações
ao administrado caracteriza ato de improbidade
administrativa. Somente pela publicidade os indi-
víduos controlarão a legalidade e a eficiência dos
atos administrativos. Os instrumentos para prote-
ção são o direito de petição e as certidões (art. 5°,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente


- do mandado de segurança.
e) Princípio da eficiência: A administração pública
deve manter o ampliar a qualidade de seus servi-
ços com controle de gastos. Isso envolve eficiência
ao contratar pessoas (o concurso público selecio-
na os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
manter tais pessoas em seus cargos (pois é possí-
31 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
vel exonerar um servidor público por ineficiência) Saraiva, 2004.

14
vos, julgue (C ou E) o seguinte item.
#FicaDica O princípio da legalidade consiste em estatuir que a re-
gulamentação de determinadas matérias há de fazer-se
São princípios da administração pública, necessariamente por lei formal, e não por quaisquer ou-
nesta ordem:
tras fontes normativas.
Legalidade
Impessoalidade
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Moralidade
Publicidade
Eficiência Resposta: Errado. A legalidade pode emanar de di-
Para memorizar: veja que as iniciais das pa- versas fontes de regulação, por exemplo, Decretos,
lavras formam o vocábulo LIMPE, que re- Regulamentos, Portarias.
mete à limpeza esperada da Administração
Pública.
DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL
DO PODER EXECUTIVO FEDERAL)
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE – 2017)


DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
Com relação à classificação da Constituição Federal de
1988, ao controle de constitucionalidade e à atividade
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
administrativa do Estado brasileiro, julgue (C ou E) o item
blico Civil do Poder Executivo Federal.
que se segue.
O princípio da impessoalidade, que consagra a ideia de
Consolidando um padrão de comportamento ético,
que o poder público deve dispensar tratamento isonô-
merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de
mico e impessoal aos particulares, deve ser entendido de
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
forma absoluta, já que não comporta exceções ou trata-
cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste pon-
mentos diferenciados pela administração.
to.
Considerados os princípios administrativos basilares
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma
específico que estabelece a ação ética esperada dos ser-
Resposta: Errado. Em alguns casos, o desigual deve
vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-
ser tratado de forma desigual, pois o contrário que
-se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o
não seria isonômico. É o caso da fila preferencial para
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria
gestantes e idosos nas repartições públicas, típico tra-
de profissionais, assemelhando-se no formato aos Códi-
tamento diferenciado lícito e ético.
gos de Ética que costumam ser adotados para variadas
categorias profissionais (médicos, contadores...), mas
2. (FUB – Conhecimentos Básicos – CESPE – 2016) Com
diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico,
referência à Constituição Federal de 1988 e às disposi-
logo, coativo.
ções nela inscritas relativamente a direitos sociais e polí-
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um
ticos, administração pública e servidores públicos, julgue
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que
o item subsequente. Legalidade, impessoalidade, mora-
existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos
lidade, publicidade e eficiência são princípios aplicáveis
da conduta humana podem ser reunidas em um instru-
exclusivamente à administração pública federal: eles não
mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi-
se aplicam à administração pública dos estados, do Dis-
to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação
trito Federal nem dos municípios.
desta ciência que se consubstancia em uma peça magna,
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização
Resposta: Errado. Nos termos do artigo 37, caput, CF:
do exercício passam a controlar a execução de tal peça
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

“A administração pública direta e indireta de qualquer


magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de
no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor-
eficiência e, também, ao seguinte: [...]”.
na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito
geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética
3. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE – 2015)
e de uma educação pertinente que conduza à vontade
No que diz respeito à organização dos poderes, ao prin-
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina
cípio da legalidade e ao controle dos atos administrati-
da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas

15
mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co- de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de
munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali- obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo35 se posi-
dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o cionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decre-
é que uma norma comportamental deva reger a prática to 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe re-
profissional no que concerne a sua conduta, em relação gras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima
a seus semelhantes” 32. Logo, embora se reconheça que o diz, no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
indivíduo tem particularidades no desempenho de suas ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’
funções, isto é, que emprega algo de sua personalida- e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem
de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo
de condutas padronizadas genericamente, as quais cor- art. 5º é a norma primária, não podendo ser confundida
respondem ao melhor desempenho profissional que se com a possibilidade de ser imposta normas de conduta
pode ter, um desempenho ético. pela norma secundária. Assim, não poderia ser imposta
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- nenhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base uma norma secundária, porque só a norma primária tem
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Cons-
abrange as relações com os utentes dos serviços, os co- titucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
fissão representam as variações entre os diversos estatu- organização e funcionamento da Administração Pública
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer Federal, quando não houver aumento de despesa nem
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível criação ou extinção de órgãos públicos, e também para
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que mente uma grande força de interpretação, que chegaria
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 33. a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge- CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con-
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a duta para servidores públicos estaria inserta na organiza-
informações privilegiadas no exercício do cargo. ção e funcionamento da Administração Pública Federal.
Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare-
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con- ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional
siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de
sobre a organização e o funcionamento da administra- 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen-
ção pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Consti- to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
tuição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação
sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, so- às normas processuais, como a obrigação de criação de
bre: a) organização e funcionamento da administração Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
federal, quando não implicar aumento de despesa nem blicos federais”.
criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
funções ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamen- de os decretos autônomos terem surgido após o De-
te por causa desta atribuição que o Código de Ética em creto nº 1.171/94 não o transforma em norma primária,
estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que realmente. Contudo, trata-se de uma norma secundária
as leis são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso que encontra bases em normas primárias, quais sejam
Nacional). a Lei nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas
O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado as diretrizes estabelecidas no Código de Ética são repe-
exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo, tidas em leis federais e decorrem diretamente do texto
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora se- constitucional. Assim, a adoção da forma de decreto não
jam factíveis decretos autônomos34, não é o caso do de- significa, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam
creto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas obrigatórias: o servidor público federal que desobede-
como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante
públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar
Decreto nº 1.171/94 não é autônomo! até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen-
Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins
32
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re-
2010. gras determinantes da instituição de Comissões de Ética.
33
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 35
AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível
34
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
São Paulo: Saraiva, 2011. ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

16
cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
de Ética, as quais não podem ser compostas por servido-
#FicaDica res temporários.
O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e O decreto conferiu um prazo para cada uma das enti-
se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990 dades da administração pública federal direta ou indireta
– Regime Jurídico dos Servidores Públicos para constituir em seu âmbito uma Comissão de Ética
Civis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com efei-
de Improbidade Administrativa. to, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever de
respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto na
administração direta quanto na indireta. A Comissão de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições Ética será composta por: três servidores ou empregados
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. A
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como constituição (quando foi criada) e a composição (quem a
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro compõe) da Comissão deverão ser informadas à Secreta-
de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de ria da Administração Federal da Presidência da República.
junho de 1992,
ANEXO
DECRETA:
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do do Poder Executivo Federal
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
com este baixa. CAPÍTULO I
SEÇÃO I
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pú- DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
blica Federal direta e indireta implementarão, em
sessenta dias, as providências necessárias à plena vi- O Direito como valor do justo é estudado pela Filo-
gência do Código de Ética, inclusive mediante a Cons- sofia do Direito na parte denominada Deontologia Jurí-
tituição da respectiva Comissão de Ética, integrada dica, ou, no plano empírico e pragmático, pela Política
por três servidores ou empregados titulares de cargo do Direito36. Deontologia é uma das teorias normativas
efetivo ou emprego permanente. segundo as quais as escolhas são moralmente necessá-
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética rias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as
será comunicada à Secretaria da Administração Fede- teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que
ral da Presidência da República, com a indicação dos deve ser feito, considerada a moral vigente. Por sua vez,
respectivos membros titulares e suplentes. a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua e dos direitos dos operadores do Direito, bem como de
publicação. seus fundamentos éticos e legais, consolidando o valor
do justo. Por isso, os incisos que se seguem traduzem o
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência comportamento moral esperado do servidor público não
e 106° da República. só enquanto desempenha suas funções, mas também em
sua vida social.
Os principais elementos que podem ser extraídos do Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz
preâmbulo do Código de Ética são: respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se
da República à época e, como tal, permanece válido até dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú- regras e princípios que regem a conduta de um profis-
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decreto sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de-
ser expedido para substituí-lo (revogação expressa). O terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito
decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais: a uma deontologia própria a regular o exercício de sua
no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O
alguns incisos do Código e que será estudado oportu- Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em
namente. sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei-
artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder tos a especificidade destas normas.
regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90 O Código de Ética cria regras deontológicas de ética,
referem-se aos deveres e proibições do servidor público isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da
federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de moral, daí porque não se preocupa com a previsão de
improbidade administrativa. punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti-
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor-
nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública. 36
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu 2002.

17
co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
entre a conduta antiética e a necessidade de punição ad- cício de suas funções, porque ele participa da sociedade
ministrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público,
foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma
promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou
discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti- seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a palavra-
ções, até com naturalidade. -chave para a vida particular do servidor público, preser-
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter vando a instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver- se sentiria bem em ser atendido por um funcionário que
dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des- é sempre visto embriagado em bares ou provocando
tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita confusões familiares, por mais que os serviços por ele
a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria desempenhados sejam de qualidade?
dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de O comportamento ético do servidor público na sua
condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
são comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes houver uma razoável exigência do servidor se comportar
básicas profissionais são aquelas indispensáveis, sem as moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
quais não se consegue a realização de um exercício ético típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
competente, seja qual for a natureza do serviço prestado. de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de
Tais virtudes devem formar a consciência ética estrutural, todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde-
os alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o pro- pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
fissional ao êxito em seu desempenho” 37. Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu-
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor
se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa público está envolto em um sistema onde a moral tem
buscando atendimento no órgão público em questão, forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú-
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio- blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou
nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução deveria saber que a promoção profissional e o adequado
do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro cumprimento das atribuições do cargo estão condicio-
da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se nados também pela ética e, assim, pelo comportamento
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da particular do servidor.
mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age
de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
sempre como princípio de uma legislação universal”38. elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consci- injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
ência dos princípios morais são primados maiores que e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
devem nortear o servidor público, seja no exercício do o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exer- caput, e § 4°, da Constituição Federal.
cício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos,
comportamentos e atitudes serão direcionados para a Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
preservação da honra e da tradição dos serviços pú- ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor
blicos. deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo
e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de menor re-
Primeiramente, vale compreender o sentido de algu- levância para aquelas fundamentais, que envolvem a op-
mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender ção pelo justo e honesto. Estes são os principais valores
autoridade moral; por decoro, compostura e decência; morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é preciso
por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do escolher acima de tudo entre honesto e desonesto, evi-
efeito esperado. dencia-se que o Código busca mais do que o respeito à
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
de consciência dos princípios morais: sei que devo agir Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto qual o inciso em estudo faz remissão.
é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

sempenho das minhas funções, devo me manter sério e Art. 37. A administração pública direta e indireta de
comprometido, desempenhando cada uma das atribui- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível, trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
o melhor que eu puder prestar. de e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
37
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
38
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Bar-
rera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32. sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas

18
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o
Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as destino de nações, partindo da ausência de conduta vir-
consequências dos atos de improbidade administrativa, tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com
que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a devol- tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses
ver o dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se
ressarcir o erário). acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas
em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem
III - A moralidade da Administração Pública não se condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser caminho justo, adequado, para o benefício geral” 39.
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co-
mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
na conduta do servidor público, é que poderá consoli- rante a comunidade deve ser entendido como acrés-
dar a moralidade do ato administrativo. cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera ser considerado como seu maior patrimônio.
particular. O servidor público não deve pensar por uma
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre- público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
valecer sobre o particular. Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito
é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao
é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, Estado.
o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con-
não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju-
comum, sob pena de violar a moralidade. dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
IV - A remuneração do servidor público é custeada pe- vidor receba do particular qualquer verba extra: sua re-
los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, muneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
até por ele próprio, e por isso se exige, como contra- postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
partida, que a moralidade administrativa se integre no não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
Direito, como elemento indissociável de sua aplicação seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
em fator de legalidade. que vive.

O servidor público deve colocar de lado seus inte- VI - A função pública deve ser tida como exercício
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no profissional e, portanto, se integra na vida particular
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços de cada servidor público. Assim, os fatos e atos veri-
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên- ficados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
cia do ser humano, como tem sido objeto de referência poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, vida funcional.
seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são
de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti-
problemas. Quando o trabalho é executado só para au- ca lembra que um funcionário público carrega consigo a
ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro imagem da administração pública, ou seja, não é servi-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be- dor público apenas quando está desempenhando suas
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o
consciência do bem comum, passa a existir a expressão melhor funcionário público da repartição se a vida parti-
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá- cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
vel de acordo com seu alcance em face da comunidade. coerência, compostura e moralidade também na vida
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma
tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor- 39
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
re com a sua comunidade e muito menos com a socieda- 2010.

19
pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus
de seus deveres sociais. tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe
VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- dano moral. Da mesma forma, causar dano a qual-
tigações policiais ou interesse superior do Estado e quer bem pertencente ao patrimônio público, deterio-
da Administração Pública, a serem preservados em rando-o, por descuido ou má vontade, não constitui
processo previamente declarado sigiloso, nos termos apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações
da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas espe-
sua omissão comprometimento ético contra o bem co- ranças e seus esforços para construí-los.
mum, imputável a quem a negar.
Quem nunca chegou a uma repartição pública ou
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal, funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no
caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú- serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que
blico negar o acesso à informação por parte do cidadão, ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, fa-
salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be- zendo tudo o que for possível para ajudá-lo, despenden-
nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para do o tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po- O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
demos justificar o não cumprimento quando fatores de grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
ordem muito superior possam-no impedir, pois o des- consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
cumprimento será sempre uma lesão à consciência ética” que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
40
. pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
FIQUE ATENTO!
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.41
O dispositivo autoriza que os atos adminis- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
trativos não sejam públicos em situações ex- podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
cepcionais, quais sejam segurança nacional, os limites da herança, embora existam reflexos na ação
investigações policiais e interesse superior que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
do Estado e da Administração Pública. na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor Genericamente, os elementos da responsabilidade
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
aos interesses da própria pessoa interessada ou da Ad- que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniqui- artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
lam até mesmo a dignidade humana quanto mais a tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
de uma Nação. como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa
ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
referir à função desempenhada, por exemplo, negando o dano causado) e dano (prejuízo sofrido pelo agente,
a prática de um ato ou informando erroneamente um ci- que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: econômico e não econômico).
não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo à Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
Administração Pública. pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação. terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá- clara a formação de uma relação jurídica autônoma en-
-los e corrigi-los. tre o Estado e o agente público que causou o dano no
desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon-
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi

40
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 41
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
2010. Paulo: Saraiva, 2005.

20
anteriormente condenado a reparar. Direito de regres- Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
so é justamente o direito de acionar o causador direto deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
considerada a existência de uma relação obrigacional decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe
que se forma entre a vítima e a instituição que o agente o respeito ao que o superior determina, executando as
compõe. funções da melhor forma possível.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- “A razão pela qual se exige uma disciplina do homem
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente em seu grupo repousa no fato de que as associações
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi-
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres
condutas incompatíveis com o comportamento ético se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas
dele esperado.42 que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in-
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so-
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado matória deles em classe profissional, tem seu comporta-
contraditório e ampla defesa. mento específico, guiado pela característica do trabalho
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor uma ordem que permita a evolução harmônica do traba-
que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de
(administrado), o servidor terá o dever de indenizar. uma tutela no trabalho que conduza a regularização do
Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que individualismo perante o coletivo” 43.
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto é, Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é,
gerar tamanho abalo emocional e psicológico que impli- é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas
que num dano. Apesar deste dano não ser econômico, negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
isto é, de a dor causada não ter meio de compensação sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço
financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua
a compense razoavelmente. vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri- ao serviço público.
za dano material. No caso, há um correspondente finan-
ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço
deteriorado. público, o que quase sempre conduz à desordem nas
relações humanas.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es-
pera de solução que compete ao setor em que exerça O servidor público tem obrigação de comparecer reli-
suas funções, permitindo a formação de longas filas, giosamente em seu local de trabalho no horário determi-
ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética inevitáveis, devem ser justificadas.
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave Os demais funcionários e a sociedade sempre fi-
dano moral aos usuários dos serviços públicos. cam atentos às atitudes do servidor público e qualquer
percepção de relaxo no desempenho das funções será
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, observada, notadamente no que tange a ausências fre-
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com quentes.
relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei-
xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com- XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a
petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente estrutura organizacional, respeitando seus colegas e
quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o cada concidadão, colabora e de todos pode receber
inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando colaboração, pois sua atividade pública é a grande
o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre- oportunidade para o crescimento e o engrandecimen-
guiça e desânimo. to da Nação.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às O bom desempenho das funções ao agir conforme o
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ordens legais de seus superiores, velando atentamen- esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo demais quando realmente precisar.
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e “É inequívoco que o trabalho individual influencia
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho e recebe influências do meio onde é praticado. Não é,
da função pública. pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua

SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:


42 43
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
Método, 2011. 2010.

21
contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral, integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quan-
pode realizar importantes feitos que alcançam repercus- do estiver diante de duas opções, a melhor e a mais
são ampla” 44. vantajosa para o bem comum;

Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores


#FicaDica morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter
As regras deontológicas do Código de Ética da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores,
trazem uma concepção abrangente de de- sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade.
veres comportamentais do servidor públi-
co, que adiante são aprofundadas de forma d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
mais específica no inciso XIV. dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços
da coletividade a seu cargo;

Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de


SEÇÃO II
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten-
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo
que ele seja preservado.
Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
continuidade no tratamento do agir moral esperado do
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato
essenciais que devem ser obedecidos.
com o público;
“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
A atitude ética esperada do servidor público consis-
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre
de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti-
atendendo da melhor forma possível os usuários.
nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro-
princípios éticos que se materializam na adequada
fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a
prestação dos serviços públicos;
execução de um trabalho” 45.
Os funcionários públicos nunca podem perder de vis-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
ta o dever ético que eles possuem com relação à socie-
função ou emprego público de que seja titular;
dade como um todo, que é o de respeito à moralidade
insculpida no texto constitucional. “A consciência ética
Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal
buições inerentes à posição de que seja titular.
um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
de todos; isso requer vida administrativa e política trans-
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamen-
parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda
te resolver situações procrastinatórias, principalmente
a coletividade”46.
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso
na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao
ção, respeitando a capacidade e as limitações indi-
usuário;
viduais de todos os usuários do serviço público, sem
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça,
O desempenho de funções deve se dar de forma
sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que
e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi-
-lhes dano moral;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler-


dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com
que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa-
para evitar dano moral ao cidadão.
do caracteriza dano moral, cabendo reparação.
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
44
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
45
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 46
AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo:
2010. FTD, 2010.

22
de representar contra qualquer comprometimento in- disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
devido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; ao servidor público participar sempre que for benéfico à
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- melhoria de suas funções.
cos, de contratantes, interessados e outros que visem “O valor do exercício profissional tende a aumentar à
obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde- medida que o profissional também aumentar sua cultu-
vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aé- ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
ticas e denunciá-las; os demais, como são os relativos às culturas filosóficas,
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em
O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú- elites cultas te garantida sua posição social, porque se
blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de- habilita às lideranças e aos postos de comando no po-
sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo
Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede- impossível negar tal evidência [...]”47.
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente
quando perceber que a atitude de seu superior contraria p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
os interesses do bem comum, nem que deva ter medo quadas ao exercício da função;
de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou
colegas. A roupa vestida pelo servidor público também refle-
São atitudes que não podem ser aceitas por parte te sua autoridade moral no exercício das funções. Por
dos superiores ou de pessoas que contratem ou bus- exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan-
quem serviços do poder público: obtenção de favores, do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des-
benefícios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias,
antiéticas. Ao se deparar com estas atitudes, deverá de- compatíveis com a seriedade esperada da Administração
nunciá-las. Pública e de seus funcionários.

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên q) manter-se atualizado com as instruções, as normas
cias específicas da defesa da vida e da segurança co- de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde
letiva; exerce suas funções;

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores A regulamentação das funções exercidas pelos ór-
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En- servidor público se manter atualizado.
quanto não for elaborada uma legislação específica para
os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou fun-
7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20). ção, tanto quanto possível, com critério, segurança e
rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, re- A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado
fletindo negativamente em todo o sistema; do servidor público, refletindo a prestação do serviço
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem co-
e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, mum.
exigindo as providências cabíveis;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
lho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga- quem de direito;
nização e distribuição;
As atividades de fiscalização são usuais no serviço
Os três incisos acima reiteram deveres constantemen- público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos,
te enumerados pelo Código de Ética como o de com- cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri-
parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina.
de comunicação de atos contrários ao interesse públi-
co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
organizado). fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos
usuários do serviço público e dos jurisdicionados ad-
o) participar dos movimentos e estudos que se rela- ministrativos;
cionem com a melhoria do exercício de suas funções,
tendo por escopo a realização do bem comum;

Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei- 47


SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles 2010.

23
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, servidores ou de cidadãos que deles dependam;
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando
invocá-las, o servidor público será levado a sério. Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, uma clara violação ao dever ético.
poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte-
resse público, mesmo que observando as formalidades c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
legais e não cometendo qualquer violação expressa à nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou
lei; ao Código de Ética de sua profissão;

O servidor público deve agir conforme a lei determi- Como visto, é dever do servidor público denunciar
na, observando-a estritamente, preservando assim os in- aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
teresses da sociedade. obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir
o erro do outro é algo solidário, porque todos os erros
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua cometidos numa função pública são prejudiciais à socie-
classe sobre a existência deste Código de Ética, esti- dade.
mulando o seu integral cumprimento.
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico exercício regular de direito por qualquer pessoa, cau-
que trata das atitudes do servidor público esperadas e sando-lhe dano moral ou material;
vedadas. É preciso obedecer a suas diretrizes e aconse-
lhar a sua leitura àqueles que o desconheçam. O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
SEÇÃO III material aos usuários e ao Estado.
DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO Na esfera penal, pode incidir no crime de prevarica-
ção (art. 319, CP):
XV - É vedado ao servidor público;
Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con- Prevaricação
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um
rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
um juízo de interpretação das regras éticas até então es- te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex-
tudadas. pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
#FicaDica e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao
Não será necessário gravar todas estas regras seu alcance ou do seu conhecimento para atendimen-
se o candidato se atentar ao fato de que elas to do seu mister;
se contrapõem às atitudes corretas até então
estudadas. Por óbvio, não agir da forma es-
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos,
tabelecida caracteriza violação dos deveres
aproximando-o da sociedade, é chamada de governan-
éticos, o que é proibido.
ça eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem
com tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, serviço prestado.
tempo, posição e influências, para obter qualquer fa-
vorecimento, para si ou para outrem; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca-
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter-
O cargo público é para a sociedade, não para o indi- firam no trato com o público, com os jurisdicionados
víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi- administrativos ou com colegas hierarquicamente su-
periores ou inferiores;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal


da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu
artigo 317 nos seguintes termos: O funcionário público deve agir com impessoalidade
na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual-
Corrupção passiva mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie,
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumpri-

24
mento da sua missão ou para influenciar outro servi- dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
dor para o mesmo fim;
Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
A remuneração do servidor público já é paga pelo abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação por servidor público que o administra ou guarda.
de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza
crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas. parentes, de amigos ou de terceiros;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva As informações que são acessadas pelo funcionário
encaminhar para providências; público somente devem ser aproveitadas para o bom
desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi-
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (modi- co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera
ficar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-
dados de documentos. lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações
obtidas no âmbito interno da administração, nos casos
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime,
do atendimento em serviços públicos; previsto no artigo 325, do Código Penal:

Como visto, o funcionário público deve atender com Violação de sigilo funcional
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor- Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão
mações da maneira mais correta e verdadeira possível, do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci-
sem mentiras ou ilusões. litar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
j) desviar servidor público para atendimento a interes- se o fato não constitui crime mais grave.
se particular; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
habitualmente;
Todos os servidores públicos são contratados pelo Es-
tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte- Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, va-
resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor- lore morais inerentes à boa prestação do serviço público.
dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo, o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da
para consultórios para agendar consultas, fazer compras pessoa humana;
num supermercado. p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten- O servidor público, seja na vida privada, seja no exer-
cente ao patrimônio público; cício das funções, não deve se filiar a instituições que
contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon-
Os bens que se encontram no local de trabalho per- ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é
tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu- um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo-
sivamente para a prestação do serviço público, não po- res tradicionais.
dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde
civil e administrativamente, bem como criminalmente CAPÍTULO II
por peculato (art. 312, CP). DAS COMISSÕES DE ÉTICA

Peculato XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-


tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou exerça atribuições delegadas pelo poder público, de-
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta-
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou mente de imputação ou de procedimento suscetível de
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, censura.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-

25
“Estabelecido um código de ética, para uma classe, que seja praticada no exercício das funções. Nos demais
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis-
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen- ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele-
te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] mentos para instrução.
A fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin-
classe compreende as fases preventiva (ou educacional) gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito,
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú-
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se blica vigente.
em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor,
#FicaDica
deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór-
gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa- Todas entidades da administração pública
pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços federal direta ou indireta devem constituir
prestados e da conduta humana dos profissionais” 48. em seu âmbito uma Comissão de Ética que
irá apurar as infrações ao Código de Ética.
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função
A Comissão será composta por três ser-
de orientação e aconselhamento, devendo se fazer pre-
vidores ou empregados titulares de cargo
sentes em todo órgão ou entidade da administração di-
efetivo ou emprego permanente.
reta ou indireta.
A constituição (quando foi criada) e a compo-
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar sição (quem a compõe) da Comissão deverão
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito ser informadas à Secretaria da Administração
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar Federal da Presidência da República.
a instauração desses processos, mediante trabalho de
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
a consciência de sua adesão às normas ético-profissio- ético, entende-se por servidor público todo aquele que,
nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais preste serviços de natureza permanente, temporária
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
respeito ao serviço público e à dignidade social de cada desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
dos deveres e das vedações previstas, através de um tra- ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
balho de cunho educativo com os servidores públicos públicas e as sociedades de economia mista, ou em
federais. qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25). Este último inciso do Código de Ética é de fundamen-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or- tal importância para fins de concurso público, pois define
ganismos encarregados da execução do quadro de quem é o servidor público que se sujeita a ele.
carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta “Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo- neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe-
ções e para todos os demais procedimentos próprios cimento exigido preferencialmente para tal execução e
da carreira do servidor público. pela identidade de habilitação para o exercício da mes-
ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética sociedade, específico, definido por sua especialidade de
fornecerá as informações sobre os funcionários a ela desempenho de tarefa” 49.
submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para
alimentar processo administrativo disciplinar. Elementos do conceito de servidor público:

XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
25). exemplo, prestação de serviços como jurado ou
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co- mesário), contrato (contratação direta, sem con-
missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

curso público, para atender a uma urgência ou


constará do respectivo parecer, assinado por todos os emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o
seus integrantes, com ciência do faltoso. caso da nomeação por aprovação em concurso
público) - enfim, não importa o instrumento da
A única sanção que pode ser aplicada diretamen- vinculação à administração pública, desde que es-
te pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena teja realmente vinculado;
mais branda pela prática de uma conduta inadequada b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-

48
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 49
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

26
cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só 3. (SEDF – ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL –
por um dia, como no caso do mesário de eleição, é ADMINISTRAÇÃO – CESPE – 2017) À luz da legislação
servidor público, da mesma forma que aquele que que rege os atos administrativos, a requisição dos ser-
foi aprovado em concurso público e tomou posse; vidores distritais e a ética no serviço público, julgue o
com ou sem retribuição financeira - por exemplo, o seguinte item.
jurado não recebe por seus serviços, mas não deixa Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti-
de ser servidor público; mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à admi- vedação relativa a comportamento profissional e atitu-
nistração direta ou indireta, isto é, a qualquer ór- des éticas no serviço.
gão que tenha algum vínculo com o poder estatal.
O conceito é o mais amplo possível, abrangendo (  ) CERTO   (  ) ERRADO
autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista, enfim, qualquer Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
entidade ou setor que vise atender o interesse do em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
Estado. servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
vestimentas adequadas ao exercício da função”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ADMI-


NISTRAÇÃO – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte,
relativo ao regime dos servidores públicos federais e à
ética no serviço público.
Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór-
gãos da administração pública federal direta, sendo fa-
cultativas para entidades da administração indireta.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está


expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI:
“Em todos os órgãos e entidades da Administração
Pública Federal direta, indireta autárquica e funda-
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser
criada uma Comissão de Ética [...]”.

2. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2018)


Considerando os conceitos, princípios e valores da ética
e da moral, bem como o disposto na Lei nº 8.429/1992,
julgue o item a seguir.
A consciência moral deve nortear o comportamento do
servidor público, que deve sempre apresentar conduta
ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que
lhe imponha conduta imoral e antiética.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em


sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores.


A previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto
nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as
pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,
interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência
de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.

27
7. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
HORA DE PRATICAR! secutivo.
Não são considerados servidores públicos, para fins de
1. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE – apuração de comportamento ético pela Comissão de Éti-
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item ca, aqueles que prestem serviços de natureza excepcio-
a seguir. nal à administração, com ou sem remuneração.
Por ser o Brasil um Estado democrático de direito, princí-
pios éticos não podem ser utilizados como instrumento (  ) CERTO   (  ) ERRADO
de interpretação da CF e das leis.
8. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
secutivo.
2. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE – O servidor não poderá omitir a verdade, ainda que possa
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item contrariar interesses de pessoa interessada ou da admi-
a seguir. nistração pública.
O princípio da moralidade expresso na CF é reflexo da
ciência da ética, na medida em que esta trata de uma (  ) CERTO   (  ) ERRADO
dimensão geral daquilo que é bom.
9. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Eduardo, servidor público em estágio probatório, fre-
quentemente se ausentava de seu local de trabalho sem
3. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE justificativa e, quando voltava, se apresentava nitidamen-
– 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no te embriagado. Em razão desses fatos, a comissão de éti-
serviço público. ca, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu apli-
O uso do cargo ou função pública para obter favoreci- car a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi, então,
mento, desde que não haja prejuízo a outrem, não cons- reprovado no estágio probatório e, por isso, foi demitido,
titui afronta à ética e à moral do serviço público. sem que a administração pública tenha observado o con-
traditório e a ampla defesa.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
seguir.
4. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE A penalidade de advertência aplicada pela comissão de
– 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no ética encontra-se prevista no Código de Ética Profissional
serviço público. do Servidor Público.
Apesar de a função pública ser tida como exercício pro-
fissional, ela não se integra à vida particular do indivíduo (  ) CERTO   (  ) ERRADO
e, portanto, os atos praticados em sua vida privada não
poderão acrescer ou diminuir o seu conceito na vida fun- 10. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –
cional. 2016) Eduardo, servidor público em estágio probatório,
(  ) CERTO   (  ) ERRADO frequentemente se ausentava de seu local de trabalho
sem justificativa e, quando voltava, se apresentava niti-
5. (SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – CESPE – 2014) Jul- damente embriagado. Em razão desses fatos, a comissão
gue o item a seguir, acerca da organização político-ad- de ética, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu
ministrativa do Estado, da administração pública e dos aplicar a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi,
servidores públicos. então, reprovado no estágio probatório e, por isso, foi
Em decorrência da regra constitucional que prevê o tra- demitido, sem que a administração pública tenha obser-
tamento isonômico e segundo a qual todos são iguais vado o contraditório e a ampla defesa.
perante a lei, a administração pública deve atuar sem fa- Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
voritismo ou perseguição e tratar todos de modo igual, seguir.
sem fazer qualquer tipo de discriminação. A conduta de Eduardo – que se ausentava do trabalho e,
quando comparecia, estava embriagado – violou deveres
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

(  ) CERTO   (  ) ERRADO e vedações impostas ao servidor público pelo Código de


Ética Profissional do Servidor Público.
6. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
secutivo. É dever fundamental do servidor comunicar a
seus superiores ato ou fato contrário ao interesse públi-
co.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

28
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 ERRADO ___________________________________________________________
2 CERTO
3 ERRADO
____________________________________________________________
4 ERRADO ___________________________________________________________
5 ERRADO
6 CERTO ____________________________________________________________
7 ERRADO
8 CERTO ____________________________________________________________
9 ERRADO
____________________________________________________________
10 CERTO
____________________________________________________________

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29
ANOTAÇÕES

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30
ÍNDICE

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O Brasil político: nação e território.................................................................................................................................................................. 01


Organização do Estado Brasileiro..................................................................................................................................................................... 01
A divisão interregional do trabalho e da produção no Brasil................................................................................................................ 06
A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles........................................................................................................................... 10
Distribuição espacial da população no Brasil e movimentos migratórios internos...................................................................... 12
A evolução da estrutura fundiária e problemas demográficos no campo....................................................................................... 14
Integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no Brasil............................................... 15
Geografia e gestão ambiental. Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas............... 16
Política e gestão ambiental no Brasil.............................................................................................................................................................. 19
O Brasil e a questão cultural............................................................................................................................................................................... 20
A integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia....................................................................................... 21
O século XX: urbanização da sociedade e cultura de massas............................................................................................................... 42
O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E #FicaDica
TERRITÓRIO
É necessário, contudo, estabelecer a dife-
rença entre Estado e País, afinal, enquanto
Em todo território autônomo existem divisões inter- o primeiro é uma instituição formada por
nas que servem para facilitar a administração. No Brasil povo, território e governo, o segundo é um
não é diferente, o país precisa ser gerenciado e controla- conceito genérico referente a tudo que se
do por entidades ligadas ao governo, sendo uma subor- encontra no território dominado por um
dinada à outra. Estado, apresentando características físi-
Sendo assim, mediante à necessidade de dividir a ad- cas, naturais, econômicas, sociais, culturais
ministração e o controle do país, foi estabelecida uma e outras. No nosso caso, o Brasil é o país e
fragmentação do território brasileiro em estados, municí- a República Federativa do Brasil é o Estado.
pios e distritos, além de outras regionalizações, como as
regiões e os complexos regionais.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
FIQUE ATENTO!
Atualmente, o Brasil possui 26 estados, cha- FEDERAÇÃO
mados também de unidades da federação;
incluindo ainda o Distrito Federal, uma das São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o
unidades federativas que foi criada com in- povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud
tuito de abrigar a capital do país, a cidade de Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a ordem jurídi-
Brasília. Grande parte das decisões políticas ca soberana que tem por fim o bem comum de um povo
acontece na sede do governo federal que se situado em determinado território”.
localiza nessa cidade.
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana
de governo, o sistema presidencialista de governo e a
Com isso, as delimitações dos territórios de muitos forma federativa de Estado. Note tratar-se de três defi-
dos estados brasileiros ocorreram, principalmente, no fi- nições distintas. O federalismo é marcado pela união in-
nal do século XIX. Mas tivemos outras mudanças mais dissolúvel de estados com autonomia política. São entes
contemporâneas, que aconteceram em 1977, quan- da federação brasileira: a União; os Estados-Membros;
do surgiu o Mato Grosso do Sul. Mais tarde, em 1988, o Distrito Federal e os Municípios.
Goiás foi dividido, dando origem a um novo estado, o Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é con-
Tocantins. siderado laico, mantendo uma posição de neutralidade
Desta forma, os estados possuem a liberdade de criar em matéria religiosa, admitindo o culto de todas as reli-
leis autônomas, mas que são subordinadas à Constitui- giões, sem qualquer intervenção.
ção Federal Brasileira. Dentro dos estados existe, ainda,
outra divisão: os municípios, que possuem leis próprias, COMPETÊNCIAS
devendo seguir os moldes estipulados pela nossa cons-
tituição. Dentro dos territórios municipais é possível en- As competências dos entes federativos podem ser:
Materiais ou administrativas, que se dividem em
contrar outra divisão de proporção menor, que os subdi-
exclusivas e comuns;
vide em distritos.
Legislativas, que compreedem as exclusivas, as priva-
Assim, a soberania territorial é exercida pelo Esta-
tivas e as concorrentes complementares e suplementares;
do brasileiro. Perceba que esse termo, com “E” maiúsculo
Competência exclusiva é aquela conferida a um dos
difere-se do estado (com “e” minúsculo), que é apenas
entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Mu-
uma unidade federativa ou uma província do país. O Es- nicípios) com exclusão dos demais. A competência priva-
tado é, portanto,  um conjunto de instituições públicas tiva é aquela enumerada como própria de um ente, com
que administra um território, procurando atender os an- possibilidade, entretanto, de delegação para outro. Con-
seios e interesses de sua população. Dentre essas insti- corrente é a competência conferida em comum a mais de
tuições, podemos citar as escolas, os hospitais públicos, um ente federativo. Na complementar, o ente federativo
os departamentos de política, o governo e muitas outras. tem competência naquilo que a norma federal (superior)
Por outro lado, o conceito de Nação também possui lhe dê condição de atuar e na suplementar, por sua vez,
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

suas diferenças e particularidades em relação aos ter- o ente federativo supre a competência federal não exer-
mos supracitados.  Nação significa uma união entre um cida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com base na
mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de competência suplementar perde a eficácia.
união entre si, compartilhando, muitas vezes, um conjun-
to mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, UNIÃO
idiomas, entre outros. Assim, nem sempre uma nação
equivale a um Estado, ou a um país ou, até mesmo, a um A União é o ente federativo com dupla personali-
território, havendo, dessa forma, muitas nações sem ter- dade. Internamente, é uma pessoa jurídica de direito
ritório e sem uma soberania territorial constituída. público interno, com autonomia autonomia financeira,

1
administrativa e política e capacidade de auto-organiza- X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
ção, autogoverno, autolegislação e autoadministração. XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
Internacionalmente, a União representa a República Fe- concessão ou permissão, os serviços de telecomunica-
derativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organi-
da soberania do Estado brasileiro. zação dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais (Redação dada pela
Bens da União: Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95);
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
São bens da União os previstos no concessão ou permissão:
Art. 20, CF: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie- gens (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
rem a ser atribuídos; de 15/08/95);
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
fronteiras, das fortificações e construções militares,
aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
das vias federais de comunicação e à preservação am-
ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
biental, definidas em lei;
hidroenergéticos;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es- aeroportuária;
tendam a território estrangeiro ou dele provenham, d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com transponham os limites de Estado ou Território;
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a internacional de passageiros;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
serviço público e a unidade ambiental federal, e as re- XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
feridas no tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional Defensoria Pública dos Territórios (Redação dada pela
nº 46, de 2005). Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de
V - os recursos naturais da plataforma continental e efeito);
da zona econômica exclusiva; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
VI - o mar territorial; a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Dis-
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; trito Federal, bem como prestar assistência financeira
VIII - os potenciais de energia hidráulica; ao Distrito Federal para a execução de serviços públi-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; cos, por meio de fundo próprio (Redação dada pela
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- Emenda Constitucional nº 104, de 2019);
queológicos e pré-históricos; XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
Competências da União XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
Competência administrativa exclusiva da União: XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
Art. 21. Compete à União: tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici-
as inundações;
par de organizações internacionais;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
III - assegurar a defesa nacional;
tos de seu uso (Regulamento);
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território na- XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
cional ou nele permaneçam temporariamente; no, inclusive habitação, saneamento básico e trans-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a portes urbanos;
intervenção federal; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de nacional de viação;
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

material bélico; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-


VII - emitir moeda; portuária e de fronteiras (Redação dada pela Emenda
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- Constitucional nº 19, de 1998);
calizar as operações de natureza financeira, espe- XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
como as de seguros e de previdência privada; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
de ordenação do território e de desenvolvimento eco- res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
nômico e social; e condições:

2
a) toda atividade nuclear em território nacional so- Competência Legislativa Privativa da União:
mente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional; Art. 22. Compete privativamente à União legislar
b) sob regime de permissão, são autorizadas a co- sobre:
mercialização e a utilização de radioisótopos para a I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais (Reda- agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
ção dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006); II - desapropriação;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro- III - requisições civis e militares, em caso de iminente
dução, comercialização e utilização de radioisótopos perigo e em tempo de guerra;
de meia-vida igual ou inferior a duas horas (Redação IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006); radiodifusão;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares in- V - serviço postal;
depende da existência de culpa; (Redação dada pela VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan-
Emenda Constitucional nº 49, de 2006); tias dos metais;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên-
trabalho; cia de valores;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o VIII - comércio exterior e interestadual;
exercício da atividade de garimpagem, em forma IX - diretrizes da política nacional de transportes;
associativa.
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma-
rítima, aérea e aeroespacial;
Competências administrativas comuns da União,
XI - trânsito e transporte;
Estados, Distrito Federal e Municípios:
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
metalurgia;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das XIV - populações indígenas;
instituições democráticas e conservar o patrimônio XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex-
público; pulsão de estrangeiros;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção XVI - organização do sistema nacional de emprego e
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; condições para o exercício de profissões;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de XVII - organização judiciária, do Ministério Público
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; Pública dos Territórios, bem como organização admi-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- nistrativa destes (Redação dada pela Emenda Consti-
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri- tucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito);
co, artístico ou cultural; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- geologia nacionais;
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de poupança popular;
2015); XX - sistemas de consórcios e sorteios;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
em qualquer de suas formas; rial bélico, garantias, convocação, mobilização, inati-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; vidades e pensões das polícias militares e dos corpos
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda
abastecimento alimentar; Constitucional nº 103, de 2019);
IX - promover programas de construção de moradias XXII - competência da polícia federal e das polícias
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- rodoviária e ferroviária federais;
mento básico; XXIII - seguridade social;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
marginalização, promovendo a integração social dos XXV - registros públicos;
setores desfavorecidos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos todas as modalidades, para as administrações públicas
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

e minerais em seus territórios; diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,


XII - estabelecer e implantar política de educação para Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no
a segurança do trânsito. Art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas de economia mista, nos termos do
para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis- Art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Consti-
trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí- tucional nº 19, de 1998);
brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
nacional (Redação dada pela Emenda Constitucional marítima, defesa civil e mobilização nacional;
nº 53, de 2006).
XXIX - propaganda comercial.

3
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar esta Constituição.§ 2º Cabe aos Estados explorar dire-
os Estados a legislar sobre questões específicas das tamente, ou mediante concessão, os serviços locais de
matérias relacionadas neste artigo. gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
medida provisória para a sua regulamentação. (Reda-
Competência Legislativa concorrente da União, ção dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).§
Estados e Distrito Federal: 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
Federal legislar concorrentemente sobre: de municípios limítrofes, para integrar a organização,
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- o planejamento e a execução de funções públicas de
mico e urbanístico (Vide Lei nº 13.874, de 2019); interesse comum.
II - orçamento;
III - juntas comerciais; Bens dos Estados-Membros:
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
do meio ambiente e controle da poluição; forma da lei, as decorrentes de obras da União;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti-
co, turístico e paisagístico;
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
da União, Municípios ou terceiros;
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
co, histórico, turístico e paisagístico;
União;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015); da União.
X - criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas; MUNICÍPIOS
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; O Município, que também é um ente federado que
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; possui autonomia administrativa (autoadministração) e
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- política (auto-organização, autogoverno e capacidade
doras de deficiência; normativa própria). E, vinculado ao Estado onde se lo-
XV - proteção à infância e à juventude; caliza, depende na sua criação, incorporação, fusão ou
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das desmembramento, de lei estadual dentro do período de-
polícias civis.§ 1º No âmbito da legislação concorren- terminado por lei complementar federal, além da realiza-
te, a competência da União limitar-se-á a estabele- ção de plebiscito.
cer normas gerais (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 2º Sua capacidade de auto-organização consiste na pos-
A competência da União para legislar sobre normas sibilidade da elaboração da lei orgânica própria. O mu-
gerais não exclui a competência suplementar dos Es- nicípio possui o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito
tados (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 3º Inexistindo e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara Municipal.
lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão Entretanto, não há Poder Judiciário na esfera municipal. É
a competência legislativa plena, para atender a suas regido por lei orgânica, nos termos do
peculiaridades (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 4º A su- Art. 29, CF. A Constituição prevê ainda a composição
perveniência de lei federal sobre normas gerais sus- das Câmaras Municipais e o subsídio dos vereadores, de
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrá- acordo com a quantidade de habitantes do município.
rio (Vide Lei nº 13.874, de 2019).
Competência:
ESTADOS
A competência dos municípios está elencada no
O Brasil é composto de estados federados que gozam Art. 30, CF.
de uma autonomia, consubstancianda na capacidade de
auto-organização, auto-legislação, auto-governo e auto- Art. 30. Compete aos Municípios:
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

-administração. Os Estados podem se formar a partir de I - legislar sobre assuntos de interesse local;
fusão, cisão ou desmembramento. II - suplementar a legislação federal e a estadual no
que couber;
Competências Estaduais: III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên-
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance-
Constituições e leis que adotarem, observados os prin- tes nos prazos fixados em lei;
cípios desta Constituição.§ 1º São reservadas aos Esta-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
dos as competências que não lhes sejam vedadas por
legislação estadual;

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V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Hoje, não existe no Brasil nenhum Território. Com o
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte- advento da CF/88 Roraima e Amapá foram transforma-
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem dos em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado
caráter essencial; ao Estado de Pernambuco.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
União e do Estado, programas de educação infantil e CAPÍTULO VI
de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda DA INTERVENÇÃO
Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde trito Federal, exceto para:
da população; I - manter a integridade nacional;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
to territorial, mediante planejamento e controle do Federação em outra;
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- pública;
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza- IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
dora federal e estadual. nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
Fiscalização financeira e orçamentária que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municí- mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
pios se dá sob duas modalidades: controle externo, exer- maior;
cido pela Câmara Municipal e o controle interno, exerci- b) deixar de entregar aos Municípios receitas tribu-
do pelo próprio executivo municipal, nos termos do tárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
Art. 31, CF.
judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
DISTRITO FEDERAL
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regi-
O Distrito Federal é reconhecido como ente integran-
me democrático;
te da Federação e goza de autonomia política, embora
b) direitos da pessoa humana;
não se enquadre nem como estado-membro ou municí- c) autonomia municipal;
pio. Sua principal função é servir como sede do Governo d) prestação de contas da administração pública, di-
Federal e não pode haver divisões em municípios. reta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultan-
Organização do Distrito Federal: te de impostos estaduais, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento
O Distrito Federal não possui constituição, mas lei or- do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
gânica própria, que define os princípios básicos de sua (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de
organização, suas competências e a organização de seus 2000)
poderes governamentais, nos termos do Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,
nem a União nos Municípios localizados em Território
Art. 32, CF. Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu- dois anos consecutivos, a dívida fundada;
nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois II - não forem prestadas contas devidas, na forma da
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprova- lei;
da por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro- III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re-
mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta ceita municipal na manutenção e desenvolvimento do
Constituição.§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Reda-
as competências legislativas reservadas aos Estados e ção dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Municípios.§ 2º A eleição do Governador e do Vice- IV - o Tribunal de Justiça der provimento a represen-
-Governador, observadas as regras do tação para assegurar a observância de princípios in-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dicados na Constituição Estadual, ou para prover a
dos Governadores e Deputados Estaduais, para man- execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
dato de igual duração.§ 3º Aos Deputados Distritais e
à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
Art. 27.§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo I - no caso do
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polí- Art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do
cia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição
militar (Redação dada pela Emenda Constitucional nº do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida
104, de 2019). contra o Poder Judiciário;

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II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese
do
Art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.§ 2º Se não estiver
funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo
de vinte e quatro horas.§ 3º Nos casos do
Art. 34, VI e VII, ou do
Art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.§ 4º Cessados
os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

A DIVISÃO INTERREGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL

A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL

Antes de iniciarmos vamos conceituar divisão inter-regional.


Regionalizar significa dividir o território de acordo com características comuns (aspectos naturais, humanos e etc.),
facilitando assim o entendimento para diversos fins.
A República Federativa do Brasil é composta por 26 estados e pelo Distrito Federal. Os estados, são compostos por
municípios. Estes por sua vez são compostos de áreas urbanas e rurais.
Temos várias formas de regionalizar o Brasil, mas vamos estudar as mais utilizadas para caracterizar o território na-
cional e dividirmos quanto ao trabalho e produção no Brasil.

• Divisão Político administrativo (IBGE).


É uma divisão idealizada pelo IBGE (Instituto brasileiro de geografia e estática). Nesta configuração o Brasil é divido
em cinco regiões, temos a região norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

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Olhando está divisão conseguimos determinar algumas características do território brasileiro, por exemplo:
Aspectos naturais:
Região Norte: Clima equatorial, onde temos a floresta amazônica. A bacia amazônica e considerada a maior bacia
hidrográfica do planeta.
Região Centro Oeste: Clima tropical, continental, onde temos a área do cerrado.
Região Sul: Clima subtropical onde temos os pampas gaúchos e a mata de araucária.
Região Nordeste: Clima semiárido, onde temos a região da caatinga mais especificamente no sertão, onde temos
áreas de mata atlântica.
Região Sudeste: Seu clima é diversificado conforme cada localidade, variando de tropical, tropical de altitude, sub-
tropical e litoral úmido. Seu relevo também varia desde planícies, planalto e depressões e consequentemente sua ve-
getação também é diversificada, também temos uma parte restante da mata atlântica na serra da Mantiqueira e serra
do mar.
Mata Atlântida: No passado ocupava o litoral brasileiro das regiões nordeste, sudeste e sul, hoje infelizmente resta
apenas 5% de mata.

Aspectos socioeconômicos:

Quando avaliamos esta regionalização, percebemos também que existem também aspectos socioeconômicos:
Região Norte: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização),
também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional)
Região Nordeste: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização,
e segunda região mais populosa do Brasil.
Centro Oeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na
sua criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso
visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional).
Sul: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação
para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a
comercialização). É a terceira região mais populosa do Brasil.
Sudeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua
criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso vi-
sando a comercialização), também é cheia demograficamente (grande concentração populacional).

#FicaDica
Ficar atento aos fatores socioeconômicos acima, pois são aspectos gerais de cada região.

Vários aspectos sobre as regiões:


A Sul é a região que possui menor extensão territorial;
A Norte é a região que possui maior extensão territorial;
A Nordeste é a região possui mais estados;
A Sul é a região que possui menos estados;
A Sudeste é a mais desenvolvida e a mais populosa do Brasil;
A Nordeste é a região com maior faixa litorânea;
A Centro-Oeste é a região que não possui litoral;
A mais fria do Brasil é a Região Sul.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.
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• Divisão geoeconômica (complexos regionais)

É uma divisão idealizada em 1967 pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger, levando-se em conta aspectos da economia,
aspectos regionais e históricos. São as Regiões Amazônia, Nordeste e centro Sul.

Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e
pouca industrialização.
Centro Sul: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tecnologia,
genética, inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil, grandes
centros de pesquisa.
Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária. Também existem polos industriais
(Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e considerada a maior
bacia hidrográfica do planeta.
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• Divisão proposta pelo Geógrafo Milton Santos ( os “quatro brasis” )

Conhecida os “quatro brasis” é o registro técnico-científico-informacional”;


Nesta divisão encontramos a região concentrada que a união das regiões sul e sudeste do modelo do IBGE.
São as regiões: Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Região Concentrada: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tec-
nologia, genética, inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil.
Nesta região concentrada temos o sul, resumindo e a união da região sul e sudeste.
Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e pou-
ca industrialização, Pecuária extensiva ( é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização ).
Região Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária extensiva. Também existem
polos industriais (Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e consi-
derada a maior bacia hidrográfica do planeta.
Região Centro-Oeste: Temos também a pecuária intensiva (é diferente a extensiva, este se baseia na criação do gado
em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da produtividade . Exemplo: manipulação genética,
inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concen-
tração populacional). O estado de Tocantins nesta divisão encontra-se incorporado.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.

• A divisão socioeconômica

Dentro do contexto brasileiro e de um país extenso e com regiões que trabalham de forma diferente e produzem
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

também de forma diferente, , é preciso levar em consideração cada uma das regiões e a sua importância para a evolu-
ção econômica do país.
Para isso, é preciso a compreensão dos seguintes setores da economia:
Setor Primário (Agricultura, Extrativismo)
Setor Secundário (Indústria de Transformação)
Setor Terciário (Comércio e prestação de serviços)
Conforme disto no tópico acima de acordo com as divisões pré-estabelecidas, as próprias regiões apresentam áreas
de maior destaque para a indústria e agroindústria e comércio.

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A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES

A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES

O que caracteriza uma metrópole é sua elevada taxa de urbanização. No caso, existe uma centralização de trabalho,
serviços, capital, em fim uma roda econômica.

Dentro deste contexto surgiram diversos problemas de infraestrutura. tais como moradia, saneamento básico, trans-
porte, segurança etc. que impacta diretamente na vida da população, temos então o conceito de macrocefalia urbana
que nada mais é que o crescimento desordenado das cidades resultando os problemas mencionados e muitos outros.

#FicaDica
Macrocefalia Urbana: É o crescimento desordenado das cidades resultando em problemas diversos, tais
como: moradia, saneamento básico, transporte, segurança etc.

Vemos no gráfico acima como houve a partir de 1960 um crescimento da população urbana.

Alguns dados coletados pelo IBGE em 2017.

• 24% da população urbana vivem em condições satisfatórias.


• Três em cada quatro moradores de centros urbanos vivem em condições insatisfatórias.
• A Região Sul é a que apresenta uma maior população em condições satisfatórias.
• Norte e Nordeste de maiores índices de população que vive em condições ruins.
• Brasília, no Centro-Oeste, tem a maior concentração de pessoas com ótimas condições de vida.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

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Vemos no gráfico acima o crescimento da população brasileira a partir de 1.972. Sabemos que durante este período
houve um grande êxodo rural, isto é uma alta taxa de desocupação rural e em contra partida uma alta taxa de ocupação
urbana.
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, O estado com a menor
índice populacional é Roraima, que tem 522.636 habitantes.
No cenário econômico, as metrópoles brasileiras impulsionam as mais variadas atividades financeiras e comerciais
tornado um motor econômico.
Isso faz com que as metrópoles se tornam-se importante no contexto nacional tanto no aspecto positivo, quando
no aspecto negativo (desafios, problemas e a complexidade das relações, etc.).

Região Metropolitana Quantidade de Municípios Número de Habitantes (2010)


São Paulo 39 19 683 975
Rio de Janeiro 19 11 835 708
Belo Horizonte 34 5 414 701
Porto Alegre 32 3 958 985
Recife 14 3 690 547
Fortaleza 15 3 615 767
Salvador 13 3 753 973
Curitiba 29 3 174 201
Campinas 19 2 797 137
Goiânia 11 2 173 141
Censo Demográfica IBGE 2010

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PREF. SÃO JOSÉ DO GUAMÁ-PA – CETAP) “Os desafios associados à construção de boas condições urbanas e de
vida nas últimas décadas no país têm sido enormes, não apenas pelo baixo desenvolvimento econômico, pela presen-
ça de precariedade e pobreza e pelas grandes diferenças regionais, mas também pela velocidade das transformações
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ocorridas ... “.
Fonte: Eduardo Marques. Desigualdades Urbanas. ln: Le Monde Diplomatique Brasil, Abril 2016.
Dentre as transformações que o espaço urbano no Brasil tem apresentado, pode-se destacar:

a) Elevação dos padrões de qualidade de vida de todos os segmentos da sociedade urbana nacional.
b) As ações conjuntas entre os gestores municipais de todas as regiões metropolitanas, que melhoraram as condições
de circulação e emprego nas mesmas.
c) A taxa de crescimento das megalópoles que tem sido acima da média nacional desde a década de 1970.

11
d) O aprofundamento do processo de segregação eco-
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO
nômica, social e espacial que tem sido uma realidade
NO BRASIL E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS
característica do urbano no Brasil.
INTERNOS
e) A melhoria e expansão da infraestrutura tecnológica e
viária que erradicaram as diferenças urbanas regionais.
A população brasileira está irregularmente distribuída
RESPOSTA: Letra D. Vamos avaliar as afirmações. no território, isso fica evidente quando se compara algu-
Em “a”: Errado – Vimos que a qualidade de vida urba- mas regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo,
na caiu devido a um grande aumento populacional, apresenta uma densidade demográfica de 87 hab./km2,
causando diversos problemas de moradia, saneamen- as regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88%
to básico etc. da população, distribuída em 36% de todo o território,
Em “b”: Errado – Apesar dos esforços políticos, vimos fato contrário à densidade demográfica do Norte e Cen-
tro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab./km2 e 8,7
que esta integração sugerida ainda está distante da
hab./km2, correspondendo a 64% do território total.
nossa realidade.
Deste modo, os brasileiros atualmente exercem um
Em “c”: Errado – A taxa de crescimento das megalópo- grande fluxo migratório, internacional e nacionalmente,
les realmente cresceu, mas como foi pedida uma alter- nesse processo é importante salientar a diferença entre
nativa sobre o “espaço urbano”, concluímos que a al- emigração (saída voluntária do país de origem) e imigra-
ternativa D é mais abrangente e neste caso, a correta. ção (o ato de estabelecer-se em país estrangeiro).
Em “d”: Certo – Alternativa Correta, pois vimos que Assim, acerca das migrações externas o significado
existe um aumento da diferença social, econômica está no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver,
e relacionada a moradia, tudo isto causa um grande ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen-
problema dentro do espaço urbano. volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo
Em “e”: Errado – Apesar dos esforços políticos, vimos deslocamento populacional que se realiza dentro de um
que a expansão tecnológica e viária não são suficien- mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No
tes para resolver os problemas advindos do cresci- Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu-
mento populacional. nicípios que nasceram.
Sendo assim, os principais fluxos migratórios no Brasil
2. (PREF DE SINONÉSIA-MG – IDECAN) O êxodo rural é estão voltados para os nordestinos que saem em direção
o deslocamento de indivíduos das zonas rurais (campo) ao Sudeste e Centro-Oeste, isso muitas vezes é provoca-
para as zonas urbanas (cidades). No Brasil, ganhou in- do devido às questões de seca, falta de emprego, baixo
índice de industrialização em relação às outras regiões,
tensidade a partir da década de 1940, em razão do surto
dentre outros fatores.
industrial ocorrido no Sudeste e das próprias condições
precárias de vida existentes nas zonas rurais. Acerca da
inferência que constitui uma consequência do êxodo ru- FIQUE ATENTO!
ral na zona rural, analise as alternativas a seguir. Outro fluxo bastante difundido é em relação
aos migrantes do Sul que saem em direção
I. Rápido aumento da população na cidade. às regiões do Centro-Oeste e Norte, esse
II. Maior oferta de mão de obra nas cidades. processo deve-se aos agricultores gaúchos
III. Formação de favelas. que procuram novas áreas de cultivo com
IV. Queda geral da produção ou estagnação econômica preços mais baixos.
das áreas rurais, quando a saída dos trabalhadores não é
compensada pela mecanização.
Quando pensamos no processo de migração interna
Está correta apenas a alternativa no Brasil, devemos destacar que dentre os fatores que
influenciam os processos migratórios, o trabalho é o pre-
a) I. ponderante. Esse movimento pode ocorrer dentro de um
b) II. mesmo país, estado ou município. São as chamadas mi-
c) III. grações internas, que são aquelas em que as pessoas se
d) IV. deslocam dentro de um mesmo território.
A migração consiste no ato da população deslocar-se
RESPOSTA: Letra D. Vamos avaliar as afirmações. espacialmente, ou seja, pode se referir à troca de país,
Esta é uma questão cuja a resposta está nas últimas estado, região, município ou até de domicílio. As migra-
frases do enunciado “êxodo rural na zona rural”, como ções podem ser desencadeadas por fatores religiosos,
psicológicos, sociais, econômicos, políticos e ambientais.
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vimos que a alternativa D é a única que se refere a


zona rural concluímos que é ela a alternativa correta.
Com isso, dentre as migrações internas temos os se-
guintes movimentos:

• Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a


transferência de populações rurais para o espaço
urbano. As principais causas são: a industrialização,
a expansão do setor terciário e a mecanização da
agricultura.

12
• Migração  Urbano-Rural: tipo de migração que se de Brasília, os investimentos em infraestrutura, novas
dá com a transferência de populações urbanas fronteiras agrícolas, entre outros fatores, contribuíram
para o espaço rural. Hoje em dia é um tipo de mi- para essa nova distribuição.
gração muito incomum. Portanto, o Sudeste continua captando boa parte dos
• Migração urbano-urbano: tipo de migração que se migrantes brasileiros. A região recebe muito mais gen-
dá com a transferência de populações de uma ci- te do que perde. O Centro-Oeste também recebe mais
dade para outra. Tipo de migração muito comum migrantes do que perde, sendo, atualmente, o principal
nos dias atuais. destino dos fluxos migratórios no Brasil. O Sul e o Norte
são regiões onde o volume de entrada e saída de mi-
• Migração sazonal: tipo de migração que se carac-
grantes é mais equilibrado.
teriza por estar ligada às estações do ano. É uma
migração temporária, onde o migrante sai de um
determinado local, em determinado período do FIQUE ATENTO!
ano, e posteriormente volta, em outro período do A Região Nordeste tem recebido cada vez
ano. É conhecida também de transumância. É o mais migrantes, sendo a maioria proveniente
que acontece, por exemplo, com os sertanejos do do Sudeste (retorno), porém, continua sendo
Nordeste brasileiro. a região que mais perde população para as
• Migração pendular: tipo de migração característico demais.
de grandes cidades e regiões metropolitanas, no
qual centenas ou milhares de trabalhadores saem
todas as manhãs de sua casa (em determinada ci-
dade) em direção ao seu trabalho (que fica em ou- EXERCÍCIO COMENTADO
tro município), retornando no final do dia.
• Nomadismo: tipo de migração que se caracteriza
1. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA BANCA –
pelo deslocamento constante de populações em
CESPE – 2017) Considerando a tríade cidade, ambiente e
busca de alimentos, abrigo etc. Esse tipo de migra-
cultura, julgue (C ou E).
ção é típico de sociedades primitivas e por conta
disso encontra-se em extinção. No Brasil, as periferias metropolitanas podem ser carac-
terizadas por trazerem elementos de reprodução da vida
#FicaDica rural pregressa do país, como são, por exemplo, os casos
de Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte.
No Brasil, um dos fatores que exercem
maior influência nos fluxos migratórios é o ( ) CERTO  ( ) ERRADO
de ordem econômica, uma vez que o mo-
delo de produção capitalista cria espaços Resposta: Certo. O Brasil tinha mais da metade de sua
privilegiados para instalação de indústrias, população vivendo no campo até a década de 1960.
forçando indivíduos a se deslocarem de De lá para cá, o índice de urbanização cresceu bastan-
um lugar para outro em busca de melhores te e atualmente mais de 80% da população vive em
condições de vida e à procura de emprego áreas urbanas. Este movimento migratório, do campo
para suprir suas necessidades básicas de para a cidade, é chamado de êxodo rural e é provoca-
sobrevivência. do por diversos fatores como a mecanização do cam-
po (que diminui a necessidade de mão de obra nesta
área) e o desenvolvimento industrial (que atrai mão de
A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, obra para as grandes cidades). Estes fatos fizeram com
recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do que uma grande parcela da população rural brasileira
país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de migrasse para as metrópoles, se fixando nas regiões
fornecer maiores oportunidades de emprego em razão mais pobres e com menos infraestrutura destas cida-
do processo de industrialização desenvolvido. des: as periferias. Grande parte destes migrantes era
Contudo, nas últimas décadas, as regiões Centro- oriundo do nordeste brasileiro, levando sua cultura
-Oeste e Norte têm sido bastante atrativas para os mi- para os grandes centros econômicos do país, como os
grantes, pois após a década de 1970, a estagnação eco- citados na questão.
nômica que atingiu e ainda atinge a indústria brasileira
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

afetou negativamente o nível de emprego nas grandes 2. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
cidades do Sudeste, gerando pouca procura de mão de Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
obra, ocasionando a retração desses fluxos migratórios. tura etária da população brasileira e da evolução de seu
Assim, as regiões Norte e Centro-Oeste, que já captavam crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
alguma parcela desse movimento, tornaram-se destinos
O baixo crescimento vegetativo da população brasileira
da migração interna do Brasil.
verificado nos últimos três censos demográficos indica a
Deste modo, as políticas públicas para a ocupação do
diminuição do ritmo de migrações no país e o início de
oeste brasileiro foram determinantes para esse redirecio- longo ciclo de estagnação. Centros urbanos de atração
namento dos fluxos migratórios no Brasil. A construção

13
de migrantes, como Brasília, Manaus e São Paulo, dimi- Deste modo, no caso específico do Brasil, uma grande
nuíram drasticamente o ritmo de crescimento econômi- parte das terras do país se encontra nas mãos de uma
co, justificando assim a queda do fluxo migratório de en- pequena parcela da população, essas pessoas são co-
trada e o aumento da saída de população. nhecidas como latifundiários. Já os minifundiários são
proprietários de milhares de pequenas propriedades ru-
( ) CERTO  ( ) ERRADO rais espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que
muitas vezes não conseguem produzir renda e a própria
Resposta: Errado. A afirmativa está errada por vários subsistência familiar suficiente.
motivos. Entre eles, podemos citar o fato de o cres- Sendo assim, mediante às informações, fica eviden-
cimento vegetativo brasileiro não ser baixo. Apesar te que no Brasil ocorre uma discrepância em relação à
de estar em queda desde a década de 1960, quando distribuição de terras, uma vez que alguns detêm uma
atingiu 36,7%, o país continua com uma taxa de cres- elevada quantidade de terras e outros possuem pouca
cimento elevada nos últimos três censos: 21,3% em ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentra-
1991; 15,4% em 2000 e 12,5% em 2010. Um segundo ção fundiária brasileira.
erra é que quando falamos de crescimento vegetativo, Desta forma, é importante conhecer os números que
levamos em consideração o que chamamos de cresci- revelam quantas são as propriedades rurais e suas exten-
mento natural, ou seja, a diferença entre a taxa de na- sões: existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais
talidade e a de mortalidade. Não entra na contagem, inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma
portanto, a taxa de migração. Esta entraria em conta área de 25.827 hectares, há também propriedades de ta-
apenas se falássemos do “Crescimento Demográfico” manho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam
que é igual a soma do crescimento vegetativo com o
uma área de 24.047.669 hectares.
crescimento migratório (Cres. Demog. = cresc. Veg. +
Ademais, outra forma de concentração de terras no
cresc. Migr.).
Brasil é proveniente também da expropriação, isso sig-
nifica a venda de pequenas propriedades rurais para
3. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
grandes latifundiários com intuito de pagar dívidas ge-
Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
ralmente geradas em empréstimos bancários, como são
tura etária da população brasileira e da evolução de seu
muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas
crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
vezes não alcançam uma boa produtividade e os custos
A dinâmica da estrutura etária da população brasileira são elevados, dessa forma, não conseguem competir no
tende ao equilíbrio quanto à quantidade de crianças, jo- mercado, ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favo-
vens, adultos e idosos: a população de idosos com maior rece o sistema migratório do campo para a cidade, cha-
expectativa de vida cresce tanto quanto a população em mado de êxodo rural.
idade infantil e jovem. Logo, a problemática referente à distribuição da terra
no Brasil é produto histórico, resultado do modo como
( ) CERTO  ( ) ERRADO no passado ocorreu a posse de terras ou como foram
concedidas.
Resposta: Errado. Em relação à estrutura da popula-
ção brasileira, há uma tendência de aumento do per- #FicaDica
centual da população idosa, ou seja, estamos vivendo
um envelhecimento da população. O percentual de O processo de distribuição de terras no
adultos e idosos vem aumentando nas últimas déca- Brasil, teve início ainda no período colonial
das, enquanto o de crianças vem caindo ano a ano. com a criação das capitanias hereditárias
Em 1980, 38,2% da população tinha até 14 anos e em e sesmarias, caracterizada pela entrega da
2010 essa taxa já era de 24%. terra pelo dono da capitania a quem fos-
se de seu interesse ou vontade, em suma,
como no passado a divisão de terras foi de-
A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA sigual os reflexos são percebidos na atuali-
E PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS NO dade e é uma questão extremamente polê-
CAMPO mica e que divide opiniões. 

A estrutura fundiária corresponde ao modo como as Desta forma, vale lembrar que especialmente nos paí-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus ses subdesenvolvidos, com passado colonial, a grande
respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das concentração fundiária tem ocasionado conflitos entre
desigualdades que acontecem no campo. grandes proprietários e camponeses. Trabalhadores que
Com isso, a desigualdade estrutural fundiária brasilei- perderam suas terras têm-se organizado em movimentos
ra configura como um dos principais problemas do meio sociais que lutam pela reforma agrária.
rural, isso porque interfere diretamente na quantidade Sendo assim, a reforma agrária, quando é realizada
de postos de trabalho, valor de salários e, automatica- de forma planejada e ampla, leva a reorganização da es-
mente, nas condições de trabalho e o modo de vida dos trutura fundiária, favorecendo a distribuição mais justa
trabalhadores rurais. e igualitária das terras de um país. A reforma agrária é

14
também benéfica para reduzir a especulação imobiliá- 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Os pequenos agriculto-
ria no campo e promover a produção agrícola (princi- res não conseguem competir e são forçados a abandonar
palmente alimentos) a uma população cada vez mais suas lavouras de subsistência e vender suas terras.
urbanizada.
No tocando da desigualdade na distribuição das ter- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ras agricultáveis necessita ser foco de intervenção do Es-
tado. O governo precisa promover a desapropriação de Resposta: Certo. Devido à dificuldade em competir
grandes propriedades improdutivas dividindo-as em lo- com os grandes latifundiários, os pequenos agriculto-
tes para assentar agricultores e trabalhadores rurais sem res, acabam por abandonar o campo, a fim de obter
terra. uma melhoria e mudança de vida nas cidades, ou se
Porém, a estrutura fundiária de um país só se torna tornando, um empregado dos grandes proprietários.
menos desigual quando a redistribuição de terras acon-
tece acompanhada de intervenções que visem a perma-
nência dos agricultores nas terras e lhes garanta a ca- INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA
pacidade de promover a própria subsistência além de E ESTRUTURA URBANA, REDE DE
produzir excedentes para o abastecimento do mercado. TRANSPORTES E SETOR AGRÍCOLA NO
É fundamental, portanto, que além do “pedaço de terra” BRASIL
seja também oferecido apoio técnico, financeiro, política
de preços, e apoio na comercialização da safra.
A INTEGRAÇÃO ENTRE A INDÚSTRIA URBANA,
REDE DE TRANSPORTES E SETOR AGRÍCOLA NO
#FicaDica BRASIL
Estrutura fundiária é a forma como as • A indústria urbana
propriedades rurais estão distribuídas, de
acordo com suas dimensões. Nos países O processo de urbanização desenfreado desenca-
desenvolvidos da Europa, por exemplo, a deou vários problemas para a população, isto é a cidade
estrutura fundiária conta com o predomí- não tem uma estrutura adequada para atender a popu-
nio de pequenas e médias propriedades lação que depende de forma direta ou indireta, com o
poli cultoras. Já os países subdesenvolvi- setor industrial.
dos como é o caso do Brasil, possuem uma A relação entre a industrialização e a urbanização
estrutura fundiária concentrada na mão de está no fato de que é o processo industrial que incen-
proprietários com grandes extensões de tiva a sociedade e atua para modernizá-las, ampliam-se
terras. os chamados fatores atrativos das cidades, ou seja, o
conjunto de características do meio urbano que atrai os
migrantes advindos do setor rural.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
#FicaDica
O processo de concentração fundiária caminha junto
Fatores Atrativos: Fatores que atraem a po-
à industrialização da agropecuária com predomínio de
pulação do campo para as cidades, devido
capitais. Mediante às informações, fica evidente que no
a industrialização em busca de emprego e
Brasil ocorre uma discrepância em relação à distribuição
melhores condições de renda.
de terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quanti-
dade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, esses
aspectos caracterizam a concentração fundiária brasileira.
No caso as regiões Sudeste e Sul, principalmente as re-
giões metropolitanas dos estados de São Paulo e do
Com base no fragmento acima, julguem os itens
estado do Rio de Janeiro, formam as maiores conglo-
abaixo:
merados populacionais urbanos do país, visto que es-
sas áreas têm o maior parque industrial, mesmo com a
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O discurso de moder-
propensão atual de distribuição de boa parte da produ-
nidade das elites tem contribuído para que a terra esteja
ção para o interior do território brasileiro.
concentrada nas mãos da grande maioria dos agriculto-
res brasileiros.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

FIQUE ATENTO!
( ) CERTO  ( ) ERRADO Efeitos da Industrialização: Aumento do
crescimento das cidades, aumento popu-
Resposta: Errado. No Brasil, as terras concentram- lacional, aumento do êxodo rural.
-se nas mãos da minoria, e não o contrário. A con-
centração fundiária é uma característica do meio rural
brasileiro.

15
• A rede de transportes Produtos Brasileiros mais Exportados

Rede de transportes são vias de comunicação que


Básico
formam uma malha de ligação e envolvem estradas, li-
nhas aéreas, estradas de ferro, gasodutos, oleodutos, soja em algodão
transporte marítimo, etc. minério de ferro
Os transportes têm um papel fundamental nos
dias atuais, pois possibilitam a mobilidade, comercio e petróleo em bruto
serviços. milho em grão
No caso do Brasil por se tratar de um país extenso, carne bovina
a rede transportes é um fator importante para escoar as
mercadorias e deslocar pessoas. carne de frango
Vemos que no Brasil existe uma grande malha rodo- café em grão
viária feita para integrar diferentes partes do território minério de cobre
brasileiro, mas também existem outras opções de trans-
portes, apesar de priorizarem o transporte rodoviário. farelo de soja
No caso do transporte ferroviário transporte predo- algodão em bruto
minante no século XIX para escoar a produção cafeeira,
O Brasil não tem um grande malha ferroviária parque , • Conclusão
apesar de ser um transporte com maior capacidade, mais
econômico, menos manutenção que o rodoviário. Dentro do contexto estudado vimos como é im-
Hoje existe algumas ferrovias em construção no Bra- portante a integração entre a indústria urbana, rede de
sil, que ainda estão inacabadas. No caso temos a ferrovia
transportes e setor agrícola no Brasil, descrevendo todas
Norte e Sul que já possui algumas áreas concluídas mas
a partes envolvidas e suas relações.
já estão em andamento o processo de ativação total.
O transporte ferroviário no Brasil foi predominante
até o final do século XIX, quando estruturava os deslo- #FicaDica
camentos de mercadorias da economia cafeeira, sendo,
por essa razão, bastante consolidado na região Sudeste. Analisar as questões abaixo para consolida-
As ferrovias, apesar dos elevados custos em suas cons- ção do aprendizado.
truções, possuem baixos gastos em manutenção, o que
não impediu que, de 1950 até os dias atuais, várias delas
fossem sucateadas e até desativadas.
No caso do transporte hidroviários (rios) o Brasil tem EXERCÍCIO COMENTADO
pouca representatividade, como vimos o Brasil investiu
fortemente no transporte rodoviário. apesar do país pos-
1. (CEBRASPE – ABIN – CESPE) Acerca da integração da
suir grandes rios navegáveis Os rios mais facilmente na-
vegáveis estão em áreas afastadas dos centros econômi- indústria à estrutura urbana no Brasil, julgue o próximo
cos e outros rios necessitariam de obras para adequá-los item.
as estes centro econômicos. Devido à organização produtiva de seu território, o Brasil
O transporte hidroviário é o que possui a menor re- é um espaço nacional do mercado global.
presentatividade e participação nos sistemas de desloca-
mento nacional, o que é uma grande contradição, haja ( ) CERTO  ( ) ERRADO
vista o grande potencial que o país possui para esse mo-
dal. No Brasil, a rede hidroviária é muito ampla e muitos RESPOSTA: Certo. Sabemos que a Agroindústria é
rios são navegáveis sem sequer exigir a construção de o carro chefe da economia brasileira no mercado
grandes empreendimentos e estruturas, como obras de mundial.
correção e instalação de equipamentos.
GEOGRAFIA E GESTÃO AMBIENTAL
• A agricultura
MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO
BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E
Sabemos que agronegócio brasileiro é o mais im-
ECOSSISTEMAS
portante no cenário mundial, também temos a criação
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

de empregos foi a mais alta em 5 anos nos setores de


agricultura e produção de carne, os únicos segmentos da Gestão Ambiental é o nome dado a uma série de
economia que aumentaram o emprego. ações voltadas para a promoção de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Tais conceitos são aplica-
dos a partir da divulgação feita por meio de instituições
públicas e privadas, sendo possível, assim, mobilizar im-
portantes agentes sociais na conscientização de práticas
voltadas para a preservação e utilização racional de de-
terminado espaço geográfico.

16
Desta maneira, a matéria de gestão ambiental possui
ligação fundamental com os conhecimentos da geogra- FIQUE ATENTO!
fia, pois os conceitos fundamentais desta última são co- As decisões na empresa devem ser tomadas
locados em prática pela primeira. Exemplos desta prática visando à harmonia entre o patrimônio e o
são: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão entorno ecológico, principalmente na orga-
ambiental de parques e reservas florestais, gestão de nização que utiliza recursos naturais e, assim,
áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reser- fazer crescer a importância da gestão am-
vas de biosfera, além de outras atividades envolvendo biental na indústria que facilmente ultrapassa
práticas ambientais de fundo geográfico. o limite de resíduos que poluem o ambiente. 
Com isso, ao mesmo tempo, sua aplicação em diver-
sas instituições governamentais e privadas melhora as
práticas industriais e empresariais, trazendo um aperfei-
çoamento na qualidade de produtos, serviços e ambien- BIOMAS TERRESTRES
te de trabalho. É, atualmente, assunto que assume uma
posição cada vez mais estratégica em meio à política de Bioma (bio = vida; oma = proliferação) é um espaço
desenvolvimento nacional, pois além do estímulo à qua- geográfico que apresenta um conjunto de ecossistemas
lidade ambiental, possibilita a redução de custos diretos, vizinhos e semelhantes. O ambiente terrestre é composto
diminuindo o desperdício de água, energia e matérias- de grandes comunidades, que apresentam características
-primas bem como custos indiretos, por exemplo, inde- distintas entre si, de modo que a classificação dos bio-
nizações por danos ambientais. mas se dá a partir de aspectos biológicos e físicos (vege-
Chamamos a este grupo de Conceitos de Gestão Am- tação, clima e relevo) de cada formação.
biental Empresarial, estudo que é dirigido a companhias, Observe, a seguir, os principais biomas terrestres (ou
corporações, firmas, empresas etc., e abrange um conjun- continentais) e suas características.
to de políticas de programas e práticas administrativas e
operacionais que dão prioridade à saúde e à segurança Tundra
dos indivíduos, preservando o meio ambiente, buscando
eliminar ou minimizar os impactos e danos ambientais Localizada no hemisfério norte, mais especificamente
que se originam do planejamento, implantação, opera- no Círculo Polar Ártico, no norte do Alasca e do Canadá,
ção, ampliação, realocação ou desativação de todo em- Groelândia, Finlândia, Noruega, Suécia e Sibéria, a tun-
preendimento ou atividade, estando ali incluídas todas dra se manifesta em ambientes com pouca precipitação
as fases do ciclo de vida de um determinado produto. e que recebem pouca energia solar, de modo que apre-
Deste modo, a gestão ambiental também se faz pre- senta temperaturas baixas durante todo o ano.
sente no setor público, já de certo modo consolidada en- Sua vegetação é composta majoritariamente por
tre os preceitos da administração pública, mesmo que musgos, líquens e capim rasteiro. A fauna é representa-
apresentando algumas diferenças em relação ao setor da por roedores, raposas, renas, caribus, lobos, insetos
privado. Nela, é importante lembrar que o governo, por e aves, havendo maior presença de animais e espécies
meio dos Poderes Executivo e Legislativo, tem um papel durante o verão.
fundamental na implementação e consolidação do de-
senvolvimento sustentável, pela simples conclusão de ser Taiga
ele o responsável pela implantação de normas e leis re-
guladoras dos critérios ambientais a serem seguidos por Também conhecida como Floresta Boreal, a taiga se
todos, especialmente os integrantes do setor privado, já localiza no hemisfério norte, em regiões de clima frio e
que em seu processo de elaboração de bens e serviços, de pouca chuva, ao sul da tundra, possuindo uma vege-
fazem amplo uso dos recursos naturais, inevitavelmente tação um pouco mais rica.
produzindo resíduos poluentes. Ela se caracteriza por árvores coníferas (predominan-
Portanto, além do papel inerente ao Poder Público temente pinheiros e abetos), e por animais como alces,
de prover uma ampla fiscalização do cumprimento das linces, martas, lobos, ursos, esquilos e algumas aves.
normas ambientais, é necessária uma política coerente,
buscando a execução dos preceitos de desenvolvimen- Floresta Caducifólia ou Floresta Decídua
to sustentável, além de ser ele mesmo exemplo prin- Temperada
cipal para todos os setores da sociedade de padrões
corretos de consumo e produção, dando parâmetros Situado no leste dos Estados Unidos, oeste da Europa,
ideais para a implementação de toda e qualquer política leste da Ásia, Coréia, Japão e algumas partes da China,
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

socioambiental. esse bioma se desenvolve em regiões de clima tempera-


do, apresentando as estações do ano bem definidas, com
chuvas ao longo de todo o ano. As plantas são chamadas
de decíduas ou caducifólias por perderem suas folhas ao
longo do outono, e readquirirem na primavera.
Sua vegetação é formada por árvores dicotiledôneas
como carvalhos, nogueiras e faias, e os animais caracte-
rísticos são javalis, veados, raposas, ursos, lobos, esqui-
los, aves insetívoras e muitos insetos.

17
Floresta Tropical

Ocorrendo entre os trópicos, no norte da América do


Sul, América Central, África e Ásia, onde há temperaturas
elevadas e chuvas abundantes, as florestas tropicais são
ambientes que possuem a maior diversidade de espécies.
A vegetação é densa e heterogênea, com árvores de
várias alturas, originando diferentes microclimas, apre-
sentando também epífitas, cipós e líquens. A fauna é
composta por onças, macacos, preguiças, jacarés, sapos,
tucanos, araras e insetos de várias espécies.

#FicaDica
A maior floresta tropical do mundo é a Flo-
resta Amazônica.

Pradaria ou Campos

Presente em regiões tropicais e temperadas, como


centro-oeste dos Estados Unidos, Europa, Ásia, Austrália Fonte: Institudo Brasileiro de Geografia e Estatística
e América do Sul, os campos se desenvolvem em climas
semiáridos, com períodos de secas. No Brasil, é conheci- Amazônia
do como “pampas”.
A vegetação predominante é de gramíneas e arbus-
Este é o maior bioma brasileiro, localizado na região
tos de pequeno porte, e os animais podem ser insetos,
corujas, gaviões, coiotes, raposas e roedores. Apesar da Norte, abrangendo a maior bacia hidrográfica do mundo.
quantidade de espécies ser grande, o número de indiví- O clima é quente e úmido, abrigando diversos ecossis-
duos de cada uma delas é pequeno. temas e grande biodiversidade de fauna e flora. A ve-
getação se divide em mata de terra firme (estratos mais
Deserto altos), mata de várzea (ao longo dos rios e de planícies
inundáveis) e mata de igapós (representada, principal-
Tendo suas principais representações na África e na mente, pela vitória-régia). Os animais que representam
Ásia, o deserto ocorre em regiões hiperáridas, áridas ou esse bioma são onça-pintada, capivara, arara-azul, casca-
semiáridas, com pouca chuva e umidade, de modo que vel, jararaca, boto-cor-de-rosa e tatu.
a fauna e a flora são adaptadas à escassez de água. As
temperaturas são altas durante o dia, e baixas durante Mata Atlântica
a noite.
A vegetação é esparsa e praticamente ausente, po- Compreendendo a região costeira do país, a Mata
dendo haver cactáceas e herbáceas nas áreas de oásis. Atlântica também é rica em biodiversidade, no entanto,
Os principais animais encontrados nesse bioma são ser- devido ao grande índice de desmatamento, hoje resta
pentes, roedores, lagartos e insetos.
menos de 10% da mata nativa. Seu clima é tropical úmi-
do, e altos índices pluviométricos. A vegetação é bastan-
Savana
te diversificada, formada por ombrófilas (folhas largas e
Sendo mais conhecida na África, as savanas também perenes) e estacionais. Seus principais representantes na
ocorrem nas Américas, na Ásia e na Austrália, em regiões fauna são micos, tamanduás, rãs, bichos-preguiça, jagua-
de clima tropical. tiricas e tucanos.
Sua vegetação é formada por árvores e arbustos es-
parsos e por gramíneas. Na savana africana, encontram- Caatinga
-se animais de grande porte como elefantes, zebras, gi-
rafas, leões, leopardos e guepardos. Localizado no sertão do Nordeste, este é o único
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

bioma que se apresenta apenas no Brasil. Considerado


GRANDES BIOMAS NO BRASIL o bioma mais seco do país, apresenta clima predominan-
temente semiárido. A vegetação é adaptada à falta de
Devido à sua grande expansão, o Brasil possui seis água, se compondo de cactos, ervas rasteiras, árvores e
grandes biomas terrestres, bastante diferentes entre si. A arbustos baixos com galhos retorcidos, podendo variar
seguir você pode conferir um mapa de como esses bio- de acordo com o período e o nível pluviométrico. Com
mas se dividem ao longo do território brasileiro e, em rica variedade de espécies de mamíferos, aves, répteis,
seguida, será possível identificar as características princi- aves, anfíbios, peixes e abelhas, destaca-se a jibóia, a ara-
pais de cada um deles.
rinha-azul, o jacaré-de-papo-amarelo e o cágado.

18
Cerrado atuais. De 1500 até o século XX são encontradas quatro
importantes posturas do ocupante da terra em relação à
Conhecido como a savana brasileira, o Cerrado ocorre questão da natureza:
na região Centro-Oeste, onde o clima é tropical sazonal,
apresentando invernos secos e verões chuvosos. Abriga • O elogio retórico e laudatório do meio natural, in-
as nascentes dos principais rios brasileiros, compreen- diferente e em certos momentos, conivente com a
dendo grande biodiversidade, sendo rodeado pelos de- devastação;
mais biomas. A vegetação varia entre espécies arbóreas, • O elogio à ação humana em uma dimensão abs-
herbáceas, arbustos e cipós, havendo grandes árvores de trata, em meio às consequências destrutivas que
troncos tortuosos, cactos e orquídeas. Apesar de ter par- resultam da colonização compulsória;
te da fauna ainda desconhecida, há muitas espécies de • A crítica da destruição da natureza, com proposta
aves, répteis, mamíferos e anfíbios, sendo os principais de modernização urbano-industrial;
representantes o tucano, o lobo-guará, a onça-parda e o • A crítica da destruição da natureza, com um mo-
veado-campeiro. delo alternativo e autônomo de desenvolvimento
nacional.
Pantanal
A dinâmica da política e gestão ambiental torna-se
Presente no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, mais acelerada a partir de 1930, mudando constante-
essa é uma das maiores planícies inundáveis do mundo, mente e adotando uma mescla das quatro noções ci-
sendo, também, o menor bioma brasileiro, em questão tadas acima, com a adição de políticas regulatórias, es-
de extensão territorial. De clima tropical, apresentando truturadoras e indutoras. Isso se deve principalmente à
períodos e chuva e períodos de seca, a fauna e a flora do mudança da administração, que adotara um perfil cen-
Pantanal se caracterizam por abrigarem espécies amea- tralizador, que, por sua vez implementa definitivamente
çadas de outros biomas, variando de acordo com o rele- a regulamentação ambiental.
vo e o período do ano. É rico em variedade de espécies Sendo assim, mais três períodos podem ser conside-
de aves e peixes, e conta com matas, cerradões, savanas rados neste curto espaço de tempo dentro do século XX:
e brejos.
• De 1930 a 1971, onde a política ambiental é carac-
Pampa terizada pela construção de todo um repertório re-
gulamentador de ações no sentido da preservação
Concentrado no Sul do Brasil, também conhecido ambiental e penalização do infrator;
como “Campos Sulinos” , este bioma apresenta as qua- • De 1972 a 1987, presenciamos o auge do estado
tro estações do ano bem definidas, predominando o cli- intervencionista em matéria ambiental;
ma temperado do tipo subtropical frio. Sua vegetação é • De 1988 aos dias atuais, presenciamos os pro-
campestre e uniforme, como gramíneas, podendo haver cessos de democratização e descentralização dos
a ocorrência de alguns arbustos, leguminosas e cactos. meios decisórios, onde emerge o conceito que se
No que diz respeito à fauna, possui elevado número de torna palavra de ordem da preservação ambiental
espécie de aves e uma grande variedade de insetos, além em escala mundial: desenvolvimento sustentável.
de mamíferos, sendo o pica-pau, a ema, o joão-de-barro
e o veado-campeiro seus principais representantes.
FIQUE ATENTO!
POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL NO Ao longo da história, presenciamos no Brasil
BRASIL um distanciamento entre estas três modali-
dades, de políticas regulatórias, estrutura-
doras e indutoras, passando por obstáculos
O tema Política e gestão ambiental no Brasil refere-se
culturais e institucionais que ainda não per-
ao modo como, em retrospectiva, o Brasil, por meio de
mitiram atingir-se um excelente modelo de
seus governos, vem tratando a questão ambiental atra- política ambiental. O governo, em grande
vés dos anos. O conceito de gestão está associado prin- parte, concentra-se ainda em obter resulta-
cipalmente à atuação no tempo presente, associada a dos rápidos, a curto prazo, ao contrário de
procedimentos operacionais, à administração e à aplica- ganhos perenes.
ção das leis, regulamentos, indicadores, normas, planos e
programas. Já o conceito de política pública está restrito
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

a uma atividade especializada do Estado moderno.


Sendo assim, a importância de tal questão já emerge
na prevalência do nome do país, Brasil, em relação a ou- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tros, na maioria de cunho religioso, como por exemplo
“Terra de Santa Cruz”, que foram dados à terra a ser co- O Brasil dispõe de instrumentos sofisticados de pla-
lonizada por Portugal. nejamento e gestão ambiental, que contemplam a espa-
Deste modo, o nome Brasil é resultado direto da visão cialização dos processos, estimulam a participação dos
mercantilista de exploração das riquezas naturais do ter- atores locais das áreas de atuação, possuem uma reta-
ritório, questão com a qual o país se debate até os dias guarda técnica substantiva e se amparam num quadro

19
legislativo bem discriminado. Existem leis, metodologias, • Vestimenta;
colegiados e propostas definidas à exaustão. Contudo, • Culinária;
a efetivação das ações e metas revela-se ainda bastante • Manifestações religiosas;
problemática, muito aquém do requerido pela dinâmica • Tradições;
territorial e populacional vivenciada pelo país [...]. Num • Música;
país construído na apropriação de espaços, onde “gover- • Comidas típicas;
nar é construir estradas”, a ideia de natureza como valor • Festividades tradicionais;
em si tem dificuldade em se enraizar nas práticas sociais. • Folclore.
Antônio Carlos Robert Moraes. Território e História no
Brasil. São Paulo: Annablume, p. 86. 2005 Deste modo, o Brasil, por conter um extenso territó-
Com base na citação acima, julgue os itens abaixo: rio, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e
culturais entre as suas regiões.
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A legislação ambiental Sendo assim, os principais disseminadores da cultu-
brasileira precisa ser aprimorada, de forma a garantir a ra brasileira são os colonizadores europeus, a população
proteção do valioso patrimônio natural do país. indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imi-
grantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes,
( ) CERTO  ( ) ERRADO entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do
Brasil.
Resposta: Errado. Na verdade, a legislação ambiental
Desta forma, dentro desse contexto, alguns aspectos
brasileira já está adequada a fim de defender o patri-
culturais das regiões brasileiras serão abordados.
mônio cultural do país, o que vem ocorrendo, é um
Na Região Nordeste, entre as manifestações culturais
processo de abertura de brechas para uso indevido.
da região estão danças e festas como o bumba meu boi,
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) No Brasil, o padrão maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de
histórico de exploração dos recursos naturais se impõe zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira.
sobre os modernos instrumentos de planejamento e ges- Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá
tão ambiental. e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de
Cordel é outro elemento forte da cultura nordestina. O
( ) CERTO  ( ) ERRADO artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os
pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar,
Resposta: Certo. A concepção e os valores criados buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, fei-
pela historicidade brasileira, desconsideram o concei- jão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo
to de preservação e conservação do ambiente, peran- de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha,
te a ocupação e a produção do espaço cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
No que tange a Região Norte, a quantidade de even-
Sobre as formações fitogeográficas ou Biomas exis- tos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas
tentes no Brasil, julgue o item abaixo: populares do Norte são o Círio de Nazaré, em Belém
(PA), e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Pantanal ocorre nos boi-bumbá do país, que ocorre em junho, no Amazonas.
estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, carac- Outros elementos culturais da região Norte são: o ca-
terizando-se como uma região plana que é alagada nos rimbó, o congo ou congada, a folia de reis e a festa do
meses de cheias dos rios. divino.
Vale lembrar, a influência indígena é fortíssima na
( ) CERTO  ( ) ERRADO culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes.
Outros alimentos típicos do povo nortista são: carne de
Resposta: Certo. O Pantanal está localizado no su- sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá (espécie
doeste de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de
Sul. Esse bioma é uma das maiores planícies inundá- erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.
veis do planeta. Durante os períodos chuvosos (ou- Dentro da Região Centro-Oeste, a cultura do Cen-
tubro a abril), o nível dos rios na bacia do Paraguai tro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo
aumenta e inunda a planície, cobrindo até dois terços contribuições principalmente dos indígenas, paulistas,
da área pantaneira. mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São mani-
festações culturais típicas da região: a cavalhada e o fo-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

garéu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso


O BRASIL E A QUESTÃO CULTURAL e Mato Grosso do Sul. A culinária regional é composta
por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro,
arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamo-
Quando analisamos o Brasil e sua população, é pos- nha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado,
sível notarmos uma gigantesca mescla cultura, com isso, pacu, dourado, entre outros.
toda essa diversidade cultural refere-se aos diferentes No tocante a Região Sudeste, os principais elemen-
costumes de uma sociedade, entre os quais podemos tos da cultura regional são: festa do divino, festejos da
mencionar: páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas,

20
bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Os nativos brasileiros,
velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia são oriundos dos indígenas, os europeus brancos e os
de reis, caiapó. africanos, povo que aqui foi escravizado.
Ademais, a culinária do Sudeste é bem diversificada
e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos
típicos se destacam a moqueca capixaba, pão de queijo, Resposta: Certo. A formação étnica da população
feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bo- brasileira possui como principais elementos o negro
linho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz africano, o indígena nativo e o branco europeu.
paulista, farofa, pizza, dentre outros.
Já na Região Sul, é formada de aspectos culturais
dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmen-
te, alemães e italianos. As festas típicas são: a Festa da A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO
Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA
a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a ECONOMIA
tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa
Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a Nos últimos 50 anos, as chamadas economias em
dança de fitas, boi na vara. Na culinária estão presentes: desenvolvimento alcançaram níveis expressivos de in-
churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco dustrialização e urbanização, formando uma burguesia
assado, barreado (cozido de carne em uma panela de
nacional e uma classe média de assalariados com ren-
barro), vinho.
da relativamente elevada. Esse momento pode ser com-
preendido por meio de dois pressupostos: a participação
FIQUE ATENTO! do Estado como empresário e a atração de empresas
Apesar do processo de globalização, que transnacionais.
busca a mundialização do espaço geográfi- Sendo assim, após a década de 1950, ocorreu no
co, tentando, através dos meios de comuni- Brasil o processo de internacionalização da economia,
cação, criar uma sociedade homogênea, os com grande participação do Estado como empresário
aspectos locais continuam fortemente pre- e no desenvolvimento de infraestrutura (transportes,
sentes. A cultura é um desses aspectos: vá- energia, portos) e políticas de incentivos fiscais. Todos
rias comunidades continuam mantendo seus esses fatores, aliados à disponibilidade de mão-de-o-
costumes e tradições. bra barata, mercado consumidor emergente e acesso a
matérias-primas e fontes de energia, atraíram empresas
transnacionais para o território brasileiro. Houve uma
grande ampliação do parque industrial, principalmente
EXERCÍCIO COMENTADO indústrias de bens de consumo duráveis (automóveis e
eletrodomésticos).
O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico, deste Com isso, o país conheceu a sua industrialização tardia
modo, quando analisamos a formação do Brasil e de sua e adotou plenamente o Fordismo, um sistema produtivo
população, é possível notarmos uma gigantesca mescla tradicional que considerava a capacidade de produção e
cultura, com isso, toda essa diversidade cultural refere-se os grandes parques industriais como fundamentos para
aos diferentes costumes de uma sociedade e aos povos que a atividade industrial. Esse padrão concretizado com o
ocuparam cada uma das regiões do país. governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi amplia-
do pela ditadura militar (1964-1985). Os militares criaram
Com base em seus conhecimentos, e no fragmento obras estruturais em diferentes regiões brasileiras, a des-
acima, julgue os itens abaixo: tacar as usinas hidrelétricas e as rodovias. Muitos muni-
cípios do interior do estado de São Paulo começaram a
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Foram os portugue- desenvolver seus distritos industriais. Durante a década
ses, os africanos e os imigrantes árabes, japoneses, italia- de 1970, ocorreu o “milagre econômico brasileiro”, que
nos e alemães que formaram efetivamente a população elevou o país à posição de 8ª economia mundial no ano
brasileira.
de 1973, com taxas anuais de crescimento em torno de
10%.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Deste modo, no caso brasileiro, o modelo fordista


Resposta: Errado. Na da população brasileira, des- trouxe crescimento econômico para o país, mas não foi
taca-se mais os elementos nativos e africanos, deste capaz de promover o desenvolvimento econômico re-
modo, não podemos afirmar que árabes, japoneses, gional. O aumento de renda per capita de um país nem
italianos e alemães formaram efetivamente nossa con- sempre representa avanços na qualidade de vida. O cres-
cepção étnica e cultural. cimento que o Brasil obteve, principalmente durante o
período correspondente ao regime militar, construiu um
arcabouço técnico e logístico para o desenvolvimento,
mas não o privilegiou.

21
Assim, a partir da década de 1980, ocorreu o esgota- antes funcionavam nesta região. Estas empresas, no
mento da capacidade do Estado em promover o desen- entanto, não se instalaram de maneira significativa nas
volvimento industrial (fim do Estado empresário) devido capitais. São Luís, por exemplo, minha cidade natal e
às políticas econômicas malsucedidas que aumentaram a apontada no enunciado, tem atividade industrial bas-
dívida externa e a inflação. No plano externo, os países tante incipiente.
desenvolvidos começaram a adotar medidas neoliberais,
reduzindo o papel do Estado na sua participação em de- 2. (ABIN – Oficial de Inteligência – CESPE – 2018) O
terminados setores econômicos. Brasil, potência regional na economia do mundo, integra
Outrossim, o Brasil iniciou, a partir da década de redes de produção e consumo em escala global, princi-
1990, um acelerado programa de abertura econômica palmente nos setores de produção de soja, minério de
conduzido pelo governo Collor. Através da redução de ferro, óleos brutos de petróleo, automóveis de passagei-
alíquotas de importações, desregulamentação do Esta- ros e açúcar de cana bruto.
do, privatizações das empresas estatais e diminuição de
subsídios, mudanças profundas foram implementadas na ( ) CERTO  ( ) ERRADO
estrutura industrial do país. Apesar de estimular a com-
petitividade, muitas pequenas e médias empresas não Resposta: Certo. Em poucas palavras, a questão afir-
tiveram suporte técnico e financeiro para se adaptarem a ma que o Brasil é um exportador de commodities e de
essas transformações. automóveis, o que está correto. Sobre os automóveis,
Desta forma, até os dias atuais, a principal dificuldade é importante ressaltar que nosso país exporta princi-
enfrentada pelos pequenos e médios empreendedores palmente para os países da América Latina e da África.
no Brasil é que os investimentos em tecnologia e o cré-
dito necessário para a efetuação de qualquer base de es-
truturação produtiva ainda dependem do resguardo es- A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO. A IN-
tatal. Enfim, o país abraçou o neoliberalismo econômico TEGRAÇÃO BRASILEIRA AO PROCESSO DE INTER-
como política de Estado. NACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA;

O Brasil é um país organizado em forma de República


#FicaDica Federativa e está localizado na América do Sul, sendo o
Os países emergentes como o Brasil, remo- maior país dessa região continental, com uma área de
veram os obstáculos ao capital internacio- 8.515.767,049 km². Politicamente, o território brasileiro é
nal, como as elevadas tarifas alfandegárias. subdividido em 26 estados e o Distrito Federal, cuja capi-
Com isso, juntando aos fenômenos da glo- tal é a cidade de Brasília.
balização e abertura econômica, ocorreu A área territorial do Brasil faz com que esse país
promoção de um aumento sem preceden- seja o quinto maior do mundo, atrás somente de Rús-
tes do volume de IEDs - Investimentos Es- sia, Canadá, China e Estados Unidos. Por essa razão, é
trangeiros Diretos, no Brasil. Vale lembrar, caracterizado como um país continental ou país com
que um dos setores que mais recebeu IEDs dimensões continentais, uma vez que o tamanho de
foi a indústria automobilística. sua área é muito próximo ao de um dos continentes, no
caso a Oceania.
No total, o Brasil ocupa 47% da América do Sul –
quase a metade, portanto – e não faz fronteira somente
EXERCÍCIOS COMENTADOS com dois países sul-americanos: Equador e Chile. A leste,
o Brasil é banhado em uma vasta extensão pelo Ocea-
Julgue os próximos itens, relativos à industrialização e no Atlântico, com um litoral que percorre um total de
à integração do Brasil ao processo de internacionalização 7.367km², o que coloca o país como o 16º no ranking
da economia. mundial de maiores áreas litorâneas.
A população brasileira, de acordo com estimativas
1. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018) recentes divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia
Com a desconcentração da indústria paulista, as princi- e Estatística (IBGE), é de 202.033.270 habitantes, a quin-
pais regiões metropolitanas nordestinas (Salvador, Reci- ta maior do planeta, atrás de China, Índia, Estados Uni-
fe, Fortaleza e São Luís) tornaram-se novas aglomerações dos e Indonésia. Desse total, a maior parte concentra-se
industriais, devido a algumas condições básicas: situação nas áreas litorâneas, principalmente na região Sudeste.
geográfica adequada para a implantação de indústrias Como as taxas de crescimento demográfico são baixas
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

em razão da proximidade de rotas de comércio interna- atualmente, é possível que nas próximas décadas o Brasil
cional; e aumento do número de empregos industriais seja ultrapassado por Paquistão e Nigéria.
diretos e indiretos com mão de obra barata e qualificada. Os aspectos físicos do Brasil indicam a presença de
três principais formas de relevo: as planícies, os planaltos
( ) CERTO  ( ) ERRADO e as depressões relativas, não havendo depressões abso-
lutas (abaixo do nível do mar) nem montanhas, apenas
Resposta: Errado. De fato, alguns estados nordesti- serras. Em uma dessas serras, a do Imeri, encontra-se o
nos beneficiaram-se da desindustrialização do Sudes- ponto mais alto do país, o Pico da Neblina, que possui
te e se tornaram destino de algumas indústrias que uma altitude de 2.994 m acima do nível do mar.

22
Em geral, essas características são resultantes do fato A ONU também tem destacado o papel do Brasil na
de o relevo brasileiro ser geologicamente antigo e tam- diminuição do índice de pobreza mundial. A nação foi
bém por não se encontrar nas áreas de encontro entre elogiada por ter elevado seus índices de educação e por
duas placas tectônicas, o que explica a não ocorrência ter aumentado o salário mínimo nos últimos anos.
de vulcões e de grandes e frequentes terremotos. Pelo Dessa forma, o Brasil vem garantindo sua inserção so-
mesmo motivo, o território do Brasil abriga apenas dois berana no mundo e tem alcançado um protagonismo na
tipos de províncias geológicas: as bacias sedimentares e América do Sul.
os crátons (plataformas continentais e escudos cristali-
nos), não existindo os dobramentos modernos. Industrialização no Brasil
Uma característica marcante do Brasil em termos na-
turais é a grande diversidade em termos de fauna e flora. A industrialização no Brasil foi historicamente tardia
No país, existe uma grande variedade de florestas, clas- ou retardatária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Pri-
sificadas em seis grupos principais (Amazônica, Cerrado, meira Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de
Mata Atlântica, Caatinga, Araucárias e Pampa) e três re- economia colonial.
siduais (Pantanal, Mata de Cocais e os Manguezais). Em
número de espécies de animais, o Brasil também se des- Fatores da Industrialização no Brasil
taca, o que o classifica como o território de maior biodi-
versidade do planeta.
Quanto aos aspectos econômicos do Brasil, destaca-
-se o fato de o país possuir um dos maiores PIBs (Pro-
duto Interno Bruto) do mundo, com US$ 2,2 trilhões. No
entanto, o seu PIB per capita, que é o valor dividido pela
população, ainda é menor do que uma grande quantida-
de de países. Em termos gerais, a economia brasileira é
caracterizada como de perfil subdesenvolvido emergen-
te, compondo o grupo de países que, eventualmente,
podem apresentar um maior grau de desenvolvimento.
O país também faz parte do grupo das economias em
desenvolvimento altamente industrializadas, embo-
Vários fatores contribuíram para o processo de indus-
ra a maior parte dessas indústrias pertença a empresas
trialização no Brasil:
estrangeiras.
Em termos culturais, o Brasil apresenta uma imensa
• a exportação de café gerou lucros que permitiram
diversidade em costumes, folclores, religiões e tradições.
o investimento na indústria;
Essa complexidade cultural também representa a gran-
• os imigrantes estrangeiros traziam consigo as téc-
de miscigenação étnica existente no país, muito embora nicas de fabricação de diversos produtos;
existam, em grande escala, problemas concernentes à in- • a formação de uma classe média urbana consumi-
tolerância e ao preconceito. dora, estimulou a criação de indústrias;
• a dificuldade de importação de produtos industria-
O Brasil alcançou um papel de destaque no mundo lizados durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
nos últimos dez anos. A nação é uma das mais importan- 1918) estimulou a indústria.
tes dentro do bloco dos países emergentes e tem dado
muitas demonstrações de força econômica e social. A passagem de uma sociedade operária para uma ur-
O Brasil melhorou economicamente, conseguiu redu- bano industrial, mudou a paisagem de algumas cidades
zir a desigualdade social e tirou milhões de pessoas da brasileiras, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro.
extrema pobreza desde o governo do ex-presidente Luís
Inácio Lula da Silva. Segundo o Relatório de Desenvol- Resumo das fases do desenvolvimento industrial
vimento Humano (RDH), do Programa das Nações Uni- brasileiro
das para o Desenvolvimento (Pnud) 2013, a previsão é
de que o Brasil, juntamente com China e Índia, responda Mais de trezentos anos sem indústrias
por 40% da riqueza global em 2050.
O destaque do Brasil como emergente também pos- Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a
sibilitou que o país conseguisse eleger o diplomata Ro- 1822) não houve desenvolvimento industrial em nosso
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

berto Azevêdo para o posto de diretor-geral da Organi- país. A metrópole proibia o estabelecimento de fábricas
zação Mundial do Comércio. Esse fato demonstra que o em nosso território, para que os brasileiros consumissem
país tem uma boa reputação internacional, pois essa é a os produtos manufaturados portugueses. Mesmo com a
primeira vez na história que um latino-americano alcança chegada da família real (1808) e a Abertura dos Portos
o posto máximo da organização. às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do
Outro ponto de destaque para o Brasil diz respeito a exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos
sua influência no cenário internacional. Os avanços so- ingleses.
ciais e econômicos do Brasil levaram o país a desenvolver
uma imagem positiva no exterior.

23
História do início da industrialização Economica dos recursos naturais

Foi somente no final do século XIX que começou o A economia dos recursos naturais é o ramo da econo-
desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeiculto- mia que lida com os aspectos da extração e exploração
res passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a dos recursos naturais ao longo do tempo, e a sua opti-
exportação do café, no estabelecimento de indústrias, mização em termos económicos e ambientais.[1] Procura
principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábri- compreender o papel dos recursos naturais na economia,
cas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação a fim de desenvolver métodos de gestão mais sustentá-
mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas era, vel destes recursos para garantir a sua disponibilidade
na maioria das vezes, formada por imigrantes italianos. para as gerações futuras.
O que se conhece por “economia dos recursos natu-
Era Vargas e desenvolvimento industrial rais” é um campo da teoria microeconômica que emerge
das análises neoclássicas a respeito da utilização das ter-
Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas ras agrícolas, dos recursos minerais, dos peixes, dos re-
(1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um gran-
cursos florestais madeireiros e não madeireiros, da água,
de impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar
todos os recursos naturais reprodutíveis e os não repro-
a industrialização do país, privilegiando as indústrias
dutíveis. (Maria Amélia Enriquez)
nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência
externa. Com leis voltadas para a regulamentação do
mercado de trabalho, medidas protecionistas e investi- • Renováveis - São recursos compatíveis com o hori-
mentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu zonte de vida do homem.
significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora.
desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros
urbanos da região sudeste, provocando uma grande dis- • Não Renováveis - São recursos que necessitam de
paridade regional. eras “geológicas” para sua formação.
Durante este período, a indústria também se benefi- Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis
ciou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), (petróleo e gás natural).
pois, os países europeus, estavam com suas indústrias ar-
rasadas, necessitando importar produtos industrializados “Um recurso que é extraído mais rápido do que é
de outros países, entre eles o Brasil. renovado por Processos naturais é um recurso não re-
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um gran- novável. Um recurso que é Reposto tão rápido quan-
de desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de to é extraído é certamente renovável” (Irene Domenes
gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas, Zapparoli).
plásticos, fertilizantes, etc.). O principal critério para a classificação dos recursos
naturais é a capacidade de recomposição de um recur-
Período JK so no horizonte do tempo humano. Um recurso que é
extraído mais veloz do que é renovado por processos
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 naturais é um recurso não-renovável. Um recurso que é
-1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou reposto tão rápido quanto é retirado é certamente um
novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capi- recurso renovável.
tal internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi
durante este período que ocorreu a instalação de mon- Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos
tadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, a atual classificação:
Volkswagen e Willys) em território brasileiro.
• Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora
Últimas décadas do século XX
no geral.
• Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Bra-
reprodutíveis: minérios, combustíveis.
sil continuou a crescer, embora, em alguns momentos
de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o
Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diver- O estudo da economia dos recursos naturais tem
sos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas, adquirido importância crescente em várias correntes do
roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios in- pensamento econômico, mas a abordagem dominante
dustrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a in- ainda é a da economia neoclássica (também chamada de
dústria nacional ainda é dependente, em alguns setores, economia convencional).
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

(informática, por exemplo) de tecnologia externa.


Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais:
Dados atuais
• Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre,
• Felizmente, o Brasil está apresentando, embora bronze;
pequena, recuperação na produção industrial. De • Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás;
acordo com dados do IBGE, divulgados em 1 de • Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais
fevereiro de 2019, a indústria brasileira apresentou – podem ser finitos, a depender do seu grau de
crescimento de 1,1% em 2018. utilização

24
• Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais 25.827 hectares, há também propriedades de tamanho
minérios – podem ser recuperados, porém em es- superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área
calas de tempo sobre-humanas. de 24.047.669 hectares.
Outra forma de concentração de terras no Brasil é
Como podemos perceber analisando o breve esque- proveniente também da expropriação, isso significa a
ma acima a maioria dos recursos naturais, mesmo os re- venda de pequenas propriedades rurais para grandes
nováveis, podem não ser inesgotáveis, principalmente se latifundiários com intuito de pagar dívidas geralmente
forem utilizados de maneira irresponsável e em larga es- geradas em empréstimos bancários, como são muito pe-
cala. Com isso, talvez o maior desafio, não somente dos quenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não
gestores ambientais, mas de toda a espécie humana, seja alcançam uma boa produtividade e os custos são eleva-
justamente o de conciliar o desenvolvimento econômico dos, dessa forma, não conseguem competir no mercado,
com a preservação e conservação do meio ambiente. ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favorece o sis-
E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utilização tema migratório do campo para a cidade, chamado de
de fontes de energia limpas, baratas e economicamente êxodo rural.
viáveis, para que sejam atendidas todas as necessidades A problemática referente à distribuição da terra no
energéticas da humanidade, porém, sem prejudicar nem Brasil é produto histórico, resultado do modo como
esgotar as reservas naturais, preservando-as e conser- no passado ocorreu a posse de terras ou como foram
vando-as para as próximas gerações que estão por vir. concedidas.
Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia A distribuição teve início ainda no período colonial
após dia, em todo o mundo. Painéis solares à base de com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias,
garrafas PET, biodigestores, moinhos e cataventos ge- caracterizada pela entrega da terra pelo dono da capita-
radores de energia eólica, geradores de energia a par- nia a quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma,
tir das ondas do mar, carregadores de celular à base de como no passado a divisão de terras foi desigual os re-
energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar, flexos são percebidos na atualidade e é uma questão ex-
computadores que funcionam movidos a pedais de bici- tremamente polêmica e que divide opiniões.
cleta, enfim, uma verdadeira infinidade de ideias inova-
doras que, com investimento e, sobretudo, boa vontade,
Agricultura no Brasil atual
podem perfeitamente ajudar a solucionar boa parte dos
problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas necessi-
Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo
dades energéticas de locomoção e bem-estar.
processo de mecanização e expansão das atividades em
direção à região Norte.
Estrutura fundiária do Brasil
A atividade do setor agrícola é uma das mais impor-
tantes da economia brasileira, pois, embora componha
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as
pouco mais de 5% do PIB brasileiro na atualidade, é res-
propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus
ponsável por quase R$100 bilhões em volume de expor-
respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das
desigualdades que acontecem no campo. tações em conjunto com a pecuária, segundo dados da
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configu- Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da
ra como um dos principais problemas do meio rural, isso Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A pro-
por que interfere diretamente na quantidade de postos dução agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais
de trabalho, valor de salários e, automaticamente, nas responsáveis pelos valores da balança comercial do país.
condições de trabalho e o modo de vida dos trabalha- Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil
dores rurais. passou por diversos ciclos e transformações, indo desde
No caso específico do Brasil, uma grande parte das a economia canavieira, pautada principalmente na pro-
terras do país se encontra nas mãos de uma pequena dução de cana-de-açúcar durante o período colonial, até
parcela da população, essas pessoas são conhecidas as recentes transformações e expansão do café e da soja.
como latifundiários. Já os minifundiários são proprietá- Atualmente, essas transformações ainda ocorrem, sobre-
rios de milhares de pequenas propriedades rurais espa- tudo garantindo um ritmo de sequência às transforma-
lhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas ções técnicas ocorridas a partir do século XX, como a me-
vezes não conseguem produzir renda e a própria subsis- canização da produção e a modernização das atividades.
tência familiar suficiente. A modernização da agricultura no Brasil atual está
Diante das informações, fica evidente que no Brasil diretamente associada ao processo de industrialização
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

ocorre uma discrepância em relação à distribuição de ocorrido no país durante o mesmo período citado, fator
terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quan- que foi responsável por uma reconfiguração no espaço
tidade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, geográfico e na divisão territorial do Brasil. Nesse novo
esses aspectos caracterizam a concentração fundiária panorama, o avanço das indústrias, o crescimento do se-
brasileira. tor terciário e a aceleração do processo de urbanização
É importante conhecer os números que revelam colocaram o campo economicamente subordinado à ci-
quantas são as propriedades rurais e suas extensões: dade, tornando-o dependente das técnicas e produções
existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais infe- industriais (máquinas, equipamentos, defensivos agríco-
rior a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma área de las etc.).

25
Podemos dizer que a principal marca da agricultura Revolução Verde, no século passado, foi a principal res-
no Brasil atual – e também, por extensão, a pecuária – é a ponsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa re-
formação dos complexos agrícolas, notadamente desen- gião, pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus
volvidos nas regiões que englobam os estados de São solos de elevada acidez. O principal produto é a soja,
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Para- também voltada para o mercado externo.
ná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de soja,
a carne para exportação e também a cana-de-açúcar, em
razão do aumento da necessidade nacional e internacio-
nal por etanol.
Na região Sul do país, a produção agrícola é carac-
terizada pela ocupação histórica de grupos imigrantes
europeus, pela expansão da soja voltada para a exporta-
ção nos últimos decênios e pela intensiva modernização
agrícola. Essa configuração é preponderante no oeste do
Paraná e de Santa Catarina, além do norte do Rio Grande
do sul. Além da soja, cultivam-se também, em larga esca-
la, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecuária, a
maior parte da produção é a de carne de porco e de aves.
Na região Sudeste, assim como na região sul, a me-
canização e produção com base em procedimentos in-
tensivos de alta tecnologia são predominantes. Embora Produção mecanizada de soja no Mato Grosso
seja essa a região em que a agricultura encontra-se mais
completamente subordinada à indústria, destacam-se os Por fim, a região Norte é caracterizada por receber,
altos índices de produtividade e uso do solo. Por outro atualmente, as principais frentes de expansão, vindas do
lado, com a maior presença de maquinários, a geração Nordeste e do Centro-Oeste. A região do “matopiba”
de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por exemplo, é a
agroindústrias. As principais culturas cultivadas são o área onde a pressão pela expansão das atividades agrá-
café, a cana-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para rias ocorre mais intensamente, o que torna a região Nor-
os laranjais. te como o futuro centro de crescimento do agronegócio
brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ain-
da são de caráter extensivo e de baixa tecnologia, com
ênfase na pecuária primitiva, na soja em expansão e em
outros produtos, que passam a competir com o extrati-
vismo vegetal existente.

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma


relativa pluralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, pre-
domina o cultivo das plantations, presente desde tempos
coloniais, com destaque novamente para a cana, voltada
atualmente para a produção de álcool e também de açú-
car. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da agri- Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região
Norte
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

cultura familiar e também de algumas zonas com uma


produção mais mecanizada. O principal cultivo é o de
frutas, como o melão, a uva, a manga e o abacaxi. Além As relações de trabalho no campo
disso, a agricultura de subsistência também possui um
importante papel. Diminuição do sistema de parceria:
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se
expande o cultivo pela produção mecanizada, que se Com a capitalização do campo, as relações de traba-
expande em direção à Amazônia e vem pressionando a lho tradicionais vão desaparecendo porque são substi-
tuídas pelo trabalho assalariado, ou porque o proprietá-
expansão da fronteira agrícola para o norte do país. A
rio prefere deixar a terra ociosa á espera de valorização.

26
Expansão de um regime associativo: bem como a consolidação de um cenário de grande de-
sigualdade social no campo. Em 1850, a promulgação da
Com a capitalização do campo, as relações de traba- Lei de Terras, estabeleceu a compra como único meio
lho tradicionais tendiam a desaparecer mais, porque são de obtenção desse importante recurso produtivo. Des-
substituídas pelo trabalho assalariado, no entanto, para sa forma, as elites agrárias foram beneficiadas, dado que
diminuir custo e encargos, as grandes empresas desen- elas dispunham do poder econômico, o que lhes con-
volveram uma nova forma de trabalhar no campo, incen- feriu grande vantagem na aquisição de vastas áreas. Ao
tivando o pequeno e o médio produtor a produzir para mesmo tempo, os pequenos agricultores, destituídos do
eles. poder econômico (e também político), acabaram por se
manter a margem da aquisição de terras.
Agricultura Familiar x Agricultura Comercial

A produção agrícola no Brasil está organizada basi-


camente em dois modelos. A agricultura familiar repre-
senta boa parte do estabelecimento agrícolas brasileiros,
e se dedica basicamente à produção de alimentos que
abastecem o mercado interno. Nesse tipo de agricultu-
ra, as técnicas empregadas são em geral rudimentares,
ou seja, sem um elevado grau tecnológico. São utiliza-
das técnicas que não contribuem para elevada produti-
vidade, como por exemplo as queimadas, ou mesmo a
rotação de culturas e pousio. Esse agricultores contam
com o apoio de programas de acesso ao crédito, como
o “Pronaf”, contudo ainda tem dificuldades na aquisição
dos insumos agrícolas, como fertilizantes e maquinário.
Por outro lado, a agricultura comercial, também co-
nhecida como agronegócio, baseia-se na produção em
larga escala das chamadas COMMODITIES agrícolas,
principalmente de grãos como a soja, milho e café. Esses
produtos tem grande demanda mundial, e tem seus valo-
res definidos por ela. São produzidos em grandes exten-
sões de terra, uma vez que a abundância delas no Brasil
reduz seu valor. Como esses agricultores detêm elevado
poder econômico ocorre a aquisição de largas faixas do
território brasileiro, com destaque para as regiões Cen-
tro-Oeste e mais recentemente Norte e Nordeste (oeste
da Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão).
Em termos de tecnologia, a agricultura comercial faz
uso intensivo de maquinário, fertilizantes químicos, pes-
ticidas, ou mesmo organismos geneticamente alterados
(OGM`s). O emprego da tecnologia garante a esses pro-
dutores agrícolas grande eficiência na produção, o que
também repercute em lucros elevados. As lavouras tam-
bém são restritas a um único tipo de cultivo, as chamadas
“monoculturas de exportação”. É importante destacar Os resultados da Lei de Terras associados a outros
que essas lavouras respondem por 22% do PIB brasilei- fatos históricos, repercutem nos dias atuais. No entan-
ro e que promovem crescimento econômico também no to, há uma nítida concentração das disputas que envol-
setor secundário, por meio da produção de máquinas e vem a terra na região de expansão da fronteira agrícola,
equipamentos utilizados no plantio/colheita, bem como basicamente na região Norte do país. Entende-se como
no setor terciário, uma vez que dependem do armazena- fronteira agrícola, as áreas incorporadas pela agrope-
mento, transporte e comércio de sua produção. cuária ao longo do século XX. Ao final dos ano 1940, a
Em resumo, enquanto a agricultura familiar é marca- elevação dos preços da terra na região Sudeste e Sul,
da pela diversidade de cultivos, a agricultura comercial associada à necessidade de expansão das lavouras, mo-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

está diretamente a atrelada a elevada produção de ape- tivou a abertura de novas faixas produtivas no território
nas um gênero agrícola. brasileiro. Elas se concentraram, inicialmente, ao norte do
estado do Paraná, e na porção sul do atual Mato Gros-
A Geografia dos conflitos fundiários no Brasil so do Sul. A baixa aptidão agrícola dos solos do Cerra-
do, típicos da região Centro-Oeste do Brasil, foi resol-
Os conflitos fundiários são disputas pela posse da ter- vida por meio da biotecnologia utilizada pela Empresa
ra presentes ao longo de toda a história brasileira. Eles es- Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), que
tão ligados basicamente a grande abundância desse fator desenvolveu sementes adaptadas às restrições pedoló-
produtivo (a terra), aliada aos processos concentradores, gicas. Simultaneamente, o governo brasileiro, por meio

27
de incentivos fiscais (descontos e isenções de impostos) pessoas encontrem melhores condições de vida no cam-
na compra da terra, estimulou o avanço da agropecuá- po, embora esses investimentos não sejam considerados
ria para a fronteira agrícola. Contudo, a medida que a tão expressivos.
agropecuária se consolidava nessa porção do território Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos
brasileiro, as empresas agrícolas, detentoras de capital, e destacar:
tecnologia de ponta, passaram a se estabelecer no espa-
ço antes ocupados por pequenos e médios agricultores. • Aceleração da urbanização, que ocorreu concen-
trada, sobretudo, nas grandes metrópoles do país,
Êxodo rural sobretudo as da região sudeste ao longo do sécu-
lo XX. Essa concentração ocorreu, principalmente,
O êxodo rural corresponde ao processo de migração porque o êxodo rural foi acompanhado de uma
em massa da população do campo para as cidades, fe- migração interna no país, em direção aos polos
nômeno que costuma ocorrer em um período de tempo de maiores atratividades econômicas e com mais
considerado curto, como o prazo de algumas décadas. acentuada industrialização;
Trata-se de um elemento diretamente associado a várias • Expansão desmedida das periferias urbanas, com a
dinâmicas socioespaciais, tais como a urbanização, a in- formação de habitações irregulares e o crescimen-
dustrialização, a concentração fundiária e a mecanização to das favelas em várias metrópoles do país;
do campo. • Aumento do desemprego e do emprego informal:
Um dos maiores exemplos de como essa questão o êxodo rural, acompanhado do crescimento das
costuma gerar efeitos no processo de produção do espa- cidades, propiciou o aumento do setor terciário e
ço pode ser visualizado quando analisamos a conjuntura também do campo de atuação informal, gerando
do êxodo rural no Brasil. Sua ocorrência foi a grande uma maior precarização das condições de vida dos
responsável pela aceleração do processo de urbanização trabalhadores. Além disso, com um maior exérci-
em curso no país, que aconteceu mais por valores repul- to de trabalhadores de reserva nas cidades, houve
sivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas uma maior elevação do desemprego;
do campo do que pelo grau de atratividade social e fi- • Formação de vazios demográficos no campo: em
nanceira das cidades brasileiras. regiões como o Sudeste, o Sul e, principalmente,
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais inten- o Centro-Oeste, formaram-se verdadeiros vazios
sa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, man- demográficos no campo, com densidades demo-
tendo patamares relativamente elevados nas décadas gráficas praticamente nulas em várias áreas.
seguintes e perdendo força total na entrada dos anos
2000. Segundo estudos publicados pela Embrapa (Em- Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é pos-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo ru- sível citar:
ral, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com
quase 20% de toda a urbanização do país, passando para • Concentração da produção do campo, na medida
3,5% entre os anos 2000 e 2010.¹ em que a menor disponibilidade de terras propor-
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divul- ciona maior mobilidade da população rural de mé-
gado pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado dia e baixa renda;
nos tempos atuais. Em comparação com o Censo ante- • Mecanização do campo, com a substituição dos
rior (2000), quando a taxa de migração campo-cidade trabalhadores rurais por maquinários, gerando
por ano era de 1,31%, a última amostra registrou uma menos empregos no setor primário e forçando a
queda para 0,65%. Esses números consideraram as por- saída da população do campo para as cidades;
centagens em relação a toda a população brasileira. • Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir mais empregos nos setores secundário e terciário,
do número de migrantes em relação ao tamanho total o que foi possível graças ao rápido – porém tardio
da população residente no campo no Brasil, temos que, – processo de industrialização vivido pelo país na
entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo rural foi de 17,6%, um segunda metade do século XX.
número bem menor do que o da década anterior: 25,1%.
Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na déca- Agronegócio e a produção agropecuária brasileira
da de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente
a tendência de desaceleração, ao passo que as regiões O agronegócio, que atualmente recebe o nome de
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Centro-Oeste e Norte, até mesmo, apresentam um pe- agrobusiness (agronegócios em inglês), corresponde à
queno crescimento no número de habitantes do campo. junção de diversas atividades produtivas que estão dire-
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxo- tamente ligadas à produção e subprodução de produtos
do rural no Brasil são: a quantidade já escassa de tra- derivados da agricultura e pecuária.
balhadores rurais no país, exceto o Nordeste, que ainda Quando se fala em agronegócio é comum associar
possui uma relativa reserva de migrantes; e os investi- somente a produção in natura, como grãos e leite, por
mentos, mesmo que tímidos, para os pequenos produ- exemplo, no entanto esse segmento produtivo é muito
tores e agricultores familiares. Existem, dessa forma, vá- mais abrangente, pois existe um grande número de par-
rios programas sociais do governo para garantir que as ticipantes nesse processo.

28
O agronegócio deve ser entendido como um proces- População brasileira
so, na produção agropecuária intensiva é utilizado uma
série de tecnologias e biotecnologias para alcançar níveis A Geografia Humana do Brasil tem por objetivo ana-
elevados de produtividade, para isso é necessário que al- lisar as características da população brasileira, a diversi-
guém ou uma empresa forneça tais elementos. dade étnica e cultural, os aspectos socioeconômicos, o
Diante disso, podemos citar vários setores da eco- quantitativo e a distribuição populacional, a divisão re-
nomia que faz parte do agronegócio, como bancos que gional, entre outros temas relacionados. Para entender-
fornecem créditos, indústria de insumos agrícolas (fer- mos a atual estrutura da população brasileira, é impor-
tilizantes, herbicidas, inseticidas, sementes selecionadas tante uma abordagem histórica da ocupação do país e a
para plantio entre outros), indústria de tratores e peças, formação da identidade nacional.
lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vacinas e O Brasil é considerado um dos países de maior diver-
rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira sidade étnica do mundo, sua população apresenta carac-
etapa produtiva. terísticas dos colonizadores europeus (brancos), dos ne-
Posteriormente a esse processo são agregados no- gros (africanos) e dos indígenas (população nativa), além
vos integrantes do agronegócio que correspondem às de elementos dos imigrantes asiáticos. A construção da
agroindústrias responsáveis pelo processamento da ma- identidade brasileira levou séculos para se formar, sendo
téria-prima oriunda da agropecuária. fruto da miscigenação (interação entre diferentes etnias)
A agroindústria realiza a transformação dos produtos entre os povos que aqui vivem.
primários da agropecuária em subprodutos que podem Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De
inserir na produção de alimentos, como os frigoríficos, acordo com dados do último Censo Demográfico, realiza-
indústria de enlatados, laticínios, indústria de couro, bio- do em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
combustíveis, produção têxtil entre muitos outros. tística (IBGE), a população total do país é de 190.755.799
A produção agropecuária está diretamente ligada aos habitantes. Essa quantidade faz do Brasil o quinto mais
alimentos, processados ou não, que fazem parte do nos- populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados Uni-
so cotidiano, porém essa produção é mais complexa, isso dos da América (EUA) e Indonésia, respectivamente.
por que muitos dos itens que compõe nossa vida são Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoa-
oriundos dessa atividade produtiva, madeira dos móveis, do, pois a densidade demográfica (população relativa)
as roupas de algodão, essência dos sabonetes e grande é de apenas 22,4 habitantes por quilômetro quadrado.
parte dos remédios têm origem nos agronegócios. Outro fato que merece ser destacado é a distribuição de-
A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no sigual da população no território nacional. Um exemplo
setor agroindustrial, especialmente no processamento desse processo é a comparação entre o contingente po-
de café, soja, laranja e cana-de-açúcar e também criação pulacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) com o
de animais, principais produtos da época. da região Centro-Oeste (14 milhões).
A agroindústria, que corresponde à fusão entre a
produção agropecuária e a indústria, possui uma inter- Origens do Povo Brasileiro
dependência com relação a diversos ramos da indústria,
pois necessitam de embalagens, insumos agrícolas, irri- O povo brasileiro foi originado a partir da misci-
gação, máquinas e implementos. genação entre diferentes etnias.
Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau
de importância econômica para o país, no ano de 1999 A população brasileira é bastante miscigenada. Isso
somente a agropecuária respondeu por 9% do PIB do ocorreu em razão da mistura de diversos grupos huma-
Brasil, entretanto, se enquadrarmos todas as atividades nos que aconteceu no país. São inúmeras as raças que
(comercial, financeira e serviços envolvidos) ligadas ao favoreceram a formação do povo brasileiro. Os principais
setor de agronegócios esse percentual se eleva de for- grupos foram os povos indígenas, africanos, imigrantes
ma significativa com a participação da agroindústria para europeus e asiáticos.
aproximadamente 40% do PIB total.
Esse processo também ocorre nos países centrais, Povos indígenas: antes do descobrimento do Brasil, o
nos quais a agropecuária responde, em média, por 3% território já era habitado por povos nativos, nesse caso,
do Produto Interno Bruto (PIB), mas os agronegócios ou os índios. Existem diversos grupos indígenas no país,
agrobusiness representam um terço do PIB. Essas carac- entre os principais estão: Karajá, Bororo, Kaigang e Ya-
terísticas levam os líderes dos Estados Unidos e da União nomani. No passado, a população desses índios era de
Europeia a conduzir sua produção agrícola de modo quase 2 milhões de pessoas.
subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

medidas protecionistas (barreiras alfandegárias, impe- Povos africanos: grupo humano que sofreu uma mi-
dimento de importação de produtos de bens agrícolas) gração involuntária, pois foram capturados e trazidos
para preservar as atividades de seus produtores. para o Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XIX.
Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de desta- Nesse período, desembarcaram no Brasil milhões de ne-
que na economia mundial, principalmente nos países gros africanos, que vieram para o trabalho escravo. Os
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pois garan- escravos trabalharam especialmente no cultivo da cana-
te o sustento alimentar das pessoas e sua manutenção, -de-açúcar e do café.
além disso, contribui para o crescimento da exportação e
do país que o executa.

29
Imigrantes europeus e asiáticos: os primeiros europeus Crescimento migratório: é a taxa de crescimento
a chegarem ao Brasil foram os portugueses. Mais tarde, de um local medido a partir da diminuição da taxa de
por volta do século XIX, o governo brasileiro promoveu imigração (pessoas que chegam) pela taxa de emigração
a entrada de um grande número de imigrantes europeus (pessoas que se mudam).
e também asiáticos. Na primeira metade do século XX, Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa
pelo menos quatro milhões de imigrantes desembarca- de crescimento populacional calculada a partir da soma
ram no Brasil. Dentre os principais grupos humanos eu- entre o crescimento natural e o crescimento migratório.
ropeus, destacam-se: portugueses, espanhóis, italianos e Migração pendular: aquela realizada diariamente no
alemães. Em relação aos povos asiáticos, podemos des- cotidiano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar.
tacar japoneses, sírios e libaneses. Migração sazonal: aquela que ocorre durante um
Tendo em vista essa diversidade de raças, culturas e determinado período, mas que também é temporária.
etnias, o resultado só poderia ser uma miscigenação, a Exemplo: viagem de férias.
qual promoveu uma grande riqueza cultural. Por esse Migração definitiva: quando se trata de algum tipo
motivo, encontramos inúmeras manifestações culturais, de migração ou mudança de moradia definitiva.
costumes, pratos típicos, entre outros aspectos. Êxodo rural: migração em massa da população do
A demografia – ou Geografia da População – é a área campo para a cidade durante um determinado período.
da ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os Lembre-se que uma migração esporádica de campo para
processos populacionais. Para entender, por exemplo, a a cidade não é êxodo rural.
lógica atual da população brasileira é necessário, primei- Metropolização: é a migração em massa de pessoas
ramente, entender alguns conceitos básicos desse ramo de pequenas e médias cidades para grandes metrópoles
do conhecimento. ou regiões metropolitanas.
População absoluta: é o índice geral da população Desmetropolização: é o processo contrário, em que
de um determinado local, seja de um país, estado, cidade a população migra em massa para cidades menores, so-
ou região. Exemplo: a população absoluta do Brasil está bretudo as cidades médias.
estimada em 180 milhões de habitantes.
Densidade demográfica: é a taxa que mede o nú- População
mero de pessoas em determinado espaço, geralmente
medida em habitantes por quilômetro quadrado (hab/ A população brasileira está irregularmente distribuída
km²). Também é chamada de população relativa. no território, isso fica evidente quando se compara algu-
Superpovoamento ou superpopulação: é quando mas regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo,
o quantitativo populacional é maior do que os recursos apresenta uma densidade demográfica de 87 hab/km2,
sociais e econômicos existentes para a sua manutenção. as regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88%
da população, distribuída em 36% de todo o território,
fato contrário à densidade demográfica do Norte e Cen-
#FicaDica tro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab/km2 e 8,7
Qual a diferença entre um local, populoso, hab/km2, correspondendo a 64% do território total. Os
densamente povoado e superpovoado? brasileiros atualmente exercem um grande fluxo migra-
Um local densamente povoado é um local tório, internacional e nacionalmente, nesse processo é
com muitos habitantes por metro quadra- importante salientar a diferença entre emigração (saída
do, enquanto que um local populoso é um voluntária do país de origem) e imigração (o ato de esta-
local com uma população muito grande belecer-se em país estrangeiro).
em termos absolutos e um lugar superpo- Acerca das migrações externas o significado está
voado é caracterizado por não ter recur- no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver,
sos suficientes para abastecer toda a sua ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen-
população.  volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é deslocamento populacional que se realiza dentro de um
densamente povoado. O Bangladesh não é mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No
populoso, porém superpovoado. O Japão é Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu-
um país populoso, densamente povoado e nicípios que nasceram.
não é superpovoado. Os principais fluxos migratórios no Brasil estão volta-
dos para os nordestinos que saem em direção ao Sudes-
te e Centro-Oeste, isso muita vezes é provocado devido
Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que às questões de seca, falta de emprego, baixo índice de
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

acontecem em uma determinada área. industrialização em relação às outras regiões, dentre ou-
Taxa de fecundidade: é o número de nascimen- tros fatores.
tos bem sucedidos menos o número de óbitos em Outro fluxo bastante difundido é em relação aos mi-
nascimentos. grantes do Sul que saem em direção às regiões do Cen-
Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorri- tro-Oeste e Norte, esse processo deve-se aos agriculto-
dos em um determinado local. res gaúchos que procuram novas áreas de cultivo com
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento preços mais baixos.
populacional de uma localidade medido a partir da dimi-
nuição da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade.

30
GEOGRAFIA DO BRASIL contextos da sociedade e promove a instrumentalização
das diferentes técnicas e meios técnicos, que são essen-
Crescimento e Distribuição da População Brasileira ciais para as atividades humanas. A atividade industrial,
por definição, corresponde ao arranjo de práticas econô-
A população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro micas em que o trabalho e o capital transformam maté-
de Geografia e Estatística (IBGE, 2014) fica em torno de rias-primas ou produtos de base em bens de produção
203 milhões de habitantes distribuídos pelas 26 unida- e consumo.
des de federação e 5.570 municípios e o Distrito Federal. Com o avanço nos sistemas de comunicação e trans-
Com isso podemos ter dados do crescimento e distri- porte – fatores que impulsionaram a globalização –, pra-
buição da população brasileira. ticamente todos os povos do mundo passaram a con-
Três estados em particular, São Paulo (44 milhões de sumir produtos industrializados, independentemente da
habitantes, taxa de 21,7% do total da população), Mi- distância entre o seu local de produção e o local de con-
nas Gerais (20,7 milhões, taxa de 10,2%) e Rio de Janeiro sumo. Estabelece-se, com isso, uma rede de influências
(16,5 milhões, taxa de 8,1%) concentram 40% da popula- que atua em escalas que vão do local ao global.
ção. São 27 capitais que condensam 23,8% da população Graças ao processo de industrialização e sua ampla
do país, índice que vem se mantendo estável há mais de difusão pelo mundo, incluindo boa parte dos países
uma década. subdesenvolvidos e emergentes, a urbanização também
Embora as grandes cidades estejam mantendo uma cresceu, a ponto de, segundo dados da ONU, o mundo
maior concentração populacional, existe um desloca- ter se tornado, pela primeira vez, majoritariamente urba-
mento para o interior do Brasil, preferencialmente para no, isto é, com a maior parte da população residindo em
as cidades de médio porte, que variam de 100 a 500 mil cidades, feito ocorrido no ano de 2010 em diante.
habitantes. Mas como a industrialização interfere na urbanização?
É errôneo pensar que a industrialização é o único fa-
Mais informações sobre o crescimento e distribui- tor que condiciona o processo de urbanização. Afinal,
ção da população brasileira tal fenômeno está relacionado também a outros even-
tos, que envolvem dinâmicas macroeconômicas, sociais
De 1970 até a atualidade, a parcela urbana da po-
e culturais, além de fatores específicos do local. No en-
pulação brasileira cresceu de 58% naquela década para
tanto, a atividade industrial exerce uma influência quase
80% em 2000, havendo uma estimativa de crescimento
que preponderante, pois ela atua tanto no espaço das
populacional, verificando-se que as aglomerações urba-
cidades, que apresentam crescimento, quanto no espaço
nasdas Regiões Norte e Centro-Oeste crescem mais do
rural, que vê uma gradativa diminuição de seu contin-
que os centros urbanos já estabelecidos do eixo Sudeste-
gente populacional em termos proporcionais.
-Sul, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica
No meio rural, o processo de industrialização inter-
Aplicada (IPEA).
fere com a produção e inserção de modernos maquiná-
Houve um crescimento mais intenso, entre 2001 e
rios no sistema produtivo, como tratores, colheitadeiras,
2005, da população brasileira nas regiões Norte e Cen-
tro-Oeste, enquanto que na região Sudeste e Sul um rá- semeadeiras e outros. Dessa forma, boa parte da mão
pido crescimento urbano ocorreu. A região Centro-Oeste de obra anteriormente empregada é substituída por má-
teve a experiência de ter a maior taxa de crescimento quinas e técnicos qualificados em operá-las. Como con-
anual (4,9%), justificado pela ocorrência de fluxos migra- sequência, boa parte dessa população passa a residir em
tórios relativos a atividades de expansão econômica. cidades, por isso, elas tornam-se cada vez maiores e mais
A menor taxa de crescimento e distribuição da po- povoadas. Vale lembrar que a mecanização não é o único
pulação brasileira, desde a década de 1990, é apresen- fator responsável pelo processo de migração em mas-
tada pela região Nordeste, que embora apresente índi- sa do campo para a cidade, o que chamamos de êxodo
ces elevados de natalidade, possui uma abundância de rural, mas é um dos elementos mais importantes nesse
oferta de mão de obra barata que provoca a migração sentido.
para a região Sudeste, que possui uma demanda grande Além disso, a industrialização das cidades faz com
de empregos para atender às necessidades do desenvol- que elas se tornem mais atrativas em termos de migra-
vimento concentrado nos polos dinâmicos da economia ções internas, o que provoca o aumento de seus espaços
brasileira. graças à maior oferta de empregos, tanto na produção
Os processos de industrialização e urbanização fabril em si quanto no espaço da cidade, que demandará
estão intrinsecamente interligados. Foi com os avanços mais trabalho no setor comercial e também na prestação
e transformações proporcionados, por exemplo, pelas de serviços.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Revoluções Industriais na Europa que esse continente Não por acaso, os primeiros países a industrializem-
concebeu o crescimento exponencial de suas principais -se foram também os primeiros a conhecer a urbani-
cidades, aquelas mais industrializadas. Ao mesmo tem- zação em sua versão moderna, tornando-se territórios
po, o processo de urbanização intensifica o consumo nas verdadeiramente urbano-industriais. Atualmente, esse
cidades, o que acarreta a produção de mais mercadorias processo vem ocorrendo em países emergentes e sub-
e o aumento do ritmo da atividade industrial. desenvolvidos, tal qual o Brasil, que passou por isso ao
A industrialização é um dos principais fatores de longo de todo o século XX. Segundo a ONU, até 2030,
transformação do espaço geográfico, pois interfere todas as regiões do mundo terão mais pessoas vivendo
nos fluxos populacionais, reorganiza as atividades nos nas cidades do que no meio rural.

31
O grande gargalo desse modelo é o crescimento acelerado das cidades, que contribui para fomentar a macroce-
falia urbana, quando há o inchaço urbano, com problemas ambientais e sociais, além da ausência de infraestrutu-
ras, crescimento da periferização e do trabalho informal, excesso de poluição, entre outros problemas. Estima-se, por
exemplo, que até 2020 quase 900 milhões de pessoas estarão vivendo em favelas, em condições precárias de moradia
e habitação.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a procura e a oferta das atividades remuneradas ofere-
cidas pelas pessoas ao setor público e ao privado.
O mercado de trabalho acompanhou a expansão da economia e as taxas de desemprego chegaram a registrar
somente 4% de desocupação.
Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões mais elementares, conhecimento básico de inglês e in-
formática. Devido a desigualdade social do país, nem sempre esses requisitos serão cumpridos durante a vida escolar.
O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo, acumular experiências de trabalho voluntário e se pre-
parar para entrevistas.
Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho infantil e lembrar que uma criança que não estudou durante
a infância será um adulto com menos chances de conseguir um bom emprego.
Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só aumenta a competição para quem deseja se recolocar
ou entrar no mercado de trabalho.

Taxa de desemprego no Brasil em 2017


GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou não, a fim de escapar da situação de desemprego.

Atual

O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia de mercado globalizada fez com que as empresas
possam contratar pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do trabalho remoto esta tendência só
tende a aumentar.

32
Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e
habilidades em informática.
Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados como população economicamente ativa, tem suficiente
formação para ingressar no mercado de trabalho.

Tendências

As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalhador, em 2017, segundo uma consultoria brasileira
seriam:

• Capacidade de Negociação
• Execução de planejamento estratégico e projetos
• Assumir equipes de sucesso herdadas
• Domínio do idioma inglês

Mulher

Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de trabalho, vários problemas persistem como a remune-
ração inferior ao homem e a dupla jornada de trabalho.
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocupando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além
disso, em casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os homens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de
trabalhar buscam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por 76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa
diferença é de 22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil:

Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens

Jovens

Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode
ser um desafio complexo.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecnologias mais recentes, redes sociais e até programação.
Possuem bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e quem pode, viajou para o exterior.
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por conta de sua formação, desejam começar logo em
postos de comando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem empreender seu próprio negócio que
buscar um emprego tradicional.
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em geral e no Brasil em particular esbarra sempre no aces-
so à educação formal.

33
Urbanização no Brasil outros, além da migração da população das gran-
des metrópoles que buscam qualidade de vida em
Características da urbanização brasileira cidades médias.
• Crescimento do setor terciário, devido à diminui-
ção das indústrias nos grandes centros urbanos,
fazendo com que essa camada de mão de obra
seja absorvida pelo setor de serviços e comércio.
Essa nova realidade vai transformar a paisagem ur-
bana, com a diminuição das indústrias e o cresci-
mento de shoppings e centros empresariais.

Espaço urbano e seus problemas

O Espaço Urbano pode ser definido como o espaço


das cidades, o conjunto de atividades que ocorrem em
uma mesma integração local, com a justaposição de ca-
sas e edifícios, atividades e práticas econômicas, sociais e
Rua 25 de março, importante centro comercial da ci- culturais. O espaço da cidade é, dessa forma, uma paisa-
dade de São Paulo que evidencia o crescimento do setor gem representativa do espaço geográfico, um território
terciário nas metrópoles brasileiras. das práticas políticas e um lugar das visões de mundo e
Por fim, podemos destacar algumas características mediações culturais.
históricas e recentes sobre a urbanização brasileira: No entanto, é preciso estabelecer uma distinção en-
tre o urbano e as cidades. Existem cidades, por exem-
• A concentração fundiária, característica brasileira plo, que não são consideradas urbanas, por possuírem
uma pequena quantidade de habitantes e uma baixa di-
desde a colonização, desdobrou-se em baixa qua-
nâmica econômica. Para o IBGE, cidades com menos de
lidade de vida nas áreas rurais, baixos salários e
20 mil habitantes são consideradas como espaço rural.
falta de apoio ao pequeno trabalhador rural, moti-
Além disso, no meio agrário, evidenciam-se algumas prá-
vando a migração campo-cidade.
ticas e características do espaço urbano, o que nos leva
• O processo de industrialização, especialmente em a crer que o urbano transcende (vai além) do espaço das
alguns estados da região geoeconômica Centro- cidades.
-Sul, motivou a migração para as grandes cidades Nesse ínterim, podemos dizer que o espaço urbano
desses estados, que passaram a polarizar a econo- é economicamente produzido, mas socialmente viven-
mia do país. ciado, ou seja, apropriado e transformado com base em
• O processo produtivo no espaço rural, a partir ações racionais e também afetivas.
da sua modernização, começa a absorver menor O geógrafo brasileiro Roberto Lobato Corrêa afirma,
quantidade de mão de obra. em várias de suas obras, que o espaço urbano é frag-
• A construção de novas vias, a partir do modelo ro- mentado, articulado; é também o condicionante das
doviário de transporte, facilitou o processo migra- ações sociais e o reflexo destas, em uma interação dialé-
tório e o acesso aos centros urbanos. tica. Além disso, segundo o mesmo autor, ele pode ser
• Os valores da vida urbana vão ser amplamente compreendido como um conjunto de símbolos e como
disseminados pelos meios de comunicação, princi- um campo de lutas, principalmente envolvendo as clas-
palmente rádio e televisão, como forma de seduzir ses sociais.
a população rural a migrar para a cidade. Os ex- Com o desenvolvimento das técnicas, o homem pas-
cluídos do campo criam perspectiva em relação ao sou a viver em sociedade e, assim, passou a construir as
espaço urbano e acabam se inserindo no espaço suas cidades, os seus espaços de moradia. As mais anti-
urbano no circuito Inferior da Economia (mercado gas cidades datam de cerca de 9.000 a.C., que é o caso
informal). das cidades de Jericó (Palestina) e de Damasco (na Síria).
• Apesar do contínuo processo de metropolização, No entanto, durante a maior parte da história da huma-
é possível perceber na atualidade que a região Su- nidade, a população foi majoritariamente rural.
deste brasileira enfrenta o processo de desmetro- Dessa forma, com o desenvolvimento das relações in-
polização, ou seja, a redução do ritmo de cresci- dustriais, o processo de urbanização – crescimento do
mento de algumas metrópoles, a exemplo de São espaço urbano em relação ao espaço rural – passou a ser
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Paulo, que passa a apresentar um ritmo de cresci- a principal representação da modernidade. Assim, temos
mento mais lento em relação a algumas cidades a evidência de como a industrialização interfere e acen-
médias do interior. tua o processo de urbanização.
• Crescimento de cidades médias em função da des- Antes da Primeira Revolução Industrial, cerca de 90%
concentração dos investimentos produtivos (des- da população das diferentes sociedades era rural. Atual-
concentração industrial), buscando maiores vanta- mente, com a Terceira Revolução Industrial em curso, a
gens para a indústria, como isenção fiscal, terrenos humanidade atingiu pela primeira vez a maioria urba-
na, segundo dados de 2010 da Organização das Nações
e mão de obra mais baratos para a indústria, fuga
Unidas.
dos congestionamentos das metrópoles, entre

34
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) o lixo em vazadouros a céu aberto, segundo a Pesquisa
Na era moderna, podemos dizer que o processo de Nacional de Resíduos Sólidos, publicada pelo Instituto
crescimento do espaço urbano ocorre por dois argumen- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
tos de elementos principais, os fatores atrativos e os fa- Esse tipo deposição implica em riscos de contamina-
tores repulsivos. ção para a natureza e a população ao redor, pois gera
Por fatores atrativos entende-se o crescimento das chorume e emite gases, como o metano, que no proces-
cidades a partir dos supostos benefícios que elas ofe- so de decomposição, transforma-se em dióxido de car-
recem, principalmente aqueles relativos ao crescimento bono (CO2), um dos principais compostos do Efeito Estu-
industrial, em que boa parte da população do campo é fa que causa uma série problemas ambientais no Brasil.
atraída pela oferta de mão de obra, e às possibilidades Solucionar esse problema urbano envolve iniciativas
de crescimento e emancipação sociais. Esses elementos do governo e também das várias camadas da sociedade.
foram predominantes em países hoje considerados de- Destacam-se, como medidas de resolução: a criação de
senvolvidos, que passaram pelo processo de industriali- aterros sanitários adequados, a coleta seletiva, além da
zação clássica. Entre as cidades, podemos citar os casos mudança no modo de produção e consumo.
de Londres, Nova York, Paris e outras.
Por fatores repulsivos entende-se o crescimento das
Problemas urbanos: poluição
cidades em função da saída dos trabalhadores do cam-
po, em face da mecanização da produção agrícola ou da
concentração fundiária. A urbanização causada por fato- Chegou a hora de conferir os principais problemas
res repulsivos costuma ser mais acelerada e revela uma ambientais relacionados à poluição do meio ambiente
maior quantidade de problemas sociais, sendo caracte- nas zonas urbanas. Continue a leitura e entenda os deta-
rística dos países subdesenvolvidos. Entre as cidades, po- lhes de cada ocorrência!
demos citar os casos de São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade
do México, entre outras. Poluição do ar
Assim, através dos fatores atrativos e repulsivos, po-
demos perceber que o espaço urbano cresce, princi-
palmente, com a migração do tipo campo-cidade que,
quando ocorre em massa, é chamada de êxodo rural.
Quando esse processo proporciona um crescimento de-
sordenado das cidades, ou seja, quando esse crescimento
foge do controle do Estado e dos governos, observa-se
a emergência de graves problemas sociais urbanos, dos
quais destacam-se: a favelização, ocupações irregulares,
índices de miséria, violência e muitos outros.
Além de problemas sociais, a urbanização acelerada
pode evidenciar a emergência de problemas ambientais
urbanos, dentre eles, merecem destaque as ilhas de ca-
lor, as chuvas ácidas e a inversão térmica.
Portanto, mesmo sendo a expressão dos avanços da
modernidade, o espaço urbano também pode ser a prin-
cipal evidência de suas contradições.

Problemas ambientais urbanos


A agenda ambiental das cidades que se propõem a
Pessoas que moram nas grandes cidades acabam mudar a qualidade de vida das pessoas, de modo geral,
causando prejuízo ao meio ambiente, direta ou indire- propoõe destaque à qualidade do ar, sendo esse um dos
tamente. A grande concentração populacional nas zonas principais assuntos tratados nas conferências ambientais.
citadinas do Brasil e do mundo, provoca uma série de Consequências diretas à saúde da população são per-
impactos ambientais no Brasil e no mundo. cebidas facilmente quando o ar dos espaços urbanizados
Portanto, o tema dos principais problemas ambien- está carregado de toxinas. Problemas respiratórios já fa-
tais urbanos merece atenção. zem parte do cotidiano nas grandes metrópoles.
Nos itens a seguir, entenda algumas das categorias Durante a queima de combustíveis fósseis, como hi-
centrais relacionadas à essa questão e conheça os princi- drocarbonetos e carvão mineral, ocorre a liberação de
pais problemas ambientais no Brasil e no mundo: gases para a atmosfera, sendo este o principal motivo da
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

sua contaminação.
Problemas urbanos: lixo Os combustíveis dessa natureza estão entre as princi-
pais fontes de energia primária no mundo, movimentan-
A maneira como a sociedade moderna consome os do carros, motos, ônibus, caminhões, navios e aviões, e
produtos industrializados implica uma crescente preocu-
contribuem significativamente para o Efeito Estufa.
pação com o problema do lixo urbano.
Logo, é um assunto que merece muita atenção. Nas
Realizar a gestão de resíduos sólidos é uma das ativi-
últimas décadas, a poluição do ar vem aparecendo como
dades mais complexas dos governos dos municípios. In-
uma das principais questões ambientais das grandes ci-
felizmente, no Brasil, cerca de 50% deles ainda depositam
dades entorno do aquecimento global.

35
Poluição sonora Mobilidade urbana

Existem, no ambiente urbano, inúmeros estímulos ex- Mobilidade urbana pode ser caracterizada como a
ternos que facilitam o desenvolvimento do estresse na maneira que as pessoas utilizam para se locomoverem.
população. Nas regiões metropolitanas, são comuns os Para a realização de uma análise avaliativa da mobi-
ruídos produzidos por automóveis, fábricas, pessoas tra- lidade urbana, é necessário levar em conta os seguintes
balhando, etc. fatores:
É verdade que, a poluição sonora não se acumula no
espaço, como as outras situações poluentes, porém, ela • organização territorial;
é responsável por causar sérios danos à saúde, pois a • intensidade do fluxo de automóveis nas vias de
exposição direta a barulhos intensos pode comprometer transporte da cidade;
• tipos de transporte utilizados.
a audição e o bem-estar das pessoas.
No contexto brasileiro, como problemas de mobilida-
Poluição visual
de urbana, podemos citar:
O excesso de estímulos visuais na paisagem das gran- • sobrecarga de espaço;
des cidades é constituído, em grande parte, por propa- • limitação do fluxo de pessoas e mercadorias;
gandas que oferecem produtos e serviços. Você nunca • alto índice de acidentes fatais;
reparou a disputa entre outdoors, faixas e placas nas ruas • ineficiência do transporte público;
da sua região? • poluição do meio ambiente.
Essas comunicações, quando instaladas de maneira
indevida, constituem vários problemas urbanos, dentre Podemos destacar, ainda, que a ausência de políticas
os quais podemos destacar: públicas para a melhoria do transporte público resulta,
consequentemente, na procura por um meio de trans-
• a modificação do espaço público, a fim de veicular porte particular.
interesses particulares; Isso gera um ciclo vicioso, pois, quanto mais carros há
• a deterioração da paisagem urbana e a degrada- nas ruas, mais difícil se torna a implementação de uma
ção dos elementos naturais, como vegetação, rios mobilidade urbana eficiente, além de que acontece o au-
e lagos; mento na emissão de dióxido de carbono.
• o prejuízo na percepção do espaço, referente à re- Lembre-se de que a falta de mobilidade urbana no
ferenciação espacial e localização, além do trânsito Brasil é um problema recorrente.
de pessoas nas cidades. Existem, porém, algumas propostas de solução desse
problema que merecem a atenção de todos os morado-
Esgoto res das grandes cidades. Veículos a trilho, como o me-
trô, é uma alternativa eficiente e de energia limpa, por
exemplo.
O alto teor de matéria orgânica que os mananciais de
Há, ainda, os ônibus limpos, que usam combustível
água dos centros urbanos recebem, através do esgoto
alternativo para não poluírem. Ciclovias também são óti-
doméstico e industrial, é a razão da poluição desses cor-
mas opções de transporte, além de fazerem bem para a
pos d’água. saúde da população.
A deposição de resíduos sólidos, diretamente no solo
ou na água, como os vazadouros a céu aberto, também O capitalismo contemporâneo ampliou o fenômeno
compromete de maneira significativa a qualidade dos re- urbano. Se antes, havia cidades, atualmente há megaló-
servatórios hídricos da cidade. poles, onde a conurbação criou uma sofisticada rede de
Infelizmente, o descomprometimento quanto às polí- fluxo de capitais, informações, mercadorias e serviços.
ticas públicas relacionados ao saneamento básico, é um
dos principais problemas urbanos no Brasil.

Problemas sociais urbanos

Violência urbana
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O crescimento desordenado das cidades intensi-


ficou o problema da violência urbana. É correto dizer
que essa situação acontece em função de fome, miséria
e desemprego, encontrados, principalmente, em países
subdesenvolvidos.
No Brasil, a violência urbana é reflexo de políticas pú-
blicas ineficientes, que não resolvem as situações de risco
Tóquio, Japão
e não conseguem sanar lacunas do desenvolvimento dos
cidadãos, como o acesso à direitos fundamentais.

36
Função urbana é o papel econômico desempenha- brasileiras que, apesar da menor importância, vêm atrain-
do por uma cidade dentro de uma lógica de divisão do do muitas indústrias e contemplando índices de cresci-
trabalho. mento muito acima da média das grandes cidades.

Hierarquia Urbana As RIDEs são regiões metropolitanas especiais no


Brasil. Veja a definição tecnica a seguir:
A hierarquia urbana é a ordem de organização en- Região integrada de desenvolvimento Econômico (ou
tre os diferentes níveis de complexidade econômica das RIDE) são as regiões metropolitanas brasileiras que in-
cidades. Como a própria ideia de hierarquia sugere, tra- cluem municípios de mais de uma unidade de federação.
ta-se das relações de dependência econômica exercidas Elas são criadas por legislação federal específica, que de-
por algumas cidades sobre outras, formando uma cadeia limita os municípios que a integram e fixa as competên-
mais ou menos definida de cidades dependentes e eco- cias assumidas pelo colegiado dos mesmos.
nomicamente interligadas entre si. Existem três RIDEs no país, como vemos a seguir:
Essas relações econômicas estabelecem inevitavel-
mente a consolidação de uma rede urbana que estrutura • Região Integrada de Desenvolvimento Econômico
uma teia formada por nós (as cidades) e os fluxos (os do Distrito Federal - Compreende o Distrito Fede-
sistemas de transporte e telecomunicações). Essa estru- ral, mais municípios de Goiás e de Minas Gerais:
turação é um fator que pode ser diretamente associado
ao processo da globalização. Distrito Federal e municípios de Abadiânia, Água Fria
Fazem parte da hierarquia urbana mundial as cidades de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso
globais, as metrópoles nacionais, as metrópoles regio- de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Ca-
nais e as cidades de menor porte. valcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corum-
bá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goiané-
Cidades globais: representam os principais polos da sia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama,
hierarquia urbana internacional. Além de concentrarem Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio
elevados quantitativos populacionais, sendo quase todas do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaí-
elas megacidades (cidades com mais de 10 milhões de so de Goiás, Vila Boa e Vila Propício, no Estado de Goiás,
pessoas), essas cidades apresentam uma complexa eco- e de Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí, no Estado
nomia. Ao longo da história, em grande parte dos casos, de Minas Gerais. Ocupa uma área de 94.570,39 quilôme-
as cidades globais foram as primeiras a industrializar-se tros quadrados, sendo pouco maior que a Hungria e sua
no mundo ou, pelo menos, em seus países. Foram tam- população é de aproximadamente 4,5 milhões de habi-
bém as primeiras a iniciar o processo de desconcentra- tantes, um pouco menos que a Nova Zelândia.
ção industrial que ainda está ocorrendo, passando a ser
conhecidas por abrigar as principais sedes e centros de
negócios das empresas multinacionais.
Exemplos de cidades globais: Nova York, Tóquio, Pa-
ris, Londres, Buenos Aires, Berlim, entre outros. No Brasil,
existem duas: São Paulo e Rio de Janeiro.

Metrópoles nacionais: são cidades que também


apresentam uma complexa e avançada organização eco-
nômica, uma grande quantidade de habitantes e uma
posição atrativa no recebimento de investimentos, so-
bretudo de empresas estrangeiras. No entanto, o seu
nível econômico não lhes permite criar em torno de si
uma influência além de seus países ou regiões territoriais • Região Integrada de Desenvolvimento da Grande
próximas. Terezina é constituída pelos municípios de Altos,
Exemplos de metrópoles nacionais: Belo Horizonte, Beneditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval Lo-
Porto Alegre, Curitiba, Brasília e outras cidades. bão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí,
Miguel Leão, Monsenhor Gil, Pau D’Arco do Piauí,
Metrópoles regionais: são cidades cuja importância Teresina e União, no estado do Piauí, e pelo mu-
e domínio alcançam apenas o nível regional, estando di- nicípio de Timon, no estado do Maranhão, que
reta ou indiretamente subordinadas às metrópoles na- se encontra na margem esquerda do rio Parnaí-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

cionais e às cidades globais. Mesmo assim, são centros ba, defronte à capital piauiense. Esses municípios
estratégicos, pois representam o elo de regiões ou pon- ocupam uma área de 11.321  km², na qual vivem
tos afastados em relação aos grandes polos da economia 1.194.911 habitantes, segundo a estimativa para
mundial. 2015 do IBGE, representando 37% da população
Exemplos de metrópoles regionais: Goiânia, Cuiabá, do estado do Piauí.
Campinas, Belém e outras.
Abaixo dessas cidades, no contexto da hierarquia ur-
bana, encontram-se cidades de menor porte, mas com
relativa influência local, tais como as cidades médias

37
Veja mapa a seguir: Veja o processo brasileiro de regionalização:

1913

• Região Administrativa de Desenvolvimento do


Polo Petrolina e Juazeiro engloba mais de 700 mil
habitantes numa área com cerca de 35 mil quilô-
metros quadrados. É constituída pelos municípios
de Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria
da Boa Vista, no estado de Pernambuco, e pelos
municípios de Casa Nova, Curaçá, Juazeiro e So-
bradinho, no estado da Bahia. Esses municípios
encontram-se localizados no vale do São Francis- Divisão regional de 1913
co, no curso baixo-médio do rio São Francisco, que A primeira proposta de divisão regional do Brasil sur-
interliga o Nordeste e Sudeste fluvialmente, o que giu em 1913, para ser utilizada no ensino de geografia.
Os critérios utilizados para esse processo foram apenas
coloca a RIDE numa posição estratégica nacional-
aspectos físicos – clima, vegetação e relevo. Dividia o país
mente e central no Nordeste, o que motiva o Pro-
em cinco regiões: Setentrional, Norte Oriental, Oriental,
jeto Plataforma Logística do São Francisco. Meridional.

1940

Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divi-


são para o país que, além dos aspectos físicos, levou em
consideração aspectos socioeconômicos. A região Norte
era composta pelos estados de Amazonas, Pará, Mara-
nhão, Piauí e o território do Acre. Goiás e Mato Grosso
formavam com Minas Gerais a região Centro. Bahia, Ser-
gipe e Espírito Santo formavam a região Leste. O Nor-
deste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam
Divisão Regional Brasileira à região Sul.

A divisão regional brasileira atual foi definida em 1945


1970, mas inúmeras outras divisões foram realizadas
ao longo da história do Brasil.

O território do Brasil já passou por diversas divisões


regionais. A primeira proposta de regionalização foi rea-
lizada em 1913 e depois dela outras propostas surgiram,
tentando adaptar a divisão regional às características
econômicas, culturais, físicas e sociais dos estados. A
regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em
razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Divisão regional de 1945

38
Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía Meios de Transporte e de Comunicação
sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Orien-
tal, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Confira aqui as características das diferentes modali-
Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território dades dos meios de transporte!
de Rio Branco, atual estado de Roraima; no norte do Pará Os meios de transporte são responsáveis pelo deslo-
foi criado o estado do Amapá. Mato Grosso perdeu uma camento de pessoas, animais, matérias-primas e merca-
porção a noroeste (batizado como território de Guaporé) dorias, sendo de fundamental importância para a infraes-
e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No Sul, trutura e a economia de um determinado local.
Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste e o ter- Existem quatro modalidades de transporte: terrestre,
ritório de Iguaçu foi criado. aquaviário, aéreo e dutoviário.

1950

Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e


os estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a
região Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi
criada e o Distrito Federal, capital do país, foi transfe-
rido do Sudeste para o Centro-Oeste. Em 1962, o Acre
tornou-se estado autônomo e o território de Rio Branco
ganhou o nome de Roraima.

1970

Em 1970, o Brasil ganhou o desenho regional atual.


Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo
agrupados a Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste
recebeu Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda .
não dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi
dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Transportes terrestres
Mato Grosso do Sul.
O transporte terrestre é realizado em ônibus, carros,
motocicletas e caminhões que se deslocam em ruas, es-
tradas e rodovias. Outro tipo de transporte terrestre é o
ferroviário, realizado em trens que se movimentam sobre
trilhos.

Divisão regional atual

1990
Transporte aquaviário
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou
O transporte aquaviário é caracterizado pelo deslo-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

definida a divisão brasileira que permanece até os dias


camento em lagos, rios, mares e oceanos. As pessoas e/
atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da di-
ou mercadorias são transportadas em canoas, bancos,
visão de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima,
navios, etc. Essa é uma alternativa muito utilizada para o
Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos;
transporte de cargas entre países de diferentes continen-
Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incor-
tes (transporte marítimo).
porado a Pernambuco.

39
história, o homem sempre desenvolveu formas para se
comunicar: sinais, desenhos, cartas, criação de alguns ob-
jetos, etc.
Com o desenvolvimento tecnológico, os meios de co-
municação foram se tornando mais eficazes. O telégrafo
revolucionou a forma de se comunicar à distância, sen-
do considerado um dos primeiros sistemas modernos de
comunicação.
Em seguida, outros meios de comunicação foram in-
ventados, com destaque para o telefone, rádio, televisão,
celular e internet. Todos eles são bastante utilizados em
várias partes do mundo, proporcionando o diálogo e a
troca de informações entre pessoas de diferentes pontos
do planeta.
A internet, por exemplo, permite que informações se-
jam obtidas com extrema rapidez e facilidade. Algumas
Transporte aéreo redes sociais possibilitam a comunicação instantânea
entre pessoas localizadas em diferentes lugares. Outro
O transporte aéreo é considerado o meio de trans- avanço é a realização de cursos à distância, que po-
porte mais rápido e sofisticado do mundo. Ele é extrema- dem ser realizados através de aulas acompanhadas pelo
mente importante para quem deseja realizar viagens em computador.
curto tempo, pois o avião atinge velocidades elevadíssi- Os meios de comunicação também são essenciais
mas se comparado aos outros meios de transporte. Além para a realização de atividades econômicas. Alguns ne-
dos aviões, o transporte aéreo também pode ser feito em gócios financeiros são finalizados através de sites espe-
helicópteros ou balões. cializados, as cotações das ações de empresas podem ser
acompanhadas, transações bancárias, entre outros.
Portanto, os meios de comunicação sempre estiveram
presentes na vida do homem, sendo essenciais para a di-
fusão das informações (jornais, revistas, televisão, rádio,
etc.) e para as atividades econômicas.

Nordeste

A economia da Região Nordeste do Brasil é a terceira


maior do país, atrás da Região Sudeste e Sul respectiva-
mente. A economia do Nordeste foi a que apresentou o
maior crescimento nos últimos anos.
Em 2012 o produto interno bruto cresceu 3%, mais
que o triplo da média do país. É na Região Nordeste que
vive mais de um quarto da população brasileira.
A economia da Região Nordeste é baseada na agri-
cultura, extrativismo vegetal e mineral, na indústria e co-
Transporte dutoviário mércio, nas atividades turísticas, entre outras.

A outra modalidade de transporte é o dutoviário, Agricultura


realizado em tubos ou dutos que transportam substân-
cias gasosas (gasodutos), líquidas (oleodutos) ou sólidas Na Região Nordeste se desenvolve a agricultura da
(minerodutos). cana de açúcar, para a produção de açúcar e etanol, na
O Brasil, juntamente com a Bolívia, possui um gaso- Zona da Mata, região que se estende numa faixa litorâ-
nea, que vai do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia,
duto responsável pelo transporte de gás natural da Bo-
com destaque para os estados de Alagoas, Pernambuco
lívia (fonte produtora) para alguns estados brasileiros
e Paraíba.
(consumidores).
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

A região já foi a mais importante área produtora de


cana de açúcar do mundo e a principal região econômica
Meios de Comunicação do Brasil nos séculos XVI e parte do século XVII.
A cultura do milho, feijão, café, mandioca, coco, cas-
A importância dos meios de comunicação para a tanha de caju, banana, sisal e algave, predomina em di-
transmissão de informações. versos estados.
Os meios de comunicação são artifícios que permi- O Meio Norte (Nordeste Ocidental) uma área de
tem a comunicação entre pessoas, contribuindo com o transição entre o Sertão semi árido e a Amazônia úmida,
processo de transmissão de informações. Ao longo da onde estão os estados do Maranhão e Piauí, é cortado

40
por vários rios, ao longo dos quais se formam grandes O Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, tem mais
planícies fluviais, aproveitadas principalmente para a cul- de 90 empresas químicas e petroquímicas instaladas.
tura do arroz. Em Mataripe, na Bahia está instalada a refinaria de
Com a correção do solo do cerrado no sul do Ma- petróleo Landulpho Alves. Fortaleza constitui um centro
ranhão e sudeste do Piauí, se desenvolve a cultura da industrial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de
soja. A Bahia é o segundo produtor nacional de laranja e confecção de roupas.
algodão do país. A Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, com
Se destaca também na produção de soja. A cultura sete vinícolas instaladas nas cidades de Petrolina, Santa
do algodão é também desenvolvida no Ceará, Piauí, Rio Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em Pernam-
Grande do Norte e a Paraíba, que produz um algodão buco e Juazeiro, na Bahia, concentra um polo industrial
naturalmente colorido. e turístico, com toda a infraestrutura para os visitantes.
A fruticultura irrigada, beneficiada pelo clima tropical,
é desenvolvida no Vale do Rio Açu, no Rio Grande do Turismo
Norte, com grande produção de melão, melancia etc., e
no Vale Médio do rio São Francisco, no Sertão, principal- A atividade turística do Nordeste é um fator impor-
mente nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), onde tante para a economia da região.
são produzidas uva, manga, melão, abacaxi, mamão etc., A região concentra grandes áreas repletas de bele-
que são vendidas para o mercado interno e exportadas, zas naturais como o extenso litoral, com praias de águas
através do aeroporto internacional de Petrolina, para di- quentes e cristalinas, que estão entre as mais bonitas do
versos países. país, o Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), um
paraíso ecológico, o Parque Nacional dos Lençóis Mara-
Extrativismo vegetal e mineral nhenses, os Canyons do São Francisco entre outros.
Na Região Nordeste estão localizadas cidades históri-
No setor de extração, o Nordeste se destaca na pro- cas, Patrimônio da Humanidade, como os centros históri-
dução de petróleo, e gás natural, produzidos na Bahia, cos de Olinda (PE), São Luís (MA) e Salvador(BA).
Sergipe e Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará. Na Bahia é A cidade de João Pessoa guarda construções barrocas
explorado no litoral e na plataforma continental. do século XVI. O centro histórico do Recife concentra um
O Rio Grande do Norte produz 95% do sal marinho grande número de construções históricas.
consumido no Brasil. Pernambuco é responsável por 95% O teatro de Nova Jerusalém (PE), o maior teatro ao
do total do gesso brasileiro. ar livre do mundo, já levou para a região mais de três
O Nordeste possui também jazidas de granito, pedras milhões de pessoas.
preciosas e semi preciosas. A mina de Itataia, em Santa
Quitéria, no Ceará, possui uma das maiores reservas de Município de Salvador
urânio do mundo.
O babaçu, encontrado no Piauí e em grande parte do A organização urbana de uma cidade é o resultado
território do Maranhão, é importante para a região, de de vários fatores: o contexto físico e orográfico onde as-
sua semente se extrai um óleo utilizado na fabricação de senta o primeiro núcleo e as linhas de progressão que
sabão, margarina, cremes, de suas folhas se fabrica ces- orientam o seu crescimento; os objetivos que estiveram
tas, esteiras etc. na origem do assentamento, junto com as vicissitudes e
A carnaúba, palmeira típica, encontrada no norte dos alterações desses objetivos; a organização social e políti-
estados do Piauí e Maranhão, da qual tudo se aproveita, ca que a conformou desde o início e suas consequentes
das folhas se produz a cera de carnaúba, com larga apli- transformações, onde os poderes efetivos, reais, margi-
cação industrial. nais ou imaginários, condicionaram as relações entre a
autoridade e o grupo social residente.
Indústria Salvador/BA, tem algumas características históricas,
entre outras, que marcam a sua identidade social, cultu-
A Região Nordeste vive intenso processo de indus- ral e urbana: foi a primeira capital da colónia portuguesa
trialização. O Complexo Industrial Portuário de Suape, lo- no Brasil; teve, na história da economia brasileira, a pri-
calizado na cidade de Ipojuca, em Pernambuco, a 40 km meira economia agrária de grande rendimento, baseada
ao sul da cidade do Recife, é um dos principais polos de nos engenhos de açúcar, que proliferavam no seu entor-
investimentos do país. no2 ; e tem uma característica que singulariza Salvador
São mais de 120 empresas instaladas, entre elas, a Re- na demografia brasileira, ou seja, tem a maior percenta-
finaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a Petrobras gem de população afrodescendente (cerca de 70%), fa-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Distribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil zendo dela a cidade fora de África com mais habitantes
Ltda, a Bunge Alimento etc. afrodescendentes.
O Polo Automotivo de Pernambuco, localizado na Em Salvador o espaço urbano está marcado pela afir-
Mata Norte do estado, recebe a instalação da fábrica da mação do poder e pela conflituosidade, de que os es-
Fiat. paços e templos religiosos são particulares referências.
Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão Desde as grandes Igrejas que organizam as praças e ruas
instaladas indústrias mecânicas, de papel, de produtos da cidade colonial e se apresentam como o ‘grande’ pa-
alimentícios, de cimento, têxtil, de material elétrico e trimónio arquitetônico da cidade, passando pelos terrei-
outras. ros de candomblé.

41
Veja no link a seguir, o Plano Diretor de Desenvolvi- FIQUE ATENTO!
mento Urbano A cultura de massa teria impacto na socie-
dade ao produzir uma homogeneização dos
do munícipio, que abrange os aspectos relacionados indivíduos. Esse comportamento ocorreria,
às diretrizes e estratégias de desenvolvimento socioeco- pois, ao conseguirem atingir um número de
nômico, cultural e urbano- ambiental institucionalizadas pessoas muito maior, os meios de comuni-
no PDDU para Salvador. cação fazem a difusão de modelos planifi-
https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-salvador cados de cultura reproduzindo padrões ho-
-ba mogêneos e não levando em consideração
as diferentes possibilidades de configuração
O SÉCULO XX: URBANIZAÇÃO DA de gostos e identidades. O “público con-
SOCIEDADE E CULTURA DE MASSAS sumidor” é visto assim, como uma “massa”
homogênea.

Entre o final do século XIX e o início da Primeira


Guerra Mundial  ocorreram algumas mudanças como o Haveria, então, um obstáculo ao desenvolvimento do
aumento do número de pessoas alfabetizadas, melhores espírito racional e crítico, pois nesse processo se trans-
condições de vida e desenvolvimento tecnológico que forma a arte e a cultura em mercadoria. Portanto, sujeito
possibilitaram o surgimento de novos pensamentos e es- às leis comerciais de procura e demanda, os produtos
tilos de vida. Nesse contexto, ocorreu a penetração dos comerciais ofertados são respostas da vontade imediata
meios de comunicação em massa com uma configuração de um público cada vez mais passivo e desencorajado a
cultural específica que difere das manifestações culturais procurar novas experiências, como na arte erudita e po-
anteriores. pular. Ele consome o que é ofertado e tem comporta-
Deste modo, a característica mais imediata que dife- mento acrítico diante das demandas.
rencia a cultura de massa do que era produzido anterior- Ademais, utilizando como estratégia o uso de apelos
mente é o alcance que esta tem possibilitada pela sua visuais e estéticos, seria possível conduzir os “consumi-
difusão em larga escala através dos diferentes meios de dores” dessa cultura a uma espécie de fuga da realidade
comunicação. Atingindo um número de pessoas cada vez em direção a um mundo fantasioso de lazer e diversão.
maior e como jamais havia ocorrido, as manifestações ar- Essa fuga da realidade é apontada como um elemento de
tísticas e culturais vão ganhando novos contornos consti- alienação que faz com que o indivíduo aceite a explora-
tuindo a indústria cultural. ção capitalista.
Sendo assim, esta ideia está presente no livro de Marx Deste modo, quando falamos em sociedades de mas-
Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969) sa, geralmente nos referimos a um tipo de organização
intitulado “A indústria cultural: o esclarecimento como
social bastante específico e recente. Podemos descrevê-
mistificação das massas” onde os autores fazem uma re-
-la como uma sociedade em que a grande maioria da
flexão sobre a mercantilização de manifestações culturais
população está envolvida na produção, na distribuição
e artísticas, isto é, o processo de transformação de bens
culturais em mercadorias. e no consumo de bens e serviços, além de seguirem um
Adorno e Horkheimer eram membros da Escola de modelo de comportamento generalizado, participando
Frankfurt, um grupo de intelectuais alemães que tinham do meio político e da vida cultural por meio do uso dos
como uma das pautas de discussão a relação entre cul- meios de comunicação de massa.
tura e ideologia. Segundo os autores, por meio da noção Sendo assim, o termo sociedade de massa é usado
de indústria cultural e o seu papel articulador de orga- justamente para descrever a  nova ordem social que vi-
nização e manutenção da sociedade, é possível se ex- vemos, que se formou no início do século XX, após a
plicar questões como vulgarização cultural, exploração Primeira Guerra Mundial. A nova forma de ordem social
comercial e por consequência, ideologia da dominação. desperta no indivíduo um enorme sentimento de ape-
O próprio termo “indústria cultural” demonstra a ideia go ao seu próprio contexto social como um todo. Essa
de que, assim como as indústrias fabricam determinados nova sociedade é uma sociedade de massa precisamente
produtos (móveis, sapatos, refrigerantes, entre outros) pelo fato de que a grande massa social se tornou inte-
com um intuito de grande consumo, geração de lucros e grada à sociedade.
adesão ao sistema capitalista, o mesmo acontece com a Vale lembrar, que o teórico Edward Shils explica que
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

produção de bens culturais. o centro da sociedade, as instituições centrais e o sis-


tema de valores que guia e delimita essas instituições,
estendeu suas fronteiras, de modo que a grande maioria
das populações das sociedades contemporâneas passou
a se relacionar de maneira muito mais íntima com o cen-
tro do mundo social do que em períodos anteriores. Isso,
em outras palavras, quer dizer que o sujeito inserido na
sociedade de massa tornou-se completamente depen-
dente de seu meio social.

42
Deste modo, o surgimento e o crescimento
dos ideais nacionalistas, que se alastraram rapidamen-
te no decorrer da era moderna, ampliaram de maneira EXERCÍCIO COMENTADO
considerável o  sentimento  de afinidade  entre sujeitos
de classes e regiões diferentes pertencentes a um mes- A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase
mo país. A progressiva urbanização da vida social hu- específica da sociedade capitalista, quando há uma in-
mana e o consequente inchamento dos centros urba- terdependência entre o processo de acúmulo de capital
nos também são característicos das sociedades de massa. e o processo de acúmulo de imagens. O papel desem-
Além disso, a burocratização e a racionalização das insti- penhado pelo marketing, sua onipresença, ilustra perfei-
tuições estatais enfraqueceram as formas de ação indivi- tamente bem o que Guy Debord quis dizer: das relações
dual, já que o corpo do Estado é o que possui força legí- interpessoais à política, passando pelas manifestações
tima de manutenção e determinação das normas formais religiosas, tudo está mercantilizado e envolvido por ima-
do mundo coletivo. É nesse sentido que a massa social gens. Assim como o conceito de “indústria cultural”, o
se torna cada vez mais próxima, passando a ter força de conceito de “sociedade do espetáculo” faz parte de uma
neutralização dos conflitos inerentes ao convívio entre postura crítica com relação à sociedade capitalista. São
diferenças. Para certos autores, essa força neutralizadora conceitos que procuram apontar aquilo que se constitui
é, de fato, uma das características mais marcantes das em entraves para a emancipação humana.
sociedades de massa.
Sendo assim, Jean Baudrillard,  sociólogo e filóso- (Cláudio N. P. Coelho, em Mídia e poder na sociedade
fo francês, enxerga na massa um corpo de amortiza- do espetáculo.
ção de forças políticas e sociais, um corpo que absorve
“toda a eletricidade do social e do político e as neutraliza, Com base na citação acima, julgue os itens abaixo:
sem retorno”. A visão de Baudrillard sobre a massa é de
que a conformidade dos sujeitos com as determinações 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A transformação da
exteriores transforma o cenário social em um grande cor- cultura em mercadoria é uma característica fundamental
po inerte e imóvel. Para ele, as partes que formam as desse fenômeno social.
massas estão tão ligadas que tornam a manifestação do
diferente e das diferenças impossível. O conformismo é, ( ) CERTO  ( ) ERRADO
portanto, um dos pilares essenciais das sociedades de
massa. Resposta: Certo. A noção de sociedade do espetáculo
Portanto, as ideias de Baudrillard nos interessa ao está diretamente relacionada com uma visão marxista
considerarmos o trabalho do filósofo José Ortega y Gas- da sociedade. Por essa lógica, existe, na sociedade ca-
set e sua concepção do “homem-massa”, conceito que pitalista, um processo de coisificação, simplificando as
usa para definir o sujeito que está inserido nas socie- relações sociais a meras relações econômicas. Assim,
dades de massa. Para Ortega, o sujeito contemporâneo a cultura é um dos elementos que é transformado em
que se vê em meio ao mundo social atual é a expressão mercadoria, podendo ser comercializada e produzin-
absoluta do conformismo com as determinações sociais do lucro para a burguesia.
estabelecidas. Logo, o indivíduo e sua individualidade
perderam força em meio ao enorme processo de homo- 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) O conceito de socie-
geneização das diferenças. Seu desejo é o de se tornar dade do espetáculo realiza uma reflexão contestadora
comum, aceito pelos demais, encaixar-se nas determina- sobre a indústria cultural.
ções genéricas do mundo social massificado. O “homem-
-massa”, portanto, só se sente confortável quando se vê ( ) CERTO  ( ) ERRADO
em conformidade com a massa.
Resposta: Errado. Na verdade, a sociedade do espe-
táculo faz parte do processo de solidificação da in-
#FicaDica dústria cultural, deste modo, ela apoia o processo de
O próprio termo sociedade de massa já faz indústria cultural, ao invés de contestar.
referência a uma  sociedade massificada,
isto é, uma sociedade em que os indivíduos
agem de forma semelhante com gostos e
interesses praticamente padronizados.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

43
6. (NOVA CONCURSOS – 2019) Analise o fragmento
abaixo, e julgue o item a seguir.
HORA DE PRATICAR!
As regiões brasileiras exercem diferentes papéis no que
1. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018) diz respeito à “divisão inter-regional do trabalho”, ressal-
O crescimento da população mundial tem preocupa- tando-se que a Região Norte se caracteriza pela exporta-
do as instituições internacionais porque articula vários ção de matérias-primas de origem diversa, com destaque
aspectos da vida humana, desde o meio ambiente e o para os minérios.
desenvolvimento econômico até a habitação e o cres-
cimento das cidades. Considerando essas informações, ( ) CERTO  ( ) ERRADO
julgue os itens seguintes.
As taxas de natalidade, a expectativa de vida e o fluxo de Sobre as formações fitogeográficas ou Biomas exis-
migrações são os aspectos que caracterizam e determi- tentes no Brasil, julgue os itens abaixo:
nam o surgimento de cidades globais.
7. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Cerrado é uma for-
( ) CERTO  ( ) ERRADO mação fitogeográfica caracterizada por uma floresta
tropical que cobre cerca de 40% do território brasileiro,
Com base no fragmento abaixo, julguem os itens a ocorrendo na Região Norte.
seguir:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O processo de concentração fundiária caminha junto à
industrialização da agropecuária com predomínio de ca-
8. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Mangue ocorre desde
pitais. Mediante as informações, fica evidente que no Bra-
o Amapá até Santa Catarina e desenvolve-se em estuá-
sil ocorre uma discrepância em relação à distribuição de
rios, sendo utilizados por vários animais marinhos para
terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quantida-
reprodução.
de de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, esses
aspectos caracterizam a concentração fundiária brasileira.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A intensa mecanização
leva à redução do trabalho humano e à mudança nas re-
lações de trabalho, com a especialização de funções e o
aumento do trabalho assalariado e de diaristas.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

3. (NOVA CONCURSOS – 2019) As modificações na es-


trutura fundiária provocam desemprego no campo, in-
tenso êxodo rural, além de aumentar o contingente de
trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão social.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Com base na citaçao abaixo, julguem os itens a seguir:

Tanto se analisarmos o território brasileiro quanto se le-


varmos em conta as configurações espaciais do mundo,
podemos perceber que a industrialização não se distribui
de forma homogênea. Os fatores locacionais, que dire-
cionam e redirecionam a atividade industrial pelas dife-
rentes localidades, são os principais responsáveis por essa
dinâmica.

4. (NOVA CONCURSOS – 2019) Existência de infraestru-


turas e meios de transporte é fundamental para a empre-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

sa lograr êxito e obter um grande crescimento.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

5. (NOVA CONCURSOS – 2019) Fornecimento de incen-


tivos fiscais por parte do governo, gera estímulo e atra-
ção de empresas para uma determinada região.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

44
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 ERRADO _________________________________________________
2 CERTO
3 CERTO _________________________________________________
4 CERTO _________________________________________________
5 CERTO
6 CERTO _________________________________________________
7 ERRADO
8 CERTO _________________________________________________

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45
ANOTAÇÕES

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46
ÍNDICE

HISTÓRIA DA PRF

Polícia Rodoviária Federal: história em detalhes........................................................................................................................................ 01


Grandes eventos esportivos............................................................................................................................................................................... 04
Atualidade.................................................................................................................................................................................................................. 05
Tecnologia.................................................................................................................................................................................................................. 06
Trânsito........................................................................................................................................................................................................................ 07
Capacitação............................................................................................................................................................................................................... 08
Ação especializada................................................................................................................................................................................................. 09
Áreas especializadas.............................................................................................................................................................................................. 10
nomeado Inspetor de Tráfego, com a missão inicial de
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: HISTÓRIA percorrer e fiscalizar as ditas rodovias, usando duas mo-
EM DETALHES tocicletas Harley Davidson. Para tal, contava com cerca
de 450 “vigias” da Comissão de Estradas de Rodagem
(CER).

Quando analisamos a história da Polícia Rodoviária


Federal (PRF) em detalhes, devemos destacar que ela foi FIQUE ATENTO!
criada pelo presidente Washington Luís, no dia 24 de ju-
lho de 1928, através do Decreto nº 18.323, que definia as Importante destacar que desde 1927, Turqui-
regras de trânsito à época, com a denominação inicial de nho já defendia a criação da Polícia de Estra-
“Polícia de Estradas”. das, surgindo daí seu aproveitamento como
primeiro Inspetor de Tráfego.

#FicaDica
DECRETO Nº 18.323, DE 24 DE JULHO DE Ademais, ainda em 1935, Yeddo Fiúza indicou Carlos
1928: Aprova o regulamento para a cir- Rocha Miranda para organizar a estrutura da Polícia das
culação internacional de automóveis, no Estradas, auxiliado por Turquinho. Juntos criaram, no dia
território brasileiro e para a sinalização, se- 23 de julho de 1935, o primeiro quadro de policiais da
gurança do trânsito e policia das estradas hoje Polícia Rodoviária Federal, denominados, à época,
de rodagem O Presidente da República dos “Inspetores de Tráfego”. Eram eles: Antônio Wilbert So-
Estados Unidos do Brasil, usando da auto- brinho, Alizue Galdino Neves, Ranulpho Pereira de Car-
rização constante do decreto n. 5.372, de 9 valho, Manoel Fonseca Soares, Nicomedes Rosa e Silva,
de dezembro de 1927, DECRETA: Waldemar Barreto, Adelson José dos Santos, Manoel Go-
Art. 1º – Fica aprovado o regulamento, que mes Guimarães, Pedro Luiz Plum, Má rio Soares, Luciano
com este baixa, estabelecendo regras para Alves e Nelson Azevedo Barbosa.
a circulação internacional de automóveis, Deste modo, Antônio Felix Filho ficou com a plaqueta
no território brasileiro, de conformidade nº 1. Ele foi incumbido de chefiar uma equipe com 13
com o decreto n. 5.252 A, de 9 de setembro componentes e, ainda, ficou responsável pelo primeiro
de 1927, e para a sinalização, segurança do posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, que
trânsito e policia das estradas de rodagem, foi construído na estrada Rio-Petrópolis, numa localida-
de acordo com as últimas convenções in- de denominada Castanhinha.
ternacionais. Desta forma, da época de sua criação até meados de
1939, o Sistema Rodoviário incluiu apenas as rodovias
Rio-Petrópolis, Rio-São Paulo, Rio-Bahia e União Indús-
Sendo assim, para compreender a trajetória política tria. Somente em 1943, no estado do Paraná, foi criado
do Washington Luiz, devemos destacar que ele foi eleito um Núcleo da Polícia das Estradas, com o objetivo de
presidente da República no ano de 1926, sendo candi- exercer o policiamento de trânsito em rodovias em cons-
dato pelo PRP – Partido Republicano Paulista, no recorte trução naquele estado. Daí em diante, foi-se ampliando a
temporal da República Velha. E após dois anos de man- área de atuação da Polícia Rodoviária Federal até os dias
dato, ele edificou a “Polícia de Estradas”. de hoje, quando a malha rodoviária federal fiscalizada
Deste modo, com um pensamento de modernidade chega a mais de 71 mil quilômetros de rodovias e estra-
das, de Norte a Sul, e de Leste a Oeste do Brasil.
e objetivando melhorar a segurança na circulação de au-
tomóveis, o presidente institui o embrião da Polícia Ro-
doviária Federal: Polícia das Estradas de Rodagem. Ou-
#FicaDica
trossim, vale lembrar, que Washington Luiz foi um dos
presidentes que mais criou rodovias no território nacio- Entre os anos de 1933 e 1939, foi edifica-
nal brasileiro. do no governo de Getúlio Vargas a rodo-
Contudo, somente em 1935, Antônio Félix Filho, o via Rio-Bahia, que atualmente é conhecida
“Turquinho”, como ficou conhecido dentro da PRF, e como BR-116. O projeto, que foi iniciado
considerado o primeiro patrulheiro rodoviário federal, foi em 1861, dentro do Governo de Dom Pe-
chamado pelo administrador Natal Crosato, a mando do dro II, chegava a sua 4ª rodovia no ano de
engenheiro-chefe da Comissão de Estradas de Rodagem, 1939.
Yeddo Fiúza, para organizar os serviços de vigilância das
HISTÓRIA DA PRF

rodovias Rio-Petrópolis, Rio-São Paulo e União Indústria.


Com isso, naquela época, as fortes chuvas exigiam
uma melhor sinalização e desvio de trechos, inclusive Um passo importante para o exercício das atividades
da Polícia das Estradas foi a transformação da Comissão
com a utilização de lampiões vermelhos durante a noite.
Nacional de Estradas de Rodagem no Departamento Na-
Apresentado ao Yeddo Fiúza, Turquinho recebeu a mis-
cional de Estradas de Rodagem – DNER, conforme a Lei
são de zelar pela segurança das rodovias federais e foi

1
nº 467 de 31 de julho de 1937. No segundo artigo que Em 1958, o então deputado federal Colombo de
trata da competência do DNER, na alínea “d” especifica Souza apresentou um Projeto de Lei que propunha a
a incumbência da fiscalização da circulação e exercer o extinção da Polícia Rodoviária Federal. O projeto, que
poder de Polícia das Estradas Nacionais, gerando a deno- se arrastou até 1963, transformou-se no Substitutivo nº
minação que vigora nos dias de hoje: Polícia Rodoviária 3.832-C/58, que extinguia a Polícia Rodoviária Federal,
Federal. mas criava a Patrulha Rodoviária Federal. O projeto, que
Um dos grandes acontecimentos que marcou a épo- teve a liderança do deputado José Damião de Souza Rio,
ca e foi de grande importância para o policiamento ro- foi aprovado na Câmara por unanimidade e remetido ao
doviário foi a criação do primeiro Código Nacional de Senado, onde recebeu o número 86/63.
Trânsito, instituído pelo Decreto-Lei nº 2.994 de 28 de Em 1965, entretanto, o DNER, antecipando-se a qual-
janeiro de 1941. No mês de setembro de 1941, foi feito quer outra medida, determinou o uso da nova denomi-
uma emenda no Código Nacional de Trânsito que criou o nação – Patrulha Rodoviária Federal, na mesma época em
CONTRAN, Conselho Nacional de Trânsito, a nível federal que era criado o Serviço de Polícia Rodoviária Federal do
e os Conselhos Estaduais de Trânsito, dos estados, subor- Departamento Federal de Segurança Pública (Decreto
dinado aos governadores estaduais. nº 56.510, de 28 de junho de 1965, art. 184). Evitava-se,
Com isso, no dia primeiro de maio de 1943, o então dessa forma, confundir duas corporações com denomi-
nações semelhantes na esfera federal e a superposição
presidente da república, Getúlio Vargas, Decreta a Con-
no policiamento.
solidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-Lei nº 5.
Houve vários acordos entre o antigo Departamento
452, com o intuito de dirimir as questões envolvendo
Federal de Segurança Pública – DFSP e o Departamento
patrões e empregados. O Departamento Nacional de Es-
Nacional de Estradas de Rodagem, inclusive com a rea-
tradas de Rodagens adotou para os seus funcionários a lização de um convênio, em 19 de dezembro de 1967,
CLT, e a primeira turma a ser contratada neste regime foi assinado pelos diretores Florimar Campello e Elizeu Re-
a de 1965. sende, respectivamente, do DFSP e DNER, tratando da
Sendo assim, com o Decreto nº 8.463 (também co- cooperação entre os dois órgãos. Mais tarde, esse convê-
nhecido como Lei Joppert), de 27 de dezembro de 1945, nio se transformou no Decreto nº 62.384, de 11 de março
o qual reorganizou o Departamento Nacional de Estra- de 1968.
das de Rodagem (DNER) com autonomia financeira. Com Desta forma, em 21 de março de 1969, foi assinado o
este decreto, o departamento recebeu autorização para Decreto Lei nº 512, regulando a Política Nacional de Via-
gerir seus recursos, inclusive para as demandas da Polí- ção Rodoviária, fixando diretrizes para a reorganização
cia Rodoviária Federal. Foi, inclusive, com este decreto do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, em
que nasceu a denominação de Polícia Rodoviária Federal, consequência ao policiamento de trânsito das rodovias
pois o art. 2º, letra “C”, dava ao DNER o direito de exer- federais, executado pela Polícia Rodoviária Federal.
cer o poder de Polícia de Tráfego nas rodovias federais. Com a assinatura do Decreto nº 74.606, de 24 de
O nome “Polícia Rodoviária Federal” foi sugerido pelo setembro de 1974, que dispôs sobre a estrutura básica
engenheiro Ciro Soares de Almeida e aceito pelo então do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, foi
diretor-geral do DNER, Edmundo Régis Bittencourt. criada a Diretoria de Trânsito e, integrada a ela, a Divisão
Outrossim, no dia 5 de setembro de 1947, a Polícia de Polícia Rodoviária Federal. Esse mesmo Decreto, no
Rodoviária Federal criou o Grupo de Motociclistas com art. 30, definia as competências da Divisão de Polícia Ro-
a missão de realizar o batedor do, então, presidente dos doviária Federal, da seguinte forma:
Estados Unidos da América, Harry S. Truman, que veio a “À Divisão de Polícia Rodoviária Federal compete: a
cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e ficou no hotel programação, a organização, e o controle das atividades
Quitandinha. Sua vinda aconteceu por causa da primeira de policiamento, orientação de trânsito e fiscalização do
reunião para formação da Organização da Nações Uni- cumprimento da legislação de trânsito nas rodovias fe-
derais; preparar, coordenar, orientar e fazer executar pla-
das – ONU.
nos de policiamento e esquemas de segurança especiais;
Por aquela ocasião, a Polícia Rodoviária Federal rece-
colaborar com as Forças Armadas, órgãos de Segurança
beu vinte e cinco motocicletas da marca Harley Davidson.
Federais, Estaduais e demais órgãos similares em articu-
Ao término da missão, dez motocicletas ficaram no Rio
lação com a Assessoria de Segurança e Informações –
de Janeiro e o restante foi distribuído para vários estados ASI/DG; colaborar nas campanhas educativas de trânsito;
brasileiros. programar e supervisionar a execução de comandos de
Até dezembro de 1957, a Polícia Rodoviária Federal fiscalização; fornecer dados sobre acidentes do trânsito,
era supervisionada pela Divisão de Conservação, Pavi- cabendo-lhes, ainda, assegurar regularidade, segurança
mentação e Tráfego – DCPT – do DNER. Estavam subordi- e fluência no trânsito nas rodovias federais, proteger os
nados a essa divisão os Distritos Rodoviários Federais, na bens patrimoniais a elas incorporados, bem como fazer
forma do Decreto nº 31.154, de 19/07/52, art. 15, letras respeitar os regulamentos relativos à faixa de domínio.”
“D” e “H”. Em 12 de dezembro de 1957, com a assina- Destarte, em 1978, cinquenta anos após sua fundação,
HISTÓRIA DA PRF

tura do Decreto nº 42.799, a PRF passou a fazer parte a PRF recebeu as primeiras policiais em seus quadros.
da Divisão de Trânsito, órgão incumbido de concentrar No concurso realizado naquele ano, com vagas distribuí
todos os serviços técnicos e administrativos ligados à ad- das para todo Brasil, cinco mulheres foram aprovadas. O
ministração do trânsito. Desligou-se, assim, do DCPT e edital publicado à época não fazia distinção quanto ao
concentrou seu comando na área central do DNER, uni- gênero dos candidatos. Era a oportunidade que muitas
formizando seus procedimentos no âmbito dos distritos. desejavam.

2
Foram inúmeras inscrições e, após a prova de conhe- Após ter sido integrada à estrutura organizacional
cimentos específicos, algumas candidatas seguiram as do Ministério da Justiça, a Polícia Rodoviária Federal
fases, passando pelo treinamento prático com aproveita- teve oito diretores. Inicialmente, durante a transição,
mento adequado, sagrando-se aptas ao cargo. 1991/1992, o órgão foi dirigido por Ítalo Mazoni da Silva,
De acordo com a Inspetora Roseli, hoje aposentada, o servidor do Departamento Nacional de Estradas de Ro-
treinamento foi feito em instalações do Exército Brasilei- dagem; posteriormente, em 1993, passou a ser dirigido
ro. Elas participavam das mesmas atividades que os de- pelo Patrulheiro Mauro Ribeiro Lopes, primeiro servidor
mais candidatos, sem diferenciação por serem mulheres. de carreira a chegar ao cargo máximo da instituição,
Com o advento da Constituição de 1988, a Polícia onde permaneceu até 1994, quando se afastou da fun-
Rodoviária Federal foi institucionalizada e integrada ao ção para se candidatar a Deputado Federal, assumindo,
Sistema Nacional de Segurança Pública. Inserida no Art. interinamente, o Patrulheiro Adair Marcos Scorsin. Em
144, no Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições 1995, foi nomeado o Patrulheiro Lorival Carrijo da Rocha,
Democráticas, Capítulo III – Da Segurança Pública, a PRF que permaneceu até 1999.
ganha definitivamente o status de instituição permanen- Em 1999, foi nomeado o General Álvaro Henrique
te de Estado, atuando no policiamento e na fiscalização Vianna de Moraes, que permaneceu até 2003. Em 2003,
de rodovias e de áreas de interesse da União. assumiu a função de Diretor Geral o Patrulheiro Rodoviá-
rio Federal Helio Cardoso Derenne, o qual permaneceu
até o ano de 2011. Nesse ano, então, assumiu a Policial
FIQUE ATENTO!
Rodoviário Federal Maria Alice Nascimento de Souza, a
Finalmente, em 1988, com o advento da qual permaneceu na função até o ano de 2017. Já em
Constituinte, a Polícia Rodoviária Federal foi 2017, o PRF Renato Antônio Borges Dias assumiu o
integrada ao Sistema Nacional de Seguran- cargo de diretor-geral, sendo o atual gestor máximo da
ça Pública, recebendo como missão exercer instituição.
o patrulhamento ostensivo das rodovias fe- Portanto, no ano de 2018, por ordem do presiden-
derais. te da república, Michel Temer, foi instituído o Ministé-
rio Extraordinário da Segurança Pública, logo deixando
o status de extraordinário e se tornando Ministério da
Foi por intermédio da atuação eficaz de organizações Segurança Pública, o qual arrastou para sua estrutura or-
associativas, tais como a União do Policial Rodoviário Fe- ganizacional os órgãos de segurança pública que antes
deral “Casa do Inspetor”, Associação da Patrulha Federal estavam subordinados ao Ministério da Justiça, dentre os
do Paraná e Associação Nacional da Polícia Rodoviária quais, a Polícia Rodoviária Federal.
Federal, e com grande apoio popular (subscrição de
175.623 eleitores) que a estrutura da época foi elevada à
condição de Instituição Policial. #FicaDica
Sob essa nova ótica, a Polícia Rodoviária Federal
passou a ter também como missão parte das responsa- Em recente atualização de toda a comuni-
bilidades do Poder Executivo Federal para com a segu- cação visual, o atual uniforme do policial
rança pública, além das atribuições normais de prestar rodoviário federal passa a ter a seguinte
segurança aos usuários das rodovias federais, socorro às composição de cores e visual: as botas, cal-
vítimas de acidentes de trânsito, zelar pela proteção do ças, cintos, coldres e armas portáteis na cor
patrimônio da União etc. bege (areia). Da cintura para cima, ou seja,
as camisas polo, camisas táticas combate
Por meio da Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e do
manga comprida, bonés, capas de colete e
Decreto nº 11, de 18/01/91, a Polícia Rodoviária Federal
capas táticas na cor azul marinho escuro.
passou a integrar a estrutura organizacional do Ministé-
rio da Justiça como Departamento de Polícia Rodoviária
Federal, tendo sua estrutura e competência definidas no
art. 23 do supracitado Decreto e no Regimento Interno,
aprovado pela Portaria Ministerial nº 237, de 19/03/91.
Posteriormente, o Departamento de Polícia Rodo-
viária Federal, através do Decreto no 761, de 19/02/93,
passou a integrar a estrutura regimental da Secretaria de
Trânsito do Ministério da Justiça. Posteriormente, atra-
vés do Decreto nº 1.796, de 24/01/96, o DPRF passou
a integrar a estrutura regimental da Secretaria de Pla-
nejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública do
HISTÓRIA DA PRF

Ministério da Justiça.
Em 3 de outubro de 1995, a Polícia Rodoviária Federal
tem suas atribuições definidas com a publicação do De-
creto no 1.655, o qual possui validade e dita as compe-
tências até os dias de hoje.

3
EXERCÍCIOS COMENTADOS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS

Saindo de um cenário de carroças e carros de boi, Os grandes eventos esportivos que ocorreram no
que interligavam cidades e vilas no Brasil desde o início Brasil exigiram uma alta performance das instituições de
do processo de colonização, foi em meados do século segurança pública. E, nesse cenário, a PRF saiu vitoriosa,
XIX, que foi iniciado um processo de desenvolvimento e afinal, conseguiram executar com grande êxito a segu-
infraestrutura rodoviária no território nacional. Esse pro- rança de todos no território nacional.
cesso de transição, ocorreu no governo de Dom Pedro II, Com isso, o primeiro desafio em um grande evento
e com isso, foi introduzido um breve início da história do ocorreu no ano de 2007, quando a PRF foi protagonista
rodoviarismo nacional. nos Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos. Ade-
mais, em seguida, veio a Copa das Confederações e Jor-
Sobre a história do rodoviarismo no Brasil e sobre o nada Mundial da Juventude em 2013. Na sequência, a
sistema rodoviário atual, julguem os itens a seguir:
Copa Fifa de Futebol 2014, chegando aos Jogos Olímpi-
cos, Paralímpicos de 2016 e a Copa América em 2019. As
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Departamento Na- ações foram realizadas em ritmo de competição: rápido
cional de Estradas de Rodagem foi criado pelo então pre- e preciso.
sidente Washington Luís, em 1937. Sendo assim, a PRF atuou fazendo ações de poli-
ciamento, utilizando a estratégia de gerar “cinturões
( ) CERTO ( ) ERRADO de segurança” em todos os estados da federação onde
ocorreram competições. Essas ações visavam garantir a
segurança de todos os envolvidos nos eventos, desde
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada. O DNER comissão organizadora, atleta e, sobretudo, torcedores.
foi efetivamente criado em 1937, mas durante o go- Com isso, reforçando o policiamento desde as fron-
verno de Getúlio Vargas. teiras, a PRF atuou com grande empenho para evitar a
entrada de drogas, armas e indivíduos em restrições ju-
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Quando o DNER foi diciais. Tudo para levar segurança aos brasileiros e es-
criado, em 1937, ele era uma autarquia, possuía recursos trangeiros que acompanharam de perto as competições
próprios e suas atividades eram vinculadas aos sistemas esportivas.
rodoviários estadual e municipal. Dentre as atividades desenvolvidas, a PRF destacou-
-se, também, naquela em que tem reconhecida excelên-
( ) CERTO ( ) ERRADO cia: as escoltas. Chefes de Estado, delegações de atletas,
competições de rua, como os casos de corridas ciclísticas
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada, já que e maratonas e, um dos pontos altos, a escolta da Tocha
quando o DNER foi fundado, em 1937, o ele não pos- Olímpica, um dos maiores símbolos da integração entre
suía as características preconizadas pelo grupo de tra- povos.
balho criado em 1933 para estruturar o órgão: não era Treinar para não falhar – Para atingir um alto grau de
uma autarquia, não possuía recursos próprios e suas proficiência, a PRF manteve ao longo desses últimos anos
atividades eram desvinculadas dos sistemas rodoviá- um programa de treinamento de todo o efetivo empre-
rios estadual e municipal. Isto só foi obtido a partir gado nos grandes eventos. Uma das áreas mais exigidas
de 1945. foi a dos motociclistas batedores. Diversos policiais
foram capacitados para o emprego de motocicletas,
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) As rodovias União In- tanto no serviço de escolta e batedor, como também
dústria, Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo, foram criadas no de motopoliciamento. Foram eles que escoltaram as
durante o governo de Washington Luís (1926-1930), cujo seleções de futebol, equipes de vôlei, basquete, estrelas
lema era “governar é abrir estradas”. do atletismo e de outras modalidades, dos mais diversos
países participantes.
( ) CERTO ( ) ERRADO Outrossim, escoltaram o Papa Francisco, na Jornada
Mundial da Juventude, dentre outras missões. Policiais
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada, já que, das áreas de Controle de Distúrbio Civil (choque), Pronto
apesar de o lema de Washington Luís estar correto, Emprego, Operações com Cães, Atendimento Pré-Hos-
apenas as rodovias Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo pitalar (APH), Inteligência também passaram por treina-
HISTÓRIA DA PRF

foram finalizadas em seu mandato. A rodovia União mentos constantes.


Indústria é do período imperial, inaugurada em 1861.

4
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF ficou responsável
FIQUE ATENTO! por realizar a escolta do Papa Francisco na Jornada Mun-
A Polícia Rodoviária Federal atuou em ações dial da Juventude, ocorrida no Rio de Janeiro, no ano de
de educação e fiscalização de trânsito e na 2013.
prevenção e repressão de ações criminosas.
Também intensificou a segurança no eixo ( ) CERTO ( ) ERRADO
rodoviário no período dos Jogos e Grandes
Eventos no cenário nacional, formando cin- Resposta: CERTO. Foi responsabilidade da PRF a reali-
turões de policiamento nas divisas do esta- zação da segurança e escolta do Papa no JMJ de 2013,
do. Policiais Rodoviários especializados em criando medidas para evitar ataques e atentados que
serviço de batedor motociclista também fi- pudessem envolver a maior figura católica e todos os
zeram a segurança de dignitários e a escolta jovens envolvidos no evento, que trouxe ao Brasil pes-
esportiva de atletas. soas do mundo inteiro.

ATUALIDADE

EXERCÍCIO COMENTADO

Entre as várias funções da Polícia Rodoviária Federal, A Polícia Rodoviária Federal é uma instituição que age
devemos destacar que na última década, ela participou com a visão calcada na garantia dos direitos humanos.
da cobertura de grandes eventos no território nacional Sua atuação está sempre estruturada por um consistente
brasileiro. modelo de gestão, baseado em constante modernização,
buscando efetividade e celeridade.
Com base nas participações em eventos esportivos e Com isso, a instituição opera num dos principais am-
demais eventos no Brasil, julgue os itens abaixo: bientes utilizados pela criminalidade, a rodovia. Em fun-
ção disso, a PRF exerce forte presença na prevenção e
repressão ao crime, especialmente no combate ao roubo
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O primeiro grande de- e furto de veículos e cargas, ao tráfico de drogas e armas,
safio em um evento nacional, ocorreu no ano de 2008, ao contrabando e descaminho, à sonegação fiscal, à ex-
quando a PRF foi protagonista nos Jogos Pan-america- ploração sexual de crianças e adolescentes e ao tráfico
nos e Parapan-americanos. de pessoas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
#FicaDica
Resposta: ERRADO. Na verdade, o primeiro desafio
Atualmente a PRF possui mais de 450 (qua-
em um grande evento ocorreu no ano de 2007 e não
trocentos e cinquenta) Unidades Operacio-
2008, nesse contexto, a PRF foi protagonista nos Jogos
nais de Policiamento (UOP) nos mais diver-
Pan-americanos e Parapan-americanos, realizando um
sos municípios brasileiros, proporcionando
excelente trabalho em ambos os eventos.
à estrutura do órgão uma capilaridade que
poucas instituições nacionais possuem.
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A fim de executar um
trabalho de alta performance no Brasil, a PRF desenvol-
veu o seguinte lema: “Treinar para não falhar”.
Deste modo, em sua estratégia de atuação, a insti-
tuição planeja um extenso calendário de operações em
( ) CERTO ( ) ERRADO épocas de grande fluxo de veículos nas rodovias federais.
Cumpre, ainda, comandos voltados à educação para o
Resposta: CERTO. Para atingir uma boa proficiência, trânsito, fiscalização do transporte de produtos perigo-
a PRF manteve ao longo desses últimos anos um pro- sos, transporte coletivo de passageiros, transporte de
grama de treinamento de todo o efetivo empregado produtos ambientais, executando, também, serviços de
nos grandes eventos. Uma das áreas mais exigidas escolta e batedor de cargas de dimensões excepcionais,
foi a dos motociclistas batedores. Diversos policiais além de escolta e segurança de autoridades brasileiras
foram capacitados para o emprego de motocicletas, ou estrangeiras.
Ademais, outra característica notável da PRF é sua
HISTÓRIA DA PRF

tanto no serviço de escolta e batedor, como também


no de motopoliciamento. Foram eles que escoltaram atuação articulada com outros órgãos de governo, tais
as seleções de futebol, equipes de vôlei, basquete, es- como Polícia Federal, polícias Civil e Militar nos estados,
trelas do atletismo e de outras modalidades, dos mais Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Fede-
diversos países participantes. ral, Receita Federal, Fundação Nacional de Saúde, Institu-
to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

5
Renováveis, Departamento Nacional de Infraestrutura de 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Polícia Rodoviária Fe-
Transporte, Agência Nacional de Transporte Terrestre, ór- deral, vem mantendo um estreito relacionamento com
gãos de trânsito estaduais, Secretarias Estaduais de Fa- instituições de segurança da Espanha e Portugal, além
zenda e numerosos outros órgãos que atuam em ações de ser membro da International Association of Chiefs of
de justiça, policiamento ou fiscalização. Police (IACP – América Latina) e da UNECE (Economic
Portanto, esse vigor na atuação articulada não se re- Commission for Europe).
sume ao cenário nacional. Nos últimos anos, a Polícia
Rodoviária Federal assinou acordos de cooperação com ( ) CERTO ( ) ERRADO
duas organizações internacionais que são referências no
segmento de segurança pública: Immigration and Cus- Resposta: CERTO. Efetivamente, além dos acor-
toms Enforcement (ICE) e Drug Enforcement Agency dos com os Estados Unidos da América, a PRF man-
(DEA). Além disso, mantém relacionamento estreito com tém acordos com Espanha, Portugal, América Latina
instituições de segurança da Espanha e Portugal, além e União Europeia, fator esse, que amplia as relações
de ser membro da International Association of Chiefs of entre a vigilância brasileira com demais países do
Police (IACP – América Latina) e da UNECE (Economic mundo, o que promove troca de informações e apoio
Commission for Europe). quando necessário.

FIQUE ATENTO!
A PRF, assim como outras polícias, também TECNOLOGIA
é dotada de unidades de policiamento espe-
cializado, como o Grupo de Resposta Rápida
(GRR) do Comando de Operações Especiali-
zadas (COE) e o Núcleo de Operações Espe- Os sistemas informatizados e dispositivos móveis têm
ciais (NOE), cujos integrantes recebem trei- auxiliado os policiais rodoviários federais a diminuírem
namento especializado para atuar em ações o tempo de resposta no enfrentamento às suas deman-
específicas – como em Operações de Contro- das, seja de fiscalização do trânsito ou enfrentamento ao
le de Distúrbios, Ações Táticas, Anti e Contra crime.
Bombas, Tiro de Precisão, ações em área de Com isso, economia de tempo e recursos humanos
caatinga, dentre outros. são os principais fatores para a adoção de tecnologia.
Com a substituição de servidores em processos auto-
matizados, agora realizados por sistemas, o policial tem
mais tempo disponível para concentrar seu trabalho em
ações que efetivamente geram impacto positivo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Deste modo, os aplicativos de acesso a câmeras de
monitoramento, informações sobre pessoas e veículos
com restrições judiciais, mapas de localização das via-
A Polícia Rodoviária Federal, atualmente, é uma ins-
turas mais próximas, sinalizadores de tráfego automati-
tituição que realiza suas ações fundamentadas na ga-
zados e inteligência policial: tudo isso para aumentar a
rantia dos direitos humanos, deste modo, sua atuação
eficiência dos resultados institucionais, adaptando a PRF
está sempre estruturada por um consistente modelo de
ao cenário desafiador em que atua.
gestão, baseado em constante modernização, buscando
Portanto, atualmente a PRF conta com sistemas que
efetividade e celeridade.
filtram informações por um Núcleo de Ciência de Dados.
O conhecimento produzido é utilizado nas ações, geran-
Com base nas atualidades sobre a PRF, julgue os itens
do resultados continuamente aperfeiçoados. Os recursos
a seguir:
tecnológicos são variados, com destaque para softwares
de big data, que relacionam conteúdos extraí do dos sis-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Nos últimos anos, a PRF temas corporativos, ou mesmo da internet, gerando in-
assinou acordos de cooperação com duas organizações sumos relevantes para a atuação policial.
internacionais, sendo elas: Immigration and Customs En-
forcement (ICE) e Drug Enforcement Agency (DEA).

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. Tanto a ICE quanto a DEA, são or-


ganizações norte-americanas que tem como objeti-
HISTÓRIA DA PRF

vo fiscalizar e controlar as fronteiras estadunidenses,


controlando entrada de mercadorias e pessoas. Esse
acordo, mostra um alinhamento da PRF com políticas
de segurança internacional.

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2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com o processo de
FIQUE ATENTO! substituição de servidores em processos automatizados,
A fiscalização de trânsito é realizada nas Uni- agora realizados por sistemas, o policial tem mais tempo
dades Operacionais ou ao longo das rodo- disponível para concentrar seu trabalho em ações que
vias e podem ser sem abordagem ou com efetivamente geram impacto positivo.
abordagem de veículos. Quando a fiscali-
zação evolui para a notificação por alguma ( ) CERTO ( ) ERRADO
infração encontrada, o policial irá utilizar-se
dos meios eletrônicos disponíveis (tablets, Resposta: CERTO. Com a sincronização em sistemas
telefones celulares ou computadores). Em mais eficientes e automatizados, os policiais federais
situações mais complexas, utilizará equi- têm mais tempo para execução do seu trabalho, além
pamentos direcionados, como radares de disso, com o banco de dados ativo e atualizado, dimi-
velocidade, etilômetros (popularmente de- nui as chances de erros e falhas no monitoramento e
fiscalização.
nominados bafômetros), luxímetro, câmera
de inspeção veicular e outros mecanismos
de aferição, como balanças. Ademais, a PRF 3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF conta também
conta também com SICOP - Sistema de Con- com SICOP - Sistema de Consultas Operacionais, que é
sultas Operacionais, que é uma ferramenta uma ferramenta que o policial rodoviário federal pode-
que o policial rodoviário federal poderá con- rá contar durante o trabalho ordinário, o policial poderá
tar durante o trabalho ordinário, o policial pesquisar dados do proprietário do veículo com apenas
poderá pesquisar dados do proprietário do um clique, além disso, no mesmo espaço virtual, será
veículo com apenas um clique, além disso, no possível pesquisar dados do veículo, do banco nacional
mesmo espaço virtual, será possível pesqui- de mandados de prisão, entre outros.
sar dados do veículo, do banco nacional de
mandados de prisão, entre outros. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. Com o uso do SICOP, os policiais


federais têm uma grande praticidade na prática de
suas funções diárias, e, com isso, podem inclusive ali-
mentar o sistema no ato da própria infração ou em
EXERCÍCIOS COMENTADOS uma blitz de rotina, possibilitando alimentar o banco
de dados de forma imediata.
Com relação a tecnologia aplicada pela Polícia Rodo-
viária Federal no território nacional brasileiro, podemos
observar uma constate busca por sincronização e enri-
TRÂNSITO
quecimento do banco de dados, uma vez, que essas in-
formações possibilitam um melhor controle nas estradas
de rodagem e divisas do país.
Dentro das mais diversas atividades exercidas pela
Relacionando os conhecimentos sobre as tecnologias Polícia Rodoviária Federal, a fiscalização de trânsito é a
principal delas, pois foi com esse propósito que a insti-
aplicadas a PRF, julgue os itens a seguir:
tuição foi estabelecida, sendo assim, a PRF possui, dentre
outras, a atribuição de aplicar o Código de Trânsito Brasi-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Na atualidade, o uso de leiro (Lei n.º 9.503/1997) nas rodovias federais e estradas
sistemas informatizados e dispositivos móveis, têm difi- federais.
Deste modo, ao longo dos mais de 70 mil quilôme-
cultado a vida dos policiais rodoviários federais, afinal,
tros de rodovias federais, a PRF é responsável pela fluidez
eles perdem muito tempo em cursos de formação, difi- e organização do tráfego e pela segurança de veículos e
cultando a realização dos seus trabalhos. usuários da 4ª maior malha viária do planeta. É através
da fiscalização de trânsito que o policial rodoviário fede-
( ) CERTO ( ) ERRADO ral, ao fiscalizar uma enorme variedade de elementos e
documentos, coíbe a circulação de veículos irregulares e
reprime as mais diversas modalidades criminosas. Muito
Resposta da questão: ERRADA. Na verdade, os sis-
além da fiscalização de irregularidades administrativas,
temas informatizados e dispositivos móveis têm auxi- a atividade de fiscalização de trânsito tem caráter de se-
liado os policiais rodoviários federais a diminuírem o gurança e saúde pública, coíbe a circulação de ilícitos e
tempo de resposta no enfrentamento às suas deman- previne a ocorrência de acidentes, contribuindo para a
HISTÓRIA DA PRF

das, seja de fiscalização do trânsito ou enfrentamento diminuição dos custos sociais a eles relacionados.
ao crime. Outrossim, a Polícia Rodoviária Federal mantém ações
sistemáticas de educação para o trânsito, com projetos
que buscam transmitir, além dos preceitos legais, aspec-
tos éticos e de cidadania. Afim de formar de forma efetiva
o cidadão brasileiro para uma boa conduta no trânsito.

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Ademais, a PRF ministra aulas em escolas, empresas
e órgãos públicos por todo Brasil, distribuindo material CAPACITAÇÃO
didático e, ao mesmo tempo, promovendo a inserção do
tema dentro do dia a dia desses setores. E para tornar o
assunto mais atrativo, foram desenvolvidos dois grandes
programas muito bem aceitos pelo público: o Cinema Ro- No ano de 1999, com a edição da portaria Ministério
doviário, onde o profissional de transporte de cargas e da Justiça no 308, foi criado um novo Regimento Interno
passageiros é convidado para uma rodada de palestras para a PRF, estruturando o ensino como atribuição do
e vídeos sobre o trânsito, e o Fetran, que é um festival Núcleo de Normas e Capacitação na sede do DPRF e nas
temático infantil sobre trânsito, aproximando as futuras Superintendências dos Setores de Legislação de Pessoal.
gerações do tema trânsito de uma forma leve e lúdica. Sendo assim, a partir daí sucessivos eventos de ca-
pacitação foram realizados, sendo os primeiros na área
de atendimento pré-hospitalar. E para que as atividades
#FicaDica pudessem ser desenvolvidas com o foco específico no
trabalho da Polícia Rodoviária Federal, em 2004 foi reali-
O objetivo principal da fiscalização de trân- zado o primeiro Curso de Formação de Instrutores (CFI)
sito é a prevenção de acidentes e preser- com gestão da própria instituição, fato que alavancou a
vação da incolumidade das pessoas e do multiplicação do ensino na instituição.
patrimônio. Deste modo, em 2012, a PRF deu início a uma nova
etapa em sua produção de conhecimento, criando um
local exclusivo para ações de capacitação. A criação da
Academia Nacional da PRF (ANPRF) foi um marco den-
tro da instituição e dentro do serviço público brasileiro.
EXERCÍCIO COMENTADO Estrutura, metodologia e técnicas de ensino daquele
ambiente têm sido utilizadas para formar novos policiais
e para aperfeiçoamento técnico dos servidores da PRF.
A fiscalização de trânsito é realizada nas Unidades
Além disso, o ambiente é constantemente requisitado e
Operacionais ou ao longo das rodovias e podem ser
utilizado por outras instituições públicas, como Ministé-
sem abordagem ou com abordagem aos veículos. Des- rio Público Federal, Polícias Civis, dentre outras.
te modo, quando a fiscalização evoluir para a notificação
por alguma infração encontrada, o policial irá utilizar-se
dos meios eletrônicos. FIQUE ATENTO!

Com base nas funções relacionadas ao trânsito, julgue A Polícia Rodoviária Federal disponibiliza um
os itens abaixo: levantamento estatístico atualizado diaria-
mente, com informações sobre o registro de
apreensão de drogas e recuperação de veí-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com relação as diversas culos roubados.
atividades exercidas pela Polícia Rodoviária Federal, a fis-
calização de trânsito é a principal delas, desta forma, foi
com esse propósito que a instituição foi estabelecida no
território nacional.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
A excelência na formação, treinamento e capacitação
Resposta: CERTO. Dentro das principais atividades da dos policiais é prioridade na organização do Departa-
PRF, a instituição visa a aplicação do Código de Trânsi- mento, sendo referência para órgãos de segurança pú-
to Brasileiro (Lei n.º 9.503/1997) nas rodovias federais blica, dentro e fora do território nacional.
e estradas federais.
Com base na formação dos profissionais para atua-
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Logo quando a PRF ção, julgue os itens a seguir:
foi criada, a instituição realiza ações de educação para o
trânsito, com projetos que buscam transmitir, além dos 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Polícia Rodoviária Fe-
preceitos legais, aspectos éticos e de cidadania. Entre- deral, com a implementação da Academia Nacional da
tanto, na atualidade, a instituição deixou essa missão de Polícia Rodoviária Federal, vem a corroborar o processo
lado. de diuturna e progressiva modernização na difusão do
conhecimento em técnicas policiais e em segurança pú-
blica.
HISTÓRIA DA PRF

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO. Ainda hoje, a Polícia Rodoviária ( ) CERTO ( ) ERRADO


Federal mantém ações sistemáticas de educação para
o trânsito, com projetos que buscam transmitir, além Resposta: CERTO. A criação da Academia Nacional
dos preceitos legais, aspectos éticos e de cidadania. da PRF (ANPRF) foi um marco dentro da instituição e
dentro do serviço público brasileiro.

8
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Academia Nacional
da PRF, tem sua infraestrutura constantemente requisi- #FicaDica
tada e utilizada por outras instituições públicas, como
Ministério Público Federal, Polícias Civis, dentre outras. A excelência na formação, treinamento e
capacitação dos policiais é prioridade na
( ) CERTO ( ) ERRADO organização do Departamento, sendo re-
ferência para órgãos de segurança pública,
Resposta: CERTO. De fato, as instalações da Acade- dentro e fora do território nacional. Desta
mia Nacional da PRF são utilizadas em cursos de atu- forma, o processo de consolidação da PRF
alização, e, também, de formação por outras institui- como uma polícia cidadã, reconhecida e
ções públicas. respeitada pela sociedade, está diretamen-
te relacionado à qualidade pedagógica
construída e aprimorada através das dé-
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) Antes da construção da cadas nesta Instituição. Com isso, a Polícia
Academia Nacional da PRF, a Polícia Rodoviária Federal Rodoviária Federal, com a implementação
buscava sua formação outros países. da Academia Nacional da Polícia Rodovi-
ária Federal, vem a corroborar o processo
( ) CERTO ( ) ERRADO de diuturna e progressiva modernização na
difusão do conhecimento em técnicas poli-
Resposta: ERRADO. Antes da construção da Acade- ciais e em segurança pública.
mia Nacional da PRF, a Polícia Rodoviária Federal uti-
lizava unidades de treinamento que se encontravam
descentralizadas em diversas regiões do território na-
cional, entretanto, agora, com o advento deste inova-
dor complexo de ensino, modificou-se este paradig- EXERCÍCIO COMENTADO
ma e insurge uma nova era no ensino da PRF.
A excelência na formação, treinamento e capacitação
dos policiais é prioridade na organização do Departa-
mento, sendo referência para órgãos de segurança pú-
AÇÃO ESPECIALIZADA blica, dentro e fora do território nacional. Deste modo, o
processo de formação com ações especializadas, promo-
vem um engajamento e um aumento de desempenho do
policial rodoviário federal.
Com o esforço de especialização na PRF tem coloca-
do a instituição numa condição de protagonista na se- Sendo assim, com base nas ações especializadas, res-
gurança pública. Todos os policiais rodoviários federais ponda os itens abaixo:
podem, ao longo da carreira, se especializar em uma ou
mais área, de acordo com suas habilidades e interesse.
Policiamento especializado, choque, cinotecnia, fiscaliza- 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Em todos os segmentos
ção de produtos perigosos. de atuação exigem especialização e o policial recebe o
Deste modo, todos esses vetores de atuação exigem conhecimento necessário nos cursos específicos, sendo
especialização e o policial recebe o conhecimento ne- assim, esse é o caminho para incrementar o profissiona-
cessário nos cursos específicos. Esse é o caminho para lismo da instituição, colocando-a num patamar de de-
incrementar o profissionalismo da instituição, colocan- sempenho mais eficiente, mais responsável e mais efeti-
do-a num patamar de desempenho mais eficiente, mais vo na condução da ordem e da segurança pública.
responsável e mais efetivo na condução da ordem e da
segurança pública. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Portanto, na PRF, o Comando de Operações Especia-
lizadas é a unidade responsável por subsidiar a Coorde- Resposta: CERTO. Com a prática da especialização
nação-Geral de Operações – CGO, produzindo análise em todos os vetores de atuação, os policiais rodoviários
criminal e propondo diretrizes para o policiamento os- federais, acabam saindo com um potencial maior para a
tensivo rodoviário e especializado na prevenção e en- execução de suas funções, fator esse, que faz dessa insti-
frentamento ao crime, planejando, fomentando e super- tuição, uma das mais bem-sucedidas do país.
visionando essas atividades.

2. (NOVA CONCURSOS – 2019) No que tange a carrei-


HISTÓRIA DA PRF

ra do policial rodoviário federal, ele não poderá escolher


nenhuma outra área para se especializar ao longo da
carreira, logo, todas as decisões devem ser tomadas no
curso de formação da PRF.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9
Resposta: ERRADO. Todos os policiais rodoviários fe-
derais podem, ao longo da carreira, se especializar em FIQUE ATENTO!
uma ou mais área, de acordo com suas habilidades A Polícia Rodoviária Federal está presente em
e interesse. Policiamento especializado, choque, cino- todas as unidades da federação e é adminis-
tecnia, fiscalização de produtos perigosos. trada pelo DPRF - Departamento de Polícia
Rodoviária Federal, com sede em Brasília,
no Distrito Federal. Ademais, os estados são
ÁREAS ESPECIALIZADAS divididos em unidades administrativas cha-
madas de Superintendências Regionais, divi-
didas em Delegacias, que coordenam as Uni-
Escolta, batedor, e motopoliciamento – a Polícia Ro- dades Operacionais (pontos de fiscalização).
doviária Federal, desde sua criação, em 1928, tem sua
imagem vinculada ao serviço com motocicletas. Naquela
época, já oferecia à sociedade vigilância e inspeção das
estradas brasileiras utilizando a motocicleta como ferra-
menta de trabalho.
Operações de controle de distúrbios – é uma ativida- EXERCÍCIOS COMENTADOS
de na qual o policial deve utilizar ferramentas psicomo-
toras e cognitivas em situações complexas, que forçam Dentro da PRF, existe uma grande ramificação em
a tomadas de decisão rápidas e assertivas, em meio a áreas de atuação especializadas, sendo assim, o policial
cenários conflituosos, sob demasiado estresse. rodoviário federal, irá seguir uma das linhas disponíveis
Pronto emprego – a Polícia Rodoviária Federal, face à dentro dessa instituição. Seguindo essa máxima, as áreas
complexidade dos cenários em que atua, tem dedicado de atuação especializadas são vitais para o bom funcio-
cada vez mais atenção à prevenção e ao combate ao cri- namento dessa instituição, que está inserida em todas as
me. Respondendo a diversas situações críticas, a PRF viu- unidades da federação.
-se impelida a criar o Grupo de Resposta Rápida (GRR),
com foco ocorrências criminais complexas em todo o Relacionando os conhecimentos sobre as áreas de
Brasil. O GRR é situado em Brasília e subordinado ao Co- atuação especializadas da PRF, julgue os itens a seguir:
mando de operações Especializadas da PRF (COE). Seu
acionamento é pautado na resposta rápida a situações
especiais, operações de grande sensibilidade, relevância 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF, desde sua cria-
e urgência. A rotina das equipes táticas, quando não es- ção, em 1928, tem sua imagem vinculada ao serviço de
tão realizando missões, compreende treinamento físico, motocicletas. Essa é uma área de atuação do policial ro-
operacional, instruções táticas individuais e coletivas, que doviário federal, executando o serviço de Escolta, de Ba-
mantém a capacidade operacional dos policiais. tedor ou Motopoliciamento.
O policiamento com cães – o trabalho dos cães poli-
ciais farejadores da PRF é bastante desafiador. Os animais ( ) CERTO ( ) ERRADO
precisam ser dóceis e bastante sociáveis. O equilíbrio e o
destemor também são características marcantes nos cães Resposta: CERTO. Em 1928, quando foi criada a PRF,
utilizados pela instituição para este fim, uma vez que os já teve sua imagem vinculada ao serviço com moto-
locais de fiscalização são bem diversificados, e vão des- cicletas. Naquela época, já oferecia à sociedade vigi-
de um acostamento de uma rodovia até um movimento lância e inspeção das estradas brasileiras utilizando a
terminal rodoviário. motocicleta como ferramenta de trabalho.
Operações aéreas – a Divisão de Operações Aéreas
(DOA) da Polícia Rodoviária Federal foi estabelecida em
junho de 1999 por meio da Portaria n° 308 do Minis- 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Divisão de Operações
tério da Justiça, assinada pelo Ministro Interino Paulo Aéreas (DOA) da Polícia Rodoviária Federal foi estabe-
Afonso Martins de Oliveira e publicada no DOU doa dia lecida em junho de 1999 por meio da Portaria n° 308
01/07/1999. do Ministério da Justiça, assinada pelo Ministro Interino
Atendimento pré-hospitalar – o Atendimento Pré- Paulo Afonso Martins de Oliveira e publicada no DOU
-Hospitalar consiste na pronta resposta às urgências e doa dia 01/07/1999. Sendo a última área especializada
emergências de acidentados, fora do ambiente hospita- a ser criada.
lar, visando à estabilização clínica da vítima até a remo-
ção para uma unidade hospitalar adequada. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Perícia – desde a sua implantação em 2013 até os
dias atuais, a atividade de perícia tem evoluído de forma
HISTÓRIA DA PRF

Resposta: ERRADO. A DOA foi sim criada por meio


notória, com os integrantes cada vez mais aptos, com
da portaria n° 308, entretanto, após ela, outras áreas
expertise em investigação de acidentes de trânsito e es-
foram criadas, como por exemplo, a área de perícias,
tudos de segurança pública.
que foi criada no ano de 2013.

10
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A área de atuação do
Atendimento Pré-Hospitalar, consiste na pronta resposta
a urgências e emergências a acidentados, fora do am-
HORA DE PRATICAR!
biente hospitalar, visando à estabilização clínica da vítima
até a remoção para uma unidade hospitalar adequada.
O Brasil é o país com a maior concentração rodoviária
de transporte de cargas e passageiros entre as principais
( ) CERTO ( ) ERRADO economias mundiais. Segundo dados do Banco Mundial,
referentes a 2013, 58% do transporte no país é feito por
rodovias — contra 53% da Austrália, 50% da China, 43%
Resposta: CERTO. A unidade de Atendimento Pré-
-Hospitalar, é uma importante área de atuação da PRF, da Rússia e 8% do Canadá.
uma vez, que realiza os atendimentos emergenciais Fonte: BBC. Disponível em: <www.bbc.com.br>.
antes da transferência para uma unidade hospitalar. Adaptado.
Essa área, é vital no salvamento de vidas nas rodovias
e estradas do país.
Considerando o texto apresentado, que destaca o
papel do modal rodoviário de cargas e passageiros no
Brasil, e a figura precedente, que ilustra como a rede ro-
doviária integra as diversas regiões que compõem o ter-
ritório nacional, julgue os itens a seguir.

1. (PRF – CESPE – 2018) O custo do frete e as grandes


distâncias a serem percorridas entre as regiões produ-
toras e os centros urbanos consumidores e os portos de
exportação são fatores que impactam diretamente no
preço dos produtos agropecuários e industriais brasi-
leiros e em sua competividade nos mercados nacional e
internacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (PRF – CESPE – 2018) A rede de transporte rodoviário


integra todo o território brasileiro, com rodovias conec-
tando em rede todos os municípios das cinco macror-
regiões do território nacional, e a predominância desse
modal de transporte é fator de vulnerabilidade em rela-
ção aos países desenvolvidos, os quais também depen-
dem desse modal de transporte.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Tendo o texto abaixo como referência inicial, jul-


gue os próximos itens.
Como salienta Milton Santos (1994), a noção de territó-
rio, na atualidade, transcende a ideia apenas geográfica de
espaços contíguos vizinhos que caracterizam uma região,
estendendo-se para a noção de rede, formada por pontos
distantes uns dos outros, ligados por todas as formas e
processos sociais; o espaço econômico, nesse sentido, é or-
ganizado hierarquicamente, como resultado da tendência
à racionalização das atividades, e se faz sob um comando
que tende a ser concentrado em cidades mundiais, em que
a tecnologia da informação desempenha papel relevante;
HISTÓRIA DA PRF

esse comando então passa a ser feito pelas empresas por


meio de suas bases em territórios globais diversos.
Fonte: FGV. Disponível em: <www.fgv.br>. Adaptado.

11
3. (PRF – CESPE – 2018) O processo de globalização 8. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Lei Joppert, pode ser
econômica e desenvolvimento tecnológico é marcado considerada a Lei Áurea do rodoviarismo brasileiro, afi-
pela solidariedade organizacional entre empresas, siste- nal, conferia autonomia técnica e financeira ao DNER e
ma financeiro, tecnologia e lugares eleitos como regiões criava também o Fundo Rodoviário Nacional.
de investimento pela economia globalizada e, com o
capital globalizado, busca-se desenvolver as regiões de ( ) CERTO ( ) ERRADO
modo a diminuir as desigualdades regionais e a oferecer
uma economia justa e solidária. Sobre a história do rodoviarismo no Brasil e sobre
o sistema rodoviário atual, julguem os itens a seguir:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Saindo de um cenário de carroças e carros de boi,
4. (PRF – CESPE – 2018) No Brasil, o setor de serviços que interligavam cidades e vilas no Brasil desde o início
do processo de colonização, foi em meados do século
ampliou a sua participação no PIB; o setor agropecuá-
XIX, que foi iniciado um processo de desenvolvimento e
rio, estratégico na economia brasileira, se tornou mais
infraestrutura rodoviária no território nacional. Esse pro-
complexo, o que permitiu a ampliação de diversos servi-
cesso de transição, ocorreu no governo de Dom Pedro II,
ços relacionados aos diferentes momentos do processo
e com isso, foi introduzido um breve início da história do
de produção/consumo, como os setores de tecnologia, rodoviarismo nacional.
transporte e finanças.
9. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Primeira rodovia do
( ) CERTO ( ) ERRADO país foi a União Indústria, que ligava a antiga capital, Rio
de Janeiro, ao polo industrial do país, a cidade de São
Em relação à história da PRF, julgue os itens a seguir. Paulo.

5. (PRF – CESPE – 2018) Durante os grandes eventos ( ) CERTO ( ) ERRADO


esportivos sediados no Brasil nesta década, a PRF ado-
tou como principal estratégia concentrar suas ações de 10. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Departamento de
policiamento nos locais de realização dos eventos, priori- Estradas de Rodagem, no estado de São Paulo, foi o pri-
zando a segurança dos estrangeiros que ingressaram no meiro órgão rodoviário brasileiro com autonomia técnica
país, especialmente de autoridades e delegações esporti- e administrativa.
vas, com destaque para as atividades de escolta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Com base nas participações em eventos esportivos e
demais eventos no Brasil, julgue o item abaixo:
6. (PRF – CESPE – 2018) No que se refere ao trânsito,
a PRF exerce atividades como fiscalização de documen- 11. (NOVA CONCURSOS – 2019) Quando pensamos
tos e repressão a modalidades criminosas, além de ati- nos grandes eventos esportivos que ocorreram no Bra-
vidades educativas para adultos e crianças, por meio de sil, e exigiram uma alta performance das instituições de
projetos que visem transmitir aspectos legais, éticos e de segurança pública. A PRF saiu vitoriosa em todas as suas
cidadania. participações.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Com base no trecho da Lei , julgue os itens a se-


guir:

O Decreto nº 8.463, também conhecido como Lei


Joppert, de 27 de dezembro de 1945, o qual reorganizou
o DNER - Departamento Nacional de Estradas de Roda-
gem, deu autonomia financeira ao mesmo, sendo assim,
com este decreto, o departamento recebeu autorização
para gerir seus recursos, inclusive para as demandas da
Polícia Rodoviária Federal.
HISTÓRIA DA PRF

7. (NOVA CONCURSOS – 2019) Foi na gestão de Getú-


lio Dorneles Vargas que a Lei Joppert foi aprovada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12
ANOTAÇÕES
GABARITO

________________________________________________
1 CERTO
2 ERRADO _________________________________________________
3 ERRADO
4 CERTO _________________________________________________
5 ERRADO
_________________________________________________
6 CERTO
7 ERRADO _________________________________________________
8 CERTO
9 ERRADO _________________________________________________
10 CERTO
11 CERTO _________________________________________________

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HISTÓRIA DA PRF

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13
ANOTAÇÕES

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HISTÓRIA DA PRF

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14
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Lei nº 9.503/1997 e suas alterações (institui o Código de Trânsito Brasileiro CTB)..................................................................... 01


Decreto nº 4.711/2003(dispõe sobre a Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito SNT)................................................ 24
Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações: 04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998;
32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000; 160/2004; 197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007
(exceto os seus anexos); 231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008; 277/2008;
289/2008; 290/2008; 292/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (exceto as fichas); 396/2011; 432/2013;
441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015; 525/2015; 552/2015; 561/2015 (exceto as fichas); 573/2015;
598/2016; 619/2016; 624/2016; 643/2016; 720/2017; 723/2018; 735/2018.................................................................................. 27
LEI Nº 9.503/1997 E SUAS ALTERAÇÕES (INSTITUI O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO CTB)

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO: CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - LEI 9.503/1997, SEUS ANEXOS E SEUS
POSTERIORES REGULAMENTOS.

A palavra lei, em seu sentido mais amplo, sempre significa ordenar através de regularidades. A Lei 9.503 / 97 regula
o tráfego no Brasil pelo CTB - Código de Trânsito Brasileiro - e suas resoluções complementares. Os estados da nação
os complementam por meio de ordenanças e decretos. Além disso, os órgãos de cada município padronizam os deta-
lhes do tráfego.
Dentre as principais leis de trânsito, destaca-se a sinalização, afinal, é extremamente importante que as estradas se-
jam sinalizadas corretamente para obter uma perfeita orientação do condutor e, como consequência, o melhor trânsito
possível (segurança). Os sinais devem ser legíveis e visíveis durante o dia e a noite. Os sinais de trânsito são classificados
como dispositivos de sinalização verticais, horizontais, luminosos, sonoros, auxiliares e gestos de agentes de trânsito.
Outra lei que merece destaque é a relacionada à educação no trânsito, porque somente através de motoristas bem-e-
ducados e conscientes é possível ter uma postura de direção guiada pela prudência e respeito. Para isso, campanhas
de educação no trânsito devem ser promovidas desde a pré-escola até o final do ensino superior, por meio de plane-
jamento e ações coordenadas entre órgãos e entidades educacionais e o Sistema Nacional de Trânsito. Mídias como a
televisão e o rádio são obrigadas a transmitir campanhas gratuitas de educação no trânsito. São os órgãos competentes
do Sistema Nacional de Trânsito que determinam a frequência dessas campanhas.
A qualificação do motorista também é uma lei extremamente importante e será entregue a você após exames reali-
zados com o órgão ou entidade executiva do Estado ou do Distrito Federal. Portanto, o candidato deve ser legalmente
imputável, alfabetizado, possuir carteira de identidade (ou algo equivalente). As informações do candidato serão regis-
tradas no RENACH (Registro Nacional de Carteira de Habilitação). As categorias de qualificação podem ser: A (habilita-
ção para dirigir veículos de duas ou três rodas); B (condutor de veículo não abrangido pela categoria A, cujo peso total
não ultrapasse os 3500 kg e o número de ocupantes não seja maior que 8 - além do motorista); C (Motorista de veículo
motorizado usado em transporte de carga e cujo peso bruto total não passe dos 3500 kg); D (condutor de veículo
motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação passe dos 8 lugares, além do motorista) e categoria E
(condutor de combinação de veículos cuja unidade tratora se encaixe nas categorias B,C e D e cuja unidade acoplada
(semirreboque, reboque, articulada) tenha 6000 kg ou mais de peso bruto total e cuja lotação ultrapasse os 8 lugares.

REFERÊNCIA:

Disponível em: < https://www.infoescola.com/direito/principais-leis-de-transito/>.

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

São normas legais que disciplinam e orientam todas as atividades que envolvem o trânsito nas vias abertas à circu-
lação, uniformizando os conhecimentos e componentes.

LEIS DE TRÂNSITO NO BRASIL

1941 - 1º Código de Trânsito;


1966 - Código Nacional de Trânsito, Lei n.º 5.108 de 21/09/1966;
Regulamento do Código Nacional de Trânsito, Decreto n.º 62.127 de 16/01/1968;
Código de Trânsito Brasileiro, Lei 9.503 de 23/09/1997;
Convenção de Viena, em 08/11/1968.

CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL

A circulação de veículo no território nacional, independentemente de sua origem, em trânsito entre o Brasil os paí-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ses com os quais exista acordo ou tratado internacional, reger-se-á pelas disposições deste código, pelas convenções
e acordos internacionais ratificados.

Artigo 118 - CTB.

1
SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO

REFERÊNCIA:

Disponível em: <https://www.cimentoitambe.com.br/_downloads/_pdf/legislacao_transito.pdf>.

LEI 13.281/16

A Lei 13.281 / 16 provocou uma série de mudanças na legislação de trânsito e, quem não conhece as novas regras,
pode acabar tendo sérios problemas com o orçamento ou a suspensão da licença. Entre as principais mudanças, desta-
cam-se o aumento do valor das multas, agravamento de várias infrações e extensão do tempo de suspensão do direito
de dirigir.

1. Aumento no valor das multas

Multas por infrações leves passaram de R$ 53,20 para R$ 88,38.


Multas por infrações médias passaram de R$ 85,13 para R$ 130,16.
Multas por infrações graves passaram de R$ 195,23 para R$ 127,69.
Multas por infrações gravíssimas passaram de R$ 191,54 para R$ 293,47.

2. Falar no celular enquanto dirige agora é infração gravíssima


LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

O ato de falar no celular enquanto dirige é tão grave que, segundo um estudo do NHTSA (Departamento de Tráfego
dos Estados Unidos), pode ser considerado mais perigoso do que dirigir embriagado.

3. Se recusar a fazer o teste do bafômetro vai custar caro

Com as mudanças na legislação de trânsito, quem se recusar a fazer um teste de bafômetro (ou qualquer outro
procedimento que permita analisar o uso de álcool ou outras substâncias) terá que pagar uma multa de R $ 2.934,70.
No caso de reincidência dentro de um ano, a multa será aplicada duas vezes.

2
4. Estacionar na vaga de deficientes e idosos será considerada infração gravíssima

Estacionar em vagas exclusivas de deficientes e idosos é considerada uma infração gravíssima, e não mais grave
como é atualmente.

5. Suspensão do direito de dirigir

Com as mudanças na legislação de trânsito, o período mínimo da penalidade de suspensão do direito de dirigir
(aplicado aos condutores que atingem 20 pontos na CNH dentro de um ano) passará de um para seis meses e, em casos
de reincidência no período de um ano, a suspensão pode ser de oito meses a dois anos.
Caso o condutor infrinja umas das 19 infrações que levam à suspensão imediata do direito de dirigir, o período
poderá ser de dois a oito meses ou oito a dezoito meses, para casos de reincidência em um ano.

6. Mudanças na penalidade de apreensão do veículo

Com a revogação do artigo 262 (e também do inciso IV do artigo 256), se a irregularidade não for resolvida no local
onde ocorreu a infração, o veículo será diretamente removido para pátio, e não mais apreendido pelas autoridades.

7. Alteração dos limites de velocidade em vias sem sinalização

Nas estradas sem sinalização, existem novos limites de velocidade, dependendo do tipo de veículo e do número de
faixas na pista.
Nas rodovias de pista dupla, o limite será de 110 km / h para veículos, vans e motocicletas e 90 km / h para outros
veículos.
Já em rodovias de pista simples, o limite será de 100 km/h para veículos, camionetas e motocicletas e 90 km/h para
os demais veículos.

8. Opção de reciclagem para motoristas profissionais

Para os motoristas que realizam qualquer atividade remunerada ao volante (qualificados nas categorias C, D ou
E), terão a opção de fazer um curso preventivo de reciclagem sempre que, dentro de um ano, atingirem 14 pontos na
carteira.

FIQUE ATENTO!
Ao concluir o curso preventivo os pontos são cancelados, porém os motoristas só podem usar este recurso
uma vez a cada doze meses.

OUTRAS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

No total, 28 artigos foram modificados e seis novos foram inseridos no CTB (Código Brasileiro de Trânsito), desde as
principais alterações aqui mencionadas até outras regulamentações relacionadas a sobrecarga, fiscalização de agentes
de trânsito e multas por crimes envolvendo “rachas”.

REFERÊNCIA:

Disponível em: <Disponível em: <https://icetran.com.br/blog/mudancas-na-legislacao-de-transito-novembro/>.

ATUALIZAÇÕES DA CTB DE 2013 A 2016

Abaixo, temos uma tabela com as regras que atualizaram o Código de Trânsito Brasileiro, desenvolvido pelo Prof.
Marcos Girão, dividido da seguinte forma: na coluna da esquerda estão as redações anteriores e na coluna da direita, as
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

seções atualizadas e destacadas, apontando em que a nova redação atuou. Alguns dispositivos não vêm com redação
anterior, porque eram novas inovações no texto do CTB. Eles estão em quadros separados, ok?

3
1) LEI Nº 12.865/2013

Redação Anterior Nova Redação

Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran),
com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigen- com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente
te do órgão máximo executivo de trânsito da União, do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem
tem a seguinte composição: a seguinte composição:
(...) (...)
III - um representante do Ministério da Ciência e Tec- III - um representante do Ministério da Ciência e Tec-
nologia; nologia;
IV - um representante do Ministério da Educação e IV - um representante do Ministério da Educação e do
do Desporto; Desporto;
V - um representante do Ministério do Exército; V - um representante do Ministério do Exército;
VI - um representante do Ministério do Meio Ambien- VI - um representante do Ministério do Meio Ambien-
te e da Amazônia Legal; te e da Amazônia Legal;
VII - um representante do Ministério dos Transportes; VII - um representante do Ministério dos Transportes;
(,...) (,...)
XX - um representante do ministério ou órgão co- XX - um representante do ministério ou órgão coorde-
ordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito; nador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
(...) (...)
XXII - um representante do Ministério da Saúde. XXII - um representante do Ministério da Saúde.
XXIII - um representante do Ministério da Justiça. XXIII - um representante do Ministério da Justiça.
XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça. XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.
XXIV - 1 (um) representante do Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior;
XXV - 1 (um) representante da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).

2) LEI Nº 12.971/2014

Redação Anterior Nova Redação

Art. 173. Disputar corrida por espírito de emulação: Art. 173. Disputar corrida:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes), suspensão do direito de Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir
dirigir e apreensão do veículo; e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de Medida administrativa - recolhimento do documento de habi-
habilitação e remoção do veículo. litação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no ca-
put em caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da
infração anterior.
Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, even- Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organizados,
tos organizados, exibição e demonstração de perícia em exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou
manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade
sem permissão da autoridade de trânsito com circuns- de trânsito com circunscrição sobre a via:
crição sobre a via: Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir
Penalidade - multa (cinco vezes), suspensão do direito e apreensão do veículo;
de dirigir e apreensão do veículo; Medida administrativa - recolhimento do documento de habi-
Medida administrativa - recolhimento do documento de litação e remoção do veículo.
habilitação e remoção do veículo. § 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos con-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Parágrafo único. As penalidades são aplicáveis aos pro- dutores participantes.


motores e aos condutores participantes. § 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de 12 (doze) meses da infração ante-
rior.

4
Art. 175. Utilizar-se de veículo para, em via pública, de- Art. 175. Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exibir ma-
monstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada brusca, nobra perigosa, mediante arrancada brusca, derrapagem ou
derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrasta- frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus:
mento de pneus: Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir
Penalidade - multa, suspensão do direito de dirigir e e apreensão do veículo; Medida administrativa - recolhimento
apreensão do veículo; do documento de habilitação e remoção do veículo.
Medida administrativa - recolhimento do documento de Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no ca-
habilitação e remoção do veículo. put em caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da
infração anterior.
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitan- Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitando em
do em sentidos opostos, estejam na iminência de passar sentidos opostos, estejam na iminência de passar um pelo ou-
um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem: tro ao realizar operação de ultrapassagem:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de di-
rigir.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput
em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses da
infração anterior.
Art. 202. Ultrapassar outro veículo: Art. 202. Ultrapassar outro veículo:
I - pelo acostamento; I - pelo acostamento;
II - em interseções e passagens de nível; II - em interseções e passagens de nível;
Infração - grave; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa (cinco vezes).
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo: Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade sufi- I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade suficiente;
ciente; II - nas faixas de pedestre;
II - nas faixas de pedestre; III - nas pontes, viadutos ou túneis;
III - nas pontes, viadutos ou túneis; IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, cance-
IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, las, cruzamentos ou qualquer outro impedimento à livre cir-
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento culação;
à livre circulação; V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão de
V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contí-
de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou sim- nua amarela:
ples contínua amarela: Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (cinco vezes).
Penalidade - multa. Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput
em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses da
infração anterior.
Art. 2. A suspensão ou a proibição de se obter a per- Art. 2. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta
pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
cumulativamente com outras penalidades.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

5
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí- Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo au-
culo automotor: tomotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proi-
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para bição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
dirigir veículo automotor. veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na di- § 1° No homicídio culposo cometido na direção de veículo au-
reção de veículo automotor, a pena é aumentada de um tomotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se
terço à metade, se o agente: o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habili-
Habilitação; tação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco
sem risco pessoal, à vítima do acidente; pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver condu-
conduzindo veículo de transporte de passageiros. zindo veículo de transporte de passageiros.
§ 2ºSe o agente conduz veículo automotor com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência ou
participa, em via, de corrida, disputa ou competição automo-
bilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em
manobra de veículo automotor, não autorizada pela autorida-
de competente:
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.” (NR)
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

6
3) LEI Nº 13.103/2015

Art. 67-A. É vedado ao motorista profissional, no exercício de Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos
sua profissão e na condução de veículo mencionado no inciso motoristas profissionais:
II do art. 105 deste Código, dirigir I - de transporte rodoviário coletivo de passagei-
por mais de 4 (quatro) horas ininterruptas. ros;
§ 1º Será observado intervalo mínimo de 30 (trinta) minu- II - de transporte rodoviário de cargas.
tos para descanso a cada 4 (quatro) horas ininterruptas na § 1º (Revogado).
condução de veículo referido no caput, sendo facultado o fra- § 2º (Revogado).
cionamento do tempo de direção e do intervalo de descanso, § 3º (Revogado).
desde que não completadas 4 (quatro) horas contínuas no § 4º (Revogado).
exercício da condução. § 5º (Revogado).
§ 2º Em situações excepcionais de inobservância justificada § 6º (Revogado
do tempo de direção estabelecido no caput e desde que não § 7º (Revogado).
comprometa a segurança rodoviária, o tempo de direção po- § 8º (VETADO).
derá ser prorrogado por até 1 (uma) hora, de modo a permitir
que o condutor, o veículo e sua carga cheguem a um lugar
que ofereça a segurança e o atendimento demandados.
§ 3º O condutor é obrigado a, dentro do período de 24 (vin-
te e quatro) horas, observar um intervalo de, no mínimo,
11 (onze) horas de descanso, podendo ser fracionado em 9
(nove) horas mais 2 (duas), no mesmo dia.
§ 4º Entende-se como tempo de direção ou de condução de
veículo apenas o período em que o condutor estiver efetiva-
mente ao volante de um veículo em curso entre a origem e
o seu destino, respeitado o disposto no § 1º, sendo-lhe fa-
cultado descansar no interior do próprio veículo, desde que
este seja dotado de locais apropriados para a natureza e a
duração do descanso exigido.
§ 5º O condutor somente iniciará viagem com duração maior
que 1 (um) dia, isto é, 24 (vinte e quatro) horas após o cum-
primento integral do intervalo de descanso previsto no § 3º.
§ 6º Entende-se como início de viagem, para os fins do dis-
posto no § 5º, a partida do condutor logo após o carregamen-
to do veículo, considerando-se como continuação da viagem
as partidas nos dias subsequentes até o destino.
§ 7º Nenhum transportador de cargas ou de passageiros,
embarcador, consignatário de cargas, operador de terminais
de carga, operador de transporte multimodal de cargas ou
agente de cargas permitirá ou ordenará a qualquer motorista
a seu serviço, ainda que subcontratado, que conduza veículo
referido no caput sem a observância do disposto no § 5º.
§ 8º (VETADO).
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

7
Art. 67-C. O motorista profissional na condição de condutor é Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional diri-
responsável por controlar o tempo de condução estipulado no gir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterrup-
art. 67-A, com vistas na sua estrita observância. tos veículos de transporte rodoviário coletivo de
Parágrafo único. O condutor do veículo responderá pela não passageiros ou de transporte rodoviário de cargas.
observância dos períodos de descanso estabelecidos no art. § 1º Serão observados 30 (trinta) minutos para
67-A, ficando sujeito às penalidades daí decorrentes, previs- descanso dentro de cada 6 (seis) horas na condu-
tas neste Código. ção de veículo de transporte de carga, sendo fa-
cultado o seu fracionamento e o do tempo de di-
reção desde que não ultrapassadas 5 (cinco) horas
e meia contínuas no exercício da condução.
§ 1º-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para
descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de
veículo rodoviário de passageiros, sendo faculta-
do o seu fracionamento e o do tempo de direção.
§ 2º Em situações excepcionais de inobservância
justificada do tempo de direção, devidamente re-
gistradas, o tempo de direção poderá ser elevado
pelo período necessário para
que o condutor, o veículo e a carga cheguem a um
lugar que ofereça a segurança e o atendimento
demandados, desde que não haja comprometi-
mento da segurança rodoviária
§ 3º O condutor é obrigado, dentro do período de
24 (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo
de 11 (onze) horas de descanso, que podem ser
fracionadas, usufruídas no veículo e coincidir com
os intervalos mencionados no § 1º, observadas no
primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas de
descanso.
§ 4º Entende-se como tempo de direção ou de
condução apenas o período em que o condutor
estiver efetivamente ao volante, em curso entre a
origem e o destino.
§ 5º Entende-se como início de viagem a parti-
da do veículo na ida ou no retorno, com ou sem
carga, considerando-se como sua continuação as
partidas nos dias subsequentes até o destino.
§ 6º O condutor somente iniciará uma viagem
após o cumprimento integral do intervalo de des-
canso previsto no § 3º deste artigo.
§ 7º Nenhum transportador de cargas ou coleti-
vo de passageiros, embarcador, consignatário de
cargas, operador de terminais de carga, operador
de transporte multimodal de cargas ou agente de
cargas ordenará a qualquer motorista a seu servi-
ço, ainda que subcontratado, que conduza veículo
referido no caput sem a observância do disposto
no § 6º.
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licenciamen- Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao
to e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN durante o licenciamento e terão sua circulação regulada
trajeto entre a fábrica e o Município de destino. pelo CONTRAN durante o trajeto entre a fábrica e
Parágrafo único: o disposto neste artigo aplica-se, igualmen- o Município de destino.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

te, aos veículos importados, durante o trajeto entre a alfân- §1º. O disposto neste artigo aplica-se, igualmente,
dega ou entreposto alfandegário e o Município de destino. aos veículos importados, durante o trajeto entre a
alfândega ou entreposto alfandegário e o Municí-
pio de destino.

8
INCLUSÃO de artigo no CTB:

Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por controlar e registrar o tempo de condução estipulado no art.
67-C, com vistas à sua estrita observância.
§ 1º A não observância dos períodos de descanso estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional às
penalidades daí decorrentes, previstas neste Código.
§ 2º O tempo de direção será controlado mediante registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo e,
ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos
instalados no veículo, conforme norma do Contran.
§ 3º O equipamento eletrônico ou registrador deverá funcionar de forma independente de qualquer interferência
do condutor, quanto aos dados registrados.
§ 4º A guarda, a preservação e a exatidão das informações contidas no equipamento registrador instantâneo
inalterável de velocidade e de tempo são de responsabilidade do condutor.]

4) LEI Nº 13.146/2015

Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas,
avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as ro-
as estradas e as rodovias, que terão seu uso regula- dovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade
mentado pelo órgão ou entidade com circunscrição com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades
sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e locais e as circunstâncias especiais.
as circunstâncias especiais. Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias in-
consideradas vias terrestres as praias abertas à cir- ternas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades
culação pública e as vias internas pertencentes aos autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabeleci-
condomínios constituídos por unidades autônomas. mentos privados de uso coletivo.
Art. 181. Estacionar o veículo: Art. 181. Estacionar o veículo:
(...) (...)
XVII - em desacordo com as condições regulamenta- XVII - em desacordo com as condições regulamentadas especifi-
das especificamente pela sinalização (placa - Estacio- camente pela sinalização (placa - Estacionamento Regulamen-
namento Regulamentado): tado):
Infração - leve; Infração - grave;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Medida administrativa - remoção do veículo;

INCLUSÃO de artigos no CTB:


Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser si-
nalizadas com as respectivas placas indicativas de destinação e com placas informando os dados sobre a infração por
estacionamento indevido.
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é assegurada acessibilidade de comunicação, mediante emprego de
tecnologias assistivas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do processo de habilitação
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teóricas dos cursos que precedem os exames previstos no art. 147
desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação com legenda oculta associada à tradução simultânea em Libras.
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de intér-
prete da Libras, para acompanhamento em aulas práticas e teóricas.

5) LEI Nº 13.154/2015

Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trân- Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

sito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
(...) (...)
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, ciclomo- XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos
tores, veículos de tração e propulsão humana e de tração de tração e propulsão humana e de tração animal, fisca-
animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e ar- lizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando
recadando multas decorrentes de infrações; multas decorrentes de infrações;

9
Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio Art. 115. O veículo será identificado externamente por
de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em sua meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em
estrutura, obedecidas as especificações e modelos estabele- sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos es-
cidos pelo CONTRAN. tabelecidos pelo CONTRAN.
(...) (...)
§ 4º Os aparelhos automotores destinados a puxar ou ar- § 4º Os aparelhos automotores destinados a puxar ou a
rastar maquinaria de qualquer natureza ou a executar tra- arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a executar
balhos agrícolas e de construção ou de pavimentação são trabalhos de construção ou de pavimentação são sujei-
sujeitos, desde que lhes seja facultado transitar nas vias, ao tos ao registro na repartição competente, se transitarem
registro e licenciamento da repartição competente, devendo em via pública, dispensados o licenciamento e o empla-
receber numeração especial. camento.
§ 4º-A. Os tratores e demais aparelhos automotores des-
tinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola ou a
executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a tran-
sitar em via pública, são sujeitos ao registro único, sem
ônus, em cadastro específico do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, acessível aos componentes do
Sistema Nacional de Trânsito.
§ 8º Os veículos artesanais utilizados para trabalho agrí-
cola ( jericos), para efeito do registro de que trata o § 4o-A,
ficam dispensados da exigência prevista no art. 106.

Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de pro- Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de pro-
pulsão humana, dos ciclomotores e dos veículos de tração pulsão humana e dos veículos de tração animal obedece-
animal obedecerão à regulamentação estabelecida em le- rão à regulamentação estabelecida em legislação munici-
gislação municipal do domicílio ou residência de seus pro- pal do domicílio ou residência de seus proprietários.
prietários. Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos au-
tomotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria
agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetuado,
sem ônus, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, diretamente ou mediante convênio.

Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licencia- Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licencia-
mento e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN du- mento e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN
rante o trajeto entre a fábrica e o durante o trajeto entre a fábrica e o
Município de destino. Município de destino.
(...) (...)
§ 2º Antes do registro e licenciamento, o veículo de car- § 2º (Revogado pela Lei nº 13.154, de 2015)
ga novo, nacional ou importado, portando a nota fiscal de
compra e venda ou documento alfandegário, deverá transi-
tar embarcado do pátio da fábrica ou do posto alfandegário
ao Município de destino.

Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o pro- Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o pro-
prietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo de prietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo de
trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, có-
autenticada do comprovante de transferência de proprieda- pia autenticada do comprovante de transferência de pro-
de, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se priedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter
responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades
e suas reincidências até a data da comunicação. impostas e suas reincidências até a data da comunicação.
Parágrafo único. O comprovante de transferência de
propriedade de que trata o caput poderá ser substituído
por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Contran.

10
6) LEI Nº 13.160/2015

INCLUSÃO de dispositivos no CTB:


Art. 184. Transitar com o veículo:
(...)
III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada com circulação destinada aos veículos de transporte público coletivo
de passageiros, salvo casos de força maior e com autorização do poder público competente:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida Administrativa - remoção do veículo.
Art. 252. Dirigir o veículo:
(...)
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em movimento:
Infração - média;
Penalidade - multa.
Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem reformas ou recuperação de veículos e os que comprem, vendam ou
desmontem veículos, usados ou não, são obrigados a possuir livros de registro de seu movimento de entrada e saída e de
uso de placas de experiência, conforme modelos aprovados e rubricados pelos órgãos de trânsito.
(...)
§ 6º Os livros previstos neste artigo poderão ser substituídos por sistema eletrônico, na forma regulamentada pelo Contran.
Art. 270. O veículo poderá ser Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste Código.
retido nos casos expressos neste (...)
Código. § 2º Não sendo possível sanar a falha no local da infração, o veículo, desde que ofereça
(...) condições de segurança para circulação, poderá ser liberado e entregue a condutor re-
§ 2º Não sendo possível sanar a gularmente habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual,
falha no local da infração, o veí- contra apresentação de recibo, assinalando-se prazo razoável ao condutor para regula-
culo poderá ser retirado por con- rizar a situação, para o que se considerará, desde logo, notificado.
dutor regularmente habilitado, (...)
mediante recolhimento do Cer- § 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se refere o § 2º, será feito registro
tificado de Licenciamento Anual, de restrição administrativa no RENAVAM por órgão ou entidade executivo de trânsito
contra recibo, assinalando-se ao dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada após comprovada a regularização.
condutor prazo para sua regula- § 7º O descumprimento das obrigações estabelecidas no § 2o resultará em recolhimen-
rização, para o que se considera- to do veículo ao depósito, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271.
rá, desde logo, notificado.
Art. 271. O veículo será remo- Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos neste Código, para o depósito
vido, nos casos previstos neste fixado pelo órgão ou entidade competente, com circunscrição sobre a via.
Código, para o depósito fixado § 1º A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante prévio pagamento de mul-
pelo órgão ou entidade compe- tas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na
tente, com circunscrição sobre legislação específica.
a via. § 2º A liberação do veículo removido é condicionada ao reparo de qualquer componen-
Parágrafo único. A restituição te ou equipamento obrigatório que não esteja em perfeito estado de funcionamento.
dos veículos removidos só ocor- § 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência que não possa ser tomada no
rerá mediante o pagamento depósito, a autoridade responsável pela remoção liberará o veículo para reparo, me-
das multas, taxas e despesas diante autorização, assinalando prazo para reapresentação e vistoria. (DESCONSIDE-
com remoção e estada, além RAR ESSA REDAÇÃO, POIS JÁ FOI MODIFICADA PELA LEI Nº 13.281/16)
de outros encargos previstos na § 4º A remoção, o depósito e a guarda do veículo serão realizados diretamente por
órgão público ou serão contratados por licitação pública. (DESCONSIDERAR ESSA RE-
legislação específica.
DAÇÃO, POIS JÁ FOI MODIFICADA PELA LEI Nº 13.281/16)
§ 5º O proprietário ou o condutor deverá ser notificado, no ato de remoção do veículo,
sobre as providências necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art. 328, con-
forme regulamentação do CONTRAN.
§ 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja presente no momento de remoção do
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

veículo, a autoridade de trânsito, no prazo de dez dias contado da data de apreensão,


deverá expedir a notificação prevista no § 5o ao proprietário, por remessa postal ou
por outro meio tecnológico hábil que assegure a sua ciência. (DESCONSIDERAR ESSA
REDAÇÃO, POIS JÁ FOI MODIFICADA PELA LEI Nº 13.281/16)
§ 7º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do veículo
ou por recusa desse de recebê-la será considerada recebida para todos os efeitos.
§ 8º Em caso de veículo licenciado no exterior, a notificação será feita por edital.
§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregularidade puder ser sanada no local
da infração.

11
Art. 328. Os veículos apreendi- Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer título e não reclamado por seu
dos ou removidos a qualquer proprietário dentro do prazo de sessenta dias, contado da data de recolhimento, será
título e os animais não recla- avaliado e levado a leilão, a ser realizado preferencialmente por meio eletrônico.
mados por seus proprietários, § 1º Publicado o edital do leilão, a preparação poderá ser iniciada após trinta dias, con-
dentro do prazo de noventa tados da data de recolhimento do veículo, o qual será classificado em duas categorias:
dias, serão levados à hasta pú- I - conservado, quando apresenta condições de segurança para trafegar; e
blica, deduzindo-se, do valor II - sucata, quando não está apto a trafegar.
arrecadado, o montante da dí- § 2º Se não houver oferta igual ou superior ao valor da avaliação, o lote será incluído
vida relativa a multas, tributos no leilão seguinte, quando será arrematado pelo maior lance, desde que por valor não
e encargos legais, e o restante, inferior a cinquenta por cento do avaliado.
se houver, depositado à conta § 3º Mesmo classificado como conservado, o veículo que for levado a leilão por duas
do ex-proprietário, na forma da vezes e não for arrematado será leiloado como sucata.
lei. § 4º É vedado o retorno do veículo leiloado como sucata à circulação.
§ 5º A cobrança das despesas com estada no depósito será limitada ao prazo de seis
meses.
§ 6º Os valores arrecadados em leilão deverão ser utilizados para custeio da realização
do leilão, dividindo-se os custos entre os veículos arrematados, proporcionalmente ao
valor da arrematação, e destinando-se os valores remanescentes, na seguinte ordem,
para:
I - as despesas com remoção e estada;
II - os tributos vinculados ao veículo, na forma do § 10;
III - os credores trabalhistas, tributários e titulares de crédito com garantia real, segun-
do a ordem de preferência estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 de outubro
de 1966 (Código Tributário Nacional);
IV - as multas devidas ao órgão ou à entidade responsável pelo leilão;
V - as demais multas devidas aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Trânsito,
segundo a ordem cronológica; e
VI - os demais créditos, segundo a ordem de preferência legal.
§ 7º Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar os débitos incidentes sobre o
veículo, a situação será comunicada aos credores. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 8º Os órgãos públicos responsáveis serão comunicados do leilão previamente para
que formalizem a desvinculação dos ônus incidentes sobre o veículo no prazo máximo
de dez dias.
§ 9º Os débitos incidentes sobre o veículo antes da alienação administrativa ficam
dele automaticamente desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o proprietário
anterior.
§ 10. Aplica-se o disposto no § 9º inclusive ao débito relativo a tributo cujo fato gerador
seja a propriedade, o domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento de veículo.
§ 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o veículo, por qualquer meio, os
débitos serão novamente vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o disposto nos
§§ 1º, 2º e 3º do art. 271.
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será depositado em conta específica do
órgão responsável pela realização do leilão e ficará à disposição do antigo proprietário,
devendo ser expedida notificação a ele, no máximo em trinta dias após a realização do
leilão, para o levantamento do valor no prazo de cinco anos, após os quais o valor será
transferido, definitivamente, para o fundo a que se refere o parágrafo único do art. 320.
§ 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, ao animal recolhido, a qualquer
título, e não reclamado por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar da data
de recolhimento, conforme regulamentação do CONTRAN.
§ 14. Não se aplica o disposto neste artigo ao veículo recolhido a depósito por ordem
judicial ou ao que esteja à disposição de autoridade policial. (DESCONSIDERAR ESSA
REDAÇÃO, POIS JÁ FOI ALTERADA PELA LEI 13.281/16)
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

12
7) LEI Nº 13.281/2016

• Apenas o disposto nos art. 253-a e 320-a passaram a vigorar a partir da data de publicação dessa norma
(06/05/16).
• Os demais dispositivos vigoraram a partir de 05/11/16 (180 dias da data da publicação).

Art. 12. Compete ao Contran: Art. 12. Compete ao Contran


(...) (...)
VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a apli-
para a imposição, a arrecadação e a compensação cação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos
das multas por infrações cometidas em unidade da valores arrecadados;
Federação diferente da do licenciamento do veículo; (...)
XV - normatizar o processo de formação do candidato à obten-
ção da Carteira Nacional de Habilitação, estabelecendo seu con-
teúdo didático-pedagógico, carga horária, avaliações, exames,
execução e fiscalização.
Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trânsito da
trânsito da União: União:
(...) (...)
XIII - coordenar a administração da arrecadação de XIII - coordenar a administração do registro das infrações de
multas por infrações ocorridas em localidade diferen- trânsito, da pontuação e das penalidades aplicadas no prontu-
te daquela da habilitação do condutor infrator e em ário do infrator, da arrecadação de multas e do repasse de que
unidade da Federação diferente daquela do licencia- trata o § 1º do art. 320;
mento do veículo; (...)
(...) XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infrações de
Trânsito (Renainf).
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circuns- dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
crição: (...)
(...) VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, edifica-
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar e apli- ções de uso público e edificações privadas de uso coletivo, autuar
car as medidas administrativas cabíveis, por infra- e aplicar as medidas administrativas cabíveis e as penalidades
ções de circulação, estacionamento e parada previs- de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação,
tas neste Código, no exercício regular do Poder de estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício
Polícia de Trânsito; regular do poder de polícia de trânsito, notificando os infratores
e arrecadando as multas que aplicar, exercendo iguais atribui-
ções no âmbito de edificações privadas de uso coletivo, somente
para infrações de uso de vagas reservadas em estacionamentos;
Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada
será indicada por meio de sinalização, obedecidas por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas
suas características técnicas e as condições de trân- e as condições de trânsito:
sito: II - nas vias rurais:
II - nas vias rurais: a) nas rodovias de pista dupla:
a) nas rodovias: 1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para automóveis,
1) 110 (cento e dez) quilômetros por hora para auto- camionetas e motocicletas;
móveis, camionetas e motocicletas; 2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais ve-
2) noventa quilômetros por hora, para ônibus e mi- ículos;
croônibus; 3. (revogado);
3) oitenta quilômetros por hora, para os demais ve- b) nas rodovias de pista simples:
ículos; 1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, ca-
b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora. mionetas e motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais ve-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ículos;
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora).

13
Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desa- Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desacordo com as
cordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D constitui infração puní-
constitui infração punível com as seguintes sanções: vel com as seguintes sanções:
(...) (...)
III - multa de 1.000 (um mil) a 5.000 (cinco mil) vezes III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete reais) a
o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou uni- R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco reais), cobrada do
dade que a substituir, cobrada do dobro até o quíntu- dobro até o quíntuplo em caso de reincidência.
plo, em caso de reincidência.
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa pertur- Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou in-
bar ou interromper a livre circulação de veículos e terromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou colocar
pedestres, ou colocar em risco sua segurança, será em risco sua segurança, será iniciada sem permissão prévia do
iniciada sem permissão prévia do órgão ou entidade órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via.
de trânsito com circunscrição sobre a via. (...)
(...) § 3º O descumprimento do disposto neste artigo será punido
§ 3º A inobservância do disposto neste artigo será pu- com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e trinta e cinco cen-
nida com multa que varia entre cinquenta e trezen- tavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e oitenta e oito reais e dez cen-
tas UFIR, independentemente das cominações cíveis tavos), independentemente das cominações cíveis e penais cabí-
e penais cabíveis. veis, além de multa diária no mesmo valor até a regularização
da situação, a partir do prazo final concedido pela autoridade de
trânsito, levando-se em consideração a dimensão da obra ou do
evento e o prejuízo causado ao trânsito.
Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veícu- Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos poderá
los poderá transitar com lotação de passageiros, com transitar com lotação de passageiros, com peso bruto total, ou
peso bruto total, ou com peso bruto total combinado com peso bruto total combinado com peso por eixo, superior ao
com peso por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a capacidade máxima de
nem ultrapassar a capacidade máxima de tração da tração da unidade tratora.
unidade tratora. § 1º Os veículos de transporte coletivo de passageiros poderão
Parágrafo único. O CONTRAN regulamentará o uso ser dotados de pneus extralargos.
de pneus extralargos, definindo seus limites de peso. § 2º O Contran regulamentará o uso de pneus extralargos para
os demais veículos.
§ 3º É permitida a fabricação de veículos de transporte de
passageiros de até 15 m (quinze metros) de comprimento na
configuração de chassi 8x2.
Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de controle de
controle de fronteira comunicarão diretamente ao fronteira comunicarão diretamente ao RENAVAM a entrada e
RENAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva saída temporária ou definitiva de veículos.
de veículos. § 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão sair do
Parágrafo único. Os veículos licenciados no exterior território nacional sem o prévio pagamento ou o depósito,
não poderão sair do território nacional sem prévia judicial ou administrativo, dos valores correspondentes às
quitação de débitos de multa por infrações de trân- infrações de trânsito cometidas e ao ressarcimento de danos
sito e o ressarcimento de danos que tiverem causado que tiverem causado ao patrimônio público ou de particulares,
a bens do patrimônio público, respeitado o princípio independentemente da fase do processo administrativo ou
da reciprocidade. judicial envolvendo a questão.
§ 2º Os veículos que saírem do território nacional sem o
cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente forem
flagrados tentando ingressar ou já em circulação no território
nacional serão retidos até a regularização da situação.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

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Art. 152. O exame de direção veicular será realizado Art. 152. O exame de direção veicular será realizado perante
perante uma comissão comissão
integrada por três membros designados pelo dirigen- integrada por 3 (três) membros designados pelo dirigente do ór-
te do órgão executivo local de trânsito, para o perío- gão executivo local de trânsito.
do de um ano, permitida a recondução por mais um (...)
período de igual duração. § 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e bombeiros
(...) dos órgãos de segurança pública da União, dos Estados e do
§ 2º Os militares das Forças Armadas e Auxiliares que Distrito Federal que possuírem curso de formação de condutor
possuírem curso de formação de condutor, ministra- ministrado em suas corporações serão dispensados, para a con-
do em suas corporações, serão dispensados, para a cessão do documento de habilitação, dos exames aos quais se
concessão da Carteira Nacional de Habilitação, dos houverem submetido com aprovação naquele curso, desde que
exames a que se houverem submetido com aprova- neles sejam observadas as normas estabelecidas pelo Contran.
ção naquele curso, desde que neles sejam observadas § 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar interessado na
as normas estabelecidas pelo CONTRAN. dispensa de que trata o § 2º instruirá seu requerimento com ofí-
§ 3º O militar interessado instruirá seu requerimento cio do comandante, chefe ou diretor da unidade administrativa
com ofício do Comandante, Chefe ou Diretor da or- onde prestar serviço, do qual constarão o número do registro de
ganização militar em que servir, do qual constarão: identificação, naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em
o número do registro de identificação, naturalidade, que se habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das atas dos
nome, filiação, idade e categoria em que se habilitou exames prestados.
a conduzir, acompanhado de cópias das atas dos exa-
mes prestados.
Art. 162. Dirigir veículo: Art. 162. Dirigir veículo:
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou I- sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para
Permissão para Dirigir: Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veí- Penalidade - multa (três vezes);
culo; Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação
II - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis- de condutor habilitado;
são para Dirigir cassada ou com suspensão do direito II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir
de dirigir: ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cassada ou com sus-
Infração - gravíssima; pensão do direito de dirigir:
Penalidade - multa (cinco vezes) e apreensão do ve- Infração - gravíssima;
ículo; Penalidade - multa (três vezes);
III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis- Medida administrativa - recolhimento do documento de habi-
são para Dirigir de categoria diferente da do veículo litação e retenção do veículo até a apresentação de condutor
que esteja conduzindo: habilitado;
Infração - gravíssima; III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Di-
Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veí- rigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo:
culo; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - recolhimento do documento Penalidade - multa (duas vezes);
de habilitação; Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação
de condutor habilitado.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

15
Art. 231. Transitar com o veículo: Art. 231. Transitar com o veículo:
V - com excesso de peso, admitido percentual de to- V - com excesso de peso, admitido percentual de tolerância
lerância quando aferido por equipamento, na forma quando aferido por equipamento, na forma a ser estabelecida
a ser estabelecida pelo CONTRAN: pelo CONTRAN:
Infração - média; Infração - média;
Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilo- Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilogramas ou
gramas ou fração de excesso de peso apurado, cons- fração de excesso de peso apurado, constante na seguinte tabela:
tante na seguinte tabela: a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco reais e
a) até seiscentos quilogramas - 5 (cinco) UFIR; trinta e dois centavos);
b) de seiscentos e um a oitocentos quilogramas - 10 b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos quilogramas) -
(dez) UFIR; R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos);
c) de oitocentos e um a um mil quilogramas - 20 (vin- c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas) - R$
te) UFIR; 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito centavos);
d) de um mil e um a três mil quilogramas - 30 (trinta) d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) - R$ 31,
UFIR; (trinta e um reais e noventa e dois centavos);
e) de três mil e um a cinco mil quilogramas - 40 (qua- e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil quilogramas) -
renta) UFIR; R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta e seis centavos);
f) acima de cinco mil e um quilogramas - 50 (cin- f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ 53,20
quenta) UFIR; (cinquenta e três reais e vinte centavos);
Art. 258. As infrações punidas com multa classificam- Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de acor-
-se, de acordo com sua gravidade, em quatro cate- do com sua gravidade, em quatro categorias:
gorias: I - infração de natureza gravíssima, punida com multa no valor
I - infração de natureza gravíssima, punida com mul- de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete
ta de valor correspondente a 180 (cento e oitenta) centavos);
UFIR; II - infração de natureza grave, punida com multa no valor de
II - infração de natureza grave, punida com multa de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos);
valor correspondente a 120 (cento e vinte) UFIR; III - infração de natureza média, punida com multa no valor de
III - infração de natureza média, punida com multa R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos);
de valor correspondente a 80 (oitenta) UFIR; IV - infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$
IV - infração de natureza leve, punida com multa de 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos).
valor correspondente a 50 (cinquenta) UFIR.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

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Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de di- Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será
rigir será aplicada, nos casos previstos neste Código, imposta nos seguintes casos:
pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de um I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos,
ano e, no caso de reincidência no período de doze no período de 12 (doze) meses, conforme a pontuação prevista
meses, pelo prazo mínimo de seis meses até o máxi- no art. 259;
mo de dois anos, segundo critérios estabelecidos pelo II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas
CONTRAN. infrações preveem, de forma específica, a penalidade de suspen-
§ 1o Além dos casos previstos em outros artigos des- são do direito de dirigir.
te Código e excetuados aqueles especificados no art. § 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do
263, a suspensão do direito de dirigir será aplicada direito de dirigir são os seguintes:
quando o infrator atingir, no período de 12 (doze) I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano
meses, a contagem de 20 (vinte) pontos, conforme e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8
pontuação indicada no art. 259. (oito) meses a 2 (dois) anos;
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses,
a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida a exceto para as infrações com prazo descrito no dispositivo infra-
seu titular imediatamente após cumprida a penalida- cional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses,
de e o curso de reciclagem. de 8 (oito) a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso
§ 3º A imposição da penalidade de suspensão do di- II do art. 263.
reito de dirigir elimina os 20 (vinte) pontos computa- § 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo,
dos para fins de contagem subsequente. habilitado na categoria C, D ou E, poderá optar por participar
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada em de curso preventivo de reciclagem sempre que, no período de 1
veículo, habilitado na categoria C, D ou E, será con- (um) ano, atingir 14 (quatorze) pontos, conforme regulamenta-
vocado pelo órgão executivo de trânsito estadual a ção do Contran.
participar de curso preventivo de reciclagem sempre § 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá
que, no período de um ano, atingir quatorze pontos, fazer nova opção no período de 12 (doze) meses.
conforme regulamentação do Contran. § 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o
§ 6º Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o, condutor que, notificado da penalidade de que trata este artigo,
o condutor terá eliminados os pontos que lhe tiverem dirigir veículo automotor em via pública.
sido atribuídos, para fins de contagem subsequente. § 10. O processo de suspensão do direito de dirigir referente
§ 7º Após o término do curso de reciclagem, na forma ao inciso II do caput deste artigo deverá ser instaurado
do § 5o, o condutor não poderá ser novamente con- concomitantemente com o processo de aplicação da penalidade
vocado antes de transcorrido o período de um ano. de multa.
§ 8º A pessoa jurídica concessionária ou permissioná- § 11. O Contran regulamentará as disposições deste artigo.
ria de serviço público tem o direito de ser informada
dos pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos mo-
toristas que integrem seu quadro funcional, exercen-
do atividade remunerada ao volante, na forma que
dispuser o Contran.
Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos ex- Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste
pressos neste Código. Código.
(...) (...)
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no lo- § 4º Não se apresentando condutor habilitado no local da infra-
cal da infração, o veículo será recolhido ao depósito, ção, o veículo será removido a depósito, aplicando-se neste caso
aplicando-se neste caso o disposto nos parágrafos do o disposto no art. 271.
art. 262.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

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Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em aciden-
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscaliza- te de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá
ção de trânsito poderá ser submetido a teste, exa- ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedi-
me clínico, perícia ou outro procedimento que, por mento que, por meios técnicos ou científicos, na forma discipli-
meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada nada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou ou-
pelo Contran, permita certificar influência de álcool tra substância psicoativa que determine dependência.
ou outra substância psicoativa que determine depen- (...)
dência. § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas
(...) estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas admi- recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos
nistrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao no caput deste artigo.
condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
procedimentos previstos no caput deste artigo.

Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetua- Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado até a data
do até a data do vencimento expressa na notificação, do vencimento expressa na notificação, por oitenta por cento do
por oitenta por cento do seu valor. seu valor.
Parágrafo único. Não ocorrendo o pagamento da § 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação eletrônica,
multa no prazo estabelecido, seu valor será atuali- se disponível, conforme regulamentação do Contran, e opte
zado à data do pagamento, pelo mesmo número de por não apresentar defesa prévia nem recurso, reconhecendo o
UFIR fixado no art. 258. cometimento da infração, poderá efetuar o pagamento da multa
por 60% (sessenta por cento) do seu valor, em qualquer fase do
processo, até o vencimento da multa.
§ 2º O recolhimento do valor da multa não implica renúncia
ao questionamento administrativo, que pode ser realizado a
qualquer momento, respeitado o disposto no § 1º.
§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser aplicada
qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento
e transferência, enquanto não for encerrada a instância
administrativa de julgamento de infrações e penalidades.
§ 4º Encerrada a instância administrativa de julgamento de in-
frações e penalidades, a multa não paga até o vencimento será
acrescida de juros de mora equivalentes à taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos
federais acumulada mensalmente, calculados a partir do mês
subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do paga-
mento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o
pagamento estiver sendo efetuado.
Art. 290. A apreciação do recurso previsto no art. 288 Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de
encerra a instância administrativa de julgamento de julgamento de infrações e penalidades:
infrações e penalidades. I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 e 289;
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalida- II - a não interposição do recurso no prazo legal; e
des aplicadas nos termos deste Código serão cadas- III - o pagamento da multa, com reconhecimento da infração e
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

tradas no RENACH. requerimento de encerramento do processo na fase em que se


encontra, sem apresentação de defesa ou recurso.

18
Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das multas de
multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, enge-
sinalização, engenharia de tráfego, de campo, poli- nharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e edu-
ciamento, fiscalização e educação de trânsito. cação de trânsito.
Parágrafo único. O percentual de cinco por cento do §1º O percentual de cinco por cento do valor das multas de trân-
valor das multas de trânsito arrecadadas será deposi- sito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de
tado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito na- fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação
cional destinado à segurança e educação de trânsito. de trânsito.
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente, na
rede mundial de computadores (internet), dados sobre a
receita arrecadada com a cobrança de multas de trânsito e sua
destinação.
Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, no mínimo,
cinco anos os documentos relativos à habilitação de 5 (cinco) anos os documentos relativos à habilitação de condu-
condutores e ao registro e licenciamento de veícu- tores, ao registro e ao licenciamento de veículos e aos autos de
los, podendo ser microfilmados ou armazenados em infração de trânsito.
meio magnético ou óptico para todos os efeitos le- § 1º Os documentos previstos no caput poderão ser gerados
gais. e tramitados eletronicamente, bem como arquivados e
armazenados em meio digital, desde que assegurada a
autenticidade, a fidedignidade, a confiabilidade e a segurança
das informações, e serão válidos para todos os efeitos legais,
sendo dispensada, nesse caso, a sua guarda física.
§ 2º O Contran regulamentará a geração, a tramitação, o ar-
quivamento, o armazenamento e a eliminação de documentos
eletrônicos e físicos gerados em decorrência da aplicação das
disposições deste Código.
§ 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema deverá
ser certificado digitalmente, atendidos os requisitos de
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade
da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

19
Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qual- Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer título e
quer título e não reclamado por seu proprietário den- não reclamado por seu proprietário dentro do prazo de sessenta
tro do prazo de sessenta dias, contado da data de dias, contado da data de recolhimento, será avaliado e levado
recolhimento, será avaliado e levado a leilão, a ser a leilão, a ser realizado preferencialmente por meio eletrônico.
realizado preferencialmente por meio eletrônico. (...)
(...) § 14. Se identificada a existência de restrição policial ou judicial
§ 14. Não se aplica o disposto neste artigo ao veículo sobre o prontuário do veículo, a autoridade responsável pela
recolhido a depósito por ordem judicial ou ao que es- restrição será notificada para a retirada do bem do depósito,
teja à disposição de autoridade policial. mediante a quitação das despesas com remoção e estada, ou
para a autorização do leilão nos termos deste artigo.
§ 15. Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação
de que trata o § 14, não houver manifestação da autoridade
responsável pela restrição judicial ou policial, estará o órgão de
trânsito autorizado a promover o leilão do veículo nos termos
deste artigo.
§ 16. Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de bens
automotores que se encontrarem nos depósitos há mais de 1 (um)
ano poderão ser destinados à reciclagem, independentemente
da existência de restrições sobre o veículo.
§ 17. O procedimento de hasta pública na hipótese do § 16 será
realizado por lote de tonelagem de material ferroso, observando-
se, no que couber, o disposto neste artigo, condicionando-se a
entrega do material arrematado aos procedimentos necessários
à descaracterização total do bem e à destinação exclusiva, am-
bientalmente adequada, à reciclagem siderúrgica, vedado qual-
quer aproveitamento de peças e partes.
§ 18. Os veículos sinistrados irrecuperáveis queimados,
adulterados ou estrangeiros, bem como aqueles sem possibilidade
de regularização perante o órgão de trânsito, serão destinados
à reciclagem, independentemente do período em que estejam
em depósito, respeitado o prazo previsto no caput deste artigo,
sempre que a autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa
a medida apropriada.
Art. 253-A. Usar veículo para, deliberadamente, in- ENTROU EM VIGOR IMEDIATAMENTE
terromper, restringir ou perturbar a circulação na via: Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberadamente, inter-
Infração - gravíssima; romper, restringir ou perturbar a circulação na via sem autori-
Penalidade - multa (trinta vezes), suspensão do direi- zação do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre
to de dirigir por doze meses e apreensão do veículo; ela:
Medida administrativa - recolhimento do documento Infração - gravíssima;
de habilitação, remoção do veículo e proibição de re- Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito de dirigir
ceber incentivo creditício por dez anos para aquisição por 12 (doze) meses;
de veículos. Medida administrativa - remoção do veículo.
§ 1o Aplica-se a multa agravada em cem vezes aos § 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes aos or-
organizadores da conduta prevista no caput. ganizadores da conduta prevista no caput.
§ 2o Aplica-se em dobro a multa em caso de reinci- § 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de reincidência no
dência no período de doze meses. período de 12 (doze) meses.
3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou jurídicas
que incorram na infração, devendo a autoridade com circunscri-
ção sobre a via restabelecer de imediato, se possível, as condi-
ções de normalidade para a circulação na via.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

20
Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos neste Có-
neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou digo, para o depósito fixado pelo órgão ou entidade competente,
entidade competente, com circunscrição sobre a via. com circunscrição sobre a via.
(...) (...)
§ 3o Se o reparo referido no § 2o demandar provi- § 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência que não
dência que não possa ser tomada no depósito, a au- possa ser tomada no depósito, a autoridade responsável pela
toridade responsável pela remoção liberará o veículo remoção liberará o veículo para reparo, na forma transportada,
para reparo, mediante autorização, assinalando pra- mediante autorização, assinalando prazo para reapresentação.
zo para reapresentação e vistoria. § 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de veículo
4o A remoção, o depósito e a guarda do veículo serão poderão ser realizados por órgão público, diretamente, ou por
realizados diretamente por órgão público ou serão particular contratado por licitação pública, sendo o proprietário
contratados por licitação pública. do veículo o responsável pelo pagamento dos custos desses
§ 6o Caso o proprietário ou o condutor não esteja serviços.
presente no momento de remoção do veículo, a au- § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja presente no
toridade de trânsito, no prazo de dez dias contado momento da remoção do veículo, a autoridade de trânsito, no
da data de apreensão, deverá expedir a notificação prazo de 10 (dez) dias contado da data da remoção, deverá ex-
prevista no § 5o ao proprietário, por remessa postal pedir ao proprietário a notificação prevista no § 5º, por remessa
ou por outro meio tecnológico hábil que assegure a postal ou por outro meio tecnológico hábil que assegure a sua
sua ciência. ciência, e, caso reste frustrada, a notificação poderá ser feita por
edital.
§ 10. O pagamento das despesas de remoção e estada será
correspondente ao período integral, contado em dias, em que
efetivamente o veículo permanecer em depósito, limitado ao
prazo de 6 (seis) meses.
§ 11. Os custos dos serviços de remoção e estada prestados por
particulares poderão ser pagos pelo proprietário diretamente ao
contratado.
§ 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de o respectivo
ente da Federação estabelecer a cobrança por meio de taxa ins-
tituída em lei.
§ 13. No caso de o proprietário do veículo, objeto do recolhimen-
to comprovar, administrativa ou judicialmente, que o recolhi-
mento foi indevido ou que houve abuso no período de retenção
em depósito, é da responsabilidade do ente público a devolução
das quantias pagas por força deste artigo, segundo os mesmos
critérios da devolução de multas indevidas.
INCLUSÃO de artigos no CTB:
Art. 12. Compete ao Contran:
(...)
XV - normatizar o processo de formação do candidato à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, estabelecendo
seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, execução e fiscalização.
Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo da via, sinalização prevista neste Código e em legislação com-
plementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a utilização de qualquer outra.
(...)
§ 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização nas vias internas pertencentes aos condomínios constituídos
por unidades autônomas e nas vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo é de seu
proprietário.
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condições de segurança, de controle de emissão de gases poluentes e de
ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN para
os itens de segurança e pelo CONAMA para emissão de gases poluentes e ruído.
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput, durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamento, os veículos
novos classificados na categoria particular, com capacidade para até 7 (sete) passageiros, desde que mantenham suas
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

características originais de fábrica e não se envolvam em acidente de trânsito com danos de média ou grande monta.
§ 7º Para os demais veículos novos, o período de que trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mantenham suas
características originais de fábrica e não se envolvam em acidente de trânsito com danos de média ou grande monta.

21
Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em sua
estrutura, obedecidas as especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
(...)
§ 9º As placas que possuírem tecnologia que permita a identificação do veículo ao qual estão atreladas são dispensadas
da utilização do lacre previsto no caput, na forma a ser regulamentada pelo Contran.

Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licenciamento Anual.


Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no momento da fiscalização, for possível ter acesso ao devido sistema
informatizado para verificar se o veículo está licenciado.
Art. 181. Estacionar o veículo:
XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou idosos, sem credencial que comprove tal condição:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
Art. 252. Dirigir o veículo:
(...)
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo,
ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
(...)
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V caracterizar-se-á como infração gravíssima no caso de o condutor estar
segurando ou manuseando telefone celular.
Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar in-
fluência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no §
4º do art. 270.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
meses.”
Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor autuado poderá optar por ser notificado por meio eletrônico se o
órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável pela autuação oferecer essa opção.
§ 1º O proprietário ou o condutor autuado que optar pela notificação por meio eletrônico deverá manter seu cadastro
atualizado no órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.
§ 2º Na hipótese de notificação por meio eletrônico, o proprietário ou o condutor autuado será considerado notificado
30 (trinta) dias após a inclusão da informação no sistema eletrônico.
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado digitalmente, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade,
validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juíz aplicar a substitui-
ção de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade
ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades:
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especia-
lizadas no atendimento a vítimas de trânsito;
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito
e politraumatizados;
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.
Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste Código poderão ser corrigidos monetariamente pelo Contran, respei-
tado o limite da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício anterior.
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do disposto no caput serão divulgados pelo Contran com, no mínimo, 90
(noventa) dias de antecedência de sua aplicação.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ENTROU EM VIGOR IMEDIATAMENTE


Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema Nacional de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e o apri-
moramento da fiscalização de trânsito, inclusive por meio do compartilhamento da receita arrecadada com a cobrança
das multas de trânsito.

22
DISPOSITIVOS REVOGADOS no CTB PELA LEI Nº 13.281/16
(As revogações só vigerão a partir de 06/11/16)
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição,
deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
(...)
IV - apreensão do veículo; (REVOGADO)
Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias:
§ 1º Os valores das multas serão corrigidos no primeiro dia útil de cada mês pela variação da UFIR ou outro índice legal
de correção dos débitos fiscais. (REVOGADO)

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.
(...)
§ 2º Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool
ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
pela autoridade competente:
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor. (REVOGADO)

8) LEI Nº 13.290/2016

As alterações a seguir vigoraram apenas partir de 08/07/16 (45 dias da data da publicação)

Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes
determinações: determinações:
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utili- I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utili-
zando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis zando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis
providos de iluminação pública; providos de iluminação pública e nas rodovias;
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento: Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
I - deixar de manter acesa a luz baixa: I - deixar de manter acesa a luz baixa:
(...) (...)
b) de dia, nos túneis providos de iluminação pública; b) de dia, nos túneis providos de iluminação pública e nas
Infração - média; rodovias;
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.

REFERÊNCIA:

Disponível em:<https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2018/05/26105930/Artigo-Atualizações-CTB_até-24_05_18.
pdf>. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

23
No estudo do CTB, percebe-se claramente a tendên-
cia à descentralização ou municipalização do trânsito,
DECRETO Nº 4.711/2003(DISPÕE SOBRE A através de uma maior liberdade para regulamentação
COORDENAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL e normatização de situações de interesse local. Encon-
DE TRÂNSITO SNT) tra amparo legal no artigo 30, inciso I, da CF/88, que diz
competir aos Municípios legislar sobre assuntos de inte-
resse local.
O poder de polícia administrativa de trânsito é o ramo
O trânsito é hoje um tema que envolve muitas dis- do poder de polícia administrativa que restringe e orien-
cussões por parte dos governos em todo o mundo, essas ta os comportamentos individuais no trânsito, buscando
discussões têm como objetivo encontrar meios de tornar criar condições para um trânsito coletivo mais seguro,
o trânsito mais seguro, mais eficaz e melhor para todos. mais ordeiro e mais eficiente.
No intuito de regular as atitudes, visando à melhoria Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de
das condições do trânsito, os governos lançam mão de Trânsito lançam mão do poder de polícia administrativa
uma ferramenta muito importante, o Poder de Polícia de de trânsito para regular e inclusive punir indivíduos que
Trânsito. venham a ser nocivos à coletividade no trânsito, visan-
No entanto, diante da possibilidade de ocorrerem do garantir a integridade e a incolumidade física e pa-
abusos ou omissões por parte dos órgãos que venham trimonial daqueles que fazem uso das vias em território
a fazer uso do Poder de Polícia de Trânsito, torna-se in- nacional.
teressante uma investigação mais aprofundada sobre o Cabe lembrar, porém, que o poder de polícia admi-
tema. nistrativa de trânsito não é absoluto, portanto, não pode
Faremos uma explanação sobre o trânsito, definin- suprimir o direito de ir e vir e o direito a propriedade.
do o conceito do que é trânsito e explicando o Sistema O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de en-
Nacional de Trânsito; também serão descritos um a um tidades das três esferas do poder executivo (federal,
os diversos órgãos que compõem o Sistema Nacional de estadual e municipal) que tem como objetivo regular e
Trânsito, bem como suas competências. Serão abordados normatizar o trânsito no Brasil. Faz isso por meio de pla-
ainda os temas infrações de trânsito, penalidades e me- nejamento e desenvolvimento de políticas de trânsito,
didas administrativas. registro de veículos, formação de condutores, policia-
É interessante saber quais são os órgãos que mento e fiscalização de trânsito, bem como aplicação de
normalmente fazem uso do Poder de Polícia de Trânsito, penalidades e adoção de medidas administrativas.
e de que forma o fazem (normativa ou executiva) e ainda O Sistema Nacional de Trânsito é composto pelos
quais são suas competências. órgãos normativos e consultivos: CONTRAN – Conse-
A escolha do tema ocorreu principalmente devido ao lho Nacional de Trânsito, CETRAN – Conselhos Estaduais
fato de o trânsito ser hoje motivo de muitas discussões de Trânsito e CONTRANDIFE – Conselho de Trânsito do
entre as autoridades, e entre a população em geral. Esta Distrito Federal; pelos órgãos executivos de trânsito DE-
escolha deu-se também pelo fato de o Poder de Polícia NATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, DETRAN
ser largamente utilizado na área do trânsito. – Departamentos Estaduais de Trânsito e órgãos executi-
O trânsito é algo que envolve muitas definições e que vos de trânsito dos municípios; pelos órgãos executivos
acarreta muitas discussões, sem dúvida é de extrema im- rodoviários: DNIT – Departamento Nacional de Infra-es-
portância entender o que é trânsito, mas para isso é ne- trutura de Transportes, DER – Departamentos de Estradas
cessário primeiro ter bem claro o que significa o termo e Rodagem e respectivos órgãos municipais; pela PRF –
trânsito. Polícia Rodoviária Federal; pelas Polícias Militares e pelas
O conceito do que seja trânsito está bem descri- JARI – Juntas Administrativas de Recursos de Infrações.
to logo no 1° artigo da lei 9503/97, CTB – Código de Cabe ao Presidente da República definir qual Minis-
Trânsito Brasileiro – que em seu parágrafo 1° diz: tério será responsável por coordenar o SNT. Atualmen-
Considera-se trânsito a utilização das vias por pes- te o Ministério que coordena o SNT é o Ministério das
soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, condu- Cidades.
zidos ou não, para fins de circulação, parada, estaciona-
mento e operação de carga ou descarga. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO
Esta lei prevê as regulamentações para o trânsito, as
normas a serem seguidas, as infrações e punições res- O CONTRAN é o órgão máximo do Sistema Nacional
pectivas, bem como define os órgãos que farão uso do de Trânsito, é composto por nove pessoas, sendo presi-
poder de polícia administrativa de trânsito. dido pelo dirigente do DENATRAN e tendo em sua com-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

É importante ressaltar que compete privativamente à posição dez representantes de ministérios, sendo: um do
União legislar sobre trânsito e transporte, é o preceituado Ministério da Saúde, um do Ministério da Educação, um
no artigo 22, inciso XI da Constituição Federal de 1988. do Ministério dos Transportes, um do Ministério da De-
Devendo ser harmonizada à competência comum da fesa, um do Ministério da Ciência e Tecnologia, um do
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Ministério do Meio Ambiente e um do Ministério que
em estabelecer e implantar política de educação para a coordena o SNT (neste caso o Ministério das Cidades),
segurança do trânsito, conforme estabelece o artigo 23, um do Ministério da Justiça, um do Ministério do Desen-
inciso XII da CF/88. volvimento, Indústria e Comércio e um da Agência Na-
cional de Transportes Terrestres – ANTT.

24
As competências do CONTRAN são descritas no art. e manter o RENACH (Registro Nacional de Carteiras de
12 do CTB. Habilitação); organizar e manter o RENAVAM (Registro
O CONTRAN é um órgão consultivo e normativo; tra- Nacional de Veículos Automotores); pesquisar os casos
ta-se de um conselho que não tem estrutura física pró- onde houver omissão da lei e propor solução ao mi-
pria, o CONTRAN utiliza as dependências do DENATRAN. nistério que coordena o SNT; prestar apoio logístico e
O CONTRAN é o responsável por estabelecer normas financeiro ao CONTRAN, além de administrar o Fundo
complementares ao texto da lei (resoluções) visando à Nacional de Segurança e Educação de Trânsito-FUNSET.
uniformidade de procedimentos; solucionar conflitos de
competência e circunscrição entre as Unidades da Fede- DEPARTAMENTOS ESTADUAIS DE TRÂNSITO
ração, ou entre estas e a União; julgar os recursos inter-
postos contra decisões dos outros órgãos do SNT. Os DETRAN são os órgãos executivos de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal, possuem atribuições seme-
lhantes ao DENATRAN, porém em nível estadual, muitas
CONSELHOS ESTADUAIS DE TRÂNSITO E CONSE-
sendo delegadas por este.
LHO DE TRÂNSITO DO DISTRITO FEDERAL
As competências dos DETRAN são descritas no art.
22 do CTB.
Os Conselhos Estaduais de Trânsito (CETRAN) e o Os DETRAN são responsáveis por realizar a formação
Conselho de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDI- de condutores, aperfeiçoamento, reciclagem e suspen-
FE) são órgãos consultivos e normativos, assim como o são dos mesmos; realizar vistorias de segurança em veí-
CONTRAN, só que atuam em nível estadual e distrital. culos, emplacar, registrar e licenciar veículos; realizar a
Os seus presidentes são nomeados pelos respectivos fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas ad-
governadores. ministrativas e penalidades previstas no CTB, exceto no
As competências dos CETRAN e do CONTRANDIFE caso dos incisos VI e VIII do art. 24, em que a competên-
são descritas no art. 14 do CTB. cia para tal é de outros órgãos.
Os CETRAN e o CONTRANDIFE são conselhos com- O inciso VI trata das infrações de circulação, estacio-
postos por alguns poucos membros, assim como o CON- namento e parada; o inciso VIII trata das infrações de ex-
TRAN. Não possuem estrutura física própria, utilizam as cesso de peso, dimensões e lotação dos veículos.
dependências dos respectivos DETRAN (Departamento É importante lembrar que as Circunscrições Regionais
Estadual de Trânsito). de Trânsito (CIRETRAN) são apenas ramificações dos
São responsáveis por estabelecer normas comple- órgãos executivos de trânsito dos Estados, e funcionam
mentares (no âmbito de suas competências); solucionar como filiais dos DETRAN, tendo as mesmas atribuições
conflitos de competência entre os municípios; orientar destes. Portanto não se confundem com os órgãos
e supervisionar as ações de administração, engenharia, municipais de trânsito que serão descritos logo abaixo.
fiscalização e policiamento de trânsito.
ÓRGÃOS EXECUTIVOS DE TRÂNSITO DOS
JUNTAS ADMINISTRATIVAS DE RECURSOS DE MUNICÍPIOS
INFRAÇÕES
Os Órgãos Executivos de Trânsito dos Municípios são
As Juntas Administrativas de Recursos de Infrações entidades administradas e mantidas pelas prefeituras. Os
(JARI) são órgãos recursais com regimento próprio e seus agentes de fiscalização são os mais conhecidos do
público que utiliza as vias urbanas, como por exemplo,
que funcionam junto aos órgãos executivos de trânsito
os “marronzinhos” na cidade de São Paulo e os “amare-
ou executivos rodoviários. A principal atribuição das JARI
linhos” em Cuiabá.
é julgar os recursos que serão interpostos por cidadãos
As competências dos Órgãos Executivos de Trânsito
que tiverem sido autuados em virtude de cometimento dos Municípios são descritas no art. 24 do CTB.
de infração de trânsito. Estes órgãos são responsáveis por instalar e operar o
Por meio do decreto 1777/96 o Ministro da Justiça foi sistema de sinalização e os dispositivos de controle viá-
autorizado a criar no Departamento de Polícia Rodoviá- rio; realizar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as
ria Federal (DPRF), Juntas Administrativas de Recursos de medidas administrativas cabíveis e aplicar as penalida-
Infrações, assim, qualquer recurso contra autuação feita des de multa e advertência por escrito para as infrações
por Policial Rodoviário Federal deverá ser apreciado pe- de estacionamento, circulação e parada; autuar e aplicar
las JARI que funcionam junto ao DPRF. as medidas administrativas e as penalidades cabíveis às
infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO veículos.
Convém lembrar que órgão municipal de trânsito não
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

O DENATRAN é o órgão executivo de trânsito da pode ser confundido com guarda municipal, visto que
União, ele é o responsável por executar a Política Nacio- a existência daquele está prevista na lei 9503/97-CTB e
nal de Trânsito e por em prática (seja diretamente ou por suas atribuições, estritamente na área de trânsito, são
delegação) as normativas estabelecidas pelo CONTRAN. descritas no artigo 24 do CTB; enquanto que a criação
As competências do DENATRAN são descritas no art. desta está expressa no artigo 144 da Constituição Fede-
19 do CTB. ral, sendo que sua criação é destinada para a proteção de
O DENATRAN é responsável por criar procedimen- bens, serviços e instalações municipais, não tendo atri-
tos para a aprendizagem e habilitação de condutores buições na área do trânsito e sim na área de segurança
e para o registro e licenciamento de veículos; organizar pública.

25
No Distrito Federal como não há municípios, as atri- a fiscalização de trânsito através de convênios, os quais
buições dos órgãos municipais ficarão a cargo do órgão podem ser firmados com órgãos executivos de trânsito
executivo de trânsito, no caso o DETRAN-DF. ou órgãos executivos rodoviários, conforme o inciso III
do artigo 23 da Lei 9503/97 CTB:
ÓRGÃOS EXECUTIVOS RODOVIÁRIOS
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do
Os Órgãos Executivos Rodoviários podem ser de âm- Distrito Federal:
bito federal como o DNIT (Departamento Nacional de III - Executar a fiscalização de trânsito, quando e con-
Infraestrutura de Transportes), que substituiu o antigo forme convênio firmado, como agente do órgão ou
DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem); entidade executivos de trânsito ou executivos rodo-
estadual como os DER (Departamentos de Estradas e Ro- viários, concomitantemente com os demais agentes
dagem) e municipal. credenciados.
Estes órgãos atuam no trânsito das rodovias, sendo
que suas competências são descritas no art. 21 do CTB. É importante deixar claro que as Polícias Militares,
Eles são responsáveis por instalar e operar o sistema assim como os outros integrantes do SNT, podem cele-
de sinalização e os dispositivos de controle viário; arreca- brar convênios com mais de um órgão ao mesmo tempo,
dar valores provenientes da escolta de veículos de cargas portanto podem firmar convênios entre si, não importan-
superdimensionadas ou perigosas; realizar a fiscalização do a esfera federativa de atuação.
das infrações de excesso de peso, dimensões e lotação As atribuições das Polícias Militares na área de trân-
dos veículos, bem como autuar os infratores e aplicar as sito serão aquelas que o órgão com o qual foi firmado
penalidades e medidas administrativas cabíveis; realizar convênio delegar.
vistoria em veículos que precisem de autorização espe-
cial para transitar (AET) e estabelecer os critérios a serem
observados para a circulação desse tipo de veículo.
EXERCÍCIO COMENTADO
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
01. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE – 2019).
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é um órgão de Com relação ao Sistema Nacional de Trânsito, julgue o
suma importância para aplicação concreta das normas seguinte item. O CONTRAN é o órgão máximo executivo
de que dispõem o Código de Trânsito Brasileiro. Apesar de trânsito da União, cabendo a coordenação máxima do
de ser o trânsito o seu maior foco, e principal motivo de Sistema Nacional de Trânsito ao Departamento Nacional
sua criação, a PRF não se dedica somente ao trânsito. de Trânsito (DENATRAN).
O inciso II do artigo 144 da Constituição Federal define
a PRF como órgão de segurança pública e o parágrafo (  ) CERTO   (  ) ERRADO
3° do mesmo artigo diz que a PRF destina-se ao patru-
lhamento ostensivo das rodovias federais; além de suas Resposta: ERRADO
atribuições constitucionais, esta instituição integra o Sis- Decreto nº 4.711, de 29 de Maio de 2003
tema Nacional de Trânsito. Art. 2º O Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN,
O termo patrulhamento ostensivo é bem mais do que órgão integrante do Sistema Nacional de Trânsito,
simplesmente fiscalização de trânsito, a PRF realiza tam- presidido pelo dirigente do Departamento Nacional
bém combate ao crime (tráfico de drogas, de armas, de de Trânsito – DENATRAN, órgão máximo executivo de
animais e de pessoas), escolta de veículos, atendimento trânsito da União, é composto por um representante
de acidentes, dentre tantas outras. de cada um dos seguintes Ministérios:
As competências da Polícia Rodoviária Federal na I – da Ciência e Tecnologia;
área de trânsito são descritas no art. 20 do CTB. II – da Educação;
A Polícia Rodoviária Federal é responsável por exe- III – da Defesa;
cutar o patrulhamento ostensivo das rodovias federais, IV – do Meio Ambiente;
com o intuito de preservar a ordem, a incolumidade dos V – dos Transportes;
usuários da rodovia e o patrimônio da União e das pes- VI – das Cidades; e
soas; realizar fiscalização de trânsito, aplicar e arrecadar VII – da Saúde.
as multas e aplicar as medidas administrativas cabíveis
em cada caso; arrecadar os valores decorrentes de es-
colta de veículos com cargas superdimensionadas ou
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

perigosas; credenciar e fiscalizar os serviços de escolta


adotando medidas que visem uma maior segurança des-
se tipo de serviço.

POLÍCIAS MILITARES

As Polícias Militares (PM) não são órgãos tipicamen-


te de trânsito, criados com intuito de atuar nesta área,
mas integram o Sistema Nacional de Trânsito e executam

26
RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN) E SUAS
ALTERAÇÕES: 04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998; 32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000;
160/2004; 197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007 (EXCETO OS
SEUS ANEXOS); 231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008;
277/2008; 289/2008; 290/2008; 2/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (EXCETO
AS FICHAS); 396/2011; 432/2013; 441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015;
525/2015; 552/2015; 561/2015 (EXCETO AS FICHAS); 573/2015; 598/2016; 619/2016;
624/2016; 643/2016; 720/2017; 723/2018; 735/2018

A Resolução n.º 4 dispõe sobre o trânsito de veículos novos, nacionais ou importados, antes do registro e do licen-
ciamento e de veículos usados incompletos, nacionais ou importados, antes da transferência.
Permitir o transporte de cargas e pessoas em veículos novos, antes do registro e licenciamento. Adquiridos por
pessoas físicas e jurídicas, por entidades públicas e privadas e os destinados aos concessionários para comercialização,
desde que portem a “autorização especial”.
A permissão estende-se aos veículos aos veículos inacabados (chassis), do pátio do fabricante ou do concessionário
até o local da indústria encarroçadora.
A “autorização especial” valida apenas para deslocamento para o município de destino, será expedida para o veículo
que portar os Equipamentos Obrigatórios previstos pelo CONTRAN (adequado ao tipo de veículo), com base na Nota
Fiscal de Compra e Venda, com validade de 15 dias transcorridos da data da emissão, prorrogável por igual período
por motivo de força maior.
Os veículos adquiridos por autônomos e por empresas que prestam transportes de cargas e de passageiros, po-
derão efetuar serviços remunerados para quais estão autorizados, atendida a legislação especifica, as exigências dos
poderes concedentes e das autoridades com jurisdição sobre as vias públicas.
Para os veículos recém-produzidos, beneficiados por regime tributário especial e para os quais ainda não foram
emitidas as notas fiscais de faturamento, fica permitido o transporte somente do pátio interno das montadoras e
fabricantes para os pátios externos das montadoras e fabricantes ou das empresas responsáveis pelo transporte dos
veículos, em um raio máximo de 10 (dez) quilômetros, desacompanhados de nota fiscal, desde que acompanhados da
relação de produção onde conste a numeração do chassi.

A Resolução nº 14 estabelece os equipamentos obrigatórios para a frota de veículos em circulação e dá outras pro-
vidências. Os equipamentos obrigatórios dos veículos destinados ao transporte de produtos perigosos, bem como os
equipamentos para situações de emergência serão aqueles indicados na legislação pertinente. Os veículos destinados
à condução de escolares ou outros transportes especializados terão seus equipamentos obrigatórios previstos em
legislação específica.

RESOLUÇÃO 24/1998

Está resolução estabelece o critério de identificação de veículos, a que se refere o art. 114 do Código de Trânsito
Brasileiro.

É necessária a gravação do número de identificação veicular (VIN) no chassi ou monobloco, com no mínimo, em
um ponto de localização, de acordo com as especificações vigentes e formatos estabelecidos pela NBR 3 nº 6066 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em profundidade mínima de 0,2 mm. Ainda assim, além da gravação
no chassi ou monobloco, os veículos serão identificados, no mínimo, com os caracteres VIS ( número sequencial de
produção) previsto na NBR 3 nº 6066, podendo ser, a critério do fabricante, por gravação, na profundidade mínima de
0,2 mm, quando em chapas ou plaqueta colada, soldada ou rebitada, destrutível quando de sua remoção, ou ainda por
etiqueta autocolante e também destrutível no caso de tentativa de sua remoção.

As identificações abordadas, deverão ser gravadas de forma indelével, sem especificação de profundidade e, se
adulterados, devem acusar sinais de alteração. Essas alterações podem ser feitas na fábrica do veículo ou em outro
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

local, sob a responsabilidade do fabricante, antes de sua venda ao consumidor.


No caso de chassi ou monobloco não metálico, a numeração deverá ser gravada em placa metálica incorporada ou
a ser moldada no material do chassi ou monobloco, durante sua fabricação.

Nos veículos reboques e semi-reboques, as gravações serão feitas, no mínimo, em dois pontos do chassi.

Para fins de controle reservado e apoio das vistorias periciais procedidas pelos órgãos integrantes do Sistema Na-
cional de Trânsito e por órgãos policiais, por ocasião do pedido de código do RENAVAM, os fabricantes depositarão
junto ao órgão máximo.

27
Vice-Prefeitos, assim como para os Ministros dos Tribu-
FIQUE ATENTO! nais Federais, Senadores e Deputados, mediante solicita-
Todas as vezes que houver alteração dos ção dos Presidentes de suas respectivas instituições.
modelos básicos dos veículos, os fabrican-
tes encaminharão, com antecedência de 30 Os veículos de representação deverão estar registra-
(trinta) dias, as localizações de identificação dos junto ao RENAVAM.
veicular.
Em havendo acidentes, a Resolução n.º 36 estabelece
que o condutor deverá acionar de imediato as luzes de
advertência (pisca-alerta) providenciando a colocação do
As regravações e as eventuais substituições ou repo- triângulo de sinalização ou equipamento similar à dis-
sições de etiquetas e plaquetas, quando necessárias, de- tância mínima de 30 metros da parte traseira do veículo.
penderão de prévia autorização da autoridade de trânsito O equipamento de sinalização de emergência deverá ser
competente, mediante comprovação da propriedade do instalado perpendicularmente ao eixo da via, e em con-
veículo, e só serão processadas por empresas credencia- dição de boa visibilidade.
das pelo órgão executivo de trânsito dos Estados ou do
Distrito Federal. § 1º As etiquetas ou plaquetas referidas RESOLUÇÃO Nº 92/1999 DO CONTRAN
no caput deste artigo deverão ser fornecidas pelo fabri-
cante do veículo. Essa Resolução dispõe sobre requisitos técnicos mí-
nimos do registrador instantâneo e inalterável de
velocidade e tempo, conforme o Código de Trânsito
#FicaDica Brasileiro.
O registrador instantâneo e inalterável de velocidade
Os órgãos executivos de trânsito dos Estados
e tempo pode constituir-se num único aparelho mecâ-
e do Distrito Federal não poderão registrar,
nico, eletrônico ou compor um conjunto computadori-
emplacar e licenciar veículos que estiverem
zado que, além das funções específicas, exerça outros
em desacordo com o estabelecido nesta
controles.
Resolução. Verifica-se necessário apresentar e disponibilizar a
qualquer momento, pelo menos, as seguintes informa-
ções das últimas vinte e quatro horas de operação do
Na Resolução nº 26 o transporte de carga em veícu- veículo: I. velocidades desenvolvidas; II. distância percor-
los destinados ao transporte de passageiros, do tipo ôni- rida pelo veículo; III. tempo de movimentação do veículo
bus, micro-ônibus, ou outras categorias, está autorizado e suas interrupções; IV. data e hora de início da operação;
desde que observadas as exigências desta Resolução, V. identificação do veículo; VI. identificação dos conduto-
bem como os regulamentos dos respectivos poderes res; VII. identificação de abertura do compartimento que
concedentes dos serviços. A carga só poderá ser acomo- contém o disco ou de emissão da fita diagrama.
dada em compartimento próprio, separado dos passa-
geiros, que no ônibus é o bagageiro.
Fica proibido o transporte de produtos considerados #FicaDica
perigosos conforme legislação específica, bem como da-
Para a apuração dos períodos de trabalho e
queles que, por sua forma ou natureza, comprometam a
de repouso diário dos condutores, a autori-
segurança do veículo, de seus ocupantes ou de terceiros.
dade competente utilizará as informações:
Os limites máximos de peso e dimensões da carga, serão
tempo de movimentação; data e hora de
os fixados pelas legislações existentes na esfera federal,
início; identificação do veículo; identifica-
estadual ou municipal.
ção dos condutores.
RESOLUÇÃO 32/1998

Esta resolução estabelece modelos de placas para A fiscalização das condições de funcionamento do
veículos de representação, de acordo com o art. 115, § 3° registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
do Código de Trânsito Brasileiro. tempo, nos veículos em que seu uso é obrigatório, será
exercida pelos órgãos ou entidades de trânsito com cir-
Ficam aprovados os modelos de placa constantes do cunscrição sobre a via onde o veículo estiver transitando.
Anexo à presente Resolução, para veículos de representa- Na ação de fiscalização de que trata este artigo o
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ção dos Presidentes dos Tribunais Federais, dos Governa- agente deverá verificar e inspecionar, entre outros, se
dores, Prefeitos, Secretários Estaduais e Municipais, dos o registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
Presidentes das Assembleias Legislativas e das Câmaras tempo está aprovado na verificação metrológica reali-
Municipais, dos Presidentes dos Tribunais Estaduais e do zada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Distrito Federal, e do respectivo chefe do Ministério Pú- Tecnologia - INMETRO ou entidade credenciada. A com-
blico e ainda dos Oficiais Generais das Forças Armadas. provação da verificação metrológica poderá ser feita por
meio de sítio do INMETRO na rede mundial de compu-
Poderão ser utilizados os mesmos modelos de pla- tadores ou por meio da via original ou cópia autenticada
cas para os veículos oficiais dos Vice-Governadores e dos do certificado de verificação metrológica.

28
Para a extração, análise e interpretação dos dados registrados, o agente fiscalizador deverá ser submetido a um pré-
vio treinamento sob responsabilidade do fabricante, conforme instrução dos fabricantes dos equipamentos ou pelos
órgãos incumbidos da fiscalização.

#FicaDica
Novidade!
O DENATRAN, após receber requerimento devidamente instruído e protocolado, notificará o interessado
acerca da viabilidade do pedido, nos seguintes prazos: I - cento e vinte dias, para os requerimentos apre-
sentados até 1º de fevereiro de 2021; II - noventa dias, para os requerimentos apresentados até 1º de fe-
vereiro de 2022; III - sessenta dias, para os requerimentos apresentados a partir de 2 de fevereiro de 2022.

A Resolução n.º 110 fixa o calendário para renovação do Licenciamento Anual de Veículos:

Algarismo final da placa Prazo final para renovação


1e2 Até setembro
3, 4 e 5 Até outubro
6, 7 e 8 Até novembro
9e0 Até dezembro

RESOLUÇÃO Nº 160/2004

Essa resolução trata do Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro. Aqui alguns conceitos, resumidamente, precisam
ser memorizados:

Sinalização Vertical É um subsistema da sinalização viária cujo


meio de comunicação está na posição vertical,
normalmente em placa, fixado ao lado ou
suspenso sobre a pista, transmitindo mensagens
de caráter permanente e, eventualmente,
variáveis, através de legendas e/ou símbolos pré-
reconhecidos e legalmente instituídos.
Sinalização Horizontal É um subsistema da sinalização viária que se
utiliza de linhas, marcações, símbolos e legendas,
pintados ou apostos sobre o pavimento das vias.
Têm como função organizar o fluxo de veículos e
pedestres; controlar e orientar os deslocamentos
em situações com problemas de geometria,
topografia ou frente a obstáculos; complementar
os sinais verticais de regulamentação, advertência
ou indicação. Em casos específicos, tem poder de
regulamentação.
Dispositivos auxiliares Dispositivos Auxiliares são elementos aplicados
ao pavimento da via, junto a ela, ou nos obstáculos
próximos, de forma a tornar mais eficiente e
segura a operação da via. São constituídos de
materiais, formas e cores diversos, dotados
ou não de refletividade, com as funções de:
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

incrementar a percepção da sinalização, do


alinhamento da via ou de obstáculos à circulação;
reduzir a velocidade praticada; oferecer proteção
aos usuários; alertar os condutores quanto a
situações de perigo potencial ou que requeiram
maior atenção.

29
Sinalização Semafórica A sinalização semafórica é um subsistema da
sinalização viária que se compõe de indicações
luminosas acionadas alternada ou intermitentemente
através de sistema elétrico/eletrônico, cuja função é
controlar os deslocamentos. Existem dois (2) grupos:
a sinalização semafórica de regulamentação; a
sinalização semafórica de advertência.
A sinalização semafórica de regulamentação tem
a função de efetuar o controle do trânsito num
cruzamento ou seção de via, através de indicações
luminosas, alternando o direito de passagem dos
vários fluxos de veículos e/ou pedestres.
A sinalização semafórica de advertência tem a
função de advertir da existência de obstáculo ou
situação perigosa, devendo o condutor reduzir
a velocidade e adotar as medidas de precaução
compatíveis com a segurança para seguir adiante.
Sinalização de obras A Sinalização de Obras tem como característica a
utilização dos sinais e elementos de Sinalização
Vertical, Horizontal, Semafórica e de Dispositivos
e Sinalização Auxiliares combinados de forma
que: os usuários da via sejam advertidos sobre
a intervenção realizada e possam identificar seu
caráter temporário;
sejam preservadas as condições de segurança e
fluidez do trânsito e de acessibilidade; os usuários
sejam orientados sobre caminhos alternativos;
sejam isoladas as áreas de trabalho, de forma a
evitar a deposição e/ou lançamento de materiais
sobre a via.
Gestos Dividem-se em gestos de Agentes da Autoridade
de Trânsito e gestos de condutores.
Sinais Sonoros Sinal sonoro é som ou conjunto de sons que
permitem a compreensão da informação pela
audição.
O semáforo com sinal sonoro é destinado a
informar às pessoas com deficiência visual os
períodos de verde, de vermelho intermitente e de
vermelho fixo dos semáforos de pedestres.

E a Resolução n.º 197 regulamenta o dispositivo de acoplamento mecânico para reboque (engate) utilizado em
veículos com PBT de até 3.500kg. Os engates utilizados em veículos automotores com até 3.500 kg de peso bruto total
deverão ser produzidos por empresas registradas junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – INMETRO.
Os fabricantes e os importadores dos veículos de que trata esta Resolução deverão informar ao órgão máximo exe-
cutivo de trânsito da União os modelos de veículos que possuem capacidade para tracionar reboques, além de fazer
constar no manual do proprietário as seguintes informações:

I – especificação dos pontos de fixação do engate traseiro;


II – indicação da capacidade máxima de tração - CMT.

Para rastreabilidade do engate deverá ser fixada em sua estrutura, em local visível, uma plaqueta inviolável com as
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

seguintes informações;

I – Nome empresarial do fabricante, CNPJ e identificação do registro concedido pelo INMETRO;


II – modelo do veículo ao qual se destina;
III – capacidade máxima de tração do veículo ao qual se destina;
IV – referência a esta Resolução.

30
RESOLUÇÃO 205/2006 a) com motor traseiro: até 62% (sessenta e dois por
cento) da distância entre eixos;
Essa resolução dispõe sobre os documentos de porte b) com motor central: até 66% (sessenta e seis por
obrigatório e dá outras providências. cento) da distância entre eixos;
c) com motor dianteiro: até 71% (setenta e um por
São documentos OBRIGATÓRIOS de porte do condu- cento) da distância entre eixos.
tor: I – Autorização para Conduzir Ciclomotor - ACC, Per-
missão para Dirigir ou Carteira Nacional de Habilitação As Combinações de Veículos de Carga - CVC, com
- CNH, no original; II – Certificado de Registro e Licencia- mais de duas unidades, incluída a unidade tratora, com
mento Anual - CRLV, no original. peso bruto total acima de 57 t ou com comprimento total
acima de 19,80 m, conforme regulamenta a Resolução n.º
Sempre que for obrigatória a aprovação em curso es- 211 só poderão circular portando Autorização Especial
de Trânsito – AET.
pecializado, o condutor deverá portar sua comprovação
A Autorização Especial de Trânsito - AET pode ser
até que essa informação seja registrada no RENACH e
concedida pelo Órgão Executivo Rodoviário da União,
incluída, em campo específico da CNH, nos termos do
dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal, me-
§4o do Art. 33 da Resolução do CONTRAN nº 168/2005. diante atendimento aos seguintes requisitos:

FIQUE ATENTO! I - para a CVC:

O não cumprimento das disposições desta a) Peso Bruto Total Combinado – PBTC igual ou infe-
Resolução implicará nas sanções previstas rior a 74 toneladas;
no art. 232 do Código de Trânsito Brasilei- b) Comprimento superior a 19,80 m e máximo de 30
ro - CTB. Art. 6º. Esta Resolução entrará em metros, quando o PBTC for inferior ou igual a 57t.
vigor na data de sua publicação, revogada a c) Comprimento mínimo de 25 m e máximo de 30
Resolução do CONTRAN nº 13/98, respeita- metros, quando o PBTC for superior a 57t.
dos os prazos previstos nos artigos 3º e 4º. d) limites legais de Peso por Eixo fixados pelo
CONTRAN;
e) a compatibilidade da Capacidade Máxima de Tra-
ção - CMT da unidade tratora, determinada pelo
A Resolução n.º 210 estabelece os limites de peso e fabricante, com o Peso Bruto Total Combinado
dimensões para veículos que transitem por vias terres- - PBTC;
tres. As dimensões autorizadas para veículos, com ou f) estar equipadas com sistemas de freios conjuga-
sem carga, são as seguintes: dos entre si e com a unidade tratora, atendendo o
disposto na Resolução n°. 777/93 - CONTRAN;
I – largura máxima: 2,60m; g) o acoplamento dos veículos rebocados deverá ser
II – altura máxima: 4,40m; do tipo automático conforme NBR 11410/11411 e
III – comprimento total: estarem reforçados com correntes ou cabos de aço
de segurança;
a) veículos não-articulados: máximo de 14,00 metros; h) o acoplamento dos veículos articulados deverá ser
b) veículos não-articulados de transporte coletivo do tipo pino-rei e quinta roda e obedecer ao dis-
urbano de passageiros que possuam 3º eixo de posto na NBR NM/ ISO 337..
apoio direcional: máximo de 15 metros; i) possuir sinalização especial na forma do Anexo II
c) veículos articulados de transporte coletivo de pas- e estar provida de lanternas laterais colocadas a
sageiros: máximo 18,60 metros; intervalos regulares de no máximo 3 (três) metros
d) veículos articulados com duas unidades, do tipo entre si, que permitam a sinalização do compri-
caminhão-trator e semi-reboque: máximo de 18,60 mento total do conjunto.
metros;
e) veículos articulados com duas unidades do tipo ca- II - as condições de tráfego das vias públicas a se-
minhão ou ônibus e reboque: máximo de 19,80; rem utilizadas.
f) veículos articulados com mais de duas unidades:
máximo de 19,80 metros. O trânsito de Combinações de Veículos de que trata
esta Resolução será do amanhecer ao pôr do sol e sua
velocidade máxima de 80 km/h.
Os limites para o comprimento do balanço traseiro
Em casos especiais, devidamente justificados, poderá
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

de veículos de transporte de passageiros e de cargas são


ser autorizado o trânsito noturno das Combinações que
os seguintes: exijam AET, nas vias de pista simples com duplo sentido
de circulação, observados os seguintes requisitos:
I – nos veículos não-articulados de transporte de car-
ga, até 60 % (sessenta por cento) da distância entre I - volume de tráfego no horário noturno de no máxi-
os dois eixos, não podendo exceder a 3,50m (três mo 2.500 veículos;
metros e cinquenta centímetros); II - traçado de vias e suas condições de segurança,
II – nos veículos não-articulados de transporte de especialmente no que se refere à ultrapassagem
passageiros: dos demais veículos;

31
III - distância a ser percorrida;
IV - colocação de placas de sinalização em todo o trecho da via, advertindo os usuários sobre a presença de veículos
longos.

A Autorização Especial de Trânsito - AET terá validade pelo prazo máximo de 1 ano, de acordo com o licenciamento
da unidade tratora, para os percursos e horários previamente aprovados, e somente será fornecida após vistoria técni-
ca da Combinação de Veículos de Carga - CVC, que será efetuada pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, ou dos
Estados, ou dos Municípios ou do Distrito Federal.

A Resolução n.º 216 fixa requisitos técnicos e estabelece exigências sobre as condições de segurança dos para-bri-
sas de veículos automotores e de visibilidade do condutor para fins de circulação nas vias públicas.
Na área crítica de visão do condutor e em uma faixa periférica de 2,5 centímetros de largura das bordas externas do
para-brisa não devem existir trincas e fraturas de configuração circular, e não podem ser recuperadas.
Nos para-brisas dos ônibus, micro-ônibus e caminhões, a área crítica de visão do condutor conforme figura ilustra-
tiva do anexo desta resolução é aquela situada a esquerda do veículo determinada por um retângulo de 50 centímetros
de altura por 40 centímetros de largura, cujo eixo de simetria vertical é demarcado pela projeção da linha de centro do
volante de direção, paralela à linha de centro do veículo, cuja base coincide com a linha tangente do ponto mais alto
do volante.
Nos demais veículos automotores, a área crítica de visão do condutor é a metade esquerda da região de varredura
das palhetas do limpador de para-brisa.

ÁREA CRÍTICA DE VISÃO DO CONDUTOR

Nota - Para a identificação do retângulo de 40x 50 cm o Agente poderá valer-se de um gabarito com as referidas
dimensões, feito em papel, plástico, madeira ou metal, com uma indicação em sua parte central, a qual posicionada no
nível superior do volante da direção, na posição central, possibilitará a identificação precisa da área crítica de visão do
condutor.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

RESOLUÇÃO 227/2007

Essa resolução estabelece requisitos referentes aos sistemas de iluminação e sinalização de veículos.

Os automóveis, camionetas, utilitários, caminhonetes, caminhões, caminhão trator, ônibus, micro-ônibus, reboques
e semirreboques novos saídos de fábrica, nacionais e importados a partir de 01.01.2009, deverão estar equipados com
sistema de iluminação veicular, de acordo com as exigências estabelecidas por esta Resolução e seus Anexo:

32
1 - Instalação de dispositivos de iluminação e sinali- RESOLUÇÃO Nº 258/2007
zação luminosa.
2 – Faróis principais emitindo fachos assimétricos e Para efeito desta Resolução e classificação do veícu-
equipados com lâmpadas de filamento. lo, o comprimento total é aquele medido do ponto mais
3 – Faróis de neblina dianteiros. avançado da sua extremidade dianteira ao ponto mais
4 – Lanternas de marcha-a-ré. avançado da sua extremidade traseira, inclusos todos os
5 – Lanternas indicadores de direção. acessórios para os quais não esteja prevista uma exceção.
6 – Lanternas de posição dianteiras e traseiras, lanter-
nas de freio e lanternas delimitadoras traseiras.
7 – Lanterna de iluminação da placa traseira. FIQUE ATENTO!
8 – Lanternas de neblina traseiras.
9 – Lanternas de estacionamento. A medição do comprimento dos veículos do
10 – Faróis principais equipados com fonte de luz de tipo guindaste deverá tomar como base, a
descarga de gás. ponta da lança e o suporte dos contrapesos.
11 – Fonte de luz para uso em farol de descarga de
gás.
12 – Retrorrefletores. Os instrumentos ou equipamentos utilizados para
13 – Lanterna de posição lateral. a medição de comprimento de veículos devem ter seu
14 – Farol de rodagem diurna. modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO.
FIQUE ATENTO! Nenhum veículo ou combinação de veículos poderá
transitar com peso bruto total (PBT) ou com peso bru-
Serão aceitas inovações tecnológicas ainda to total combinado (PBTC), com peso por eixo, superior
que não contempladas nos requisitos esta- ao fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a capacidade
belecidos nos Anexos, mas que comprova- máxima de tração (CMT) da unidade tratora. A fiscaliza-
damente assegurem a sua eficácia e segu- ção de peso dos veículos deve ser feita por equipamento
rança dos veículos, desde que devidamente de pesagem (balança rodoviária) ou, na impossibilidade,
avaliadas e aprovadas pelo órgão máximo pela verificação de documento fiscal.
executivo de trânsito da União.

#FicaDica
Ainda assim, fica a critério do órgão máximo execu-
tivo de trânsito da União homologar veículos que cum- Na fiscalização de peso dos veículos por ba-
pram com os sistemas de iluminação que atendam inte- lança rodoviária será admitida à tolerância
gralmente à norma Norte Americana FMVSS 108. máxima de 5% (cinco por cento) sobre os li-
mites de pesos regulamentares, para suprir
A Resolução n.º 231 estabelece o Sistema de Placas a incerteza de medição do equipamento.
de Identificação de Veículos, após o registro no órgão de
trânsito, cada veículo será identificado por placas dian-
teira e traseira, afixadas em primeiro plano e integrante
do mesmo, contendo 7 caracteres alfanuméricos indivi- Quando o peso verificado for igual ou inferior ao PBT
dualizados sendo o primeiro grupo composto por 3, re- ou PBTC estabelecido para o veículo, acrescido da tole-
sultante do arranjo, com repetição de 26 letras, tomadas rância de 5% (cinco por cento), mas ocorrer excesso de
três a três, e o segundo grupo composto por 4, resultan- peso em algum dos eixos ou conjunto de eixos aplicar-
te do arranjo, com repetição, de 10 algarismos, tomados -se-á multa somente sobre a parcela que exceder essa
quatro a quatro. No caso de mudança de categoria de tolerância. O veículo só poderá prosseguir viagem após
veículos, as placas deverão ser alteradas para as de cor sanadas as irregularidades, observadas as condições de
da nova categoria, permanecendo entretanto a mesma segurança.
identificação alfanumérica.
O Órgão Máximo Executivo de Transito da União es-
tabelecerá normas técnicas para a distribuição e controle
das series alfanuméricas
Os veículos com placas de identificação em desacor-
do com as especificações de dimensão, cor e tipologia
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

deverão adequar-se quando da mudança de município.


Será obrigatório o uso de segunda placa traseira de iden-
tificação nos veículos em que a aplicação do dispositivo
de engate para reboques resultar no encobrimento, total
ou parcial, da placa traseira localizada no centro geomé-
trico do veículo. Não será exigida a segunda placa trasei-
ra para os veículos em que a aplicação do dispositivo de
engate de reboques não cause prejuízo para visibilidade
da placa de identificação traseira.

33
d) Nos casos em que não for possível, no local da fiscali-
FIQUE ATENTO! zação, o remanejamento ou transbordo da carga, por
Novidade! ser esta perecível, o veículo deverá ser recolhido ao
Art. 17-B. Para fins de fiscalização de peso depósito, com a carga, e só serão liberados o veículo e
de veículos que transportem produtos clas- a carga após sanada a irregularidade e pagas todas as
sificados como Biodiesel (B-100) e Cimento despesas de remoção e estada.
Asfáltico de Petróleo (CAP), por meio de ba- e) O agente da autoridade de trânsito competente de-
lança rodoviária ou de Nota Fiscal, fica per- signado para lavrar o auto de infração decorrente de
mitida a tolerância de 7,5% (sete e meio por excesso de peso não poderá ser servidor civil celetista.
cento) no PBT ou PBTC até 30 de novembro
de 2021. Resposta: Letra B. De fato, a fiscalização de peso dos
Parágrafo único. O Departamento Nacional veículos deve ser feita por equipamento de pesagem
de Trânsito (DENATRAN), durante o prazo es- (balança rodoviária) ou, na impossibilidade, pela veri-
tipulado no caput, informará ao CONTRAN, ficação de documento fiscal.
com o apoio das entidades representativas
de cada segmento, por meio de relatórios 3. (SURG – AGENTE DE TRÂNSITO – CONSULPAM
semestrais, a evolução do processo de subs- – 2014)
tituição ou adaptação da parcela da frota Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, são equipa-
mentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem
estabelecidos pelo CONTRAN, EXCETO:

a) cinto de segurança, conforme regulamentação espe-


EXERCÍCIOS COMENTADOS cífica do CONTRAN, com exceção dos veículos desti-
nados ao transporte de passageiros em percursos em
que seja permitido viajar em pé.
1. (PC-SP – AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2018)
b) para os veículos de transporte e de condução esco-
Nos termos da Resolução n° 160/2004 do Contran, a si-
lar, os de transporte de passageiros com mais de dez
nalização horizontal se apresenta em
lugares e os de carga com peso bruto total superior
a) 4 (quatro) cores: vermelha, branca, alaranjada e preta. a quatro mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas,
b) 5 (cinco) cores: amarela, vermelha, branca, azul e preta. equipamento registrador instantâneo inalterável de
c) 4 (quatro) cores: preta, branca, verde e azul. velocidade e tempo.
d) 4 (quatro) cores: vermelha, branca, verde e preta. c) equipamento suplementar de retenção - airbag frontal
e) 5 (cinco) cores: amarela, vermelha, branca, alaranjada para o condutor e os demais passageiros do veículo.
e preta. d) para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho re-
Resposta: Letra B. Sendo que as 05 cores possuem trovisor do lado esquerdo.
o seguinte significado: (I) Amarela - fluxo sentidos
opostos; (II) Branca - fluxo mesmo sentido; (III) Preta – Resposta: Letra B. Conforme dispõe o CTB, o equipa-
contraste; (IV) Vermelha - Ciclofaixa/ciclovia; e (V) Azul mento suplementar de retenção, airbag frontal para
- estacionamento portadores necessidades especiais. condutor, só compreende o condutor e o passageiro
do banco dianteiro.
2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE
– 2008)
Assinale a opção correta com relação à metodologia de RESOLUÇÃO 242/2007
aferição do peso de veículos estabelecida em resolução
pertinente do CONTRAN. Essa resolução dispõe sobre a instalação e utilização
de equipamentos Geradores de imagens nos veículos
a) Para efeito da classificação do veículo, o comprimen- automotores.
to total é aquele medido do ponto mais avançado da
extremidade dianteira do veículo ao ponto mais avan- É permitido a instalação e utilização de aparelho ge-
çado da sua extremidade traseira, não incluídos os rador de imagem cartográfica com interface de geopro-
acessórios.
cessamento destinado a orientar o condutor quanto ao
b) A fiscalização de peso dos veículos deve ser feita por
funcionamento do veículo, a sua visualização interna e
equipamento de pesagem (balança rodoviária) ou, na
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

externa, sistema de auxílio à manobra e para auxiliar na


impossibilidade, pela verificação de documento fiscal.
c) Quando o peso verificado estiver acima do peso bruto indicação de trajetos ou orientar sobre as condições da
total ou do peso bruto total combinado, estabelecido via, por intermédio de mapas, imagens e símbolos.
para o veículo, acrescido da tolerância de 5%, aplicar- Fica proibida a instalação, em veículo automotor, de
-se-á a multa somente sobre a parcela que exceder equipamento capaz de gerar imagens para fins de entre-
essa tolerância, desde que não ultrapasse o limite de tenimento, salvo se:
10% do peso máximo permitido, sendo, nesse caso,
possível que o veículo prossiga a viagem depois de I - instalado na parte dianteira, possuir mecanismo
efetuado o pagamento. automático que o torne inoperante ou o comute para a

34
função de informação de auxílio à orientação do condutor, A Resolução n.º 273 regulamenta a utilização de se-
independente da vontade do condutor e/ou dos passagei- mirreboques por motocicletas e motonetas, define ca-
ros, quando o veículo estiver em movimento; racterísticas, estabelece critérios e dá outras providên-
II - instalado de forma que somente os passageiros ocu- cias. Motocicletas e motonetas dotadas de motor com
pantes dos bancos traseiros possam visualizar as imagens. mais de 120 centímetros cúbicos poderão tracionar se-
mirreboques, especialmente projetados e para uso ex-
clusivo desses veículos, devidamente homologados pelo
FIQUE ATENTO! órgão máximo executivo de trânsito da União, observa-
O descumprimento do disposto nesta Re- dos os limites de capacidade máxima de tração, indica-
solução constitui-se em infração de trânsi- dos pelo fabricante ou importador da motocicleta ou da
to prevista no art. 230, inciso XII do Código motoneta.
de Trânsito Brasileiro. Os semirreboques tracionados por motocicletas e
motonetas devem ter as seguintes características:
RESOLUÇÃO 253/2007 Elementos de Identificação:
I) Número de identificação veicular - VIN gravado na
Essa resolução dispõe sobre o uso de medidores de estrutura do semirreboque
transmitância luminosa. II) Ano de fabricação do veículo gravado em 4 dígitos
III) Plaqueta com os dados de identificação do fabri-
A medição da transmitância luminosa das áreas en- cante, Tara, Lotação, PBT e dimensões (altura, com-
vidraçadas de veículos deverá ser efetuada por meio de primento e largura).
instrumento denominado Medidor de Transmitância Lu-
minosa. Isto é, o medidor de transmitância luminosa é o Equipamentos Obrigatórios:
instrumento de medição destinado a medir, em valores I) Para-choque traseiro;
percentuais, a transmitância luminosa de vidros, pelícu- II) Lanternas de posição traseira, de cor vermelha;
las, filmes e outros materiais simples ou compostos. III) Protetores das rodas traseiras;
IV) Freio de serviço;
RESOLUÇÃO 254/2007 V) Lanternas de freio, de cor vermelha;
VI) Iluminação da placa traseira;
A presente resolução estabelece requisitos para os VII) Lanternas indicativas de direção traseira, de cor
vidros de segurança e critérios para aplicação de inscri- âmbar ou vermelha;
ções, pictogramas e películas nas áreas envidraçadas dos VIII) Pneu que ofereça condições de segurança.
veículos automotores, de acordo com o inciso III, do arti- IX) Elementos retrorrefletivos aplicados nas laterais e
go 111 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB. traseira, conforme especificações contidas na Re-
solução CONTRAN nº 568, de 16 de dezembro de
Para circulação nas vias públicas do território nacional 2015.
é obrigatório o uso de vidro de segurança laminado no
para-brisa de todos os veículos a serem admitidos e de Dimensões, com ou sem carga:
vidro de segurança temperado, uniformemente proten- I) Largura máxima: 1,15 m;
dido, ou laminado, nas demais partes envidraçadas. II) Altura máxima: 0,90m;
III) Comprimento total máximo (incluindo a lança de
A transmissão luminosa não poderá ser inferior a 75% acoplamento): 2,15 m;
para os vidros incolores dos para-brisas e 70% para os
para-brisas coloridos e demais vidros indispensáveis à A Resolução n.º 277 dispõe sobre o transporte de
dirigibilidade do veículo. menores de 10 anos e a utilização do dispositivo de re-
tenção para o transporte de crianças em veículos. Para
É proibido a aplicação de películas refletivas nas áreas transitar em veículos automotores, os menores de dez
envidraçadas do veículo e também, é proibido o uso de anos deverão ser transportados nos bancos traseiros
painéis luminosos que reproduzam mensagens dinâmi- usando individualmente cinto de segurança ou sistema
cas ou estáticas, excetuando-se as utilizadas em trans- de retenção equivalente, na forma prevista no Anexo
porte coletivo de passageiro com finalidade de informar desta Resolução.
o serviço ao usuário da linha. Dispositivo de retenção para crianças é o conjunto
de elementos que contém uma combinação de tiras com
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

FIQUE ATENTO! fechos de travamento, dispositivo de ajuste, partes de


fixação e, em certos casos, dispositivos como: um ber-
O não cumprimento do disposto nesta Reso- ço portátil porta-bebê, uma cadeirinha auxiliar ou uma
lução implicará na aplicação das penalidades proteção anti-choque que devem ser fixados ao veículo,
previstas no inciso XVI do art. 230 do Código mediante a utilização dos cintos de segurança ou outro
de Trânsito Brasileiro. equipamento apropriado instalado pelo fabricante do
veículo com tal finalidade.

35
As exigências relativas ao sistema de retenção, no
transporte de crianças com até sete anos e meio de ida-
de, não se aplicam aos veículos de transporte coletivo,
aos de aluguel, aos de transporte autônomo de passa-
geiro (táxi), aos veículos escolares e aos demais veículos
com peso bruto total superior a 3,5t.
Na hipótese de a quantidade de crianças com idade
inferior a dez anos exceder a capacidade de lotação do
banco traseiro, será admitido o transporte daquela de
maior estatura no banco dianteiro, utilizando o cinto de
segurança do veículo ou dispositivo de retenção adequa-
do ao seu peso e altura.
Nos veículos equipados com dispositivo suplementar
de retenção (airbag), para o passageiro do banco dian-
teiro, o transporte de crianças com até dez anos de idade
neste banco, conforme disposto no Artigo 2º e seu pa-
rágrafo, poderá ser realizado desde que utilizado o dis-
positivo de retenção adequado ao seu peso e altura e
As crianças com idade superior a um ano e inferior ou
observados os seguintes requisitos:
igual a quatro anos deverão utilizar, obrigatoriamente, o
dispositivo de retenção denominado “cadeirinha” (figura 2)
I – É vedado o transporte de crianças com até sete
anos e meio de idade, em dispositivo de retenção
posicionado em sentido contrário ao da marcha do
veículo.
II – É permitido o transporte de crianças com até sete
anos e meio de idade, em dispositivo de retenção
posicionado no sentido de marcha do veículo, des-
de que não possua bandeja, ou acessório equiva-
lente, incorporado ao dispositivo de retenção;
III – Salvo instruções específicas do fabricante do
veículo, o banco do passageiro dotado de airbag
deverá ser ajustado em sua última posição de re-
cuo, quando ocorrer o transporte de crianças neste
banco.

DISPOSITIVO DE RETENÇÃO PARA TRANSPOR-


TE DE CRIANÇAS EM VEÍCULOS AUTOMOTORES
As crianças com idade superior a quatro anos e in-
PARTICULARES
ferior ou igual a sete anos e meio deverão utilizar o dis-
positivo de retenção denominado “assento de elevação”.
OBJETIVO: estabelecer condições mínimas de segu-
(figura 3)
rança de forma a reduzir o risco ao usuário em casos de
colisão ou de desaceleração repentina do veículo, limi-
tando o deslocamento do corpo da criança.

As Crianças com até um ano de idade deverão utilizar,


obrigatoriamente, o dispositivo de retenção denomina-
do “bebê conforto ou conversível” (figura 1)
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

As crianças com idade superior a sete anos e meio e


inferior ou igual a dez anos deverão utilizar o cinto de
segurança do veículo ( figura 4)

36
As receitas oriundas das multas aplicadas pelo DNIT
e DPRF serão revertidas a cada órgão arrecadador, em
conformidade com o art. 320 do CTB.

As despesas decorrentes desta Resolução serão de


responsabilidade de cada órgão dentro da esfera de sua
atuação.

A Resolução n.º 290 disciplina a inscrição de pesos e


capacidades em veículos de tração, de carga e de trans-
porte coletivo de passageiros. Para efeito de registro, li-
cenciamento e circulação, os veículos de tração, de carga
e os de transporte coletivo de passageiros deverão ter
indicação de suas características registradas para obten-
ção do CAT – Certificado de Adequação à Legislação de
Trânsito, de acordo com os requisitos do Anexo desta
Resolução.

A responsabilidade pela inscrição e conteúdo dos


pesos e capacidades, conforme estabelecido no Anexo
RESOLUÇÃO 289/2008 desta Resolução será:

A presente resolução dispõe sobre normas de atua- I - do fabricante ou importador, quando se tratar de
ção a serem adotadas pelo Departamento Nacional de veículo novo acabado ou inacabado;
Infraestrutura de Transportes - DNIT e o Departamento II - do fabricante da carroçaria ou de outros imple-
de Polícia Rodoviária Federal - DPRF na fiscalização do mentos, em caráter complementar ao informado
trânsito nas rodovias federais. pelo fabricante ou importador do veículo;
III - do responsável pelas modificações, quando se
Compete ao Departamento Nacional de Infraestrutu- tratar de veículo novo ou já licenciado que tiver sua
ra de Transportes - DNIT, Órgão Executivo Rodoviário da estrutura e/ou número de eixos alterados, ou ou-
União, no âmbito de sua circunscrição: tras modificações previstas pelas Resoluções 2/08
e 293/08, ou suas sucedâneas.
I - exercer a fiscalização do excesso de peso dos ve- IV - do proprietário do veículo, conforme estabeleci-
ículos nas rodovias federais, aplicando aos infratores as do no art. 5º desta Resolução.
penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro -
CTB, respeitadas as competências outorgadas à Agência Anexo da Resolução 290 de 29 de setembro de 2008
Nacional de Transportes Terrestres - ANTT pelos arts. 24,
inciso XVII, e 82, § 1º, da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 1 OBJETIVO
2001, com a redação dada pela Lei nº 10.561, de 13 de
novembro de 2002; e Estabelecer requisitos para inscrição indicativa e obri-
II - exercer a fiscalização eletrônica de velocidade nas gatória dos pesos e capacidades registrados, conforme
rodovias federais, utilizando instrumento ou redutor ele- definidos no item a seguir.
trônico de velocidade tipo fixo, assim como a engenharia
de tráfego para implantação de novos pontos de redução DEFINIÇÕES
de velocidade.
Para efeito dessa Resolução define-se:
Compete ao Departamento de Polícia Rodoviária Fe- PESOS E CAPACIDADES INDICADOS: pesos máximos
deral - DPRF: e capacidades máximas informados pelo fabricante ou
importador como limites técnicos do veículo;
I - exercer a fiscalização por excesso de peso nas ro-
dovias federais, isoladamente, ou a título de apoio ope- • PESOS E CAPACIDADES AUTORIZADOS: o menor
racional ao DNIT, aplicando aos infratores as penalidades valor entre os pesos e capacidades máximos es-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

previstas no CTB; e tabelecidos pelos regulamentos vigentes (valores


II - exercer a fiscalização eletrônica de velocidade nas legais) e os pesos e capacidades indicados pelo fa-
rodovias federais com a utilização de instrumento ou me- bricante ou importador (valores técnicos);
didor de velocidade do tipo portátil, móvel, estático e fixo, • TARA: peso próprio do veículo, acrescido dos pe-
exceto redutor de velocidade, aplicando aos infratores as sos da carroçaria e equipamento, do combustível
penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro - – pelo menos 90% da capacidade do(s) tanque(s),
CTB. Para a instalação de equipamento do tipo fixo de das ferramentas e dos acessórios, da roda sobres-
controle de velocidade, o DPRF solicitará ao DNIT a auto- salente, do extintor de incêndio e do fluido de ar-
rização para intervenção física na via. refecimento, expresso em quilogramas.

37
• LOTAÇÃO: carga útil máxima, expressa em quilo- lotação, PBT e peso por eixo, respeitada a CMT informada
gramas, incluindo o condutor e os passageiros que pelo fabricante ou importador do veículo, em comple-
o veículo pode transportar, para os veículos de car- mento às características informadas pelos mesmos.
ga e tração ou número de pessoas para os veículos Reboque e semi-reboque, novo ou alterado: tara, lo-
de transporte coletivo de passageiros. tação e PBT.
• PESO BRUTO TOTAL (PBT): o peso máximo (autori- 3.2 Informações mínimas para veículos de tração, de
zado) que o veículo pode transmitir ao pavimento, carga e transporte coletivo de passageiros, com PBT de
constituído da soma da tara mais a lotação. até 3500 kg.
• PESO BRUTO TOTAL COMBINADO (PBTC): Peso 3.2.1 Todas as constantes nos itens de 3.1.1 a 3.1.6,
máximo que pode ser transmitido ao pavimento sendo autorizada a opcionalidade: PBTC ou CMT. Obser-
pela combinação de um veículo de tração ou de vação: as informações complementares devem atender
carga, mais seu(s) semi-reboque(s), reboque(s), os requisitos do item 4 deste anexo, em campo distinto
respeitada a relação potência/peso, estabelecida das informações originais do fabricante ou importador
pelo INMETRO – Instituto de Metrologia, Norma- do veículo.
lização e Qualidade Industrial, a Capacidade Má-
xima de Tração da unidade de tração, conforme REQUISITOS
definida no item 2.7 do anexo dessa Resolução e
o limite máximo estabelecido na Resolução CON- Específicos.
TRAN nº 211/06, e suas sucedâneas. As indicações referentes ao item 3 serão inscritas em
• CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO (CMT): máximo plaqueta ou em etiqueta adesiva resistente a ação do
peso que a unidade de tração é capaz de tracionar, tempo;
incluído o PBT da unidade de tração, limitado pe- As indicações serão inscritas em fundo claro ou es-
las suas condições de geração e multiplicação do curo, adotados caracteres alfanuméricos contrastantes,
momento de força, resistência dos elementos que com altura não inferior a 3 milímetros. (retificada com
compõem a transmissão. publicação no DOU nº 251 de 26 dez 2008 - Seção 1
- pg.149)
• CAMINHÃO: veículo automotor destinado ao
Também, poderão ser usados letras ou números ins-
transporte de carga, com PBT acima de 3.500 qui-
critos em alto ou baixo relevo, sem necessidade de con-
logramas, podendo tracionar ou arrastar outro
traste de cor.
veículo, desde que tenha capacidade máxima de
Normas gerais.
tração compatível;
A indicação nos veículos automotores de tração, de
• VEÍCULO INACABADO OU INCOMPLETO: todo o
carga será inscrita ou afixada em um dos seguintes locais,
chassi e plataforma para ônibus ou micro-ônibus
assegurada a facilidade de visualização.
e os chassis de caminhões, caminhonete, utilitário Na coluna de qualquer porta, junto às dobradiças, ou
com cabine completa, incompleta ou sem cabine. no lado da fechadura.
• VEÍCULO INACABADO: Todo chassi plataforma, Na borda de qualquer porta.
chassis de caminhões e caminhonetes, com cabine Na parte inferior do assento, voltada para porta.
completa, incompleta ou sem cabine. Na superfície interna de qualquer porta.
• VEÍCULO ACABADO: Veículo automotor que sai de No painel de instrumentos.
fábrica pronto para licenciamento, sem precisar de Nos veículos destinados ao transporte coletivo de
complementação. passageiros, a indicação deverá ser afixada na parte fron-
• VEÍCULO NOVO: veículo de tração, de carga e tal interna acima do pára-brisa ou na parte superior da
transporte coletivo de passageiros, reboque e se- divisória da cabina de comando do lado do condutor. Na
mi-reboque, antes do seu registro e licenciamento. impossibilidade técnica ou ausência de local para fixação,
poderão ser utilizados os mesmos locais previstos para
APLICAÇÃO os veículos de carga e tração.
Nos reboques e semi-reboques, a indicação deve-
Informações mínimas para veículos de tração, de car- rá ser afixada na parte externa da carroçaria na lateral
ga e transporte coletivo de passageiros, com PBT acima dianteira.
de 3500 kg. Nos implementos montados sobre chassi de veículo
Veículo automotor novo acabado: tara, lotação, PBT, de carga, a indicação deverá ser afixada na parte externa
PBTC e CMT; do mesmo, em sua lateral dianteira.
Veículo automotor novo inacabado: PBT, PBTC e CMT;
Veículo automotor novo que recebeu carroçaria ou A Resolução n.º 2 Estabelece as modificações permi-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

implemento: tara e lotação, em complemento às carac- tidas em veículo registrado no Órgão Executivo de Trân-
terísticas informadas pelo fabricante ou importador do sito dos Estados ou do Distrito Federal. As modificações
veículo; permitidas em veículos, bem como a exigência para cada
Veículo automotor novo que teve alterado o número modificação e a nova classificação dos veículos após mo-
de eixos ou sua(s) capacidade(s): tara, lotação e PBT, em dificados, quanto ao tipo/espécie e carroçaria, para fins
complemento às características informadas pelo fabri- de registro e emissão de CRV/CRLV, constam no Anexo
cante ou importador do veículo; desta Resolução. As modificações em veículos devem ser
Veículo automotor já licenciado que teve alterado sua precedidas de autorização da autoridade responsável
estrutura, número de eixos ou sua(s) capacidade(s): tara, pelo registro e licenciamento.

38
Quando houver modificação exigir-se-á realização de de cinquenta centímetros e suas dimensões, não devem
inspeção de segurança veicular para emissão do Certifi- ultrapassar o comprimento da carroçaria e a largura da
cado de Segurança Veicular – CSV, conforme regulamen- parte superior da carroçaria.
tação específica do INMETRO, expedido por Instituição A bicicleta é considerada como carga indivisível e
Técnica Licenciada pelo DENATRAN, respeitadas as dis- poderá ser transportada na parte posterior externa ou
posições constantes na tabela do Anexo desta Resolução. sobre o teto, desde que fixada em dispositivo apropria-
Fica proibida a modificação da estrutura original de
do, móvel ou fixo, aplicado diretamente ao veículo ou
fábrica dos veículos para aumentar a capacidade de car-
acoplado ao gancho de reboque.
ga, visando o uso do combustível Diesel.
Na troca do sistema de suspensão não será permitida
a utilização de sistemas de suspensão com regulagem
de altura. É permitido, para fins automotivos, exceto para FIQUE ATENTO!
ciclomotores, motonetas, motocicletas e triciclos, o uso
do Gás Natural Veicular – GNV como combustível. O não atendimento ao disposto nesta Re-
Por ocasião do registro será exigido dos veículos au- solução acarretará na aplicação das pena-
tomotores que utilizarem como combustível o Gás Natu- lidades previstas nos artigos 230, IV, 231,
ral Veicular – GNV: II, IV e V e 248 do CTB, conforme infração
a ser apurada.
I Certificado de Segurança Veicular – CSV expedido
por Instituição Técnica Licenciada pelo DENATRAN
e acreditada pelo INMETRO, conforme regulamen- A Resolução n. 356 estabelece requisitos mínimos
tação específica, onde conste a identificação do de segurança para o transporte remunerado de passa-
instalador registrado pelo INMETRO, que executou geiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) em motoci-
o serviço. cleta e motoneta, e dá outras providências.
II O Certificado Ambiental para uso de Gás Natural Os veículos tipo motocicleta ou motoneta, quando
em Veículos Automotores – CAGN, expedido pelo autorizados pelo poder concedente para transporte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur- remunerado de cargas (motofrete) e de passageiros
sos Naturais Renováveis – IBAMA, ou aposição do (mototáxi), deverão ser registrados pelo Órgão Exe-
número do mesmo no CSV. cutivo de Trânsito do Estado e do Distrito Federal na
categoria de aluguel, atendendo ao disposto no artigo
Ficam proibidas: 135 do CTB e legislação complementar. Para efeito do
registro, os veículos deverão ter:
I A utilização de rodas/pneus que ultrapassem os li-
mites externos dos para-lamas do veículo;
I - dispositivo de proteção para pernas e motor em
II O aumento ou diminuição do diâmetro externo do
caso de tombamento do veículo, fixado em sua
conjunto pneu/roda;
estrutura, conforme Anexo IV, obedecidas as es-
III A substituição do chassi ou monobloco de veícu-
lo por outro chassi ou monobloco, nos casos de pecificações do fabricante do veículo no tocante
modificação, furto/roubo ou sinistro de veícu- à instalação;
los, com exceção de sinistros em motocicletas e II - dispositivo aparador de linha, fixado no guidon
assemelhados do veículo, conforme Anexo IV; e
IV A alteração das características originais das molas III - dispositivo de fixação permanente ou removí-
do veículo, inclusão, exclusão ou modificação de vel, devendo, em qualquer hipótese, ser altera-
dispositivos da suspensão. do o registro do veículo para a espécie passa-
geiro ou carga, conforme o caso, vedado o uso
Serão consideradas alterações de cor aquelas realiza- do mesmo veículo para ambas as atividades.
das através de pintura ou adesivamento em área superior
a 50% do veículo, excluídas as áreas envidraçadas. Os pontos de fixação para instalação dos equipa-
mentos, bem como a capacidade máxima admissível
de carga, por modelo de veículo serão comunicados
A presente resolução dispõe sobre o transporte even- ao DENATRAN, pelos fabricantes, na ocasião da ob-
tual de cargas ou de bicicletas nos veículos classificados tenção do Certificado de Adequação à Legislação de
nas espécies automóvel, caminhonete, camioneta e utili- Trânsito (CAT), para os novos modelos, e mediante
tário e revoga as resoluções que menciona. complementação de informações do registro marca/
Permite-se o transporte de cargas acondicionadas modelo/versão, para a frota em circulação.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

em bagageiros ou presas a suportes apropriados devida-


mente afixados na parte superior externa da carroçaria. Para o exercício das atividades previstas nesta Re-
Destaca-se que o fabricante do bagageiro ou do su- solução, o condutor deverá:
porte deve informar as condições de fixação da carga na
parte superior externa da carroçaria e sua fixação deve I - ter, no mínimo, vinte e um anos de idade;
respeitar as condições e restrições estabelecidas pelo II - possuir habilitação na categoria “A”, por pelo
menos dois anos, na forma do artigo 147 do
fabricante do veículo. As cargas, já considerada a altura
CTB;
do bagageiro ou do suporte, deverá ter altura máxima

39
III - ser aprovado em curso especializado, na forma A Resolução n.º 371 aprova o Manual Brasileiro de
regulamentada pelo CONTRAN; e Fiscalização de Trânsito, Volume I – Infrações de compe-
IV - estar vestido com colete de segurança dotado tência municipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e
de dispositivos retrorrefletivos, nos termos do entidades estaduais de trânsito, e rodoviários. Compete
Anexo III desta Resolução. ao órgão máximo executivo de trânsito da União:

Além dos equipamentos obrigatórios para moto- I – Atualizar o MBFT, em virtude de norma posterior
cicletas e motonetas e dos previstos no art. 2º desta que implique a necessidade de alteração de seus
Resolução, serão exigidas para os veículos destinados procedimentos.
aos serviços de moto táxi alças metálicas, traseira e II – Estabelecer os campos das informações mínimas
lateral, destinadas a apoio do passageiro. que devem constar no Recibo de Recolhimento de
As motocicletas e motonetas destinadas ao trans- Documentos.
porte remunerado de mercadorias – motofrete – so-
mente poderão circular nas vias com autorização emi- A Resolução n.º 396 dispõe sobre requisitos técnicos
tida pelo órgão executivo de trânsito do Estado e do mínimos para a fiscalização da velocidade de veículos au-
Distrito Federal. tomotores, reboques e semirreboques, conforme o Códi-
Os dispositivos de transporte de cargas em moto- go de Trânsito Brasileiro.
cicleta e motoneta poderão ser do tipo fechado (baú) A medição das velocidades desenvolvidas pelos veí-
ou aberto (grelha), alforjes, bolsas ou caixas laterais, culos automotores, elétricos, reboques e semirreboques
desde que atendidas as dimensões máximas fixa- nas vias públicas deve ser efetuada por meio de instru-
das nesta Resolução e as especificações do fabricante mento ou equipamento que registre ou indique a velo-
do veículo no tocante à instalação e ao peso máximo cidade medida, com ou sem dispositivo registrador de
admissível. imagem dos seguintes tipos:
É proibido o transporte de combustíveis inflamáveis I - Fixo: medidor de velocidade com registro de ima-
ou tóxicos, e de galões nos veículos de que trata a Lei gens instalado em local definido e em caráter
12.009 de 29 de julho de 2009, com exceção de botijões permanente;
de gás com capacidade máxima de 13 kg e de galões II - Estático: medidor de velocidade com registro de
contendo água mineral, com capacidade máxima de 20 imagens instalado em veículo parado ou em su-
litros, desde que com auxílio de sidecar. porte apropriado;
A Resolução n.º 360 dispõe sobre a habilitação do III - Móvel: medidor de velocidade instalado em ve-
candidato ou condutor estrangeiro para direção de veí- ículo em movimento, procedendo a medição ao
culos em território nacional. O condutor de veículo au- longo da via;
tomotor, oriundo de país estrangeiro e nele habilitado, IV - Portátil: medidor de velocidade direcionado ma-
desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir nualmente para o veículo alvo.
no Território Nacional quando amparado por convenções
ou acordos internacionais, ratificados e aprovados pela Definições:
República Federativa do Brasil e, igualmente, pela adoção a) medidor de velocidade: instrumento ou equipa-
do Princípio da Reciprocidade, no prazo máximo de 180 mento destinado à medição de velocidade de
dias, respeitada a validade da habilitação de origem. veículos.
Este condutor, após o prazo de 180 dias de estada b) controlador eletrônico de velocidade: medidor de
regular no Brasil, pretendendo continuar a dirigir veículo velocidade destinado a fiscalizar o limite máximo
automotor no âmbito territorial brasileiro, deverá sub- regulamentado para a via ou trecho por meio de
meter-se aos Exames de aptidão Física e Mental e Avalia- sinalização (placa R-19) ou, na sua ausência, pelos
ção Psicológica. limites definidos no art. 61 do CTB;
Ao cidadão brasileiro habilitado no exterior serão c) redutor eletrônico de velocidade (barreira ou lom-
aplicadas as regras estabelecidas nos artigos 1° ou 2°, bada eletrônica): medidor de velocidade, do tipo
respectivamente, comprovando que mantinha residência fixo, com dispositivo registrador de imagem, des-
normal naquele País por um período não inferior a 06 tinado a fiscalizar a redução pontual de velocidade
meses quando do momento da expedição da habilitação. em trechos considerados críticos, cujo limite é di-
Já o estrangeiro não habilitado, com estada regular ferenciado do limite máximo regulamentado para
no Brasil, pretendendo habilitar-se para conduzir veículo a via ou trecho em um ponto específico indicado
automotor no Território Nacional, deverá satisfazer todas por meio de sinalização (placa R-19).
as exigências previstas na legislação de trânsito brasileira
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

em vigor. § 2º Quando for utilizado redutor eletrônico de


O condutor com Habilitação Internacional para Diri- velocidade, o equipamento deverá ser dotado de
gir, expedida no Brasil, que cometer infração de trânsito dispositivo (display) que mostre aos condutores a ve-
cuja penalidade implique na suspensão ou cassação do locidade medida.
direito de dirigir, terá o recolhimento e apreensão desta,
juntamente com o documento de habilitação nacional, Cabe à autoridade de trânsito com circunscrição so-
ou pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Esta- bre a via determinar a localização, a sinalização, a insta-
do ou do Distrito Federal. lação e a operação dos medidores de velocidade do tipo
fixo.

40
A notificação da autuação/penalidade deve conter, Os sinais de alteração da capacidade psicomotora
além do disposto no CTB e na legislação complementar, poderão ser verificados por:
expressas em km/h:
I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por
I - a velocidade medida pelo instrumento ou equipa- médico perito; ou
mento medidor de velocidade; II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsi-
II - a velocidade considerada para efeito da aplicação to, dos sinais de alteração da capacidade psicomo-
da penalidade; e tora nos termos do Anexo II.
III - a velocidade regulamentada para a via.
O crime previsto no art. 306 do CTB será caracteriza-
Em trechos de estradas e rodovias onde não houver do por qualquer um dos procedimentos abaixo:
placa R-19 poderá ser realizada a fiscalização com medi-
dores de velocidade dos tipos móvel, estático ou portátil, I – exame de sangue que apresente resultado igual ou
desde que observados os limites de velocidade estabele- superior a 6 (seis) decigramas de álcool por litro de
cidos no § 1º do art. 61 do CTB. Quando o local ou trecho sangue (6 dg/L);
da via possuir velocidade máxima permitida por tipo de II - teste de etilômetro com medição realizada igual
veículo, a placa R-19 deverá estar acompanhada da infor- ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro
mação complementar, os tipos de veículos registrados e de ar alveolar expirado (0,34 mg/L), descontado o
licenciados devem estar classificados conforme as duas erro máximo admissível nos termos da “Tabela de
denominações descritas a seguir: Valores Referenciais para Etilômetro” constante no
Anexo I;
I - “VEÍCULOS LEVES” correspondendo a ciclomotor, III - exames realizados por laboratórios especializa-
motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo, auto- dos, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito
móvel, utilitário, caminhonete e camioneta, com competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de
peso bruto total - PBT inferior ou igual a 3.500 kg.
consumo de outras substâncias psicoativas que
II - “VEÍCULOS PESADOS” correspondendo a ôni-
determinem dependência;
bus, micro-ônibus, caminhão, caminhão-trator,
IV - sinais de alteração da capacidade psicomotora
trator de rodas, trator misto, chassi-plataforma,
obtido na forma do art. 5º.
motor-casa, reboque ou semirreboque e suas
combinações.
Além das exigências estabelecidas em regulamenta-
ção específica, o auto de infração lavrado em decorrência
A Resolução n.º 432 define os procedimentos a serem
adotados pelas autoridades de trânsito e seus agentes da infração prevista no art. 165 do CTB deverá conter:
na fiscalização do consumo de álcool ou de outra subs- I - no caso de encaminhamento do condutor para
tância psicoativa que determine dependência, para apli- exame de sangue, exame clínico ou exame em
cação do disposto nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei nº laboratório especializado, a referência a esse
9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito procedimento;
Brasileiro (CTB). II – no caso do art. 5º, os sinais de alteração da capa-
A confirmação da alteração da capacidade psico- cidade psicomotora de que trata o Anexo II ou a
motora em razão da influência de álcool ou de outra referência ao preenchimento do termo específico
substância psicoativa que determine dependência dar- de que trata o § 2º do art. 5º;
-se-á por meio de, pelo menos, um dos seguintes pro- III - no caso de teste de etilômetro, a marca, modelo
cedimentos a serem realizados no condutor de veículo e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição
automotor: realizada, o valor considerado e o limite regula-
mentado em mg/L;
I – exame de sangue; IV - conforme o caso, a identificação da (s) testemu-
II – exames realizados por laboratórios especializa- nha (s), se houve fotos, vídeos ou outro meio de
dos, indicados pelo órgão ou entidade de trânsi- prova complementar, se houve recusa do condu-
to competente ou pela Polícia Judiciária, em caso tor, entre outras informações disponíveis.
de consumo de outras substâncias psicoativas que
determinem dependência; O veículo será retido até a apresentação de condutor
III – teste em aparelho destinado à medição do teor habilitado, que também será submetido à fiscalização.
alcoólico no ar alveolar (etilômetro); Caso não se apresente condutor habilitado ou o agen-
IV – verificação dos sinais que indiquem a alteração te verifique que ele não está em condições de dirigir, o
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

da capacidade psicomotora do condutor. veículo será recolhido ao depósito do órgão ou entidade


responsável pela fiscalização, mediante recibo.
Se o condutor apresentar sinais de alteração da capa-
cidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja compro- A Resolução n.º 441 regulamenta sobre o transpor-
vação dessa situação por meio do teste de etilômetro e te de qualquer tipo de sólido a granel em vias abertas
houver encaminhamento do condutor para a realização à circulação pública, em veículos de carroçarias abertas,
do exame de sangue ou exame clínico, não será neces- somente será permitido nos seguintes casos:
sário aguardar o resultado desses exames para fins de
autuação administrativa.

41
I - veículos com carroçarias de guardas laterais II - utilizando viseira ou óculos de proteção em des-
fechadas; cumprimento ao disposto no art. 3º ou utilizando
II - veículos com carroçarias de guardas laterais dota- capacete não afixado na cabeça conforme art. 1º:
das de telas metálicas com malhas de dimensões art. 169 do CTB;
que impeçam o derramamento de fragmentos do III - não uso de capacete motociclístico, capacete não
material transportado. As cargas transportadas encaixado na cabeça ou uso de capacete indevido,
deverão estar totalmente cobertas por lonas ou conforme Anexo: incisos I ou II do art. 244 do CTB,
dispositivos similares, que deverão cumprir os se- conforme o caso.
guintes requisitos:
III - possibilidade de acionamento manual, mecânico RESOLUÇÃO 471/2013
ou automático;
IV - estar devidamente ancorados à carroçaria do A presente resolução regulamenta a fiscalização de
veículo; trânsito por intermédio de videomonitoramento em es-
V - cobrir totalmente a carga transportada de forma tradas e rodovias, nos termos do § 2º do artigo 280 do
eficaz e segura; Código de Trânsito Brasileiro.
VI - estar em bom estado de conservação, de forma a
evitar o derramamento da carga transportada. A autoridade ou o agente da autoridade de trânsito,
exercendo a fiscalização remota por meio de sistemas de
A Resolução n.º 453 disciplina o uso de capacete para videomonitoramento, poderão autuar condutores e veí-
condutor e passageiro de motocicletas, motonetas, ciclo- culos, cujas infrações por descumprimento das normas
motores, triciclos motorizados e quadriciclos motoriza- gerais de circulação e conduta tenham sido detectadas
dos. É obrigatório, para circular nas vias públicas, o uso online por esses sistemas.
de capacete motociclístico pelo condutor e passageiro A autoridade ou o agente da autoridade de trânsito,
de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motoriza- responsável pela lavratura do auto de infração, deverá
informar no campo “observação” a forma com que foi
do e quadriciclo motorizado, devidamente afixado à ca-
constatado o cometimento da infração.
beça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate,
A fiscalização de trânsito mediante sistema de video-
por debaixo do maxilar inferior.
monitoramento somente poderá ser realizada nas vias
que estejam devidamente sinalizadas para esse fim.
Para fiscalização do cumprimento desta Resolução, as
autoridades de trânsito ou seus agentes devem observar:
A Resolução n.º 508 dispõe sobre os requisitos de se-
gurança para a circulação, a título precário, de veículo de
I - Se o capacete motociclístico utilizado é certificado carga ou misto transportando passageiros no comparti-
pelo INMETRO; mento de cargas. A autoridade com circunscrição sobre
II - Se o capacete motociclístico está devidamente afi- a via poderá autorizar, eventualmente e a título precá-
xado à cabeça; rio, a circulação de veículo de carga ou misto transpor-
III - A aposição de dispositivo retrorrefletivo de se- tando passageiros no compartimento de cargas, desde
gurança nas partes laterais e traseira do capacete que sejam cumpridos os requisitos estabelecidos nesta
motociclístico, conforme especificado no item I do Resolução.
Anexo; Os veículos a serem utilizados no transporte de que
IV - A existência do selo de identificação da confor- trata esta Resolução devem ser adaptados, no mínimo,
midade do INMETRO, ou etiqueta interna com a com:
logomarca do INMETRO, especificada na norma I - bancos, na quantidade suficiente para todos os
NBR7471, podendo esta ser afixada no sistema de passageiros, revestidos de espuma, com encos-
retenção; to e cinto de segurança, fixados na estrutura da
V - O estado geral do capacete, buscando avarias ou carroceria;
danos que identifiquem a sua inadequação para o II - carroceria com cobertura, barra de apoio para as
uso; mãos, proteção lateral rígida, com dois metros e
dez centímetros de altura livre, de material de boa
O condutor e o passageiro de motocicleta, motoneta, qualidade e resistência estrutural, que evite o es-
ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motoriza- magamento e a projeção de pessoas em caso de
do, para circular na via pública, deverão utilizar capacete acidente com o veículo;
com viseira, ou na ausência desta, óculos de proteção, III - escada para acesso, com corrimão;
em boas condições de uso. IV - cabine e carroceria com ventilação, garantida a
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

comunicação entre motorista e passageiros;


Dirigir ou conduzir passageiro em descumprimento V - compartimento resistente e fixo para a guarda das
às disposições contidas nesta Resolução implicará nas ferramentas e materiais, separado dos passageiros,
sanções previstas no CTB, conforme abaixo: no caso de transporte de trabalhadores;
VI - sinalização luminosa, na forma do inciso VIII do
I - com o capacete fora das especificações contidas artigo 29 do CTB e da Resolução nº 268, de 15 de
no art. 2º, exceto inciso II, combinado com o Ane- fevereiro de 2008, no caso de transporte de pes-
xo: art. 230, inciso X, do CTB; soas vinculadas à prestação de serviço em obras
na via.

42
Além das exigências estabelecidas nos demais artigos desacordo com aquelas constantes da AET, tais
desta Resolução, para o transporte de passageiros em como peso, dimensões, percurso, exigência da si-
veículos de carga ou misto, é vedado: nalização, configuração de eixos, entre outras in-
formações e exigências;
I - transportar passageiros com idade inferior a 10 e) Art. 231, inciso VI: quando o veículo(s) e/ou carga
anos; estiverem com suas dimensões superiores aos li-
II - transportar passageiros em pé; mites estabelecidos legalmente e circularem com
III - transportar cargas no mesmo ambiente dos a AET vencida;
passageiros; f) Art. 231, inciso X: quando o peso do veículo mais a
IV - utilizar veículos de carga tipo basculante e carga for superior à Capacidade Máxima de Tração
boiadeiro; (CMT) do(s) caminhão(ões) trator(es);
V - utilizar combinação de veículos. g) Art. 232: quando o(s) veículo(s) e/ou carga com
VI - transportar passageiros nas partes externas. dimensões superiores aos limites estabelecidos le-
galmente não estiver portando a AET regularmen-
A Resolução n.º 520 dispõe sobre os requisitos mí- te expedida;
nimos para a circulação de veículos com dimensões h) Art. 235: quando a carga ultrapassar os limites late-
excedentes aos limites estabelecidos pelo CONTRAN. rais, posterior e/ou anterior do(s) veículo(s), ainda
A circulação de veículo com suas dimensões ou de sua que não ultrapasse os limites regulamentares es-
carga superiores aos limites estabelecidos pela Resolu- tabelecidos na Resolução CONTRAN nº 210/2006;
ção CONTRAN nº 210, ou suas sucedâneas, poderá ser i) Art. 237: quando o(s) veículo(s) e/ou carga estive-
permitida, mediante Autorização Especial de Trânsito rem com suas dimensões superiores aos limites es-
(AET) da autoridade com circunscrição sobre a via públi- tabelecidos legalmente e a sinalização especial de
ca, atendidos os requisitos desta Resolução. A AET, for- advertência não tiver sido instalada ou não atender
necida pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, dos aos requisitos previstos nos artigos 6º e 7º e ane-
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal com cir-
xos desta Resolução.
cunscrição sobre a via, terá validade máxima de 1 ano e
conterá, no mínimo:
Sinalização especial de advertência traseira para com-
primento excedente. Especificações:
a) a identificação do órgão emissor;
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
b) o número de identificação;
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
c) a identificação e características do(s) veículo(s);
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
d) o peso e dimensões autorizadas;
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
e) o prazo de validade;
f) o percurso; de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
g) a identificação em se tratando de carga indivisível. te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.

A AET não exime o condutor e/ou proprietário da res-


ponsabilidade por eventuais danos que o veículo ou a
combinação de veículos causar à via ou a terceiros, con-
forme prevê o § 2º do art. 101 do CTB.

O não cumprimento do disposto nesta Resolução im-


plicará na aplicação das sanções previstas no CTB:

a) Art. 187, inciso I: quando o(s) veículo(s) e/ou carga


estiverem com dimensões superiores aos limites
estabelecidos legalmente e existir restrição de trá-
fego referente ao local e/ou horário imposta pelo
órgão com circunscrição sobre a via e não cons-
tante na AET.
b) Art. 231, inciso IV: quando o(s) veículo(s) e/ou
carga estiverem com suas dimensões superiores Sinalização especial de advertência traseira para lar-
aos limites estabelecidos legalmente e circularem gura excedente. Especificações:
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

sem a expedição da AET ou com AET expedida Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
em desacordo com o disposto no artigo 2º desta tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
Resolução; de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
c) Art. 231, inciso V: quando o peso do veículo mais do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
o peso da carga for superior aos limites legais de
te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.
peso;
d) Art. 231, inciso VI: quando as informações do(s)
veículo(s) e/ou carga, com dimensões superiores
aos limites estabelecidos legalmente, estão em

43
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
de cima para baixo, com adesivo refletivo na cor preta
e laranja alternadamente, sendo que o espaçamento di-
mensões estabelecidas para a sinalização. As cores: bran-
ca e laranja devem ser retrorrefletivas.

Sinalização especial de advertência traseira para com-


primento e largura excedente. Especificações:
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.

A Resolução n.º 525 estabelece os procedimen-


tos para fiscalização do tempo de direção e descanso
do motorista profissional na condução dos veículos de
transporte e de condução de escolares, de transporte de
passageiros com mais de 10 lugares e de carga com peso
bruto total superior a 4.536 quilogramas.

Definições:

Sinalização especial de advertência traseira do tipo I – motorista profissional: condutor que exerce ativi-
bipartida. Especificações: dade remunerada ao veículo.
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire- II - tempo de direção: período em que o condutor
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira estiver efetivamente ao volante de um veículo em
de ou material com propriedades equivalentes, possuin- movimento.
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e III – intervalo de descanso: período de tempo em que
de cima para baixo, com adesivo refletivo na cor preta e o condutor estiver efetivamente cumprindo o des-
laranja alternadamente, com espaçamento máximo de 5 canso estabelecido nesta Resolução, comprovado
cm entre as duas partes sem alterar ou comprometer as por meio dos documentos previstos no art. 2º,
letras e formato da sinalização. As cores: branca e laranja não computadas as interrupções involuntárias, tais
devem ser retrorrefletivas. como as decorrentes de engarrafamentos, semáfo-
ro e sinalização de trânsito.
IV – ficha de trabalho do autônomo: ficha de controle
do tempo de direção e do intervalo de descanso do
motorista profissional autônomo, que deverá sem-
pre acompanhá-lo no exercício de sua profissão.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

A fiscalização do tempo de direção e do intervalo de


descanso do motorista profissional dar-se-á por meio de:

I - Análise do disco ou fita diagrama do registrador


instantâneo e inalterável de velocidade e tempo ou
Sinalização especial de advertência traseira do tipo de outros meios eletrônicos idôneos instalados no
bipartida. Especificações: veículo, na forma regulamentada pelo CONTRAN;
ou

44
II - Verificação do diário de bordo, papeleta ou ficha XIV - Nos casos em que o empregador adotar 2 (dois)
de trabalho externo, fornecida pelo empregador; motoristas trabalhando no mesmo veículo, o tem-
ou po de repouso poderá ser feito com o veículo em
III – Verificação da ficha de trabalho do autônomo, movimento, assegurado o repouso mínimo de 6
conforme Anexo I desta Resolução. (seis) horas consecutivas fora do veículo em aloja-
IV - É vedado ao motorista profissional dirigir por mento externo ou, se na cabine leito, com o veículo
mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veícu- estacionado, a cada 72 (setenta e duas) horas, nos
los de transporte rodoviário coletivo de passagei- termos do § 5º do art. 235-D e inciso III do art. 235-
ros ou de transporte rodoviário de cargas; E da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.
V - Serão observados 30 (trinta) minutos para descan- XV - O motorista profissional é responsável por con-
so dentro de cada 6 (seis) horas na condução de trolar e registrar o tempo de condução estipulado
veículo de transporte de carga, sendo facultado o neste artigo, com vistas à sua estrita observância;
seu fracionamento e o do tempo de direção desde XVI - A não observância dos períodos de descanso
que não ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia con- estabelecidos neste artigo sujeitará o motorista
tínuas no exercício da condução; profissional às penalidades previstas no artigo 230,
VI - Serão observados 30 (trinta) minutos para des- inciso XXIII, do código de Trânsito Brasileiro;
canso a cada 4 (quatro) horas na condução de ve- XVII - O tempo de direção será controlado mediante
ículo rodoviário de passageiros, sendo facultado o registrador instantâneo inalterável de velocidade e
seu fracionamento e o do tempo de direção; tempo e, ou por meio de anotação em diário de
VII - Em situações excepcionais de inobservância bordo, ou papeleta ou ficha de trabalho externo,
justificada do tempo de direção, devidamente re- conforme o modelo do Anexo I desta Resolução,
gistradas, o tempo de direção poderá ser elevado ou por meios eletrônicos instalados no veículo,
pelo período necessário para que o condutor, o conforme regulamentação específica do Con-
veículo e a carga cheguem a um lugar que ofereça tran, observada a sua validade jurídica para fins
a segurança e o atendimento demandados, des- trabalhistas;
de que não haja comprometimento da segurança XVII - O equipamento eletrônico ou registrador de-
rodoviária; verá funcionar de forma independente de qual-
VIII - O condutor é obrigado, dentro do período de quer interferência do condutor, quanto aos dados
24 (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de registrados;
11 (onze) horas de descanso, que podem ser fra- XIX - A guarda, a preservação e a exatidão das infor-
cionadas, usufruídas no veículo e coincidir com os mações contidas no equipamento registrador ins-
intervalos mencionados no inciso II, observadas, tantâneo inalterável de velocidade e de tempo são
no primeiro período, 8 (oito) horas ininterruptas de responsabilidade do condutor.
de descanso;
IX - Entende-se como tempo de direção ou de con- O descumprimento dos tempos de direção e descan-
dução apenas o período em que o condutor estiver so previstos nesta Resolução sujeitará o infrator à aplica-
efetivamente ao volante, em curso entre a origem ção das penalidades e medidas administrativas previstas
e o destino; no inciso XXIII art. 230 do CTB.
X - Entende-se como início de viagem a partida do A medida administrativa de retenção do veículo será
veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga, aplicada:
considerando-se como sua continuação as parti- I – por desrespeito aos incisos II e III do art. 3º, pelo
das nos dias subsequentes até o destino; período de 30 minutos, observadas as disposições
XI - O condutor somente iniciará uma viagem após do inciso IV do mesmo artigo;
o cumprimento integral do intervalo de descanso II – por desrespeito ao inciso V do art. 3º, pelo perío-
previsto no inciso V deste artigo; do de 11 horas.
XII - Nenhum transportador de cargas ou coleti-
vo de passageiros, embarcador, consignatário de § 2º No caso do inciso II, a retenção poderá ser rea-
cargas, operador de terminais de carga, operador lizada em depósito do órgão ou entidade de trânsito
de transporte multimodal de cargas ou agente de responsável pela fiscalização, com fundamento no §
cargas ordenará a qualquer motorista a seu servi- 4º do art. 270 do CTB.
ço, ainda que subcontratado, que conduza veículo
referido no caput sem a observância do disposto RESOLUÇÃO 552/2015
no inciso VIII;
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

XIII - O descanso de que tratam os incisos II, III e V A presente resolução fixa os requisitos mínimos de
deste artigo poderá ocorrer em cabine leito do segurança para amarração das cargas transportadas em
veículo ou em poltrona correspondente ao servi- veículos de carga.
ço de leito, no caso de transporte de passageiros,
devendo o descanso do inciso V ser realizado com Todas as cargas transportadas, conforme seu tipo,
o veículo estacionado, ressalvado o disposto no devem estar devidamente amarradas, ancoradas e acon-
inciso XI; dicionadas no compartimento de carga ou superfície de
carregamento do veículo, de modo a prevenir movimen-
tos relativos durante todas as condições de operação

45
esperadas no transcorrer da viagem, como: manobras • Pontuação – informa o número de pontos compu-
bruscas, solavancos, curvas, frenagens ou desacelerações tados ao infrator.
repentinas. • Pode configurar crime – informa a previsão de
eventual ilícito criminal.
O não cumprimento do disposto nesta Resolução im- • Sinalização – informa a necessidade da sinalização
plicará, conforme o caso, na aplicação das seguintes san- para configurar a infração.
ções previstas no CTB, conforme arts.169, 230, 235, 237. • Constatação da infração – indica as situações nas
quais a abordagem é necessária para a constata-
RESOLUÇÃO 561/2015 ção da infração.
• Quando Autuar – indica as situações que configu-
A presente resolução aprova o Manual Brasileiro de ram a infração tipificada na respectiva ficha.
Fiscalização de Trânsito, Volume II – Infrações de com- • Não Autuar – indica as situações que não confi-
petência dos órgãos e entidades executivos estaduais de guram a infração tipificada na respectiva ficha ou
trânsito e rodoviários. remete a outros enquadramentos.
Compete ao órgão máximo executivo de trânsito da • Definições e Procedimentos – menciona dispositi-
União atualizar o MBFT – Volume II, em virtude de nor- vos legais, estabelece definições e indica procedi-
ma posterior que implique a necessidade de alteração de mentos específicos.
seus procedimentos. • Campo ‘Observações’ – indica ou sugere informa-
Os órgãos e entidades executivos estaduais de trân- ções a serem registradas no campo ‘observações’
sito e rodoviários componentes do Sistema Nacional de do auto de infração.
Trânsito deverão adequar seus procedimentos em até
90 (noventa) dias, a contar da data de publicação desta Regulamentação – relaciona as normas aplicáveis.
Resolução.
A fiscalização, conjugada às ações de operação de
A Resolução n.º 561 aprova o Manual Brasileiro de trânsito, de engenharia de tráfego e de educação para o
Fiscalização de Trânsito, Volume II – Infrações de com- trânsito, é uma ferramenta de suma importância na bus-
petência dos órgãos e entidades executivos estaduais de ca de uma convivência pacífica entre pedestres e condu-
trânsito e rodoviários. tores de veículos.
As ações de fiscalização influenciam diretamente na
Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito segurança e fluidez do trânsito, contribuindo para a efe-
tiva mudança de comportamento dos usuários da via,
APRESENTAÇÃO e de forma específica, do condutor infrator, através da
imposição de sanções, propiciando a eficácia da norma
O Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito con- jurídica.
templa os procedimentos gerais a serem observados Nesse contexto, o papel do agente de trânsito é de-
pelos agentes de trânsito, conceitos e definições e está senvolver atividades voltadas à melhoria da qualidade de
estruturado em fichas individuais, classificadas por códi- vida da população, atuando como facilitador da mobili-
go de enquadramento das infrações e seus respectivos dade urbana ou rural sustentáveis, norteando-se, dentre
desdobramentos. outros, pelos princípios constitucionais da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
As fichas são compostas dos campos, abaixo descri- Desta forma o presente Manual tem como objetivo
tos, destinados ao detalhamento das infrações com seus uniformizar procedimentos, de forma a orientar os agen-
respectivos amparos legais e procedimentos: tes de trânsito nas ações de fiscalização.

• Tipificação resumida – descreve a conduta infracio- AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO


nal de acordo com Portaria do Denatran.
• Código do enquadramento – indica o código da O agente da autoridade de trânsito competente para
infração e seu desdobramento. lavrar o auto de infração de trânsito (AIT) poderá ser ser-
• Amparo Legal – indica o artigo, inciso e alínea do vidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial mili-
CTB. tar designado pela autoridade de trânsito com circunscri-
• Tipificação do Enquadramento – descreve a con- ção sobre a via no âmbito de sua competência.
duta infracional de acordo com o CTB. Para que possa exercer suas atribuições como agente
• Natureza – informa a classificação da infração de da autoridade de trânsito, o servidor ou policial militar
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

acordo com a sua gravidade. deverá ser credenciado, estar devidamente uniformiza-
• Penalidade – informa a sanção aplicada a cada do, conforme padrão da instituição, e no regular exercí-
conduta infracional. cio de suas funções.
• Medida Administrativa – indica o procedimento O veículo utilizado na fiscalização de trânsito deverá
aplicável à conduta infracional. estar caracterizado.
• Infrator – informa o responsável pelo cometimento O agente de trânsito, ao constatar o cometimento da
da infração. infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas
• Competência – indica o órgão ou entidade de trân- administrativas cabíveis.
sito com competência para autuar.

46
É vedada a lavratura do AIT por solicitação de tercei- A pessoa física ou jurídica é responsável por infração
ros, excetuando-se o caso em que o órgão ou entidade de trânsito, não vinculada a veículo ou à sua condução,
de trânsito realize operação (comando) de fiscalização de expressamente mencionada no CTB.
normas de circulação e conduta, em que um agente de
trânsito constate a infração e informe ao agente que es- AUTUAÇÃO
teja na abordagem; neste caso, o agente que constatou
a infração deverá convalidar a autuação no próprio auto Autuação é ato administrativo da Autoridade de Trân-
de infração ou na planilha da operação (comando), a qual sito ou de seus agentes quando da constatação do co-
deverá ser arquivada para controle e consulta. metimento de infração de trânsito, devendo ser formali-
O AIT traduz um ato vinculado na forma da Lei, não zado por meio da lavratura do AIT.
havendo discricionariedade com relação a sua lavratura, O AIT é peça informativa que subsidia a Autoridade
conforme dispõe o artigo 280 do CTB. de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistên-
“O agente de trânsito deve priorizar suas ações
cia está na perfeita caracterização da infração, devendo
no sentido de coibir a prática das infrações de trânsi-
ser preenchido de acordo com as disposições contidas
to, devendo tratar a todos com urbanidade e respeito,
no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares,
sem, contudo, omitir- se das providências que a lei lhe
determina.” com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura.
O AIT não poderá conter rasura, emenda, uso de cor-
INFRAÇÃO DE TRÂNSITO retivo, ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchi-
mento se dará com letra legível, preferencialmente, com
Constitui infração a inobservância a qualquer pre- caneta esferográfica de tinta azul.
ceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro
Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e da infração conforme regulamentação específica.
a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade O agente só poderá registrar uma infração por auto e,
executiva do trânsito. no caso da constatação de infrações em que os códigos
infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros dí-
O infrator está sujeito às penalidades e medidas ad- gitos), considerar-se-á apenas uma infração.
ministrativas previstas no CTB. Exemplo: veículo sem equipamento obrigatório e
com equipamento obrigatório ineficiente/inoperante,
As infrações classificam-se, de acordo com sua gra- utilizar o código 663-71 e descrever no campo ‘Obser-
vidade, em quatro categorias, computados, ainda, os se- vações’ a situação constatada (ex: sem o estepe e com o
guintes números de pontos: extintor de incêndio vazio).
As infrações podem ser concorrentes ou
I - infração de natureza gravíssima, 7 pontos; concomitantes:
II - infração de natureza grave, 5 pontos; São concorrentes aquelas em que o cometimento de
III - infração de natureza média, 4 pontos; uma infração tem como pressuposto o cometimento de
IV - infração de natureza leve, 3 pontos. outra.
Por exemplo: veículo sem as placas (art. 230, IV), por
RESPONSABILIDADE PELA INFRAÇÃO falta de registro (art. 230, V). Nesses casos, o agente de-
verá lavrar um único AIT, com base no art. 230, V.
As penalidades serão impostas ao condutor ou ao
São concomitantes aquelas em que o cometimento
proprietário do veículo, salvo os casos de descumpri-
de uma infração não implica o cometimento de outra, na
mento de obrigações e deveres impostos a pessoas fí-
forma do art. 266 do CTB.
sicas ou jurídicas expressamente mencionadas no CTB.
Por exemplo: dirigir veículo com a CNH vencida há
Proprietário mais de trinta dias (art. 162, V) e de categoria diferente
para a qual é habilitado (art. 162, III).
Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade Nesses casos, o agente deverá lavrar os dois AIT.
pela infração referente à prévia regularização e preen- O agente de trânsito, sempre que possível, deverá
chimento das formalidades e condições exigidas para o abordar o condutor do veículo para constatar a infra-
trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalte- ção, ressalvados os casos nos quais a infração poderá ser
rabilidade de suas características, componentes, agrega- comprovada sem a abordagem. Para esse fim, o Manual
dos, habilitação legal e compatível de seus condutores, estabelece as seguintes situações:
quando esta for exigida, e outras disposições que deva
observar. • Caso 1: “possível sem abordagem” – significa que a
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

infração pode ser constatada sem a abordagem do


Condutor condutor.
• Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a
Ao condutor caberá a responsabilidade pelas in- infração só pode ser constatada se houver a abor-
frações decorrentes de atos praticados na direção do dagem do condutor.
veículo. • Caso 3: “vide procedimentos” – significa que, em
alguns casos, há situações específicas para abor-
Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada dagem do condutor.
no CTB

47
O AIT deverá ser impresso em, no mínimo, duas vias, Quando se tratar de transporte coletivo conduzindo
exceto o registrado em equipamento eletrônico. passageiros ou de veículo transportando produto peri-
Uma via do AIT será utilizada pelo órgão ou entida- goso ou perecível, desde que o veículo ofereça condições
de de trânsito para os procedimentos administrativos de de segurança para circulação em via pública, a retenção
aplicação das penalidades previstas no CTB. A outra via pode deixar de ser aplicada imediatamente.
deverá ser entregue ao condutor, quando se tratar de
autuação com abordagem, ainda que este se recuse a Remoção do Veículo
assiná-lo.
Nas infrações cometidas com combinação de veícu- A remoção do veículo consiste em deslocar o veículo
los, preferencialmente será autuada unidade tratora. Na para o depósito fixado pela autoridade de trânsito com
impossibilidade desta, a unidade tracionada. circunscrição sobre a via. Tem por finalidade restabelecer
as condições de segurança, fluidez da via, garantir a boa
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS ordem administrativa, dentre outras hipóteses estabele-
cidas pela legislação.
Medidas administrativas são providências de caráter A medida administrativa de remoção é independente
complementar, exigidas para a regularização de situa- da penalidade de apreensão e não se caracteriza como
ções infracionais, sendo, em grande parte, de aplicação medida antecipatória desta.
momentânea, e têm como objetivo prioritário impedir a A remoção deve ser feita por meio de veículo destina-
continuidade da prática infracional, garantindo a prote- do para esse fim ou, na falta deste, valendo-se da própria
ção à vida e à incolumidade física das pessoas, e não se capacidade de movimentação do veículo a ser removido,
confundem com penalidades. desde que haja condições de segurança para o trânsito.
Compete à autoridade de trânsito com circunscrição A remoção do veículo não será aplicada se o condu-
sobre a via e seus agentes aplicar as medidas administra- tor, regularmente habilitado, sanar a irregularidade no
tivas, considerando a necessidade de segurança e fluidez local, desde que isso ocorra antes que a operação de re-
moção tenha sido iniciada, ou quando o agente avaliar
do trânsito.
que a operação de remoção trará ainda mais prejuízo à
A impossibilidade de aplicação de medida adminis-
segurança e/ou fluidez da via.
trativa prevista para infração não invalidará a autuação
Este procedimento somente se aplica para o veículo
pela infração de trânsito, nem a imposição das penalida-
devidamente licenciado e que esteja em condições de
des previstas.
segurança de circulação.
A restituição dos veículos removidos só ocorrerá após
Retenção do Veículo
o pagamento das multas, taxas e despesas com remoção
e estada, além de outros encargos previstos na legislação
Consiste na sua imobilização no local da abordagem, especifica.
para a solução de determinada irregularidade.
A retenção se dará nas infrações em que esteja pre- Recolhimento do Documento de Habilitação
vista esta medida administrativa.
Quando a irregularidade puder ser sanada no local O recolhimento do documento de habilitação tem
onde for constatada a infração, o veículo será liberado por objetivo imediato impedir a condução de veículos
tão logo seja regularizada a situação. nas vias públicas enquanto perdurar a irregularidade
Na impossibilidade de sanar a falha no local da infra- constatada.
ção, o veículo poderá ser retirado por condutor regular- O documento de habilitação será recolhido pelo
mente habilitado, desde que não ofereça risco à segu- agente, mediante recibo, sendo uma das vias entregue,
rança do trânsito, mediante recolhimento do Certificado obrigatoriamente, ao condutor, e ficará sob custódia do
de Licenciamento Anual - CLA/CRLV, contra recibo, noti- órgão ou entidade de trânsito responsável pela autuação
ficando o condutor do prazo para sua regularização. até que o condutor comprove que a irregularidade foi
Não se apresentando condutor habilitado no local da sanada.
infração, o veículo será recolhido ao depósito. Caso o condutor não compareça ao órgão ou entida-
No prazo assinalado no recibo, o infrator deverá pro- de de trânsito responsável pela autuação em até 5 (cinco)
videnciar a regularização do veículo e apresentá-lo no lo- dias da data do cometimento da infração, o documento
cal indicado, onde, após submeter-se à vistoria, terá seu será encaminhado ao órgão executivo de trânsito res-
CLA/CRLV restituído. ponsável pelo seu registro.
No caso de não observância do prazo estabelecido Sanada a irregularidade, a restituição do documento
para a regularização, o agente da autoridade de trânsito de habilitação se dará sem qualquer outra exigência.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

deverá encaminhar o documento ao órgão ou entidade O recibo expedido pelo agente não autoriza a condu-
de trânsito de registro do veículo. ção do veículo.
Havendo comprometimento da segurança do trânsito
e/ou no caso do condutor sinalizar que não regularizará Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual
a situação, a retenção do veículo poderá ser transferida (CLA/CRLV)
para local mais adequado ou para o depósito do órgão Consiste no recolhimento do documento que certifica
ou entidade de trânsito. o licenciamento do veículo com o objetivo de garantir
que o proprietário promova a regularização da infração
constatada.

48
Será aplicada quando não for sanada a irregularidade, Todos os veículos automotores e
nos casos em que esteja prevista a medida administrativa elétricos utilizados em transporte de
de retenção do veículo ou a penalidade de apreensão do carga, cujo PBT exceda a 3.500 kg.
veículo; Tratores, máquinas agrícolas e de
Quando houver fundada suspeita quanto à inautenti- movimentação de cargas, motor-
cidade ou adulteração, deverão ser adotadas as medidas C casa, combinação de veículos em
de polícia judiciária. que a unidade acoplada, reboque,
De acordo com a Resolução do CONTRAN nº 61/1998, semi-reboque ou articulada, não
o CLA é o Certificado de Registro e Licenciamento de Veí- exceda a 6.000 kg de PBT.
culos (CRLV). Todos os veículos abrangidos pela
Todo e qualquer recolhimento de CLA deve ser do- categoria “B”.
cumentado por meio de recibo, sendo que uma das vias
será entregue, obrigatoriamente, ao condutor. Veículos automotores e elétricos
Após o recolhimento do documento pelo agente, a utilizados no transporte de
Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar passageiros, cuja lotação exceda a
medidas destinadas ao registro do fato no RENAVAM. oito lugares, excluído o do condutor.
D
Veículos destinados ao transporte de
Habilitação escolares independente da lotação.
Todos os veículos abrangidos nas
Para a condução de veículos automotores é obriga- categorias “B” e “C”.
tório o porte do documento de habilitação, apresentado Combinação de veículos em que
no original e dentro da data de validade. a unidade tratora se enquadre nas
O documento de habilitação não pode estar plasti- Categorias B, C ou D e:
ficado para que sua autenticidade possa ser verificada. • A unidade acoplada,
reboque, semirreboques, trailer ou
São documentos de habilitação: articulada, tenha 6.000 Kg ou mais
de PBT.
• Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) - • A lotação da unidade
habilita o condutor somente para conduzir ciclo- E
acoplada exceda a 8 lugares.
motores e cicloelétricos; • Seja uma combinação de
• Permissão para Dirigir (PPD) - categorias A e B; veículos com mais de uma unidade
• Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - catego- tracionada, independentemente da
rias A, B, C, D e E. capacidade de tração ou do PBT.
• Todos os veículos
CATEGORIA ESPECIFICAÇÃO abrangidos nas categorias “B”, “C” e
Todos os veículos automotores e “D”.
elétricos, de duas ou três rodas, com
ou sem carro lateral. Condutor oriundo de país estrangeiro
A Ciclomotor, caso o condutor não
possua ACC. O condutor de veículo automotor, oriundo de país es-
Não se aplica a quadriciclos, cuja trangeiro e nele habilitado, poderá dirigir portando Per-
categoria é a B. missão Internacional para Dirigir (PID) ou documento de
habilitação estrangeira, acompanhados de documento
Veículos automotores e elétricos, de identificação, quando o país de origem do condutor
de quatro rodas cujo Peso Bruto for signatário de Acordos ou Convenções Internacionais,
Total (PBT) não exceda a 3.500 kg ratificados pelo Brasil, respeitada a validade da habilita-
e cuja lotação não exceda a oito ção de origem e o prazo máximo de 180 dias da sua es-
lugares, excluído o do motorista, tada regular no Brasil.
contemplando a combinação de
unidade acoplada, reboque, semi- DISPOSIÇÕES FINAIS
reboque ou articulada, desde que
atenda a lotação e capacidade de O condutor de motocicleta, motoneta e ciclomotor,
B
peso para a categoria. quando desmontado e puxando ou empurrando o veícu-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Veículo automotor da espécie lo nas vias públicas, não se equipara ao pedestre, estan-
motor-casa, cujo peso não exceda a do sujeito às infrações previstas no CTB.
6.000 kg, ou cuja lotação não exceda O conteúdo dos itens do Sumário deste Manual se
a 8 lugares, excluído o do motorista. aplica, no que couber, à fiscalização das infrações pre-
O trator de roda e os equipamentos vistas no Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito –
automotores destinados a executar Volume I.
trabalhos agrícolas, quando
conduzidos em via pública.

49
A Resolução n.º 573 estabelece os requisitos de segu- – BINCO, composto de 9 (nove) caracteres mais 2
rança e circulação de veículos automotores denomina- (dois) dígitos verificadores de segurança, sendo
dos quadriciclos. Todos os veículos novos devem possuir único para cada condutor e o acompanhará duran-
código de marca/modelo/versão e Certificado de Ade- te toda a sua existência como condutor, não sendo
quação a Legislação de Trânsito (CAT), conforme procedi- permitida a sua reutilização para outro condutor.
mento estabelecido pelo DENATRAN por meio da Porta- II – Número do Espelho da CNH - segundo número
ria DENATRAN nº 190, de 30 de junho de 2009, para fins de identificação nacional, que será formado por
de registro e licenciamento junto aos órgãos executivos 9 (nove) caracteres mais 1 (um) dígito verificador
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal. de segurança, autorizado e controlado pelo Órgão
Máximo Executivo de Trânsito da União e identifi-
Para os efeitos desta Resolução, entende-se como cará cada espelho de CNH expedida.
quadriciclos:
a) O dígito verificador será calculado pela rotina de-
I - o veículo automotor com estrutura mecânica simi- nominada de “módulo 11” e sempre que o resto da divi-
lar às motocicletas, possuindo eixo dianteiro e tra- são for zero (0) ou um (1), o dígito verificador será zero
seiro, dotado de quatro rodas, com massa em or- (0);
dem de marcha não superior a 400kg, ou 550kg no III – Número do formulário RENACH - número de
caso do veículo destinado ao transporte de cargas, identificação estadual, documento de coleta de
excluída a massa das baterias no caso de veículos dados do candidato/condutor gerado a cada ser-
elétricos, cuja potência máxima do motor não seja viço, composto, obrigatoriamente, por 11 (onze)
superior a 15kW. caracteres, sendo as duas primeiras posições for-
II - o veículo automotor elétrico com cabine fecha- madas pela sigla da Unidade de Federação expedi-
da, possuindo eixo dianteiro e traseiro, dotado de dora, facultada a utilização da última posição como
quatro rodas, com massa em ordem de marcha dígito verificador de segurança.
não superior a 400kg, ou 550kg no caso do veículo
destinado ao transporte de cargas, excluída a mas- a) O número do formulário RENACH identificará a
sa das baterias, cuja potência máxima do motor Unidade da Federação onde o condutor foi habilitado ou
não seja superior a 15kW. realizou alterações de dados no seu cadastro pela última
vez.
Devem ser observados os seguintes requisitos para b) O Formulário RENACH que dá origem às informa-
condução do quadriciclo nas vias públicas: ções na BINCO e autorização para a impressão da CNH
deverá ficar arquivado em segurança no órgão ou entida-
I - O condutor e o passageiro devem utilizar capace- de executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.
te de segurança, com viseira ou óculos protetores,
em acordo com a legislação vigente aplicável às A expedição da Carteira Nacional de Habilitação –
motocicletas, para os veículos enquadrados no in- CNH, modelo único, será obrigatória quando:
ciso I do Art. 2º desta Resolução.
II - A Carteira Nacional de Habilitação do condutor I – da obtenção da Permissão para Dirigir na “ACC” e
será do tipo B. nas categorias “A”, “B” ou “AB”, com validade de
1(um) ano;
Ficam proibidos: II – da substituição da Permissão para Dirigir pela
CNH definitiva, ao término do prazo de validade
I - O uso de cabine fechada nos veículos enquadrados de 1 (um) ano, desde que atendido ao disposto no
no inciso I do Art. 2º desta Resolução. §3º do Art. 148 do CTB;
II - A transformação de outros tipos de veículos em III – da adição ou da mudança de categoria;
quadriciclos. IV – da perda, dano ou extravio;
II - A circulação em vias públicas de veículos similares V – da renovação dos exames para a CNH, exceto o
sem homologação. exame toxicológico;
VI – houver a reabilitação do condutor;
A Resolução n.º 598 regulamenta a produção e a ex- VII – ocorrer alteração de dados do condutor;
pedição da Carteira Nacional de Habilitação, com novo VIII – da substituição do documento de habilitação
leiaute e requisitos de segurança. estrangeira.
A expedição da Carteira Nacional de Habilitação –
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

CNH obedecerá ao previsto no art.159 do Código de A Resolução n.º 619 estabelece e normatiza os pro-
Transito Brasileiro – CTB e deverá conter novo leiaute, cedimentos para a aplicação das multas por infrações, a
papel com marca d`agua, requisitos de segurança e 2 arrecadação e o repasse dos valores arrecadados. Para os
números de identificação nacional e 1 (um) número de fins previstos nesta Resolução, entende-se por:
identificação estadual, que são:
I - Auto de Infração de Trânsito: é o documento que
I – Registro Nacional - primeiro número de identifica- dá início ao processo administrativo para imposi-
ção nacional, que será gerado pelo sistema infor- ção de punição, em decorrência de alguma infra-
matizado da Base Índice Nacional de Condutores ção à legislação de trânsito.

50
II - notificação de autuação: é o procedimento que VIII - esclarecimento de que a indicação do condutor
dá ciência ao proprietário do veículo de que foi infrator somente será acatada e produzirá efeitos
cometida uma infração de trânsito com seu veícu- legais se o formulário de identificação do condutor
lo. Caso a infração não tenha sido cometida pelo estiver corretamente preenchido, sem rasuras, com
proprietário do veículo, deverá ser indicado o con- assinaturas originais do condutor e do proprietário
dutor responsável pelo cometimento da infração. do veículo e acompanhado de cópia reprográfica
III - notificação de penalidade: é o procedimento que legível dos documentos relacionados no inciso
dá ciência da imposição de penalidade bem como anterior;
indica o valor da cobrança da multa de trânsito. IX - endereço para entrega do Formulário de Identifi-
IV - autuador: os órgãos e entidades executivos de cação do Condutor Infrator; e
trânsito e rodoviários competentes para julgar a X - esclarecimento sobre a responsabilidade nas es-
defesa da autuação e aplicar penalidade de multa feras penal, cível e administrativa, pela veracidade
de trânsito;
das informações e dos documentos fornecidos.
V - arrecadador: os órgãos e entidades executivos de
O proprietário do veículo será considerado responsá-
trânsito e rodoviários que efetuam a cobrança e
vel pela infração cometida, respeitado o disposto no § 2º
o recebimento da multa de trânsito (de sua com-
petência ou de terceiros), sendo responsáveis pelo do art. 5º, nas seguintes situações:
repasse dos 5% (cinco por cento) do valor da multa
de trânsito à conta do Fundo Nacional de Seguran- I - caso não haja identificação do condutor infrator
ça e Educação de Trânsito – FUNSET; até o término do prazo fixado na Notificação da
VI - RENACH: Registro Nacional de Condutores Autuação;
Habilitados; II - caso a identificação seja feita em desacordo com
VII - RENAVAM: Registro Nacional de Veículos o estabelecido no artigo anterior; e
Automotores; III - caso não haja registro de comunicação de venda
VIII - RENAINF: Registro Nacional de Infrações de à época da infração.
Trânsito.
Em se tratando de infrações de natureza leve ou mé-
Após a verificação da regularidade e da consistência dia, a autoridade de trânsito, nos termos do art. 267 do
do Auto de Infração de Trânsito, a autoridade de trânsito CTB, poderá, de ofício ou por solicitação do interessado,
expedirá, no prazo máximo de 30 dias contados da data aplicar a Penalidade de Advertência por Escrito, na qual
do cometimento da infração, a Notificação da Autuação deverão constar os dados mínimos definidos no art. 280
dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão cons- do CTB e em regulamentação específica.
tar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB.
A autoridade de trânsito poderá socorrer-se de meios A Notificação da Penalidade de Multa deverá conter:
tecnológicos para verificação da regularidade e da con-
sistência do Auto de Infração de Trânsito. I - os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e
Sendo a infração de responsabilidade do condutor, em regulamentação específica;
e este não for identificado no ato do cometimento da II - a comunicação do não acolhimento da Defesa da
infração, a Notificação da Autuação deverá ser acompa- Autuação ou da solicitação de aplicação da Penali-
nhada do Formulário de Identificação do Condutor Infra- dade de Advertência por Escrito;
tor, que deverá conter, no mínimo:
III - o valor da multa e a informação quanto ao des-
conto previsto no art. 284 do CTB;
I - identificação do órgão ou entidade de trânsito res-
IV - data do término para apresentação de recurso,
ponsável pela autuação;
II - campos para o preenchimento da identificação do que será a mesma data para pagamento da multa,
condutor infrator: nome e números de registro dos conforme §§ 4º e 5º do art. 282 do CTB;
documentos de habilitação, identificação e CPF; V - campo para a autenticação eletrônica, regulamen-
III - campo para a assinatura do proprietário do tado pelo DENATRAN; e
veículo; VI - instruções para apresentação de recurso, nos ter-
IV - campo para a assinatura do condutor infrator; mos dos arts. 286 e 287 do CTB.
IV - placa do veículo e número do Auto de Infração
de Trânsito; Esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o
V - data do término do prazo para a identificação proprietário do veículo por meio postal ou pessoal, as
do condutor infrator e interposição da defesa da notificações de que trata esta Resolução serão realizadas
autuação; por edital publicado em diário oficial, na forma da lei,
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

VI - esclarecimento das consequências da não identi- respeitados o disposto no §1º do art. 282 do CTB e os
ficação do condutor infrator; prazos prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de
VII - instrução para que o Formulário de Identificação novembro de 1999, que estabelece prazo de prescrição
do Condutor Infrator seja acompanhado de cópia para o exercício de ação punitiva.
reprográfica legível do documento de habilitação
do condutor infrator e do documento de identifi- A Resolução n.º 624 regulamenta a fiscalização de
cação do proprietário do veículo ou seu represen- sons produzidos por equipamentos utilizados em veí-
tante legal, o qual, neste caso, deverá juntar docu- culos, a que se refere o art. 228, do Código de Trânsito
mento que comprove a representação; Brasileiro – CTB. Fica proibida a utilização, em veículos de

51
qualquer espécie, de equipamento que produza som au- Para fins de cumprimento do disposto no inciso II do
dível pelo lado externo, independentemente do volume art. 3º, o processo de suspensão do direito de dirigir de-
ou frequência, que perturbe o sossego público, nas vias verá ser instaurado da seguinte forma:
terrestres abertas à circulação. I - para as autuações de competência do órgão exe-
cutivo de trânsito estadual de registro do documento
RESOLUÇÃO 643/2016 de habilitação do infrator, quando o infrator for o pro-
prietário do veículo, será instaurado processo único para
A presente resolução dispõe sobre o emprego de pe- aplicação das penalidades de multa e de suspensão do
lícula retrorrefletiva em veículos. direito de dirigir, nos termos do § 10 do art. 261 do CTB;
Os veículos de transporte rodoviários de carga com II - para as demais autuações, o órgão ou entidade
Peso Bruto Total (PBT) superior a 4.536 kg, Ônibus, Micro- responsável pela aplicação da penalidade de multa, en-
-ônibus, Motorcasa e Tratores, facultados a transitar em cerrada a instância administrativa de julgamento da in-
vias públicas, Reboques e Semirreboques com PBT até fração, comunicará imediatamente ao órgão executivo
4.536 kg, somente serão comercializados quando possuí- de trânsito do registro do documento de habilitação,
rem dispositivo de segurança retrorrefletores afixado de via RENAINF ou outro sistema, para que instaure proces-
acordo com as disposições constantes do Anexo I desta so administrativo com vistas à aplicação da penalidade
Resolução. de suspensão do direito de dirigir.
Os proprietários e condutores, cujos veículos circu- O ato instaurador do processo administrativo de sus-
larem nas vias públicas desprovidos dos requisitos esta- pensão do direito de dirigir de que trata esta Resolução,
belecidos nesta Resolução, ficam sujeitos às penalidades conterá o nome, a qualificação do infrator, a(s) infra-
constantes no art. 230, incisos IX ou X do CTB. ção(ões) com a descrição sucinta dos fatos e a indicação
dos dispositivos legais pertinentes. Instaurado o proces-
A Resolução n.º 720 institui o Certificado de Regis- so, far-se-á a respectiva anotação no prontuário do in-
tro e Licenciamento de Veículo Eletrônico (CRLVe), que frator, a qual não constituirá qualquer impedimento ao
exercício dos seus direitos.
poderá ser expedido em meio eletrônico, na forma es-
tabelecida em portaria do Departamento Nacional de
A autoridade de trânsito deverá expedir notificação
Trânsito (DENATRAN).
ao infrator, contendo no mínimo, os seguintes dados:
O CRLVe deverá ser implantado pelos órgãos e en-
tidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
I - a identificação do infrator e do órgão de registro
Federal, no prazo de até 30 de junho de 2019 a partir
do documento de habilitação;
da publicação de ato do DENATRAN que regulamente II - a finalidade da notificação, qual seja, dar ciência
o CRLVe, devendo ser obrigatória a expedição do docu- da instauração do processo administrativo para
mento em meio físico ou digital, na forma escolhida pelo imposição da penalidade de suspensão do direito
proprietário do veículo. de dirigir por somatório de pontos ou por infração
específica;
A Resolução n.º 723 referenda a Deliberação CON- III - a data do término do prazo para apresentação
TRAN nº 163, de 31 de outubro de 2017, que dispõe da defesa;
sobre a uniformização do procedimento administrativo IV - informações referentes à(s) infração(ões) que
para imposição das penalidades de suspensão do direito ensejou(aram) a abertura do processo administra-
de dirigir e de cassação do documento de habilitação, tivo, fazendo constar:
previstas nos arts. 261 e 263, incisos I e II, do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB), bem como sobre o curso pre- a) o(s) número(s) do(s) auto(s) de infração(ões);
ventivo de reciclagem. b) órgão(s) ou entidade(s) que aplicou(aram) a(s)
Esta Resolução estabelece o procedimento adminis- penalidade(s) de multa;
trativo a ser seguido pelos órgãos e entidades compo- c) a(s) placa(s) do(s) veículo(s);
nentes do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), quando d) tipificação(ões), código(s) da(s) infração(ões) e
da aplicação das penalidades de suspensão do direito enquadramento(s) legal(is);
de dirigir e de cassação do documento de habilitação, e) a(s) data(s) da(s) infração(ões); e
decorrentes de infrações cometidas a partir de 1º de f) o somatório dos pontos, quando for o caso.
novembro de 2016, bem como do curso preventivo de
reciclagem. Da notificação constará a data do término do prazo
A penalidade de suspensão do direito de dirigir será para a apresentação da defesa, que não será inferior a 15
imposta nos seguintes casos: dias contados a partir da data da notificação da instaura-
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20, no ção do processo administrativo.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

período de 12 meses; A notificação devolvida, por desatualização do en-


II - por transgressão às normas estabelecidas no CTB, dereço do infrator no RENACH, será considerada válida
cujas infrações preveem, de forma específica, a penalida- para todos os efeitos legais.
de de suspensão do direito de dirigir. A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de
Esgotados todos os meios de defesa da infração na repartições consulares de carreira e de representações
esfera administrativa, a pontuação prevista no art. 259 do de organismos internacionais e de seus integrantes será
CTB será considerada para fins de instauração de proces- remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as
so administrativo para aplicação da penalidade de sus- providências cabíveis, passando a correr os prazos a par-
pensão do direito de dirigir. tir do seu conhecimento pelo infrator.

52
Concluída a análise do processo administrativo, a VI - em relação à infração que configurar reincidência,
autoridade do órgão ou entidade de trânsito proferirá caso haja previsão de penalidade de suspensão do
decisão motivada e fundamentada. Não apresentada, direito de dirigir, esta deixará de ser aplicada, em
não conhecida ou não acolhida a defesa, a autoridade razão da cassação.
de trânsito do órgão de registro do documento de ha-
bilitação aplicará a penalidade de suspensão do direito Decorridos 02 anos da cassação do documento de
de dirigir. habilitação, o infrator poderá requerer a sua reabilitação,
submetendo-se a todos os exames necessários.
Deverá ser instaurado processo administrativo de Aplicam-se a esta Resolução, os seguintes prazos
cassação do documento de habilitação, pela autoridade prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de novem-
de trânsito do órgão executivo de seu registro. bro de 1999:
I - Prescrição da Ação Punitiva: 5 anos;
I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir II - Prescrição da Ação Executória: 5 anos;
qualquer veículo; III - Prescrição Intercorrente: 3 anos.
II - o processo administrativo será instaurado após es-
gotados todos os meios de defesa da infração que O termo inicial da pretensão punitiva relativo à pena-
enseja a penalidade de cassação, na esfera admi- lidade de suspensão do direito de dirigir será:
nistrativa, devendo o órgão executivo de registro I - no caso previsto no inciso I do art. 3º desta Re-
do documento de habilitação observar as informa- solução, o dia subsequente ao encerramento da
ções registradas no RENAINF ou outro sistema; instância administrativa referente à penalidade de
III - caso o condutor seja autuado por outra infração multa que totalizar 20 ou mais pontos no período
que preveja suspensão do direito de dirigir, será de 12 meses;
aberto apenas o processo administrativo para cas- II - no caso do inciso I do art. 8º desta Resolução, a
sação, sem prejuízo da penalidade de multa; data da infração;
III - no caso do inciso II do art. 8º desta Resolução,
IV - a autoridade de trânsito de registro do documen-
o dia subsequente ao encerramento da instância
to de habilitação do condutor, que tomar ciência
administrativa referente à penalidade de multa.
da condução de veículo automotor por pessoa com
O termo inicial da pretensão punitiva relativo à pe-
direito de dirigir suspenso, por qualquer meio de
nalidade de cassação do documento de habilitação será:
prova em direito admitido, deverá instaurar o pro-
I - no caso do inciso I do art. 19 desta Resolução, a
cesso de cassação do documento de habilitação;
data do fato;
V - quando não houver abordagem, não será ins-
II - no caso do Inciso II do art. 19 desta Resolução,
taurado processo de cassação do documento de o dia subsequente ao encerramento da instância
habilitação: administrativa referente à penalidade de multa da
infração que configurou a reincidência.
a) ao proprietário do veículo, nas infrações original-
mente de sua responsabilidade; Interrompe-se a prescrição da pretensão punitiva
b) nas infrações de estacionamento, quando não for com:
possível precisar que o momento inicial da conduta se I - a notificação de instauração do processo
deu durante o cumprimento da penalidade de suspensão administrativo;
do direito de dirigir. II - a aplicação da penalidade de suspensão do di-
reito de dirigir ou de cassação do documento de
I - é possível a instauração do processo de cassação habilitação;
do documento de habilitação do proprietário que III - o julgamento do recurso na JARI, se houver.
não realizar a indicação do condutor infrator de
que trata o art. 257, § 7º, do CTB. Suspende-se a prescrição da pretensão punitiva ou
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, da pretensão executória durante a tramitação de proces-
das infrações previstas no inciso III do art. 162 e so judicial, do qual o órgão tenha sido cientificado pelo
nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do juízo.
CTB.
III - o processo administrativo será instaurado após A Resolução n.º 735 estabelece requisitos de seguran-
esgotados todos os meios de defesa da infração ça necessários à circulação de Combinações para Trans-
que configurou a reincidência, na esfera adminis- porte de Veículos – CTV e Combinações de Transporte de
trativa, devendo o órgão executivo de registro do Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

documento de habilitação observar as informações Entende-se por Combinações de Transporte de Veí-


registradas no RENAINF ou outro sistema; culos – CTV o veículo ou combinação de veículos cons-
IV - para fins de reincidência, serão consideradas as truídos ou adaptados especial e exclusivamente para o
datas de cometimento das infrações, independen- transporte de veículos e chassis.
temente da fase em que se encontre o processo de Entende-se por Combinações de Transporte de Veícu-
aplicação de penalidade da primeira infração; los e Cargas Paletizadas – CTVP a combinação de veículos
V - em relação à primeira infração, serão aplicadas concebida e construída especialmente para o transporte
todas as penalidades previstas; de veículos acabados e cargas unitizadas sobre paletes
ou racks.

53
Ficam dispensadas da emissão de Autorização Espe- II - a compatibilidade do limite da Capacidade Máxi-
cial de Trânsito – AET as Combinações de Transporte de ma de Tração – CMT do caminhão- trator, determi-
Veículos – CTV e as Combinações de Transporte de Veí- nada pelo seu fabricante, com o Peso Bruto Total
culos e Cargas Paletizadas – CTVP com até 4,70 m (quatro Combinado – PBTC, nos termos do Anexo II;
metros e setenta centímetros) de altura, e que atendam III - as combinações deverão estar equipadas com
aos limites de largura e comprimento previstos no art. 3º sistemas de freios conjugados entre si e com o ca-
desta Resolução. minhão-trator, atendendo o disposto na Resolução
As empresas e transportadores autônomos de veícu- CONTRAN nº 210, de 13 de novembro de 2006 e
los deverão requerer a Autorização Especial de Trânsito suas sucedâneas;
– AET perante à autoridade competente, juntando a se- IV - os acoplamentos dos veículos rebocados de-
guinte documentação: verão ser do tipo automático, conforme NBR
11410/11411, e estar reforçados com correntes ou
I - requerimento, em 3 (três) vias, indicando nome e cabos de aço de segurança;
endereço do proprietário, devidamente assinado V - os acoplamentos dos veículos articulados com
por responsável ou representante credenciado do pino-rei e quinta roda deverão obedecer ao dis-
proprietário; posto na ABNT NBR NM ISO 337/2001 e suas
II - cópia do Certificado de Registro e Licenciamento atualizações;
do Veículo – CRLV; VI - contar com sinalização especial na traseira do
III - memória de cálculo comprobatório da estabili- conjunto veicular, na forma do Anexo III, para
dade do equipamento com carga considerando Combinações com comprimento superior a 19,80
a ação do vento firmada por engenheiro que se m (dezenove metros e oitenta centímetros);
responsabilizará pelas condições de estabilidade e VII - estar provido de lanternas laterais, colocadas
segurança operacional do veículo; em intervalos regulares de no máximo 3,00 m (três
IV - planta dimensional da combinação, na escala metros) entre si, que permitam a sinalização do
1:50, com o equipamento carregado nas condições comprimento total do conjunto.
mais desfavoráveis indicando:
São dispensadas da emissão da Autorização Especial
a) dimensões; de Trânsito – AET as combinações que atendam as di-
b) distância entre eixos e comprimento dos balanços mensões máximas fixadas pela Resolução CONTRAN nº
dianteiro e traseiro; 210, de 30 de novembro de 2006 e suas sucedâneas, as
Combinações de Transporte de Veículos – CTV e as Com-
V - distribuição de peso por eixo; binações de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas
VI - apresentação do Laudo Técnico conforme o § 2º – CTVP com até 4,70 m (quatro metros e setenta centí-
do Art. 6º desta Resolução. metros) de altura e que atendam aos limites de largura e
comprimento previstos no art. 3º desta Resolução.
Para a circulação e a concessão da Autorização Espe- Não será concedida Autorização Especial de Trânsito
cial de Trânsito – AET deverão ser observados os seguin- – AET para combinações que não atendam integralmente
tes limites: ao disposto nesta Resolução.
O descumprimento das determinações desta Resolu-
I - poderá ser admitida, a critério dos órgãos e enti- ção implicará, conforme o caso, na aplicação das penali-
dades executivos rodoviários, a altura máxima do dades descritas nos seguintes dispositivos do Código de
conjunto carregado de 4,95 m (quatro metros e Trânsito Brasileiro – CTB:
noventa e cinco centímetros);
II - largura: 2,60 m (dois metros e sessenta centíme- I - Art. 169, quando as Combinações de Transporte de
tros) ou até 3,0 m (três metros) quando se tratar de Veículos – CTV e as Combinações de Transporte de
Combinação para Transporte de Veículos – CTV e Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP transitarem
Combinações de Transporte de Veículos e Cargas com os dispositivos de fixação sem estar devida-
Paletizadas – CTVP destinada ao transporte de ôni- mente tensionados;
bus, chassis de ônibus e de caminhões; II - Art. 187, inciso I, quando as Combinações de
III - comprimento - medido do para-choque dianteiro Transporte de Veículos – CTV e as Combinações
à extremidade posterior (plano inferior e superior) de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas –
da carroceria do veículo: CTVP e/ou carga estiverem com suas dimensões
superiores aos limites estabelecidos legalmente e
a) veículo simples: 14,00 m (quatorze metros); existir restrição de tráfego, referente ao local e/ou
b) veículo articulado: até 23,00 m (vinte e três metros), horário, imposta pelo órgão com circunscrição so-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

desde que a distância entre os eixos extremos não bre a via e não constante na Autorização Especial
ultrapasse a 18,00 m (dezoito metros); de Trânsito – AET;
c) veículo com reboque: até 23,00 m (vinte e três III- Art. 230, inciso IX:
metros);
a) quando for constatada a falta de qualquer um dos
I - os limites legais de Peso Bruto Total Combinado – dispositivos obrigatórios para fixação e ancoragem
PBTC e peso por eixo previstos na Resolução CON- de chassis, veículos e cargas unitizadas sobre pale-
TRAN nº 210, de 13 de novembro de 2006 e suas tes ou racks, ou do mecanismo de tensionamento
sucedâneas; (quando aplicável);

54
b) quando portar os dispositivos obrigatórios para fi- limites estabelecidos legalmente e a sinalização
xação e ancoragem em mau estado de conservação; especial de advertência não tiver sido instalada ou
c) quando uma ou mais rodas do veículo transporta- não atender aos requisitos previstos no inciso IX
do não estiver ancorada à estrutura de apoio; do artigo 3º e no Anexo III desta Resolução.
d) quando utilizar cordas como dispositivo para amar-
ração de chassis, veículos e cargas unitizadas sobre
paletes ou racks, em substituição aos dispositivos EXERCÍCIO COMENTADO
de fixação previstos nesta Resolução;
e) quando as Combinações de Transporte de Veículos
e Cargas Paletizadas – CTVP não possuírem sider 01. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE – 2019).
protetor contra intempéries, ou este estiver em No que se refere aos procedimentos para aplicação de
mau estado de conservação, em desacordo ao dis- penalidades previstos no CTB e nas resoluções do CON-
posto no artigo 15 desta Resolução; TRAN, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: Policial rodoviário federal, ao fla-
IV - Art. 230, inciso X: grar o condutor de um veículo dirigindo alcoolizado, o
a) quando os dispositivos de fixação e ancoragem es- que ficou comprovado pelo teste de etilômetro, lavrou
tiverem em desacordo com os requisitos previstos o competente auto de infração de trânsito. Assertiva:
nesta Resolução; Nessa situação, a própria PRF aplicará ao condutor in-
b) quando as Combinações de Transporte de Veículos frator a penalidade de suspensão do direito de dirigir,
e Cargas Paletizadas – CTVP portar sider protetor assegurando-lhe a ampla defesa, o contraditório e o de-
contra intempéries e este não atender aos requisi- vido processo legal.
tos previstos no artigo 15 desta Resolução;
I - Art. 231, inciso IV, quando as Combinações de (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Transporte de Veículos – CTV e as Combinações
de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas – Resposta: ERRADO
CTVP e/ou carga estiverem com suas dimensões Os textos do CTB e da Resolução 723/18,
superiores aos limites estabelecidos legalmente, e respectivamente:
não houver a expedição da correspondente Auto- “Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos
rização Especial de Trânsito – AET, exigida pelo art. de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbi-
3º desta Resolução; to de sua circunscrição:
[...]
II - Art. 231, inciso VI: II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de for-
a) quando as Combinações de Transporte de Veículos mação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de
– CTV e as Combinações de Transporte de Veículos condutores, expedir e cassar Licença de Aprendiza-
e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga estiverem gem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de
com suas dimensões superiores aos limites esta- Habilitação, mediante delegação do órgão federal
belecidos legalmente, e apresentarem informações competente;”
divergentes em relação à Autorização Especial de “Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução se-
Trânsito – AET já expedida; rão aplicadas pela autoridade de trânsito do órgão de
b) quando as Combinações de Transporte de Veículos registro do documento de habilitação, em processo
– CTV e as Combinações de Transporte de Veículos administrativo, assegurados a ampla defesa, o contra-
e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga estiverem ditório e o devido processo legal.”
com suas dimensões superiores aos limites esta- Logo entendemos ser competência dos DETRANs, de-
belecidos legalmente, e a Autorização Especial de legada pelo DENATRAN. A PRF é competente para a
Trânsito – AET estiver vencida; lavratura do auto e aplicação da multa vinculada a in-
III - Art. 232, quando as Combinações de Transporte fração, conforme o Art. 20, III do CTB.
de Veículos – CTV e as Combinações de Transporte
de Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga
estiverem com suas dimensões superiores aos limi-
tes estabelecidos legalmente no art. 1º desta Re-
solução, e não estiverem portando a Autorização
Especial de Trânsito – AET regularmente expedida;
IV - Art. 235, quando a carga ultrapassar os limites
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

laterais, posterior e/ou anterior das Combinações


de Transporte de Veículos – CTV e as Combinações
de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas –
CTVP, ainda que não ultrapasse os limites estabe-
lecidos legalmente;
V - Art. 237, quando as Combinações de Transporte
de Veículos – CTV e as Combinações de Transporte
de Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou car-
ga estiverem com suas dimensões superiores aos

55
05. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
HORA DE PRATICAR! Com relação aos requisitos mínimos previstos nas resolu-
ções do CONTRAN acerca de segurança para amarração
de cargas transportadas em veículos de carga, julgue o
01. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019). item subsequente. Nos veículos com carroceria aberta,
No que se refere aos procedimentos para aplicação de os dispositivos de amarração devem ser tensionados
penalidades previstos no CTB e nas resoluções do CON- pelo lado externo das guardas laterais, independente-
TRAN, julgue o item subsecutivo. As receitas oriundas mente do espaço interno ocupado pela carga na carro-
das multas aplicadas pela PRF serão repassadas ao DNIT, ceria, como mostram as figuras a seguir.
órgão executivo rodoviário com circunscrição sobre as
rodovias federais.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

02. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).


No que se refere aos procedimentos para aplicação de
penalidades previstos no CTB e nas resoluções do CON-
TRAN, julgue o item subsecutivo. Situação hipotética: Ao
abordar um veículo em rodovia federal, o policial rodovi-
ário federal constatou que o condutor, que era o proprie-
tário do veículo, dirigia sem utilizar o cinto de segurança.
O policial lavrou o auto de infração, que continha a assi-
natura do condutor e especificava o prazo para apresen-
tação da defesa da autuação. Assertiva: Nessa situação, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
fica a PRF dispensada de expedir a notificação da autua-
ção ao proprietário do veículo. 06. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviário fe-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO deral, em rodovia federal de pista simples, abordou um
veículo do tipo cegonha — combinação de um cami-
03. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - nhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de
2019). À luz das disposições do CTB e das resoluções comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me-
do CONTRAN acerca das regras de circulação de tros, que transportava veículos nas plataformas inferior
motocicletas, motonetas, ciclomotores, triciclos e qua- e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo
driciclos motorizados, julgue o item seguinte. Situação e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava
hipotética: Em operação de fiscalização em uma rodo- superposição de registros, o que impossibilitava a leitura
via federal, a equipe da PRF verificou que o condutor do tempo de movimentação do veículo e de suas inter-
de um quadriciclo não fazia uso do capacete. O policial rupções. Na ficha de trabalho de autônomo do condutor
que abordou o condutor o liberou, considerando que constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de saída =
o uso de capacete pelo condutor desse tipo de veículo 17 horas. Além disso, a autorização especial de trânsito
se restringe à condução em vias urbanas pavimentadas. de posse do condutor não permitia o tráfego em local e
Assertiva: Nessa situação, foram adequadas as condutas horário distintos do que prevê a norma aplicável.
do policial e do condutor. Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo
item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Haja vista o horário e o local da vistoria, bem como as
condições de transporte do veículo, o policial rodoviário
04. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - federal deverá lavrar auto de infração pelo descumpri-
2019). À luz das disposições do CTB e das resoluções mento da restrição de tráfego, cabendo a aplicação de
do CONTRAN acerca das regras de circulação de penalidades previstas no CTB.
motocicletas, motonetas, ciclomotores, triciclos e quadri-
ciclos motorizados, julgue o item seguinte. É permitido (  ) CERTO   (  ) ERRADO
que motociclista levante a viseira do capacete enquanto
o veículo conduzido estiver parado, aguardando a tra- 07. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
vessia de pedestres diante de semáforo. No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviário fe-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

deral, em rodovia federal de pista simples, abordou um


(  ) CERTO   (  ) ERRADO veículo do tipo cegonha — combinação de um cami-
nhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de
comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me-
tros, que transportava veículos nas plataformas inferior
e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo
e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava
superposição de registros, o que impossibilitava a lei-
tura do tempo de movimentação do veículo e de suas

56
interrupções. Na ficha de trabalho de autônomo do con- 11. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
dutor constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de De acordo com o que dispõem as resoluções do CON-
saída = 17 horas. Além disso, a autorização especial de TRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos au-
trânsito de posse do condutor não permitia o tráfego em tomotores, julgue o item que se segue.
local e horário distintos do que prevê a norma aplicável. Não se permite o transporte de bicicleta em veículo com
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo o compartimento de carga aberto, mesmo que o compri-
item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN. mento da bicicleta ultrapasse o comprimento da caçam-
Nessa situação, apesar de o disco-diagrama não se ba ou do referido compartimento.
prestar para exame, não cabe a aplicação de penalida-
de decorrente do defeito no aparelho registrador, já que (  ) CERTO   (  ) ERRADO
foi possível a fiscalização do tempo de direção do mo-
torista por meio da verificação da ficha de trabalho do 12. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
autônomo.
O item a seguir apresenta uma situação hipotética re-
lativa a operações de fiscalização em rodovias federais
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do Código
08. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019). de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do Conselho
No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviário fe- Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma rodovia fede-
deral, em rodovia federal de pista simples, abordou um ral, em um trecho em curva localizado fora do perímetro
veículo do tipo cegonha — combinação de um cami- urbano, é alto o índice de acidentes de trânsito, apesar
nhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de de haver medidor de velocidade do tipo fixo instalado
comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me- no local. Nesse caso, no sentido de aumentar a fiscaliza-
tros, que transportava veículos nas plataformas inferior ção do excesso de velocidade nesse trecho, será correta
e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo a utilização de equipamento do tipo portátil à distância
e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava de um quilômetro do medidor de velocidade do tipo fixo
superposição de registros, o que impossibilitava a leitura já instalado. O item a seguir apresenta uma situação hi-
do tempo de movimentação do veículo e de suas inter- potética relativa a operações de fiscalização em rodovias
rupções. Na ficha de trabalho de autônomo do condutor federais seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do
constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de saída = Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do
17 horas. Além disso, a autorização especial de trânsito Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).
de posse do condutor não permitia o tráfego em local e
horário distintos do que prevê a norma aplicável. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo
item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN. 13. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
O condutor em questão não ultrapassou o tempo má- O item a seguir apresenta uma situação hipotética re-
ximo ininterrupto de direção previsto na legislação de lativa a operações de fiscalização em rodovias federais
trânsito para o tipo de veículo referido. seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do Conselho
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma rodovia fede-
ral, em um trecho em curva localizado fora do perímetro
09. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
urbano, é alto o índice de acidentes de trânsito, apesar
De acordo com o que dispõem as resoluções do CON-
de haver medidor de velocidade do tipo fixo instalado
TRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos au-
no local. Nesse caso, no sentido de aumentar a fiscaliza-
tomotores, julgue o item que se segue.
O transporte de bicicletas em dispositivos fixados no teto ção do excesso de velocidade nesse trecho, será correta
de veículos estará em conformidade com a legislação de a utilização de equipamento do tipo portátil à distância
trânsito caso a altura do sistema veículo-dispositivo-bici- de um quilômetro do medidor de velocidade do tipo fixo
cletas não ultrapasse 4,4 metros. já instalado. Em uma rodovia federal, em um trecho em
curva localizado fora do perímetro urbano, é alto o índi-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO ce de acidentes de trânsito, apesar de haver medidor de
velocidade do tipo fixo instalado no local. Nesse caso, no
10. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019). sentido de aumentar a fiscalização do excesso de velo-
De acordo com o que dispõem as resoluções do CON- cidade nesse trecho, será correta a utilização de equipa-
TRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos au- mento do tipo portátil à distância de um quilômetro do
tomotores, julgue o item que se segue. medidor de velocidade do tipo fixo já instalado.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Independentemente de instruções do fabricante, nos dis-


positivos instalados na parte traseira externa do veículo, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
a quantidade de bicicletas que podem ser transportadas
depende do comprimento do balanço traseiro ocupado 14. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
pelas bicicletas, que, de acordo com a legislação perti- O item a seguir apresenta uma situação hipotética re-
nente, não pode ultrapassar 60% da distância entre os lativa a operações de fiscalização em rodovias federais
eixos do veículo transportador seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do Conselho
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma operação de

57
fiscalização, na abordagem de um veículo automotor, o 18. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
policial rodoviário federal, ao notar que o condutor do Com base no disposto no Código de Trânsito Brasileiro,
veículo apresentava vermelhidão nos olhos, odor de ál- julgue o próximo item. Se um policial rodoviário federal
cool no hálito, desordem nas vestes e fala alterada, solici- autuar, por infração de trânsito, um condutor de veícu-
tou que o motorista se submetesse ao competente teste, lo em circulação no Brasil, mas licenciado no exterior, o
mas o etilômetro apresentou súbita pane, tornando-se infrator deverá pagar a multa no país de origem do li-
inservível para o teste. Nessa situação, diante da impos- cenciamento do automóvel, na forma estabelecida pelo
sibilidade de confirmar alteração da capacidade psico- CONTRAN.
motora do condutor, o policial ficou impedido de lavrar o
auto de infração pela conduta de direção sob a influência (  ) CERTO   (  ) ERRADO
de álcool prevista no CTB.
19. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
(  ) CERTO   (  ) ERRADO Com base no disposto no Código de Trânsito Brasileiro,
julgue o próximo item. Para que uma concessionária de
15. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019). serviço público de transporte de passageiros conheça a
Com relação ao Sistema Nacional de Trânsito, julgue o pontuação de infrações atribuída a um motorista de seu
seguinte item. A Polícia Rodoviária Federal integra o Sis- quadro funcional, que, no exercício da atividade remune-
tema Nacional de Trânsito, competindo-lhe, no âmbito rada ao volante, tenha tido seu direito de dirigir suspen-
das rodovias e estradas federais, implementar as me- so, ela deve ter autorização do respectivo empregado,
didas da Política Nacional de Segurança e Educação de uma vez que essa informação é personalíssima.
Trânsito.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
20. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
16. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019). No item que se segue, é apresentada uma situação hipo-
Com relação à sinalização de trânsito, julgue o item sub- tética relativa a infrações previstas no Código de Trânsito
sequente. A sinalização de trânsito segue uma ordem de Brasileiro, seguida de uma assertiva a ser julgada. Már-
prevalência: as ordens do agente de trânsito prevalecem cio conduzia seu veículo automotor produzindo fumaça
sobre as normas de circulação e outros sinais; as indica- em níveis superiores aos legalmente permitidos. Nessa
ções do semáforo sobre os demais sinais; e as indicações situação, conforme o nível de fumaça exalada, a conduta
dos sinais sobre as demais normas de trânsito. de Márcio pode configurar tanto infração administrativa
como crime de trânsito.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
17. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2019).
Com relação à sinalização de trânsito, julgue o item sub-
sequente. Nas rodovias de pista dupla localizadas em
vias rurais, a velocidade máxima permitida para automó-
veis, camionetas e motocicletas será a mesma.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

58
ANOTAÇÕES
GABARITO

01 ERRADO ___________________________________________________________
02 C ____________________________________________________________
03 ERRADO
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04 CERTO
____________________________________________________________
05 ERRADO
06 CERTO ___________________________________________________________
07 ERRADO ____________________________________________________________
08 CERTO
____________________________________________________________
09 CERTO
10 ERRADO ____________________________________________________________

11 ERRADO ____________________________________________________________
12 ERRADO ____________________________________________________________
13 ERRADO
____________________________________________________________
14 ERRADO
15 CERTO ____________________________________________________________
16 CERTO ____________________________________________________________
17 CERTO
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18 ERRADO
____________________________________________________________
19 ERRADO
20 ERRADO ____________________________________________________________

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LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

59
ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

60
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções de organização administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 01


Administração direta e indireta.........................................................................................................................................................................
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista................................................................................ 09
Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.................................................................................. 15
Agentes públicos. Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações. Disposições constitucionais aplicáveis. 23
Disposições doutrinárias. Conceito. Espécies. Cargo, emprego e função pública........................................................................
Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder................................. 30
Licitação. Princípios. Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. Modalidades. Tipos. Procedimento......................... 36
Controle da Administração Pública. Controle exercido pela Administração Pública. Controle judicial. Controle 45
legislativo...................................................................................................................................................................................................................
Responsabilidade civil do Estado. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato 54
comissivo do Estado. Responsabilidade por omissão do Estado. Requisitos para a demonstração da responsabilidade
do Estado. Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado..............................................................................
Regime jurídico administrativo. Conceito. Princípios expressos e implícitos da Administração Pública............................. 59
mandato”1. A origem desta teoria está no direito privado,
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO
não tendo como prosperar porque o Estado não pode
ADMINISTRATIVA. CENTRALIZAÇÃO,
outorgar mandato a alguém, afinal, não tem vontade
DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO
própria.
E DESCONCENTRAÇÃO.
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA.
presentação: “Posteriormente houve a substituição dessa
concepção pela teoria da representação, pela qual a von-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA tade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade
do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras
1. Administração Direta jurídicas que apontam para representantes dos incapa-
zes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado,
Administração Pública direta é aquela formada pelos pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
entes integrantes da federação e seus respectivos ór- jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa
jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é
em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
dotada de soberania, todos os demais são dotados de
tação”2. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sen-
autonomia.
do visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa
que não tem condições plenas de manifestar, de falar, de
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
resolver pendências; bem como porque se o represen-
tante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não po-
Art. 4° A Administração Federal compreende: deria ser responsabilizado. Finalmente, adota-se a teoria
I - A Administração Direta, que se constitui dos servi- do órgão, de Otto Giërke, segundo a qual os órgãos são
ços integrados na estrutura administrativa da Presi- apenas núcleos administrativos criados e extintos exclu-
dência da República e dos Ministérios. sivamente por lei, mas que podem ser organizados por
decretos autônomos do Executivo (art. 84, VI, CF), sen-
A administração direta é formada por um conjunto de do desprovidos de personalidade jurídica própria. Com
núcleos de competências administrativas, os quais já fo- efeito, o Estado brasileiro responde pelos atos que seus
ram tidos como representantes do poder central (teoria agentes praticam, mesmo se estes atos extrapolam das
da representação) e como mandatários do poder central atribuições estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o
(teoria do mandato). direito de regresso. A teoria da imputação objetiva, deri-
Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, se- vada da teoria do órgão, também de Otto Giërke, impõe
gundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos que o órgão central da Administração, por ser o único
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, dotado de personalidade jurídica, responderá por danos
mas que podem ser organizados por decretos autôno- praticados em seus órgãos despersonalizados e por seus
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de agentes. Não significa que os agentes ficarão impunes,
personalidade jurídica própria. mas caberá à Administração buscar contra ele o direito
Assim, os órgãos da Administração direta não pos- de regresso, retomando o que foi obrigada a indenizar.
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações Ex.: se uma pessoa é vítima de dano numa delegacia es-
em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não tadual por parte de um delegado da polícia civil, ajuizará
podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para demanda indenizatória contra a Fazenda Pública do Es-
fins de mandado de segurança – tanto como impetrante tado, a qual poderá exercer direito de regresso contra o
como quanto impetrado). agente público, delegado causador do dano. Repare que
Já que não possuem personalidade, atuam apenas no a Administração não se exime de indenizar mesmo que
cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. seu agente seja culpado.
Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
#FicaDica
tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
personalidade, que responderá. Teoria do mandato e teoria da representa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res- ção: ultrapassadas.


ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam Teoria do órgão: adotada.
exercendo atribuições da Administração direta é deno- A teoria da imputação objetiva deriva da te-
minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que oria do órgão. Ambas são de autoria de Otto
institui o princípio da impessoalidade. Giërke.

Órgãos Públicos: teorias

“Várias teorias surgiram para explicar as relações do


1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria
Paulo: Atlas editora, 2010.
do mandato, o agente público é mandatário da pessoa 2 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esquematizado,
jurídica; a teoria foi criticada por não explicar como o completo, atualizado, temas polêmicos, conteúdo dos principais
Estado, que não tem vontade própria, pode outorgar o concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas editora, 2013.

1
Órgãos Públicos: classificações Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:

Quanto se faz desconcentração da autoridade central a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais,
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara distritais e municipais.
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifica- b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
dos em simples ou complexos (simples se possuem ape- aqueles que detêm condição de comando e de di-
nas uma estrutura administrativa, complexos se possuem reção, e os subordinados, incumbidos das funções
uma rede de estruturas administrativas) e em unitários rotineiras de execução.
ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concen- c) Quanto à composição: singulares, quando integra-
tra em uma pessoa, colegiado se as decisões são toma- dos em um só agente, e os coletivos, quando com-
das em conjunto e prevalece a vontade da maioria): postos por vários agentes.
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou
atribuições em todo o território nacional, estadual,
estrutura do Estado, gozando de independência
distrital e municipal, e os locais, que atuam em par-
para agir e não se submetendo a outros órgãos.
te do território.
Cabe a eles definir as políticas que serão imple-
mentadas. É o caso da Presidência da República, e) Quanto à posição estatal: são os que representam
órgão complexo composto pelo gabinete, pela os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e
Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re- o Judiciário.
pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e com-
o Presidente da República é o único que toma as postos. Os órgãos compostos são constituídos por
decisões). vários outros órgãos.
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
poder, com autonomia funcional, porém subordi- 2. Administração Indireta
nados politicamente aos independentes. É o caso
de todos os ministérios de Estado. A Administração Pública indireta pode ser definida
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autono- como um grupo de pessoas jurídicas de direito público
mia ou independência, sendo plenamente vincula- ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi-
dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional ca, que atuam paralelamente à Administração direta na
do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi-
Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu- dades econômicas.
lado ao Ministério da Justiça. “Enquanto a Administração Direta é composta de
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
órgãos que executam trabalho de campo, policiais entidades”4. Em que pese haver entendimento diverso
federais, fiscais do MTE. registrado em nossa doutrina, integram a Administração
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
FIQUE ATENTO! saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco-
nomia Mista e as Empresas Públicas.
O Ministério Público, os Tribunais de Contas
e as Defensorias Públicas não se encaixam
nesta estrutura, sendo órgãos independentes Dispõe o Decreto nº 200/1967:
constitucionais. Em verdade, para Canotilho e
outros constitucionalistas, estes órgãos não Art. 4° A Administração Federal compreende:
pertencem nem mesmo aos três poderes. II - A Administração Indireta, que compreende as se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personali-
dade jurídica própria:
a) Autarquias;
Conforme Carvalho Filho3, “a noção de Estado, como
visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es- b) Empresas Públicas;
tado, na verdade, é considerado um ente personalizado, c) Sociedades de Economia Mista.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando d) fundações públicas.


se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por-
que além da pessoa jurídica central existem outras inter- Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa prestam serviços públicos por delegação, embora não
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus integrem os quadros da Administração, quais sejam, os
agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus permissionários, os concessionários e os autorizados.
quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com- Essas quatro pessoas integrantes da Administração
põe o Estado um grande número de repartições internas, indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
necessárias à sua organização, tão grande é a extensão cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi-
que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
repartições é que constituem os órgãos públicos”. de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

2
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser- Resposta: Errado - Caso a atuação direta do órgão
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco- público seja indispensável às suas prerrogativas ins-
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e titucionais, protegendo suas atividades, sua autono-
imperativos da segurança nacional. mia e sua independência, poderá atuar como parte
Com efeito, de acordo com as regras constantes do em processo judicial. O entendimento é firmado pelo
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só próprio STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min.
poderá explorar atividade econômica a título de exceção, FELIX FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007).
em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
rido artigo, a seguir reproduzido: 3. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) A respeito da
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- organização do Estado e da administração pública, jul-
gue o item a seguir.
tituição, a exploração direta de atividade econômica
O principal critério de distinção entre empresa pública e
pelo Estado só será permitida quando necessária aos
sociedade de economia mista é que esta integra a admi-
imperativos de segurança nacional ou a relevante in-
nistração indireta, enquanto aquela integra a administra-
teresse coletivo, conforme definidos em lei. ção direta.
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras ( ) CERTO  ( ) ERRADO
constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es-
tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare- Resposta: Errado - O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967
fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora enumera as sociedades de economia mista e as em-
atividades econômicas nas situações indicadas no artigo presas públicas, ambas, como integrantes da adminis-
173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- tração indireta, ao lado das autarquias e das funda-
mia, concorre em grau de igualdade com os particulares, ções públicas.
e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi-
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a
todas as obrigações constantes do regime jurídico de DESCENTRALIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis, CA INDIRETA
comerciais, trabalhistas e tributárias.
O Decreto-Lei nº 200/1967 é a legislação que dispõe
sobre a organização administrativa, além de estabelecer
diretrizes para a Reforma Administrativa. A Administra-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção, para executar suas funções e expedir seus atos, dis-
põe de duas técnicas distintas: a desconcentração, e a
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) descentralização.
Descentralização é a técnica em que a Administração
Tendo como referência a jurisprudência dos tribunais su- Pública atribui suas competências a pessoas jurídicas au-
periores a respeito da organização administrativa e dos tônomas, criadas por ela própria para esse fim. É consi-
agentes públicos, julgue o item a seguir. derada um princípio fundamental da própria Administra-
O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen- ção, nos termos do art. 6º, III, do Dec-Lei nº 200/67.
der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato Na descentralização, costuma-se utilizar com bastan-
no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da te frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º, §
representação. 2º, II, da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, con-
sideram-se: II – entidade - a unidade de atuação dotada
( ) CERTO  ( ) ERRADO de personalidade jurídica”. Entidade da Administração,
assim, é qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço
Resposta: Errado - Vigora no Direito Administrativo público foi outorgado pela entidade federativa, isso é,
brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando pelas pessoas jurídicas de Direito Público interno (União,
um agente público atua, é como se o próprio Esta- Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.). Os membros
federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de
do atuasse, então não há problemas com o fato da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

controle e fiscalização do serviço prestado pela entida-


advocacia pública defender o ocupante de um cargo
de outorgada. O conjunto de pessoas jurídicas autôno-
público, não importando se o cargo é efetivo ou em
mas criadas pelo próprio Estado para atingir determi-
comissão. nada finalidade denomina-se Administração Indireta ou
Descentralizada.
2. (TRF 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Adminis- Se as entidades são dotadas de personalidade jurí-
trativa - CESPE/2017) No que diz respeito a organiza- dica própria, elas têm responsabilidade pelos danos e
ção administrativa, julgue o item que se segue. prejuízos causados por seus agentes públicos, podendo
Órgão público é ente despersonalizado, razão por que responder judicialmente pela prática desses atos.
lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces- As entidades da Administração Indireta podem ter
so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à personalidade jurídica de Direito Público ou de Direito
defesa de suas prerrogativas institucionais. Privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
respeito ao procedimento de criação dessas entidades
( ) CERTO  ( ) ERRADO autônomas.

3
As pessoas jurídicas de direito público são criadas por jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em
lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade jurí- virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimen-
dica advém no momento em que tal legislação entra em to de atividades que não exijam execução por órgãos ou
vigor no âmbito jurídico, não havendo necessidade de entidades de direito público, com autonomia administra-
registro em cartório. tiva, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são de direção, e funcionamento custeado por recursos da
autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja, a União e de outras fontes.”. A Funai, Funasa, o IBGE, são
legislação deve permitir que ela exista, para que o Poder alguns exemplos de fundações públicas.
Executivo regulamente suas funções mediante a expedi- Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que
ção de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa forma, o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como
está condicionada ao seu registro em cartório. entidades com personalidade jurídica de Direito Privado.
São pessoas jurídicas de Direito Público, membros Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição
da Administração Indireta: as autarquias, as fundações de 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal
públicas, agências reguladoras e associações públicas. distinção: “somente por lei específica poderá ser criada
São pessoas jurídicas de Direito Privado: as empresas autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
públicas, as sociedades de economia mista, as fundações de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo
governamentais com estrutura de pessoa jurídica de Di- à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
reito Privado, as subsidiárias, e os consórcios públicos de sua atuação”.
Direito Privado. Dessa forma, concluímos que as fundações podem
ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, de-
1. Autarquias pendendo do que a lei instituidora da fundação delimitar
quanto as suas competências. Todavia, importante frisar
As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público que, mesmo as fundações de regime jurídico privado de-
interno, criadas por legislação própria, que tem por esco- vem obediência às normas públicas, e não à legislação
po exercer as funções típicas da Administração Pública. civil.
Seu conceito também encontra-se disposto no art. 5º,
I, do Dec-Lei nº 200/1967: “Para os fins desta lei, consi- 3. Agências Reguladoras
dera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita pró- O surgimento das agências reguladoras possui fortes
prios, para executar atividades típicas da Administração relações com a época das privatizações na segunda me-
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, tade dos anos 1990. Neste contexto, as agências regu-
gestão administrativa e financeira descentralizada.” ladoras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs nos 8 e
A doutrina tende a classificar as autarquias nos se- 9, ambas de 1995, para atuar como órgãos reguladores,
guintes grupos: fiscalizadores e controladores da iniciativa privada, que
passaram a desenvolver as tarefas originalmente atribuí-
I) Administrativas: são as autarquias comuns, apre- das ao Estado. Alguns exemplos de agências regulado-
sentam regime jurídico ordinário. Exemplo: Institu- ras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP, entre outros.
to Nacional de Seguridade Social (INSS). As agências reguladoras também são autarquias sob
II) Especiais: possuem maior autonomia em relação um regime especial, se diferenciando das autarquias co-
as autarquias administrativas devido a presença muns em dois aspectos. Os dirigentes das agências re-
de certas características, como a presença de diri- guladoras, primeiramente, gozam de estabilidade, não
gentes com mandato fixo. Podem se subdividir em: podem ser exonerados por qualquer motivo, ao con-
b.1) especiais stricto sensu (Banco Central); e b.2) trário das autarquias, em que seus dirigentes atuam em
agências reguladoras (Anatel, Anvisa). cargos de comissão. Assim, os dirigentes das agências
III) Corporativas: são as corporações profissionais, que têm maior proteção contra o desligamento forçado, pro-
promovem o controle e a fiscalização de categorias movendo maior estabilidade no exercício de seu cargo.
profissionais. Exemplos: Crea, CRO, CRM. Todavia, esses mesmos dirigentes possuem um mandato
IV) Fundacionais: são as fundações públicas, entidades fixo, pois seus cargos não são vitalícios. A existência de
que arrecadam patrimônio para o cumprimento de mandato fixo garante também maior segurança jurídica,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um objetivo específico. Exemplos: Funai, Procon, visto que a sua ocupação naquela posição privilegiada
Funasa. tem prazo determinado para se encerrar. A duração dos
V) Territoriais: são as autarquias de controle da União, mandatos pode variar dependendo da cada agência, po-
também denominadas territórios federais (art. 33 dendo ser de 3 anos como na Anvisa, 4 anos como na
da CF/1988). A atual Constituição aboliu os territó- Aneel, ou até 5 anos como na Anatel.
rios federais remanescentes.
As agências reguladoras podem ser classificadas:
2. Fundações Públicas
I) Quanto à sua origem: a) agências federais; b) esta-
As fundações públicas são consideradas espécies de duais; c) municipais; d) distritais.
autarquias, possuindo diversas características similares. II) Quanto à atividade preponderante: a) agências de
Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec- serviço, que exercem as funções típicas; b) agências
-Lei nº 200/1967: “a entidade dotada de personalidade de polícia, que exercem fiscalização das atividades

4
econômicas; c) agências de fomento, que ajudam a é exigida para as empresas públicas e socieda-
desenvolver o setor privado; d) agências de uso de des de economia mista exploradoras de atividade
bens públicos. econômica.
III) Quanto à previsão constitucional: a) agências com D) Obrigatoriedade de realização de concurso pú-
referência constitucional (a Anatel tem previsão no blico: trata-se de uma forma de avaliar os melho-
art. 21, XI, da CF/1988); b) agências sem referência res funcionários dentro de um grupo seleto de
constitucional, são a grande maioria. candidatos.
IV) Quanto ao instante de sua criação: a) agências de E) Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus
primeira geração (1996 a 1999) na época das pri- membros são denominados empregados públicos,
vatizações; b) de segunda geração, de 2000 a 2004; salvo as hipóteses de contratação para cargo co-
c) de terceira geração, que adveio com as agências missionado. É também vedada a acumulação de
pluripotenciárias (2005 em diante), exercendo múl- cargos, empregos ou funções públicas.
tiplas funções simultaneamente. F) Impossibilidade de decretar sua falência: nos ter-
mos do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.
4. Associações públicas
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- Privado, cuja criação depende de autorização legal. Sua
pios são os entes responsáveis pela regulamentação dos personalidade é concedida pelo registro de seus atos
consórcios públicos e dos convênios de cooperação, au- constitutivos em cartório, com a totalidade de seu ca-
torizando a gestão associada de serviços públicos, bem pital público, e regime organizacional livre (art. 5º, II, do
como a transferência total ou parcial de encargos, servi- Dec-Lei nº 200/1967), podendo ser organizadas como
ços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos servi- sociedade anônima, ou de responsabilidade limitada, ou
ços transferidos (art. 241 da CF/1988). ainda sociedade por comandita de ações. São empresas
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
entes federados, e que tem por objeto medidas de mú- mico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF),
tua cooperação, denominam-se consórcio públicos. e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei nº (Infraero).
11.107/2005. Uma das características mais distintas dos As sociedades de economia mista têm seu conceito
consórcios é a possibilidade de eles possuírem natureza legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São
de Direito Público ou de Direito Privado. pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação também
Consórcios de Direito Privado obedecem às normas depende de autorização legal e registro em cartório,
da legislação civil. Possuem regime celetista, embora não possui a maioria de seu capital público, e devem ser obri-
possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a Admi- gatoriamente organizadas como sociedades anônimas.
nistração Pública. Já os consórcios de direito público são São sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do
as associações públicas propriamente ditas, podendo ser Brasil, Eletrobrás.
inclusive transfederativas se integrarem todas as esferas Percebemos algumas diferenças entre as empresas
das pessoas consorciadas (federal, estadual, municipal). públicas e as sociedades de economia mista. A primei-
ra diz respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas
5. Empresas públicas e sociedades de economia empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
mista Dec-Lei nº 200/1967 dispõe que seu capital deve advir
totalmente “da União”, mas admite-se também o capital
Empresas estatais são as pessoas jurídicas de Direito de origem estadual e municipal), as sociedades de eco-
Privado pertencentes à Administração Indireta. São duas: nomia mista admitem a presença do capital de origem
as empresas públicas, e as sociedades de economia mis- privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações
ta. As empresas públicas e as sociedades de economia com direito a voto devem pertencer ao Estado. Além dis-
mista apresentam características em comum: so, outra diferença relevante é em relação à forma de
sua organização: as sociedades de economia mista de-
A) Atuação na prestação de serviços públicos ou vem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anô-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no desenvolvimento de atividade econômica: as nima, trata-se de disposição legal do próprio Dec-Lei nº


empresas exploradoras de atividade econômica 200/1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem
geralmente recebem menor controle pela Admi- essa imposição, podendo adotar a estrutura que desejar.
nistração, embora também apresentem certas des- Uma terceira e igualmente importante diferença diz res-
vantagens, como não ter imunidade a impostos, e peito ao foro competente para dirimir conflitos de ordem
seus bens não tem natureza pública, podendo ser judicial: enquanto que as ações que possuem as empre-
penhorados. sas públicas como parte no processo são de competên-
B) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União: cia da Justiça Federal, as ações envolvendo as socieda-
bem como do Poder Judiciário, no que couber. des de economia mista são de competência da Justiça
C) Contratação de bens e serviços mediante prévia Estadual, exceto se houver relevante interessa da União
licitação: a licitação é processo utilizado a fim de no pleito, caso em que a competência é absorvida pela
promover uma competição justa com as empre- Justiça Federal. No tocante a questões de ordem traba-
sas privadas do mesmo setor. Tal imposição não lhista, todavia, o foro competente é a Justiça do Trabalho.

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Esquematicamente, temos:

Diferenças entre as empre- Empresa Pública Sociedade de Economia


sas estatais Mista
Composição do capital Integralmente Público Misto (a maioria deve ser
público)
Forma de organização Forma Livre Sociedade Anônima
Foro competente Justiça Federal Justiça Estadual (salvo casos
de interesse da União)

DESCONCENTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

Desconcentração é a técnica utilizada para o exercício de competências administrativas, mediante órgãos públicos
despersonalizados e vinculados hierarquicamente aos entes da Federação. Há a repartição das atribuições entre os
órgãos públicos pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierárquica. Difere-se da descen-
tralização justamente nesse aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias, fundações, etc, não tem perso-
nalidade jurídica própria, e por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes descentralizados, permanecendo
vinculados hierarquicamente ao Estado.

1. Órgãos Administrativos

Muito importante para a desconcentração é a noção de órgão público ou administrativo. Nos termos do art. 1º, §
2º, I, da Lei nº 9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e
da estrutura da Administração indireta”. Assim, podemos definir órgão público um núcleo de competências do Estado,
sem personalidade jurídica própria. Por ser órgão despersonalizado, não pode integrar no polo ativo ou passivo das
ações que objetivam a reparação de danos causados pelo exercício da Administração, devendo a pessoa jurídica a que
o órgão pertence ser acionada em tais hipóteses.

Todos esses órgãos, somados à União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, compõem a denominada Admi-
nistração Direta, ou Centralizada.
Em relação às modalidades de desconcentração, a doutrina tende a classificar a desconcentração em três espécies
distintas:

I) Desconcentração territorial ou geográfica: é aquela em que todos os órgãos recebem as mesmas competências
em relação à matéria, a diferença encontra-se apenas nas regiões em que devem atuar. É o caso da Delegacias
de Polícia.
II) Desconcentração material ou temática: é a que distribui as competências administrativas tendo em vista a espe-
cialização de cada órgão em um assunto específico. Exemplo: o Ministério da Cultura da União.
III) Desconcentração hierárquica ou funcional: o elemento diferenciador é a relação de subordinação e hierarquia
entre os órgãos públicos. Exemplo: os tribunais administrativos possuem subordinação em relação aos órgãos de
primeira instância.

As técnicas da desconcentração e da descentralização não são presentes, apenas, na Administração Direta e Indire-
ta, respectivamente. As obras doutrinárias costumam colocar tais formas juntas apenas para fins didáticos. É perfeita-
mente possível que haja, por exemplo, a criação de órgãos dentro de uma autarquia, ou de uma empresa pública; bem
como é possível ocorrer a descentralização na Administração Central, na criação de um Estado novo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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#FicaDica
A Teoria do Órgão (também pode aparecer como princípio da imputação volitiva) é uma invenção dou-
trinária que procura imputar as ações cometidas pelos agentes e servidores públicos à pessoa jurídica
a que ele esteja ligado. Pela teoria do órgão, os agentes públicos não podem responder pessoalmente
pelos atos que praticam no exercício de suas funções, uma vez que a responsabilidade pela execução de
tais tarefas é do Estado, sendo representado por seus órgãos e entes com personalidade jurídica própria.

Há, inclusive, uma classificação quanto as diferentes espécies de órgãos, que poderão ser:
A) Quanto à posição estatal: a.1) órgãos independentes são os que representam o Estado em seus Três
Poderes, não havendo uma relação de hierarquia entre os mesmos (Congresso Nacional, Câmara dos De-
putados, Tribunais, Varas Judiciais, etc); a.2) órgãos autônomos, são os órgãos subordinados diretamente
à cúpula da Administração. Têm grande autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se
como órgãos diretivos (Ministério Público, Defensoria Pública, AGU, PGR, etc). a.3) órgãos superiores,
possuem poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica.
Representam as primeiras divisões dos órgãos independentes e autônomos (Gabinetes, Coordenadorias,
Departamentos, Divisões, etc); a.4) órgãos subalternos: são os que se destinam à execução dos trabalhos
de rotina, cumprem ordens superiores. (Portarias, seções de expediente, etc).
B) Quanto à composição: b.1) órgãos simples: são aqueles que possuem apenas um único centro de com-
petência, sua característica fundamental é a ausência de outro órgão em sua estrutura, para auxiliá-lo no
desempenho de suas funções; b.2) órgãos compostos: são aqueles que possuem em sua estrutura outros
órgãos menores, seja com desempenho de função principal ou de auxilio nas atividades, as funções são
distribuídas em vários centros de competência, sob a supervisão do órgão de chefia.
C) Quanto à forma de atuação funcional: c.1) órgãos singulares: são aqueles que decidem e atuam por
meio de um único agente, o chefe. Possuem agentes auxiliares, mas sua característica de singularidade é
desenvolvida pela função de um único agente, em geral o titular; c.2) órgãos coletivos: são aqueles que
decidem pela manifestação de muitos membros, de forma conjunta e por maioria, sem manifestação de
vontade de um único chefe. A vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental ou estatutária.

ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME JURÍDICO

Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas jurídicas que, apesar de não integrarem a Administração Pública,
seja Direta ou Indireta, ainda assim são a elas aplicáveis as normas gerais de Direito Administrativo. Essas são as enti-
dades paraestatais.
As entidades paraestatais são entidades privadas que realizam atividades de interesse coletivo, sem fins lucrativos
que recebem incentivos de entidades públicas. Tais empresas privadas cujos objetivos são a execução de serviços de
relevante interesse público são denominadas entidades do Terceiro Setor. Tradicionalmente considera-se “entidade
paraestatal” sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo direito privado, não têm os privilégios concedidos constitucio-
nalmente às entidades de direito público. Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob as seguintes formas:

1. Organização Social

A organização social (OS) não é uma pessoa jurídica especial, mas uma qualificação especial outorgada pelo gover-
no federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de vantagens peculiares,
como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo tem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

porário de servidores governamentais.


A Lei nº 9.637/1998 é a lei que regulamenta essa qualificação das OS, e seu artigo 1º é bastante claro ao delimitar a
área de atuação de tais entidades privadas: de modo geral, a OS será concedida a empresas cujas principais atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, Desempenham, portanto, atividades de interesse público, mas que não se caracterizam
como serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar que as organizações sociais são concessioná-
rias ou permissionárias.
O artigo 2º da referida Lei dispõe sobre os requisitos para a outorga da qualificação como OS: São requisitos espe-
cíficos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, incluindo a sua natureza social, seus objetivos, suas finalidades devem
ser não lucrativas, a composição dos membros de sua diretoria, etc; e II - haver aprovação, quanto à conveniência e
oportunidade de sua qualificação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da

7
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do
Estado. Importante ressaltar que a concessão de tal qualificação é ato discricionário, ficando a cargo do agente respon-
sável (Ministro de Estado), considerando critérios de conveniência e oportunidade, conceder ou não tal qualificação.
O instrumento de formalização da parceria entre a Administração e a organização social é o contrato de gestão, cuja
aprovação deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade supervisora da área de atuação da entidade.
As organizações sociais representam uma espécie de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exer-
cendo atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas por entidades públicas. Por isso, seu surgimento
no Direito Brasileiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu realizado por meio da abertura de
atividades públicas à iniciativa privada.

2. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado, para desempenhar serviços não
exclusivos do Estado, com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a parceria com a Administração Pública por
meio de termo de parceria. A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790/1999, sendo regulamentada pelo Decreto
nº 3.100/1999. Seu artigo 3º dá uma noção mais ampla e geral sobre as entidades que podem ser qualificadas como
OSCIPs, in verbis:

Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços,
no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, co-
mércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e co-
nhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à
mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte. 

Como já mencionamos, o instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de parceria,
que discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias, prevendo especialmente metas a se-
rem alcançadas, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização. Além disso, outra diferença
marcante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (art. 1º, § 2º, Lei nº 9.790/1999), podendo-se falar
em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP. O requerimento deve ser encaminha-
do ao Ministro da Justiça, na forma do artigo 5º da referida Lei. Esquematicamente, podemos estabelecer as principais
diferenças entre a OS e a OSCIP:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Principais distinções OS OSCIP


Quanto à legislação Lei nº 9.637/1998 Lei nº 9.790/1999 + Decreto nº
3.100/1999
Quanto ao exercício de funções Atividades de interesse público Atividades não exclusivas do
anteriormente desempenhadas pelo Estado, mas de relevante interesse
Estado (mais restrito) público (mais abrangente)
Quanto ao Instrumento que Contrato de Gestão Termo de Parceria
formaliza a relação
Quanto à vinculação da Ato discricionário; conveniência Ato vinculado; disposição legal
qualificação e oportunidade

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Quanto ao ente público Ministro de Estado Ministro da Justiça
outorgante
Quanto à possibilidade de direi- Não há tal possibilidade Há direito adquirido sobre a
to adquirido outorga

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (MPC-PA – ASSISTENTE MINISTRAL DE CONTROLE EXTERNO – CESPE – 2019) Determinado governador preten-
de que sejam criadas uma nova autarquia e uma nova empresa pública em seu estado.
Nessa situação, serão necessárias

a) duas leis específicas: uma para a criação da autarquia e outra para a criação da empresa pública.
b) uma lei específica para a criação da autarquia e outra para a autorização da instituição da empresa pública.
c) uma lei específica para a criação da empresa pública e outra para a autorização da instituição da autarquia.
d) autorizações legais na norma geral acerca da nova organização da administração pública estadual, não havendo
necessidade de a criação de nenhuma das entidades ser feita por lei.
e) duas leis específicas: uma para a autorização da criação da empresa pública e outra para a autorização da criação da autarquia.

Resposta: Letra B. A questão é bastante simples, pois exige que o candidato conheça uma diferença básica entre
os entes descentralizados da administração pública. As pessoas jurídicas de direito público, como as autarquias, são
criadas por lei. As pessoas jurídicas de direito privado, como empresas públicas e sociedades de economia mista, já
existem dentro da realidade social. Precisam, porém, de autorização legislativa para exercerem suas funções.

2. (MPC-PA – ASSISTENTE MINISTRAL DE CONTROLE EXTERNO – CESPE – 2019) Acerca dos órgãos públicos e dos
institutos da centralização e da descentralização administrativa, assinale a opção correta.

a) Os entes criados por descentralização permanecem hierarquicamente subordinados aos órgãos dos quais foram
descentralizados.
b) A administração centralizada atua por meio de órgãos públicos, que são unidades dotadas de personalidade jurídica
e que expressam a vontade do Estado
c) A descentralização administrativa caracteriza-se pela retirada de atribuições da esfera do interesse público e sua
transferência para o domínio privado.
d) A criação e a extinção de órgãos públicos devem observar a exigência de lei ou decreto específico.
e) A descentralização política ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições próprias que não decorrem do
ente central.

Resposta: Letra E.

Em “a”: Errado – Os entes criados por descentralização não estão subordinados ao ente criador, uma vez que eles
possuem autonomia para exercer suas funções por conta própria e responder pela prática de atos danosos.
Em “b”: Errado – Os órgãos públicos são entes despersonalizados, não podendo atuar por conta própria, possuindo
certa subordinação hierárquica ao Estado.
Em “c”: Errado – A descentralização é o fenômeno em que há delegação de competências de um ente público para
outro ente distinto, com personalidade jurídica própria.
Em “d”: Errado – A exigência de lei ou decreto específico vale apenas para os entes descentralizados, não para os
órgãos públicos.
Em “e”: Certo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Autarquias

Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
nistrativa e financeira descentralizada.

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As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
de natureza administrativa, criadas para a execução de rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis-
serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas tração direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida
entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente ativa de seus devedores.
públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados Gozam de imunidade tributária recíproca em relação
por lei e comum monopólio do Estado. a todas unidades da federação.
“O termo autarquia significa autogoverno ou gover- A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro
semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis- para contestar e recorrer, além de reexame necessário
trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses da causa em situações de condenação acima de certos
a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde valores.
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e
se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse
extintas por lei, que podem ser complementadas por
sentido, o termo está ultrapassado e não mais reflete
atos do Executivo, notadamente Decretos.
uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais
autarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte- e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou
grante da Administração Indireta, criada por lei para de- intermunicipais (não é permitida a associação de unida-
sempenhar funções que, despidas de caráter econômico, des federativas para a criação de autarquias).
sejam próprias e típicas do Estado”5. Devem executar atividades típicas do direito público
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo e, notadamente, serviços públicos de natureza social e
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e
te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com atividades de cunho econômico e mercantil.
capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
direito público, embora exista controvérsia na doutrina. regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
Carvalho Filho6 classifica quanto ao regime jurídico: que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) au- oneração e de usucapião.
tarquias especiais (ou de regime especial). Segundo a Os agentes públicos das autarquias são concursados
própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
estariam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e
especificidade, ao passo que as últimas seriam regidas são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do
por disciplina específica, cuja característica seria a de Executivo.
atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas
autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aque- Agências reguladoras
las criadas para serviços especiais, como autarquias de
ensino (ex.: USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM São figuras muito recentes em nosso ordenamento
e CREA). jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de re-
gime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
as regras das autarquias.
(Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De-
O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no-
Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC), meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti- determinado e só pode ser destituído por processo com
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu- decisão motivada.
rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execu-
ção de serviços públicos. Elas não executam o serviço
Ainda sobra as autarquias: propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com
típica função de controle da prestação dos serviços pú-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Contam com patrimônio próprio, constituído a partir blicos e do exercício de atividades econômicas, evitan-
de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, do a prática de abusos por parte de entidades do setor
portanto, capital exclusivamente público. privado.
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, plane- São titulares da matéria técnica que regulam, de
jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A modo que somente elas podem disciplinar as regras e
proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao padrões técnicos desta determinada seara.
chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali-
lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin-
diretamente ao Tribunal de Contas. gimento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o
atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece-
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- bendo e processando denúncias e reclamações, aplican-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. do penas administrativas e multas, bem como rescindin-
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- do contratos), definir política tarifária e reajustá-la.
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações
mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacio- públicas que adotam regime jurídico de direito público,
nal de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re-
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela gras que elas.
Lei nº 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petró- Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma
leo, pela Lei nº 9.478/1997. fundação pública que adote regime jurídico de direito
privado, ou então um regime misto, caso em que seus
Agências executivas
servidores poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei au-
quia, fundação pública ou órgão da administração direta torizadora deve ser expressa neste sentido.
que celebra contrato de gestão com o próprio ente po-
lítico com o qual está vinculado. As agências executivas Empresas públicas
se distinguem das agências reguladoras por não terem
como objetivo principal o de exercer controle sobre par- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo
fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres- II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
são “agências executivas” corresponde a um título ou dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públi- prio e capital exclusivo da União, criado por lei para
cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal. a exploração de atividade econômica que o Governo
seja levado a exercer por força de contingência ou de
#FicaDica conveniência administrativa podendo revestir-se de
qualquer das formas admitidas em direito.
As agências reguladoras sempre serão autar-
quias, embora sujeitas a regime especial.
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
As agências executivas podem ser autarquia,
fundação pública ou órgão da administração Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou
direta que firme contrato de gestão. para a exploração de atividades econômicas, que contam
com capital exclusivamente público, e são constituídas
por qualquer modalidade empresarial, após autorização
Fundações públicas legislativa do ente federativo criador.
Sendo a empresa pública uma prestadora de servi-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: ços públicos, estará submetida a regime jurídico público,
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso- ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrati- Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
vos, criada em virtude de autorização legislativa, para atividade econômica, estará submetida a regime jurídi-
o desenvolvimento de atividades que não exijam exe- co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
cução por órgãos ou entidades de direito público, com
necessidade de observância, ao menos em suas relações
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
com os administrados, das regras atinentes ao regime da
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento
custeado por recursos da União e de outras fontes. Administração, a exemplo dos princípios expressos no
“caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti- sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
tuidor para atingir uma finalidade específica, denomina- o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
das, em latim, universitas bonorum. Entre estas finalida- cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de
des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e
ou de assistência. Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
Essa definição serve para qualquer fundação, inclu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen-


sive para aquelas que não integram a Administração ciam das sociedades de economia mista por: não possuí-
indireta (não-governamentais). No caso das fundações rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma
que integram a Administração indireta (governamentais),
em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado-
quando forem dotadas de personalidade de direito pú-
tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome
blico, serão regidas integralmente por regras de direito
público. Quando forem dotadas de personalidade de di- coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú-
reito privado, serão regidas por regras de direito público blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um
e direito privado. sócio – unipessoalidade originária ou inicial).
Quando as fundações são criadas pelo Estado são
conhecidas como fundações públicas, ou autarquias Sociedades de economia mista
fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da
fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
criar e organizar a fundação. As fundações públicas são

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III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para
a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam
em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços pú-
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente sob a forma
empresarial de S/A.
Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado que participa dela, existem acionistas a ela vinculados.
Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário (se
o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de empresa comum, não sociedade de economia mista).

Alguns exemplos de sociedade mista:

• Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Banespa.


• Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano).

Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social é
formado por recursos públicos e privados, os sócios são privados e públicos (Estado).

Empresas públicas e sociedades de economia mista: semelhanças

Embora a Constituição Federal reserve a atividade econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis
de integração (integrar o Brasil na economia global), regulação (definindo regras e limites na exploração da atividade
econômica por particulares) e intervenção (fixação de regras e normas para combater o abuso do poder econômico)
(conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore diretamente atividades
econômicas se houver um relevante interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania.
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por meio de sociedades de economia mista e empresas públi-
cas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar
do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tributários e
trabalhistas. Além disso, em termos processuais, não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam.
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente se aplica quando o Estado está explorando atividade econô-
mica propriamente dita, não quando está ofertando serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado
pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder econômico.
Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser
fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens
são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não exploradora de atividade econômica).
No entanto, não se sujeitam à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).

Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida-
de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados
mediante concurso público de provas ou provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de
remuneração (exceto no caso de sociedade de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, apenas
com seus lucros).

#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Não possuem fins lucrativos Possuem fins lucrativos
Adotam perfis empresariais diversos (inclusive
Adotam o perfil de sociedade anônima S/A
pode ser S/A)
Capital social de recursos públicos Capital social de recursos públicos e privados
Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados

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Resposta: Errado. A empresa pública é integrante da
Administração Indireta e possui personalidade jurídica
EXERCÍCIOS COMENTADOS de direito privado. Pode ser criada para exploração de
atividades econômicas ou para prestação de serviços
1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) públicos (artigo 5o, II, Decreto-Lei nº 200/1967).
Em relação ao direito administrativo, julgue o item
seguinte.
Somente por decreto específico poderá ser criada autar- Entidades paraestatais e terceiro setor
quia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à Desde a última década do século passado vêm sendo
lei complementar definir as áreas de atuação. promovidas no Brasil reformas constitucionais e legais
para implantar um modelo de administração gerencial,
( ) CERTO  ( ) ERRADO que se concentra num Estado mínimo, isto é, que inter-
fira o mínimo possível na sociedade, em consonância
Resposta: Errado. Disciplina o artigo 37, XIX, CF: “so- com o defendido pela doutrina neoliberalista. Entre as
mente por lei específica poderá ser criada autarquia providências tomadas, colocam-se: reforço à autonomia
e autorizada a instituição de empresa pública, de so- das agências reguladoras, privatizações, parcerias públi-
ciedade de economia mista e de fundação, cabendo à co-privadas, incentivo à iniciativa privada7 – inclusive às
lei complementar, neste último caso, definir as áreas denominadas entidades paraestatais.
de sua atuação”. Somente fundação pública tem suas
Alexandrino e Paulo8 afirmam: “no conceito de en-
áreas de atuação determinadas por lei federal. Basta
tidades paraestatais que adotamos estão enquadrados:
lei ordinária para criar autarquia e autorizar a institui-
a) os serviços sociais autônomos; b) as organizações so-
ção de empresa pública ou sociedade de economia
mista – Decreto é insuficiente para tanto. ciais; c) as organizações da sociedade civil de interesse
coletivo (OSCIP); d) as ‘entidades de apoio’”. Para os au-
2. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - tores, com as reformas, ocorreu uma ampliação do con-
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administra- ceito clássico de Meirelles, para o qual apenas eram enti-
ção pública, de noções de organização administrativa e dades paraestatais as pessoas jurídicas de direito privado
da administração direta e indireta, julgue o item que se da Administração Indireta (empresas públicas e socieda-
segue. des de economia mista) e os serviços sociais autônomos
As autarquias são pessoas jurídicas criadas por lei e pos- (SESC, SENAI, SESI, etc.).
suem liberdade administrativa, não sendo subordinadas Em detalhes sobre a controvérsia, entidades paraes-
a órgãos estatais. tatais “são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado
e em colaboração com o Estado. [...] Há juristas que en-
( ) CERTO  ( ) ERRADO tendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo
personalidade jurídica de direito privado (não incluí-
Resposta: Certo. O artigo 5o, I, Decreto-Lei nº das, pois, as autarquias), recebem amparo oficial do Po-
200/1967 descreve a autarquia como serviço autôno- der Público, como as empresas públicas, as sociedades
mo, ou seja, estas possuem independência em relação de economia mista, as fundações públicas e as entidades
aos órgãos da Administração direta; e também diz que de cooperação governamental (ou serviços sociais autô-
estas são criadas por lei. nomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros
pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais
3. (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES- seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram
PE/2018) Considerando a doutrina majoritária, julgue o nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se
próximo item, referente ao poder administrativo, à orga- preordena a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as
nização administrativa federal e aos princípios básicos da empresas públicas e as sociedades de economia mista.
administração pública. Para outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de di-
Quando criadas como autarquias de regime especial, as reito privado integrantes da Administração Indireta, ex-
agências reguladoras integram a administração direta. cluindo-se, por conseguinte, as autarquias, as fundações
de direito público e os serviços sociais autônomos. Por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO  ( ) ERRADO


fim, já se considerou que na categoria se incluem além
dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas
Resposta: Errado. Como autarquias de regime espe-
oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, ex-
cial, as agências reguladoras fazem parte da Adminis-
tração Indireta. cluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se
encontrado, com frequência, o emprego da expressão
4. (STM - Técnico Judiciário - Programação de Siste- empresas estatais, sendo nelas enquadradas as socieda-
mas - CESPE/2018) Em relação à organização adminis- des de economia mista e as empresas públicas. Há tam-
trativa e à licitação administrativa, julgue o item a seguir. bém autores que adotam o referido sentido”9. Para Car-
Por ser dotada de personalidade jurídica de direito públi- 7 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo
co e integrar a administração pública indireta, a empresa descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
pública não pode explorar atividade econômica. 8 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo
descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
( ) CERTO  ( ) ERRADO 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-

13
valho Filho, “deveria abranger toda pessoa jurídica que relação à OSCIP são mais amplas (deve apresentar balan-
tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de ço contábil, demonstrativo de resultados e declaração de
forma a receber desta os mecanismos estatais de contro- isenção de imposto de renda); as OS recebem delegação
le. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraes- de serviço público e as OSCIP exercem atividade de direi-
tatais as pessoas da administração indireta e os serviços to privado com apoio do Estado.
sociais autônomos”10. “O CONVÊNIO é o instrumento utilizado para a exe-
Com efeito, o conceito de Alexandrino e Paulo é mais cução descentralizada de qualquer programa de traba-
amplo, abrangendo como entidades paraestatais tam- lho, projeto/atividade ou evento de interesse recíproco,
bém as OSCIPs e entidades de apoio. A doutrina mais em regime de mútua cooperação. No plano normativo,
clássica, de Meirelles e Carvalho Filho, coloca as organi- há praticamente um único dispositivo legal que o regu-
zações civis e as entidades de apoio como pertencentes lamenta: o artigo 116 da Lei nº. 8.666/93; por essa razão,
ao terceiro setor, sendo que as entidades paraestatais a maioria de suas normas é de caráter infralegal e está
juntamente o compõem. Basicamente, o terceiro setor é consubstanciada em decretos do Presidente da Repú-
constituído por organizações sem fins lucrativos e or- blica (decretos nº. 5.504/05 e 6.170/07) e em instruções
ganizações não governamentais – ONG, que tem como normativas da Secretaria do Tesouro Nacional, a IN nº.
objetivo gerar serviços de caráter público: 1/97. A princípio, pode ser celebrado com qualquer or-
ganização sem fins lucrativos, independentemente de ti-
a) Serviços sociais autônomos: Serviços sociais autô- tulação ou qualificação.
nomos são as típicas entidades paraestatais, assim O Termo de Parceria é voltado ao fomento e exe-
como SESI, SENAI, entre outras, conforme conceito cução das atividades definidas como de interesse públi-
do tópico anterior. co pelo artigo 3º da Lei nº. 9.790/99 e disciplinado pelo
b) Entidades de apoio: Entidades de apoio são pes- Decreto nº. 3.100/99. Apenas aquelas organizações que
soas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos cumprirem os requisitos legais e sejam qualificadas como
e compostas por servidores públicos que atuam OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
em nome próprio, adotando a forma de fundação, blico) pelo Ministério da Justiça é que estão aptas a cele-
associação ou cooperativa, prestando serviços so- brar a parceria com o Poder Público.
ciais que não são exclusivos do Estado e firmando O Contrato de Gestão tem por objetivo a formação
com este convênio. Ex.: fundações de amparo à de parceria para o fomento de organizações que pres-
pesquisa. tam serviços públicos não-exclusivos do Estado: ensino,
c) Organizações sociais: Organizações sociais (OS) pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, prote-
são reguladas pela Lei nº 9.637/1998, são entida- ção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. É
des privadas que se associam ao Estado, exercendo regulado pela Lei nº. 9.637/98. Para firmar um contra-
atividades privadas, em seu próprio nome, com in- to de gestão, a organização deve ter sido previamente
centivos do Poder Público. Para atuarem, é impres- qualificada como OS (Organização Social) pelo ministério
cindível que firmem contrato de gestão com o Es- correspondente”11.
tado. Para uma entidade privada assumir a posição
de organização social deve receber autorização do Art. 2o, Lei nº 13.019/2014:
ministro atuante na específica área de atuação da VII - termo de colaboração: instrumento por meio do
entidade (ex.: se pretende ser uma organização so- qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
cial que atue na saúde, o ministro da saúde deve administração pública com organizações da sociedade
autorizar), sendo que há discricionariedade deste civil para a consecução de finalidades de interesse pú-
em conceder o título. blico e recíproco propostas pela administração pública
d) Organizações da sociedade civil de interesse pú- que envolvam a transferência de recursos financeiros;
blico: Organizações da sociedade civil de interes- VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual
se público (OSCIP) criadas pela Lei 9.790/1999, são formalizadas as parcerias estabelecidas pela ad-
posteriormente regulamentada pelo Decreto ministração pública com organizações da sociedade
3.100/1999, são entidades privadas que se asso- civil para a consecução de finalidades de interesse
ciam ao Estado e recebem dele incentivos, atuando público e recíproco propostas pelas organizações da
em nome próprio em atividades que não são ex- sociedade civil, que envolvam a transferência de re-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

clusivas do Estado, mas que são de interesse social cursos financeiros;


e coletivo. Recebem um título por parte do Poder VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio
Público, sendo que este ato de concessão é vincu- do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
lado. Firmam termo de compromisso. pela administração pública com organizações da so-
ciedade civil para a consecução de finalidades de inte-
ATENÇÃO: as principais distinções entre OS e OSCIP resse público e recíproco que não envolvam a transfe-
são: nas OS é exigida a presença de um conselho de ad- rência de recursos financeiros.
ministração no qual o Estado participe, o que nas OS-
CIP é dispensado; as OS celebram contrato de gestão,
as OSCIP termo de parceria; as exigências contábeis com

trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.


10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 11 http://aldeirfelixhonorato.blogspot.com.br/2011/05/convenio-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. -termo-de-parceria-e-o-contrato.html

14
Administração, mas não configuram atos administrativos
típicos. Alguns autores aludem também aos atos políti-
EXERCÍCIOS COMENTADOS cos ou de governo”12.
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis-
Acerca das organizações da sociedade civil de interesse tração, referentes às ações da Administração no atendi-
público (OSCIP) e dos atos administrativos, julgue o item mento de seus interesses e necessidades operacionais e
seguinte. instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obri-
A concessão, pelo poder público, da qualificação como gações que os particulares. O regime jurídico será o de
OSCIP de entidade privada sem fins lucrativos é ato vin- direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, com-
culado ao cumprimento dos requisitos legais estabeleci- pra de bens de consumo, contratação de água/luz/inter-
dos para tal. net. Basicamente, envolve os interesses particulares da
Administração, que são secundários, para que ela possa
( ) CERTO  ( ) ERRADO atender aos interesses primários – no âmbito destes in-
teresses primários (interesses públicos, difusos e coleti-
Resposta: Certo. As Organizações da Sociedade Ci- vos) é que surgem os atos administrativos, que são atos
vil de Interesse Público (OSCIP) foram criadas pela públicos da Administração, sujeitos a regime jurídico de
Lei 9.790/1999, a qual fixa requisitos para o enqua- direito público.
dramento nesta condição. A concessão do status de
OSCIP é de caráter vinculado – se preenchidos os Os atos administrativos se situam num plano supe-
requisitos deverá ser concedido, não há faculdade rior de direitos e obrigações, eis que visam atender aos
por parte do poder público. O ato é vinculado, não interesses públicos primários, denominados difusos e
discricionário. coletivos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a
pressupostos de existência e validade diversos dos es-
2. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos tabelecidos para os atos jurídicos no Código Civil, e sim
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) No tocante às organi- previstos na Lei de Ação Popular e na Lei de Processo
zações da sociedade civil de interesse público e aos con- Administrativo Federal. Ao invés de autonomia da von-
sórcios públicos, julgue o item subsequente. tade, haverá a obrigatoriedade do cumprimento da lei e,
O consórcio formado por entes públicos pode assumir a portanto, a administração só poderá agir nestas hipóte-
forma de pessoa jurídica de direito privado. ses desde que esteja expressa e previamente autorizada
por lei13.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
#FicaDica
Resposta: Certo. Nos termos da Lei nº 11.107/2005,
em seu artigo 1o, § 1o: “Esta Lei dispõe sobre normas Atos da Administração ≠ Atos administrativos.
gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e Atos privados da Administração = atos da
os Municípios contratarem consórcios públicos para Administração → regime jurídico de direito
a realização de objetivos de interesse comum e dá privado.
outras providências. § 1o O consórcio público consti- Atos públicos da Administração = atos ad-
tuirá associação pública ou pessoa jurídica de direito ministrativos → regime jurídico de direito
privado”. público.

ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, FATO E ATO ADMINISTRATIVO


REQUISITOS, ATRIBUTOS,
CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES. Fato administrativo é a “atividade material no exercí-
cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração. [...] Os fatos administrati-
O ato administrativo é uma espécie de fato adminis- vos podem ser voluntários e naturais. Os fatos adminis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica trativos voluntários se materializam de duas maneiras:
do direito administrativo. 1ª) por atos administrativos, que formalizam a provi-
Por seu turno, “a expressão atos da Administração dência desejada pelo administrador através da mani-
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que festação da vontade; 2ª) por condutas administrativas,
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema que refletem os comportamentos e as ações administra-
administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verda- tivas, sejam ou não precedidas de ato administrativo for-
de, entre os atos da Administração se enquadram atos mal. Já os fatos administrativos naturais são aqueles que
que não se caracterizam propriamente como atos ad- se originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se
ministrativos, como é o caso dos atos privados da Ad- refletem na órbita administrativa. Assim, quando se fizer
ministração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
privado, como a compra e venda, a locação etc. No mes- trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
mo plano estão os atos materiais, que correspondem aos 13 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri-
fatos administrativos, noção vista acima: são eles atos da ma Cursos Preparatórios, 2004.

15
referência a fato administrativo, deverá estar presente Mérito = oportunidade + conveniência
unicamente a noção de que ocorreu um evento dinâmico
da Administração”14.
#FicaDica
REQUISITOS OU ELEMENTOS Para memorizar, note que os requisitos do
ato administrativo se apresentam sob o
1) Competência: é o poder-dever atribuído a deter- mnemônico ComFiFoMOb:
minado agente público para praticar certo ato ad- COMpetência
ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente FInalidade
público devem estar revestidos de competência. A FOrma
competência é sempre fixada por lei. Motivo
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad- Objeto
ministrativo foi abstratamente criado pela ordem
jurídica. A lei estabelece que os atos administrati-
vos devem ser praticados visando a um fim, nota- COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA: CONCEITO E
damente, a satisfação do interesse público. Contu- CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO
do, embora os atos administrativos sempre tenham
por objeto a satisfação do interesse público, esse A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
interesse é variável de acordo com a situação. Se a sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos-
autoridade administrativa praticar um ato fora da sível impor que um único órgão as exercesse por com-
finalidade genérica ou fora da finalidade específi- pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os
ca, estará praticando um ato viciado que é chama-
diversos órgãos que compõem a Administração Pública.
do “desvio de poder ou desvio de finalidade”.
Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad-
3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
ministração Pública é conhecida como competência.
mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma es-
Conceitua Carvalho Filho15 que “competência é o cír-
crita. Eventualmente, pode ser praticado por sinais
culo definido por lei dentro do qual podem os agentes
ou gestos (ex.: trânsito). A forma é sempre fixada
exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda
por lei.
que a competência administrativa pode ser colocada em
4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi-
plano diverso da competência legislativa e jurisdicional.
nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acon-
A competência é pressuposto essencial do ato admi-
tecimento real que autoriza/determina a prática do
ato administrativo. É o ato baseado em fatos e cir- nistrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
cunstâncias, que o administrador por escolher, mas Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a
deve respeitar os limites e intenções da lei. Nem lei e a CF fixam as competências primárias, que abran-
sempre os atos administrativos possuem motivo gem o órgão como um todo; podendo existir atos in-
legal. Nos casos em que o motivo legal não está ternos de organização que fixam as divisões de compe-
descrito na norma, a lei deu competência discricio- tências dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos.
nária para que o sujeito escolha o motivo legal (o
motivo deve ser oportuno e conveniente). A teoria A competência se reveste de dois atributos essenciais:
dos Motivos Determinantes afirma que os motivos inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a
alegados para a prática de um ato administrativo outro por mera vontade entre as partes ou por consen-
ficam a ele vinculados de tal modo que a prática timento do agente público; e improrrogabilidade, pois
de um ato administrativo mediante a alegação de um órgão competente não se transmuta em incompe-
motivos falsos ou inexistentes determina a sua tente mesmo diante de alteração da lei superveniente ao
invalidade. fato.
5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara, O ato praticado por sujeito incompetente prescin-
manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa de de pressuposto essencial para o ato administrativo,
qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato ad- sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir
ministrativo, restando ao administrador preencher efeitos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o vazio nestas situações. O ato é branco/indefini- É possível fixar os critérios de competência nos se-
do. No entanto, deve se demonstrar que a prática guintes moldes:
do ato é oportuna e conveniente.
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da fun-
Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do ção, por exemplo, entre Ministérios e Secretarias
objeto do ato é discricionária não significa que seja ar- de diversas especialidades.
bitrária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de ativi-
conveniência. dades mais complexas a agentes/órgãos de graus
superiores dentro dos órgãos.
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização terri-
torial de atividades.
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

16
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
petência por tempo determinado, notadamente Administração, atingindo administrados e contra-
diante de algum evento específico, como de cala- tados. São obrigatórios a partir da publicação.
midade pública. b) Classificação quanto ao seu objeto:
1) Atos de império: praticados com supremacia em
AVOCAÇÃO E DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA relação ao particular e servidor, impondo o seu
obrigatório cumprimento.
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a 2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con-
competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos dição com o particular, ou seja, sem usar de suas
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os prerrogativas sobre o destinatário.
casos de delegação e avocação legalmente admitidos”. 3) Atos de expediente: praticados para dar andamen-
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a to a processos e papéis que tramitam internamen-
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver te na administração pública. São atos de rotina
subordinação; ou horizontal, quando não houver subor- administrativa.
dinação) – A delegação é parcial e temporária e pode c) Classificação dos atos quanto à formação (proces-
ser revogada a qualquer tempo. Não podem ser dele- so de elaboração):
gados os seguintes atos: Competência Exclusiva, Edi- 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
ção de Ato de Caráter Normativo, Decisão de Recursos vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou
Administrativos. agente da Administração.
Avocar é solicitar o que seria de competência de ou- 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade
tro para sua esfera de competência. Basicamente, é o de mais de um órgão ou agente administrativo.
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior 3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade
pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe- de um órgão ou agente, mas depende de outra
rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical. vontade que o ratifique para produzir efeitos e tor-
nar-se exequível.
O SILÊNCIO NO DIREITO ADMINISTRATIVO d) Classificação quanto à manifestação da vontade:
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma-
Relacionada à questão da forma do ato administrati- nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.:
vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra- Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem
tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um os atos administrativos unilaterais.
ato válido. Neste sentido: 2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani-
festação de vontade de duas pessoas.
“Uma questão interessante que merece ser analisada 3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela von-
no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi- tade de mais de duas pessoas.
nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Ex.: Contrato administrativo.
Essa omissão é verificada quando a administração deve- e) Classificação quanto ao destinatário:
ria expressar uma pronuncia quando provocada por ad- 1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
ministrado, ou para fins de controle de outro órgão e, finalidade normativa, atingindo uma gama de pes-
não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silên- soas que estejam na mesma situação jurídica nele
cio da administração não é um ato jurídico, mas quando estabelecida. O particular não pode impugnar, pois
produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico ad- os efeitos são para todos.
ministrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou minada, criando situações jurídicas individuais. O
não. Em determinadas situações poderá a lei determinar particular atingido pode impugnar.
a Administração Pública manifestar-se obrigatoriamente, f) Classificação quanto ao seu regramento:
qualificando o silêncio como manifestação de vontade. 1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
Nesses casos, é possível afirmar que estaremos diante pressupostos e elementos necessários para sua
de um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o prática e perfeição previamente estabelecidos em
silêncio é uma forma de manifestação de vontade, pro-
lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis-
duz efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se


atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o
denomina ato de exercício obrigatório.
decurso de certo prazo. Entretanto, na ausência de lei
2) Atos discricionários: são os atos que possuem par-
que atribua determinado efeito jurídico ao silêncio, esta-
te de seus pressupostos e elementos previamente
remos diante de um fato jurídico administrativo”16.
fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a com-
petência, a finalidade e a forma estão previamen-
CLASSIFICAÇÃO
te fixados na lei – são os pressupostos vinculados.
Aquilo que está em branco ou indefinido na lei será
a) Classificação quanto ao seu alcance:
preenchido pelo administrador. Tal preenchimento
1) Atos internos: praticados no âmbito interno da
deve ser feito motivadamente com base em fatos e
Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
circunstâncias que somente o administrador pode
administrativos.
escolher. Contudo, tal escolha não é livre, os fatos
16 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio admi- e circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e
nistrativo. Migalhas, 24 jul. 2008. proporcionais) aos limites e intenções da lei.

17
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos 2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração
administrativos se classificam em vinculados ou discri- pode concretamente executar seus atos indepen-
cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o dente da manifestação do Poder Judiciário, mesmo
procedimento quase que plenamente delineados em lei, quando estes afetam diretamente a esfera jurídica
enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo- de particulares.
sitivo normativo permite certa margem de liberdade para 3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou
a atividade pessoal do agente público, especialmente no publicado pela Administração é presumivelmente
que tange à conveniência e oportunidade, elementos verdadeiro, seja na forma, seja no conteúdo, o que
do chamado mérito administrativo. A discricionariedade
se denomina “fé pública”. Evidente que tal presun-
como poder da Administração deve ser exercida con-
soante determinados limites, não se constituindo em op- ção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de
ção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação
há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos declaratória de falsidade, que irá argumentar que
de tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos, houve uma falsidade material (violação física do
tais como a competência, forma e fim”17. documento que traz o ato) ou uma falsidade ideo-
lógica (documento que expressa uma inverdade).
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi-
#FicaDica nistração agir se presume que o fez conforme a
Dentre as classificações, merece destaque lei. Tal presunção é relativa (juris tantum), podendo
aquela que recai sobre o caráter vinculado contudo ser ilidida por qualquer meio de prova.
ou discricionário de um ato administrativo.
Ato vinculado – Obrigatório #FicaDica
– Não há margem para a Administração
cumprir de outra forma Todo ato administrativo tem presunção de
– A lei fixa requisitos e pressupostos de for- veracidade e de legitimidade, mas nem todo
ma expressa e clara, rejeitando margem de ato administrativo é imperativo (pode preci-
interpretação. sar da concordância do particular, a exem-
Ato discricionário – Facultativo plo dos atos negociais).
– O administrador decidirá caso a caso
conforme critérios de oportunidade e con-
veniência (o denominado mérito do ato
administrativo) EXERCÍCIOS COMENTADOS
– Há margem de interpretação que a própria
lei deixa, afinal, a lei não pode tudo regular e
1. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
impedir por completo a atuação do adminis-
PE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos atos
trador porque se caracterizaria ingerência do
da administração pública.
Legislativo no Executivo.
Todos os fatos alegados pela administração pública são
– Não significa que o administrador pode
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad-
agir de forma arbitrária, se seu ato discri-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei,
cionário não atender a parâmetros de ra-
em decorrência das presunções de veracidade e de legi-
zoabilidade e proporcionalidade poderá ser
timidade, respectivamente.
questionado.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
FIQUE ATENTO! Resposta: Certo. Conforme a presunção de veracida-
Cabe controle judicial dos atos administra- de, todo ato editado ou publicado pela Administração
tivos discricionários? Não quanto ao mérito, é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no
porém sim no caso de violação de parâme- conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já de acor-
tros gerais do Direito Administrativo, como do com a presunção de legitimidade, sempre que a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

os princípios da administração pública. Administração agir se presume que o fez conforme a


lei. Ambas presunções são relativas (juris tantum).

ATRIBUTOS 2. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Conheci-


mentos Gerais - CESPE/2018) No que se refere a atos
1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta administrativos, julgue o item que se segue.
e executa unilateralmente seus atos, não depen- Na classificação dos atos administrativos, um critério co-
dendo da participação e nem da concordância do mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato
particular. Do poder de império ou extroverso, que pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple-
regula a forma unilateral e coercitiva de agir da
xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois
Administração, se extrai a imperatividade dos atos
ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato
administrativos.
com um só conteúdo e finalidade.
17 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741 ( ) CERTO  ( ) ERRADO

18
Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada-
que nasce por meio da manifestação de vontade de mente, os poderes de ordenar, comandar, fiscalizar e
um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de
Administração. Já o ato complexo é aquele que nas- competência, avocação de competência, expedição de
ce da manifestação de vontade de mais de um órgão ordem de serviço e instruções específicas (de caráter não
ou agente administrativo (o ato é uno, mas ocorrerá a normativo).
manifestação de mais de um agente, todas igualmen-
te relevantes). Já o ato composto nasce da manifesta- São exemplos: instruções, circulares, avisos, por-
ção de vontade de um órgão ou agente, mas depende tarias, ofícios, despachos administrativos, decisões
de outra vontade que o ratifique para produzir efeitos administrativas.
e tornar-se exequível.
3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre
3.(STM - Analista Judiciário - Administrativa - CES- Administração e administrado em consenso. Em
PE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos suma, o particular solicita e a Administração res-
administrativos e dos agentes públicos e seu regime, jul- ponde – daí haver uma certa bilateralidade, que,
gue o item a seguir. contudo, se difere da típica bilateralidade de negó-
A licença consiste em um ato administrativo unilateral e cios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma
discricionário.
relação de contraprestação usual nos contratos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Como são solicitados pelo particular, estes atos não
são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente,
Resposta: Errado. Licença é o ato administrativo uni-
o poder público terá discricionariedade em atender ou
lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável).
àquele que preencha os requisitos legais ao exercício
de uma atividade. São exemplos: licenças, autorizações, permissões,
aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia.

ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE 4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Adminis-


tração certifica ou atesta um fato sem vincular ao
1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos visan- seu conteúdo. São atos administrativos apenas no
do a correta aplicação da lei. São exemplos: decre- sentido formal, pois não manifestam uma vontade
tos, regulamentos, regimentos, resoluções, delibe- da Administração, mas sim apenas declaram certa
rações, entre outros. informação. Não possuem conteúdo decisório.

A Administração, por intermédio da autoridade que São exemplos: atestados, certidões, pareceres.
tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
explicar e especificar um comando já contido em lei. Não 5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições
cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi- aos servidores. Se insere no campo do poder dis-
vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o ciplinar. São exemplos: advertências, suspensões,
Legislativo poderá sustar o ato. cassações e destituições.
Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
nomos. A Constituição Federal prevê a competência do PARECER: RESPONSABILIDADE DO EMISSOR
Presidente da República para dispor sobre a organiza-
ção e o funcionamento da administração pública federal, Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por
conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV - um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles
sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado,
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; estariam em regra excluídos os atos de juízo, conheci-
[...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização mento e opinião; por outro lado, se os atos administrati-
e funcionamento da administração federal, quando não vos abrangem toda declaração do Estado, teoricamente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de poderiam ser englobados os atos de juízo, conhecimento
órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi- e opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que
cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu exteriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões.
poder regulamentar: regulando para buscar a fiel execu- É possível classificar os pareceres em: parecer facul-
ção de uma lei específica ou para organizar a adminis- tativo, quando faculta algo a alguém (geralmente auto-
tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos ridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem a
chamados decretos autônomos18). sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada;
parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas
2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da
no aspecto de emanar de um agente especializado, com
Administração e a conduta de seus agentes. Pos-
habilidade técnica específica, sem relação de hierarquia;
suem, assim, um caráter interno.
parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas
18 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São não há obrigação em se seguir a opinião emanada; pare-
Paulo: Saraiva, 2011. cer normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato

19
como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do VALIDADE, VÍCIOS, CONVALIDAÇÃO E EXTINÇÃO
que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião DO ATO ADMINISTRATIVO
necessariamente deve ser seguida.
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o Destaca-se esquemática trazida por Baldacci20:
parecer, deverá ser considerada a natureza do parecer
para determinar se há ou não responsabilidade solidá- • Quando todos os pressupostos especiais exigidos
ria. No caso em que o parecer não vincula o adminis- por lei estiverem presentes, falamos que o ato é
trador, podendo este praticar o ato seguindo ou não o perfeito (P).
posicionamento defendido e sugerido por quem emitiu • Quanto estes pressupostos preenchidos respeita-
o parecer, este não pode ser considerado responsável rem o que a lei exige, falamos que é válido (V).
solidariamente com o agente que possui a competência • Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios fa-
e atribuição para o ato administrativo decisório. Contu- lamos que é eficaz (E).
do, no caso de parecer vinculante, há responsabilidade 1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes
solidária19. em regra.
2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem
não ser eficazes se estiver pendente o implemento
de condição.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é,
em regra, ineficaz.
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode
ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for
Julgue o item a seguir, relativo aos atos administrativos. relevante para a segurança jurídica manter tais
São exemplos de atos administrativos normativos os de- efeitos.
cretos, as resoluções e as circulares. 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito
não é válido e nem eficaz.
( ) CERTO  ( ) ERRADO 6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito
pode gerar efeitos impróprios, que não depen-
Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles dem da execução do ato, como o efeito impróprio
que tem por objetivo definir os parâmetros de execu- reflexo (repercussão em outros atos ou situações
ção da lei e, como ela, possuem generalidade e abs- jurídicas) e o efeito impróprio prodrômico (efeito
tração. Consideram-se atos normativos os decretos de natureza procedimental que implica numa pro-
e as resoluções. Contudo, as circulares, cujo propó- vidência ou etapa necessária para aperfeiçoamen-
sito é circular uma informação interna importante ao to do ato, como a manifestação de um segundo
desempenho das funções do órgão, orientando seus agente ou órgão).
servidores, carecem de generalidade e abstração, in- 7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito
serindo-se na categoria de atos ordinatórios, cujo pode preencher os requisitos de validade, mas se
propósito é viabilizar o exercício do poder hierárquico, lhe faltar um pressuposto especial será imperfeito
disciplinando o funcionamento da administração e a e, logo, ineficaz.
atuação dos agentes.
Quanto à autoexecutoriedade, atributo do ato ad-
2. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos ministrativo, em regra, a Administração pode concreta-
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Julgue o item a se- mente executar seus atos independente da manifestação
guir, relativo a atributos, espécies e anulação dos atos do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam direta-
administrativos. mente a esfera jurídica de particulares.
Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad- ATO ADMINISTRATIVO INEXISTENTE
ministrativo ordinatório.
A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega
( ) CERTO  ( ) ERRADO relevância jurídica aos chamados atos administrativos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

inexistentes sob o fundamento de que seriam equivalen-


Resposta: Certo. Regulamento tem por fim disciplinar tes aos atos nulos.
o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio
abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra-
de serviço visa determinar a um servidor que exerça tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com-
determinada atividade de sua alçada, caracterizando- portamentos que correspondem a condutas criminosas,
-se por sua especificidade e pela relevância no exer- portanto, fora do possível jurídico e radicalmente veda-
cício do poder hierárquico pela Administração, sendo das pelo Direito”.
assim um ato ordinatório. O ato inexistente é aquele que não reúne os elemen-
tos necessários à sua formação e, assim, não produz
19 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O parecer qualquer consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que
jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acerca da
natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. Âmbito 20 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri-
Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012. ma Cursos Preparatórios, 2004.

20
embora reúna os elementos necessários a sua existência, TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
foi praticado com violação da lei, da ordem pública, dos
bons costumes ou com inobservância da forma legal21. “A teoria dos motivos determinantes está relaciona-
da a prática de atos administrativos e impõe que, uma
ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS E ANULÁVEIS/ vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado.
TEORIA DAS NULIDADES Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado.
Para que haja obediência ao que prescreve a teoria, no
“Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compa-
normalmente resultante da ausência de um de seus ele- tível com o resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos
mentos constitutivos, ou de defeito substancial em al- determinantes não condiciona a existência do ato, mas
gum deles (por exemplo, o ato com motivo inexistente, sim sua validade”23.
o ato com objeto não previsto em lei e o ato praticado
com desvio de finalidade). O ato nulo está em desconfor- CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
midade com a lei o com os princípios jurídicos (é um ato
ilegal e ilegítimo) e seu defeito não pode ser convalidado Convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
(corrigido). O ato nulo não pode produzir efeitos válidos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a
entre as partes. [...] Ato inexistente é aquele que possui torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato
apenas aparência de manifestação de vontade da admi- posterior que sana um vício de um ato anterior, trans-
nistração pública, mas, em verdade, não se origina de formando-o em válido desde o momento em que foi
um agente público, mas de alguém que se passa por tal praticado.
condição, como o usurpador de função. [...] Ato anulável Há alguns autores que não aceitam a convalidação
é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível de dos atos, sustentando que os atos administrativos so-
convalidação pela própria administração que o praticou, mente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajusta-
desde que ele não seja lesivo ao interesse público, nem riam à convalidação seriam os atos anuláveis.
cause prejuízo a terceiros. São sanáveis o vício de com-
petência quanto à pessoa, exceto se se tratar de com- Existem três formas de convalidação:
petência exclusiva, e o vício de forma, a menos que se
trate de forma exigida pela lei como condição essencial • Ratificação: é a convalidação feita pela própria au-
à validade do ato”22. toridade que praticou o ato;
• Confirmação: é a convalidação feita por autoridade
VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO superior àquela que praticou o ato;
• Saneamento: é a convalidação feita por ato de ter-
Os vícios dos atos administrativos podem se referir ceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o
a sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do ato nem por autoridade superior.
sujeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação
de função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode Não se deve confundir a convalidação com a con-
caracterizar excesso de poder, quando excede os limites versão do ato administrativo. Há um ato viciado e, para
da competência que tem, o sujeito pode incidir no crime regularizar a situação, ele é transformado em outro, de
de abuso de autoridade; pode se detectar função de fato, diferente tipologia. O ato nulo, embora não possa ser
quando quem pratica o ato está irregularmente investido convalidado, poderá ser convertido, transformando-se
no cargo, emprego ou função – situação com aparên- em ato válido.
cia de legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de
incapacidade do sujeito – pode haver impedimento ou Decadência administrativa
suspeição, ambos casos de anulabilidade.
Os vícios dos atos administrativos também podem se Um dos poderes que a Administração possui é o da
referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato autotutela administrativa, consistente no poder de rever
ilegal = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso os seus próprios atos administrativos independentemen-
concreto; impossível (exemplo: a nomeação para cargo te de precisar recorrer ao Judiciário, seja em razão de
que não existe); imoral; indeterminado (desapropriação vícios de ilegalidade, seja em razão de conveniência e
oportunidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de bem não definido com precisão).


Os vícios podem atingir a forma, quando a lei ex- É o que prevê a súmula 473 do Supremo Tribunal Fe-
pressamente exige e não é respeitada, e ainda o motivo, deral: “a administração pode anular seus próprios atos,
quando pressupostos de fato e/ou de direito não existem quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
e/ou são falsos. deles não se originam direitos; ou revogá-los, por mo-
Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que tivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
são desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
agente pratica ato administrativo sem observar o inte- apreciação judicial”.
resse público e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei. Supondo que um ato administrativo contenha vício
de ilegalidade, é um poder-dever da Administração in-
21 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/auditor-fiscal-do- validá-lo, embora não possa fazê-lo por um período ir-
-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-administrativo-inexis- restrito de tempo caso um terceiro de boa-fé possa ser
tente.html
22 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo 23 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-que-consiste-
descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. -a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-maria-ferraz-de-sousa

21
prejudicado, pois senão violaria o princípio da segurança d) Retirada do ato: é a forma mais importante de ex-
jurídica. Ultrapassado o prazo, para se rever o vício seria tinção dos atos administrativos, para os concur-
necessário recorrer ao Judiciário. Quanto à revisão por sos públicos. É a extinção que se dá pela expedi-
conveniência e oportunidade, ultrapassado o prazo não ção de um segundo ato, elaborado para extinguir
mais caberá a revisão, também em vista do princípio da ato administrativo anterior a ele. Comporta cinco
segurança jurídica. modalidades, que serão vistas com maiores deta-
A prescrição administrativa é, neste sentido, a perda lhes: revogação, anulação, cassação, caducidade e
do direito pela Administração de revisão dos seus atos contraposição.
pelo decurso do tempo (perda do direito de autotutela).
Como se fala na perda de um direito, a terminologia mais 1. Revogação
adequada para o caso é decadência e não prescrição (afi-
nal, prescrição é perda da pretensão e não perda do di- Revogação é a extinção de ato administrativo que se
reito). Isto é, decadência administrativa. encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos, pratica-
São as regras do processo administrativo que irão do pela própria Administração Pública, fundada em ra-
determinar qual o prazo para revisão do ato até que a zões de conveniência e oportunidade, sempre almejando
decadência administrativa ocorra. No âmbito federal, a a proteção do interesse público. Nessa hipótese, ocor-
questão é tratada pela Lei nº 9.784/99, que fixa o prazo re uma causa superveniente, que altera o juízo de con-
de 5 anos para anulação do ato administrativo de que veniência e oportunidade sobre a permanência de ato
decorram efeitos favoráveis para os destinatários pela discricionário, obrigando a Administração a expedir um
própria Administração. segundo ato capaz de revogar esse ato anterior.
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportu-
Eles são criados, começam a produzir efeitos, e depois nidade, respeitados os direitos adquiridos”. Sobre o mes-
de um tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais mo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A administração
detalhes justamente o desaparecimento dos atos admi- pode anular seus próprios atos, quando eivados de ví-
nistrativos, embora seja preferível utilizar o termo “extin- cios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
ção” (ou “invalidação”) dos atos administrativos. direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
Para melhor compreensão do tema, a doutrina utili-
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
za-se de uma sistematização das formas de extinção dos
Por tratar-se de questão de mérito, a revogação so-
atos administrativos. A principal divisão que deve ser fei-
mente pode ser decretada pela própria Administração
ta é em relação a produção de efeitos: existem atos ad-
Pública. É, também, decorrência do princípio da autotu-
ministrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz,
tela: a Administração Pública tem competência para anu-
o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua recusa
lar e revogar seus atos, sendo descabido a manifestação
pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há quatro
do Poder Judiciário nos atos administrativos discricioná-
formas de distinção dos atos administrativos: rios. A revogação é elaborada pela mesma autoridade
que praticou o ato principal.
a) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos: é O ato revocatório é sempre secundário, constituti-
a extinção que ocorre pelo cumprimento integral vo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato admi-
dos efeitos do ato administrativo. É a extinção na- nistrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e eficaz,
tural esperada por todo ato administrativo. Pode destituído de qualquer vício. A revogação atinge so-
ocorrer mediante: a.1) esgotamento do conteúdo, mente os atos discricionários: para os atos vinculados,
como a vacinação de enfermos após expedição de a medida cabível é a anulação.
ordem de entrega das vacinas; a.2) execução da or- Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
dem, como o guinchamento de veículo; a.3) imple- pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signi-
mento de condição resolutiva ou termo final, como fica que a revogação produz efeitos futuros, não retroa-
o prazo final para renovação da CNH. tivos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se
b) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes- sentiu prejudicado com a referida medida, ingressar em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

soa ou objeto: os atos administrativos podem di- juízo com pedido de indenização contra a Administração.
zer respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo
um desses elementos, o ato extingue-se automa- 2. Anulação
ticamente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor- É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
te de servidor público que receberia promoção; e carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário.
desabamento de prédio que recebeu licença para A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e
a sua reforma. autotutela. Também possui fundamento no art. 53, da Lei
c) Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
beneficiário abre mão da situação proporcionada A anulação realizada pela própria Administração
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas ca-
cargo público a pedido do seu ocupante. racterísticas principais são: ato secundário, constitutivo

22
e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judi- c) contraposição.
ciário podem decretar a anulação de ato administrativo. d) caducidade.
Outra característica importante é o prazo definido pelo e) cassação.
caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Ad-
ministração de anular os atos administrativos de que de- Resposta: Letra D. Pela leitura do enunciado, pode-
corram efeitos favoráveis para os destinatários decai em mos perceber que a extinção da referida autorização
cinco anos, contados da data em que foram praticados, de uso de bem público se deu pela edição de lei mu-
salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco nicipal que alterou o plano diretor da cidade. A única
anos é atributo exclusivo da anulação. hipótese cabível é a caducidade, por ser justamente
Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar hipótese de extinção de ato administrativo devido a
que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o norma jurídica superveniente que altera, ou impede a
seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso, permanência da situação jurídica anterior.
a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data da
prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a anu-
lação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não
gera ao particular direito à indenização pela anulação de AGENTES PÚBLICOS. LEGISLAÇÃO
ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal PERTINENTE. LEI Nº 8.112/1990 E
para ocorrência, do qual não tenha participado. SUAS ALTERAÇÕES. DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS.
3. Cassação DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS. CONCEITO.
ESPÉCIES. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO
São hipóteses em que o administrado deixa de preen- PÚBLICA.
cher condição necessária para a permanência da referi-
da vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por AGENTES PÚBLICOS
pessoa enferma.
1. Conceito
4. Caducidade
Agente público é expressão que engloba todas as
Também denominada decaimento, consiste na mo-
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque-
dalidade de extinção de ato administrativo em conse-
les que servem ao Poder Público.
quência de norma jurídica superveniente, a qual impede
“A expressão agente público tem sentido amplo,
a permanência da situação anteriormente consentida.
Como não pode produzir efeitos automaticamente, é ne- significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título,
cessária a prática de um ato secundário, determinando a exercem uma função pública como prepostos do Estado.
extinção do ato decaído. Exemplo: perda do direito de Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada
comercializar em área que passa a ser considerada exclu- ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica.
sivamente residencial. O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico,
tais agentes estão de alguma forma vinculados ao Po-
5. Contraposição der Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente
através das pessoas físicas que em seu nome manifestam
É o modo de extinção que ocorre com a expedição determinada vontade, e é por isso que essa manifestação
de um segundo ato, fundado em competência diversa, volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São
cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma todas essas pessoas físicas que constituem os agentes
espécie de revogação praticada por autoridade distinta públicos”24.
da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
funcionário anteriormente exonerado de seu cargo. Improbidade Administrativa): “Reputa-se agente público,
para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
EXERCÍCIO COMENTADO nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prego ou função nas entidades mencionadas no artigo


1. (SEFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO – CESPE – 2018) anterior”.
A Lei nº 8.429/92 adota um amplo sentido da expres-
Determinado prefeito exarou ato administrativo autori- são agente público, abrangendo pessoas vinculadas a
zando o uso de bem público em favor de um particular. entidades que recebam qualquer incentivo financeiro do
Pouco tempo depois, lei municipal alterou o plano di- Estado, inclusive as pertencentes ao terceiro setor. Entre-
retor, no que tange à ocupação do espaço urbano, ten-
tanto, este sentido amplo não se reflete nas normativas
do proibido a destinação de tal bem público à atividade
que regulam o regime jurídico dos servidores.
particular.
Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo
de autorização de uso de bem público extingue-se por

a) revogação. 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-


b) anulação. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

23
2. Espécies: cargo, emprego e função Di Pietro26 exemplifica tal situação: “falta de requisito
legal para investidura, como certificado de sanidade ven-
Os agentes públicos subdividem-se em: cido; inexistência de formação universitária para função
que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es- ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou
truturais à organização política do País [...], Presi- exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra-
dente da República, Governadores, Prefeitos e res- tação, ou continua em exercício após a idade-limite para
pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes aposentadoria compulsória”.
de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di- Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato
versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
administrativo, mas não pode ser confundida com o cri-
Federais e Estaduais e os Vereadores”25. O agente
me de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o su-
político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
por mandatos transitórios. jeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou função
b) servidores públicos, que se dividem em funcioná- pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura. No
rio público, empregado público e contratados em caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu
caráter temporário. Os servidores públicos formam sem os devidos requisitos.
a grande massa dos agentes do Estado, desenvol- Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a
vendo variadas funções. O funcionário público é o doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da
tipo de servidor público que é titular de um cargo, aparência de conformidade com a lei e em preservação
se sujeitando a regime estatutário (previsto em es- da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá-
tatuto próprio, não na CLT). O empregado público rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores
é o tipo de servidor público que é titular de um a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como
emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). observando se a falta de competência não poderia ser
Tanto o funcionário público quanto o emprega- facilmente detectada.
do público somente se vinculam à Administração
mediante concurso público, sendo nomeados em 4. Exigência de concurso público
caráter efetivo. Contratados em caráter temporário
são servidores contratados por um período certo e A aprovação prévia em concurso de provas ou de
determinado, por força de uma situação de excep- provas e títulos é requisito para a investidura em cargo
cional interesse público, não sendo nomeados em
ou emprego público efetivo, conforme artigo 37, II, CF e
caráter efetivo, ocupando uma função pública.
artigo 10 da Lei nº 8.112/1990.
c) particulares em colaboração com o Estado – são
agentes que, embora sejam particulares, executam A administração direta e indireta é obrigada a prover
funções públicas especiais que podem ser qualifi- seus cargos, empregos e funções por meio de concur-
cadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recruta- sos públicos. Inclusive, por mais que empresas públicas
dos para serviço militar. e sociedades de economia mista sejam pessoas jurídicas
de direito privado, devem respeitar o núcleo mínimo de
imposições ao poder público, inclusive a obrigação de
#FicaDica prover seus empregos por meio de concurso público.
Os agentes públicos podem ser agentes No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
políticos, particulares em colaboração com nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
o Estado e servidores públicos. Logo, o concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
servidor público é uma espécie do gêne- atividade profissional também é considerado. O concur-
ro agente público. Com efeito, funcionário so público terá um prazo de validade (o máximo é de 2
público é uma espécie do gênero servidor anos, prorrogáveis por mais 2).
público, abrangendo apenas os servidores
que se sujeitam a regime estatutário (re- 5. Cargo em comissão
gulado em lei especial). Já o empregado
público, que também é espécie do gênero Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
servidor público, se sujeita a regime cele- exige concurso público, sendo exceção à regra geral. Nos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tista (a natureza desta relação jurídica é termos do artigo 37, II, CF o cargo em comissão é de livre
contratual). nomeação e exoneração.
Como destacado, a regra é que todas entidades da
administração direta e indireta devem realizar concurso
3. Ausência de competência: agente de fato público para contratar funcionários públicos. Entretan-
to, os cargos em comissão representam um vínculo de
O agente precisa estar legitimamente investido num confiança entre o administrador e o contratado, o que
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve dispensa a exigência de concurso público.
ter competência para tanto. Contudo, existe a situação O cargo em comissão apenas existe para cargos de
do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a chefias, assessoramento e direção, notadamente, cargos
investidura está maculada de um defeito. de confiança.
2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrati- 3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São
vo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. Paulo: Atlas, 2010.

24
Os servidores que ocupam cargo em comissão po- não entre em exercício no referido prazo, este será exo-
dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui- nerado e no caso de cargo de confiança, será cancelado
rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem o ato de designação para a função.
(exonerado “ad nutum”). A jornada de trabalho dos servidores será fixada em
O servidor que ocupa cargo em comissão se sujeita razão das atribuições pertinentes aos cargos, respeita-
ao regime geral da previdência social. Quanto ao regime da a duração máxima do trabalho semanal de quarenta
de trabalho, será o mesmo dos demais servidores do ór- horas e observados os limites mínimo e máximo de seis
gão em que ocupa o cargo – se for estatutário, seguirá o horas e oito horas diárias, respectivamente.
mesmo estatuto e fará jus aos direitos ali previstos, exce- No caso dos cargos de confiança ou comissionados, o
to os de natureza previdenciária; se for celetista, seguirá servidor ocupante será submetido ao regime de integral
as normas da CLT e terá os mesmos direitos ali assegura- dedicação ao serviço público, podendo ser convocado
dos, inclusive FGTS. sempre que houver interesse da Administração, observa-
do o que dispõe o art. 120 da Lei 8.112/1990.
Entrando em exercício, o servidor nomeado para car-
#FicaDica go de provimento efetivo estará sujeito ao estágio pro-
Cargo em comissão é diferente de função batório pelo período de 3 (três) anos (Conforme prevê a
de confiança, sendo que a segunda apenas Emenda Constitucional nº 19).
pode ser conferida a quem já ocupa um Apesar disso, é importante clarificar que a redação
cargo público efetivo. do art. 20 da Lei 8.112 dispõe que o estágio probatório
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, corresponde ao período de 24 (vinte e quatro) meses, to-
exercidas exclusivamente por servidores davia esta norma está revogada tacitamente, em outras
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em palavras, não tem mais aplicação, pois as normas cons-
comissão, a serem preenchidos por servi- titucionais são hierarquicamente superiores às normas
dores de carreira nos casos, condições e infraconstitucionais.
percentuais mínimos previstos em lei, des- O período de estágio probatório destina-se à apu-
tinam-se apenas às atribuições de direção, ração da aptidão e capacidade para o desempenho do
chefia e assessoramento. cargo, durante este período serão observados a assidui-
dade, disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade
e a responsabilidade.
Prezado candidato, a seguir preparamos a lei re-
ferida comentada em seus principais tópicos para Durante o estágio probatório, o servidor poderá:
auxilia-lo no estudo. Visto a extensão da lei, não dei-
xe de conferir o material na íntegra no site oficial do 1) poderá exercer quaisquer cargos de provimento
Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ em comissão ou funções de direção, chefia ou as-
L8112compilado.htm. sessoramento no órgão ou entidade de lotação, e
somente poderá ser cedido a outro órgão ou en-
O regime jurídico dos servidores públicos civis da tidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais cargos de provimento em comissão do Grupo-Di-
reção e Assessoramento Superiores-DAS, de níveis
LEI Nº 8.112/1990 6, 5 e 4, ou equivalentes.
2) somente poderão ser concedidas as licenças e os
1. Direitos e deveres do servidor público afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV,
94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
Para que o cidadão se torne servidor público, este de curso de formação decorrente de aprovação em
deverá ser aprovado em concurso público de prova ou concurso para outro cargo na Administração Públi-
de prova e títulos. Além disso, há uma sequência de re- ca Federal.
quisitos básicos necessários para a investidura no cargo
público, conforme prevê o art. 5º da Lei 8.112/1990. É O estágio probatório confere ao servidor a estabilidade,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

importante ressaltar que conforme as atribuições do car- esta é uma garantia que impossibilita que o servidor per-
go poderá haver a exigência de outros requisitos. ca seu cargo, somente permitindo a perda em virtude de
A investidura ocorre com a posse e esta acontecerá sentença judicial transitada em julgado, mediante pro-
pela assinatura do termo ao qual constará as atribuições, cesso administrativo em que lhe seja assegurada ampla
os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes defesa ou através de avaliação periódica de desempe-
ao cargo. Para isto, o indivíduo deverá apresentar decla- nho, na forma de lei complementar, assegurada a ampla
ração de bens e valores que estiverem em seu nome e defesa.
declaração quanto ao exercício ou não de outro trabalho, Quatro meses antes do encerramento do estágio
realizar inspeção médica oficial (comprovando aptidão probatório, a avaliação de desempenho do servidor será
física e mental). submetida à homologação da autoridade competente.
O servidor público terá o prazo de 15 (quinze) dias, Caso o servidor não seja aprovado no estágio pro-
contados da posse, para entrar em exercício em caso de batório ele será exonerado, exceto se este servidor for
cargo de provimento efetivo. Valendo ressaltar que caso estável em outro cargo, hipótese em que retornará ao

25
seu antigo cargo. Isto acontece porque cada vez que o perderá, na devida proporção, parcela da remuneração
servidor é investido em outro cargo deverá submeter-se diária. Salvo na hipótese de compensação, que deverá
a novo estágio probatório. ocorrer até o mês subsequente da ocorrência, ressalva-
das as concessões do art. 97 da Lei 8.112/1990.
FIQUE ATENTO!
Caso o servidor, durante seu serviço e esta- #FicaDica
bilidade, sofrer dano a sua capacidade física
Salvo por imposição legal, ou mandado ju-
ou mental, o mesmo poderá ser readapta-
dicial, nenhum desconto incidirá sobre a re-
do a uma outra função que seja adequada
muneração ou provento, todavia mediante
a sua limitação.
autorização do servidor, poderá haver des-
conto em folha de pagamento em favor de
terceiros, a critério da administração e com
DOS DIREITOS E VANTAGENS DO SERVIDOR
reposição de custos, na forma definida em
regulamento.
A título de informação, importante esclarecer que o
O total de consignações facultativas de que
vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
trata o § 1o não excederá a 35% (trinta e
cargo público, com valor fixado em lei. Já a remunera-
cinco por cento) da remuneração mensal,
ção é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
sendo 5% (cinco por cento) reservados ex-
tagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
clusivamente para:
Todo servido público investido em função ou cargo
a) a amortização de despesas contraídas
em comissão, receberá uma remuneração de acordo com
por meio de cartão de crédito.
o art. 62:
b) a utilização com a finalidade de saque
por meio do cartão de crédito.
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo inves-
tido em função de direção, chefia ou assessoramento,
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Es-
pecial é devida retribuição pelo seu exercício. (Reda-
Ressalta-se que o vencimento, a remuneração e o
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97).
provento do servidor não poderão ser objeto de arres-
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remu-
to, sequestro ou penhora, exceto em caso de pensão ali-
neração dos cargos em comissão de que trata o inci-
mentícia fixada através de decisão judicial.
so II do art. 9o. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97).
VANTAGENS
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da
Além dos vencimentos, o servidor poderá receber
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia
ainda indenizações, gratificações e adicionais. As in-
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão
denizações não se incomporam aos vencimentos ou
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3o e
proventos, para quaisquer efeitos. Ao passo que, as gra-
10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o
tificações e adicionais se incomporam, nos casos e con-
da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela
dições estabelecidas em lei.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001).
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste
a) Indenizações
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de re-
muneração dos servidores públicos federais. (Incluído
Como exemplo de indenizações temos:
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I – Ajuda de custo: Consiste numa compensação pelas
FIQUE ATENTO! despesas de instalação do servidor que, por inte-
1) Nenhum servidor receberá remunera- resse da Administração Pública, mudou-se perma-
mentemente para nova sede. Nesta categoria de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção inferior ao salário mínimo.


2) Nenhum servidor poderá perceber, indenização estão inclusos os gastos de transporte
mensalmente, a título de remuneração, im- do servidor e da sua família, como passagens, ba-
portância superior à soma dos valores per- gagens e bens pessoais.
cebidos como remuneração, em espécie, a
qualquer título, no âmbito dos respectivos A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração
Poderes, pelos Ministros de Estado, por do servidor, conforme dispuser o regulamento, não po-
membros do Congresso Nacional e Minis- dendo exceder a importância correspondente a 3 (três)
tros do Supremo Tribunal Federal. meses.
Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato
O servidor perderá a remuneração do dia em que fal- eletivo.
tar, sem motivo justificado. Além disso, nos atrasos, au- O servidor deverá comparecer à nova sede no prazo
sências injustificadas e nas saídas antecipadas o servidor de 30 dias, sob pena de restituiçãoo da ajuda de custo.

26
II- Diárias: As diárias são concedidas por dia de afas- g) o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
tamento (eventual outransitório) em razão do residido no Município, nos últimos doze meses,
deslocamento do servidor. As diárias servem parar aonde for exercer o cargo em comissão ou função
custear pousada, alimentação, locomoção urbana, de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a
conforme dispuder em fegulamento. As diárias são sessenta dias dentro desse período., bem como o
devidas pela metade quando o deslocamento não deslocamento realizado para o fim ocupar cargo
exigir pernoite fora da sede, ou quando a União em comissão ou função de confiança do Grupo-Di-
custear, por meio diverso, as despesas extraordi- reção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4,
nárias cobertas por diárias. 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado
ou equivalentes.
Caso o servidor receba a diária e não se desloque para h) o deslocamento não tenha sido por força de alte-
outro ponto do território nacional ou exterior, o mesmo ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo
terá que restituir, em 5 dias, o valor recebido, ou, caso i) o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
de 2006.
ele se desloque por prazo inferior, deverá este devolver
o valor excedente.
O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
Não fará jus a diárias o servidor que se deslocar per-
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
manentemente, bem como, o que se deslocar dentro da
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou ocupado.
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e Em caso de falecimento, exoneração, colocação de
regularmente instituídas, ou em áreas de controle inte- imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição
grado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por
competência dos órgãos, entidades e servidores brasi- um mês.
leiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite
fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão IV – Gratificações Adicionais: Além do vencimento e
sempre as fixadas para os afastamentos dentro do terri- das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos
tório nacional. aos servidores as seguintes retribuições, gratifica-
ções e adicionais:
III- Auxilio-moradia: consiste no ressarcimento das a) retribuição pelo exercício de função de direção,
despesas comprovadamente realizadas pelo servi- chefia e assessoramento: ao servidor ocupante de
dor com aluguel de moradia ou com meio de hos- cargo efetivo investido em função de direção, che-
pedagem administrado por empresa hoteleira, no fia ou assessoramento, cargo de provimento em
prazo de um mês após a comprovação da despesa comissão ou de Natureza Especial é devida retri-
pelo servidor. buição pelo seu exercício
b) gratificação natalina: a gratificação natalina corres-
Para fins de auxílio-moradia o servidor deverá aten- ponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a
der aos seguintes requisitos, conforme dispõe o art. 60-B que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
da Lei 8.112/1990: mês de exercício no respectivo ano. A fração igual
ou superior a 15 (quinze) dias será considerada
a) não exista imóvel funcional disponível para uso como mês integral.
pelo servidor;
b) o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe A gratificação será paga até o dia 20 (vinte)do mês de
imóvel funcional; dezembro de cada ano. O servidor exonerado perceberá
c) o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses
de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da
tenha sido proprietário, não tenha promessa de
exoneração.
compra e venda em seu favor, tampouco tenha
É importante esclarecer que a gratificação natalina
realizado promessa de compra e venda em favor
não será considerada para cálculo de qualquer vantagem
de terceiro, incluída a hipótese de lote edificado
pecuniária.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sem averbação de construção, nos doze meses que


antecederam a sua nomeação. c) adicional de atividades insalubres, perigosas ou
d) nenhuma outra pessoa que resida com o servidor penosas: os servidores que trabalhem com habi-
receba auxílio-moradia; tualidade em ambientes em locais insalubres ou
e) o servidor tenha se mudado do local de residência em contato permanente com substâncias tóxicas,
para ocupar cargo em comissão ou função de con- radioativas ou com risco de vida, fazem jus aos adi-
fiança do Grupo-Direção e Assessoramento Supe- cionais de insalubridade e de periculosidade, de-
riores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, vendo optar por um deles, caso labore em todos
de Ministro de Estado ou equivalentes. esses ambientes.
f) o Município no qual assuma o cargo em comis-
são ou função de confiança não se enquadre nas O direito ao adicional de insalubridade ou periculosi-
hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de dade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
residência ou domicílio do servidor; que deram causa a sua concessão.

27
Os servidores a que se refere este artigo serão sub-
metidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. FIQUE ATENTO!
d) adicional pela prestação de serviço extraordi- Segundo Meirelles1, o que caracteriza
nário: o serviço extraordinário será remunerado o adicional e o distingue da gratificação é
com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em que o primeiro recompensa ao tempo de
relação à hora normal de trabalho. Somente será serviço do servidor ou uma retribuição pelo
permitido serviço extraordinário para atender a si- desempenho de funções especiais que fo-
tuações excepcionais e temporárias, respeitado o gem da rotina burocrática, ao passo que o
limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. segundo é uma compensação por serviços
e) adicional noturno: o serviço noturno, prestado em comuns executados em condições anor-
horário compreendido entre 22 (vinte e duas) ho- mais para o servidor ou uma ajuda pessoal
ras de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, em face de certas situações que agravam o
terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco orçamento do servidor.
por cento), considerando como uma hora cheia
o intervalo de cinquenta e dois minutos e trinta 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
segundos.

É importante salientar que na hipótese do trabalho


ser realizado em horário noturno e a hora ser extraordi- São deveres dos servidores:
nária, deverá incidir o acréscico de que trata esse tópico
sob o valor da hora noturna. I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo;
f) adicional de férias: Independentemente de solici- II - ser leal às instituições a que servir;
tação, será pago ao servidor, por ocasião das fé- III - observar as normas legais e regulamentares;
rias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
da remuneração do período das férias. No caso nifestamente ilegais;
de o servidor exercer função de direção, chefia ou V - atender com presteza:
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a a) ao público em geral, prestando as informações re-
respectiva vantagem será considerada no cálculo queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
do adicional de que trata esse tópico. b) à expedição de certidões requeridas para defesa
g) gratificação por encargo de curso ou concurso: de direito ou esclarecimento de situações de interesse
somente será paga se o servidor que, em caráter pessoal;
eventual, exercer as seguintes atividades: c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
1. atuar como instrutor em curso de formação, de VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
desenvolvimento ou de treinamento regularmen- razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
te instituído no âmbito da administração pública rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
federal; ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
2. participar de banca examinadora ou de comissão para apuração;
para exames orais, para análise curricular, para VII - zelar pela economia do material e a conservação
correção de provas discursivas, para elaboração de do patrimônio público;
questões de provas ou para julgamento de recur- VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
sos intentados por candidatos; IX - manter conduta compatível com a moralidade
3. participar da logística de preparação e de realiza- administrativa;
ção de concurso público envolvendo atividades de X - ser assíduo e pontual ao serviço;
planejamento, coordenação, supervisão, execução XI - tratar com urbanidade as pessoas;
e avaliação de resultado, quando tais atividades XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
não estiverem incluídas entre as suas atribuições de poder.
permanentes; Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
4. participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas XII será encaminhada pela via hierárquica e aprecia-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de exame vestibular ou de concurso público ou su- da pela autoridade superior àquela contra a qual é
pervisionar essas atividades. formulada, assegurando-se ao representando ampla
defesa.

É proibido aos servidores:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem


prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem
prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço;

28
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no Caso seja exigida perícia, avaliação ou inspeção mé-
recinto da repartição; dica, na ausência de médico ou junta médica oficial, será
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos realizado um convênio com unidades de atendimento do
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Na-
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- cional do Seguro Social.
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou FIQUE ATENTO!
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren- Se o agente não conseguir fazer a pericia,
te até o segundo grau civil; avaliação ou a inspeção médica conforme
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou o mencionado acima, será contratado uma
de outrem, em detrimento da dignidade da função prestação de serviço de pessoa jurídica, a
pública; qual constituirá junta médica especifica-
X - participar de gerência ou administração de so- mente para esses fins.
ciedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, Para promover a assistência à saúde expressa no
cotista ou comanditário; art.230, a União e suas entidade autárquicas e fundacio-
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a nais poderão celebrar convênios excluisivamente para a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- prestação de serviços de assistência à saúde para os seus
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o servidores ou empregados ativos, aposentados, pen-
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; sionistas, bom para seus respectivos grupos familiares
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem definidos, com entidades de autogestão por elas pratro-
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; cinadas por meio de intrumento jurídicos efetivamente
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e
estrangeiro; que possuam autorização de funcionamento do órgão
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; regulador, sendo certo que os convênios celebrados
XV - proceder de forma desidiosa; depois dessa data somente poderão sê-lo na forma da
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- regulamentação específica sobre patrocínio de autoges-
ção em serviços ou atividades particulares; tões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- normas essas também aplicáveis aos convênios existen-
cia e transitórias; tes até 12 de fevereiro de 2006.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- Ainda nesta ótica e para os fins de promover a assi-
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o tência à saúde, observado o art. 230, a União e sua en-
horário de trabalho; tidades autárquicas e fundacionais poderão contratar,
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais mediante licitação (Lei 8.666/1993), contratar, mediante
quando solicitado. licitação, na forma da Lei no 8.666, de 21 de junho de
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do 1993, operadoras de planos e seguros privados de as-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: sistência à saúde que possuam autorização de funciona-
I - participação nos conselhos de administração e fis- mento do órgão regulador. O valor do ressarcimento de
cal de empresas ou entidades em que a União dete- que trata o art. 230, fica limitado ao total despendido
nha, direta ou indiretamente, participação no capital pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro
social ou em sociedade cooperativa constituída para privado de assistência à saúde.
prestar serviços a seus membros; e Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
II - gozo de licença para o trato de interesses parti- de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
culares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou depen-
legislação sobre conflito de interesses. dente que viva a suas expensas e conste do seu assen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tamento funcional, mediante comprovação por perícia


SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLI- médica oficial, por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou
CO não, mantida a remuneração do servidor ou por até 90
(noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração.
O servidor público que estiver ativo ou inativo, bem O agente que para tratamento de saúde inferior a 15
como sua família, terá direito a assistência médica, hospi- (15 dias), dentro de 1 (um ) ano, poderá ser dispenado da
talar, odontológica, psicológica e farmacêutica, os quais perícia oficial, na forma definida em regulamento.
serão prestados pelo Sistema Único de Saúde – SUS, di-
retamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vincu-
lado o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou
ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento par-
cial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e
seus dependentes ou pensionistas com planos ou segu-
ros privados de assistência à saúde.

29
PODERES ADMINISTRATIVOS.
EXERCÍCIO COMENTADO HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
REGULAMENTAR E DE POLÍCIA. USO E
1. (TRE-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – ABUSO DO PODER.
2017) No que se refere ao Regime Jurídico dos Servi-
dores Públicos Civis da União, assinale a opção correta. O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
a) A Lei n.º 8.112/1990 reúne as normas aplicáveis aos que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
servidores públicos civis da União, das autarquias e são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis
das empresas públicas federais. à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-
b) Tanto os servidores estatutários quanto os celetis- ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres especí-
tas submetem-se ao regime jurídico único da Lei n.º ficos, que são deveres administrativos.
8.112/1990. Os poderes conferidos à administração surgem como
c) Os cargos públicos dos órgãos dos Poderes Legislati- instrumentos para a preservação dos interesses da co-
vo e Judiciário são criados por lei, e os dos órgãos do letividade. Caso a administração se utilize destes pode-
Poder Executivo, por decreto de iniciativa do presiden-
res para fins diversos de preservação dos interesses da
te da República.
sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
d) O regime estatutário é o regime jurídico próprio das
incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário
pessoas jurídicas de direito público e dos respectivos
poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-
órgãos públicos.
pliquem em excesso ou abuso de poder.
e) Consideram-se cargos públicos apenas aqueles para
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
os quais se prevê provimento em caráter efetivo.
colocados como prerrogativas de direito público conferi-
das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-
Resposta: Letra D.
tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-
a) A Lei n.º 8.112/1990 reúne as normas aplicáveis tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.
aos servidores públicos civis da União, das autarquias “O poder administrativo representa uma prerrogati-
e das empresas públicas federais. va especial de direito público outorgada aos agentes do
Art.1oEsta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Estado. Cada um desses terá a seu cargo a execução de
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as certas funções. Ora, se tais funções foram por lei come-
em regime especial, e dasfundações públicas federais. tidas aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu
b) Tanto os servidores estatutários quanto os celetis- exercício é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fa-
tas submetem-se ao regime jurídico único da Lei n.º zê-lo, dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer-se
8.112/1990. que usaram normalmente os seus poderes. Uso do po-
Art.1oEsta Lei institui o Regime Jurídico dosServidores der, portanto, é a utilização normal, pelos agentes públi-
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as cos, das prerrogativas que a lei lhes confere”27.
em regime especial, e das fundações públicas federais. Neste sentido, “os poderes administrativos são outor-
c) Os cargos públicos dos órgãos dos Poderes Legisla- gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir
tivo e Judiciário são criados por lei, e os dos órgãos do atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo
Poder Executivo, por decreto de iniciativa do presiden- assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª)
te da República. são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
Parágrafoúnico.Os cargos públicos, acessíveis a to- exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas
dos os brasileiros,são criados por lei, com denomina- públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes
ção própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para o administrador público, impõem-lhe o seu exer-
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. cício e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atin-
d) O regime estatutário é o regime jurídico próprio ge, em última instância, a coletividade, esta a real desti-
das pessoas jurídicas de direito público e dos respec- natária de tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder
tivos órgãos públicos. administrativo é que se denomina de poder-dever de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) Consideram-se cargos públicos apenas aqueles agir”28. Percebe-se que, diferentemente dos particulares
para os quais se prevê provimento em caráter efetivo. aos quais, quando conferido um poder, podem optar por
Parágrafoúnico. Os cargos públicos, acessíveis a to- exercê-lo ou não, a Administração não tem faculdade de
dos os brasileiros, são criados por lei, com denomina- agir, afinal, sua atuação se dá dentro de objetos de in-
ção própria e vencimento pago pelos cofres públicos, teresse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita,
para provimento emcaráter efetivo ou em comissão. o que transforma o poder de agir também num dever
de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o
agente omisso poderá ser responsabilizado.
Os poderes da Administração se dividem em: hierár-
quico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Há quem
diga que vinculado e discricionário são também poderes,
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
28 Ibid.

30
mas a doutrina mais técnica tem afirmado corretamen- Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
te que, na verdade, são formas de exercício dos demais o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
poderes. mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
FORMAS DE EXERCÍCIO pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
1. Forma vinculada que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
Quando o poder se manifesta numa forma vinculada parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, aos interesses da coletividade.
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o
administrador se encontra diante de situações que com- 1. Poder regulamentar
portam solução única anteriormente prevista por lei.
Não há espaço para que o administrador faça um juí-
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con-
zo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele é
ferido à administração de elaborar decretos e regula-
obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei
mentos. O Poder Executivo, nestas situações, exerce for-
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença ça normativa, expedindo normas que se revestem, como
para prestar serviço militar obrigatório – o administrador qualquer outra, de abstração e generalidade.
não escolhe se concede ou não, apenas efetua a verifica- Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-
ção dos requisitos e, se eles estiverem presentes, neces- pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação
sariamente deve tomar a decisão de conceder o pedido. prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-
cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
2. Forma discricionária às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-
rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese
Existem situações em que o próprio agente tem a alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto,
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se
exercício do poder se manifesta na forma discricionária o impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-
administrador não está diante de situações que compor- rias fixadas na própria lei.
tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
um juízo de valores de conveniência e oportunidade. Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da com-
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando petência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir- os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
cunstância de sua revogação. do poder regulamentar ou dos limites de delegação
Uma das principais limitações à discricionariedade é legislativa”.
a adequação, correspondente à adequação da conduta Segundo entendimento majoritário, tanto os decre-
escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O tos quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos
segundo limite é o da verificação dos motivos29. Nes- de natureza originária ou primária) ou de execução (atos
te sentido, discricionariedade não pode se confundir de natureza derivada ou secundária), embora a essência
com arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima do poder regulamentar seja composta pelos decretos e
e quanto a ela caberá controle de legalidade perante o regulamentos de execução. O regulamento autônomo
Poder Judiciário. pode ser editado independentemente da existência de lei
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre- anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico
mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador.
que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio-
Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei
nalidade. Os regulamentos de execução dependem da
reservou aos agentes da Administração, perquirindo os
existência de lei anterior para que possam ser editados e
critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegalida-


raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém
de – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade.
ao exame da legalidade dos atos, não poderá questio-
nar critérios que a própria lei defere ao administrador. Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa-
[...] Modernamente, os doutrinadores têm considerado mente ao Presidente da República expedir decretos e re-
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não
como valores que podem ensejar o controle da discri- pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em
cionariedade, enfrentando situações que, embora com que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten-
aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de der que a existência de decretos autônomos é impedida,
poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de contro- o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como
le reflete ofensa ao princípio republicano da separação válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho31, a
dos poderes”30. respeito, afirma que somente são decretos e regulamen-
tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
29 Ibid.
30 Ibid. 31 Ibid.

31
aqueles que são de natureza derivada – o autor admite 3. Poder disciplinar
que existem decretos e regulamentos autônomos, mas
diz que não são atos do poder regulamentar. É o poder conferido à administração para aplicar san-
A classificação dos decretos e regulamentos em au- ções aos seus servidores que pratiquem infrações disci-
tônomos e de execução é bastante relevante para fins de plinares. Trata-se de decorrência do poder hierárquico,
controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, pois é a hierarquia que permite aos agentes de nível su-
o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está perior fiscalizar as ações dos subordinados.
vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade como Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
regra – não caberá controle de constitucionalidade por natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
ações diretas de inconstitucionalidade ou de constitucio- penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, desta-
nalidade, mas caberá por arguição de descumprimento cam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa-
de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é mais am- ção de aposentadoria.
plo e permite o controle sobre atos regulamentares deri- Evidentemente que tais punições não podem ser
vados de lei, tal como será cabível mandado de injunção. aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de
Em se tratando de decreto autônomo, o parâmetro de sindicância ou processo disciplinar em que se garanta o
controle sempre será a Constituição Federal, possuindo o contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que
decreto a mesma posição hierárquica das demais leis in- somente são passíveis de demissão por sentença judicial,
fraconstitucionais, ocorrendo genuíno controle de cons- que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor
titucionalidade no caso concreto, por qualquer das vias. de justiça).
Outra observação que merece ser feita se refere ao
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na 4. Poder de polícia
França e corresponde à transferência de certas matérias
de caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere É o poder conferido à administração para limitar,
para outras fontes normativas, com autorização do pró- disciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades
prio legislador. Na verdade, o legislador efetuará uma particulares para a preservação dos interesses da coleti-
espécie de delegação, que não será completa e integral, vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o regramento taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tari-
básico, ocorrendo a transferência estritamente do aspec- fa que se caracteriza como preço público e não podendo
ser cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.
to técnico (denomina-se delegação com parâmetros). Há
“A expressão poder de polícia comporta dois senti-
quem diga que nestes casos não há poder regulamentar,
dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder
mas sim poder regulador. É exemplo do que ocorre com
de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Es-
as agências reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre
tado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido
outras.
estrito, o poder de polícia se configura como atividade
administrativa, que consubstancia, como vimos, verda-
2. Poder hierárquico deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra-
ção, consistente no poder de restringir e condicionar a
É o poder conferido à administração de fixar cam- liberdade e a propriedade”33.
pos de competência quanto às figuras que compõem No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
sua estrutura; logo, é um poder de auto-organização. vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém
“Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos ór- é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não
gãos e agentes da Administração que tem como objetivo impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a
a organização da função administrativa. E não poderia atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas as
ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da prerrogativas dos agentes da Administração.
Administração Pública que não se poderia conceber sua Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le-
normal realização sem a organização, em escalas, dos gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con-
agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse escalo- sidera-se poder de polícia a atividade da administração
namento firma-se uma relação jurídica entre os agentes, pública que, limitando o disciplinando direito, interesse
que se denomina relação hierárquica”32. Nesta relação ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
hierárquica, surge para a autoridade superior o poder de fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira
comando e para o seu subalterno o dever de obediência. parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito
à administração de fixar campos de competência quan- administrativo.
to às figuras que compõem sua estrutura. Este poder é Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
exercido tanto na distribuição de competências entre os poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a
órgãos quanto na divisão de deveres entre os servidores administração não precisa de manifestação do Poder Ju-
que o compõem. Se o ato for praticado por órgão in- diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.
competente, é inválido. Da mesma forma, se o for prati-
cado por servidor que não tinha tal atribuição. 4.1 Polícia-função e polícia-corporação
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
o poder de revisão, consistente no poder das autorida- “Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas
des superiores de revisar os atos praticados por seus em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena
subordinados. realçar que não há como confundir polícia-função com
32 Ibid. 33 Ibid.

32
polícia-corporação: aquela é a função estatal propria- 4.4 Liberdades públicas e poder de polícia
mente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma-
terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo, Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre- individual seja relativo perante o interesse público, exis-
venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública, tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste
formal). A polícia-corporação executa frequentemente sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos
funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberdades
ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exer-
públicas que são consagrados no texto constitucional.
cida por outros órgãos administrativos além da corpora-
Para compreender a questão, interessante suscitar
ção policial”34.
qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou
vinculado. A doutrina de Meirelles36 e Carvalho Filho37 re-
4.2 Competência, delegação e transferência
comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus
A competência para exercer o poder de polícia é, a limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan-
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a pesca num determinado rio), mas quando já existem os
competência for concorrente, também o poder de polícia limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não
será exercido de forma concorrente. se pode decidir por multar um pescador e não multar o
O poder de polícia pode ser exercido de forma origi- outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida,
nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên- devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele-
cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não
transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os
(poder de polícia seria de caráter executório, não ino- limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham
vador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial sido ignorados: não haverá discricionariedade, então.
com entes públicos. Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
A transferência de tarefas de operacionalização, no são:
âmbito de simples constatação, não é considerada de-
legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando “• Necessidade – a medida de polícia só deve ser
a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem- adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de
plo, uma empresa contratada para operar radares não perturbações ao interesse público;
recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda • Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação en-
municipal instituída na forma de empresa pública com tre a limitação ao direito individual e o prejuízo a
poder de aplicar multas recebeu tal delegação. ser evitado;
• Eficácia – a medida deve ser adequada para im-
4.3 Polícia judiciária e polícia administrativa pedir o dano a interesse público. Para ser eficaz a
Administração não precisa recorrer ao Poder Judi-
Uma das mais importantes classificações doutriná- ciário para executar as suas decisões, é o que se
rias corresponde à distinção entre polícia administrativa chama de autoexecutoriedade”38.
e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho:
“ambos se enquadram no âmbito da função administra- Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in- de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade da trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
Administração que se exaure em si mesma, ou seja, ini- administrativo para imposição de multa de trânsito, são
cia e se completa no âmbito da função administrativa. O necessárias as notificações da atuação e da aplicação da
mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, embora pena decorrentes da infração”.
seja atividade administrativa, prepara a atuação da fun-
ção jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo Código 4.5 Setores de atuação da polícia administrativa
de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por órgãos de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

segurança (polícia civil ou militar), ao passo que a Polícia Considerando que todos os direitos individuais são
Administrativa o é por órgãos administrativos de caráter limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de-
mais fiscalizador. Outra diferença reside na circunstância duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o
de que a Polícia Administrativa incide basicamente sobre mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia
atividades dos indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego,
preordena-se ao indivíduo em si, ou seja, aquele a quem polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de cons-
se atribui o cometimento de ilícito penal”35. Além dis- truções etc. Neste sentido, será possível atuar tanto por
so, essencialmente, a Polícia Administrativa tem caráter atos normativos (atos genéricos, abstratos e impessoais,
preventivo (busca evitar o dano social), enquanto que a como decretos, regulamentos, portarias, instruções,
Polícia Judiciária tem caráter repressivo (busca a punição
daquele que causou o dano social). 36 MEIRELLES, Hely Lopes... Op. Cit.
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
34 Ibid. 38 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 5. ed. São
35 Ibid. Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

33
resoluções, entre outros) e por atos concretos (voltados implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
a um indivíduo específico e isolado, que podem ser de- de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
terminações, como a multa, ou atos de consentimento, públicos, quando vagos”.
como a concessão ou revogação de licença ou autoriza-
ção por alvará). 3. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Julgue o
seguinte item, a respeito dos poderes da administração
pública.
#FicaDica
O poder hierárquico se manifesta no controle exercido
• Poder disciplinar – É aquele que a Admi- pela administração pública direta sobre as empresas
nistração possui para punir seus próprios públicas.
servidores, bem como aplicar sanções a
particulares a ela vinculados por ato ou (  ) CERTO   (  ) ERRADO
contrato.
• Poder hierárquico – É aquele que a Admi- Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder
nistração possui para ordenar, coordenar, interno de organização, sendo assim, não existe hie-
controlar e revisar os atos de seus subor- rarquia entre administração direta e indireta.
dinados, podendo ainda avocar e delegar
competências. 4. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA –
• Poder regulamentar – É aquele que a Ad- CESPE – 2018) Acerca dos poderes da administração pú-
ministração possui para, por meio da chefia blica e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
do Executivo, de editar atos normativos ge- a seguir. O poder disciplinar, decorrente da hierarquia,
rais e abstratos. tem sua discricionariedade limitada, tendo em vista que a
• Poder de polícia – É aquele que a Admi- administração pública se vincula ao dever de punir.
nistração possui para limitar o exercício de
direitos individuais em prol da coletividade. (  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis-


cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. Entre
EXERCÍCIO COMENTADO
elas, o dever de investigar é vinculado, bem como a
aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera ques-
1. (EBSERH – Advogado – CESPE – 2018) Julgue o se- tão interna, mas verdadeira questão de ilegalidade – e
guinte item, a respeito dos poderes da administração o poder público se vincula ao princípio da legalidade.
pública. No exercício do poder regulamentar, a adminis- De outro lado, existe margem de discricionariedade
tração pública não poderá contrariar a lei. ao determinar a gravidade e o enquadramento da
infração.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
5. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará- – CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou trativos, julgue o item que se segue.
seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria- O poder de polícia consiste na atividade da administra-
das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos
poder, estará infringindo a Separação dos Poderes. normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade
dos indivíduos conforme o interesse público.
2. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA
– CESPE – 2018) Considerando a doutrina majoritária, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
julgue o próximo item, referente ao poder administrati-
vo, à organização administrativa federal e aos princípios Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como
básicos da administração pública. No exercício do poder aquele conferido à administração para limitar, discipli-
regulamentar, o Poder Executivo pode editar regulamen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nar, restringir e condicionar direitos e atividades par-


tos autônomos de organização administrativa, desde que ticulares para a preservação dos interesses da coletivi-
esses não impliquem aumento de despesa nem criação dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
ou extinção de órgãos públicos. taxa (artigo 145, II, CF).
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
USO DO PODER E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO
Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84,
IV, CF que poderia dar a entender que a existência
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a
reconheceu decretos autônomos como válidos em si-
lei lhes confere”39. Significa que se um agente toma suas
tuações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF:
atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos,
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando não 39 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

34
está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para Vale destacar que nem toda omissão do poder pú-
determinar se a ação está ou não em conformidade é o blico é ilegal. As denominadas omissões genéricas, que
dos deveres administrativos. envolvem prerrogativas de ação do administrador de ca-
Assim, além de poderes, os agentes administrativos, ráter geral e sem prazo determinado para atendimento,
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições inseridas em seu poder discricionário, não autorizam a
que exercem. Dentre os principais, podem ser citados alegação de ilegalidade por violação do poder-dever de
os seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do agir. Insere-se aqui a denominada reserva do possível
assunto: – por óbvio sempre existirão algumas omissões tendo
em vista a escassez de recursos financeiros. Ex.: deixar
• Dever de probidade: trata-se de um dos deveres de reformar a entrada de um edifício, não construir um
mais relevantes, correspondendo à obrigação do estabelecimento de ensino. São ilegais, com efeito, as
agente público de agir de forma honesta e reta, omissões específicas, que são omissões do poder públi-
respeitando a moralidade administrativa e o inte- co mesmo diante de imposição expressa legal e prazo
resse público. A violação deste dever caracteriza
fixado em lei para atendimento. Nestas situações, caberá
ato de improbidade, punível, conforme artigo 37,
até mesmo responsabilização civil, penal ou administrati-
§4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas
va do agente omisso.
penas, como suspensão de direitos políticos, perda
da função pública, proibição de contratar com o
poder público, multa, além de restituição ao erário Abuso de poder
por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da-
nos causados ao erário. Havendo poderes, naturalmente será possível o abu-
• Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por
administrador não lhe pertence, é seu dever pres- parte dos administradores das prerrogativas a eles con-
tar contas do que realizou à coletividade, isto é, in- feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio-
formar em detalhes qual o destino dado às verbas lação expressa ou tácita da lei.
e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange não “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
só aqueles que são agentes públicos, mas a todos rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
que tenham sob sua responsabilidade dinheiros, sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
bens ou interesses públicos, independentemente competência, afasta-se do interesse público que deve
de serem ou não administradores públicos. nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro
caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’
“A prestação de contas de administradores pode ser e no segundo, com ‘desvio de poder’”41. Basicamente,
realizada internamente através dos órgãos escalonados havendo abuso de poder é possível que se caracterize
em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de
controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser poder, o agente nem teria competência para agir naque-
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se la questão e o faz. No abuso de poder, o agente possui
situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua competência para agir naquela questão, mas não o faz
especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica- em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se
ção de contas dos administradores”40. do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio
de poder também é denominado desvio de finalidade. A
• Dever de eficiência: a atividade administrativa deve conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
ser célere e técnica, mesclando qualidade e quan-
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
tidade. Para tanto, é necessário atribuir competên-
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
cias aos cargos conforme a qualificação exigida
ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
para ocupá-los; bem como desempenhar ativida-
des com perfeição, coordenação, celeridade e téc- sua competência ou despida da finalidade da lei, pos-
nica. Não significa que perfeccionismo em excesso sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem
seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantita- toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
tivo do serviço, que também é essencial para que abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
ele seja eficiente. revisão administrativa ou judicial”42.
• Dever de agir: o administrador possui um poder- Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

-dever de agir. Não se trata de mero poder, por- que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
que priorizam atender ao interesse da coletividade trador, mas também estabelece deveres.
e, em razão disso, o poder de agir é também um
dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad-
ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser
#FicaDica
responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo Excesso de poder = incompetência / além
possibilidade de obter o ato não realizado: pela via do permitido na legislação
extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de Abuso de poder = competência = desvio
petição; ou por via judicial, por intermédio de man- de finalidade / motivos diversos dos legal-
dado de segurança, quando ferir direito líquido e mente previstos.
certo do interessado comprovado de plano, ou por
ação de obrigação de fazer.
41 Ibid.
40 Ibid. 42 Ibid.

35
livremente quem deve contratar, seja para a compra e
EXERCÍCIO COMENTADO fornecimento de materiais ou para a prestação de um ser-
viço com relevante interesse público. Por ser uma pessoa
jurídica de direito público, os imperativos da isonomia,
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CARGOS: 10 E da impessoalidade, e da indisponibilidade do interesse
12 – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativos aos público, obrigam a Administração à realização de um
poderes da administração pública. processo público para a seleção mais imparcial possível
O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por da melhor proposta, garantindo igualdade de condições
agente público sem competência para a sua prática. a todos que queiram concorrer para a eventual celebra-
ção do contrato. Esse é o processo denominado licitação,
(  ) CERTO   (  ) ERRADO previsto no artigo 37, XXI, da Constituição Federal.
Assim, podemos conceituar a licitação como o proce-
Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando dimento administrativo em que ocorre a seleção da me-
o ato é realizado por agente público sem competência lhor proposta, de modo imparcial a todos os interessados.
para a sua prática, não o desvio de poder. As finalidades das licitações são diversas, algumas
dispostas no art. 3º da Lei nº 8.666/1993. Segundo o re-
2. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA ferido dispositivo legal, a licitação tem por finalidade: a)
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis- buscar a melhor proposta, promovendo maior compe-
trativos, julgue o item que se segue. titividade entre os potenciais contratados, com a finali-
Não configurará excesso de poder a atuação do servidor dade de almejar o negócio mais vantajoso; b) oferecer
público fora da competência legalmente estabelecida uma igualdade de condições aos interessados em con-
quando houver relevante interesse social. tratar com o Poder Público, em atendimento à isonomia
e a impessoalidade, desde que atendam as condições
(  ) CERTO   (  ) ERRADO previamente fixadas no instrumento convocatório; e c)
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável,
Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder introduzido posteriormente pela Lei nº 12.349/2010,
justamente quando o servidor atua fora dos limites envolvendo aspectos econômicos, sociais e ambientais.
da lei e ingressa na esfera de competência de outrem, Infere-se, com isso, que as licitações atualmente pode
independentemente de justificativa com base em in- apresentar outros objetivos, como o cumprimento de
teresse social. uma função social, impedir o desmatamento desneces-
sário, entre outros.
3. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
trativos, julgue o item que se segue. #FicaDica
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva A finalidade do desenvolvimento nacional
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte- sustentável foi primeiramente denotada
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi- pela doutrina. Porém, podemos perceber
vidual do administrado. várias medidas novas na legislação adota-
das no procedimento licitatório que eviden-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
ciam essa nova faceta do mesmo. Dentre es-
sas medidas, destaca-se a preferência para
Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer os produtos manufaturados pela indústria
tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode nacional (art. 6º, XVII, Lei nº 8.666/1993) e
se caracterizar por inércia da administração ou recusa a produção interna; bem como os produtos
injustificada. manufaturados e serviços nacionais (art.
6º, XVIII, Lei nº 8.666/1993) resultantes de
desenvolvimento e realização tecnológica
LICITAÇÃO. PRINCÍPIOS. CONTRATAÇÃO realizados no País. Pode haver, inclusive,
DIRETA: DISPENSA E INEXIGIBILIDADE. uma equiparação entre os produtos e ser-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

MODALIDADES. TIPOS. PROCEDIMENTO. viço nacional com aqueles prestados pelo


Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Faremos, agora, uma análise pormenorizada da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que dispõe sobre Sobre a natureza jurídica, a doutrina classifica, de
o procedimento licitatório, bem como dos contratos forma quase unânime, a licitação como um procedi-
administrativos. mento administrativo. É um procedimento, uma vez
que se manifesta por uma sequência ordenada de atos.
NOÇÕES GERAIS DE LICITAÇÃO Não pode ser considerado um processo, pela inexistên-
cia de partes litigantes. A ênfase em dizer que a licita-
A Administração tem a faculdade de realizar contra- ção é um procedimento administrativo advém do fato
tos com particulares. Porém, ao contrário do que ocor- de que, por muito tempo, houve quem sustentasse ser
re na esfera privada, o Poder Público não pode escolher a licitação um instituto de Direito Financeiro, e não de

36
Direito Administrativo. Essa diferença no enquadramen- b) Pressuposto Jurídico: caracteriza-se pela conve-
to do instituto implicava em uma alteração dos princípios niência e oportunidade do procedimento licitató-
aplicáveis e a mudança da competência para editar leis rio. A licitação deve ser útil e trazer vantagem para
sobre a matéria. a Administração, bem como atender ao interesse
Sobre a competência legislativa do instituto, o art. público. Caso contrário, é preferível uma contra-
22, XXVII, da CF/1988 atribui como competência priva- tação direta. A ausência desse pressuposto torna
tiva da União legislar sobre normas gerais de licitação e a licitação inexigível ou dispensável. É o caso, por
contratações, em todas as modalidades, para as adminis- exemplo, da compra de bens de valor inferior a R$
trações públicas diretas, indiretas, autárquicas e funda- 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais).
cionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. c) Pressuposto Fático: por razões óbvias, é também
Todavia, a doutrina denota que, em se tratando de com- imprescindível o comparecimento dos interessa-
petência da União para editar “normas gerais”, cumpre dos em participar da licitação. Se ninguém com-
aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal a edi- parecer com uma proposta válida (que atenda aos
ção de regras específicas para suplementar essas normas requisitos exigidos no edital), a licitação é conside-
gerais. Por isso, a doutrina crê que a competência para rada deserta ou fracassada. A ausência do pressu-
legislar sobre licitações, na verdade, é concorrente, e re- posto fático implica em dispensa da licitação, na
ferido dispositivo deveria estar expresso no artigo 24 da forma do artigo 24, V, da Lei nº 8.666/1993.
CF/1988. d) Pressuposto Orçamentário: alguns autores tam-
Por ser um tema bastante técnico e preciso, o conheci- bém elencam a obediência ao orçamento público
mento da lei seca é essencial para qualquer concursando. como um pressuposto essencial do procedimento
A matéria legislativa sobre o procedimento licitatório, na licitatório. Nos termos do artigo 7º, § 2º, III e IV, da
realidade, é bastante vasta. Procuramos dar maior des- Lei de Licitações, As obras e os serviços somen-
taque à Lei nº 8.666/1993, que dispõe sobre as normas te poderão ser licitados quando houver previsão
gerais de licitação, e à Lei nº 10.520/2002, que introduziu de recursos orçamentários que assegurem o pa-
o pregão, como uma nova modalidade de licitação a to- gamento das obrigações decorrentes de obras
dos os entes federativos. Todavia, também gostaríamos ou serviços a serem executadas no exercício fi-
de destacar outros instrumentos legais, como a Lei nº nanceiro em curso, de acordo com o respectivo
8883/1994, a Lei nº 11.079/2004, que institui as Parcerias cronograma; bem como quando o produto dela
Público-Privadas ou PPPs, a Lei nº 9.472/1997 que insti- esperado estiver contemplado nas metas estabe-
tui duas modalidades de licitação exclusivas da ANATEL, lecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165
o pregão e a consulta; e o Decreto nº 9.412/2018, que da Constituição Federal, quando for o caso. Vale
atribui novos valores quanto a preço de algumas formas destacar, também, o texto do artigo 14 da mesma
licitatórias. Lei, que dispõe nenhuma compra será feita sem a
adequada caracterização de seu objeto e indicação
A LEI GERAL DE LICITAÇÕES (LEI Nº 8.666/1993) dos recursos orçamentários para seu pagamento,
sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de
Como forma de regulamentar o inciso XXI do artigo quem lhe tiver dado causa.
37 da CF/1988, a Lei de Licitações (Lei nº 8.666/1993)
é uma lei nacional que institui normas gerais sobre lici- O dever de licitar
tações e contratações feitas pela Administração Pública,
sendo aplicável a todos os entes da Federação. Impor- A quem incumbe o a obrigatoriedade de licitar? Essa
tante, por isso, conhecer os seus principais dispositivos, é uma questão que apresenta diversos desdobramen-
bastante exigidos em concursos públicos. tos na doutrina, e por isso, precisa ser melhor detalha-
da. Segundo o parágrafo único do artigo 1º da Lei nº
Pressupostos da licitação 8.666/1993, que apresenta um rol muito mais extenso do
que o disposto no art. 37, XXI, da Constituição Federal,
Ressalvadas as hipóteses de contratação direta defini- Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da
das na legislação, a celebração de contratos administrati- administração direta, os fundos especiais, as autarquias,
vos exige a prévia realização de procedimento licitatório. as fundações públicas, as empresas públicas, as socieda-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Considerando ser uma disputa que visa a obtenção da des de economia mista e demais entidades controladas
melhor proposta à luz do interesse público, a licitação direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Fe-
só pode instaurada mediante o preenchimento de certos deral e Municípios.
pressupostos, que podem ser definidos como: Assim, de modo geral, pode-se dizer que todos os
entes públicos tem um dever de licitar, compreendendo:
a) Pressuposto lógico: para ocorrer um procedimen-
to licitatório, faz parte da sua lógica a existência a) os entes da Administração Pública Direta, União,
de pluralidade de objetos e de ofertantes, sem os Estados, Municípios, Distrito Federa;
quais torna inviável a competitividade inerente da b) as autarquias, fundações, e agências reguladoras,
licitação. Ausente o pressuposto lógico, a licitação enfim, as pessoas jurídicas de direito público da
torna-se inexigível. É o caso, por exemplo, da com- Administração Indireta;
pra de equipamentos fornecidos por produtor ex- c) as empresas públicas e as sociedades de economia
clusivo (art. 25, I, Lei nº 8.666/1993). mista;

37
d) o Poder Legislativo; Princípios da Licitação
e) o Poder Judiciário;
f) o Ministério Público; Por ser a licitação um instituto de Direito Adminis-
g) o Tribunal de Contas; trativo, deve obrigatoriamente obedecer aos princípios
h) as fundações de apoio; inerentes daquele ramo de direito público, dispostos no
i) as organizações do sistema S; etc. Todos esses en- caput do art. 37 da CF/1988. Contudo, a licitação per si
tes, de certa forma, fazem parte da administração apresenta alguns princípios específicos, que fundamen-
pública, seja porque integram o se quadro de pes- tam a sua forma de ser. Esses princípios são:
soas, seja porque prestam serviços de relevante
interesse público. I) Princípio da isonomia: é o princípio que defende
a igualdade entre todos os competidores, pois se en-
Todavia, alguns desses entes públicos apresentam contram na mesma situação. Em decorrência disso, o
certas particularidades que os dispensam do dever de art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/1993 proíbe preferências
licitar. No caso das Organizações Sociais (OS), o art. ou distinções dos competidores em razão da naturali-
24, XXIV da Lei nº 8.666/1993 prevê expressamente a dade, domicílio, ou qualquer outra circunstância irre-
dispensa de licitação para a celebração de contratos de levante para o objeto do contrato.
gestão com as OS, pois apesar de serem entidades priva- II) Princípio da competitividade: como a licitação
das, o tipo de atividade que exercem entende-se não ser serve para buscar a melhor proposta dentre várias
exigível a licitação. No caso das Organizações da Socie- apresentadas, a adoção de medidas que ferem com o
dade Civil de Interesse Público (OSCIPs), apesar de não caráter competitivo do certame são vedadas. Assim, as
haver previsão expressa, por ser instituto similar à OS, exigências de qualificação técnica e econômica devem
entende-se também que não há o dever de licitar, exceto se restringir a aquilo considerado indispensável para
para obras, compras, serviços e alienações contratados a garantia do cumprimento das obrigações advindas
por entidades com recursos ou bens repassados volun- da licitação.
tariamente pela União (art. 1º, Decreto nº 5.504/2006).
III) Princípio da vinculação ao instrumento con-
vocatório: a Administração não pode descumprir as
FIQUE ATENTO!
normas e condições do edital, ao qual se acha estrita-
As autarquias profissionais possuem o dever de mente vinculada. Edital mal elaborado causa diversos
licitar. Contudo, isso não se aplica para a OAB. O problemas (art. 41, Lei nº 8.666/1993).
STF pacificou entendimento de que a OAB não IV) Princípio do julgamento objetivo: deve-se
é uma autarquia, mas uma entidade sui generis. evitar a subjetividade o máximo possível. Apesar de
Por isso, a OAB não é obrigada a licitar. inexistir a possibilidade de um julgamento totalmente
objetivo, os aspectos subjetivos e pessoais devem ser
mínimos, a fim de pouco interferir no resultado do ins-
Outro ponto que merece destaque é a questão das trumento licitatório.
empresas públicas e sociedades de economia mis- V) Princípio da vedação de oferta de vantagens:
ta. Pelo texto constitucional (art. 173, § 1º, CF/1988), as é absolutamente vedado ao Estado fazer subsídios ou
empresas estatais possuem o dever de licitar. Porém, vantagens baseadas nas ofertas dos demais licitantes
uma corrente na doutrina, defendida por Celso Antônio (art. 44, § 2º, Lei nº 8.666/1993).
Bandeira de Mello, surge com a questão das empresas VI) Princípio do sigilo das propostas: nos termos
estatais que realizam uma atividade econômica. A obri- do art. 43, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, os envelopes
gatoriedade de licitar, nesses casos, traria uma grande contendo as propostas dos licitantes não podem ser
desvantagem dessas empresas estatais, comparado com abertos, e seu conteúdo não pode ser divulgado antes
as demais empresas privadas. Por isso, tal corrente de- do momento adequado.
fende que as empresas estatais que exercem atividade
econômica não devem licitar. O próprio artigo 173, in- Tipos de Licitação
clusive, faz menção apenas as empresas prestadoras de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serviço público. Os tipos de licitação variam, de acordo com a for-


Para efeitos didáticos, as empresas estatais não pre- ma do julgamento das propostas e os critérios diferentes
cisam licitar durante o exercício de sua atividade fim, adotados. Trata-se de um rol taxativo, previsto no art. 45,
envolvendo a exploração de atividades econômicas. § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Com isso, pode-se afirmar que
Contudo, para as suas atividades meio (contratação de são tipos de licitação:
funcionários de limpeza, vigilância, etc), é preciso licitar.
Sobre o objeto da licitação, o artigo 2º da Lei nº a) Tipo menor preço: envolve o julgamento de va-
8.666/1993 determina que a licitação será utilizada para lores econômicos de cada proposta. A proposta
a compra de bens móveis e imóveis; a contratação de vencedora deve ser aquela que apresentar preço
serviços, incluindo serviços de publicidade e seguro; a menor.
realização de obras de engenharia; locação e alienação b) Tipo melhor técnica: geralmente utilizada para as
de bens públicos; a outorga de concessão de serviços propostas envolvendo trabalhos intelectuais ou ar-
públicos; e a outorga de permissão de serviços públicos. tísticos, que requerem alta expertise.

38
c) Tipo técnica e preço: é apenas uma junção dos ti- Mas a concorrência também deve ser utilizada, obri-
pos de licitação anteriores. Aqui há uma ponde- gatoriamente, independentemente de valores econô-
ração entre as propostas que apresentam maior micos, para a compra e venda de bens imóveis, para
qualidade técnico-profissional, com o seu valor concessão de direito real de uso, para as licitações feitas
econômico-financeiro. em âmbito internacional, nos contratos de empreitada, e
d) Tipo maior lance ou oferta: é utilizado nas licita- para as concessões de serviços públicos.
ções na modalidade leilão de bens. O vencedor do Por envolver diversos objetos licitatórios, a concor-
certame será aquele que apresentar o maior lan- rência apresenta um prazo bem grande, entre a publi-
ce. Há também a licitação por tipo menor lance ou cação do edital e a entrega dos envelopes com as pro-
oferta, utilizado principalmente no pregão (Lei nº postas, em comparação com as outras modalidades. Há
10.520/2002). um prazo mínimo de 45 dias para a maioria das técnicas,
sendo de 30 dias apenas para a técnica de menor pre-
O tema não se exaure apenas na Lei de Licitações. A ço, pois entende-se que a proposta é mais simples de se
Lei nº 8.987/1995, que dispõe sobre as concessões e per- elaborar.
missões de serviço público, elenca outros tipos de licita-
ção, isso é, outros critérios de julgamento de propostas. • Tomada de preços
Entra eles, destaca-se:
Com fundamento no artigo 22, § 2º, da Lei nº
a) de menor valor da tarifa; 8.666/1993, a tomada de preços é a modalidade reali-
b) de maior oferta; zada entre interessados já devidamente cadastrados, ou
c) de melhor pagamento de outorga após a qualifica- que atendem as condições específicas do edital e requei-
ção das propostas; ram seu cadastramento em até três dias úteis antes do
d) melhor proposta técnica (utilizada em casos cujo recebimento das propostas. Percebe-se, com isso, que o
edital apresenta um preço fixo); número de competidores é menor, se comparado com o
e) menor tarifa com melhor técnica; e da concorrência.
f) maior oferta pela outorga com melhor técnica. A tomada de preços geralmente envolve projetos de
vulto médio. Os valores limites para a tomada de preços
Modalidades de licitação são:

Atualmente, há sete modalidades de licitação no or- a) para obras e serviços de engenharia; os valores das
denamento jurídico brasileiro. A Lei nº 8.666/1993 faz propostas serão de até R$ 3.300.000,00 (três mi-
menção expressa de cinco. São eles: lhões e trezentos mil reais); e
b) para os demais serviços em geral; até R$
• Concorrência 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil
reais).
A concorrência é a espécie de licitação em que qual-
quer pessoa pode participar, desde que preencham os O prazo de intervalo mínimo entre a publicação do
requisitos básicos e mínimos exigidos no edital na es- edital e a entrega dos envelopes é de trinta dias corridos
pecificação do objeto licitatório. Tem o seu fundamento para a melhor técnica ou melhor técnica e preço, sendo
no art. 22, § 1º da Lei nº 8.666/1993. É um procedimento de 15 dias corridos para a de menor preço.
que envolve uma grande quantidade de competidores,
em atendimento ao princípio da isonomia. • Convite
A concorrência, de modo geral, é utilizada para pro-
jetos de grande vulto, envolvendo grandes valores eco- O convite (art. 22, § 3º, Lei nº 8.666/1993) é a moda-
nômicos. Podemos, inclusive, realizar uma diferenciação lidade de licitação entre os interessados que atuam no
entre a concorrência, a tomada de preços e o convite jus- ramo do referido projeto. Como o próprio nome aduz,
tamente pelos seus valores limites. O estudo desses va- a Administração convida, no mínimo, três prestadores
lores-limite merece maior destaque, considerando uma de serviços para participarem do procedimento. Essa é
atualização recentemente da matéria. Em 2018, o então a modalidade em que possui os critérios mais variados
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

presidente Michel Temer editou o Decreto nº 9.412/2018, para o chamamento, sendo muitas vezes utilizado a con-
alterando os valores dispostos nos incisos I e II do artigo fiança do ente público em relação com o interessado. O
23 da Lei nº 8.666/1993. ente público deve, todavia, publicar o edital do convite,
Com isso, podemos afirmar que, a concorrência pos- abrindo-o para os demais cadastrados, desde que façam
sui um valor piso, isso é, um valor mínimo que deve cons- requerimento em participar do pleito em até 24 horas da
tar nas propostas apresentadas. Esses limites são: publicação do edital.
Seu procedimento também é muito mais simples, jus-
a) para as obras e serviços de engenharia, acima de tamente por ter poucos competidores. Não há aqui um
R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); edital, mas uma carta-convite, que apresenta o projeto
b) para as compras e serviços não relacionados de modo mais simples e sem muitas especificações.
com a engenharia; o valor deve ser acima de R$ O convite apresenta-se como o exato oposto da con-
1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil corrência, sendo utilizado para projetos de pequeno vul-
reais). to. Assim, seus valores limites são:

39
a) para obras e serviços de engenharia, até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); e
b) para as demais serviços em geral; até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais).

O intervalo mínimo entre a expedição da carta-convite e a entrega dos envelopes é de 5 dias úteis. Esquematica-
mente, temos:

Valores limite (segundo Concorrência Tomada de Preços Convite


Decreto nº 9.412/2018)
Para obras e serviços de Acima de 3.300.000,00 Até 3.300.000,00 Até 330.000,00
engenharia
Para os demais serviços Acima de 1.430.000,00 Até 1.430.000,00 Até 176.000,00

• Concurso

Concurso é a modalidade de licitação realizada entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme os critérios dis-
postos no edital. Tem seu fundamento disposto no art. 22, § 4º, da Lei de Licitações. Não confundir com o concurso
público, instrumento utilizado para o provimento de cargos públicos na Administração.
Importante destacar que não há a utilização de valores como critério de diferenciação, pois trata-se de uma moda-
lidade de licitação em que os valores econômicos são irrelevantes ao objeto do mesmo.
O prazo mínimo é um dos maiores das modalidades licitatórias: de 45 (quarenta e cinco) dias. Por envolver um tra-
balho bastante técnico (confecção de obra de arte, trabalhos de natureza científica), entende-se que os competidores
devem ter um prazo maior para elaborá-lo nos moldes do edital.
A Comissão Julgadora das propostas pode ser composta por pessoas que não possuem vínculo com a Administra-
ção Pública. É o caso de uma comissão composta por professores ou cientistas, enfim, pessoas com um conhecimento
técnico profissional alto e relevante para o objeto do concurso.

• Leilão

O leilão é utilizado, de modo geral, entre quaisquer interessados, para a alienação de bens móveis inservíveis, bem
como para os bens imóveis oriundos de procedimento judicial ou dação, e para a alienação de produtos apreendidos.
Seu fundamento jurídico encontra-se disposto no art. 22, § 5º da Lei nº 8.666/1993. O vencedor será escolhido quando
o lance dado for igual ou superior ao da avaliação do referido bem.
Assim como no concurso, não há limitação de valores, pois o leilão é sempre analisado segundo o critério do maior
lance ou oferta. O intervalo mínimo entre o instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 15 (quinze) dias.

• Consulta

A consulta é uma modalidade prevista exclusivamente para a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL),
sendo utilizada justamente para o fornecimento de bens e serviços. Todavia, a consulta sofreu ampliação, podendo ser
utilizada por todas as agências reguladores. Tem previsão na Lei nº 9.472/1997, sendo realizada mediante procedimen-
tos próprios e determinado por atos normativos expedidos pela própria agência.

• Registro de Preços: Decreto nº 7.892/1993

Previsto no art. 15 da Lei nº 8.666/1993, sendo regulamentado pelo Decreto nº 7.892/1993, é uma espécie utilizada
para compras, obras ou serviços que sejam frequentes. É o caso, por exemplo, da compra de passagens aéreas para os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

membros do Executivo realizar as constantes viagens internacionais. Ao invés de várias licitações, é realizada uma con-
corrência e o posterior registro da proposta vencedora para ser utilizada sempre que necessária para uma contratação.
A contratação, per si, não é obrigatória, embora seja necessário, sempre, fazer uma pesquisa de preços de mercado
antes da contratação pelo registro de preços.

FASES DA LICITAÇÃO

É certo que cada modalidade licitatória apresenta um procedimento próprio. Todavia, a sequência de fases de cada
licitação observa a mesma estrutura e padrão da concorrência. As fases da concorrência, desse modo, são iguais para
todas as outras modalidades.

A concorrência é dividida em duas grandes etapas: fase interna e fase externa. A fase interna é aquela em que
temos todos os atos anteriores a publicação do edital, envolvendo etapas como:

40
a) elaboração de projeto básico para serviços de A desclassificação das propostas pode se dar:
engenharia,
b) detalhamento do orçamento, a) por inexequibilidade, quando os preços forem
c) compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA), muito abaixo do preço de mercado;
d) criação da Comissão de Licitação, e b) que contrariam cláusula do edital, como ocorre
e) a publicação do instrumento convocatório. quando há uma qualificação técnica que não tem
relevância alguma para o objeto da licitação; ou
A Comissão de Licitação será composta por 3 mem- c) por condições relativas a propostas de outros lici-
bros, sendo 2 deles obrigatoriamente servidores inte-
tantes, sendo absolutamente vedado elaborar uma
grantes dos quadros da Administração Pública (art. 51,
proposta cujo preço, por exemplo, é “10% inferior
Lei nº 8.666/1993).
O edital é o instrumento utilizado para a convocação ao preço do competidor X”. Com a divulgação dos
dos interessados no procedimento licitatório. Seu con- resultados, abre-se o prazo para recurso de efeito
teúdo é pormenorizado, devendo constar detalhes como suspensivo (em 5 dias).
o tipo de licitação, o nome da repartição interessada na
licitação, os critérios de julgamento, as condições de pa- Importante lembrar que alguns diplomas específicos,
gamento, entre outras disposições. O conteúdo do edital como o de pregão e o da Lei nº 8.987/1995, trazem a
é previsto nos incisos do artigo 40 da Lei nº 8.666/1993. inversão de fases de julgamento e habilitação. Primeiro
É lícito à Administração introduzir alterações no Edital, se faz o julgamento das propostas, e depois abre-se o
devendo, em tal caso, renovar a publicação do Aviso por envelope da proposta já julgada.
prazo igual ao original, sob pena de frustrar a garantia A homologação é a etapa em que todos os autos
da publicidade e o princípio formal da vinculação ao sobem para a autoridade superior, que procederá a ava-
procedimento. liação de todo o procedimento. Essa é uma hipótese de
A fase externa, por sua vez, tem o seu início com controle interno da licitação, haja vista que é realizada
a publicação do edital. É possível impugnar o edital, no por ente público dentro da própria Administração. Essa
prazo de 5 dias úteis, devendo a Administração respon-
forma de controle é possível, devido ao poder de autotu-
der a impugnação em prazo não superior a 3 dias úteis
tela que Administração Pública tem para rever seus pró-
(art. 41, § 1º, Lei nº 8.666/1993). Após isso, temos a etapa
da habilitação, com o recebimento e abertura de enve- prios atos. Assim, a licitação poderá ser anulada, haven-
lopes. Os envelopes são recebidos sigilosamente, em ex- do algum vício que torna algum de seus atos defeituoso,
ceção ao princípio da publicidade disposto no caput do ou revogada, por alguma causa superveniente (mudan-
art. 37 da CF/1988. ças no cenário econômica) que não torna a licitação mais
vantajosa.
A etapa da habilitação envolve quatro verificações Novamente importante frisar que não existe direito
de cada competidor: subjetivo à contratação, mas uma mera expectativa de
direito de realizar contrato com o Poder Público. Não há,
a) a habilitação jurídica, envolvendo os documentos nesse caso, uma responsabilidade do Estado de indenizar
da pessoa física ou da pessoa jurídica; o participante vencedor, não havendo a eventual contra-
b) a regularidade fiscal, isso é, a verificação do pa- tação do mesmo.
gamento devido e correto dos tributos do
competidor; A última etapa da fase externa é a adjudicação. Con-
c) a qualificação técnica (art. 30, Lei nº 8.666/1993), siste na elaboração de ato administrativo declaratório e
envolvendo a aptidão do competidor para desem- vinculado, de atribuição jurídica do objeto da licitação ao
penho da atividade pertinente e compatível com o
vencedor do certame. Adjudicatário é o vencedor do cer-
disposto no edital; e
tame, e tal ato é apenas declaratório, pois não gera um
d) a qualificação econômico-financeira (art. 31, idem),
envolvendo o balanço patrimonial e as demons- direito de contratar com a Administração. A adjudicação
trações contábeis do último exercício social, por produz dois efeitos:
exemplo. Para preservar a competitividade, as
exigências de qualificação técnica e econômica a) garantir o direito de que o vencedor não tenha seu
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

devem ser compatíveis e proporcionais ao objeto direito preterido na elaboração do contrato; e


licitado, restringindo-se ao que for estritamen- b) a liberação jurídica dos demais competidores.
te indispensável para garantir o cumprimento do
futuro contrato. O não atendimento às exigências CONTRATAÇÃO DIRETA
da habilitação implica a exclusão da empresa no
certame. A regra geral é a obrigatoriedade da licitação para
as pessoas que integram a Administração, ou que mes-
A classificação é a etapa de análise e julgamento das mo não integrando a mesma, realizam a prestação de
propostas apresentadas pelos concorrentes habilitados. um serviço de relevante interesse público. Ocorre que,
Aqui temos efetivamente a abertura dos envelopes, ca- em alguns casos, a legislação autoriza o Poder Público a
bendo a comissão a tarefa de analisar se cada uma das
realizar a contratação direta, sem a necessidade do pro-
propostas se adequa com os requisitos específicos do
cedimento licitatório. O direito brasileiro prevê quatro
edital, bem como com os preços de mercado.
possibilidades de contratação direta:

41
Dispensa de licitação III - para contratação de profissional de qualquer setor
artístico, diretamente ou através de empresário exclu-
A dispensa de licitação apresenta hipóteses em que sivo, desde que consagrado pela crítica especializada
o procedimento licitatório, apesar de ser possível, não ou pela opinião pública.
é viável, dada razões de conveniência e oportunidade
(discricionariedade). É o caso, por exemplo, de procedi- Vedação à licitação
mento licitatório cujo valor seja irrisório, cujo objeto seja
bens ou serviços de pequeno valor. O legislador, nessas Trata-se de hipóteses de extrema urgência, não pre-
hipóteses, atribui uma liberdade a Administração para vistas em lei, sendo de forte discussão doutrinária. A rea-
escolher outra alternativa além da licitação. lização de licitação, nessas hipóteses, é vedada uma vez
que ela feriria o próprio interesse público, o que significa
As hipóteses de dispensa de licitação estão previstas que há a falta de um dos pressupostos essenciais à lici-
primordialmente no art. 24 da Lei nº 8.666/1998. Dos in- tação. Parte da doutrina acredita que, na verdade, é caso
cisos, destaca-se: de inexigibilidade de licitação.

a) para obras e serviços de engenharia de valor até Licitação dispensada


10% (dez por cento) do limite previsto a licitação
tipo convite, para outros serviços e compras de va- São hipóteses descritas no art. 17 da Lei nº 8.666/1993.
lor até 10% (dez por cento) do limite previsto para São os casos de alienação de bens imóveis para progra-
compras e serviços em geral do convite e para alie- mas habitacionais do governo, e bens móveis para uma
nações, nos casos previstos nesta Lei, desde que finalidade pública específica.
não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, Não confundir com a dispensa de licitação. Primeira-
compra ou alienação de maior vulto que possa ser mente, as hipóteses de licitação dispensada são vincu-
realizada de uma só vez; ladas, ao contrário da dispensa, em que as decisões são
c) nos casos de guerra ou grave perturbação da discricionárias. Além disso, suas hipóteses são taxativas.
ordem;
d) nos casos de emergência ou calamidade pública; SANÇÕES ADMINISTRATIVAS NAS LICITAÇÕES
e) quando a União tiver que intervir no domínio
econômico para regular preços ou normalizar o Também denominadas como crimes contra licitação,
abastecimento; são hipóteses em que tanto o particular como o próprio
f) celebração de contrato de gestão com entidades Poder Público podem praticar atos que ferem e ofendem
do terceiro setor (OS e OSCIPs); os princípios gerais da Administração Pública e os princí-
g) Contratação realizada por Instituição Científica e pios das licitações.
Tecnológica ou agência de fomento para a trans- É certo que, de modo geral, o Código Penal regula-
ferência de tecnologia; etc. menta as condutas praticadas pelos agentes públicos
consideradas delituosas. Ocorre que, devido ao aumento
Inexigibilidade de licitação do número de interessados em participar dos procedi-
mentos licitatórios, passou-se a exigir maior correção na
No caso da inexigibilidade da licitação, o procedi- condução desses processos de contratação. O Código
mento é absolutamente impossível de se realizar, em Penal já não mais conseguia tutelar, de modo satisfató-
razão da inviabilidade da competição. Trata-se, por isso, rio, os interesses que se almejava resguardar com a reali-
de ato vinculado. É o caso, por exemplo, da licitação cujo zação dos processos licitatórios.
objeto seja produto ou serviço oferecido exclusivamente
por um único fornecedor. Envolve hipóteses em que se- Os crimes de licitação estão previstos na seção III, nos
ria ilógico realizar uma licitação. artigos 89 a 98 da Lei nº 8.666/93 e o art. 99 que a eles
é correlato:
As hipóteses de inexigibilidade estão previstas nos in-
cisos do art. 25 da Lei nº 8.666/1993. São três: a) Ilegalidade nas contratações dispensadas, dispen-
sáveis e nas inexigibilidades: O ato de dispensar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou uma licitação, ou torna-la inexigível, fora das hi-
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
póteses legalmente previstas, é considerado um
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada
crime contra a licitação, cuja pena é a detenção
a preferência de marca, devendo a comprovação de
de 3 (três) a 5 (cinco) anos e multa, na forma do
exclusividade ser feita através de atestado fornecido
art. 89 da Lei nº 8.666/1993. No caso, temos como
pelo órgão de registro do comércio do local em que se
sujeitos ativos o servidor público responsável pela
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindi-
processo e/ou terceiro que tenha participado na
cato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda,
prática da ilegalidade e se beneficiado com ela.
pelas entidades equivalentes;
b) Frustrar ou fraudar a competição: com previsão no
II - para a contratação de serviços técnicos enume-
art. 90 da Lei nº 8.666/1993, este crime está dire-
rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
tamente ligado com a violação dos princípios da
profissionais ou empresas de notória especialização,
licitação, isso é, igualdade, competitividade, jul-
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
gamento objetivo, dentre outros. Esses princípios
e divulgação;

42
favorecem a oportunidade de competição entre os Convênios
licitantes, para que eles possam celebrar contratos
com a Administração Pública, evitando apadrinha- Convênio é o acordo celebrado entre entidades pú-
mentos, favoritismos e perseguições dos licitantes. blicas de qualquer tipo, ou ainda entre eles e alguma
A pena é de detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos entidade particular, a fim de promover uma cooperação
e multa. entre os conveniados para almejarem um objetivo de in-
c) Patrocínio direto ou indireto de interesse privado: teresse comum a todos.
este crime está disposto no art. 91 da Lei de Licita- Embora similar ao consórcio, não são o mesmo con-
ções. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse trato. Os consórcios devem obrigatoriamente serem ce-
privado perante a Administração, dando causa à lebrados por entidades da Federação, ou seja, não cabe
instauração de licitação ou à celebração de contra- a iniciativa privada nos consórcios públicos, o que não
to, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder ocorre com os convênios. Além disso, dos consórcios re-
Judiciário, é crime cuja pena será de detenção de sultam a criação de uma pessoa jurídica nova e autôno-
6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. Para que ma, nos termos da Lei nº 11.107/2004, o que não ocorre
se configure o crime apresentado no referido dis- com os convênios.
positivo, há necessidade da invalidação do proce-
dimento licitatório ou do contrato administrativo Contrato de concessão
pelo Poder Judiciário, o que torna bastante difícil a
cominação desta pena. A concessão de serviço público é contrato adminis-
d) Devassar o sigilo das propostas apresentadas: se- trativo bilateral, o que significa que depende, para a sua
gundo o artigo 84 da Lei nº 8.666/1993, Devassar o formação, além dos requisitos essenciais a todo negócio
sigilo de proposta apresentada em procedimento jurídico dispostos no art. 104 do Código Civil (agente ca-
licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de paz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), a
devassá-lo é crime punível com pena de detenção, convergência de vontades distintas. Temos de um lado o
de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa. Lembre-se que poder concedente, que tem por objetivo a execução do
o sigilo das propostas é algo inerente ao procedi- serviço público em prol da coletividade; e do outro, a en-
mento licitatório, e configura-se em uma rara exce- tidade concessionária que deve executar o serviço, com o
ção ao princípio constitucional da publicidade. objetivo de lucrar mediante a arrecadação de tarifas dos
e) Fraudar a licitação: suas hipóteses estão contidas usuários beneficiados com aquele serviço. O contrato
nos incisos do art. 96 da Lei nº 8.666/1993. São deve ser obrigatoriamente por escrito, e rege-se pelas
atos que envolvem a aquisição ou venda de bens regras de Direito Administrativo.
e mercadorias (troca de um bem por outro, vender Ao mencionar a transferência para pessoa jurídica
mercadoria falsificada, etc). Essas hipóteses são cri- privada, quis o legislador que a delegação do serviço
mes cuja pena é de 3 (três) a 5 (cinco) anos e multa. não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas, mas
A pena de multa, presente em praticamente todos somente à empresa ou a um consórcio de empresas. É o
os crimes contra a licitação consiste no pagamento de caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade de eco-
quantia fixada na sentença e calculada em índices per- nomia mista, na prestação do serviço de abastecimento
centuais, cuja base deve corresponder ao valor da van- de água no Estado de São Paulo.
tagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
pelo agente (art. 99, Lei nº 8.666/1993). tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titularida-
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS de, que continua sendo do poder concedente.
Além dessas características gerais, convém analisar
O Poder Público, no exercício de suas funções admi- outros aspectos típicos dos contratos de concessão de
nistrativas, muitas vezes tende a estabelecer diversas re- serviço:
lações jurídicas com particulares, criando vínculos espe-
ciais de colaboração com a esfera privada. Tais conexões
• Procedimento de licitação: antes da concessão do
podem ser instrumentalizadas mediante um contrato.
serviço público, é obrigatório o procedimento lici-
Se tal contrato estiver subordinado às regras de Direi-
tatório na modalidade de concorrência (art. 2º, II,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to Administrativo, então estamos diante de um contrato


da Lei nº 8.987/1995). É possível, também, que haja
administrativo.
a inversão das fases de habilitação e julgamento
Contrato administrativo, assim, é um pacto bilateral
das propostas, assimilando-se mais com a modali-
estabelecido entre a Administração Pública, agindo nessa
dade de pregão (art. 18-A, idem).
qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas entidades, sub-
• Exigência de lei específica: o legislador é quem de-
metido ao regime jurídico administrativo, cuja finalidade
cide a forma específica para a prestação do serviço
é a consecução de objetivos de interesse público. Deste
público. Deve haver a promulgação de lei cuja ma-
conceito, podemos destacar alguns aspectos específicos
téria seja unicamente o regramento da concessão
dos contratos administrativos.
do referido serviço.
A Lei nº 8.666/1993 contempla várias espécies de
• Concessionário assume à prestação do serviço por
contratos administrativos. Importante destacar as moda-
sua conta: significa dizer que, quaisquer danos de-
lidades que tem forte relação com o procedimento lici-
correntes da execução do serviço público são de
tatório. São os convênios, as concessões e as permissões
responsabilidade da empresa concessionária.
administrativas.

43
I- Prestar o serviço de maneira adequada, utilizando-
FIQUE ATENTO! -se de técnicas específicas de seu conhecimento, nos
O STF, no julgamento do RE nº 591.874/MS, casos previstos na lei ou no contrato.
em agosto de 2009, adotou o entendimento II- Prestar contas da gestão do serviço ao poder conce-
de que a concessionária prestadora do servi- dente e aos usuários.
ço público tem responsabilidade objetiva e III- Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as
direta de indenizar os danos causados tanto cláusulas contratuais, havendo possibilidade de pedir
pelos usuários, quanto por terceiros não-u- indenização pela inexecução do contrato.
suários do referido serviço. Responsabilida- IV- Promover desapropriações e construir servidões
de objetiva é aquela em que não incumbe à administrativas, mediante autorização do poder
vítima a necessidade de comprovar a exis- concedente.
tência de dolo ou culpa do agente infrator. V- Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne-
Responsabilidade direta significa admitir, no cessários à prestação do serviço.
caso, que o Estado, como poder concedente,
está indiretamente obrigado a reparar os da- Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987/1995 dispõe sobre as
nos causados na execução de serviço públi- modalidades de extinção da concessão do serviço públi-
co, possuindo responsabilidade subsidiária. co. São seis ao todo:
Isso significa que a Administração só será
obrigada a indenizar caso a entidade conces- • Advento do termo contratual: trata-se da extinção
sionária não possua condições e patrimônio do contrato pelo encerramento de seu prazo de vi-
suficientes para arcar com as despesas da in- gência. É a extinção natural do contrato, haja vista
denização por conta própria. que nosso direito não admite contrato de conces-
são por prazo indeterminado.
• Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 da
• Prazo determinado: o contrato de concessão deve Lei nº 8.987/1995, é “a retomada do serviço pelo
possuir um termo final, sendo inadmissível sua ce- poder concedente durante o prazo da concessão,
lebração por prazo indeterminado. Há a possibili- por motivo de interesse público, mediante lei auto-
dade de prorrogação do contrato. rizativa específica e após prévio pagamento da in-
• Cobrança de tarifas aos usuários: essa é a forma denização (...)”. Como o encerramento do contrato
pela qual a concessionária deve ser remunerada na não se deu por infração, é incabível a aplicação de
concessão do serviço público. As tarifas não pos- sanções ao contratado.
suem natureza tributária: são uma contraprestação • Caducidade: é a modalidade em que a execução
contratual, devida a todas as pessoas que utiliza- do serviço não é realizada, no todo ou em parte,
rem o serviço prestado. A legislação impõe que as ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
tarifas a serem cobradas devem ser módicas, sen- concessionária. A caducidade deve ser declarada,
do um dos critérios de julgamento da fase de lici- havendo a ocorrência de um dos eventos descritos
tação (art. 15, I, da Lei nº 8.987/1995). no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987/1995, tais como:
a concessionária paralisar o serviço, descumprir
Obrigações do poder concedente cláusula contratual, não cumprir as penalidade im-
postas, etc.
Apesar da execução do serviço público não ser fei- • Rescisão por culpa do poder concedente: Caso o
ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei nº poder concedente descumpra com alguma regra
8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado. São estabelecida no instrumento contratual, a conces-
deveres do poder concedente: sionária tem direito a ingressar em juízo, objetivan-
do à indenização dos danos decorrentes da extin-
I- Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço ção contratual. A indenização, neste caso, abrange
concedido. somente os danos emergentes (o que efetivamen-
II- Intervir na execução do serviço, nos casos previstos te perdeu), e não os lucros cessantes (o que ele
poderia ter ganhado).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em lei.
III- Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no • Anulação: é a modalidade de extinção em que se
contrato. consta vício de legalidade no contrato. O contrato
IV- Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas perde sua eficácia desde a sua concepção (ex tunc),
cobradas. o que significa que a concessionária não faz jus à
V- Atender as reclamações e outras queixas advindas indenização, exceto quanto a parte já executada
dos usuários, zelando pela boa qualidade do serviço. do contrato.
VI- Declarar os bens necessários à execução do serviço • Decretação de falência: como a concessão é con-
de necessidade ou utilidade pública. trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
tantes tem grande relevância para a execução do
Obrigações da concessionária serviço, havendo o desaparecimento da empresa
concessionária mediante falência, ou o falecimento
Incumbe à concessionária do serviço público (art. 31 de empresário individual, o vínculo contratual tam-
da Lei nº 8.987/1995): bém desaparece.

44
Pregão e a Lei nº 10.520/2002 3) Haverá maior diálogo competitivo para a compra
de novidades tecnológicas. Essa modalidade se ca-
O pregão surgiu, primeiramente, mediante uma me- racteriza por conversas com licitantes selecionados
dida provisória, mas que acabou sendo convertida na Lei previamente por critérios objetivos.
nº 10.520/2002. É utilizada, nos termos do art. 1º da re- 4) O julgamento das propostas deve anteceder a fase
ferida lei, para a aquisição de bens e serviços comuns. da habilitação dos competidores. Assim, a inversão
Esses bens são aqueles cujos padrões de desempenho e de fases, que era exceção (pregão), passa a ser a
qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edi- regra geral.
tal, por meio de especificações usuais no mercado (art. 5) Dois novos casos de inexigibilidade foram incluí-
1º, parágrafo único, idem).
dos: o credenciamento e a locação ou aquisição
O pregão é instrumento licitatório facultativo, em re-
de imóveis cujas características de localização e de
gra. Entretanto, o Decreto nº 5450/2005 tornou-o obri-
gatório para a União, devendo ser preferencialmente na instalação condicionem sua escolha.
forma eletrônica (pela Internet). Apresenta algumas ca-
racterísticas próprias quanto ao seu procedimento: Essas são, apenas, algumas mudanças que podem ser
postas em evidência com o trâmite da PL no Congresso.
• Inversão de fases do julgamento e da habilitação: No entanto, recomenda-se que o candidato mantenha-
ao contrário do que ocorre nas outras modalida- -se atualizado sobre a tramitação do Projeto de Lei em
des de licitação, no pregão, a fase de julgamento questão, caso haja outras mudanças importantes.
das propostas acontece antes da análise de qualifi-
cação ou habilitação dos competidores. Com isso, CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
nem todas as propostas apresentadas são julga- PÚBLICA. CONTROLE EXERCIDO PELA
das, o que torna os trabalhos do ente público mais ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE
célere e eficiente. JUDICIAL. CONTROLE LEGISLATIVO.
• Homologação após a adjudicação: como a adjudi-
cação ocorre antes da homologação da proposta
vencedora, o particular se vê com uma certa garan- Controle da Administração Pública
tia, uma “expectativa de direito” de realizar contra-
to com o ente público. Controle da Administração Pública é o exercício de
vigilância, orientação e revisão sobre a conduta funcio-
Os serviços objeto do pregão, para a União, foram nal, exercido por um poder, órgão ou autoridade pública
taxativamente trazidos pelo Decreto nº 3.555/2000. Des- com relação a outro.
taca-se que alguns serviços são vedados a utilização do “O controle do Estado pode ser exercido através de
pregão, como as obras de engenharia, as locações imobi- duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
liárias, as alienações, e os bens e serviços de informática. renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
O autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
com preços até 10% superiores aos da avaliação podem Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legis-
fazer novos lances. Isso significa que não há a escolha lativo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento
automática do vencedor, muito se assemelhando com o se encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios
leilão. Se não houver ao menos três ofertas nas condi-
e contrapesos, nele se estabelecendo normas que ini-
ções anteriormente estabelecidas, pode-se selecionar as
bem o crescimento de qualquer um deles em detrimento
três melhores propostas dos competidores para realiza-
rem novos lances. de outro e que permitem a compensação de eventuais
O pregão é instituído no Brasil, observando a expe- pontos de debilidade de um para não deixá-lo sucum-
riência europeia, podendo ser presencial ou eletrônico, bir à força de outro. São realmente freios e contrapesos
sendo o último realizado em espaços virtuais da internet. dos Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses
O pregão promove um grande diálogo com os competi- casos é a demonstração do caráter que tem o controle
dores, além de apresentar-se menos estanque e burocrá- político: seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das
tico do que as licitações comuns. instituições democráticas do país. O controle administra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Por fim, é importante ressaltar que, atualmente, tivo tem linhas diversas. Nele não se procede a nenhuma
tramita pelo Congresso Nacional um projeto de lei do medida para estabilizar poderes políticos, mas, ao con-
que deve ser considerado a nova Lei de Licitações (PL trário, se pretende alvejar os órgãos incumbidos de exer-
1292/1995). O projeto de lei aguarda manifestação pelo cer uma das funções do Estado – a função administrativa.
Senado Federal e, por isso, não deve ser cobrado em Enquanto o controle político se relaciona com as institui-
concursos públicos até o presente momento. ções políticas, o controle administrativo é direcionado às
Algumas novidades que essa Nova Lei de Licitações instituições administrativas. [...] Podemos denominar de
trará com sua aprovação: controle da Administração Pública o conjunto de meca-
nismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se
1) Para os serviços de engenharia, será permitido a exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade
utilização de pregão.
administrativa em qualquer das esferas de Poder”43.
2) A tomada de preços e o convite serão revogados,
permanecendo apenas a concorrência, o pregão, e 43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
o leilão. trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

45
O princípio da legalidade e o princípio das políticas Conforme o âmbito da administração
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad-
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, a) Por subordinação: exercido por meio dos patama-
a ideia central, quando se fala em controle da Adminis- res de hierarquia dentro da mesma Administração.
tração Pública, reside no fato de que o titular do patri- Trata-se de controle tipicamente interno.
mônio público (material e imaterial) é o povo, e não a b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
Administração, razão pela qual ela se sujeita, em toda a atribuídos poderes de fiscalização e revisão em re-
sua atuação, sem qualquer exceção, ao princípio da in- lação a pessoa diversa. Trata-se de controle tipica-
disponibilidade do interesse público”44. mente externo.

Conforme a iniciativa
#FicaDica
Controle da Administração é: a) De ofício: executado pela própria Administração
- Faculdade de vigilância, orientação e corre- quando está regularmente exercendo as suas fun-
ção que um poder, órgão ou autoridade exer- ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa da
ce sobre a conduta funcional de outro; autotutela, que a permite invalidar ou revogar suas
- Regulamentado por diversos atos norma- condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF).
tivos, os quais trazem regras, modalidades e b) Provocado: ocorre mediante provocação de tercei-
instrumentos para sua organização; ro, postulando a revisão do ato administrativo dito
- O que assegura que a Administração vá atuar ilegal ou inconveniente.
de acordo com princípios jurídicos, previstos
no artigo 37, caput, CF – legalidade, impesso- Conforme a origem ou a extensão do controle
alidade, moralidade, publicidade e eficiência.
a) Controle interno: é aquele realizado pelas auto-
ridades no âmbito do próprio órgão ou entidade
Elementos e natureza jurídica do controle em que atuam no âmbito da administração. Exem-
plo: chefe que na repartição controla os seus su-
Segundo Carvalho Filho45, dois são os elementos bá- bordinados; corregedoria que faz inspeção em um
sicos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscaliza- fórum.
ção e a revisão são os elementos básicos do controle. A Basicamente, sempre se está diante de controle
fiscalização consiste no poder de verificação que se faz interno quando um Poder exerce controle sobre
sobre a atividade dos órgãos e dos agentes administrati- ele mesmo, isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário,
vos, bem como em relação à finalidade pública que deve Legislativo fiscalizando Legislativo e Executivo fis-
servir de objetivo para a Administração. A revisão é o calizando Executivo.
poder de corrigir as condutas administrativas, seja por- Quando, no exercício do controle interno, uma
que tenham vulnerado normas legais, seja porque haja autoridade ocultar uma irregularidade ou ilegali-
necessidade de alterar alguma linha das políticas ad- dade da entidade responsável pelo controle exter-
ministrativas para que melhor seja atendido o interesse no, notadamente um Tribunal de Contas, haverá
coletivo”. responsabilidade solidária entre a autoridade que
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de prin- praticou a ocultação e a autoridade que praticou o
cípio fundamental da administração pública, conforme ilícito.
teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder
também que o controle deve ser exercido em todos ní- que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizan-
veis e em todos órgãos. do um sistema de freios e contrapesos. É o caso
do controle de atos do Executivo por decisões do
Classificação das formas de controle Poder Judiciário, ou mesmo da sustação de ato
normativo do Executivo pelo Legislativo, além do
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os julgamento de contas do Presidente da Repúbli-
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade ca pelo Congresso Nacional, e de auditorias do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa Tribunal de Contas da União quanto ao Executivo
em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen- federal.
tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o c) Controle externo popular: realizado pelo contri-
controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as deno- buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31,
minações adotadas” 46. §3º, CF; artigo 74, §2º, CF).

Conforme o momento a ser exercido

a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do


44 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
início da prática ou antes da conclusão do ato
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
administrativo.
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. b) Controle concomitante: exercido durante a realiza-
46 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo ção do ato, verificando a sua validade enquanto ele
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. é praticado.

46
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os • Recursos Administrativos: serve para provocar o
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou con- reexame do ato administrativo pela própria Admi-
firmando. Envolve atos como os de aprovação, ho- nistração Pública.
mologação, anulação, revogação ou convalidação. • Direito de petição: é um direito fundamental con-
ferido a toda pessoa de defender seus direitos e
Conforme a amplitude ou a natureza do controle noticiar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV,
CF). Pode ser exercido por diversas vias, como re-
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati- presentação (denúncia de irregularidade perante a
cado em conformidade com a lei. O controle pode
Administração, Tribunal de Contas ou outro órgão
ser interno ou externo. O resultado final é a confir-
de controle), reclamação administrativa (oposição
mação ou a rejeição do ato, anulando-o.
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e expressa a ato administrativo que ofenda direito
a conveniência administrativas do ato controlado. ou interesse legítimo, podendo ser interposta pe-
Trata-se do controle sobre a atuação discricionária rante o Supremo Tribunal Federal se o ato adminis-
da Administração Pública, mantendo-o ou revo- trativo contrariar súmula vinculante), pedido de re-
gando-o. Diz-se que o Judiciário não pode fazer consideração (solicitação de mudança da decisão
este controle, o que é verdade, em termos: o Judi- pela própria autoridade que praticou um ato), re-
ciário não pode controlar a atividade discricionária curso hierárquico próprio (solicitação de mudança
que é legítima, mas se ela exceder parâmetros de da decisão por autoridade hierarquicamente supe-
razoabilidade e proporcionalidade pode fazê-lo. rior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
Nesta questão se insere a polêmica sobre o con- impróprio (solicitação de mudança da decisão por
trole judicial de políticas públicas. autoridade diversa, com competência especifica-
da em lei, porém não hierarquicamente superior
#FicaDica àquela que praticou o ato), revisão (solicitação de
alteração em punição aplicada pela Administração
- Quanto ao órgão que o exerce
Executivo no exercício do poder disciplinar diante do surgi-
Legislativo mento de fatos novos).
Judiciário • Controle social: é aquele exercido pela própria so-
- Quanto ao fundamento ciedade, em demanda emanada de grupos sociais,
Hierárquico no exercício da atividade democrática que tem
Finalístico amparo constitucional notadamente na garantia
- Conforme a origem pelo artigo 37, §3º, CF de edição de lei que regule
Interno formas de pdevolutivo irá continuar correndo.
Externo
Popular Súmula 429, STF. A existência de recurso administra-
- Quanto à atividade administrativa tivo com efeito suspensivo não impede o uso do man-
Legalidade dado de segurança contra omissão da autoridade.
Mérito
- Quanto ao momento de exercício Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
Preventivo nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa
Concomitante e judicial, considerando que são independentes entre si.
Corretivo Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgota-
mento dos recursos administrativos é imposto: trata-se
de demanda perante a justiça desportiva, conforme o
Controle exercido pela administração pública
artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula
vinculante na via administrativa e o administrado preten-
É o controle exercido pela Administração quanto
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder de invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º,
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciá- §1º, Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rio quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange exigência é proibida.
à legalidade quanto em relação à conveniência. É sem- Outra questão que merece ser abordada no campo
pre um controle interno, que deriva do poder-dever de dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus,
autotutela. ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra-
Entre os meios de controle, destacam-se: ção de modo a agravar a situação do administrado. Devi-
do a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio
• Fiscalização Hierárquica: esse meio de contro- in pejus em recurso administrativo modificando a deci-
le é inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o são recorrida é permitida, mas o recorrente deverá ter
exercício dos órgãos superiores em relação aos oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já em
inferiores; se tratando de reformatio in pejus em processo de revi-
• Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas são, há vedação. Quanto à possibilidade de gravame na
entidades de administração indireta vinculadas a primeira hipótese, a doutrina afirma que apenas é permi-
um Ministério, não havendo subordinação; tida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido

47
praticado em desconformidade com a lei, considerados § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada
critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in e distribuída ao relator do processo principal, sempre
pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva. que possível.
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad- § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplica-
pela qual determinada decisão firmada pela Administra- ção aos casos que a ela correspondam.
ção não mais pode ser modificada na via administrati- § 5º É inadmissível a reclamação:
va”47, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede reclamada;
a rediscussão da matéria em qualquer via. II – proposta para garantir a observância de acórdão
de recurso extraordinário com repercussão geral re-
Reclamação conhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quan-
Segundo Di Pietro48, “a reclamação administrativa é o do não esgotadas as instâncias ordinárias.
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso
público, deduz uma pretensão perante a Administração interposto contra a decisão proferida pelo órgão recla-
Pública, visando obter o reconhecimento de um direito mado não prejudica a reclamação.
ou a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator:
de lesão”. I - requisitará informações da autoridade a quem for
A primeira referência à reclamação no ordenamento imputada a prática do ato impugnado, que as presta-
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 rá no prazo de 10 (dez) dias;
ano para que ocorra a prescrição: II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
do ato impugnado para evitar dano irreparável;
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a III - determinará a citação do beneficiário da decisão
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para
representante em prestar os esclarecimentos que lhe apresentar a sua contestação.
forem reclamados ou o fato de não promover o anda- Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o
mento do feito judicial ou do processo administrativo pedido do reclamante.
durante os prazos respectivamente estabelecidos para Art. 991. Na reclamação que não houver formulado,
extinção do seu direito à ação ou reclamação. o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cin-
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que não co) dias, após o decurso do prazo para informações e
tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu- para o oferecimento da contestação pelo beneficiário
lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou do ato impugnado.
fato do qual a mesma se originar. Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal
cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou deter-
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento
minará medida adequada à solução da controvérsia.
mais usual com a fixação em lei da possibilidade de sua
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o ime-
apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o ato ad-
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão
ministrativo contrariar súmula vinculante. As hipóteses
posteriormente.
de reclamação são ampliadas pelo Código de Processo
Civil de 2015:
Logo, a reclamação é uma forma bastante diferen-
ciada de controle da administração porque é exercido
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou
tipicamente por órgão externo sem superioridade hie-
do Ministério Público para:
rárquica, notadamente, tribunal que componha o Poder
I - preservar a competência do tribunal;
Judiciário. Por isso, autores como Carvalho Filho49 afir-
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula mam que se trata mais de controle jurisdicional do que
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal de controle administrativo.
em controle concentrado de constitucionalidade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV – garantir a observância de acórdão proferido em Pedido de reconsideração e recurso hierárquico


julgamento de incidente de resolução de demandas re- próprio e impróprio
petitivas ou de incidente de assunção de competência;
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer Todos são espécies do gênero direito de petição, que
tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdi- confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe-
cional cuja competência se busca preservar ou cuja rante a administração a alteração de um ato administrati-
autoridade se pretenda garantir. vo ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo.
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova do-
cumental e dirigida ao presidente do tribunal. Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
48 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. 49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
São Paulo: Atlas editora, 2010. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

48
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção que é a típica prescrição administrativa, e de perda de
de certidões em repartições públicas, para defesa de prazo para que seja adotada determinada providência
direitos e esclarecimento de situações de interesse administrativa (prescrição correndo a favor do adminis-
pessoal. trado e contra a administração, que não mais poderá
anular seus próprios atos dos quais decorram efeitos be-
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- néficos aos administrados, salvo prova de má-fé).
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo • Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam 9.873/1999);
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre- • Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de- 180 dias (infração leve), a contar do conhecimento
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis- de sua prática (Lei nº 8.112/1990);
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri- • Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz nº 9.784/1999).
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. Representação e reclamação administrativas
Dentro do espectro do direito de petição se insere,
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de As representações e as reclamações administrativas
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti- 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos re-
tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos cursos hierárquicos e do pedido de representação, espé-
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) cies de recursos administrativos, mas que se diferenciam
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido daqueles por serem autônomos e não incidentais.
do direito de obter certidões ser dissociado do direito Assim, trata-se de exercício deste direito de forma
de petição. originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur- vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
denota-se que o processo administrativo ainda está em à administração para a devida apreciação.
curso, pois uma autoridade tomou uma decisão admi- Na representação é feita uma denúncia de irregulari-
nistrativa da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de dade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Adminis-
recurso incidental). A diferença entre as três modalidades tração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
está na autoridade que apreciará o pedido de alteração como o Ministério Público.
da decisão administrativa. Na reclamação administrativa se dá uma oposição
No pedido de reconsideração, será a própria autori- expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte-
dade que praticou um ato, reconsiderando nestes mol- resse legítimo.
des a decisão que foi tomada.
No recurso hierárquico próprio, será a autoridade Sistemas de controle jurisdicional da administra-
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, ção pública: contencioso administrativo e sistema da
tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico jurisdição una
inerente à estrutura escalonada da administração. Esta
é a forma típica de se recorrer da decisão administrativa. Sistema administrativo é o regime que um Estado
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade di- adota para controlar os atos administrativos ilegais ou
versa, com competência especificada em lei, porém não ilegítimos praticados pela Administração em seus di-
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato. Na versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês,
verdade, a reclamação administrativa perante o STF pode também conhecido como sistema do contencioso ad-
ser enquadrada nesta categoria. ministrativo; e inglês, também denominado sistema do
controle judicial, judiciário ou da jurisdição una.
Prescrição administrativa O sistema francês se caracteriza por excluir os atos ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ministrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a uma


Significa perda de prazo para apresentar uma preten- jurisdição especial do contencioso administrativo que é
são perante a Administração. No caso, o administrado composta por tribunais de caráter administrativo. Neste
não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição, havendo
sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos a jurisdição comum composta pelos órgãos do Poder Ju-
de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou diciário que resolve os litígios não abrangidos pelo con-
revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a tencioso administrativo e a jurisdição especial composta
favor da administração, convalidando seus atos), caso em apenas por tribunais de natureza administrativa.
que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos) Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção
prevista no artigo 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipóte- do Poder Judiciário no controle dos atos administrati-
vos. Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário
se de perda do prazo para o exercício do poder punitivo
possui competência para resolver todos os litígios, tanto
(prescrição correndo a favor do administrado e contra a
os administrativos quanto os estritamente privados. As
administração, que não mais poderá aplicar a punição),

49
decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas pela Controle judicial
força da coisa julgada, que impede a rediscussão de ma-
térias já decididas em juízo em seu mérito. O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre
os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo,
No Brasil adota-se o sistema inglês. pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá-
rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é
Advocacia pública administrativa possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a
revogação, porque significaria análise de mérito, que o
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública Judiciário não pode fazer.
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União, “O controle judicial sobre atos da Administração é
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/93. Ele irá exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judi-
assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos de ciário tem o poder de confrontar qualquer ato adminis-
natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, sendo trativo com a lei ou com a Constituição e verificar se há
tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU presta ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário
consultoria apenas para o Presidente da República. Os à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a sua invali-
Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam con- dação de modo a não permitir que continue produzindo
sultoria para as Consultorias Jurídicas: efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como
correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar o
Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administrati- que se denomina normalmente de mérito administrativo,
vamente subordinados aos Ministros de Estado, ao Se- vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar os cri-
cretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias da térios de conveniência e oportunidade dos atos, que são
Presidência da República e ao Chefe do Estado-Maior privativos do administrador público”, sob pena de se vio-
das Forças Armadas, compete, especialmente: lar a cláusula fundamental da separação dos Poderes50.
I - assessorar as autoridades indicadas no caput deste Quanto ao momento em que o controle judicial deve-
artigo; rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma poste-
rior, quando os atos administrativos já estão produzindo
II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos
efeitos no mundo jurídico. Em situações excepcionais o
respectivos órgãos autônomos e entidades vinculadas;
controle pode ser prévio, por exemplo, quando a lei au-
III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos
toriza a concessão de liminar diante de fumus boni iuris e
tratados e dos demais atos normativos a ser unifor-
periculum in mora.
memente seguida em suas áreas de atuação e coor-
denação quando não houver orientação normativa do
Existem atos que se sujeitam a controle especial,
Advogado-Geral da União;
são eles:
IV - elaborar estudos e preparar informações, por soli-
citação de autoridade indicada no caput deste artigo;
a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
V - assistir a autoridade assessorada no controle inter- trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema-
no da legalidade administrativa dos atos a serem por nados da cúpula política do país, no exercício de
ela praticados ou já efetivados, e daqueles oriundos de competências organizacionais-administrativas
órgão ou entidade sob sua coordenação jurídica; constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário
VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito não pode controlar os critérios governamentais
do Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças que direcionam a edição de atos políticos. Contu-
Armadas: do, o controle de legalidade e o controle de cons-
a) os textos de edital de licitação, como os dos respec- titucionalidade são possíveis.
tivos contratos ou instrumentos congêneres, a serem b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
publicados e celebrados; nam do Poder Legislativo com caráter genérico,
b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilida- abstrato e geral são passíveis de controle. Entre-
de, ou decidir a dispensa, de licitação. tanto, se trata de controle de constitucionalidade,
que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

leiro adota duas vias de realização de tal controle,


#FicaDica
a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci-
Controle administrativo é o controle que o dentalmente sem ação específica; e a via da ação,
Executivo e os órgãos internos do Legislativo
com caráter concentrado, exercida por meio de
e do Judiciário exercem sobre suas próprias
ações específicas – ação direta de inconstituciona-
atividades, buscando mantê-las conforme a lei.
lidade, ação direta de constitucionalidade, argui-
Se exerce por:
ção de descumprimento de preceito fundamental.
Fiscalização hierárquica – Dos órgãos supe-
c) Atos interna corporis: são os atos praticados den-
riores em relação aos inferiores, corrigindo as
tro da competência interna e exclusiva dos diversos
atividades dos agentes;
órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo,
Recursos administrativos – Meios que permi-
as competências de elaboração de regimentos
tem que os administrados provoquem o ree-
xame de decisões internas. 50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

50
internos. Como os atos são internos e exclusivos, com a ação e paciente é aquele que está sendo
não é possível fazer o controle sobre as razões vítima da restrição à liberdade de locomoção. As
que levaram à elaboração. Contudo, o controle de duas figuras podem se concentrar numa mesma
vícios de ilegalidade e de inconstitucionalidade é pessoa. Legitimado passivo é pessoa física, agente
plenamente válido. público ou privado. Está regulamentado nos arti-
gos 647 a 667 do Código de Processo Penal.
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro-
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou teção do acesso a informações pessoais constantes
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofen- de registros ou bancos de dados de entidades go-
sa a direitos dos administrados é passível de controle vernamentais ou de caráter público, para o conhe-
judicial. Ciente disso, o legislador cria inúmeros meca- cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação
nismos específicos para que tal controle seja realizado, constitucional que tutela o acesso a informações
como mandado de segurança, ação popular, ação civil pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei-
pública, mandado de injunção, habeas data, habeas cor- ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito
pus e as próprias ações do controle de constitucionali- público ou privado, tratando-se de ação persona-
dade. Entretanto, não se trata de rol taxativo de formas líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
pelas quais é possível exercer tais pretensões contra a que a propõe. Legitimados passivos são entidades
Administração, porque em tese é possível utilizar qual- governamentais da Administração Pública Direta
quer tipo de ação judicial que venha a socorrer adequa- e Indireta nas três esferas, bem como instituições,
damente à inibição de violação ou ameaça a direito pela órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas
Administração. Sobre os meios específicos, aponta-se: prestadores de serviços de interesse público que
possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro
de exercício direto da democracia, permitindo ao de 1997.
cidadão que busque a proteção da coisa pública, e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX,
ou seja, que vise assegurar a preservação dos in- CF): Trata-se de remédio constitucional com natu-
teresses transindividuais. Trata-se de ação consti- reza subsidiária pelo qual se busca a invalidação
tucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio de atos de autoridade ou a suspensão dos efei-
público ou de entidade de que o Estado participe, tos da omissão administrativa, geradores de lesão
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso
ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado de poder. São protegidos todos os direitos líqui-
ativo deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional dos e certos à exceção da proteção de direitos hu-
que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O manos à liberdade de locomoção e ao acesso ou
legitimado passivo é o ente da Administração Pú- retificação de informações relativas à pessoa do
blica, direta ou indireta, ou então a pessoa jurídica impetrante, constantes de registros ou bancos de
que de algum modo lide com a coisa pública. A dados de entidades governamentais ou de caráter
regulação está na Lei nº 4.717/65. público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote- A natureza é de ação constitucional de natureza
ger o patrimônio público e social, o meio ambiente civil, independente da natureza do ato impugnado
e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra-
ativa é do Ministério Público, da Defensoria Públi- balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na
ca, das pessoas jurídicas da administração direta e iminência de violação a direito líquido e certo, ou
indireta e de associação constituída há pelo menos reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
1 ano em área de pertinência temática. A legitimi- dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui-
dade passiva é de qualquer pessoa, física ou jurí- do e certo, que é aquele que pode ser demonstra-
dica, que tenha cometido dano ou tenha colocado do de plano mediante prova pré-constituída, sem
sob ameaça o patrimônio público e social, o meio a necessidade de dilação probatória, isto devido à
ambiente e outros direitos difusos e coletivos. A natureza célere e sumária do procedimento. A legi-
regulação está na Lei nº 7.437/85. timidade ativa é a mais ampla possível, abrangen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser- do não só a pessoa física como a jurídica, nacional
ve para proteger a liberdade de locomoção. Ape- ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem
nas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de como órgãos públicos despersonalizados e uni-
ir e vir. Trata-se de ação constitucional de cunho versalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
predominantemente penal, pois protege o direito Legitimado passivo é a autoridade coatora deve
de ir e vir e vai contra a restrição arbitrária da liber- ser autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
dade. Pode ser preventivo, para os casos de amea- dica no exercício de atribuições do Poder Público.
ça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, precei-
um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando tua que “considera-se autoridade coatora aquela
ameaça já tiver se materializado. Legitimado ati- que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
vo é qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio
emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se
nome ou de terceiro, bem como o Ministério Pú-
regulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto
blico (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
de 2009.

51
f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX, Entre os meios de controle, destacam-se:
CF): Visa a preservação ou reparação de direito
líquido e certo relacionado a interesses transin- Controle Político: tem por base a possibilidade de
dividuais (individuais homogêneos ou coletivos), fiscalização sobre atos ligados à função administrativa
e devido à questão da legitimidade ativa, perten- e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete
cente a partidos políticos e determinadas associa- exclusivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e con-
ções. Trata-se de ação constitucional de natureza trolar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os
civil, independente da natureza do ato, de caráter atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
coletivo. A legitimidade ativa é de partido político indireta”. Do poder genérico de controle podem ser de-
com representação no Congresso Nacional, bem preendidos outros poderes, como o poder convocatório,
como de organização sindical, entidade de classe que permite à Câmara ou Senado convocar Ministro de
ou associação legalmente constituída e em funcio- Estado ou autoridade relacionada ao Presidente (artigo
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa 50, CF); o poder de sustação, que permite ao Congresso
de direitos líquidos e certos que atinjam direta- Nacional “sustar os atos normativos do Poder Executivo
mente seus interesses ou de seus membros. En- que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
contra-se regulamentado pelo artigo 22 da Lei nº
delegação legislativa” (artigo 49, V, CF); e o controle das
12.016/09, que regulamenta o mandado de segu-
Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI (artigo 58,
rança individual.
§3º, CF).
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois
Controle Financeiro: a fiscalização contábil, financei-
requisitos constitucionais para que seja proposto
ra, orçamentária, operacional e patrimonial da União e
o mandado de injunção são a existência de norma
constitucional de eficácia limitada que prescreva das entidades da administração direta e indireta, quanto
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
nia; além da falta de norma regulamentadores, im- Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e sistema de controle interno de cada Poder.
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o há- Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
bito que se incutiu no legislador brasileiro de não financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
regulamentar as normas de eficácia limitada para que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação subvenções e renúncia de receitas.
constitucional que objetiva a regulamentação de
normas constitucionais de eficácia limitada. Legiti- Tribunal de Contas da União
mado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estran-
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti- O Tribunal de Contas da União é órgão integrante
tularize direito fundamental não materializável por do Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo
omissão legislativa do Poder público, bem como no controle financeiro externo da Administração Públi-
o Ministério Público na defesa de seus interesses ca. No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que
institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de couber, aos respectivos Tribunais e Conselhos de Con-
pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta- tas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e
do pela Lei nº 13.300/2016. orçamentária.
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui-
#FicaDica
ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso
Controle judiciário é o controle exercido pe-
Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu-
los órgãos do Poder Judiciário sobre os atos
nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao
administrativos dos Três Poderes (inclusive do
Congresso Nacional que o faça):
próprio Judiciário) no que tange a atividades
administrativas.
Verifica-se a legalidade e a legitimidade do ato Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

impugnado. so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal


Abrange ações específicas constitucional- de Contas da União, ao qual compete:
mente previstas, denominadas remédios I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
constitucionais. sidente da República, mediante parecer prévio que de-
verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;
Controle legislativo II - julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa administração direta e indireta, incluídas as fundações
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra- e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve co federal, e as contas daqueles que derem causa a
se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário. prejuízo ao erário público;

52
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos Quanto às formas de controle, pode se dar em con-
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad- trole interno, sendo que cada Poder possui órgãos inter-
ministração direta e indireta, incluídas as fundações nos destinados à verificação dos recursos do erário; ou
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas em controle externo, sendo o tipo de controle no âmbito
as nomeações para cargo de provimento em comis-
federal feito pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de
são, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos- Contas da União.
teriores que não alterem o fundamento legal do ato As áreas fiscalizadas são: contábil (registro de receitas
concessório; e despesas), financeira (depósitos bancários, empenhos,
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos pagamentos e recebimento de valores), orçamentário
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica (orçamento e fiscalização dos registros), operacional
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza (atividades administrativas em geral) e patrimonial (bens
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- públicos).
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II; Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
pranacionais de cujo capital social a União participe, a) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado da lei;
constitutivo; b) Quanto à legitimidade: trata-se de controle exter-
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- no de mérito, consistente em verificação ao respei-
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste to aos princípios jurídicos da boa administração;
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
c) Quanto à economicidade: verificação do custo-be-
trito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso nefício dos gastos da administração;
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual- d) Quanto à aplicação de subvenções: verificação so-
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização bre a correta destinação das verbas previstas no
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- orçamento;
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções e) Quanto à renúncia de receitas: verificação da va-
realizadas; lidade da postura de renúncia a receitas que o
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida- governo deveria receber, devendo sempre ser
de de despesa ou irregularidade de contas, as san-
justificada.
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
erário; #FicaDica
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Controle legislativo é aquele exercido pelo
as providências necessárias ao exato cumprimento da
Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de
lei, se verificada ilegalidade;
Contas, com relação às atividades administra-
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
tivas do Executivo e do Judiciário.
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
dos e ao Senado Federal; Classifica-se em controle político ou
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- financeiro.
dades ou abusos apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas EXERCÍCIOS COMENTADOS
cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, 1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUS-
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
TIÇA AVALIADOR FEDERAL - CESPE/2018) Acerca
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a


respeito. dos princípios e dos poderes da administração pública,
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação da organização administrativa, dos atos e do contro-
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. le administrativo, julgue o item a seguir, considerando
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, a legislação, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. superiores.
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi-
Controle da atividade financeira do Estado nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli-
ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato
O controle financeiro é uma das espécies de controle
parlamentar ou legislativo, ao lado do controle político. administrativo sob o aspecto da economicidade.
No controle financeiro o objeto se relaciona às receitas,
às despesas e à gestão dos recursos públicos, enfim, toda ( ) CERTO  ( ) ERRADO
matéria que abranja finanças públicas.

53
Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legislativo atinge atos administrativos do Executivo e do Judiciário.
Sendo assim, o Legislativo controla o Executivo tanto no aspecto da legalidade quanto no do mérito do ato adminis-
trativo, de modo que se o Executivo praticar um ato contrário à economicidade o Legislativo poderá exercer controle
sobre ele.

2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Acerca do con-


trole da atividade financeira do Estado e do controle exercido pelos tribunais de contas, julgue o próximo item.
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras atribuições, representar ao poder competente sobre irregulari-
dades ou abusos apurados.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo 71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar ao Poder compe-
tente sobre irregularidades ou abusos apurados”.

3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018) Jul-
gue o item a seguir, referente a conceitos, tipos e formas de controle na administração pública.
Os tipos e as formas de controle da atividade administrativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade que o
exercita ou o fundamenta.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Certo. As classificações básicas do controle se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislativo,
Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico); origem (interno, externo, popular); atividade administrativa (le-
galidade ou mérito); momento de exercício (preventivo, concomitante, corretivo).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


NO DIREITO BRASILEIRO. RESPONSABILIDADE POR ATO COMISSIVO DO ESTADO.
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO. REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO
DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO. CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA
RESPONSABILIDADE DO ESTADO.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio de que a principal consequência da prática de um ato
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se refere
às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar as consequências
jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade
civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que causar.
Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem
durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.

Histórico

“Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no mundo ocidental era a de que o Estado não tinha qualquer
responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. A solução era muito rigorosa para com os particulares em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

geral, mas obedecia às reais condições políticas da época. O denominado Estado Liberal tinha limitada atuação, rara-
mente intervindo nas relações entre particulares, de modo que a doutrina de sua irresponsabilidade constituía mero
corolário da figuração política de afastamento e da equivocada isenção que o Poder Público assumia àquela época. A
ideia anterior, da intangibilidade do Estado, decorria da irresponsabilidade do monarca, traduzida nos postulados ‘the
king can do no wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”51.

51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

54
#FicaDica
- Teoria da irresponsabilidade – O rei não pode fazer nada errado – Estados não podem ser responsabilizados.
- Teorias civilistas – Uma delas era a teoria da culpa comum do Estado, que equiparava o Estado a um indivíduo
qualquer, logo, deveria ser analisado na conduta do Estado ação/omissão, nexo causal e dano; outra delas é a
teoria da responsabilidade subjetiva do agente público, pela qual apenas o agente público deveria responder pelo
dano causado por sua ação/omissão com dolo ou culpa, mas o Estado ficaria isento.
- Teoria da culpa administrativa – É a primeira teoria a reconhecer a responsabilidade do Estado de inde-
nizar, ultrapassada a concepção de culpa do agente público. O Estado seria responsabilizado desde que
demonstrada a falta do serviço e o dano gerado por esta falta.
- Teoria do risco administrativo – É a mais atual e adotada no ordenamento brasileiro. O Estado tem obri-
gação de indenizar independentemente da falta do serviço ou da culpa do agente público.

Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro

O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, uma vez que a principal consequên-
cia da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de
indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano deve
suportar as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.52
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os li-
mites da herança, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade civil conforme o resultado na esfera
penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que uma
absolvição por falta de provas não o faz).
A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio de que a principal consequência da prática de um ato
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se refere
às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressar-
cimento do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem o
dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço,
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos. Trata-se de responsabilidade
extracontratual porque não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéricos pré-determi-
nados, que perpassam pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal
(artigo 37, §6°).
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa,
fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos
danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se encontram no art. 186 do Código Civil:

Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o
dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

econômico e não econômico).


Conforme o caso, a culpa será ou não considerada necessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a culpa é
fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria é conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual não ha-
vendo culpa, não há responsabilidade.
A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação de um dano cometido sem culpa.
Sempre que isso acontece, entende-se que a responsabilidade é legal ou objetiva, não dependendo de culpa, bastando
o dano e o nexo de causalidade (a culpa pode ou não existir, mas nem é avaliada).
Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pressuposto do dano indenizável; enquanto que na responsabili-
dade objetiva o elemento culpa é excluído (restam apenas ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo substituído
pelo risco.
Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, sendo
imprescindível a demonstração do nexo causal.
52 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

55
Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se exigências de características dos danos acima colacio-
entender que a culpa é insuficiente para regular todas as nadas, notadamente a anormalidade, considera-se que
situações de responsabilidade civil. A responsabilidade para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele
objetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe
fica circunscrita aos seus próprios limites, notadamente, exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade
quando a atividade – por sua natureza – representar risco e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam
para os direitos de outrem. acontecer em território nacional.
Logo, uma das teorias que justificam a responsabili- Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
dade objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
que exerce alguma atividade cria um risco de dano para ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
terceiros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a no- lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
ção de culpa para a noção de risco). dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando
O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva: em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
Art. 186, CC. Aquele, que por ação ou omissão vo- de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e municipal, buracos não sinalizados na via pública, ten-
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente mo- tativa de assalto a um usuário do metrô resultando em
ral, comete ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa morte, danos provocados por enchentes e escoamento
lato sensu (sentido amplo), que envolve tanto o dolo de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática
quando a culpa stricto sensu (sentido estrito, de negli- e não tomou providência para evitá-las, morte de deten-
gência, imprudência ou imperícia). to em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com
negligência, etc.
Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legis-
lações específicas estabelecem casos em que não se apli- Requisitos para a demonstração da responsabili-
cará a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva: dade do Estado
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Espe-
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
cial é o dano específico, individualizado, que atinge
independentemente de culpa, nos casos especificados
determinada ou determinadas pessoas. Anormal é
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvol-
o dano que ultrapassa os problemas comuns da
vida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
vida em sociedade (por exemplo, infelizmente os
risco para os direitos de outrem.
assaltos são comuns e o Estado não responde por
todo assalto que ocorra, a não ser que na circuns-
#FicaDica tância específica possuía o dever de impedir o as-
O ordenamento jurídico brasileiro adota a te- salto, como no caso de uma viatura presente no
oria do risco administrativo, a qual reconhece local - muito embora o direito à segurança pessoal
a obrigação de reparar o dano independen- seja um direito humano reconhecido).
temente da falta do serviço ou da culpa do 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe
agente público. Basicamente, a teoria do risco dentro da administração pública, tenha ingressado
administrativo reconhece a existência de res- ou não por concurso, possua cargo, emprego ou
ponsabilidade civil objetiva do Estado. função. Envolve os agentes políticos, os servido-
res públicos em geral (funcionários, empregados
ou temporários) e os particulares em colaboração
(por exemplo, jurado ou mesário).
Responsabilidade por ato comissivo do Estado; 3) Dano causado quando o agente estava agindo
Responsabilidade por omissão do Estado
nesta qualidade - é preciso que o agente este-
ja lançando mão das prerrogativas do cargo, não
No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

agindo como um particular.


tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da
responsabilidade objetiva:
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
blico e as de direito privado prestadoras de serviços mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atin-
públicos responderão pelos danos que seus agentes, gida. Assim, não é qualquer caminho que permite a res-
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ponsabilização civil do Estado, mas somente aquele que
direito de regresso contra o responsável nos casos de é causado por um agente público no exercício de suas
dolo ou culpa. funções e que exceda as expectativas do lesado quanto
à atuação do Estado.
Logo, para que se caracterize a responsabilidade do
Estado basta a comprovação dos elementos ação, nexo
causal e dano, como regra geral. Contudo, tomadas as

56
c) Fato de terceiro
#FicaDica São casos em que a causa necessária para o dano
Tomada a teoria da responsabilidade objetiva, não foi nem o comportamento do agente e nem o
que exige ação, nexo causal e dano, pode-se da vítima. O agente, na contestação, fará nomea-
dizer que são requisitos da responsabilidade ção à autoria – gerando exclusão, não o futuro re-
do Estado: gresso da denunciação da lide.
Fato do serviço – A ação foi praticada por um Terceiro não identificado – o agente não se respon-
agente público; sabiliza, pois não teve um comportamento – act of
Nexo de causalidade – Entre o fato do serviço God (do inglês, ato de Deus) – fortuito externo.
e o dano;
Dano – Causado pelo agente público no exer- Reparação do dano
cício da função.
Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o
fato de que a prática de um ato ilícito gera um dever
Causas excludentes e atenuantes da responsabili- de reparação. Há muito, o dever de reparação se dava
dade do Estado pela causação de dano igual ao ofensor; nos ditames do
direito moderno, o dever de reparação se consolida pela
Não é sempre que o Estado será responsabilizado. obrigação de indenizar (tanto pelo dano material quanto
Há excludentes da responsabilidade estatal, aprofunda- pelo dano moral).
das abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de tercei- Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano
ro) ou força maior (fato da natureza) fora dos alcances moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências –
da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde-
Todas estas excludentes geram a exclusão do elemen- nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento
to nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/ da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que
omissão e o dano, não do elemento culpa, que envolve tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo
o aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a dano extrapatrimonial, como não há preço que repare a
responsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que ofensa à dignidade, o que se busca é uma compensação
a ausência de culpa ainda caracteriza a responsabilidade. ou satisfação (compensa-se pois o valor é uma resposta
Logo, caso se esteja diante de uma hipótese de respon- do Judiciário no sentido de que a ofensa não ficará im-
sabilidade civil do Estado subjetiva por omissão, também pune; satisfação é a postura do Estado de responder pela
a ausência de culpa excluirá o dever de indenizar. ofensa à dignidade). A palavra adequada para designar
ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo 948, que fala
a) Fortuito em outras reparações, trazendo lucro cessante e dano
Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata- emergente nos incisos).
-se de fato externo à conduta do agente de natu- O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun-
reza inevitável (externabilidade + inevitabilidade), damental a reparação do dano moral. Hoje, não há dú-
conforme artigo 393, parágrafo único, CC. Impre- vida de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano
visibilidade não é atributo de caso fortuito (ex.: moral – é o dano moral puro, presente na expressão “ain-
terremoto no Japão é previsível, mas é externo e da que exclusivamente moral” do artigo 186, CC.
inevitável, logo, o caso é fortuito).
Fortuito interno é diferente de fortuito externo. Direito de regresso
Fortuito interno se relaciona com a atividade ordi-
nária do causador do dano – há responsabilidade, Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
por exemplo, falha dos freios gerando acidente de
ônibus. O fortuito externo não é introduzido pelo Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
agente, por exemplo, assalto, infarto, chuva forte.
blico e as de direito privado prestadoras de serviços
No fortuito interno o risco é de dentro pra fora, no
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
fortuito externo é de fora pra dentro. Apenas no
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-se
direito de regresso contra o responsável nos casos de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

necessário o vínculo com a atividade.


dolo ou culpa.
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segu-
rança, tudo o que ocorre nele é fortuito interno.
Este artigo deixa clara a formação de uma relação ju-
Inclusive, o STJ diz que fazem parte do risco da ins-
tituição financeira os golpes que possa sofrer, por rídica autônoma entre o Estado e o agente público que
exemplo, subtração fraudulenta dos cofres em sua causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta
guarda (Informativo nº 468, STJ). relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja,
caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano
b) Fato exclusivo da vítima causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
Quem provocou o dano foi a própria vítima. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múl- causador direto do dano para obter de volta aquilo que
tipla ou autoria plural – 2 condutas concorrentes pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
para produzir um único dano. Somente reduz o obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição
montante de danos. que o agente compõe.

57
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- Responsabilidade do Estado por atos legislativos
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente e judiciais
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais,
condutas incompatíveis com o comportamento ético a exemplo da construção de obras públicas) administra-
dele esperado.53 tivos que causem danos a terceiros a regra é a respon-
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- sabilidade civil do Estado, mas por atos legislativos (leis)
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado e judiciais (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabi- princípio, o Estado não responde por prejuízos decorren-
lidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou tes de sentença ou de lei, salvo se expressamente impos-
omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário ta tal obrigação por lei ou oriunda de culpa manifesta no
(Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor desempenho das funções de julgar e legislar.
terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes públi- A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do
cos que pratiquem atos violadores de direitos humanos Poder Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente po-
se sujeitam à responsabilidade penal e à responsabili- derão causar dano reparável (certo, especial, anormal,
dade administrativa, todas autônomas uma com relação referente a uma situação protegida pelo Direito e de va-
à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste lor economicamente apreciável). Com efeito, a lei age de
sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: forma geral, abstrata e impessoal e suas determinações
constituem ônus generalizados impostos a toda coletivi-
dade. Nesse particular, o que já se viu foi a declaração de
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
responsabilidade patrimonial do Estado por ato baseado
e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen-
em lei declarada, posteriormente, como inconstitucional.
dentes entre si.
Assim, a edição de lei inconstitucional pode obrigar o Es-
tado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa
Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Es- hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar.
tado é diretamente acionado e responde pelos atos de A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen-
seus servidores que violem direitos, cabendo eventual- to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou
mente ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos a terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de con-
da responsabilidade penal e da responsabilidade admi- denações pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em
nistrativa aciona-se o agente público que praticou o ato. revisão criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos
Destaca-se a independência entre as esferas civil, penal casos em que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133
e administrativa no que tange à responsabilização do do Código de Processo Civil, responde, pessoalmente,
agente público que cometa ato ilícito. por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injus-
tificado de atos ou providências de seu ofício, não se tem
responsabilidade patrimonial do Estado. A responsabili-
#FicaDica
dade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”54.
O fato de o agente público ter agido com
culpa apenas é relevante para os fins de re-
gresso, ou seja, o Estado poderá retomar do
agente o valor da indenização se ele agiu EXERCÍCIOS COMENTADOS
com culpa ou dolo. Se o agente não tiver agi-
do com dolo ou culpa, ainda assim o Estado 1. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO (ÁREA JUDICIÁRIA)
terá que indenizar (devido à adoção da teo- – FGV – 2018) Miro, quando passava na calçada lateral
ria do risco administrativo para fins de res- do edifício da Câmara de Vereadores do Município de
ponsabilidade objetiva do Estado), mas não São Paulo, é atingido por parte da janela que caiu do
terá direito de regresso. Gabinete da Presidência da Casa Legislativa. Nessa hi-
pótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual
indenização será:
Responsabilidade primária e subsidiária
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) a Câmara de Vereadores;
O Estado responde diretamente pelos danos causa- b) a Casa Legislativa;
dos por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que c) a Prefeitura;
estão vinculados a qualquer dos órgãos da administra- d) o Município;
ção direta ou indireta: trata-se de responsabilidade pri- e) a Presidência da Câmara de Vereadores.
mária, embora exista o direito de regresso.
Contudo, existem situações em que o Estado apenas Resposta: Letra D. Em “a”, “b”, “c” e “e”, nenhum dos
irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não órgãos enumerados possui personalidade jurídica (ar-
puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas conces- tigo 41, CC). Ainda, nos moldes da súmula nº 525, STJ:
sionárias e delegatárias de serviços públicos. No caso, “a Câmara de Vereadores não possui personalidade
tem-se responsabilidade subsidiária.
53 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: 54 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/Responsabili-
Método, 2011. dade-Civil-do-Estado

58
jurídica, apenas personalidade judiciária, somente po- assegurar o policiamento total. Contudo, em casos de
dendo demandar em juízo para defender os seus di- omissões do Estado que ocorram em contexto em que
reitos institucionais”. se esperaria um melhor desempenho de suas funções,
Em “d”, conforme o artigo 41, III, CC: “são pessoas jurí- entende-se que a omissão é específica. É o que ocor-
dicas de direito público interno: [...] III - os Municípios; re no caso do assalto em frente de a uma delegacia,
[...]”. Ainda, prevê o artigo 43, CC, “as pessoas jurídicas em plena luz do dia. Seria de se esperar que o Estado
de direito público interno são civilmente responsáveis exercesse uma adequada prestação dos serviços de
por atos dos seus agentes que nessa qualidade cau- segurança neste cenário. Por isso, a responsabilidade
sem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo é objetiva.
contra os causadores do dano, se houver, por parte
destes, culpa ou dolo”. No mesmo sentido, o artigo
37, § 6o, CF: “As pessoas jurídicas de direito público REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO.
e as de direito privado prestadoras de serviços públi- CONCEITO. PRINCÍPIOS EXPRESSOS
cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa E IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito PÚBLICA.
de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa”. Não cabe a responsabilização direta dos
órgãos da administração, a qual recai sobre a pessoa Regime jurídico-administrativo
jurídica, no caso, o Município.
Regime jurídico é uma expressão que designa o trata-
2. (TJ-SC – ANALISTA JURÍDICO – FGV – 2018) Imagine mento normativo que o ordenamento confere a determi-
duas hipóteses em que um cidadão é vítima de roubo em nado assunto. Com efeito, o regime jurídico administra-
via pública. O primeiro crime ocorre em uma rua deserta tivo corresponde ao conjunto de regras e princípios que
de madrugada, e o segundo, em rua movimentada, na estruturam o Direito Administrativo, atribuindo-lhe auto-
parte da tarde, em frente à delegacia, onde havia policiais nomia enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica.
na entrada, que nada fizeram. De acordo com jurispru- No mais, coloca-se o Estado numa posição verticalizada
dência e doutrina modernas, em tese, incide a responsa- em relação ao administrado.
bilidade civil: Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de
princípios e regras que compõem o Direito Administra-
a) objetiva em ambas as hipóteses, e a omissão estatal tivo, conferindo prerrogativas e fixando restrições à Ad-
acarreta o dever de indenizar o cidadão, sem neces- ministração Pública peculiares, não presentes no direito
sidade de comprovação do elemento subjetivo do privado, bem como a colocando em uma posição de su-
agente público; premacia quanto aos administrados.
b) subjetiva em ambas as hipóteses, e a omissão esta- Os objetivos do regime jurídico-administrativo são o
tal acarreta o dever de indenizar o cidadão, com ne- de proteção dos direitos individuais frente ao Estado e de
cessidade de comprovação do elemento subjetivo do satisfação de interesses coletivos.
agente público; Os princípios e regras que o compõem se encontram
c) objetiva na segunda hipótese, e a omissão específica espalhados pela Constituição e por legislações infracons-
estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, sem titucionais. A base do regime jurídico administrativo está
necessidade de comprovação do elemento subjetivo nos princípios que regem a Administração Pública.
do agente público;
d) subjetiva na primeira hipótese, e a omissão genérica #FicaDica
estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, sem
necessidade de comprovação do elemento subjetivo Regime jurídico administrativo = regras +
do agente público; princípios = normas que compõem o Direito
e) objetiva na primeira hipótese, e a omissão específica Administrativo
estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, sem
necessidade de comprovação do elemento subjetivo
Princípios constitucionais expressos
do agente público.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 37, Constituição Federal. A administração pública


Resposta: Letra C.
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe-
Em “a”, “b”, “d” e “e”, é objetiva no segundo caso e
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
subjetiva no primeiro, conforme se explana na expli-
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
cação da assertiva correta.
seguinte: [...]
Em “c”, a responsabilidade do Estado por omissão, em
regra, é subjetiva. O Estado não poderia se responsa-
São princípios da administração pública, nesta or-
bilizar por toda falha da segurança pública, da saúde
dem: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
ou de outras áreas, pois é impossível ao Estado coibir
de e eficiência.
toda violação de direitos em seu âmbito. No primeiro
caso, de um assalto numa rua deserta, a responsabili-
dade é subjetiva, pois o Estado não tem recursos para

59
O princípio da moralidade deve se fazer presente
#FicaDica não só para com os administrados, mas também
no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado
Para memorizar: veja que as iniciais das pala- à noção de bom administrador, que não somente
vras formam o vocábulo LIMPE, que remete à deve ser conhecedor da lei, mas também dos prin-
limpeza esperada da Administração Pública. cípios éticos regentes da função administrativa.
Legalidade TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL
Impessoalidade OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca liga-
Moralidade ção com os dois princípios anteriores.
Publicidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Eficiência é obrigada a manter transparência em relação a
todos seus atos e a todas informações armazena-
É de fundamental importância um olhar atento ao das nos seus bancos de dados. Daí a publicação
significado de cada um destes princípios, posto que eles em órgãos da imprensa e a afixação de portarias.
estruturam todas as regras éticas prescritas no Código Por exemplo, a própria expressão concurso público
de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, toman- (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos de-
do como base os ensinamentos de Carvalho Filho55 e vem tomar conhecimento do processo seletivo de
Spitzcovsky56: servidores do Estado. Diante disso, como será vis-
to, se negar indevidamente a fornecer informações
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalida- ao administrado caracteriza ato de improbidade
de significa a permissão de fazer tudo o que a lei administrativa.
não proíbe. Contudo, como a administração públi-
ca representa os interesses da coletividade, ela se No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
sujeita a uma relação de subordinação, pela qual princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
só poderá fazer o que a lei expressamente deter- político-eleitoral:
mina (assim, na esfera estatal, é preciso lei ante-
rior editando a matéria para que seja preservado o Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
princípio da legalidade). A origem deste princípio obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos de-
está na criação do Estado de Direito, no sentido verá ter caráter educativo, informativo ou de orienta-
de que o próprio Estado deve respeitar as leis que ção social, dela não podendo constar nomes, símbolos
dita. ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- autoridades ou servidores públicos.
ses que representa, a administração pública está
proibida de promover discriminações gratuitas. Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo instrumentos para proteção são o direito de petição e
este princípio, a administração pública deve tratar as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e -
igualmente todos aqueles que se encontrem na residualmente - do mandado de segurança. Neste viés,
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im-
pessoalidade no que tange à contratação de servi- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
ços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se ticipação do usuário na administração pública direta
ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser e indireta, regulando especialmente:
alcançado pela administração pública é somente o I  - as reclamações relativas à prestação dos serviços
interesse público. Com efeito, o interesse particular públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
não pode influenciar no tratamento das pessoas, viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
já que deve-se buscar somente a preservação do dica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
interesse coletivo. II - o acesso dos usuários a registros administrativos
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio e a informações sobre atos de governo, observado o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no artigo 37 da CF representa o reconhecimen- disposto no art. 5º, X e XXXIII;


to de uma espécie de moralidade administrativa, III - a disciplina da representação contra o exercício
intimamente relacionada ao poder público. A ad- negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
ministração pública não atua como um particular, na administração pública.
de modo que enquanto o descumprimento dos
preceitos morais por parte deste particular não é e) Princípio da eficiência: A administração pública
punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí- deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços
dico adota tratamento rigoroso do comportamen- com controle de gastos. Isso envolve eficiência ao
to imoral por parte dos representantes do Estado. contratar pessoas (o concurso público seleciona os
mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter
55 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- tais pessoas em seus cargos (pois é possível exone-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. rar um servidor público por ineficiência) e ao con-
56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
trolar gastos (limitando o teto de remuneração),
Método, 2011.

60
por exemplo. O núcleo deste princípio é a procu- O princípio da impessoalidade está diretamente relacio-
ra por produtividade e economicidade. Alcança nado à obrigação de que a autoridade pública não dis-
os serviços públicos e os serviços administrativos pense os preceitos éticos, os quais devem estar presen-
internos, se referindo diretamente à conduta dos tes em sua conduta.
agentes.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO

EXERCÍCIOS COMENTADOS Resposta: Errado - O enunciado descreve o princí-


pio da moralidade administrativa. É ele que determi-
1. (STJ - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avalia- na que o administrador atenda a princípios éticos em
dor Federal - CESPE/2018) Acerca dos princípios e dos sua conduta, não se limitando a critérios de legalidade
poderes da administração pública, da organização admi- (embora estes sejam de fato indispensáveis).
nistrativa, dos atos e do controle administrativo, julgue o
item a seguir, considerando a legislação, a doutrina e a
jurisprudência dos tribunais superiores. Princípios administrativos implícitos
Situação hipotética: O prefeito de determinado município
promoveu campanha publicitária para combate ao mos- Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
quito da dengue. Nos panfletos, constava sua imagem, cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po-
além do símbolo da sua campanha eleitoral. Assertiva: dem ser apontados outros princípios que regem a função
No caso, não há ofensa ao princípio da impessoalidade. pública, esparsos na legislação infraconstitucional e im-
plícitos na norma constitucional:
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
a) Princípio da legitimidade: todo ato administrativo
Resposta: Errado - Embora seja lícito o gasto com praticado pela Administração Pública é presumido
propaganda governamental, esta deverá respeitar os legítimo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende
princípios da administração. Neste sentido, a publici- que, “há cinco fundamentos para justificar a pre-
dade não pode ter caráter propagandista partidário, sunção de legitimidade: a) o procedimento e as
visando promover o governante que nada mais fez formalidades que antecedem sua edição, consti-
que o seu trabalho – investir o dinheiro público em tuindo garantia de observância da lei; b) o fato de
gastos de interesse coletivo. A conduta descrita na expressar a soberania do poder estatal, de modo
situação hipotética corresponde a uma situação de que a autoridade que expede o ato; c) a necessi-
pessoalidade na publicidade, o que é proibido pelo dade de assegurar celeridade no cumprimento
princípio da impessoalidade. das decisões administrativas; d) os mecanismos
de controle sobre a legalidade do ato; e) a sujei-
2. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Conheci- ção da Administração ao princípio da legalidade,
mentos Gerais -CESPE/2018) Julgue o item que se se- presumindo-se que seus atos foram praticados em
gue, a respeito de aspectos diversos relacionados ao di- conformidade com a lei”.
reito administrativo. b) Princípio da participação: Quem deve participar é
O núcleo do princípio da eficiência no direito administra- quem vive na sociedade, é o cidadão, aquele que
tivo é a procura da produtividade e economicidade, sen- pode ter direitos. Participar é ao mesmo tempo
do este um dever constitucional da administração, que um direito e um dever. O cidadão deve participar,
não poderá ser desrespeitado pelos agentes públicos, esta é uma obrigação de todo aquele que vive em
sob pena de responsabilização pelos seus atos. sociedade. E o cidadão deve ter espaço para par-
ticipar. Com a ampliação do conceito de soberania
(  ) CERTO   (  ) ERRADO e cidadania e, consequentemente, da responsabili-
dade do cidadão, se torna ainda mais evidente esta
Resposta: Certo - O princípio da eficiência se concen- necessidade de participar. A democracia brasileira
tra na soma de dois fatores: qualidade e economia, adota a modalidade semidireta, porque possibilita
ou seja, produtividade e economicidade. Não basta a participação popular direta no poder por inter-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

conseguir um produto mais barato se ele não atender médio de processos como o plebiscito, o referen-
a padrões mínimos para ser utilizado; não basta que do e a iniciativa popular (art. 14, CF). No entanto,
o funcionário público trabalhe rápido se o seu serviço reconhece-se que as hipóteses de participação
for executado de forma falha. Caso ocorra desrespeito constitucionalmente expressas não esgotam o rol
ao princípio da eficiência, o funcionário poderá sim ser de possibilidades de exercício da participação pelo
responsabilizado, civil, penal e administrativamente, povo. Por exemplo, o próprio exercício de liberda-
conforme o caso concreto. de de manifestação se encaixa como participação,
tal como a participação em audiências públicas,
3. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - etc.
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administra- c) Princípios da razoabilidade e proporcionalidade:
ção pública, de noções de organização administrativa e Razoabilidade e proporcionalidade são fundamen-
da administração direta e indireta, julgue o item que se tos de caráter instrumental na solução de conflitos
segue. que se estabeleçam entre direitos, notadamente

61
quando não há legislação infraconstitucional es- que o Judiciário possa controlar o mérito do ato adminis-
pecífica abordando a temática objeto de conflito. trativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse contro-
Neste sentido, quando o poder público toma de- le, devem ser observados os motivos dos atos adminis-
terminada decisão administrativa deve se utilizar trativos. Em relação à necessidade de motivação dos atos
destes vetores para determinar se o ato é correto administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta
ou não, se está atingindo indevidamente uma es- um único comportamento possível) e dos atos discricio-
fera de direitos ou se é regular. Tanto a razoabilida- nários (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previs-
de quanto a proporcionalidade servem para evitar tos, aponta um ou mais comportamentos possíveis, de
interpretações esdrúxulas manifestamente contrá- acordo com um juízo de conveniência e oportunidade), a
rias às finalidades do texto declaratório. doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade
de motivação com relação aos atos administrativos vin-
Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
culados; todavia, diverge quanto à referida necessidade
mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos.
quanto aos atos discricionários.
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no di-
reito anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade Meirelles57 entende que o ato discricionário, editado
se origina do direito germânico (muito mais metódico, sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
objetivo e organizado), muito embora uma tenha bus- gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência
cado inspiração na outra certas vezes. Por conta de sua e oportunidade, não sendo necessária a motivação. No
origem, a proporcionalidade tem parâmetros mais claros entanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá con-
nos quais pode ser trabalhada, enquanto a razoabilidade dicionar-se a esta, em razão da necessidade de obser-
permite um processo interpretativo mais livre. Evidencia- vância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendi-
-se o maior sentido jurídico e o evidente caráter delimi- mento majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo
tado da proporcionalidade pela adoção em doutrina de no ato discricionário, é necessária a motivação para que
sua divisão clássica em 3 sentidos: se saiba qual o caminho adotado pelo administrador.
Gasparini58, com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98,
• adequação, pertinência ou idoneidade: significa aponta inclusive a superação de tais discussões doutriná-
que o meio escolhido é de fato capaz de atingir o rias, pois o referido artigo exige a motivação para todos
objetivo pretendido; os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tan-
• necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida to os atos discricionários quanto os vinculados.
restritiva de um direito humano ou fundamental
somente é legítima se indispensável na situação f) Princípio da probidade: um princípio constitucio-
em concreto e se não for possível outra solução nal incluído dentro dos princípios específicos da
menos gravosa;
licitação, é o dever de todo o administrador pú-
• proporcionalidade em sentido estrito: tem o sen-
blico, o dever de honestidade e fidelidade com o
tido de máxima efetividade e mínima restrição a
Estado, com a população, no desempenho de suas
ser guardado com relação a cada ato jurídico que
recaia sobre um direito humano ou fundamen- funções. Possui contornos mais definidos do que
tal, notadamente verificando se há uma propor- a moralidade. Diógenes Gasparini59 alerta que al-
ção adequada entre os meios utilizados e os fins guns autores tratam veem como distintos os prin-
desejados. cípios da moralidade e da probidade administrati-
va, mas não há características que permitam tratar
d) Princípio da economicidade: Deve ser buscado os mesmos como procedimentos distintos, sendo
sempre o menor custo para atingir ao fim preten- no máximo possível afirmar que a probidade ad-
dido pela Administração. Afinal, o dinheiro que é ministrativa é um aspecto particular da moralidade
gasto pelo governo pertence ao povo, que contri- administrativa.
bui por meio de impostos, e deve ser adequada- g) Princípio da continuidade dos serviços públicos:
mente gerido para ampliar o bem-estar social. O Estado assumiu a prestação de determinados
e) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao serviços, por considerar que estes são fundamen-
administrador de motivar todos os atos que edita, tais à coletividade. Apesar de os prestar de forma
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gerais ou de efeitos concretos. É considerado, en- descentralizada ou mesmo delegada, deve a Ad-
tre os demais princípios, um dos mais importantes, ministração, até por uma questão de coerência,
uma vez que sem a motivação não há o devido oferecê-los de forma contínua e ininterrupta. Pelo
processo legal, uma vez que a fundamentação sur- princípio da continuidade dos serviços públicos, o
ge como meio interpretativo da decisão que levou Estado é obrigado a não interromper a prestação
à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro dos serviços que disponibiliza. A respeito, tem-se o
meio de viabilização do controle da legalidade dos
artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor:
atos da Administração.
57 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Motivar significa mencionar o dispositivo legal apli- Paulo: Malheiros, 1993.
cável ao caso concreto e relacionar os fatos que concre- 58 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
tamente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Saraiva, 2004.
59 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
Todos os atos administrativos devem ser motivados para
Saraiva, 2004.

62
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, j) Princípio da finalidade: O princípio da finalidade
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer ou- imprime à autoridade administrativa o dever de
tra forma de empreendimento, são obrigados a forne- praticar o ato administrativo com vistas à realiza-
cer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto ção da finalidade perseguida pela lei. A finalida-
aos essenciais, contínuos. de sempre envolverá a preservação do interesse
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total público.
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão k) Princípio da supremacia do interesse público so-
as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a repa- bre o privado: Na maioria das vezes, a Administra-
rar os danos causados, na forma prevista neste código. ção, para buscar de maneira eficaz tais interesses,
necessita ainda de se colocar em um patamar de
h) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis- superioridade em relação aos particulares, numa
tração Pública: a Administração possui a faculda- relação de verticalidade, e para isto se utiliza do
de de rever os seus atos, de forma a possibilitar a princípio da supremacia, conjugado ao princípio
adequação destes à realidade fática em que atua, da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prer-
e declarar nulos os efeitos dos atos eivados de rogativa é irrenunciável, por não haver faculdade
vícios quanto à legalidade. O sistema de contro- de atuação ou não do Poder Público, mas sim “de-
le dos atos da Administração adotado no Brasil é ver” de atuação.
o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma
inexorável, ao Judiciário, a revisão das decisões to- Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
madas no âmbito da Administração, no tocante à vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
sua legalidade. É, portanto, denominado controle interesse público. São as prerrogativas conferidas à Ad-
finalístico, ou de legalidade. ministração Pública, porque esta atua por conta de tal
interesse. Com efeito, o exame do princípio é predomi-
À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu- nantemente feito no caso concreto, analisando a situa-
ção de conflito entre o particular e o interesse público e
lação dos atos ilegais como a revogação de atos váli-
mensurando qual deve prevalecer.
dos e eficazes, quando considerados inconvenientes ou
inoportunos aos fins buscados pela Administração. Essa
l) Princípio da indisponibilidade do interesse público:
forma de controle endógeno da Administração denomi-
A Administração não possui livre disposição dos
na-se princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe
bens e interesses públicos, uma vez que atua em
somente a anulação de atos reputados ilegais. O emba-
nome de terceiros, a coletividade. O interesse pú-
samento de tais condutas é pautado nas Súmulas 346 e
blico é indisponível, o que implica em afirmar que
473 do Supremo Tribunal Federal.
todo o patrimônio público deve ser preservado e
gerido de maneira adequada. Por isso, confere-se
Súmula 346. A administração pública pode declarar a ao agente administrador da coisa pública o dever
nulidade dos seus próprios atos. de prestar contas sobre o patrimônio por ele con-
Súmula 473. A administração pode anular seus pró- trolado, evitando que a coisa se perca ou se dete-
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam riore de maneira indevida.
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revo-
gá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em EXERCÍCIOS COMENTADOS
todos os casos, a apreciação judicial.
1. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa – CES-
Os atos administrativos podem ser extintos por re- PE/2018) Em relação aos princípios aplicáveis à admi-
vogação ou anulação. A Administração tem o poder de nistração pública, julgue o próximo item. O princípio da
rever seus próprios atos, não apenas pela via da anula- proporcionalidade, que determina a adequação entre os
ção, mas também pela da revogação. Aliás, não é possí- meios e os fins, deve ser obrigatoriamente observado
vel revogar atos vinculados, mas apenas discricionários. no processo administrativo, sendo vedada a imposição
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A revogação se aplica nas situações de conveniência e de obrigações, restrições e sanções em medida superior
oportunidade, quanto que a anulação serve para as si- àquelas estritamente necessárias ao atendimento do in-
tuações de vício de legalidade. teresse público.

i) Princípio da Segurança Jurídica: segurança jurídica (  ) CERTO   (  ) ERRADO


é a garantia social de que as leis serão respeita-
das e cobrirão o mais vasto possível rol relações Resposta: Certo - O princípio da proporcionalidade
socialmente relevantes. Em termos objetivos, versa na conduta administrativa é de aplicação geral, inclu-
sobre a irretroatividade de nova interpretação de sive no âmbito do processo administrativo. As obriga-
lei no âmbito da Administração Pública. Em termos ções, restrições e sanções devem encontrar arcabouço
subjetivos, versa sobre a confiança da sociedade legal correspondente e serem estritamente necessá-
nos atos, procedimentos e condutas proferidas rias, atendendo ao exclusivo propósito de respeito ao
pelo Estado. interesse público.

63
2. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa -
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administra-
ção pública, de noções de organização administrativa e HORA DE PRATICAR!
da administração direta e indireta, julgue o item que se
segue. 1. (MPE-PI – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CESPE
Embora não estejam previstos expressamente na Cons- – 2018) Julgue o item subsequente, relativo a controle
tituição vigente, os princípios da indisponibilidade, da da administração pública, regime jurídico administrati-
razoabilidade e da segurança jurídica devem orientar a vo, processo administrativo federal e improbidade ad-
atividade da administração pública. ministrativa. Conforme o regime jurídico administrativo,
apesar de assegurada a supremacia do interesse público
(  ) CERTO   (  ) ERRADO sobre o privado, à administração pública é vedado ter
privilégios não concedidos a particulares.
Resposta: Certo - Embora a Constituição colacione
apenas cinco princípios de forma expressa – legalida- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-
cia, existem diversos princípios que também devem ser
2. (PGM MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNI-
seguidos e respeitados por parte da Administração, os
CÍPIO – CESPE – 2018) Quanto às transformações con-
quais são considerados implícitos. Todos eles buscam
fazer com que a atividade administrativa cumpra sua temporâneas do direito administrativo, julgue o item
finalidade de contrabalancear interesses coletivos e li- subsequente. Um dos aspectos da constitucionalização
berdades individuais, sempre priorizando o interesse do direito administrativo se refere à releitura dos seus
público, porém sem violar direitos dos cidadãos. Entre institutos a partir dos princípios constitucionais.
eles, estão a indisponibilidade, a razoabilidade e a se-
gurança jurídica. (  ) CERTO   (  ) ERRADO

3. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos 3. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – CES-
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Com relação aos prin- PE – 2018) Julgue o item que se segue, a respeito de
cípios aplicáveis à administração pública e ao enriqueci- aspectos diversos relacionados ao direito administrativo.
mento ilícito por agente público, julgue o item a seguir. De forma indireta, no direito administrativo, as fontes
Decorre do princípio de autotutela o poder da adminis- inorganizadas influem na produção do direito positivo,
tração pública de rever os seus atos ilegais, independen- apesar de as atividades opinativas e interpretativas se-
temente de provocação. rem consideradas fontes que influem nessa produção.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO (  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo - A Administração Pública pode rever 4. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – CES-
de ofício seus próprios atos, não necessitando de pro- PE – 2018) A jurisprudência administrativa constitui fon-
vocação, o que se denomina princípio da autotutela.
te direta do direito administrativo, razão por que sua
O entendimento é sumulado pelo STF: “Súmula 346.
aplicação é procedimento corrente na administração e
A administração pública pode declarar a nulidade dos
obrigatória para o agente administrativo, cabendo ao
seus próprios atos. Súmula 473. A administração pode
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios particular sua observância no cotidiano.
que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência (  ) CERTO   (  ) ERRADO
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 5. (TRE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – CESPE – 2017) O direito administrativo é:

a) um ramo estanque do direito, formado e consolidado


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cientificamente.
b) um ramo do direito proximamente relacionado ao
direito constitucional e possui interfaces com os di-
reitos processual, penal, tributário, do trabalho, civil e
empresarial.
c) um sub-ramo do direito público, ao qual está
subordinado.
d) um conjunto esparso de normas que, por possuir ca-
racterísticas próprias, deve ser considerado de manei-
ra dissociada das demais regras e princípios.
e) um sistema de regras e princípios restritos à regulação
interna das relações jurídicas entre agentes públicos e
órgãos do Estado.

64
6. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA CONTENCIO- 13. (PGE-PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE –
SA – CESPE – 2018) Acerca do direito administrativo, 2018) Assinale a opção correta acerca da organização
dos atos administrativos e dos agentes públicos, julgue administrativa:
o item a seguir. Entre os objetos do direito administrati-
vo, ramo do direito público, está a atividade jurídica não a) Ocorre descentralização por serviços quando o po-
contenciosa. der público contrata empresa privada para desem-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO penhar atividade acessória à atividade finalística da
administração.
7. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL ÁREA 1 – CES-
b) A autorização, a permissão e a concessão de serviços
PE – 2018) Considerando os ditames constitucionais
públicos a empresas privadas caracterizam descon-
da administração pública, julgue o item que se segue.
Mesmo pertencendo ao quadro da administração indire- centração administrativa.
ta, o IPHAN deve obedecer aos preceitos da legalidade, c) O ente titular do serviço público pode interferir na
da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da execução do serviço público transferido a outra pes-
eficiência. soa jurídica no caso descentralização por serviços.
d) A descentralização por colaboração resulta na transfe-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO rência da titularidade e da execução do serviço públi-
co para empresas públicas ou sociedades de econo-
8. (PGM MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNICÍ- mia mista.
PIO – CESPE – 2018) Quanto às transformações contem- e) No caso de descentralização por colaboração, a alte-
porâneas do direito administrativo, julgue o item subse- ração das condições de execução do serviço público
quente. O princípio da juridicidade, por constituir uma independe de previsão legal específica.
nova compreensão da ideia de legalidade, acarretou o
aumento do espaço de discricionariedade do adminis- 14. (TJ-CE – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2018) Relati-
trador público. vamente às entidades da administração pública indireta,
assinale a opção correta.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
a) Autarquias e fundações públicas podem receber, por
9. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRA-
TIVA – CESPE – 2018) Em relação aos princípios aplicá- meio de lei específica, a qualificação de agência exe-
veis à administração pública, julgue o próximo item. cutiva, para garantir o exercício de suas atividades
O princípio da proporcionalidade, que determina a ade- com maior eficiência e operacionalidade.
quação entre os meios e os fins, deve ser obrigatoria- b) São traços distintivos do regime jurídico especial das
mente observado no processo administrativo, sendo agências reguladoras: a investidura especial de seus
vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções dirigentes; o mandato por prazo determinado; e o
em medida superior àquelas estritamente necessárias ao período de quarentena após o término do mandato
atendimento do interesse público. diretivo.
c) A instituição de fundação pública de direito público,
(  ) CERTO   (  ) ERRADO diferentemente das autarquias, cuja criação se dá por
meio de edição de lei, exige, além de previsão legal, a
10. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- inscrição de seu ato constitutivo junto ao registro civil
TRATIVA – CESPE – 2018) Em decorrência do princípio das pessoas jurídicas.
da segurança jurídica, é proibido que nova interpretação d) Embora seja reconhecida a natureza autárquica dos
de norma administrativa tenha efeitos retroativos, exceto conselhos de classe, em razão da natureza privada dos
quando isso se der para atender o interesse público. recursos que lhes são destinados, essas entidades não
se submetem ao controle externo exercido pelo TCU.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
e) As empresas públicas e as sociedades de economia
11. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- mista poderão ser constituídas sob qualquer forma
TRATIVA – CESPE – 2018) Embora sem previsão ex- empresarial admitida em direito, ressalvando-se, em
pressa no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio relação às empresas públicas, a obrigatoriedade de
da confiança relaciona-se à crença do administrado de que o capital social seja exclusivamente público.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que os atos administrativos serão lícitos e, portanto, seus


efeitos serão mantidos e respeitados pela própria admi- 15. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
nistração pública. No que se refere aos institutos da centralização, da des-
centralização e da desconcentração, julgue o item a se-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO guir. Na administração pública, desconcentrar significa
atribuir competências a órgãos de uma mesma entidade
12. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) administrativa.
No que se refere aos institutos da centralização, da des-
centralização e da desconcentração, julgue o item a (  ) CERTO   (  ) ERRADO
seguir. A centralização consiste na execução de tarefas
administrativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos
internos e integrantes da administração pública direta.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

65
16. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – ÁREA 1 –
CESPE – 2018) Considerando os ditames constitucionais
da administração pública, julgue o item que se segue. GABARITO
Uma autarquia federal pode firmar contrato com o po-
der público com a finalidade de ampliar sua autonomia 1 ERRADO
financeira e gerencial. 2 CERTO
3 CERTO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 4 ERRADO
5 B
17. (MPU – TÉCNICO DO MPU – ADMINISTRAÇÃO – 6 CERTO
CESPE – 2018) No que se refere ao controle da adminis- 7 CERTO
tração pública, julgue o item seguinte. A administração 8 ERRADO
pública pode revogar ato próprio discricionário, ainda
9 CERTO
que perfeitamente legal, simplesmente pelo fato de não
10 ERRADO
mais o considerar conveniente ou oportuno.
11 CERTO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 12 CERTO
13 E
14 B
15 CERTO
16 CERTO
17 CERTO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

66
ÍNDICE
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos garantias
constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos............................................................................ 01
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo............................................................... 12
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública..................... 15
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente
idoso, índio................................................................................................................................................................................................................ 18
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
DIREITOS E GARANTIAS
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
INDIVIDUAIS E COLETIVOS; DIREITO internação coletiva;
À VIDA, À LIBERDADE, À IGUALDADE, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE; crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
DIREITOS SOCIAIS; NACIONALIDADE; salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS; todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
PARTIDOS POLÍTICOS; GARANTIAS nativa, fixada em lei;
CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS;
GARANTIAS DOS DIREITOS COLETIVOS, Liberdade de expressão e proibição de censura:
SOCIAIS E POLÍTICOS
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
tica, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa
Os direitos e deveres individuais e coletivos encon-
humana:
tram-se elencados no art. 5º da Constituição.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
denização pelo dano material ou moral decorrente de
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
sua violação;
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Proteção do domicílio do indivíduo:
Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
ções, nos termos desta Constituição;
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-
ção judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
Princípio da legalidade e liberdade de ação:
Proteção do sigilo das comunicações:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
municações telegráficas, de dados e das comunicações
Vedação de práticas de tortura física e moral, tra-
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
tamento desumano e degradante:
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
fins de investigação criminal ou instrução processual
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
mento desumano ou degradante;
Liberdade de profissão:
Liberdade de manifestação do pensamento e ve-
dação do anonimato, visando coibir abusos e não
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
responsabilização pela veiculação de ideias e práticas
profissão, atendidas as qualificações profissionais que
prejudiciais:
a lei estabelecer;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-


Acesso à informação:
dado o anonimato;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
Direito de resposta e indenização:
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
exercício profissional;
ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
Liberdade religiosa e de consciência:
XV - é livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
bens;

1
Direito de reunião: mico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- sentações sindicais e associativas;
mas, em locais abertos ao público, independentemente XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião triais privilégio temporário para sua utilização, bem
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo como proteção às criações industriais, à propriedade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
Liberdade de associação: volvimento tecnológico e econômico do País;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- Direito de herança:


tos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, XXX - é garantido o direito de herança;
a de cooperativas independem de autorização, sendo XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; País será regulada pela lei brasileira em benefício do
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado; Direito do consumidor:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- do consumidor;
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente; Direito de informação, petição e obtenção de cer-
tidão junto aos órgãos públicos:
Direito de propriedade e sua função social:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
XXII - é garantido o direito de propriedade; blicos informações de seu interesse particular, ou de
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
Intervenção do Estado na propriedade: das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- 12.527, de 2011).
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- do pagamento de taxas:
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
Constituição; de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
de competente poderá usar de propriedade particular, para defesa de direitos e esclarecimento de situações
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se de interesse pessoal;
houver dano;
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabili-
Pequena propriedade rural: dade do controle jurisdicional:

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
em lei, desde que trabalhada pela família, não será ciário lesão ou ameaça a direito;
objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre Segurança jurídica:


os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
Direitos autorais: jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, jurídico de seu titular, cujo começo do exercício tenha
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; termo pré-fixado ou condição pré-estabelecida inalterá-
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: vel, a arbítrio de outrem, nos termos do § 2º, do art. 6º, da
a) a proteção às participações individuais em obras Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consu-
inclusive nas atividades desportivas; mado e definitivamente exercido, sem quaisquer vícios
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- ou nulidades, segundo a lei vigente ao tempo em que se

2
efetuou.
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sentença proferida transitou em julgado e não cabe mais
recurso, não podendo, portanto, ser modificada.

Tribunal de exceção:

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;


O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusivamente para o julgamento de um fato específico já acon-
tecido, onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda tal prática, pois todos os casos devem
se submeter a julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências pré-fixadas.

Tribunal do Júri:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da lei penal:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Princípio da não discriminação:

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e anistia:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons-
titucional e o Estado Democrático.

Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de


Crimes inafiançáveis e imprescritíveis
graça e anistia

Racismo Prática de Tortura


Tráfico de drogas e entorpecentes
Ação de grupos armados contra a ordem Terrorismo
constitucional e o Estado Democrático.
Crimes hediondos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Princípio da intranscendência da pena:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

Individualização da pena:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;

3
d) prestação social alternativa; Provas ilícitas:
e) suspensão ou interdição de direitos;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
Proibição de penas: por meios ilícitos;

XLVII - não haverá penas: Presunção de inocência:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
b) de caráter perpétuo; em julgado de sentença penal condenatória;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; Identificação criminal:
e) cruéis.
LVIII - o civilmente identificado não será submetido
Estabelecimentos para cumprimento de pena: a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
em lei; (Regulamento).
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade Ação Privada Subsidiária da Pública:
e o sexo do apenado;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: pública, se esta não for intentada no prazo legal;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- A publicidade dos atos processuais e o segredo de
de física e moral; Justiça:

Direito de permanência e amamentação dos filhos LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
pela presidiária mulher: processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
resse social o exigirem;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- Legalidade da prisão:
ríodo de amamentação;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
Extradição: por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes
da naturalização, ou de comprovado envolvimento Comunicabilidade da prisão:
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
crime político ou de opinião; competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
Direito ao julgamento pela autoridade competente:
Informação ao preso:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
pela autoridade competente; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
Devido Processo Legal: a assistência da família e de advogado;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus Identificação dos responsáveis pela prisão:
bens sem o devido processo legal;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
Contraditório e a ampla defesa: sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- Relaxamento da prisão ilegal:


trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
a ela inerentes; pela autoridade judiciária;

4
Garantia da liberdade provisória: à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou ônus da sucumbência;
sem fiança;
Assistência Judiciária:
Prisão civil:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines- recursos;
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel; Indenização por erro judiciário:

Habeas corpus: LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-


diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al- fixado na sentença;
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- Gratuidade de serviços públicos:
lidade ou abuso de poder;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
Mandado de Segurança: bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
a) o registro civil de nascimento;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para b) a certidão de óbito;
proteger direito líquido e certo, não amparado por LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
habeas corpus ou habeas data, quando o responsá- habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade exercício da cidadania (Regulamento).
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público; Princípio da Celeridade Processual:
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
a) partido político com representação no Congresso são assegurados a razoável duração do processo e os
Nacional; meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
ção legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus Aplicabilidade das normas de direitos e garantias
membros ou associados; fundamentais

Mandado de Injunção: § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias


fundamentais têm aplicação imediata.
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre Assim, todas as normas relativas aos direitos e garan-
que a falta de norma regulamentadora torne inviável tias fundamentais são autoaplicáveis.
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- Rol é exemplificativo
nia e à cidadania;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
Habeas data: ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LXXII - conceder-se-á habeas data: cionais em que a República Federativa do Brasil seja
a) para assegurar o conhecimento de informações re- parte.
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é
de caráter público; taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garan-
b) para a retificação de dados, quando não se prefira tias ali expressos não excluem outros de caráter cons-
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; titucional, decorrentes de princípios constitucionais,
do regime democrático, ou de tratados internacionais.
Ação Popular:
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor Humanos
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
nio público ou de entidade de que o Estado participe, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre

5
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do trabalhador, este, parte hipossuficiente da relação
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- trabalhista.
tos dos votos dos respectivos membros, serão equi-
valentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Art. º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova- além de outros que visem à melhoria de sua condição
dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, social:
DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de
2018). Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa
Sanando discussões sobre a hierarquia desses dispo- causa:
sitivos, com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as
normas de tratados internacionais sobre direitos huma- I - relação de emprego protegida contra despedida
nos passam a ser reconhecidas como normas de hierar- arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
quia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas plementar, que preverá indenização compensatória,
duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros em dentre outros direitos;
dois turnos de votação.
Seguro-Desemprego:
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Interna-
cional II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in-
voluntário;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado ade- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
são. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004). III - fundo de garantia do tempo de serviço;

O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Salário mínimo:


Tribunal Penal Internacional, também conhecido por Cor-
te ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais bá-
Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão força cons- sicas e às de sua família com moradia, alimentação,
titucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
de crimes contra a humanidade. e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
DIREITOS SOCIAIS culação para qualquer fim;

Os chamados direitos sociais são aqueles que visam Piso salarial:


garantir qualidade de vida ou pelo menos, a melhoria de
suas condições através do bem-estar social e o pleno de- V - piso salarial proporcional à extensão e à comple-
senvolvimento da personalidade. São meios de se aten- xidade do trabalho;
der ao princípio basilar da dignidade humana.
Irredutibilidadade do salário:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
a segurança, a previdência social, a proteção à ma- convenção ou acordo coletivo;
ternidade e à infância, a assistência aos desampara-
dos, na forma desta Constituição (Redação dada pela Proteção aos que percebem remuneração variável:
Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Do direito ao trabalho para os que percebem remuneração variável;

Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
duas ordens:
• Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
• Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos ção integral ou no valor da aposentadoria;
arts. 9º a 11, CF.
Remuneração superior por trabalho noturno:
Os direitos individuais dos trabalhadores são aque-
les destinados a proteger a relação de trabalho contra IX - remuneração do trabalho noturno superior à do
uma profunda desigualdade, que resultaria da não-ob- diurno;
servância de preceitos mínimos destinados a compati-
bilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar

6
Proteção do salário contra retenção dolosa: Proteção da mulher no mercado de trabalho:

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
crime sua retenção dolosa; diante incentivos específicos, nos termos da lei;

Participação nos lucros: Aviso Prévio:

XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
Redução dos riscos do trabalho:
Salário-família:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
XII - salário-família pago em razão do dependente do meio de normas de saúde, higiene e segurança;
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Adicional por atividades penosas, insalubres ou
perigosas:
Jornada de Trabalho:
XXIII - adicional de remuneração para as atividades
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, Aposentadoria:
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
(Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). XXIV - aposentadoria;

Jornada especial para turnos ininterruptos de Assistência aos filhos pequenos:


revezamento:
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda
ciação coletiva; Constitucional nº 53, de 2006).

Repouso (ou descanso) semanal remunerado Reconhecimento das convenções e acordos coleti-
(DSR): vos de trabalho:

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
aos domingos; letivos de trabalho;

Pagamentos de horas extras: Proteção em face da automação:

XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- XXVII - proteção em face da automação, na forma da
rior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; lei;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).
Seguro contra acidentes de trabalho:
Férias remuneradas:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo do empregador, sem excluir a indenização a que este
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

menos, um terço a mais do que o salário normal; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Licença à gestante: Ação trabalhista nos prazos prescricionais:

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
do salário, com a duração de cento e vinte dias; lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o li-
Licença-paternidade: mite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 28, de 2000).

7
Não discriminação: Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e si-
multânea do trabalho, de modo organizado para defesa
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de interesses dos trabalhadores. Importante mencionar
de funções e de critério de admissão por motivo de que serviços considerados essenciais e inadiáveis à so-
sexo, idade, cor ou estado civil; ciedade não podem ser paralisados totalmente para o
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) en-
a salário e critérios de admissão do trabalhador porta- tende que servidores que atuam diretamente na área de
dor de deficiência; segurança pública não podem entrar em greve em ne-
nhuma hipótese, por desempenharem atividade essen-
Proibição de distinção do trabalho: cial à manutenção da ordem pública, e a manutenção da
segurança e da paz social deve estar acima dos interesses
XXXII - proibição de distinção entre trabalho ma- de determinadas categorias de servidores públicos.
nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais Direito de Participação Laboral: assegura a participa-
respectivos; ção dos trabalhadores e empregadores nos colegiados
dos órgãos públicos em que interesses profissionais ou
Trabalho do menor: previdenciários sejam objeto de discussão.
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou art. 11, CF: nas empresas de mais de duzentos emprega-
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba- dos, é assegurada a eleição de um representante destes
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendi-
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada mento direto com os empregadores.
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
DA NACIONALIDADE
De 14 a 16 Só pode trabalhar na condição de
anos aprendiz. A nacionalidade é a condição de sujeito natural do
Estado, que pode participar dos atos pertinentes à nação.
De 16 a 18 É vedado o exercício de trabalho A atribuição da nacionalidade se dá por dois critérios:
anos noturno, perigoso ou insalubre. Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em ter-
ritório nacional;
A partir de 18 Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional,
Trabalho normal. mesmo nascido no exterior.
anos
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitiga-
Igualdade ao trabalhador avulso: do por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constitui-
ção Federal elenca os direitos da nacionalidade, dividin-
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com do os brasileiros em dois grandes grupos: os brasileiros
vínculo empregatício permanente e o trabalhador natos e os naturalizados.
avulso
Art. 12. São brasileiros:
Empregados domésticos: I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos a serviço de seu país;
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação República Federativa do Brasil;
do cumprimento das obrigações tributárias, principais c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, partição brasileira competente ou venham a residir
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên- na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
cia social (Redação dada pela Emenda Constitucional quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nº 72, de 2013). nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007).
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aque- II - naturalizados:
les exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
interesse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e brasileira, exigidas aos originários de países de língua
compreendem: portuguesa apenas residência por um ano ininterrup-
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerro- to e idoneidade moral;
gativa dos trabalhadores para defesa de seus interesses b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen-
profissionais e econômicos. tes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde

8
que requeiram a nacionalidade brasileira (Redação cional de Revisão nº 3, de 1994).
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de b) de imposição de naturalização, pela norma estran-
1994). geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou
Cargos privativos do brasileiro nato: para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emen-
da Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; Extradição, repatriação, deportação e expulsão
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal; Todas essas medidas são instrumentos do Estado so-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; berano para enviar uma pessoa que se encontra refugia-
V - da carreira diplomática; da em seu território a outro Estado estrangeiro.
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Segundo o Ministério da Justiça (2020), a extradição
Emenda Constitucional nº 23, de 1999). é um ato de cooperação internacional que consiste na
entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um
Naturalização ou mais crimes, ao país que a reclama. Não haverá extra-
dição de brasileiro nato. Também não será concedida ex-
A naturalização é um meio derivado de aquisição da tradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
nacionalidade. É o modo de aquisição secundária da na- A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada
cionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá- ou estada irregular de estrangeiros no território nacional
trida que preencher os requisitos. e a repatriação ocorre quando o clandestino é impedi-
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele do de ingressar em território nacional pela fiscalização
que não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida fronteiriça e aeroportuária brasileira. A expulsão consis-
é aquele que tem mais de uma nacionalidade. te em medida administrativa de retirada compulsória de
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração migrante ou visitante do território nacional, conjugada
trata de diversas questões acerca da nacionalidade e do com o impedimento de reingresso por prazo determi-
processo de naturalização. nado, configurado pela prática de crimes em território
É vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros brasileiro.
natos e naturalizados. O banimento, que é a entrega de um brasileiro para
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi- julgamento no exterior, prática comum na época da dita-
leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos dura militar, é vedado pela Constituição.
nesta Constituição.
Idioma e símbolos nacionais:
Portugueses:
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
Aos portugueses com residência permanente no país pública Federativa do Brasil.
serão atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, des- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
de que haja reciprocidade. bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
Art. 12 derão ter símbolos próprios.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, DIREITOS POLÍTICOS
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
salvo os casos previstos nesta Constituição (Redação Os Direitos Políticos são medidas assecuratórias da
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de participação do indivíduo na vida política e estrutural de
1994). seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

acesso à condução da coisa pública e participação na


Perda da Nacionalidade: vida política. Abrangem o poder que qualquer cidadão
tem na condução dos destinos de sua coletividade, de
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra- uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou
sileiro que: elegendo representantes junto aos poderes públicos.
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse Cidadania e Nacionalidade: Nacional é diferente de
nacional; cidadão. A condição de nacional é um pressuposto para
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status
casos:(Redação dada pela Emenda Constitucional de de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, poder
Revisão nº 3, de 1994). participar do processo governamental, sobretudo pelo
a) de reconhecimento de nacionalidade originária voto. Assim, a nacionalidade é condição necessária, mas
pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu- não suficiente da cidadania.

9
Democracia Semidireta: Nos termos do art. 14 da Inelegibilidades:
Constituição Federal a soberania popular é exercida pelo
sufrágio universal, direto e secreto, com valor igual para A Constituição não menciona exaustivamente todas
todos. Ademais, estabelece também os instrumentos de hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas dei-
participação semidireta pelo povo. xando à lei complementar o desdobramento dos casos.
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado deci- As hipóteses a serem previstas pela lei complementar re-
de acerca de uma determinada questão. Assim, em ter- lacionam-se à proteção da “normalidade e legitimidade
mos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o das eleições contra a influência do poder econômico ou
eleitor. É uma consulta prévia à elaboração da lei. abuso do exercício de função, cargo, ou emprego na ad-
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor ministração direta ou indireta”, devendo, outrossim, fixar
aprova ou rejeita uma atitude governamental, normal- os prazos de cessação das inelegibilidades.
mente uma lei ou projeto de lei já existente.
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da po- § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
pulação (1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legisla- inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
tivo um projeto de lei que deverá ser examinado e vota- proteger a probidade administrativa, a moralidade
do. Os eleitores também podem usar deste instrumento para exercício de mandato considerada vida pregres-
em nível estadual e municipal. sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o
Direitos Políticos Ativos: alistamento eleitoral abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta (Redação dada pela
Consiste na capacidade de votar, participar de ple- Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994).
biscito e referendo, subscrever projeto de lei de inicia- Em regra:
tiva popular e de propor ação popular e se dá através § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
do alistamento eleitoral, obrigatório para os maiores de Há também a inelegibilidade derivada do casamento
dezoito anos e facultativo para os maiores de dezesseis e ou do parentesco com o Presidente da República, com
menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio- os Governadores de Estado e do Distrito Federal e com
res de setenta anos. os Prefeitos, ou com quem os haja substituído dentro
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos duran- dos seis meses anteriores ao pleito.
te serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alis- § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
taram no exército e foram convocados a prestar serviço tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
militar. até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território,
Direitos Políticos Passivos: elegibilidade eleitoral do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
Os direitos políticos passivos consistem na possibi- salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
lidade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a reeleição.
capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade
de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos, Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a
mediante eleição popular, desde que preenchidos os de- Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de
vidos requisitos. reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal,
estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: americano de reeleição, que permite apenas a recondu-
I - a nacionalidade brasileira; ção por um período somente, no Brasil, após o período
II - o pleno exercício dos direitos políticos; de um mandato, o governante pode voltar a se candida-
III - o alistamento eleitoral; tar para o posto.
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento. § 5º O Presidente da República, os Governadores de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - a idade mínima de: Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os


a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden- houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
te da República e Senador; tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de sequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Estado e do Distrito Federal; nº 16, de 1997).
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de da República, os Governadores de Estado e do Distrito
paz; Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
d) dezoito anos para Vereador. mandatos até seis meses antes do pleito.

10
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns
requisitos: EXERCÍCIOS COMENTADOS
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin-
1. (TRF 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC –
tes condições:
2012) Considere os seguintes cargos:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
I. Presidente da Câmara dos Deputados.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
II. Presidente do Senado Federal.
gado pela autoridade superior e, se eleito, passa-
III. Membro de Tribunal Regional Federal.
rá automaticamente, no ato da diplomação, para a
IV. Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
inatividade.
São, dentre outros, cargos privativos de brasileiro nato os
O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
indicados APENAS em:
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
a) I, II e III.
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
b) II e III.
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
c) I e II.
poder econômico, corrupção ou fraude;
d) I e IV.
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
e) II e IV.
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Resposta: Letra C. Nos termos do art. 12, § 3º, II e III
são privativos de brasileiro nato os cargos de Presi-
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
dente da Câmara dos Deputados e de Presidente do
Senado Federal.
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se
dar, respectivamente de forma definitiva ou temporária.
2. (CNMP – ANALISTA DO CNMP – FCC – 2015) Em
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento da
conformidade com a disciplina constitucional dos direi-
naturalização por sentença transitada em julgado e no
tos e deveres individuais e coletivos,
caso de recusa de cumprir obrigação a todos impos-
ta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar
a) o direito de acesso à informação é assegurado a todos,
obrigatório). Por sua vez, A suspensão dos direitos po-
sendo vedado o anonimato da fonte.
líticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou
b) a lei estabelecerá o procedimento para desapropria-
seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por in-
terá seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a,
teresse social, mediante prévia indenização, em títulos
alcançará, novamente o status de cidadão. Também são
da dívida pública, ressalvados os casos previstos na
passíveis de suspensão os condenados criminalmente
Constituição Federal.
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena,
c) a livre expressão da atividade intelectual, artística,
readquirem os direitos políticos; no caso de improbida-
científica e de comunicação, independentemente de
de administrativa, a suspensão será, da mesma forma,
censura ou licença, não dispensa posterior responsa-
temporária.
bilização em caso de exercício abusivo.
d) ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
a lei admitir a liberdade provisória, desde que median-
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
te pagamento de fiança.
I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
e) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
sitada em julgado;
locais abertos ao público, independentemente de au-
II - incapacidade civil absoluta;
torização e de prévio aviso, desde que não frustrem
III - condenação criminal transitada em julgado, en-
outra reunião anteriormente convocada para o mes-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quanto durarem seus efeitos;


mo local.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
Resposta: Letra C. Nos termos do art. 5º, IX, CF a livre
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
expressão da atividade intelectual, artística, científica e
§ 4º.
de comunicação, independentemente de censura ou
licença, não dispensa posterior responsabilização em
caso de exercício abusivo.

11
3. (ANCINE – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO ATIVI- Resposta: Letra A. nos termos do art. 14, § 3°, CF. (...)
DADE CINEMATOGRÁFICA E AUDIOVISUAL – CESPE VI - a idade mínima de:
– 2013) Considerando os direitos sociais e os direitos e a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
garantias fundamentais, julgue o item seguinte: te da República e Senador;
Tanto os direitos sociais quanto os direitos e garantias b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
individuais impõem ao Estado uma obrigação de não fa- Estado e do Distrito Federal;
zer, ou seja, uma postura deliberadamente omissiva que c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
visa resguardar a esfera de liberdade individual e coletiva Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
dos cidadãos. paz;
d) dezoito anos para Vereador.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado. os Direitos Socias impõem ao Esta-


PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTEMA DE
do uma obrigação de fazer (positiva).
GOVERNO; CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE
4. (TSE – PROGRAMADOR DE COMPUTADOR – CON-
GOVERNO
SULPLAN – 2012) É vedada a cassação de direitos polí-
ticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
PODER EXECUTIVO
I. cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado. O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja fun-
II. incapacidade civil relativa. ção principal é a prática dos atos de chefia de estado,
III. condenação criminal transitada em julgado, enquanto de governo e de administração, mas de forma atípica,
durarem seus efeitos. também legisla através da edição de Medidas Provisórias
e julga contenciosos administrativos.
Assinale:
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
b) se apenas as afirmativas I, III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. Chefe de Estado e Chefe de Governo
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas
Resposta: Letra B. Nos termos do art. 15, CF é vedada na figura do Presidente da República as funções do Chefe
a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspen- de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o Poder Executi-
são só se dará nos casos de: vo brasileiro é monocrático.
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- Como chefe de Estado, o presidente representa o país
sitada em julgado; nas suas relações internacionais e como chefe de gover-
II - incapacidade civil absoluta; no exerce a liderança nacional, gerindo o país política e
III - condenação criminal transitada em julgado, en- administrativamente.
quanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Eleição do Presidente e Vice-presidente da Repú-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; blica
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
§ 4º. O presidente será eleito por maioria absoluta de vo-
tos, não computados os em branco e os nulos. Entende-
5. (CÂMARA DE PALMAS -TO – ASSISTENTE ADMI- -se por maioria absoluta, mais que a metade, o número
NISTRATIVO – COPESE-UFT – 2018) João, brasileiro subsequente à metade, ou a metade +1 do número total
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nato, pretende se candidatar a Vereador do Município de de votantes. Quando o candidato mais votado não alcan-
Palmas. Nesse sentido, são condições de elegibilidade: I. ça a maioria absoluta, realiza-se segundo turno entre os
pleno exercício dos direitos políticos. II. domicílio eleito- dois mais votados.
ral na circunscrição. III. estar filiado a um partido político.
IV. ter a idade mínima de 30 anos. #FicaDica
Assinale a alternativa CORRETA. A maioria absoluta é diferente da maioria
simples, que consiste no maior resultado da
a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. votação, independentemente de exigência
b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. de quórum percentual relacionado à quanti-
c) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. dade total de votantes.
d) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.

12
Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice- Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
-Presidente: serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do
• Ser brasileiro nato; Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
• Estar no gozo dos direitos políticos; Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi-
• Ter mais de trinta e cinco anos; dente da República, far-se-á eleição noventa dias de-
• Não ser inelegível; pois de aberta a última vaga.
• Possuir filiação partidária. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
período presidencial, a eleição para ambos os cargos
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con-
da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri- gresso Nacional, na forma da lei.
meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
último domingo de outubro, em segundo turno, se pletar o período de seus antecessores.
houver, do ano anterior ao do término do mandato Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
presidencial vigente  (Redação dada pela Emenda quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
Constitucional nº 16, de 1997). ano seguinte ao da sua eleição (Redação dada pela
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
do Vice-Presidente com ele registrado. Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato ca não poderão, sem licença do Congresso Nacional,
que, registrado por partido político, obtiver a maioria ausentar-se do País por período superior a quinze dias,
absoluta de votos, não computados os em branco e sob pena de perda do cargo.
os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta Atribuições do Presidente da República
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin-
te dias após a proclamação do resultado, concorrendo Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre-
os dois candidatos mais votados e considerando-se sidente da República as atribuições e responsabilidades
eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. trazidas nos artigos 84, 85 e 86, CF:
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
morte, desistência ou impedimento legal de candi- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de pública:
maior votação. I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com direção superior da administração federal;
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- previstos nesta Constituição;
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
prestando o compromisso de manter, defender e cum- como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem execução;
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri- V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
dade e a independência do Brasil. VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo a) organização e funcionamento da administração fe-
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, deral, quando não implicar aumento de despesa nem
este será declarado vago. criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
Ordem de sucessão presidencial no caso de impe- b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
dimento ou vacância: gos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2001).
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
Presidente, este será substituído pelo: Vice-presidente, ditar seus representantes diplomáticos;
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Se- VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
nado Federal e Presidente do Supremo Tribunal Federal, nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
nesta ordem. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- X - decretar e executar a intervenção federal;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
além de outras atribuições que lhe forem conferidas gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre providências que julgar necessárias;
que por ele convocado para missões especiais. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

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XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exérci- sociais;
to e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais IV - a segurança interna do País;
e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; V - a probidade na administração;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de VI - a lei orçamentária;
02/09/99) VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri- especial, que estabelecerá as normas de processo e
bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o julgamento.
Procurador-Geral da República, o presidente e os di-
retores do banco central e outros servidores, quando Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
determinado em lei; da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- tados, será ele submetido a julgamento perante o
nistros do Tribunal de Contas da União; Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais co-
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- muns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; responsabilidade.
XVII - nomear membros do Conselho da República, § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
nos termos do art. 89, VII; I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
Conselho de Defesa Nacional; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, do processo pelo Senado Federal.
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen-
parcialmente, a mobilização nacional; to do processo.
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
Congresso Nacional; nas infrações comuns, o Presidente da República não
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; estará sujeito a prisão.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território mandato, não pode ser responsabilizado por atos es-
nacional ou nele permaneçam temporariamente; tranhos ao exercício de suas funções.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as Os Ministros de Estado
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, São membros auxiliares do Executivo livremente
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- nomeados pelo Presidente. Competem aos Ministros a
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; direção do Ministério ou seção administrativa que lhe
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, houver sido confiada. Podem também referendar atos
na forma da lei; presidenciais, expedir instruções para a boa execução
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos das leis, decretos e regulamentos e inclusive, receber de-
termos do art. 62; legação do Presidente da República para a realização de
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta atos próprios da chefia do Poder Executivo.
Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao dos direitos políticos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além


da União, que observarão os limites traçados nas res- de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição
pectivas delegações. e na lei:

Responsabilidade do Presidente da República I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos


órgãos e entidades da administração federal na área
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre- de sua competência e referendar os atos e decretos
sidente da República que atentem contra a Constitui- assinados pelo Presidente da República;
ção Federal e, especialmente, contra: II - expedir instruções para a execução das leis, decre-
I - a existência da União; tos e regulamentos;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- III - apresentar ao Presidente da República relatório
diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu- anual de sua gestão no Ministério;
cionais das unidades da Federação; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe

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forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da a União pelos danos e custos decorrentes.
República. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Mi- vez, por igual período, se persistirem as razões que
nistérios e órgãos da administração pública (Redação justificaram a sua decretação.
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
Do Conselho da República e do Conselho de Defe- pelo executor da medida, será por este comunicada
sa Nacional imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de
O Conselho da Repúbica é órgão consultivo do Pre- corpo de delito à autoridade policial;
sidente sobre intervenção federal, estado de defesa, es- II - a comunicação será acompanhada de declaração,
tado de sítio e questões relevantes para a estabilidade pela autoridade, do estado físico e mental do detido
das instituições democráticas. O Presidente não poderá no momento de sua autuação;
tomar qualquer decisão sobre tais questões sem a au- III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po-
diência do Conselho da República. Entretanto, sua função derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
é apenas consultiva e não deliberativa, e não vincula ne- pelo Poder Judiciário;
cessariamente a atuação presidencial. IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
a assessorar o Presidente da República nas questões re- o Presidente da República, dentro de vinte e quatro
lativas à defesa do território nacional. horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria
absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA; dias.
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den-
tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
defesa.
TÍTULO V § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta-
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES do de defesa.
DEMOCRÁTICAS
SEÇÃO II
CAPÍTULO I DO ESTADO DE SÍTIO
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o
SEÇÃO I Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
DO ESTADO DE DEFESA nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de:
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor-
Conselho da República e o Conselho de Defesa Na- rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida
cional, decretar estado de defesa para preservar ou tomada durante o estado de defesa;
prontamente restabelecer, em locais restritos e deter- II - declaração de estado de guerra ou resposta a
minados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas agressão armada estrangeira.
por grave e iminente instabilidade institucional ou Parágrafo único. O Presidente da República, ao soli-
atingidas por calamidades de grandes proporções na citar autorização para decretar o estado de sítio ou
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

natureza. sua prorrogação, relatará os motivos determinantes


§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter- do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas maioria absoluta.
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites
da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua
seguintes: duração, as normas necessárias a sua execução e as
I - restrições aos direitos de: garantias constitucionais que ficarão suspensas, e,
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; depois de publicado, o Presidente da República de-
b) sigilo de correspondência; signará o executor das medidas específicas e as áreas
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode-
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públi- rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorro-
cos, na hipótese de calamidade pública, respondendo gado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II,

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poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
guerra ou a agressão armada estrangeira. lei e da ordem.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do a serem adotadas na organização, no preparo e no
Senado Federal, de imediato, convocará extraordina- emprego das Forças Armadas.
riamente o Congresso Nacional para se reunir dentro § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
de cinco dias, a fim de apreciar o ato. disciplinares militares.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcio- § 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
namento até o término das medidas coercitivas. dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem
a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
contra as pessoas as seguintes medidas: elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Re-
I - obrigação de permanência em localidade pública e asseguradas em plenitude aos oficiais da ati-
determinada; va, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou títulos e postos militares e, juntamente com os demais
condenados por crimes comuns; membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in- II - o militar em atividade que tomar posse em cargo
formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e ou emprego público civil permanente será transferido
televisão, na forma da lei; para a reserva, nos termos da lei; (Incluído pela Emen-
IV - suspensão da liberdade de reunião; da Constitucional nº 18, de 1998)
V - busca e apreensão em domicílio; II - o militar em atividade que tomar posse em cargo
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; ou emprego público civil permanente, ressalvada a hi-
VII - requisição de bens. pótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci- transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação
so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
efetuados em suas Casas Legislativas, desde que libe- III - O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
rada pela respectiva Mesa. posse em cargo, emprego ou função pública civil tem-
porária, não eletiva, ainda que da administração indi-
SEÇÃO III reta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente
DISPOSIÇÕES GERAIS poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
movido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os serviço apenas para aquela promoção e transferência
líderes partidários, designará Comissão composta de para a reserva, sendo depois de dois anos de afasta-
cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a mento, contínuos ou não, transferido para a reserva,
execução das medidas referentes ao estado de defesa nos termos da lei; (Incluído pela Emenda Constitucio-
e ao estado de sítio. nal nº 18, de 1998)
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de posse em cargo, emprego ou função pública civil tem-
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da porária, não eletiva, ainda que da administração indi-
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus exe- reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso
cutores ou agentes. XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa-
o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên- ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe
cia serão relatadas pelo Presidente da República, em o tempo de serviço apenas para aquela promoção
mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e transferência para a reserva, sendo depois de dois
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e justificação das providências adotadas, com rela- anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
ção nominal dos atingidos e indicação das restrições para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela
aplicadas. Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
CAPÍTULO II (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
DAS FORÇAS ARMADAS V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode es-
tar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Ma- Constitucional nº 18, de 1998)
rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são institui- VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul-
ções nacionais permanentes e regulares, organizadas gado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
com base na hierarquia e na disciplina, sob a auto- por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
ridade suprema do Presidente da República, e des- em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
tinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes de guerra; (Incluído pela Emenda Constitucional nº

16
18, de 1998) VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Re-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por 2019)
sentença transitada em julgado, será submetido ao § 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão
julgamento previsto no inciso anterior; (Incluído pela permanente, estruturado em carreira, destina-se a:
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e es-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci- truturado em carreira, destina-se a: (Redação dada
sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, incisos pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XI, XIII, XIV e XV; (Incluído pela Emenda Constitucional I - apurar infrações penais contra a ordem política e
nº 18, de 1998) social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci- da União ou de suas entidades autárquicas e empre-
sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos sas públicas, assim como outras infrações cuja prática
XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com tenha repercussão interestadual ou internacional e
prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
alínea “c”; (Redação dada pela Emenda Constitucional II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
nº 77, de 2014) e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o dis- prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi-
posto no art. 40, §§ 4º,5º e 6º; (Incluído pela Emenda cos nas respectivas áreas de competência;
Constitucional nº 18, de 1998) III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de
IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o dis- fronteiras;
posto no art. 40, §§ 7º e 8º; (Redação dada pela Emen- III - exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
da Constitucional nº 20, de 1998) (Revogado pela tuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 41, de 19.12.2003) Constitucional nº 19, de 1998)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
os limites de idade, a estabilidade e outras condições judiciária da União.
de transferência do militar para a inatividade, os di- § 2º - A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
reitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
outras situações especiais dos militares, consideradas ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
cumpridas por força de compromissos internacionais organizado e mantido pela União e estruturado em
e de guerra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen-
18, de 1998) to ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
da lei. estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais .
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
após alistados, alegarem imperativo de consciência, organizado e mantido pela União e estruturado em
entendendo-se como tal o decorrente de crença reli- carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen-
giosa e de convicção filosófica ou política, para se exi- to ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela
mirem de atividades de caráter essencialmente militar. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Regulamento) § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei- União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. infrações penais, exceto as militares.
(Regulamento) § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-


CAPÍTULO III beiros militares, além das atribuições definidas em lei,
DA SEGURANÇA PÚBLICA incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão admi-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito nistrador do sistema penal da unidade federativa a
e responsabilidade de todos, é exercida para a preser- que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimen-
vação da ordem pública e da incolumidade das pes- tos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: nal nº 104, de 2019)
I - polícia federal; § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros mi-
II - polícia rodoviária federal; litares, forças auxiliares e reserva do Exército, su-
III - polícia ferroviária federal; bordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
IV - polícias civis; Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Territórios.

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§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros mi- Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter-
litares, forças auxiliares e reserva do Exército subordi- mos da lei, organizar a seguridade social, com base
nam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias nos seguintes objetivos:
penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Es- I - universalidade da cobertura e do atendimento;
tados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) ços às populações urbanas e rurais;
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen- III - seletividade e distributividade na prestação dos
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de benefícios e serviços;
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni- V - eqüidade na forma de participação no custeio;
cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e VI - diversidade da base de financiamento, identifi-
instalações, conforme dispuser a lei. cando-se, em rubricas contábeis específicas para cada
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integran- área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de
tes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada saúde, previdência e assistência social, preservado o
na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda caráter contributivo da previdência social; (Redação
Constitucional nº 19, de 1998) dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do nistração, mediante gestão quadripartite, com par-
seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emen- ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
da Constitucional nº 82, de 2014) aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, 1998)
que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade ur-
bana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
nº 82, de 2014) a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede- lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entida- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
des executivos e seus agentes de trânsito, estruturados cípios, e das seguintes contribuições sociais:
em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 82, de 2014) I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do tra-
ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA balho pagos ou creditados, a qualquer título, à pes-
ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE SOCIAL; soa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA, CRIANÇA, empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº
ADOLESCENTE, IDOSO, ÍNDIO 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento;(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
TÍTULO VIII de 1998)
DA ORDEM SOCIAL II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
dência social, não incidindo contribuição sobre apo-
CAPÍTULO I sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
DISPOSIÇÃO GERAL previdência social de que trata o art. 201; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Art. 193. A ordem social tem como base o primado III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou


sociais. de quem a lei a ele equiparar.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
CAPÍTULO II § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
DA SEGURIDADE SOCIAL Municípios destinadas à seguridade social constarão
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
SEÇÃO I mento da União.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 2º A proposta de orçamento da seguridade social
será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos social, tendo em vista as metas e prioridades estabele-
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos re- cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a
lativos à saúde, à previdência e à assistência social. cada área a gestão de seus recursos.

18
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da para sua categoria, assegurado o agrupamento de
seguridade social, como estabelecido em lei, não po- contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional
derá contratar com o Poder Público nem dele receber nº 103, de 2019)
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a CAPÍTULO VI
garantir a manutenção ou expansão da seguridade DO MEIO AMBIENTE
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor- gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
respondente fonte de custeio total. e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
da data da publicação da lei que as houver instituído
ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum-
art. 150, III, “b”. be ao Poder Público:
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade so- I - preservar e restaurar os processos ecológicos es-
cial as entidades beneficentes de assistência social que senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
atendam às exigências estabelecidas em lei. ecossistemas;(Regulamento)
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário II - preservar a diversidade e a integridade do patri-
rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti- mônio genético do País e fiscalizar as entidades dedi-
vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime cadas à pesquisa e manipulação de material genético;
de economia familiar, sem empregados permanentes, (Regulamento) (Regulamento)
contribuirão para a seguridade social mediante a apli- III - definir, em todas as unidades da Federação, es-
cação de uma alíquota sobre o resultado da comer- paços territoriais e seus componentes a serem espe-
cialização da produção e farão jus aos benefícios nos cialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
termos da lei. (Redação dada pela Emenda Cons- permitidas somente através de lei, vedada qualquer
titucional nº 20, de 1998) utilização que comprometa a integridade dos atribu-
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do tos que justifiquem sua proteção;(Regulamento)
caput deste artigo poderão ter alíquotas diferencia- IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
das em razão da atividade econômica, da utilização ou atividade potencialmente causadora de signifi-
intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
da condição estrutural do mercado de trabalho, sen- de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
do também autorizada a adoção de bases de cálculo (Regulamento)
diferenciadas apenas no caso das alíneas “b” e “c” do V - controlar a produção, a comercialização e o em-
inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda Consti- prego de técnicas, métodos e substâncias que com-
tucional nº 103, de 2019) portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- ambiente; (Regulamento)
cursos para o sistema único de saúde e ações de assis- VI - promover a educação ambiental em todos os ní-
tência social da União para os Estados, o Distrito Fede- veis de ensino e a conscientização pública para a pre-
ral e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, servação do meio ambiente;
observada a respectiva contrapartida de recursos. (In- VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub-
prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de metam os animais a crueldade.(Regulamento)
lei complementar, a remissão e a anistia das contri- § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
buições sociais de que tratam a alínea “a” do inciso gado a recuperar o meio ambiente degradado, de
I e o inciso II do caput. (Redação dada pela Emenda acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucional nº 103, de 2019) competente, na forma da lei.


§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômi- § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
ca para os quais as contribuições incidentes na forma meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulati- ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in-
vas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de dependentemente da obrigação de reparar os danos
19.12.2003) causados.
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Cons- § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlân-
titucional nº 103, de 2019) (Revogado pela Emenda tica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Constitucional nº 103, de 2019) Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utiliza-
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como ção far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdên- assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
cia Social a competência cuja contribuição seja igual quanto ao uso dos recursos naturais.
ou superior à contribuição mínima mensal exigida § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou

19
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão admitida a participação de entidades não governa-
ter sua localização definida em lei federal, sem o que mentais, mediante políticas específicas e obedecendo
não poderão ser instaladas. aos seguintes preceitos:(Redação dada Pela Emenda
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII Constitucional nº 65, de 2010)
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práti- I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
cas desportivas que utilizem animais, desde que sejam nados à saúde na assistência materno-infantil;
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 II - criação de programas de prevenção e atendimento
desta Constituição Federal, registradas como bem de especializado para as pessoas portadoras de defici-
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural ência física, sensorial ou mental, bem como de inte-
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí- gração social do adolescente e do jovem portador de
fica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos ar-
CAPÍTULO VII quitetônicos e de todas as formas de discriminação.
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de
JOVEM E DO IDOSO 2010)
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, logradouros e dos edifícios de uso público e de fa-
de 2010) bricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial deficiência.
proteção do Estado. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os se-
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. guintes aspectos:
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
da lei. trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
a união estável entre o homem e a mulher como en- III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
tidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão jovem à escola;(Redação dada Pela Emenda Constitu-
em casamento. cional nº 65, de 2010)
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
comunidade formada por qualquer dos pais e seus buição de ato infracional, igualdade na relação pro-
descendentes. cessual e defesa técnica por profissional habilitado,
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con- segundo dispuser a legislação tutelar específica;
jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
mulher. nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór- desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
cio.(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, medida privativa da liberdade;
de 2010) VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
humana e da paternidade responsável, o planeja- lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
mento familiar é livre decisão do casal, competindo ou adolescente órfão ou abandonado;
ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos VII - programas de prevenção e atendimento especia-
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependen-
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. te de entorpecentes e drogas afins.(Redação dada Pela
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pessoa de cada um dos que a integram, criando me- § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
canismos para coibir a violência no âmbito de suas exploração sexual da criança e do adolescente.
relações. § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado sua efetivação por parte de estrangeiros.
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamen-
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali- to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi-
mentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, cações, proibidas quaisquer designações discriminató-
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à rias relativas à filiação.
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los § 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado-
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, lescente levar-se- á em consideração o disposto no art.
exploração, violência, crueldade e opressão.(Redação 204.
dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

20
§ 8º A lei estabelecerá:(Incluído Pela Emenda Consti- em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que
tucional nº 65, de 2010) cesse o risco.
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju-
reitos dos jovens;(Incluído Pela Emenda Constitucional rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
nº 65, de 2010) domínio e a posse das terras a que se refere este arti-
II - o plano nacional de juventude, de duração dece- go, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos
nal, visando à articulação das várias esferas do poder rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
público para a execução de políticas públicas.(Incluído interesse público da União, segundo o que dispuser lei
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo,
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. ocupação de boa fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e edu- art. 174, § 3º e § 4º.
car os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações
enfermidade. são partes legítimas para ingressar em juízo em defe-
sa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever Público em todos os atos do processo.
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua parti-
cipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
tados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização


social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di-
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos ín-
dios as por eles habitadas em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as impres-
cindíveis à preservação dos recursos ambientais ne-
cessários a seu bem-estar e as necessárias a sua repro-
dução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluí-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das


riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivados com autorização do Congresso Nacional,
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes asse-
gurada participação nos resultados da lavra, na forma
da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis
e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
terras, salvo, “ad referendum” do Congresso Nacional,
em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
sua população, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional, garantido,

21
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
HORA DE PRATICAR! 7. (PF – Delegado – CESPE – 2013) Considerando o dis-
posto na CF acerca na ordem social, julgue o item sub-
1. (PM-RN – SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR – IBADE sequente. A floresta amazônica brasileira, assim como a
– 2018) Um dos princípios constitucionais da Adminis- mata atlântica, é considerada bem da União, devendo
tração Pública é o do(a): sua utilização ocorrer na forma da lei, em condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive no
a) improbidade. que concerne ao uso dos recursos naturais.
b) equidade.
c) sigilo. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
d) moralidade.
e) pessoalidade. 8. (PF – Delegado – CESPE – 2013) Considerando o dis-
posto na CF acerca na ordem social, julgue o item sub-
2. (PF – Agente Administrativo – Conhecimentos Bá- sequente.
sicos – Nível Superior – CESPE – 2014) Em relação aos As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, in-
Poderes Legislativo e Executivo e à segurança pública, cluídas no domínio constitucional da União Federal, são
julgue o item que se segue. A Polícia Federal, organizada e inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de prescrição
mantida pela União, atua, de forma preventiva e repressiva, aquisitiva.
no combate a certos delitos, sendo ainda de sua respon-
sabilidade o exercício, com exclusividade, das funções de (  ) CERTO   (  ) ERRADO
polícia judiciária da União.
9. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE
(  ) CERTO   (  ) ERRADO – 2013) A respeito da organização político-administrati-
va do Estado e da administração pública, julgue o item
3. (PF – Agente Administrativo – Conhecimentos Bá- que se segue.
sicos – Nível Superior – CESPE – 2014) Em relação aos O Distrito Federal (DF) é ente federativo autônomo, pois
Poderes Legislativo e Executivo e à segurança pública, possui capacidade de auto-organização, autogoverno e
julgue o item que se segue. O objetivo fundamental da segu- autoadministração, sendo vedado subdividi-lo em mu-
rança pública, exercida por meio das polícias federal, rodovi- nicípios.
ária federal, civis, militares e dos corpos de bombeiros milita-
res, é a preservação da ordem pública e da incolumidade das (  ) CERTO   (  ) ERRADO
pessoas e do patrimônio.
10. (PRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE – 2013)
(  ) CERTO   (  ) ERRADO A respeito da organização político-administrativa do Es-
tado e da administração pública, julgue o item que se
4. (PF – Agente Administrativo – CESPE – 2014) Acerca segue.
das disposições constitucionais relativas à segurança pú- Em se tratando de matéria para a qual se preveja a com-
blica, julgue o item a seguir. Na hipótese da ocorrência petência legislativa concorrente, a CF autoriza os estados
de crime contra o patrimônio da Empresa Brasileira de a exercerem a competência legislativa plena para aten-
Correios e Telégrafos, compete à Polícia Federal apurar a derem a suas peculiaridades se inexistir lei federal sobre
infração penal. normas gerais.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO (  ) CERTO   (  ) ERRADO

5. (PF – Agente Administrativo – CESPE – 2014) Acer- 11.(2017 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Porto
ca das disposições constitucionais relativas à segurança Ferreira – SP Prova: Procurador Jurídico) Sobre os di-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pública, julgue os itens a seguir. A Força Nacional de Se- reitos e garantias fundamentais, a Constituição Federal
gurança Pública, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária estabelece expressamente que:
Federal são órgãos destinados ao exercício da segurança
pública no Brasil. a) as normas definidoras dos direitos e garantias funda-
mentais têm aplicação imediata, exceto as de eficácia
(  ) CERTO   (  ) ERRADO contida.
b) as normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
6. (PF – Delegado – CESPE – 2013) Acerca das atribui- tais têm aplicação imediata, exceto as de eficácia limitada.
ções da Polícia Federal, julgue o item a seguir. A Polícia c) os tratados e convenções internacionais sobre direitos
Federal dispõe de competência para proceder à investi- humanos que forem aprovados pelo Congresso Nacio-
gação de infrações penais cuja prática tenha repercus- nal, em um único turno, por três quintos dos votos dos
são interestadual ou internacional, exigindo-se repressão membros, serão equivalentes às emendas constitucio-
uniforme. nais.

22
d) o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal In-
ternacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
e) os direitos e garantias expressos na Constituição ex- GABARITO
cluem outros, exceto aqueles decorrentes de tratados
e convenções internacionais sobre direitos humanos 1 D
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso 2 CERTO
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 3 CERTO
dos respectivos membros. 4 CERTO
5 ERRADO
12. (2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Fotó- 6 CERTO
grafo Técnico Pericial) Conforme a Constituição Fede- 7 ERRADO
ral, a República Federativa do Brasil constitui-se em Es- 8 CERTO
tado Democrático de Direito, tendo, como um de seus 9 CERTO
fundamentos, 10 CERTO
11 D
a) a erradicação da pobreza em todos os níveis. 12 C
b) os valores sociais do trabalho. 13 D
c) o serviço militar obrigatório. 14 A
d) o combate a todas as formas de discriminação de raças.
e) construir uma sociedade livre, justa e solidária.

13.(2013 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Agente


de Polícia) No Brasil, conforme prevê a Carta Magna, a
cidadania:

a) é um direito absoluto de todos os brasileiros e estrangei-


ros.
b) restringe a proteção dos direitos humanos aos brasileiros.
c) é um objetivo fundamental da República Federativa.
d) é um fundamento da República Federativa.
e) limita-se a garantir o direito de voto.

14.(2011 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Juiz)


Nossa ordem constitucional estabelece institutos de de-
mocracia semidireta, dentre os quais:

I. a iniciativa popular, exercida pela apresentação à Câ-


mara dos Deputados de projeto de lei subscrito por,
no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, dis-
tribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada
um deles;
II. o referendo, podendo ser utilizado pelo Congresso Na-
cional nos casos em que este decidir ser conveniente,
indicado em casos específicos como para a formação
de novos Estados e de novos Municípios;
III. o plebiscito, espécie de consulta popular semelhante
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ao referendo, mas o único apto a permitir que forças


estrangeiras transitem pelo território nacional.

Está correto apenas o contido em

a) I.
b) II e III.
c) III.
d) II.
e) I e III.

23
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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24
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios Básicos.................................................................................................................................................................................................... 01
Aplicação da lei penal; A lei penal no tempo e no espaço; Tempo e lugar do crime; Territorialidade e extraterritorialidade
da lei penal................................................................................................................................................................................................................ 08
O Fato Típico e Seus Elementos; Crime Consumado e Tentado; Ilicitude e Causas de Exclusão; Excesso Punível........... 17
Crimes Contra a Pessoa........................................................................................................................................................................................ 27
Crimes Contra o Patrimônio............................................................................................................................................................................... 33
Crimes Contra a Fé Pública................................................................................................................................................................................. 43
Crimes Contra a Administração Pública......................................................................................................................................................... 53
Inquérito Policial; Histórico, Natureza, Conceito, Finalidade, Características, Fundamento, Titularidade, Grau de
Cognição, Valor Probatório, Formas de Instauração, Notitia Criminis, Delatio Criminis, Procedimentos Investigativos,
Indiciamento, Garantias do Investigado; Conclusão................................................................................................................................. 60
Prova; Preservação de Local de Crime; Requisitos e Ônus da Prova; Nulidade da Prova; Documentos de Prova;
Reconhecimento de Pessoas e Coisas; Acareação; Indícios; Busca e Apreensão.......................................................................... 65
Prisão em Flagrante............................................................................................................................................................................................... 74
estrito cumprimento do dever legal, de modo a escla-
recer quais seriam as condutas vedadas, as permitidas e
PRINCÍPIOS BÁSICOS aquelas penas toleradas.
Na CULPABILIDADE se trata das questões relevantes
que cuidam da atribuição do fato criminoso ao seu ator,
examinando a sua imputabilidade penal: capacidade para
POR QUE DIREITO PENAL?
responder por suas ações. E a reprovabilidade pessoal de
seu ato, em face das circunstâncias concretas que cercam
Vamos retornar no tempo. Durante o período monár-
o evento danoso.
quico, no Brasil havia o Código Criminal, pois naquela
O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
época o objetivo do estudo era o crime. Logo no início
Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
do período republicano, tivemos nosso primeiro Código
duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
Penal, pois os olhos passaram a observar o resultado, a
te organizada.
pena. E isso vem até o presente.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
Há diferença entre Direito Penal e Direito Criminal?
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
Direito Penal e Direito Criminal podem ser sinônimos,
descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
sem problemas. Mas, temos que saber que se o objetivo
todo.
é a resultado: Direito Penal. Se o objetivo é a causa: Di-
O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
reito Criminal.
obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
Não vamos estudar história do direito. Basearemos
e assim avançar nesta ramos do direito. Tenha a ideia de
o direito penal a partir da Constituição Federal de 1988.
que os princípios são o alicerce de todo sistema norma-
O Direito Constitucional define a estrutura do Estado
tivo, fundamentam todo o sistema de direito e estabele-
e a posição dos direitos e garantias individuais no mode-
cem os direitos fundamentais do homem.
lo político escolhido.
O Direito Penal moderno se assenta em determinados
O direito penal não vive sozinho, mas se comunica
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
com a filosofia, sociologia, criminologia etc.
democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
A criminologia levanta as questões atinentes à legiti-
dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
midade do sistema penal e sobre as práticas das instân-
ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
cias oficiais que operam neste contexto: Poder Judiciário,
A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
Ministério Público, Polícia etc. Embora de grande impor-
me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
tância, tem a função de servir de suporte argumentativo
(sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
para a interpretação das leis penais.
O direito penal possui conceito de aspecto formal e
O processo penal, por sua vez, viabiliza a aplicação da
de aspecto sociológico:
lei penal. É também o instrumento que recebe da Consti-
tuição Federal amplo repertório de garantias individuais.
#FicaDica
Um exemplo:
Aspecto formal
No Código Penal (art. 100 a 106) temos a AÇÃO Direito penal é um conjunto de normas que
PENAL. qualifica certos comportamentos huma-
nos como infrações penais, define os seus
Na Criminologia temos o suporte argumentativo. agentes e fixa as sanções a serem aplicadas.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


No Processo Penal temos a viabilização da lei penal. Aspecto sociológico
Imagine: “A” foi encontrado morto em um determi- O direito penal é mais um instrumento do
nado local. Homicídio é crime (art. 121, do CP). Sem o controle social de comportamentos desvia-
Processo Penal, aquele corpo de “A” ficará ali, naquele dos, visando assegurar a necessária disci-
local. Não teremos condições de interpretar a cena do plina social, bem como a convivência har-
crime. Viabiliza-se os procedimentos de preservar o lo- mônica dos membros do grupo.
cal, instaurar a investigação, colher provas, fazer perícias,
indiciar o autor, denunciar, praticar os atos processuais,
Sobre a função (funcionalismo) do direito penal, a
aplicar a pena etc. Isso mostra que o direito penal não
doutrinária divide em funcionalismo teleológico e fun-
está sozinho.
cionalismo sistêmico.
Além disso, o direito penal possui inúmeros princípios
Funcionalismo teleológico: o fim do Direito Penal é
que estão presentes ao logo de toda a sua aplicação.
assegurar bens jurídicos indispensáveis à convivência
Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, que significa isso?
dos homens valendo-se das medidas de políticas crimi-
Na TIPICIDADE se estuda o conceito da ação ou omis-
nais. Admite o princípio da insignificância.
são do comportamento humano: dolo, culpa, resultado,
Funcionalismo sistêmico: a função do Direito Penal é
nexo causal e imputação objetiva do resultado, bem jurí-
resguardar o sistema, o império da norma, o direito pos-
dico objeto da proteção penal.
to, atrelado aos fins da pena. Não admite princípio da
Na ILICITUDE se definem as valorizações sociais acer-
insignificância.
ca da matéria proibida, com maior ênfase nas causas
de justificação: estado de necessidade, legítima defesa,

1
A missão do direito penal está relacionada a alguns a ele imputada a previsibilidade de um comportamento
princípios, vejamos: imprudente, contrário ao dever de cautela praticado por
outrem.
• Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos; Exclui a imputação subjetiva, desde que, na concor-
• Princípio da intervenção mínima (subsidiariedade e rência de ações, o agente que o invoca tenha agido com
fragmentariedade); o dever de cautela exigível para o caso concreto, em con-
• Princípio da proibição de proteção deficiente; sonância com as regras de experiência comum.
• Princípio da vedação à conta corrente – “carta de É utilizado em atividades compartilhadas, como é o
crédito carcerário”; caso das relações no trânsito, em que há a participação
• Princípio da confiança. dos pedestres de dos demais condutores, e nos trabalhos
em equipe, como ocorre, por exemplo, nas intervenções
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos cirúrgicas.

Impede que o estado venha a utilizar o direito penal DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO
para proteção de bens ilegítimos. Limitando sua missão DIREITO PENAL
no sentido de proteger os bens jurídicos mais relevantes
do homem. Exemplo: não pode definir como crime ou- O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
tros credos, budismo, ou até o ateísmo. Não é possível Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
defender uma religião discriminando outras. duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
te organizada.
Princípio da intervenção mínima Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
O direito penal deve ser aplicado quando estritamen- descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
te necessário mantendo-se SUBSIDIÁRIO e FRAGMENTÁ- todo.
RIO (características). As disposições constitucionais aplicáveis ao Direito
Penal também são chamadas de princípios constitucio-
nais do Direito Penal.
Princípio da proibição de proteção deficiente
Enfim, esse estudo tem de passar pelos princípios
constitucionais e assim avançar neste ramo do direito.
Também denominado de princípio da insuficiência
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
ou de proibição de omissão, o princípio da proibição de
todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
proteção deficiente consiste em uma verdadeira cláusula
de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
mandamental dirigida ao Estado, determinando a ado-
homem.
ção das medidas suficientes e necessárias à proteção dos
O Direito Penal moderno se assenta em determinados
direitos fundamentais.
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
O princípio da insuficiência não se dirige apenas ao democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
legislador, impondo-lhe proibição de omissão, mas, tam- dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
bém, ao Poder Judiciário. ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
No plano legislativo, o aludido princípio se assemelha Nasce, então, os princípios do Direito Penal.
ao mandado de criminalização (ou penalização), no sen-
tido da proibição do Poder Legislativo se omitir diante Princípio da Legalidade
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

dos mecanismos de proteção dos direitos fundamentais.


A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
Princípio da vedação à conta corrente me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
(sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
Significa que, mesmo que condenado erroneamente
ou permanecer preso por tempo superior ao determina- Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções
do na sentença, o agente não terá direito a um crédito fundamentais:
carcerário a seu favor, devendo a situação ser resolvida
no âmbito da responsabilidade civil do Estado.

Princípio da confiança

Embora tratado por parte da doutrina como um prin-


cípio trata-se, em verdade, de um critério de avaliação do
comportamento, do dever de cuidado, segundo o qual
se proíbe a exigência de que o indivíduo tenha previsão
perante ações descuidadas de terceiros.
Ao contrário, aquele que age dentro da normalidade
das relações sociais, diga-se, dentro dos limites do risco
permitido, tem o direito de esperar que os demais assim
atuem (confiança permitida), impossibilitando que seja

2
Princípio da aplicação da lei mais favorável

A regra do direito penal é a irretroatividade da lei penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado, funda-
mentam-se a regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do favor
libertatis), e a hipótese excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e
judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que,
ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal
incriminando-o.

Taxatividade ou da determinação

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material - democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos

O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção
de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e à comunidade, dentro do quadro axiológico constitucional ou decorrente da
concepção de Estado de Direito democrático (teoria constitucional eclética).

Princípio da intervenção mínima ou da subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo

Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá
intervir quando for absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização.
Se é com base neste princípio que os bens são selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque
considerados como de maior importância, também será com fundamento nele que o legislador, atento às mutações
da sociedade, que com sua evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, eram da maior relevância, fará
retirar do ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.

3
Princípio da pessoalidade da pena ou da responsabilidade pessoal ou da intrancendência da pena

Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não
poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é
que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem
até as forças da herança.
A pena de multa, apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou de ter caráter penal e, por isso, con-
tinua obedecendo a este princípio.

#FicaDica
• Com o falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuni-
ária, não poderá ser estendida a ninguém. Pena de multa tem natureza penal, não pode ser transferida.
• A responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no caso de
morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem até
as forças da herança.

Individualização da pena

A individualização da pena ocorre em três momentos:


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Proporcionalidade da pena

Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
A pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a
medida de segurança à periculosidade criminal do agente.
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato
cometido considerado em seu significado global.

4
#FicaDica

Princípio da humanidade ou da limitação das penas

Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer
outra medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem material
e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os princípios
da culpabilidade e da igualdade.

Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as seguintes penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;


b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Um Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão que contradiz
sua razão de ser, colocando-se ao nível dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).

Princípio da adequação social

Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será tida como típica se for socialmente adequada ou
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social da vida historicamente condicionada.
Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância com determinações jurídicas de com-
portamentos já estabelecidos.
O princípio da adequação social possui dupla função, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
A primeira delas o orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de pro-
teger os bens considerados mais importantes.
Se a conduta que está na mira do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la va-
lendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire
do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da
sociedade.

Princípio da insignificância ou da bagatela

Este princípio, enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas
como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal.
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicida-
de em caso de danos de pouca importância.

A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da considera-
ção conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica
para possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A insignificância só pode
surgir à luz da finalidade geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e que nos
indica que essas hipóteses estão excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à luz de sua
consideração isolada. (ZAFFARONI e PIERANGELI - 2015)

5
6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento

A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das ações
reprováveis e somente eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas meramente
imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.

Princípio da razoabilidade

De todos os princípios estudados, este é o único que não é constitucional.


Mas, não podemos deixar de estudá-lo neste momento.
Segunda a doutrina, o razoável sobrepõe o que é legal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada em harmonia
com a realidade, de modo social e juridicamente razoável., buscando aquilo que é justo.

EXERCÍCIOS COMENTADOS NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. (PC-MA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – CESPE – 2018) O princípio da legalidade compreende

a) A capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da omissão, bem como da
ciência desse entendimento.
b) O juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e
ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
c) A oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz de lesionar ou expor
a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
d) A obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e, principalmente, na elaboração de seu
conteúdo normativo.
e) A conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no momento da ação ou
da omissão.

Resposta: Letra D. O princípio da legalidade penal também está relacionado ao devido respeito às normas e pro-
cedimentos que devem ser respeitados para a produção das normas penais, assim como, também, com o conteúdo
normativo das disposições sobre Direito Penal.

7
2. (DPRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE – 2013) 5. (DETRAN-DF – Analista de Trânsito – CESPE – 2009)
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do con- Acerca do direito penal, julgue os itens que se seguem. O
teúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os ti- princípio da legalidade veda o uso de analogia in malam
pos penais de tal natureza somente pode ser criados por partem e a criação de crimes e penas pelos costumes.
meio de lei em sentido estrito.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Resposta: Certo. Dentre as características do prin-
Resposta: Certo. O princípio da legalidade serve de cípio da legalidade, a alternativa apresenta duas de-
parâmetro para fixação das normas penais incrimi- las: Vedação de se utilizar analogia para prejudicar o
nadoras (aquelas que criam crimes e suas respectivas agente (in malam partem); Vedação de se criar crimes
penas). Não é possível a criação de tipos penais in- e penas pelos costumes. É importante mencionar que
criminadoras de nenhuma outra forma que não seja a analogia não é amplamente proibida no Direito Pe-
por meio de lei em sentido estrito (Lei Ordinária e Lei nal Brasileiro, já que, se for para beneficiar (in bonam
Complementar). Nenhum outro diploma normativo partem) o agente, ela será admitida.
poderá criar crime e cominar penas. Previsão Legal:
Artigo 1º do Código Penal e Artigo 5º, XXXIX, da Cons-
tituição Federal.

3. (TJ-PB – Juiz Leigo-ADAPTADA – CESPE – 2013) É APLICAÇÃO DA LEI PENAL. A LEI PENAL
permitida a criação de tipos penais por meio de medida
provisória.
NO TEMPO E NO ESPAÇO. TEMPO E
LUGAR DO CRIME. TERRITORIALIDADE E
( ) CERTO  ( ) ERRADO EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL

Resposta: Errado. Vigora no nosso ordenamento ju-


rídico o princípio da reserva legal, desdobramento do O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
princípio da legalidade, juntamente com o princípio Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
da anterioridade. O princípio da reserva legal estabe- duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
lece que somente lei em sentido estrito pode criar cri- te organizada.
mes e cominar penas. Segundo a Constituição Federal, Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
em seu Artigo 62, § 1º, I, b, é vedado a edição de Me-
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
dida Provisória sobre Direito Penal. Parte da doutrina
descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
e também a jurisprudência do STF, admitem a possibi-
todo.
lidade de Medida Provisória em matéria penal, desde
O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
que seja para beneficiar o agente, mas eles também
obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
entender não poder a Medida Provisória criar crimes
e assim avançar na nesta disciplina.
ou penas.
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
4. (TJ-ES – Comissário da Infância e da Juventude – todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
CESPE – 2011) Com relação aos princípios de direito pe- de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
nal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue os itens homem.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

subsecutivos. O Direito Penal moderno se assenta em determinados


Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
proibição de se realizar incriminações vagas e indeter- democrático, entre os quais destaca-se o da legalidade
minadas, visto que, no preceito primário do tipo penal dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
incriminador, é obrigatória a existência de definição pre- ção legalizada, tudo com base constitucional expressa.
cisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com Sobre a aplicação da lei da lei penal é necessário
base em tal princípio, a criação de tipos que contenham compreender as fontes do direito penal:
conceitos vagos e imprecisos.
FONTES FORMAIS
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Mediatas
Resposta: Certo. Segundo posicionamento doutri-
nário, o princípio da legalidade é desdobrado nas se- a) Costume é a reiteração de uma conduta, de modo
guintes vertentes. O princípio da taxatividade proíbe a constante e uniforme, por força da convicção de sua
criação de tipos penais que contenham condutas in- obrigatoriedade.
determinadas, imprecisas. O seguinte tipo penal seria
vedado em nosso ordenamento jurídico: Violar a mo- Possui um elemento objetivo, relativo ao fato (reite-
ralidade pública. Reclusão, de 5 a 8 anos. O que vem a ração da conduta) e outro subjetivo, inerente ao agente
ser moralidade administrativa é um conceito vago, in- (convicção da obrigatoriedade). Ambos devem estar pre-
determinado, que pode ser interpretado de inúmeras sentes cumulativamente.
maneiras conforme a análise de cada indivíduo.

8
No Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado para criar delitos ou aumentar penas.

Os costumes se dividem:

1) secundum legem ou interpretativo: auxilia o intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias do


tipo penal.

No passado, pode ser lembrada a expressão “mulher honesta”, a qual era compreendida de diversas formas ao
longo do território nacional.

2) contra legem ou negativo: também conhecido como desuetudo, é aquele que contraria a lei, mas não tem o condão
de revogá-la.
3) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado na seara das normas penais não
incriminadoras, notadamente para possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitude ou da
culpabilidade.
b) Princípios gerais do Direito são os valores fundamentais que inspiram a elaboração e a preservação do ordenamen-
to jurídico. Não podem ser utilizados para tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua atuação se reserva ao
âmbito das normas penais não incriminadoras.
c) Atos da Administração Pública: no Direito Penal, funcionam como complemento de algumas leis penais em branco.

FONTE FORMAL

Imediata

É a lei penal, uma vez que, por expressa determinação constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o papel
de criar infrações penais e cominar as respectivas penas respectivas.
A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e um preceito secundário (pena).

#FicaDica

As leis penais podem ser incriminadoras; não incriminadoras (permissivas, exculpantes; interpretativas; de aplicação,

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


finais ou complementares; diretivas; integrativas ou de extensão); completas ou perfeitas; e incompletas ou imperfeitas.
A lei penal não é proibitiva, mas descritiva.
Incriminadoras quando descrevem crimes e cominam penas.
As não incriminadoras podem ser permissivas ou explicativas, também chamadas complementares ou finais.
As permissivas podem ser justificantes, quando excluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando excluem a
culpabilidade.
As explicativas (complementares ou finais) esclarecem o conteúdo de outra norma, como no caso do conceito de
funcionário público, ou tratam de regras gerais para aplicação das demais normas, como as que disciplinam a tentativa
e o nexo de causalidade.

9
Normas penais incriminadoras

É fácil.
São aquelas que definem as infrações penais e fixam as respectivas penas.
São também chamadas de tipos penais.
As normas incriminadoras possuem, necessariamente, duas partes.
A primeira descreve a conduta típica e os demais elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso.
Também chamado de preceito primário da norma incriminadora.
Crime de furto - art. 155, caput, CP: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.
Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados elementos ou elementares e se subdividem em
três espécies: elementos objetivos, subjetivos e normativos.
Os elementos objetivos são os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos
significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto.
Todos os tipos penais possuem elementos objetivos.
Os elementos subjetivos dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos.
O crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, consiste em “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” (art. 159 do CP).
O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter vantagem como decorrência do sequestro.
Os elementos normativos, por sua vez, são aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo
de uma interpretação, ou seja, de um juízo de valor.
No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada elemento normativo, pois só se sabe se um bem é
alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma análise envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

subtraído.
São poucos os crimes que possuem elemento normativo.
Os tipos penais compostos somente por elementos objetivos são chamados de normais, e aqueles que também
contêm elementos subjetivos ou normativos são classificados de anormais (por serem exceção).
Na segunda parte da norma incriminadora, a lei prevê a pena a ser aplicada a quem realizar a conduta típica ilícita.
No caso do furto, a pena estabelecida é de “reclusão, de um a quatro anos, e multa”. Esse é o chamado preceito
secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as normas incriminadoras podem ser complementadas na Parte Espe-
cial por circunstâncias que tornam a pena mais grave ou mais branda.

Causas de aumento de pena

As causas de aumento são índices de soma ou multiplicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida na fase
anterior.
Continuando no exemplo do crime de furto:
Art. 155, § 1º, do CP, “a pena aumenta-se de 1/3 (um terço) se o crime é praticado durante o repouso noturno”.

Qualificadoras

As qualificadoras alteram a pena em abstrato (preceito secundário) como um todo, descrevendo novas penas má-
xima e mínima.

10
No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio-
já mencionado e descrito no caput do art. 155, do CP, res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade.
existem as qualificadoras (rompimento de obstáculo, Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de
emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes sua vigência, será chamada ultratividade.
etc.).
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-
Art. 155. (...) -se a ocorrência das seguintes situações:
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa, se o crime é cometido: a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da fi-
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à gura criminosa;
subtração da coisa; b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- penal mais benigna;
calda ou destreza;
III – com emprego de chave falsa;
Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in me-
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
lius, aplica-se o princípio da retroatividade da Lei penal
Abrandamento da pena mais benéfica.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimina-
Há hipóteses de abrandamento da pena, por exem- lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva-
plo, o furto privilegiado. mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo
Art. 155, § 2º, do CP, “se o criminoso é primário, e é que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe-
de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 (um) na esfera penal.
a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de multa”. Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de
Normas penais permissivas rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes
do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicida-
São as que preveem a licitude ou a impunidade de de para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárce-
determinados comportamentos, apesar de se enquadra- re privado”), houve, assim, uma continuidade normativa
rem na descrição típica. atípica.
São normas permissivas, por exemplo, aquelas que A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
excluem a ilicitude do aborto provocado por médico todos os efeitos penais da sentença.
quando não há outro meio para salvar a vida da ges- A Lei nº 9.099/1999 trouxe novas formas de substitui-
tante, ou quando a gravidez resulta de estupro e há ção de penas e, por consequência, considerando que se
consentimento da gestante (art. 128, do CP), ou, ainda, trata de novatio legis in melius ocorreu retroatividade de
as hipóteses de isenção de pena existentes nos crimes sua vigência a fatos anteriores a sua publicação.
contra o patrimônio praticados contra cônjuge ou contra
ascendente sem emprego de violência ou grave ameaça c) Novatio legis in pejus – é a lei posterior que agra-
(art. 181, do CP). va a situação;
A legislação penal brasileira optou pela proibição in- d) Novatio legis incriminadora – é a lei posterior
direta, descrevendo o fato como pressuposto da sanção
que cria um tipo incriminador, tornando típica a
– técnica legislativa desenvolvida por Karl Binding e cha-
conduta antes considerada irrelevante pela lei
mada de teoria das normas, segundo a qual é necessária

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


penal.
a distinção entre norma e lei penal.

A LEI PENAL NO TEMPO A lei posterior não retroage para atingir os fatos pra-
ticados na vigência da lei mais benéfica (Irretroatividade
O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há da lei penal). Contudo, haverá extratividade da lei mais
crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vi-
prévia cominação legal. gência (Ultratividade da Lei Penal).
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e
como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave,
norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício nos termos da Súmula 711 do STF.
ao réu. Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade,
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos du- em que a maioria dos nossos autores considera o princí-
rante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extra- pio da legalidade sinônimo de reserva legal.
tividade da lei penal. A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma- não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da legal. Dissentindo desse entendimento o professor Fer-
lei. nando Capez diz que o princípio da legalidade é gênero
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal que compreende duas espécies: reserva legal e anterio-
é o seu poder de regular situações fora de seu período ridade da lei penal. Com efeito, o princípio da legalida-
de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações de corresponde aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da
passadas, seja em relação a situações futuras. Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime

11
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, nele embutidos, dois princípios dife-
rentes: o da reserva legal, reservando para o estrito campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena (não
há crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o da anterioridade, exigindo que a lei esteja em
vigor no momento da prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a regra do art. 1º, denominada
princípio da legalidade, compreende os princípios da reserva legal e da anterioridade.

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA

Vamos ver o que dispõe o Código Penal:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vi-
gorar enquanto perdurar o período excepcional.
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim,
a lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados duran-
te sua vigência. São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua
revogação.

TEMPO DO CRIME

O Código Penal dispõe que:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

A respeito do tempo do crime, existem três teorias:

a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no momento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no momento do resultado advindo da conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime consiste no momento tanto da conduta como do resultado
que adveio da conduta criminosa.

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado
(tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal português em que também é adotada a Teoria da Ativi-
dade para o tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no momento da vigência da lei anterior
terá direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputável mesmo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

que a consumação ocorrer quando tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E, também, o deficiente
mental será imputável, se na época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na época do
resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga
no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave
será aplicada.

12
A LEI PENAL NO ESPAÇO em pouso no território nacional ou em voo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar terri-
Territorialidade torial do Brasil” (§ 2º).

De acordo com o Código Penal: Extraterritorialidade

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con- Observe o texto do Código Penal:
venções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come-
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como ex- tidos no estrangeiro:
tensão do território nacional as embarcações e aero- I - os crimes:
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem República;
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mer- b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
cantes ou de propriedade privada, que se achem, res- Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
pectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em de empresa pública, sociedade de economia mista, au-
alto-mar. tarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes c) contra a administração pública, por quem está a
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es- seu serviço;
trangeiras de propriedade privada, achando-se aque- d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-
las em pouso no território nacional ou em voo no es- miciliado no Brasil;
paço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar II - os crimes:
territorial do Brasil. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir;
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da b) praticados por brasileiro;
norma penal a fatos cometidos no Brasil: c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem apli- território estrangeiro e aí não sejam julgados.
cação no território do Estado que a editou, pouco § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
importando a nacionalidade do sujeito ativo ou a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
passivo. estrangeiro.
b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacio- § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasilei-
nal é aplicável a fatos cometidos em seu território. ra depende do concurso das seguintes condições:
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacio- a) entrar o agente no território nacional;
nal se aplica aos fatos praticados em seu território, b) ser o fato punível também no país em que foi
mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da praticado;
lei estrangeira, quando assim estabelecer algum c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
tratado ou convenção internacional. Foi este o brasileira autoriza a extradição;
princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal: d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven- não ter aí cumprido a pena;
ções, tratados e regras de direito internacional, ao e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


crime cometido no território nacional. por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
gundo a lei mais favorável.
O Território nacional abrange todo o espaço em que § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co-
o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra-
interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa sil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
(12 milhas) e espaço aéreo. anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem b) houve requisição do Ministro da Justiça.
ainda que:
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a
“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão fatos criminosos ocorridos no exterior.
do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do gover- Princípios norteadores:
no brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei na-
ou de propriedade privada, que se achem, respectiva- cional do autor do crime, qualquer que tenha sido
mente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- o local da infração.
-mar” (§ 1º). b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional
“É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- do autor do crime aplica-se quando este for prati-
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estran- cado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou
geiras de propriedade privada, achando-se aquelas contra pessoa de sua nacionalidade.

13
c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha sido
o local da infração ou a nacionalidade do autor do delito. É também chamado de princípio da proteção.
d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade
do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde que o agente esteja dentro de seu território (que tenha
voltado a seu país, p. ex.).
e) Princípio da representação. A lei nacional é aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e em-
barcações privadas, desde que não julgados no local do crime.

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas.

EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
homologada no Brasil para:

• obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;


• sujeitá-lo a medida de segurança.

A homologação depende:

• para os efeitos de obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis, de pedido da
parte interessada;
• para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

Contagem de prazo

O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
as frações de cruzeiro.

Legislação especial

As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

14
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Interpretação conforme a Constituição

A interpretação é medida necessária para que com- A Constituição Federal informa e conforma as normas
preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante for-
alcance. ma de interpretação no Estado Democrático de Direito.
Na interpretação, há lei para regular o caso em con-
creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo Distinção entre interpretação extensiva e interpre-
normativo sua vontade e seu alcance para que possa re- tação analógica
gular o fato jurídico.
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance
Interpretação quanto ao sujeito das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados
de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras
Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela pró- hipóteses, funcionando como uma analogia in malan
pria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser partem admitida pela lei.
considerado funcionário público para fins penais); Rogério Greco fala em interpretação extensiva em
Doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva
por meio de sua doutrina; em sentido estrito e interpretação analógica.
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Tri-
bunais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição ANALOGIA
dos Motivos do Código Penal configura uma interpre-
tação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que Analogia não é forma de interpretação, mas de in-
criaram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos tegração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca
do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, do tema, ou ainda em caso de a Lei não tratar do tema
pois foi criada por lei.2. Interpretação quanto ao modo em específico o magistrado irá recorrer ao instituto. São
pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação
• gramatical, filológica ou literal- considera o senti- será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a
do literal das palavras; ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
• teleológica- se refere à intenção objetivada pela Dita o Código Penal em seu artigo 2º, afirma que nin-
lei (exemplo: proibir a entrada de acessórios de ce- guém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
lular, mesmo que a lei se refira apenas ao aparelho); considerar crime, cessando em virtude dela a execução e
• histórica- indaga a origem da lei; os efeitos penais da sentença condenatória.
• sistemática- interpretação em conjunto com a le- O parágrafo único deste artigo trata da exceção a re-
gislação em vigor e com os princípios gerais do gra da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de bene-
direito; fício ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos
• progressiva ou evolutiva- busca o significado le- por sentença condenatória transitada em julgado.
gal de acordo com o progresso da ciência. Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroa-
girá em benefício do réu.
Interpretação quanto ao resultado Frise-se, todavia que tal regra se restringe somente às
normas penais.
Declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra
da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis di-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


zer, sem restringir ou estender seu sentido; EXERCÍCIO COMENTADO
Restritiva- a interpretação reduz o alcance das pala-
vras da lei para corresponder à intenção do legislador; 1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE
Extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para – 2018) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que
corresponder à sua vontade. sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo muni-
ciado, sem autorização e em desacordo com determina-
Interpretação sui generis ção legal. O comportamento suspeito de José levou-o a
ser abordado em operação policial de rotina. Sem a au-
A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en- torização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à
dofórica. Veja-se: delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Exofórica- o significado da norma interpretativa não Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo); item seguinte.
Endofórica- o texto normativo interpretado empresta Se, durante o processo judicial a que José for submetido,
o sentido de outros textos do próprio ordenamento jurí- for editada nova lei que diminua a pena para o crime
dico (muito usada nas normas penais em branco). de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato,
pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de
aplicação da lei vigente à época do fato.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

15
Resposta: Errado. Em regra, a lei penal se aplica aos 4. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A
fatos praticados durante o seu período de vigente. respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Excepcionalmente, a lei penal poderá se movimentar Situação hipotética: João cometeu crime permanente
no tempo, seja para ser aplicada a fatos ocorridos no que teve início em fevereiro de 2011 e fim em dezembro
passado, quando retroagirá, seja para ser aplicada no desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alte-
futuro, mesmo estando revogada, quando irá ultra- ração legislativa que agravou a pena do crime por ele
gir. Nos dois casos, um requisito se faz indispensável: cometido. Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a
deve ser feito para beneficiar o agente. A lei posterior, lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio
que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado. Previsão Legal: ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Artigo 2º, Parágrafo único, do Código Penal.
Resposta: Errado. No caso de crimes permanentes ou
2. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDE- de crimes continuados, aplicar-se a lei penal vigente
RAL – CESPE – 2018) Em cada item a seguir, é apresen- ao tempo do término da permanência ou da conti-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a nuidade, ainda que seja muito mais gravosa ao agen-
ser julgada com base na legislação de regência e na juris- te. Por exemplo: Se antes de uma vítima de extorsão
prudência dos tribunais superiores a respeito de execu- mediante sequestra ser colocada em liberdade pelos
ção penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime sequestradores entrar em vigor lei penal que prejudi-
impossível e arrependimento posterior. ca o agente, é ela que será aplicada ao caso, já que é
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a anterior ao término da permanência do crime. É im-
entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formal- portante que você conheça a Súmula 711 do STF: A
mente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis cessação da continuidade ou da permanência.
com a edição da nova lei.
5. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Com refe-
( ) CERTO  ( ) ERRADO rência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao
concurso de agentes e aos sujeitos da infração penal, jul-
Resposta: Certo. Ocorreu ao fato narrado pela alter- gue o item que se segue.
nativa o que se chama de continuidade típico-norma- Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a
tiva, que se dá quando o tipo penal é revogado, mas vigência de lei que cominava pena de multa para essa
sua conduta continua sendo crime, contudo, tipifica- conduta. Todavia, no decorrer do processo criminal, en-
da em outro tipo penal. Exemplo do fato aconteceu trou em vigor nova lei, que, revogando a anterior, passou
quando o tipo penal de atentado violento ao pudor, a atribuir ao referido crime a pena privativa de liberdade.
antigo artigo 214 do Código Penal, foi revogado, mas Assertiva: Nessa situação, dever-se-á aplicar a lei vigente
a conduta que o configurava passou a integrar o tipo ao tempo da prática do crime.
penal do crime de estupro, artigo 213 do CPB. Nas hi-
póteses de continuidade típico-normativa, não há que ( ) CERTO  ( ) ERRADO
se falar em abolitio criminis.
Resposta: Certo. A regra no nosso ordenamento ju-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

3. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A rídico é o princípio do tempus regit actum. A lei penal
respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir. irá produzir efeitos durante o seu período de vigência.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria Caso uma lei penal seja revogada por outra mais grave
da ubiquidade quando se fala do tempo do crime, ou (substituiu a multa por pena privativa de liberdade), a
seja, o crime é considerado praticado no momento da lei revogada continuará a ser aplicada aos fatos pra-
ação ou da omissão. ticados durante a sua vigência, devido a capacidade
que tem a lei benéfica de ser ultrativa. Previsão Legal:
( ) CERTO  ( ) ERRADO Artigo 2º, Parágrafo único. Do Código Penal.

Resposta: Errado. Em relação ao tempo do crime, o


Código Penal adotou a teoria da atividade, conside-
rando-se praticado o crime no momento da ação ou
da omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
tado. Previsão Legal: Artigo 4º do Código Penal.

16
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do
delito que tem a maior aceitação entre os criminalistas,
O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. sendo estudada e difundida por Welzel no século passa-
CRIME CONSUMADO E TENTADO. do. Essa teoria trouxe grandes avanços ao Direito Penal
ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. ao corrigir alguns pontos da teoria anterior, conhecida
EXCESSO PUNÍVEL como causalista. Em ambas, o estudo do fato crimino-
so passa a se preocupar, primeiramente, com a conduta
praticada, sendo considerado um Direito Penal do fato.
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjun-
CONCEITO DE CRIME, FATO TÍPICO, ILICITUDE, to por Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causa-
CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE lismo, o crime deve ser entendido como uma lesão (ou
perigo de lesão) de um bem jurídico provocada por uma
O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do conduta. A partir desse entendimento nota-se que este
crime. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Pe- sistema constrói uma acepção formal e objetiva acerca
nal, crime é a infração penal a que a Lei comine pena do comportamento humano tido como delituoso, pois se
de reclusão ou detenção e multa, alternativa, cumulativa preocupa, principalmente, com a constatação do nexo de
ou isoladamente. Já contravenção é a infração a que a causalidade do delito.
Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt
cumulativa ou isoladamente. definiu ação como a inervação muscular produzida por
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, ca- energias de um impulso cerebral, que comandadas pelas
bendo à doutrina seu desenvolvimento. leis da natureza, provoca uma transformação no mundo
O crime possui três conceitos principais, material, for- exterior. A ação é vista de uma forma puramente obje-
mal e analítico. tiva, causal e naturalista. Reconhece-se que toda ação
se inicia com a vontade, no entanto o conteúdo desta
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omis- é irrelevante para a teoria causalista, bastando apenas a
são humana que lesa ou expõe a perigo de lesão verificação da relação causal entre o ato e o resultado,
bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou que é o crime propriamente dito.
penalmente tutelados. De acordo com o STF, O Porém, deve-se ressaltar que a concepção clássica do
CONCEITO MATERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGI- delito também leva em consideração o aspecto subje-
TIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, pois, de acordo com tivo. Isto porque, baseando-se no conceito analítico de
ele, não será toda conduta que será penalmente crime (ação típica, antijurídica e culpável), o Causalismo
criminalizada, mas somente aquelas condutas mais identifica tanto elementos objetivos, representados pela
relevantes (princípio da adequação social); tipicidade e pela antijuricidade, quanto um elemento
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei cha- subjetivo, a saber, a culpabilidade (dolo ou culpa).
ma de crime. Está definido no art. 1º da Lei de In- A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à
trodução do Código Penal. Crime é toda infração a subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua
que a Lei comina pena de reclusão ou detenção e vez, realiza uma valoração negativa da ação, identifican-
multa, isolada, cumulativa ou alternativamente. De do se a conduta é realmente típica ou se há alguma cau-
acordo com este conceito, a diferença seria apenas sa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a
quantitativa, relativa à quantidade da pena; culpabilidade é concebida como uma relação psicológica
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elemen- entre a ação e o autor, sendo que, a intensidade desse

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


tos que integram o crime. Crime é todo fato típico, vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como
antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar dolosa ou culposa.
de não fazer tanta diferença, já que fica mais fácil
manejar o CP e as leis especiais quando há exclu- Fato Típico
dentes de ilicitude e culpável (alguns autores não
consideram a culpabilidade como elemento do cri- Fato típico é denominado como o comportamen-
me, e sim como pressuposto da pena). Apesar de to humano que se molda perfeitamente aos elementos
ser indivisível, o crime é estudado de acordo com constantes do modelo previsto na lei penal.
essas três características para facilitar sua com- A primeira característica do crime é ser um fato típico,
preensão. Elas serão analisadas mais adiante, após descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
vermos as classificações de crime existentes. vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.
TEORIA CRIME OU DO DELITO Para que o operador do Direito possa chegar à con-
clusão de que determinado acontecimento da vida é um
A teoria do delito é uma das mais importantes para o fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o,
Direito Penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar,
para o correto enquadramento da ação praticada pelo com certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe re-
autor dentro do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz lação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e
que a teoria do delito se preocupa em explicar o que é o absoluta. Essa relação é a tipicidade.
delito e quais são as suas características.

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Para que determinado fato da vida seja considerado culpabilidade é concebida como uma relação psicológica
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos entre a ação e o autor, sendo que a intensidade desse
os seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos. vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como
Os componentes de um fato típico são a conduta hu- dolosa ou culposa.
mana, a consequência dessa conduta se ela a produzir (o Ilicitude, Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o
resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta descumprimento de um dever jurídico imposto por nor-
(nexo causal) e, por fim, a tipicidade. mas de direito público, sujeitando o agente a uma pena.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
Conduta entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típi-
co, até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a
Considera-se conduta a ação ou omissão humana um tipo penal, é antijurídico.
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A Culpabilidade, é um elemento integrante do con-
ceito definidor de uma infração penal. A motivação e
objetivos subjetivos do agente praticante da conduta
Resultado ilegal. A culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da
conduta ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que com dolo (intenção), ou pelo menos com imprudência,
possui dois significados distintos em matéria penal. Pode negligência ou imperícia, nos casos em que a lei prever
se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e como puníveis tais modalidades.
em resultado jurídico ou normativo.
O resultado naturalístico ou material consiste na mo- O excesso Punível
dificação no mundo exterior provocada pela conduta.
Trata-se de um evento que só se faz necessário em cri- Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
mes materiais, ou seja, naquele cujo tipo penal descreva em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente
a conduta e a modificação no mundo externo, exigindo pode encontrar-se em três situações diferentes:
ambas para efeito de consumação. Usa de um meio moderado e dentro do necessário
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou para repelir à agressão;
ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma Haverá necessariamente o reconhecimento da legíti-
penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou im- ma defesa.
plicitamente, algum resultado, pois não há delito sem De maneira consciente emprega um meio desneces-
que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a al- sário ou usa imoderadamente o meio necessário;
gum bem penalmente protegido. A legítima defesa fica afastada por excluído um dos
A doutrina moderna dá preferência ao exame do seus requisitos essenciais.
resultado jurídico. Este constitui elemento implícito de Após a reação justa (meio e moderação) por imprevi-
todo fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na dência ou conscientemente continua desnecessariamen-
noção de tipicidade material. te na ação.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser me- No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi-
nosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen-
em determinados tipos penais, de tal modo que despre- te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O
zar sua análise seria malferir o princípio da legalidade. agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
A punibilidade é uma das condições para o exercício
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO; da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a
PUNIBILIDADE; EXCESSO PUNÍVEL; possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal
CULPABILIDADE (ELEMENTOS E CAUSAS DE (pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito.
EXCLUSÃO); A Punibilidade, portanto, é consequência do crime.
Assim, é punível a conduta que pode receber pena.
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
resultado constitui elemento necessário ao fato típico de indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
qualquer infração penal. do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
Deve ser analisada em dois planos: formal e material. também, definir a imputabilidade como a capacida-
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção en- de do agente entender o caráter ilícito do fato por ele
tre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e perpetrado ou, de determinar-se de acordo com esse
a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado entendimento.
(tipicidade material). É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadra- entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
mento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, ção de um determinado ato.
conforme ele se enquadre ou não na lei penal. Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
vez, realiza uma valoração negativa da ação, identifican- rem autocontrole, são isentos de pena.
do se a conduta é realmente típica ou se há alguma cau-
sa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a

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Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis- b) Legítima Defesa
cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos O conceito de legítima defesa, esta que é a exclu-
ou prejudicados por doença ou transtorno mental. dente mais antiga de todas, está baseado no fato
de que o Estado não pode estar presente em todos
os lugares protegendo os direitos dos indivíduos,
EXCLUDENTES DE ILICITUDE ou seja, permite que o agente possa, em situações
restritas, defender direito seu ou de terceiro.
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, inde- Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que
pendentemente do seu elemento subjetivo, é necessário a ação praticada pelo agente para repelir injusta
que inexistam causas justificantes. Isto porque estas cau- agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios
sas tornam lícita a conduta do agente. necessários com moderação.
As causas justificantes têm o condão de tornar líci-
ta uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim, A formação da legítima defesa depende de alguns re-
aquele que pratica fato típico acolhido por uma exclu- quisitos objetivos. São eles:
dente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção
à regra que todo fato típico será sempre ilícito. a) Agressão injusta, atual ou iminente;
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo b) Direito próprio ou alheio;
23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de ne- c) Utilização de meios necessários com moderação.
cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
dever legal e o exercício regular de direito. O elemento subjetivo existente na legítima defesa
é a vontade de se defender ou defender direito alheio.
a) Estado de necessidade Além de preencher os requisitos objetivos, o agente pre-
Trata-se de uma excludente de ilicitude que cons- cisa ter o animus defendendi no momento da ação. Se
titui no sacrifício de um bem jurídico penalmente o agente desconhecia a agressão que estava por vir e
protegido, visando salvar de perigo atual e ine- age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá
vitável direito próprio do agente ou de terceiro - exclusão da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso
desde que no momento da ação não for exigido de coincidência.
do agente uma conduta menos lesiva. Nesta causa Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o
justificante, no mínimo dois bens jurídicos estarão que trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem
postos em perigo, sendo que para um ser protegi- legítima defesa preordenada e para outros, exercício re-
do, o outro será prejudicado. gular de direito, embora ambos enquadrem-se na exclu-
Para que se caracterize a excludente de estado de são da antijuricidade da conduta. Ofendículos são apara-
necessidade é necessário dois requisitos: existên- tos que visam proteger o patrimônio ou qualquer outro
cia de perigo atual e inevitável e a não provoca- bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas elé-
ção voluntária do perigo pelo agente. Quanto ao tricas em cima de um muro de uma casa. A jurisprudência
primeiro, importante destacar que se trata do que entende que todos os aparatos dispostos para defender
está acontecendo, ou seja, o perigo não é remoto ou o patrimônio devem ser visíveis e inacessíveis a terceiros
incerto e além disso, o agente não pode ter opção de inocentes, somente afetando aquele que visa invadir ou
tomar outra atitude, pois caso contrário, não se jus- atacar o bem tutelado alheio. Preenchendo estes requi-
tifica a ação. Enquanto o segundo requisito significa sitos, o agente não responderá pelos danos causados ao
que o agente não pode ter provocado o perigo inten- agressor, pois configurará caso de legítima defesa preor-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


cionalmente. A doutrina majoritária entende que se denada. Só serão conceituados como exercício regular
o agente cria a situação de perigo de forma culposa, de direito quando levados em consideração o momento
ainda assim poderá se utilizar da excludente. de sua instalação.
Vale observar o tema abordado por Rogério Gre- Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente
co quanto ao estado de necessidade relacionado deverá responder por excesso, em caso de legítima de-
a necessidades econômicas. Trata-se de casos em fesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma
que devido a grandes dificuldades financeiras, o dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que se
agente comete crimes em virtude de tal situação. origina de erro.
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificul- A primeira o agente tem ciência de que a agressão
dade econômica que autoriza o agente a agir em cessou, mas mesmo assim, continua com sua conduta,
estado de necessidade, somente se permitindo lesando o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso,
quando a situação afete sua própria sobrevivência. o agente que inicialmente se encontra em estado de
Como é o caso, por exemplo, do pai que vendo legítima defesa e excede conscientemente seus limi-
seus familiares com fome e não sem condições de tes, responderá pelos resultados do excesso a título de
prover sustento, furta alimentos num mercado. É dolo. A segunda se configura quando o agente que age
razoável que prevaleça o direito À vida do pai e de reagindo contra a agressão, excede os limites da causa
sua família ante ao patrimônio do mercado. [4] justificante por negligência, imprudência ou imperícia. O
resultado lesivo causado deve estar previsto em lei como
crime culposo, para que o agente possa responder. E a
última, que é proveniente do erro, se configura no caso
de legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em

19
erro sobre a situação que ocorreu, supondo que a agres- Também se faz necessário que o agente tenha co-
são ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previ- nhecimento da situação em que se encontra para
são e se for evitável. poder se valer desta excludente de ilicitude. É pre-
ciso saber que está agindo conforme um direito a
c) Estrito cumprimento do dever legal. ele garantido, pois do contrário, subsistiria a ilici-
O agente que cumpre o seu dever proveniente tude da ação. Fernando Capez traz o exemplo do
da lei, não responderá pelos atos praticados, ain- pai que pratica vias de fato ou lesão corporal leve
da que constituam um ilícito penal.. Isto porque o contra seu filho, mas sem o intuito de correção,
estrito cumprimento de dever legal constitui ou- tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a in-
tra espécie de excludente de ilicitude, ou causa tegridade física. [6]
justificante. Algumas situações são relevantes merecem ser
O primeiro requisito para formação desta exclu- mencionadas quanto ao alcance do exercício re-
dente de ilicitude é a existência prévia de um de- gular do direito. Uma delas é a intervenção médica
ver legal. Este requisito engloba toda e qualquer e cirúrgica. Seria incompreensível considerar atos
obrigação direta ou indireta que seja provenien- de médicos que salvam vidas como ilícitos. Porém,
te de norma jurídica. Dessa forma, pode advir de para que haja exercício regular do direito, é neces-
qualquer ato administrativo infralegal, desde que sário que exista a anuência do paciente, pois, do
tenham sua base na lei. Também pode ter sua ori- contrário, haveria estado de necessidade praticado
gem em decisões judiciais, já que são proferidas em favor de terceiro, podendo restar responsabili-
pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens dade no âmbito civil.
legais.
Outro requisito é o cumprimento estrito da or- CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
dem. Para que se configure esta causa justificante,
é necessário que o agente se atenha aos limites O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
presentes em seu dever, não podendo se exceder lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando
no seu cumprimento. Aquele que ultrapassa os li- o sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um
mites da ordem legal poderá responder por crime fato típico e antijurídico.
de abuso de autoridade ou algum outro específi-
co no código Penal. Por fim, o último requisito é a a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
execução do ato por agente público, e excepcio- ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
nalmente, por particular. Para que se caracterize a com esse entendimento.
causa justificante, o agente precisa ter consciência • doença mental, desenvolvimento mental incom-
de que pratica o ato em cumprimento de dever le- pleto ou retardado (art. 26);
gal a ele incumbido, pois, do contrário, o seu ato • desenvolvimento mental incompleto por presun-
configuraria um ilícito. Trata-se do elemento sub- ção legal, do menor de 18 anos (art. 27);
jetivo desta excludente, que é a ação do agente • embriaguez completa, proveniente de caso fortui-
praticada no intuito de cumprir ordem legal. to ou força maior (art. 28, § 1º).
Ao tratar de co-autores e partícipes, Fernando
Capez suscita uma questão interessante. Para ele, b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
ambos não poderiam ser responsabilizados, pois ilicitude:
não como falar em ato lícito para, e para o outro • erro de proibição (art. 21).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ilícito. Porém, se um deles desconhecer a situação


justificante que enseja o uso a excludente de ilici- c) inexigibilidade de conduta diversa:
tude, e age com propósito de lesar direito alheio, • coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
respondera pelo delito praticado, mesmo isolada- • obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
mente. [5]
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
d) Exercício regular do direito indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
Aquele que exerce um direito garantido por lei não do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento ju- também, definir a imputabilidade como a capacida-
rídico permite determinada conduta, se dá a exclu- de do agente entender o caráter ilícito do fato por ele
dente do exercício regular do direito. perpetrado ou, de determinar-se de acordo com esse
O primeiro requisito exigido por esta causa justi- entendimento.
ficante é a existência de um direito, podendo ser É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
de qualquer natureza, desde que previsto no orde- entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
namento jurídico. O segundo requisito é a regula- ção de um determinado ato.
ridade da conduta, isto é, o agente deve agir nos Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
limites que o próprio ordenamento jurídico impõe divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
aos direitos. Do contrário haveria abuso de direito, tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
configurando excesso doloso ou culposo. rem autocontrole, são isentos de pena.

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Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou
prejudicados por doença ou transtorno mental.

Causas que excluem a imputabilidade

Doença Mental,
Desenvolvimento mental incompleto,
Desenvolvimento mental retardado e
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.

1. Doença mental

É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o
caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento. Importante esclarecer que
a dependência patológica, como drogas configura doença mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.

2. Desenvolvimento mental incompleto

É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou a sua falta de convivên-
cia na sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional.
Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem sanção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência da
ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio educativos prevista no ECA.

3. Desenvolvimento mental retardado

É o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento
normal para aquela idade cronológica. Sua capacidade não corresponde às experiências para aquele momento de vida,
o que significa que a plena potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados não possuem condições
de entender o crime que cometeram.

Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas inimputáveis

a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Penal sobre menoridade penal) neste interessa saber se o agen-
te é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, caso positivo é
considerado inimputável.
b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o somente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha
ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e de orientar-se de acordo com esse entendimento, ou
seja, o momento da pratica do crime. A emoção não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete crime, com
integral alternação de seu estado físico-psíquico responde pelos seus atos.
c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa geradora esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetivamente
no momento da ação delituosa, retirando do agente a capacidade de entendimento e vontade. Desta forma, será

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


inimputável aquele que, em razão de uma causa prevista em lei (doença mental, incompleto ou retardado), atue
no momento da pratica da infração penal sem capacidade de entender o caráter criminoso do fato.

Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicológico

(a) Causal: existencial de doença mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado, causas prevista em lei.
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa.
(c) Consequencial: perda total da capacidade de entender ou da capacidade de querer.

Somente há inimputabilidade se os três requisitos estiverem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, re-
gidos pelo sistema biológico.

IMPUTABILIDADE PENAL

A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo pres-
creve o artigo 26, do Código Penal, podemos, também, definir a imputabilidade como a capacidade do agente enten-
der o caráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de determinar-se de acordo com esse entendimento.
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realização
de um determinado ato.
Quando existe algum agravo à saúde mental, os indivíduos podem ser considerados inimputáveis – se não tiverem
discernimento sobre os seus atos ou não possuírem autocontrole, são isentos de pena.

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DOENÇA MENTAL
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o
caráter criminoso do fato ou a de comandar à vontade de acordo com esse entendimento. Importante esclarecer que
a dependência patológica, como drogas configura doença mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.

DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO

É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou a sua falta de convivên-
cia na sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional.
Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito penal, em decorrência da
ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento medidas sócias educativas previstas no ECA.

DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO

É o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento
normal para aquela idade cronológica. Sua capacidade não corresponde às experiências para aquele momento de vida,
o que significa que a plena potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados não possuem condições
de entender o crime que cometeram.
Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas inimputáveis:

a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Penal sobre menoridade penal) neste interessa saber se o agen-
te é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, caso positivo é

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considerado inimputável.
b. Sistema Psicológico: neste o que interessa é somente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha
ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e de orientar-se de acordo com esse entendimento, ou
seja, o momento da prática do crime. A emoção não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete crime, com
integral alternação de seu estado físico-psíquico responde pelos seus atos.
c. Sistema Biopsicológico: exige-se que a causa geradora esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetivamente
no momento da ação delituosa, retirando do agente a capacidade de entendimento e vontade. Desta forma, será
inimputável aquele que, em razão de uma causa prevista em lei (doença mental, incompleto ou retardado), atue
no momento da prática da infração penal sem capacidade de entender o caráter criminoso do fato.

Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicológico:

(a) Causal: existencial de doença mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado, causas previstas em lei.
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa.
(c) Consequencial: perda total da capacidade de entender ou da capacidade de querer.

FIQUE ATENTO!

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Somente há inimputabilidade se os três requisitos estiverem presentes, sendo exceção aos menores de
18 anos, regidos pelo sistema biológico.

QUESTÕES PROCESSUAIS SOBRE INIMPUTABILIDADE

A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exame pericial, através do médico legal, exame denominado inci-
dente de insanidade mental, onde suspende-se o processo até o resulto final. Há prazo de 10 dias para provar a exis-
tência da causa excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho de 2008).
EMBRIAGUEZ

A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão da capacidade de entendimento e vontade do agente, em
virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou substância de efeitos psicotrópicos como morfina,
ópio, cocaína entre outros.

23
Dispõe o Código Penal:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.


§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

acordo com esse entendimento.


§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

24
25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (MPE-SP – ANALISTA JURÍDICO – VUNESP – 2018) Tício, decidido a se matar, mas sem coragem, embebeda-se
completamente, tornando-se totalmente incapaz de entendimento. Acreditando que estava na sacada de seu aparta-
mento, no 20° andar, Tício se joga. Contudo, ele pulou da janela do quarto do sobrado da casa de sua irmã, onde se
encontrava, passando férias. Muito embora não tenha tido êxito no intento de por fim à própria vida, Tício, por infeli-
cidade, caiu bem em cima da sobrinha Mévia, de oito meses, que estava no quintal, tomando o banho de sol matinal.
A criança não resistiu aos ferimentos, e morreu. 
Diante da situação hipotética, considerando a Parte Geral e Especial do Código Penal, assinale a alternativa correta.

a) Tício, em razão da embriaguez completa voluntária, não terá a culpabilidade excluída, mas poderá ter a pena perdo-
ada judicialmente, pelo homicídio culposo da sobrinha.
b) Tício, em razão da embriaguez completa voluntária, não terá a culpabilidade excluída. Poderá ser judicialmente per-
doado do homicídio culposo da sobrinha, mas responderá pelo suicídio tentado.
c) Tício, em razão da embriaguez completa voluntária, não terá a culpabilidade excluída, respondendo tanto pela ten-
tativa de suicídio quanto pelo homicídio da sobrinha.
d) Tício, em razão da embriaguez completa voluntária, não terá a culpabilidade excluída, respondendo pelo feminicídio
culposo da sobrinha.
e) Tício, em razão da embriaguez completa voluntária, é isento de pena relativamente ao crime de homicídio que deu
causa.

Resposta: Letra A. Tício não poderá ter a culpabilidade excluída, em virtude de expressa previsão do Código Penal,
o qual dispõe, em seu art. 28, II, que a embriaguez, voluntária ou culposa, não exclui a imputabilidade penal. Tício
poderá ter a pena perdoada judicialmente, tendo em vista a prática de homicídio culposo, e sua conduta estar incur-
sa em hipótese passível do perdão judicial, na forma do art. 107, IX e 121, § 5º do CP.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

2. (TJ-PA – ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO – VUNESP – 2014) Se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, a pena:

a) pode ser reduzida de um a dois terços.


b) pode ser aumentada de um a dois terços.
c) fica excluída por inimputabilidade.
d) não sofre qualquer alteração.
e) não é aplicada por ausência de culpabilidade.

Resposta: Letra A. De acordo com o art. 28, II, § 2º, do CP, a pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

3. (TJ-SP – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E REGISTROS – VUNESP– 2016) Assinale a alternativa correta:

a) A embriaguez culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.
b) O agente que em virtude de perturbação da saúde mental não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz de enten-
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, é isento de pena.
c) A paixão ou a emoção não excluem a imputabilidade penal.
d) Os menores de dezoito anos são semi-imputáveis, pois estão sujeitos às normas do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

26
Resposta: Letra C. Dispõe o art. 28, I, do CP, não ex- TÍTULO I
cluem a imputabilidade penal a emoção ou a paixão. CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
4. (PC-DF – PERITO CRIMINAL – CIÊNCIAS CONTÁBEIS CRIMES CONTRA A VIDA
– IADES – 2016) No que se refere à imputabilidade pe-
nal, em regra, o direito penal brasileiro adota o sistema. Homicídio simples

a) biopsicológico. Art. 121. Matar alguem:


b) psicológico. Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
c) psicanalítico. Caso de diminuição de pena
d) biológico. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
e) biopsicanalítico. de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro-
Resposta: Letra A. Biopsicológico, considera-se inim- vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
putável aquele que, em razão de sua condição mental sexto a um terço.
(por doença mental ou desenvolvimento mental in-
completo ou retardado), era, ao tempo da conduta, Homicídio qualificado
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- § 2° Se o homicídio é cometido:
dimento. Conclusão: não basta ser portador de ano- I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
malia psíquica para ser inimputável. (SANCHES - 2016) outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
5. (FACELI – PROCURADOR – FUNCAB – 2015) Confi- III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
gura-se a imputabilidade em caso de:  tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
a) embriaguez culposa, completa ou incompleta. IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
b) doença mental. ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel
c) desenvolvimento mental incompleto. a defesa do ofendido;
d) desenvolvimento mental retardado. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
e) embriaguez acidental, completa ou incompleta. dade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Resposta: Letra A. Conforme o art. 28, II, do CP, não
excluem a imputabilidade penal a embriaguez, volun- Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
tária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis-
tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú-
blica, no exercício da função ou em decorrência dela,
CRIMES CONTRA A PESSOA
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
TEORIA GERAL Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de
Os crimes contra a pessoa estão no início da parte es- sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
pecial do Código Penal, sendo um título do Código Penal, Lei nº 13.104, de 2015)
contendo capítulos e seções. I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
O título “crimes contra a pessoa” tem os seguintes 13.104, de 2015)
capítulos: I- Crimes contra a vida; II- Lesões Corporais; III- II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
Periclitação da vida e da saúde; IV- Rixa; V- Crimes contra lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
a honra; VI – Crimes contra a liberdade individual. Vejam-
-se, todos os crimes previstos neste título tem como ob- Homicídio culposo
jeto a pessoa, sendo a vida, saúde, honra, liberdade etc...
Vejamos agora os crimes em espécie conforme dis- § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de
posto no Código Penal. 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.

27
Aumento de pena Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
§ 4o  No homicídio culposo, a pena é aumentada de gestante: (Vide ADPF 54)
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância Pena - reclusão, de um a quatro anos.
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alie-
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge nada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi- mediante fraude, grave ameaça ou violência
cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
me é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) Forma qualificada
ou maior de 60 (sessenta) anos.  (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos an-
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá teriores são aumentadas de um terço, se, em conse-
deixar de aplicar a pena, se as consequências da in- quência do aborto ou dos meios empregados para
fração atingirem o próprio agente de forma tão grave provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natu-
que a sanção penal se torne desnecessária.  (Incluído reza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas
pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) causas, lhe sobrevém a morte.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me- Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
tade se o crime for praticado por milícia privada, sob (Vide ADPF 54)
o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou
por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, Aborto necessário
de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
pela Lei nº 13.104, de 2015) II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio- dido de consentimento da gestante ou, quando inca-
res ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) paz, de seu representante legal.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído CAPÍTULO II
pela Lei nº 13.104, de 2015) DAS LESÕES CORPORAIS
III - na presença de descendente ou de ascendente da
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Lesão corporal

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou Pena - detenção, de três meses a um ano.
prestar-lhe auxílio para que o faça: Lesão corporal de natureza grave
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se § 1º Se resulta:
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da ten- I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
tativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza mais de trinta dias;
grave. II - perigo de vida;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único - A pena é duplicada: III - debilidade permanente de membro, sentido ou


Aumento de pena função;
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; IV - aceleração de parto:
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
quer causa, a capacidade de resistência. § 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Infanticídio II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, IV - deformidade permanente;
o próprio filho, durante o parto ou logo após: V - aborto:
Pena - detenção, de dois a seis anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
Aborto provocado pela gestante ou com seu § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
consentimento que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
risco de produzí-lo:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Diminuição de pena
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante:

28
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Perigo de contágio de moléstia grave
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provoca- Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
ção da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
a um terço. produzir o contágio:
Substituição da pena Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
substituir a pena de detenção pela de multa, de du- Perigo para a vida ou saúde de outrem
zentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
anterior; direto e iminente:
II - se as lesões são recíprocas. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
Lesão corporal culposa constitui crime mais grave.
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
Pena - detenção, de dois meses a um ano. um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem
Aumento de pena a perigo decorre do transporte de pessoas para a pres-
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer tação de serviços em estabelecimentos de qualquer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluí-
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) do pela Lei nº 9.777, de 1998)
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) Abandono de incapaz 
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
2004) Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuida-
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des- do, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale- do abandono:
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- Pena - detenção, de seis meses a três anos.
tação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu-
11.340, de 2006) reza grave:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 2º - Se resulta a morte:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, Aumento de pena
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
Lei nº 10.886, de 2004) de um terço:
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
mentada de um terço se o crime for cometido contra II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº irmão, tutor ou curador da vítima.
11.340, de 2006) III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou pela Lei nº 10.741, de 2003)
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fe-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


deral, integrantes do sistema prisional e da Força Na- Exposição ou abandono de recém-nascido
cional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com- Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, ocultar desonra própria:
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
CAPÍTULO III § 2º - Se resulta a morte:
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Pena - detenção, de dois a seis anos.

Perigo de contágio venéreo Omissão de socorro

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações se- Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos-
xuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de mo- sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
léstia venérea, de que sabe ou deve saber que está ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao de-
contaminado: samparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. nesses casos, o socorro da autoridade pública:
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
§ 2º - Somente se procede mediante representação. da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

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Condicionamento de atendimento médico-hospitalar II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi-
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). cadas no nº I do art. 141;
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído Difamação
pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen-
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). sivo à sua reputação:
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de Exceção da verdade
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (In- Parágrafo único - A exceção da verdade somente se ad-
cluído pela Lei nº 12.653, de 2012). mite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
Maus-tratos
Injúria
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- ou o decoro:
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa- § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
do, quer abusando de meios de correção ou disciplina: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou di-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. retamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza injúria.
grave: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Pena - reclusão, de um a quatro anos. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se con-
§ 2º - Se resulta a morte: siderem aviltantes:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é da pena correspondente à violência.
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
(Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação
CAPÍTULO IV dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
DA RIXA Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela
Lei nº 9.459, de 1997)
Rixa Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen-
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
contendores: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou governo estrangeiro;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

multa. II - contra funcionário público, em razão de suas funções;


Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal III - na presença de várias pessoas, ou por meio que faci-
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação lite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído
CAPÍTULO V pela Lei nº 10.741, de 2003)
DOS CRIMES CONTRA A HONRA Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Calúnia Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen- I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
te fato definido como crime: pela parte ou por seu procurador;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar
imputação, a propala ou divulga. ou difamar;
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. III - o conceito desfavorável emitido por funcionário pú-
Exceção da verdade blico, em apreciação ou informação que preste no cum-
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: primento de dever do ofício.
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
privada, o ofendido não foi condenado por sentença injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
irrecorrível;

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Retratação Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata 2002)
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de Pena - reclusão, de um a três anos.
pena. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as- anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
sim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que II - se o crime é praticado mediante internação da ví-
se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de tima em casa de saúde ou hospital;
2015) III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere dias.
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi-
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluí-
responde pela ofensa. do pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. ou moral:
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
141 deste Código, e mediante representação do ofen- Redução a condição análoga à de escravo
dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como
no caso do § 3o  do art. 140 deste Código. (Redação Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
dada pela Lei nº 12.033. de 2009) cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
CAPÍTULO VI gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
SEÇÃO I com o empregador ou preposto: (Redação dada pela
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
Constrangimento ilegal pena correspondente à violência. (Redação dada pela
Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
manda: trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
Aumento de pena ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2o  A pena é aumentada de metade, se o crime é
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor- cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
respondentes à violência. I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 10.803, de 11.12.2003)
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen- II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
timento do paciente ou de seu representante legal, se ligião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
justificada por iminente perigo de vida; 11.12.2003)
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de
Ameaça 2016) (Vigência)

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median-
-lhe mal injusto e grave: te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
Parágrafo único - Somente se procede mediante 2016) (Vigência)
representação. I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In-
Sequestro e cárcere privado cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

31
II - submetê-la a trabalho em condições análogas III - compartimento não aberto ao público, onde al-
à de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) guém exerce profissão ou atividade.
(Vigência) § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de II do parágrafo anterior;
2016) (Vigência) II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência) SEÇÃO III
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) CORRESPONDÊNCIA
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade
Violação de correspondência
se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o crime for cometido por funcionário público no
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
respondência fechada, dirigida a outrem:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente Sonegação ou destruição de correspondência
ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei § 1º - Na mesma pena incorre:
nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - quem se apossa indevidamente de correspondência
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de- sonega ou destrói;
pendência econômica, de autoridade ou de superio- Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, telefônica
cargo ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
2016) (Vigência) ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter- radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação tele-
ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) fônica entre outras pessoas;
(Vigência) III - quem impede a comunicação ou a conversação
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agen- referidas no número anterior;
te for primário e não integrar organização criminosa. IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra-
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) dioelétrico, sem observância de disposição legal.
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano
SEÇÃO II para outrem.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun-
DOMICÍLIO ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou
telefônico:
Violação de domicílio Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4º - Somente se procede mediante representação,
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as- salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tá-
Correspondência comercial
cita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

dependências:
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou emprega-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. do de estabelecimento comercial ou industrial para,
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu
arma, ou por duas ou mais pessoas: conteúdo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da Pena - detenção, de três meses a dois anos.
pena correspondente à violência. Parágrafo único - Somente se procede mediante
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co- representação.
metido por funcionário público, fora dos casos legais,
ou com inobservância das formalidades estabelecidas
em lei, ou com abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência SEÇÃO IV
em casa alheia ou em suas dependências: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
I - durante o dia, com observância das formalidades SEGREDOS
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum Divulgação de segredo
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o
ser. Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
§ 4º - A expressão «casa» compreende: de documento particular ou de correspondência con-
I - qualquer compartimento habitado; fidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja di-
II - aposento ocupado de habitação coletiva; vulgação possa produzir dano a outrem:

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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Se-
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo- nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado,
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câ-
não nos sistemas de informações ou banco de dados mara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de
da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, 2012) Vigência
de 2000) IV - dirigente máximo da administração direta e in-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Fe-
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) deral. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 2o  Quando resultar prejuízo para a Administração
Pública, a ação penal será incondicionada.  (Incluído Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
pela Lei nº 9.983, de 2000) Vigência

Violação do segredo profissional Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so-
mente se procede mediante representação, salvo se o
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, crime é cometido contra a administração pública direta
de que tem ciência em razão de função, ministério, ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con-
dano a outrem: cessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 12.737, de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante
representação.
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº
12.737, de 2012) Vigência
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co- CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
nectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
mações sem autorização expressa ou tácita do titular DO FURTO
do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Iniciamos o estudo com o texto do Código Penal:
Vigência
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência alheia móvel:
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
de computador com o intuito de permitir a prática praticado durante o repouso noturno.
da conduta definida no  caput. (Incluído pela Lei nº § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
12.737, de 2012) Vigência a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu-
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei ou aplicar somente a pena de multa.
nº 12.737, de 2012) Vigência § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo qualquer outra que tenha valor econômico.
de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- Furto qualificado
merciais ou industriais, informações sigilosas, assim § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul-
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado ta, se o crime é cometido:
do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
de 2012) Vigência tração da coisa;
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. calada ou destreza;
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência III - com emprego de chave falsa;
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
dois terços se houver divulgação, comercialização ou § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou subtração for de veículo automotor que venha a ser
informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de transportado para outro Estado ou para o exterior.
2012) Vigência Furto de coisa comum
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
de 2012) Vigência tém, a coisa comum:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 1º - Somente se procede mediante representação.

33
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- Furto é crime material, não existindo sem que haja
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
o agente. pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes 346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário que
si ou para outrem sem a prática de violência ou de gra- subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro.
ve ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento O crime de furto é cometido através do dolo que é a
físico ou moral à pessoa. Significa, pois, o assenhora- vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
mento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
definitivo. específico”, que no crime de furto está representado pela
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para
ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, obje-
é protegida diretamente a posse e indiretamente a pro- tivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por
priedade ou, em sentido contrário, que a incriminação no vingança, capricho, liberalidade.
caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela da O consentimento da vítima na subtração elide o cri-
propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo me, já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele
protege não só a propriedade como a posse, seja ela di- ocorre depois da consumação, é evidente que sobrevivi
reta ou indireta além da própria detenção. o ilícito penal.
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que O delito de furto também pode ser praticado entre:
é afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
dizer que a vítima de furto não é necessariamente o pro- entre irmãos.
prietário da coisa subtraída, podendo recair a sujeição O direito romano não admitia, nesses casos, a ação
passiva sobre o mero detentor ou possuidor da coisa. penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não penal, mas isenta de pena, como elemento de preserva-
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pes- ção da vida familiar.
soal específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo
do crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, Para se definir o momento da consumação, existem
detenção ou da propriedade. duas posições:
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor 1) atinge a consumação no momento em que o ob-
ou proprietário. jeto material é retirado de posse e disponibilidade
O crime de furto pode ser praticado também através do sujeito passivo, ingressando na livre disponibi-
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será lidade do autor, ainda que não obtenha a posse
de apossamento indireto, devido ao emprego de ani- tranquila;
mais, caso contrário é de apossamento direto. 2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por
Reina uma única controvérsia, tendo em vista o de- breve tempo.
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração prati-
cada com o auxílio da informática, se ela resultaria de Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comis-
podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática sivo de dano, material e instantâneo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

como meio de cometimento de furto ou mesmo este- A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
lionato, pois é preciso analisar, a cada conduta, não ape- póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
nas a intenção do agente, mas o modo de operação do condicionada à representação.
agente através da informática. O crime de furto pode ser de quatro espécies: fur-
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coi- to simples, furto noturno, furto privilegiado e furto
sa em direito penal representa qualquer substância cor- qualificado
pórea, seja ela material ou materializável, ainda que não
tangível, suscetível de apreciação e transporte, incluindo Furto de uso
aqui os corpos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.
O homem não pode ser objeto material de furto, con- Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155, do
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal CP, para que seja reconhecível o furto de uso e não o
Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. furto comum, é necessário que a coisa seja restituída, de-
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto volvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de que
de furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para que o
valor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afe- proprietário exerça o poder de disposição sobre a coisa
tivo (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi” de-
Já a jurisprudência invoca o princípio da insignificância, penderá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
considerando que se a coisa furtada tem valor monetário Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do
irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
portanto, não ficará caracterizado o crime. do que há furto comum se a coisa é abandonada em

34
local distante ou diverso ou se não é recolocada na es- • O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é
fera de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofri-
que exigem que a devolução da coisa, além de ser feita do em razão de outro crime condenação anterior
no mesmo lugar da subtração seja feita em condições de transitada em julgado.
restituição da coisa em sua integridade e aparência inter- • O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
na e externa, assim como era no momento da subtração. subtraída.
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo
e por tudo em sua aparência interna e externa à coisa A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
subtraída. dois requisitos já citados, que o agente não revele perso-
nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos
Furto noturno da existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de-
É furto agravado ou qualificado o praticado durante tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen-
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3, a razão da ma- te a multa.
jorante está ligada ao maior perigo que está submetido O § 3º, do art. 155, do CP, faz menção à igualdade
o bem jurídico diante da precariedade de vigilância por entre energia elétrica, ou qualquer outra que tenha va-
parte de seu titular. lor econômico à coisa móvel, também a caracterizando
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, como crime.
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança A jurisprudência considera essa modalidade de furto
e a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, como crime permanente, pois o agente pratica uma só
para que se configure a agravante do repouso noturno. ação, que se prolonga no tempo.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repou-
sa, é variável, dependendo do local e dos costumes. Furto qualificado
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência acer-
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
ca da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para
Se o crime for cometido com destruição ou rompi-
se dar a agravante. A jurisprudência dominante nos tri-
mento de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese
bunais é no sentido de excluir a agravante, se o furto é
trata da destruição, isto é, fazer desaparecer em sua indi-
praticado em lugar desabitado, pois evidente se pratica-
vidualidade ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstá-
do desta forma não haveria, mesmo durante a época o
culo móvel ou imóvel a apreensão e subtração da coisa.
momento do não repouso, a possibilidade de vigilância
A destruição ou rompimento deve dar-se em qual-
que continuaria a ser tão precária quanto este momento
quer momento da execução do crime e não apenas para
de repouso. apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o acusado supre a falta da perícia.
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não im- Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
porta necessariamente seja a casa habitada ou estejam caso de concurso de pessoas, desde que o seu con-
seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou teúdo haja ingressado na esfera do conhecimento dos
desabitado o lugar do furto”. participantes.
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, A segunda hipótese diz respeito à quando o crime é
é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como cometido com abuso de confiança, ou mediante fraude,
agravante especial do furto a circunstância de ser o crime escalada ou destreza.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


praticado durante o período do sossego noturno, seja Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à prá-
dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele tica do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente
período. se serve de algum artifício para fazer a subtração.
Furto em garagem de residência, também há duas Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
Professor Damásio é partidário, e outra na qual não inci- subtração do objeto material. O furto mediante fraude
de a qualificadora. distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empre-
gada para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que
Furto privilegiado ou mínimo nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no es-
telionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima;
155. É uma hipótese que considera se o criminoso é pri- esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu
mário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode consentimento.
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí- É ainda qualificadora a penetração no local do furto
-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de por via que normalmente não se usa para o acesso, sen-
multa. do necessário o emprego de meio artificial, é no caso de
escalada, que não se relaciona necessariamente com a
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- ação de galgar ou subir. Também deve ser comprova-
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa da por meio de perícia, assim como o rompimento de
causa especial: obstáculo.

35
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla- A vontade de subtrair configura o momento subjeti-
grante indica delito tentado nos casos de furto, por não vo, fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão
chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraí- “para si ou para outrem”.
da, que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima. A pena culminada para furto de coisa comum é alter-
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou
um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à DO ROUBO
Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois,
naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O Vamos ao texto do Código Penal:
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo?
Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
evento um crime impossível. outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes-
O último é a qualificadora da destreza, que se dá soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi-
quando a subtração se dá dissimuladamente com espe- do à impossibilidade de resistência:
cial habilidade por parte do agente, onde a ação, sem Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
emprego de violência, em situação em que a vítima, em- § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
bora consciente e alerta, não percebe que está tendo os subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
bens furtados. O arrebatamento violento ou inopinado grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
não a configura. crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou en- I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
genho de que se sirva o agente para abrir fechadura e de arma;
que tenha ou não o formato de uma chave, podendo ser II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
pericial da chave ou desse instrumento é indispensável res e o agente conhece tal circunstância.
para a caracterização da qualificadora IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median- nha a ser transportado para outro Estado ou para o
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado exterior;
nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior peri- V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
culosidade dos agentes, que unem seus esforços para o tringindo sua liberdade.
crime. § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
No caso de furto cometido por quadrilha, responde pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora. anos, sem prejuízo da multa.
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo ser- A ação penal é pública, porém depende de represen-
vir a outra como agravante comum. tação da parte
Como expresso no art. 157, do CP, subtrair coisa
Furto de coisa comum móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por


Este crime está definido no art. 156 do CP: qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro, ou sócio, Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atin-
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- gido também a integridade física ou psíquica da vítima.
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) me- É um crime complexo, onde o objeto jurídico imedia-
ses à 2 (dois) anos, ou multa. to do crime é o patrimônio, e tutela-se também a inte-
gridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de
A razão da incriminação é de que o agente subtraia latrocínio a vida do sujeito passivo.
coisa que pertença também a outrem. Este crime cons- O Roubo também é um delito comum, podendo ser
titui caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
as relações existentes entre o agente e o lesado ou os o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois su-
lesados. jeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro- direito de propriedade.
prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
sável e chega a ser um elementar do crime e por tanto é vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utili-
transmitido ao partícipe estranho nos termos do art. 29 ze de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
do CP. grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a
Sujeito passivo será sempre o condomínio, copro- possibilidade de resistência do sujeito passivo.
prietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
terceiro possuidor legítimo da coisa. ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito

36
de roubo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou
para outrem, é que se dá a subtração.
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem definido no art.157, §1º, do CP, que assim diz: “na mesma
pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de as-
segurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”.
Nesse caso a violência ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração, visando o agente assegurar a
posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime.
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua impunidade, deve ser imediato para caracterização do roubo
impróprio.
A consumação do roubo impróprio ocorre com a violência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não
se consumando esta, tem se entendido que o agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em concurso
com o crime de lesões corporais.
Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo
que não haja a posse tranquila.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a vio-
lência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas correntes:
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins-
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.

Roubo e lesão corporal grave

Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao fixado ante-
riormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa.
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá
no caso roubo simples seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal.
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro.
Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue subtrair a coisa, há só a tentativa do art. 157, § 3º, 1ª parte,
do CP.

Latrocínio

Comina-se pena de reclusão de 20 a 30 anos se resulta a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
violência para roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o delito.
É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá,
no entanto, um só crime com dois sujeitos passivos.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte
da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida,
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224
do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

O crime de apropriação indébita está previsto no Artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar quando
o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é necessário que você saiba que o agente já tem a posse ou a
detenção da coisa, passando, posteriormente, a se agir como se dono da coisa fosse.

Você não pode confundir a apropriação indébita com o crime de estelionato. Veja a diferença:

37
FIQUE ATENTO!

A apropriação indébita é crime que decorre de uma relação de confiança entre o autor e a vítima. Esta entrega a coisa
móvel ao agente, devido à confiança que deposita nele. O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, depois (parte da
doutrina chama de dolo subsequente), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a agir como dono dela.

Veja as principais características da apropriação indébita:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


• Não admite a forma culposa;
• Não admite tentativa, conforme doutrina majoritária, tratando-se de crime unissubsistente;
• É crime material, que se consuma no momento em que o agente inverte a posse da coisa alheia móvel.

Causas de aumento de pena da apropriação indébita:


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Apropriação Indébita Previdenciária

Este é um crime que possui muito posicionamento jurisprudencial importante. Apesar de não ser cobrado em pro-
vas com tanta frequência como os crimes que já vimos, é bastante importante para o seu estudo.
É importante que você conheça a conduta principal e as condutas equiparadas.
Conduta principal: Ficará configurada quando o agente deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.
Observe que o tipo penal principal é praticado na modalidade omissiva, deixando o agente de praticar uma conduta
que deveria (repassar à previdência as contribuições recolhidas após reter os valores).
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do crime principal o agente que:

#FicaDica
Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público.
Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou cus-
tos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços.
Pagar benefício devido a segurando, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsa-
dos à empresa pela previdência social.

38
Trata-se de norma penal em branco, complementada em diversos dispositivos pela lei previdenciária correspondente.

Veja características do crime de apropriação indébita previdenciária:

• É crime omissivo, como falado acima, já que o agente não pratica a conduta que se espera dele (repassar);
• Não admite a modalidade culposa;
• Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o STF, não é necessário dolo específico (especial fim de agir);
• Não admite tentativa;
• Segundo a jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, é crime material;
• O STJ admite a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, quando
o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
• O STF também admite a aplicação do princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária,
entretanto, a Corte Suprema tem sido bem mais rigorosa para com a aplicação.

A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da punibilidade), caso o agente, espontaneamente, declare, con-
fesse e efetue o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e preste as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a conduta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, seja pratica-
da antes do início da ação fiscal, o STF e o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da punibilidade com o pagamento
efetuado a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado (sentença definitiva).
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita previdenciária, vamos verificar uma hipótese de perdão judicial
e de crime privilegiado. Observe:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A Lei 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se de passagem (importante que você preste bastante atenção), acres-
centou dispositivo ao Código Penal que estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena ou
de aplicar somente a pena de multa não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo mínimo para ajuizamento de suas
execuções fiscais.

Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da Natureza

Neste crime, a apropriação se dá, não devido a relação de confiança existente entre autor e vítima, mas sim porque
a coisa chegou ao poder do agente por erro, caso fortuito ou força da natureza.

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Teobaldo recebe em sua casa, por erro do entregador O agente tem o prazo de 15 dias para praticar as con-
das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O agen- dutas descritas ao lado. Após esse período, o crime se
te se apropria da coisa havida por erro. consumará.
No exemplo acima, caso Teobaldo tenha recebido a Por fim, o Código Penal estabelece a possibilidade de
coisa de boa-fé, mas, posteriormente, altere a posse da se aplicar aos crimes previstos no capítulo da apropria-
coisa, apropriando-se dela, irá cometer o crime de apro- ção indébita os institutos aplicáveis ao furto privilegiado.
priação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
da natureza. Logo:
Este crime não admite a modalidade culposa, poden-
do ser praticado apenas a título de dolo. • Se o criminoso é primário;
É crime comum, podendo ser praticado por qualquer • Se é de pequeno valor a coisa;
pessoa.
O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme- O juiz poderá:
lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
tesouro e a apropriação de coisa achada. • Substituir a pena de reclusão pela pena de
detenção;
Apropriação de Tesouro • Diminuir a pena de 1/3 a 2/3;
• Aplicar somente a pena de multa
Irá praticar este crime o agente que acha tesouro em
prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quo- DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
ta a que tem direito o proprietário do prédio.
Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha te- Estelionato
souro em prédio que pertence a outra pessoa e se apro-
pria da quota-parte que o proprietário do prédio tem O crime de estelionato será praticado quando o
direito, de acordo com o Código Civil, que estabelece
agente obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
que o tesouro deve ser dividido igualmente entre aquele
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
que achou e entre o proprietário do local em que ele foi
erro, mediante artifício ardil, ou qualquer outro meio
achado.
fraudulento.
O Código Civil conceitua tesouro como depósito an-
Observe que o crime fala em vantagem ilícita (segun-
tigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja
do a doutrina majoritária, deve ser vantagem de natureza
memória.
patrimonial), podendo ser coisa móvel ou imóvel.
O tipo penal não se caracteriza com o verbo “achar”.
Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não comete cri- A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se utiliza
me alguma. A conduta criminosa se encontra no verbo de artificio ardil (método de enganar) ou qualquer outro
“apropriar-se”, quando o agente se apropria da parte a tipo de fraude.
que tem direito o proprietário do prédio. Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro e o
Para que este crime se configura, é necessário que agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela estava em
o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua erro, o agente, de má-fé, faz com que ela permaneça).
proprietário. No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
Apropriação de Coisa Achada alguma forma, a vantagem.
A condição acima, inclusive, é fator que serve para
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado diferenciar o estelionato de outros tipos penais que com
popular muito do dito? ele possam se confundir.

O crime de apropriação de coisa achada não é muito Características do crime de estelionato:


conhecido. Mas existe. Este crime será aplicado a quem
acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou par- • Crime comum: não se exige características especí-
cialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo ficas do sujeito ativo;
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, • É crime material: o crime se consuma com a
dentro do prazo de 15 (quinze) dias. ocorrência do resultado obtenção da vantagem
Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para sua ilícita, acarretando prejuízo a terceiro;
consumação, exige que transcorra determinado período • Não admite a forma culposa: só se pratica a título
de tempo (15 dias). de dolo;
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer • Admite a modalidade tentada;
pessoa.
Atenção. O crime de apropriação de coisa achada po- O estelionato privilegiado é aquele em que o agente
derá se configurar: é primário e é de pequeno valor o prejuízo, poderá o juiz,
neste caso, substituir a pena de reclusão pela pena de
• Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao detenção; diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou aplicar somen-
dono ou legítimo possuidor; te a pena de multa
• Se o agente deixa de entregar a coisa achada à au- Vejamos as formas equiparadas do crime de estelio-
toridade competente. nato, que serão submetidas às mesmas penas:

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Nas mesmas penas incorre quem:

1. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria – disposição de coisa
alheia como própria;

O agente, neste crime, faz com que coisa alheia se passe como dele, enganando outrem. Os verbos previstos no tipo
são: vender, permutar (trocar), dar como pagamento, locação ou garantia.

2. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias – alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria;
3. Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
tem a posse do objeto empenhado – defraudação de penhor;
4. Defrauda substância, qualidade ou quantidade, de coisa que deve entregar a alguém – fraude na entrega de
coisa;
5. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse-
quências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro – fraude para recebimento
de indenização ou valor de seguro;

O crime de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritária, é crime for-
mal, que se consuma com a prática da conduta, independentemente de o agente conseguir ou não receber os valores
referentes a indenização ou valor de seguro.
Lembre-se que o agente não é punido penalmente por causar mal somente a si mesmo, sendo assim, caso ele se
lesiona com o fim de receber seguro, ele não será sujeito passivo do crime. O sujeito passivo será a seguradora.

6. Emite cheque, sem suficiente prisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento – fraude no
pagamento por meio de cheque.

Leve em consideração que, para configuração desta forma equiparada de estelionato, é necessário que o agente
saiba desde o início não dispor de fundos para cobrir o cheque, não se englobando nesta modalidade criminosa os
casos de não pagamento de cheque por motivos cotidianos (sem má-fé).

É importante que você conheça duas súmulas do STF, referentes ao crime de fraude no pagamento por meio
de cheque.

Súmula 521: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta
ao prosseguimento da ação penal.

Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que se o agente pagar os valores referentes ao cheque emitido sem

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


fundos, antes do recebimento da denúncia, será impedido o início da ação penal.
E se o crime for praticado mediante o uso de documento falso?
Para responder esta pergunta, você deve conhecer a Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato,
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato, este crime
absorverá aquele. Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois crimes em concurso formal.
Observe as causas de aumento de pena previstas no Código Penal para o estelionato.

41
OUTRAS FRAUDES

O crime fica configurado quando o agente tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio
de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.
É necessário (elementar do tipo penal) que o agente não tenha recursos para pagar a refeição, o alojamento
ou o meio de transporte. Caso o agente tenha os recursos necessários, entretanto, recuse-se a efetuar o paga-
mento, não cometerá o crime de outras fraudes.
Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando da prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve saber que
não dispõe de recursos para pagar e mesmo assim utiliza dos serviços descritos. Caso ocorra um imprevisto, o agente
perde seu dinheiro sem saber, por exemplo, ele não será responsabilizado penalmente.
Trata-se de crime promovido mediante ação penal pública condicionada à representação da vítima.
Admite-se a aplicação do instituto do perdão judicial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá deixar de
aplicar a pena.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DPE-AM – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) Sobre os crimes contra o patrimônio: 


O furto de energia elétrica é atípico por não consistir em coisa móvel. 

a) Se o agente logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
crime, incorre na mesma pena do roubo. 
b) A ameaça exercida com simulacro de arma de fogo é incapaz de configurar o crime de roubo. 
c) Se durante a prática do roubo o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade, o crime é o de
latrocínio. 
d) Por falta de previsão legal, o princípio da insignificância é incabível no crime de furto. 

Resposta: Letra B. Apresenta hipótese de roubo impróprio, configurado quando o agente logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro. Previsão Legal: Artigo 157, § 1º, do Código Penal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

2. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017) Leonardo encontra uma cédula de R$ 50,00 sob a poltrona
da sala da casa de seu amigo Fausto, lugar que habitualmente frequenta e, sem que o dono da casa perceba, dela se
apodera. Diante do caso hipotético apresentado, Leonardo pratica o crime de 

a) apropriação de coisa achada. 


b) furto qualificado. 
c) estelionato. 
d) furto simples. 
e) apropriação indébita. 

Resposta: Letra B. Leonardo praticou o crime de furto qualificado. A qualificadora aplicável ao caso apresentado
pela alternativa é a de Abuso de confiança. Observe que o item faz questão de mencionar expressamente que a casa
onde Leonardo se encontrava é local que ele habitualmente frequenta e que ele é amigo de Fausto. O verbo apo-
derar, apresentado pelo item, foi utilizado como sinônimo de subtrair. Previsão Legal: Artigo 155, § 4º, II, do Código
Penal.

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3. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017) 5. (AL-MS – CONSULTOR DE PROCESSO LEGISLATIVO
Frederico, com o intuito de receber o valor do seguro, – FCC – 2016) Nos termos preconizados pelo Código Pe-
escondeu um automóvel de sua propriedade e lavrou um nal, em relação às escusas absolutórias, estará isento de
boletim de ocorrência afirmando que havia sido furtado. pena 
Tempos depois, Frederico veio a receber o valor pelo si- Pedro, coautor de um crime de furto qualificado junta-
nistro. Nessa situação hipotética, o crime praticado por mente com seu amigo Ítalo, praticado contra o genitor
Frederico é tipificado como  deste último. 

a) fraude para recebimento de indenização ou valor de a) Rodrigo, que invade a chácara de sua família e comete
seguro.  um crime de roubo contra seus ascendentes, subtrain-
b) exercício arbitrário das próprias razões.  do bens que guarneciam o imóvel.  
c) apropriação indébita.  b) Paulo, que pratica um crime de furto contra empresa
d) fraude no comércio.  de seu tio. 
e) furto qualificado.  c) Micaela, que pratica um crime de estelionato contra
seu filho, utilizando os documentos pessoais e cartão
Resposta: Letra D. Frederico praticou o crime de frau- de crédito deste para fazer compras em estabeleci-
de para recebimento de indenização ou valor de segu- mentos comerciais de uma determinada cidade. 
ro, crime previsto no capítulo “do estelionato e outras d) Flávia, que pratica crime de apropriação indébita con-
fraudes”. tra o seu avô de 70 anos de idade. 
No caso apresentado pela alternativa, o sujeito pas-
sivo é a seguradora. Frederico é apenas sujeito ativo. Resposta: Letra B. Micaela ficará isenta de pena, de-
Estamos diante de crime formal, que se consumaria vido a aplicação da escusa absolutória prevista no art.
mesmo que Frederico não recebesse o valor do sinis- 181, II, do CP. Ela praticou o estelionato (sem violência
tro, segundo doutrina dominante. Previsão Legal: Arti- ou grave ameaça) contra seu filho (descendente), fi-
go 171, V, do Código Penal. cando, assim, isenta de pena.

4. (PC-AP – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017)


Nilson, na companhia de sua namorada, Ana Paula, am-
bos maiores e capazes, subtraem a quantia de R$ 200,00
da carteira do avô de Nilson que, na data do furto, con- CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
tava 62 anos de idade. Diante da situação hipotética
apresentada,

a) Nilson ficará isento de pena, em razão do crime ter DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚ-
sido praticado contra seu ascendente. Contudo, tal BLICOS
isenção não alcançará Ana Paula. 
b) haverá isenção da pena para Nilson, circunstância que Falsificação de Papéis Públicos
também alcançará sua namorada Ana Paula. 
c) Nilson e Ana Paula responderão pelo crime de furto O crime de falsificação de papéis públicos está previs-
qualificado, não incidindo a isenção de pena para ne- to no Artigo 293 do Código Penal.
nhum dos agentes.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


d) Nilson responderá por furto qualificado, enquanto que É um tipo penal bastante extenso, que irá se confi-
Ana Paula responderá por furto simples.  gurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou
e) a responsabilização penal de Nilson e Ana Paula de- alterando-os:
penderá de queixa-crime. 
• Selo destinado a controle tributário, papel selado
Resposta: Letra C. Tanto Nilson quanto Ana Paula ou qualquer papel de emissão legal destinado à
irão responder pelo crime de furto qualificado pelo arrecadação de tributo;
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. As escusas ab- • Papel de crédito público que não seja moeda de
solutórias não se aplicam ao caso apresentado pela curso legal;
questão, já que a vítima conta com mais de 60 anos, • Vale postal;
além do que, já não se aplicaria as escusas à Ana Paula, • Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa
já que ele é estranha que participa do crime (Ana Paula econômica ou de outro estabelecimento mantido
é mera namorada de Nilson). por entidade de direito público;
• Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
mento relativo a arrecadação de rendas públicas
ou a depósito ou caução por que o poder público
seja responsável;
• Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município.

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Este tipo penal poderá ser praticado com a falsificação de quaisquer um dos documentos vistos acima, de duas for-
mas: fabricando-os (neste caso, o agente cria um documento) ou alterando-os (o agente altera documento já existente).
Existem formas equiparadas ao crime de falsificação de papéis públicos, incorrendo o agente nas mesmas penas
deste.

Nas mesmas penas irá incorrer aquele que:

• Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
• Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado
destinado a controle tributário;
• Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece,
porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
trial, produto ou mercadoria:
• ο Em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;
• ο Sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.

O tipo penal do crime de falsificação de papéis públicos apresenta três modalidades em que a pena será mais bran-
da se comparada ao tipo penal principal e às formas equiparadas, que tem como pena a reclusão de dois a oito anos
e multa:

• Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vistos logo acima, quando legítimos, com o fim de torná-los nova-
mente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena de reclusão de um a quatro
anos e multa;
• Aquele que usar os papéis, depois de alterados (após a supressão de carimbo ou sinal indicativo de inutilização,
quando legítimos, com o fim de torna-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclusão de um a quatro anos e multa;
• Aquele que usar ou restituir à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papeis falsificados ou altera-
dos, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é importante levar em consideração o seguinte:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


• Só admite a modalidade dolosa – não pode ser praticado culposamente;
• Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipicidade deste crime;
• Admite a tentativa;
• Se o papel for de emissão da União, será processado e julgado pela Justiça Federal;

Petrechos de Falsificação

Cometerá este crime, previsto no Artigo 294 do Código Penal, o agente que fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papeis previstos no crime de falsificação de
papéis públicos (Art. 293 do CP).

Sobre o crime de petrechos de falsificação, é importante que você leve para a sua prova as seguintes informações:

• É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado mediante a execução de quaisquer um dos verbos previstos
no tipo penal: fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar;
• É crime comum, que poderá ser praticado por qualquer agente;

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Entretanto, caso o crime seja praticado por funcionário público, prevalecendo-se este do cargo, a pena será aumen-
tada da sexta parte (1/6).

• Assim como o crime de petrecho para falsificação de moeda, o objeto deve ser destinado especialmente para fal-
sificar os papéis previstos no Artigo 293, caso o objeto tenha outras finalidades (tem outras utilidades e também
serve para falsificar papéis), não há que se falar na prática deste tipo penal;
• Só poderá ser praticado dolosamente;
• Admite a modalidade tentada;
• No verbo guardar, trata-se de crime permanente, protraindo-se a conduta no tempo.

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação de Selo ou Sinal Público

O crime de falsificação de selo ou sinal público, que está previsto no Artigo 296 do Código Penal, configura-se com
a prática da seguinte conduta típica: falsificar, fabricando-os ou alterando-os selo público destinado a autenticar
atos oficiais da União, de Estado ou de Município ou selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a
autoridade, ou sinal público de tabelião.

São condutas equiparadas ao crime de falsificação de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas penas o agente
que:

• Faz uso do selo ou sinal falsificado;


• Utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
• Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden-
tificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Sobre este crime, é importante que você leve em consideração as seguintes disposições:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.


• Só pode ser praticado dolosamente;
• Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime plurissubsistente;
• A falsificação pode se dar de 2 (duas formas): com a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a alteração
(o agente modifica o selo ou sinal);
• Trata-se de crime de forma livre, que pode ser praticado de qualquer modo pelo agente.

Falsificação de Documento Público

Este crime está previsto no Artigo 297 do Código Penal. A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em parte, do-
cumento público, ou alterar documento público verdadeiro.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:

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Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento público
verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.

Você não pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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São condutas equiparadas ao crime de falsificação
de documento público, incorrendo nas mesmas
penas o agente que insere ou faz inserir:

1. Na folha de pagamento ou em documento de


informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não
possua a qualidade de segurado obrigatório; Incorre, também, nas mesmas penas, quem
omite, nos documentos mencionados ao lado,
nome do segurado e seus dados pessoais,
2. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do a remuneração, a vigência do contrato de
empregado ou em documento que deva produzir trabalho ou de prestação de serviços
efeito perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

3. Em documento contábil ou em qualquer outro


documento relacionado com as obrigações da
empresa perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter constado.

Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


Caso o agente seja funcionário público e se prevaleça do cargo para praticar o fato, a pena será aumentada da
sexta parte (aumento de 1/6).
• Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;
• Não exige dolo específico – especial fim de agir;
• Admite a tentativa;
• O objeto material do crime é o documento público.

É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
sendo aquele mais grave do que este.

Para fins de concurso público, pode-se conceituar documento público como aquele emitido por funcionário pú-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


blico, no exercício de suas funções, a serviço da União, estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emitido por
órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros documentos, embora emitidos por particulares, a documento público.
O título ao portador é documento de crédito que não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque no valor
de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma forma de transferir a propriedade de um título (do endossante para o
endossatário), como os cheques em geral e as notas promissórias, que constituem exemplos de títulos transmissíveis
por endosso.

Sobre este crime, há uma importante súmula do STJ:

Súmula 17. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

Esta súmula se refere à aplicação do princípio da consunção ou absorção. Quando o crime de falsificação de docu-
mento público for meio para praticar o crime de estelionato, será por este absorvido.
Agente que, para obter ilícita vantagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de identidade verdadeira, res-
ponderá apenas pelo crime de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsificação fique exaurida com a prática do
estelionato.
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, haverá atipicidade deste crime, podendo configurar outra infração
penal.

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Falsificação de Documento Particular

O crime de falsificação de documento particular, que está previsto no Artigo 298 do Código Penal, irá se configurar
quando o agente falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro.
A conduta é igual ao crime de falsificação de documento público, sendo diferente no que se refere ao objeto ma-
terial do crime. Estes crimes também se diferenciam em relação à pena cominada.

O que é documento particular?


Amigos, vamos levar para a nossa prova o critério da exclusão. Será documento particular aquele que não é docu-
mento público, nem equiparado a documento público.
Neste crime, a falsidade também é material, alterando-se a forma estrutural do documento, podendo o conteúdo
ser verdadeiro ou não.

Sobre o crime de falsificação de documento particular, é importante que você fique atento ao seguinte:

• É crime comum;
• Admite a tentativa;
• Só pode ser praticado dolosamente;
• Não exige especial fim de agir (dolo específico);
• Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido;
• Se a falsificação for grosseira, não irá se configurar este crime, mas poderá se configurar outro tipo penal.

Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a documento público o cartão de crédito ou de débito.

Falsidade Ideológica
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Este crime está previsto no art. 299 do CP.


Configura-se com a prática da seguinte conduta típica: omitir, em documento público ou particular, declaração que
dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

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A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em documento público quanto em documento particular?

Sim, guerreiros. A resposta é positiva. Entretanto, a pena será distinta.

• Documento público: reclusão, de um a cinco anos, e multa;


• Documento particular: reclusão, de um a três anos, e multa.

O tipo penal deste crime apresenta causa de aumento de pena.

• A pena será aumentada da sexta parte (1/6):


• Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo;
• Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registo civil
• Em relação ao crime de falsidade ideológica, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:
• É crime comum.

Atenção: se praticado por funcionário público, que se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6 (um
sexto).

Não basta que seja praticado por funcionário público, para se aplicar a causa de aumento da pena, mas, também,
que ele se prevaleça do cargo para praticar o crime.

• Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;


• Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante.
Caso a conduta seja praticado sem uma das finalidades específicas vistas acima, o crime não irá se configurar.
• Admite a modalidade tentada nas condutas comissivas, mas não admite, segundo posicionamento doutrinário
majoritário, na conduta omissiva (omitir);
• Neste crime, a forma do documento segue intacta; o que se falsifica é o conteúdo das informações contidas no
documento público ou particular (com a omissão de declaração ou com a declaração falsa).

Inserir informação falsa em currículo Lattes não configura o crime de falsidade ideológica, segundo posicionamento
do STJ.

Falso Reconhecimento de Firma ou Letra

Previsto no art. 300, do CP, este crime se configura com a prática da seguinte conduta típica: reconhecer, como
verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja.
Entendam da seguinte forma:
Firma = assinatura;
Letra = manuscrito daquele que assina.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


A pena do crime será distinta conforme a natureza do documento:


Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou letra, você deve ficar atento ao seguinte:

• É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo funcionário público que pode reconhecer firma ou letra;

Admite a participação de particular, desde que conheça a condição de funcionário público do agente;

• Só poderá ser praticado dolosamente;


• Não exige fim especial de agir (dolo específico);
• Segundo posicionamento que prevalece, trata-se de crime plurissubsistente, que admite, portanto, a tentativa;
• A ação penal será pública incondicionada;
Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso

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Este crime está previsto no Artigo 301 do Código Penal.
Conduta típica: atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite al-
guém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Sobre este crime, é importante levar em consideração o seguinte:

• Trata-se de crime próprio, que só pode ser praticado por funcionário público, em razão da função pública;
Admite o concurso de pessoas com particulares, desde que estes conheçam sobre a situação de funcionário
público;
• Não admite a modalidade culposa;
• Admite a forma tentada;
• É crime de ação múltipla, que pode se configurar com a prática de quaisquer um dos verbos previstos no tipo
penal: atestar ou certificar;
• Para a configuração deste crime, exige-se que a certificação ou atestado se deem para as finalidades previstas no
tipo penal: habilitar alguém a obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
outra vantagem.
• Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de lucro (finalidade específica), será aplicada, além da pena pri-
vativa de liberdade, a pena de multa.

Ainda no art. 301, do CP, em seu § 1º, temos um outro tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente falso irá se configurar quando o agente falsificar, no todo ou em
parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circuns-
tância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem.

Sobre este crime, é importante levar em consideração o seguinte:

• É crime comum, que poderá ser praticado por qualquer pessoa;


• Só pode ser praticado dolosamente – não admite a forma culposa;
• Admite a modalidade tentada;
• É crime de ação múltipla, que pode ser praticado mediante a execução de quaisquer uma das seguintes condutas:
• Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão;
• Alterar o teor de certidão ou atestado verdadeiro.
• Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de lucro (finalidade específica), será aplicada, também, a pena de
multa.

Falsidade de Atestado Médico

O crime de falsidade de atestado médico está previsto no Artigo 302 do Código Penal.
Este crime tem como figura típica a seguinte conduta: dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso.

Sobre este crime, é importante levar em consideração:

• É crime próprio, que só poderá ser praticado por médico;


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• Não admite a forma culposa – deve ser praticado dolosamente;


• Não exige fim especial de agir (dolo específico), salvo no caso de obtenção de lucro;
• Admite a tentativa;
• Caso o médico pratique a conduta com finalidade de obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele, além da
pena privativa de liberdade, a pena de multa;
• Exige-se que a conduta praticada pelo médico se dê no exercício da função.

Reprodução ou Alteração de Selo ou Peça Filatélica

Este crime, previsto no Artigo 303 do Código Penal, irá se configurar quando o agente reproduzir ou alterar selo ou
peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça.
O crime de reprodução ou alteração de selo ou pela filatélica pode ser praticado de duas formas:

50
O que seria peça filatélica?
É qualquer documento que tenha interesse para a coleção de selos. A filatelia é a arte de estudar ou de colecionar
selos.

Sobre este crime, é importante ficar atento ao seguinte:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


• Não admite a forma culposa – deve ser praticado dolosamente;
• Em regra, não exige dolo específico, salvo no caso da conduta prevista no art. 303, parágrafo único, do CP: na
mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.

Se a reprodução ou alteração se derem pelo mesmo agente que fez uso para comércio, responderá ele por crime
único.

• É crime plurissubjetivo, que admite a modalidade tentada;


• Para que o crime se configure, é necessário que o selo ou peça filatélica tenham valor para fins de coleção;
• A conduta não será típica caso a reprodução ou a alteração estejam visivelmente anotadas na face ou no verso
do selo ou peça.

Uso de Documento Falso

Previsto no art. 304, do CP, o crime de uso de documento falso tem como figura típica a seguinte conduta: fazer uso
de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302 do CP.
O uso de qualquer um dos documentos previstos acima configura o crime de uso de documento falso, respondendo
o agente com a mesma pena correspondente à falsificação ou alteração.
Caso um agente seja surpreendido utilizando um documento público falso, será responsabilizado com a pena de
reclusão de dois a seis anos, e multa, mesma pena aplicada ao crime de falsificação de documento público.
Se o agente que fez uso do documento falso foi o mesmo que o falsificou? Ele será responsabilizado de que forma?
Amigos, segundo entendimento que predomina no STJ, neste caso, deverá o agente responder apenas por falsifi-
cação de documento público.
Assim, caso o agente falsifique e use o documento falso, deverá responder apenas por aquele.
Sobre o crime de uso de documento falso, é importante levar em consideração as seguintes informações: a súmula
546 do STJ estabelece: a competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da
entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Assim, caso o agente utilize uma carteira de identidade falsa, não será relevante para fins de análise de competên-
cia para processo e julgamento o órgão expedidor do documento (unidade da federação que o expediu), mas sim o
órgão ou entidade ao qual foi apresentado o documento. Caso o agente apresente o documento falso a um órgão ou
entidade federais, a exemplo da Polícia Rodoviária Federal e do INSS, a competência para processo e julgamento será
da Justiça Federal. Se o documento falso for apresentado a órgão ou entidade estaduais, a exemplo das polícias civis
ou da SANEAGO, o processo e julgamento será de competência da Justiça Estadual.
Para caracterização deste crime, não basta o mero porte do documento falso, exigindo-se que o agente o use efe-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


tivamente, apresentando-o a alguém.
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
É crime formal.
Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente.
Não exige fim especial de agir (dolo específico).
Caso o agente desconheça sobre a falsidade do documento e o utilize, não há que se falar na configuração deste
tipo penal, já que, como visto acima, o elemento subjetivo é somente o dolo.
Prevalece o entendimento de que não admite a modalidade tentada, já que se trata de crime unissubsistente, per-
fazendo-se mediante a execução de um único ato (ou o agente usa o documento e pratica o crime; ou o agente não
usa o documento e o fato será atípico).
Segundo o STJ, se o documento usado for grosseiramente falsificado, perceptível aos olhos do homem comum, não
irá se configurar o crime de uso de documento falso;

Supressão de Documento

O crime de supressão de documento, que está previsto no Artigo 305 do Código Penal, irá se configurar quando o
agente destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou
particular verdadeiro, de que não podia dispor.

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Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser praticado com a execução das seguintes condutas:

Documento público ou particular verdadeiro,


Destruir
de que não podia dispor;
Suprimir
Em benefício próprio ou de outrem, ou em
Ocultar
prejuízo alheio;

A pena do crime será diferente, a depender da natureza do documento destruído, suprimido ou ocultado.

Em relação aos tipos penais que apresentam penas como visto acima, você deve ter um cuidado redobrado ao
analisar o tipo penal e possíveis questões de prova sobre o tema.
Observe uma possível questão de prova.

Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às seguintes informações:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer agente;


• Não admite a modalidade culposa;
• É necessário que o agente pratique as condutas descritas no tipo penal em benefício próprio ou alheio ou em
prejuízo alheio (finalidade específica);
• Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o agente não possa dispor do documento público ou particular;
• Admite a tentativa.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2018) Caracteriza crime de falsificação de documento


particular a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) falsificação de testamento particular.


b) alteração de cartão de crédito verdadeiro.
c) fabricação de papel destinado à arrecadação de tributos.
d) adulteração de título ao portador ou transmissível por endosso.
e) inserção de declaração falsa em documento particular, para prejudicar direito.

Resposta: Letra B. O Código Penal equipara o cartão de crédito ou débito a documento particular. A conduta que
configura o crime de falsificação de documento particular é a seguinte: falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro. Logo, aquele que altera cartão de crédito verdadeiro pratica
o crime de falsificação de documento particular.

2. (MPU – ANALISTA – CESPE – 2018) Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando
o entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
Nos crimes de falsidade documental, considera-se documento particular todo aquele não compreendido como públi-
co, ou a este equiparado, e que, em razão de sua natureza ou relevância, seja objeto da tutela penal — como cartão de
crédito, por exemplo.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

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Resposta: Certo. O critério adotado para definir o que 5. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
vem a ser documento particular é o da exclusão. Será No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.
documento particular aquele que não é documento A conduta de dolosamente adquirir dólares falsos para
público nem equiparado a documento público. O Có- colocá-los em circulação por intermédio de operações
digo Penal equipara a documento particular o cartão cambiais tem a mesma gravidade que a conduta de falsi-
de crédito ou débito. ficar papel moeda, sendo, por isso, punida com as mes-
mas penas deste crime.
3. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL CESPE – 2018)
Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores (  ) CERTO   (  ) ERRADO
no que se refere a ação penal pública e privada, a crimes
contra a fé pública e a crimes contra a ordem tributária, Resposta: Certo. Para responder a esta questão, é im-
julgue o item seguinte. portante a análise do Artigo 289 e do Artigo 289, § 1º,
O criminoso que, ao ser abordado por autoridade po- do Código Penal. A conduta daquele que adquiri do-
licial, atribuir-se falsa identidade no intuito de não ser losamente moeda falsa para colocá-los em circulação
preso praticará crime contra a fé pública, não estando tem a mesma gravida, sendo punido com a mesma
sua conduta acobertada pela autodefesa. pena, da conduta daquele que falsifica papel moeda,
tratando-se, pois, de condutas equiparadas.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. No passado, entendia-se que, no


caso apresentado pelo item, a conduta do agente não
configuraria o crime de falsa identidade, por constituir CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
um direito de defesa do agente. Contudo, o enten- PÚBLICA
dimento foi alterado: atualmente, caso o agente, ao
ser abordado por autoridade policial, atribua-se falsa
identidade para se livrar da prisão, irá praticar o crime
São aqueles praticados contra os órgãos da adminis-
de falsa identidade, não constituindo violação ao prin-
tração pública, sendo subdividido em 5 capítulos.
cípio da não autoincriminação.
TÍTULO XI
4. (DPF – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
– 2018) Julgue o item seguinte, relativos a institutos CA
complementares do direito empresarial, teoria geral dos
títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e CAPÍTULO I
recuperação empresarial. DOS CRIMES PRATICADOS
Os livros comerciais, os títulos ao portador e os trans- POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
missíveis por endosso equiparam-se, para fins penais, a CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
documento público, sendo a sua falsificação tipificada
como crime. Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Resposta: Certo. O crime de falsificação de documen- desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
to público tem como figura típica a seguinte conduta: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
falsificar, no todo ou em parte, documento público, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
ou alterar documento público verdadeiro. O Código blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
Penal equipara a documento público os seguintes do- bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
cumentos, ainda que produzidos por particulares: o em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-
emanado de entidade paraestatal; dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
• o título ao portador ou transmissível por endosso; as
ações de sociedade comercial; Peculato culposo
• os livros mercantis; o testamento particular. Sendo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o
assim, o agente que falsificar livros comercial ou título crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
ao portador transmissível por endosso irá praticar o
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação
crime de falsificação de documento público. Previsão
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
Legal: Artigo 297, § 2º, do Código Penal.
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta.

Peculato mediante erro de outrem


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili-
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

53
Inserção de dados falsos em sistema de informações § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) seqüência da vantagem ou pro-messa, o funcionário
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autori- retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir o pratica infringindo dever funcional.
indevidamente dados corretos nos sistemas informa- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
tizados ou bancos de dados da Administração Públi- retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
ca com o fim de obter vantagem indevida para si ou cedendo a pedido ou influência de outrem:
para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
nº 9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Facilitação de contrabando ou descaminho
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional,
Modificação ou alteração não autorizada de sistema a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste- (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
ma de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente: Prevaricação
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um pessoal:
terço até a metade se da modificação ou alteração Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
resulta dano para a Administração Pública ou para Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
o administra-do.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) agente público, de cumprir seu dever de vedar ao pre-
so o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou que permita a comunicação com outros presos ou com
documento o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen- 2007).
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Condescendência criminosa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
constitui crime mais grave. responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competên-
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas cia, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação competente:
diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Advocacia administrativa
Concussão Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou se privado perante a administração pública, valendo-
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de -se da qualidade de funcionário:
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da


Excesso de exação multa.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando Violência arbitrária
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra- Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou
voso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº a pretexto de exercê-la:
8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. pena correspondente à violência.
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou Abandono de função
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco- Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
lher aos cofres públicos: permitidos em lei:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Corrupção passiva Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou de fronteira:
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) prolongado

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Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Resistência
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer- Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente violência ou ameaça a funcionário competente para
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Violação de sigilo funcional Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí-
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci- zo das correspondentes à violência.
litar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, Desobediência
se o fato não constitui crime mais grave. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: público:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra for- Desacato
ma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
de informações ou banco de dados da Administração da função ou em razão dela:
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (In- Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127,
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) de 1995)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Admi- Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
nistração Pública ou a ou-trem: (Incluído pela Lei nº para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
9.983, de 2000) pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. público no exercício da função: (Redação dada pela Lei
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Violação do sigilo de proposta de concorrência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de o agente alega ou insinua que a vantagem é também
devassá-lo: destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 9.127, de 1995)

Funcionário público Corrupção ativa


Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função omitir ou retardar ato de ofício:
pública. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


contratada ou conveniada para a execução de ativida- retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
de típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei dever funcional.
nº 9.983, de 2000) Descaminho
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
ocupantes de cargos em comissão ou de função de di- pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei
reção ou assessoramento de órgão da administração nº 13.008, de 26.6.2014)
direta, sociedade de economia mista, empresa pública Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
pela Lei nº 6.799, de 1980) § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
CAPÍTULO II I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008,
TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami-
Usurpação de função pública nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: alheio, no exercício de atividade comercial ou in-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. dustrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou

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fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdu- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
ção clandestina no território nacional ou de importa- abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
ção fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada oferecida.
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou Inutilização de edital ou de sinal
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa- conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
companhada de documentação legal ou acompanha- público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
da de documentos que sabe serem fal-sos. (Redação por de-terminação legal ou por ordem de funcionário
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, in- Subtração ou inutilização de livro ou documento
clusive o exercido em residências. (Redação dada pela Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) livro oficial, processo ou documento confiado à custó-
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de des- dia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
caminho é praticado em trans-porte aéreo, maríti- em serviço público:
mo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
26.6.2014) constitui crime mais grave.

Contrabando Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído


Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: pela Lei nº 9.983, de 2000)
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído previdenciária e qualquer acessório, mediante as se-
guintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei
documento de informações previsto pela legislação
nº 13.008, de 26.6.2014)
previdenciária segurados empregado, empresário, tra-
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-
balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
bando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Lei nº 9.983, de 2000)
que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, da contabilidade da empresa as quantias descontadas
de 26.6.2014) dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
III - reinsere no território nacional mercadoria bra- toma-dor de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de
sileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 2000)
13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de auferidos, remunerações pagas ou creditadas e de-
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, mais fatos geradores de contribuições sociais previ-
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- denciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
cadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
nº 13.008, de 26.6.2014) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou § 1o É extinta a punibilidade se o agente, esponta-


alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus- neamente, declara e confessa as contribuições, impor-
trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído tâncias ou valores e presta as informações devidas à
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se previdência social, na forma definida em lei ou regu-
às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, lamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino Lei nº 9.983, de 2000)
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) aplicar somente a de multa se o agente for primário e
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra- de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº
bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou 9.983, de 2000)
fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrên- previdência social, administrativamente, como sendo
cia pública ou venda em hasta pública, promovida o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis-
pela administração federal, estadual ou municipal, ou cais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo-
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a
além da pena correspondente à violência. de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

56
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices nova expulsão após o cumprimento da pena.
do reajuste dos benefícios da previdência social. (In-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po-
CAPÍTULO II-A licial, de processo judicial, instauração de investigação
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
TRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.467, DE 11.6.2002) de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
10.028, de 2000)
Corrupção ativa em transação comercial internacional Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi- § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
retamente, vantagem indevida a funcionário público se serve de anonimato ou de nome suposto.
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à é de prática de contravenção.
transação comercial internacional: (Incluído pela Lei
nº 10467, de 11.6.2002) Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter- sabe não se ter verificado:
ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de Auto-acusação falsa
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluí- Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) inexistente ou praticado por outrem:
Tráfico de influência em transação comercial interna-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
cional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
pratica-do por funcionário público estrangeiro no
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada
exercício de suas funções, relacionado a transação co-
mercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
11.6.2002) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se ço, se o crime é praticado medi-ante suborno ou se
o agente alega ou insinua que a vantagem é também cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei duzir efeito em processo penal, ou em processo civil
nº 10467, de 11.6.2002) em que for parte entidade da administração pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268,
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº de 28.8.2001)

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


10467, de 11.6.2002) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran- no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se re-
geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que tran- trata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº
sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em- 10.268, de 28.8.2001)
prego ou função pública em entidades estatais ou em Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual-
representações diplomáticas de país estrangei-ro. (In- quer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, ne-
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público gar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálcu-
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função los, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei
em empresas controladas, diretamente ou indireta- nº 10.268, de 28.8.2001)
mente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda-
organizações públicas internacionais. (Incluído pela ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
CAPÍTULO III prova destinada a produzir efeito em processo penal
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA ou em processo civil em que for parte entidade da ad-
JUSTIÇA ministração pública direta ou indireta. (Redação dada
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Reingresso de estrangeiro expulso Coação no curso do processo
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
geiro que dele foi expulso:

57
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra estabelecimento destinado a execução de pena priva-
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun- tiva de liberdade ou de medida de segurança;
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, II - prolonga a execução de pena ou de medida de
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: segurança, deixando de expedir em tempo oportuno
ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além III - submete pessoa que está sob sua guarda ou cus-
da pena correspondente à violência. tódia a vexame ou a constrangimento não autorizado
em lei;
Exercício arbitrário das próprias razões IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa-
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
segurança
lei o permite:
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
galmente presa ou submetida a medida de segurança
além da pena correspondente à violência.
detentiva:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
mente se procede mediante queixa. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa mais de uma pessoa, ou medi-ante arrombamento, a
própria, que se acha em poder de terceiro por deter- pena é de reclusão, de dois a seis anos.
minação judicial ou convenção: § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. ca-se também a pena correspondente à violência.
Fraude processual § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de guarda está o preso ou o internado.
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito: § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir três meses a um ano, ou multa.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
penas aplicam-se em dobro. Evasão mediante violência contra a pessoa
Favorecimento pessoal Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida- indivíduo submetido a medida de segurança detenti-
de pública autor de crime a que é cominada pena de va, usando de violência contra a pessoa:
reclusão: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. pena correspondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Arrebatamento de preso
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen- poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
correspondente à violência.
pena.
Motim de presos
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Favorecimento real
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- dem ou disciplina da prisão:
-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
seguro o proveito do crime: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Patrocínio infiel
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro-
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar curador, o dever profissional, prejudicando interesse,
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu- cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei Patrocínio simultâneo ou tergiversação
nº 12.012, de 2009). Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In- vogado ou procurador judicial que defende na mes-
cluído pela Lei nº 12.012, de 2009). ma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
contrárias.
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
liberdade individual, sem as formalidades legais ou Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar
com abuso de poder: de restituir autos, documento ou objeto de valor pro-
Pena - detenção, de um mês a um ano. batório, que recebeu na qualidade de advogado ou
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcio- procurador:
nário que: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

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Exploração de prestígio Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer pela Lei nº 10.028, de 2000)
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, pe- Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela
rito, tradutor, intérprete ou testemunha: Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter- (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
ço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
utilidade também se destina a qualquer das pessoas pela Lei nº 10.028, de 2000)
referidas neste artigo.
Violência ou fraude em arrematação judicial Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação 10.028, de 2000)
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li- Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude sem que tenha sido constituí-da contragarantia em
ou ofereci-mento de vantagem: valor igual ou superior ao valor da garantia prestada,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
além da pena correspondente à violência. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In-
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pensão de direito Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autori- nº 10.028, de 2000)
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
decisão judicial: mover o cancelamento do montante de restos a pagar
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluí-
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
CAPÍTULO IV Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.028, DE 2000) Aumento de despesa total com pessoal no último
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº
Contratação de operação de crédito 10.028, de 2000)
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000))
pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, pela Lei nº 10.028, de 2000)
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex- Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (In-
terno: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
I – com inobservância de limite, condição ou montante Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede- pública ou a colocação no mercado financeiro de títu-
ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) los da dívida pública sem que tenham sido criados por
II – quando o montante da dívida consolidada ultra- lei ou sem que estejam registrados em sistema centra-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


passa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído lizado de liquidação e de custó-dia: (Incluído pela Lei
pela Lei nº 10.028, de 2000) nº 10.028, de 2000)

Inscrição de despesas não empenhadas em restos a Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pela Lei nº 10.028, de 2000).
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

Assunção de obrigação no último ano do mandato ou


legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso res-
te parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

59
Parágrafo único. A competência definida neste artigo
não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
INQUÉRITO POLICIAL. HISTÓRICO, por lei seja cometida a mesma função.
NATUREZA, CONCEITO, FINALIDADE,
CARACTERÍSTICAS, FUNDAMENTO, Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial
TITULARIDADE, GRAU DE será iniciado:
COGNIÇÃO, VALOR PROBATÓRIO, I - de ofício;
FORMAS DE INSTAURAÇÃO, NOTITIA II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do
CRIMINIS, DELATIO CRIMINIS, Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS, de quem tiver qualidade para representá-lo.
INDICIAMENTO, GARANTIAS DO §  1o O requerimento a que se refere o no  II conterá
sempre que possível:
INVESTIGADO; CONCLUSÃO
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais ca-
racterísticos e as razões de convicção ou de presunção
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
INQUÉRITO POLICIAL sibilidade de o fazer;
c)  a nomeação das testemunhas, com indicação de
A polícia judiciária é exercida pelas autoridades po- sua profissão e residência.
liciais, delegados de polícia civil e delegados de polícia §  2o Do despacho que indeferir o requerimento de
federal, no território de suas respectivas circunscrições abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua Polícia.
autoria. Esta competência não exclui a de autoridades § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma da existência de infração penal em que caiba ação pú-
função. blica poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será à autoridade policial, e esta, verificada a procedência
iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade das informações, mandará instaurar inquérito.
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do §  4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. depender de representação, não poderá sem ela ser
O requerimento a que se refere do ofendido ou de iniciado.
quem tiver qualidade para representar a vítima, deve § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
conter, sempre que possível, a narração do fato, com somente poderá proceder a inquérito a requerimento
todas as circunstâncias, além da individualização do in- de quem tenha qualidade para intentá-la.
diciado ou seus sinais característicos e as razões de con-
vicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da in-
os motivos de impossibilidade de fazê-lo. E também, se fração penal, a autoridade policial deverá:
possível, a nomeação das testemunhas, com indicação I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
de sua profissão e residência. alterem o estado e conservação das coisas, até a che-
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo gada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº
que tiver conhecimento da existência de infração penal 8.862, de 28.3.1994)
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por II - apreender os objetos que tiverem relação com o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi- fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação
cada a procedência das informações, mandará instaurar dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
inquérito. III - colher todas as provas que servirem para o escla-
Nos crimes em que a ação pública depender de re- recimento do fato e suas circunstâncias;
presentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado IV - ouvir o ofendido;
sem a representação. V  -  ouvir o indiciado, com observância, no que for
Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, des-
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de te Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
quem tenha qualidade para intentá-la. duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
FORMAS DE INSTAURAÇÃO a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame
INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo proces-
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto- so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
ridades policiais no território de suas respectivas cir- sua folha de antecedentes;
cunscrições e terá por fim a apuração das infrações IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº ponto de vista individual, familiar e social, sua condi-
9.043, de 9.5.1995) ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes

60
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos
elementos que contribuírem para a apreciação do seu fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infra-
temperamento e caráter. ção sido praticada de determinado modo, a autoridade
X - colher informações sobre a existência de filhos, res- policial poderá usar esse recurso, desde que esta não
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o contrarie a moralidade ou a ordem pública.
nome e o contato de eventual responsável pelos cui- Havendo prisão em flagrante, deverá observar que,
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído apresentado o preso à autoridade competente, esta ou-
pela Lei nº 13.257, de 2016) virá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
FIQUE ATENTO! que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
Cabe Agravo de Instrumento contra despa- sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
cho que indeferir o requerimento de abertu- oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
ra de inquérito. de, afinal, o auto.
Resultando das respostas fundada a suspeita contra
A autoridade policial deverá, logo que tiver conheci- o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
mento da prática da infração penal: exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se isso for competente. E se não o for competente, enviará
alterem o estado e conservação das coisas, até a os autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas
chegada dos peritos criminais. da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante;
• apreender os objetos que tiverem relação com o mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
fato, após liberados pelos peritos criminais. menos duas pessoas que hajam testemunhado a apre-
• colher todas as provas que servirem para o escla- sentação do preso à autoridade.
recimento do fato e suas circunstâncias Observe que quando o acusado se recusar a assinar,
• ouvir o ofendido. não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- flagrante será assinado por duas testemunhas, que te-
cável, do disposto sobre o interrogatório do acu- nham ouvido sua leitura na presença deste.
sado, devendo o respectivo termo ser assinado por Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
acareações. e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de filhos, indicado pela pessoa presa.
corpo de delito e a quaisquer outras perícias. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
sua folha de antecedentes deve ter ressalvas. O art. por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após
5º, LVIII, da CF, passou a estabelecer que o civil- a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
mente identificado não será submetido a identi- tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
ficação criminal, salvo nas hipóteses previstas em não informe o nome de seu advogado, cópia integral
lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo para a Defensoria Pública.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


civilmente identificado, preso em flagrante, indi- No mesmo prazo, será entregue ao preso, median-
ciado ou mesmo denunciado, do constrangimento te recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
de se submeter às formalidades de identificação com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
criminal - fotográfica e datiloscópica - considera- testemunhas.
das por muitas vexatórias, principalmente quando Quando o fato for praticado em presença da au-
documentadas pelos órgãos da imprensa. toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
to de vista individual, familiar e social, sua condição as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
elementos que contribuírem para a apreciação do juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli-
seu temperamento e caráter tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido
• colher informações sobre a existência de filhos, o auto.
respectivas idades e se possuem alguma deficiên- Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
cia e o nome e o contato de eventual responsável depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa Todas as peças do inquérito policial serão, num
presa. só processado, reduzidas a escrito e rubricadas pela
autoridade.

61
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
FIQUE ATENTO! relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Minis-
O inquérito deverá terminar no prazo de tério Público ou o delegado de polícia poderão requi-
10 dias, se o indiciado tiver sido preso em sitar, mediante autorização judicial, às empresas presta-
flagrante, ou estiver preso preventivamen- doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
te, contado o prazo, nesta hipótese, a par- que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
tir do dia em que se executar a ordem de adequados, como sinais, informações e outros, que per-
prisão. mitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
O inquérito deverá terminar no prazo de em curso.
30 dias, quando estiver solto, mediante Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacio-
fiança ou sem ela. nados ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação
judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade com-
petente requisitará às empresas prestadoras de serviço
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará mi- imediatamente os meios técnicos adequados, como si-
nucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará au- nais, informações e outros, que permitam a localização
tos ao juiz competente. Neste relatório autoridade pode da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com ime-
indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, diata comunicação ao juiz.
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. Para os efeitos acima exposto, sinal significa posicio-
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado namento da estação de cobertura, setorização e intensi-
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devo- dade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
lução dos autos, para ulteriores diligências, que serão rea-
lizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipóteses em que, • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
para dar início à ação penal, o Ministério Público pode de qualquer natureza, que dependerá de autoriza-
requer diligências, por meio da autoridade judiciária, para
ção judicial, conforme disposto em lei
a autoridade policial em prazo por aquele fixando.
• deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Os instrumentos do crime, bem como os objetos
que interessarem à prova, acompanharão os autos do móvel celular por período não superior a 30 (trin-
inquérito. ta) dias, renovável por uma única vez, por igual
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei- período
xa, sempre que servir de base a uma ou outra. • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
Incumbirá ainda à autoridade policial: cessária a apresentação de ordem judicial.

• fornecer às autoridades judiciárias as informa- FIQUE ATENTO!


ções necessárias à instrução e julgamento dos
processos. Ainda nesta hipótese, prevenção e repres-
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo são dos crimes relacionados ao tráfico de
Ministério Público. pessoas o inquérito policial deverá ser ins-
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas taurado no prazo máximo de 72 (setenta
autoridades judiciárias. e duas) horas, contado do registro da res-
• representar acerca da prisão preventiva. pectiva ocorrência policial.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárce- O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
re privado, 149, redução a condição análoga de escravo, poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
149-A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão ou não, a juízo da autoridade policial.
mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo esta Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
condição necessária para a obtensão da vantagem eco-
pela autoridade policial.
nômica, e no art. 159, extorsão mediante sequestro, tudo
O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
do CP, e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 de julho
ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, promo-
ver ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
criança ou adolescente para o exterior com inobservân- A autoridade policial não poderá mandar arquivar au-
cia das formalidades legais ou com o objetivo de obter tos de inquérito.
lucro, o membro do Ministério Público ou o delegado de Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder pela autoridade judiciária, por falta de base para a de-
público ou de empresas da iniciativa privada, dados e in- núncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
formações cadastrais da vítima ou de suspeitos. pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas e conterá:

• o nome da autoridade requisitante.


• o número do inquérito policial.
• a identificação da unidade de polícia judiciária res-
ponsável pela investigação.

62
O que é “auto de resistência”? O exemplo típico ocor-
FIQUE ATENTO! re quando o policial mata um suspeito, alegando que
Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Fe- houve resistência dele. A ocorrência é registrada como
deral: “arquivado o inquérito policial, por “auto de resistência”. Como as testemunhas são os pró-
despacho do juiz, a requerimento do pro- prios policiais, o crime geralmente não passa por uma
motor de justiça, não pode a ação penal profunda investigação.
ser iniciada sem novas provas”.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
resistência à prisão em flagrante ou à determinada
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos por autoridade competente, o executor e as pessoas
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde que o auxiliarem poderão usar dos meios necessá-
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- rios para defender-se ou para vencer a resistência, do
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
mediante traslado. testemunhas.
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inte- DISCUSSÕES DOUTRINÁRIAS ACERCA DO INQUÉ-
resse da sociedade. Nos atestados de antecedentes RITO POLICIAL: INDISPENSABILIDADE
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a O Inquérito Policial é um procedimento administra-
instauração de inquérito contra os requerentes. tivo inquisitivo e preparatório, presidido pelo delegado
A incomunicabilidade do indiciado dependerá de polícia, repleto de diligências realizadas pela polícia
sempre de despacho nos autos e somente será per- investigativa, importantíssimo para a colheita de elemen-
mitida quando o interesse da sociedade ou a conve- tos de informação quanto à autoria e materialidade da
niência da investigação o exigir. Esse dispositivo con- infração, a fim de possibilitar que o titular da ação penal
tido no art. 21, e seu parágrafo único, do CPP, apesar ingresse em juízo.
de não ter sido revogado expressamente, torna-se Existe forte discussão sobre dispensabilidade ou in-
inaplicável em razão do disposto no art. 136, § 3º, IV, dispensabilidade de tal peça. A doutrina que aponta para
da CF, que veda a incomunicabilidade, até mesmo a sua indispensabilidade defende que a instauração do
quando decretado o estado de defesa. inquérito policial é a principal forma de evitar acusações
No Distrito Federal e nas comarcas em que hou- precipitadas. A recomendação é que ao receber a notícia
ver mais de uma circunscrição policial, a autoridade de um crime, ainda que já disponha de elementos sufi-
com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos cientes para dar suporte à denúncia, o Ministério Público
a que esteja procedendo, ordenar diligências em encaminhe os documentos à polícia judiciária, requisi-
circunscrição de outra, independentemente de pre- tando a instauração de inquérito policial. Essa providên-
catórias ou requisições, e bem assim providenciará, cia nada mais é do que o reconhecimento da instrução
até que compareça a autoridade competente, sobre preliminar como freio aos excessos da perseguição es-
qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra tatal, para que a persecução penal tenha início perante
circunscrição. órgão imparcial antes que o órgão acusador tome frente.
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz Para tais adeptos, nos crimes de ação penal pública
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de incondicionada a regra é a obrigatoriedade de instau-
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, men- ração do inquérito policial, e este procedimento deve

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


cionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os acompanhar a peça acusatória sempre que servir de su-
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. porte à acusação.
Todavia, a doutrina majoritária ainda se filia à dispen-
DO INQUÉRITO POLICIAL- ALTERAÇÃO PACOTE sabilidade do IP, sob o argumento que é uma peça mera-
ANTI CRIME mente informativa. Renato Brasileiro defende que desde
que o titular da ação penal (MP ou ofendido) disponha
(art. 14-A, do Código de Processo Penal). de substrato mínimo necessário para o oferecimento da
Arquivamento do Inquérito Policial: antes o arquiva- peça acusatória, o IP será perfeitamente dispensável.
mento do IP era realizado no âmbito da Justiça, porém
agora o Ministério poderá ordenar diretamente o arqui- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
vamento e remeter os autos à revisão ministerial para fins
de homologação (não precisa requerer o arquivamento O princípio da insignificância, também conhecido
ao Juiz!) como bagatela, conduz à atipicidade da conduta, pois
apesar de existir um dispositivo penal incriminando a
FIQUE ATENTO! conduta (tipicidade formal), não há relevância da lesão
ao bem jurídico (tipicidade material).
Súmula 524: Arquivado o inquérito poli-
Portanto, se a lesão ou ameaça de lesão forem ín-
cial, por despacho do juiz, a requerimento
fimas, não haverá tipicidade material, por incidência do
do promotor de justiça, não pode a ação
princípio da insignificância.
penal ser iniciada, sem novas provas.

63
O STF, no julgamento do HC 116.242 (17/09/2013), sequestro, envio de criança ou adolescente ao exterior, o
Primeira Turma, estabeleceu requisitos que vêm sendo, membro do Ministério Público ou o delegado de polícia
desde então, adotados para se aferir a incidência ou não poderão requisitar, de quaisquer órgãos do poder públi-
do princípio da insignificância (“MARI”): co ou de empresas da iniciativa privada, dados e infor-
mações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
Mínima ofensividade da conduta do agente; Por outro lado, nos crimes relacionados ao tráfico de
Ausência de periculosidade social da ação; pessoas, o membro do Ministério Público ou o delega-
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; do de polícia poderão requisitar, mediante autorização
Inexpressividade da lesão jurídica causada. judicial, às empresas prestadoras de serviço de teleco-
municações e/ou telemática que disponibilizem imedia-
tamente os meios técnicos adequados – como sinais,
FIQUE ATENTO! informações e outros – que permitam a localização da
Casos em que o princípio da insignificância vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
não pode ser aplicado: Não havendo manifestação judicial no prazo de 12
• Crimes contra a Administração Pública; horas, a autoridade competente requisitará às empre-
• Moeda falsa; sas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
• Tráfico de drogas; telemática que disponibilizem imediatamente os meios
• Roubo e outros crimes praticados com violên- técnicos adequados – como sinais, informações e outros
cia ou grave ameaça (ex. violência doméstica). – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.  

Por fim, é importante saber que, o STF vem utilizando


a teoria da “reiteração não cumulativa de condutas de #FicaDica
gêneros distintos”, a fim de admitir a incidência do prin-
O inquérito policial deverá ser instaurado no
cípio da insignificância na hipótese de réu reincidente,
prazo máximo de 72 horas, contado do re-
com a ressalva de que a condenação anterior não pode
gistro da respectiva ocorrência policial.
caracterizar reincidência específica (pelo mesmo crime).
Exemplo: o réu já possui condenação por lesão corporal
leve e, no processo em análise, é denunciado em razão TERMO CIRCUNSTANCIADO
da prática, em tese, do furto de uma camiseta, avaliada
em R$ 10,00 (dez reais). Como são crimes de natureza De acordo com a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Espe-
distinta aplica-se o princípio da insignificância. ciais Criminais) a autoridade policial que tomar conhe-
cimento da ocorrência de um crime de menor potencial
PODER REQUISITÓRIO ofensivo lavrará termo circunstanciado (TC), substitutivo
do IP, e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com
O poder requisitório consiste em permitir que a auto- o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisi-
ridade da polícia judiciária tenha acesso direto (indepen- ções dos exames periciais necessários.
dentemente de autorização judicial) a informações em Ao autor do fato que, após a lavratura do TC, for ime-
prol do interesse da coletividade, isto é, buscar a verdade diatamente encaminhado ao juizado ou assumir o com-
na investigação criminal. promisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
Excepcionalmente, quando a Constituição ou a pró- flagrante, nem se exigirá fiança.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

pria lei exigir prévia ordem judicial para a obtenção dos Se não há previsão de pena de prisão para o crime,
elementos, o delegado não poderá acessá-los direta- mesmo que o autor do fato não assuma tal compromisso
mente, em razão da cláusula de reserva de jurisdição. não poderá ser preso, pela falta de previsão legal neste
sentido (ex. drogas para consumo pessoal).
Algumas situações já foram pacificadas pelo STF e STJ:

• Durante a prisão em flagrante a autoridade policial #FicaDica


pode extrair dados do celular do preso – ex. lista de
telefonemas. Os crimes de menor potencial ofensivo são
• Durante a prisão em flagrante a autoridade policial aqueles com a pena máxima até 02 anos e as
não pode ler mensagens do preso, pois exige-se contravenções penais.
autorização judicial.
• É nula a decisão judicial que autoriza o espelha-
mento do aplicativo de mensagens WhatsApp, por
meio da página WhatsApp Web.
• É lícita a perícia realizada sem autorização em celu-
lar entregue pela esposa da vítima de homicídio.

Ademais, nos crimes de sequestro, redução a condi-


ção análoga a de escravo, tráfico de pessoas, extorsão
com restrição da liberdade da vítima, extorsão mediante

64
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza
do exame. Os peritos não oficiais prestarão o compro-
PROVA. PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE misso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
CRIME. REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA. São facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
NULIDADE DA PROVA. DOCUMENTOS acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a for-
DE PROVA. RECONHECIMENTO DE mulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
PESSOAS E COISAS. ACAREAÇÃO. Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de sua
INDÍCIOS. BUSCA E APREENSÃO admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e ela-
boração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão.

Durante o curso do processo judicial, é permitido às


PROVAS partes, quanto à perícia:
Sobre as provas no processo penal, devemos com- • requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
preender, de início, que o juiz formará sua convicção pela prova ou para responderem a quesitos, desde que
livre apreciação da prova produzida em contraditório o mandado de intimação e os quesitos ou questões
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusi- a serem esclarecidas sejam encaminhados com
vamente nos elementos informativos colhidos na inves- antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
tigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis apresentar as respostas em laudo complementar.
e antecipadas. Somente quanto ao estado das pessoas • indicar assistentes técnicos que poderão apresen-
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. tar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, inquiridos em audiência.
porém, facultado ao juiz de ofício:
Havendo requerimento das partes, o material proba-
• ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a tório que serviu de base à perícia será disponibilizado
produção antecipada de provas consideradas ur- no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
gentes e relevantes, observando a necessidade, guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
adequação e proporcionalidade da medida. assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
• determinar, no curso da instrução, ou antes de Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
proferir sentença, a realização de diligências para de uma área de conhecimento especializado, pode ser
dirimir dúvida sobre ponto relevante. designado mais de um perito oficial, e a parte poderá
indicar mais de um assistente técnico.
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obti- verão minuciosamente o que examinarem, e responde-
das em violação a normas constitucionais ou legais. São rão aos quesitos formulados. O laudo pericial será elabo-
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem dos peritos.
ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
Considera-se fonte independente aquela que por si só, quer dia e a qualquer hora.
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da in-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
vestigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
ao fato objeto da prova. morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
Preclusa a decisão de desentranhamento da prova o que declararão no auto. E nos casos de morte violen-
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão ta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. não houver infração penal que apurar, ou quando as le-
sões externas permitirem precisar a causa da morte e não
EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM houver necessidade de exame interno para a verificação
GERAL de alguma circunstância relevante.
Em caso de exumação para exame cadavérico, a au-
Quando a infração deixar vestígios, será indispensá- toridade providenciará para que, em dia e hora previa-
vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não mente marcados, se realize a diligência, da qual se la-
podendo supri-lo a confissão do acusado, não admite a vrará auto circunstanciado. O administrador de cemitério
ideia de que a confissão é a rainha das provas. público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
O exame de corpo de delito e outras perícias serão pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta
realizados por perito oficial, portador de diploma de cur- de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o ca-
so superior. dáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade
Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso supe- do auto.
rior preferencialmente na área específica, dentre as que

65
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o
em que forem encontrados, bem como, na medida do lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-
local do crime. tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
Para representar as lesões encontradas no cadáver, que interessarem à elucidação do fato.
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamen- No exame para o reconhecimento de escritos, por
te rubricados. comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu-
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto • a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de re- • para a comparação, poderão servir quaisquer do-
conhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tive-
cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer rem sido judicialmente reconhecidos como de seu
caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
encontrados, que possam ser úteis para a identificação dúvida.
do cadáver. • a autoridade, quando necessário, requisitará, para
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por o exame, os documentos que existirem em arqui-
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal vos ou estabelecimentos públicos, ou nestes reali-
poderá suprir-lhe a falta. zará a diligência, se daí não puderem ser retirados.
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame • quando não houver escritos para a comparação ou
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame forem insuficientes os exibidos, a autoridade man-
complementar por determinação da autoridade policial dará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. última diligência poderá ser feita por precatória,
No exame complementar, os peritos terão presente o em que se consignarão as palavras que a pessoa
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência será intimada a escrever.
ou retificá-lo.
Para cada delito poderá haver uma perícia específica Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
para esclarecer a conduta. para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a na-
Veja que se o exame tiver por fim precisar a classifi- tureza e a eficiência.
cação do delito de lesão corporal que incapacidade para A autoridade e as partes poderão formular quesitos
as ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá até o ato da diligência.
ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
data do crime. A falta de exame complementar poderá
ser suprida pela prova testemunhal. FIQUE ATENTO!
Para o efeito de exame do local onde houver sido Interessante que no exame por precatória, a
praticada a infração, a autoridade providenciará imedia- nomeação dos peritos será feita no juízo de-
tamente para que não se altere o estado das coisas até precado. Havendo, porém, no caso de ação
a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos privada, acordo das partes, essa nomeação
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os poderá ser feita pelo juiz deprecante. Os
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das quesitos do juiz e das partes serão transcritos
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas na precatória.
alterações na dinâmica dos fatos.
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão ma-
terial suficiente para a eventualidade de nova perícia. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com signadas no auto do exame as declarações e respostas
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou de um e de outro, ou cada um redige separadamente o
esquemas. seu laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo,
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen- se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de proceder a novo exame por outros peritos.
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, in- No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
dicarão com que instrumentos, por que meios e em que de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
época presumem ter sido o fato praticado. jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou
Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas esclarecer o laudo. A autoridade poderá também orde-
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do nar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos proce- julgar conveniente.
derão à avaliação por meio dos elementos existentes nos O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
autos e dos que resultarem de diligências. ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

66
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos • impedir a influência do réu no ânimo de teste-
do exame serão remetidos ao juízo competente, onde munha ou da vítima, desde que não seja possível
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- colher o depoimento destas por videoconferência,
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, na hipótese de o juiz verificar que a presença do
mediante traslado. réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de
a autoridade policial negará a perícia requerida pelas modo que prejudique a verdade do depoimento,
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da fará a inquirição por videoconferência.
verdade. • responder à gravíssima questão de ordem pública.

Ônus da prova Da decisão que determinar a realização de interro-


gatório por videoconferência, as partes serão intimadas
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o com 10 dias de antecedência.
ônus da prova é a prova da alegação por quem a fizer. Antes do interrogatório por videoconferência, o pre-
Cabe ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exer- so poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológi-
cício da atividade probatória principal. Incumbe-lhe de- co, a realização de todos os atos da audiência única de
monstrar a existência dos fatos constitutivos afirmados instrução e julgamento.
na pretensão, devendo provar a existência do ilícito pe- Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz ga-
nal e sua autoria. rantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de com o seu defensor. No caso de ser realizado por video-
provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fa- conferência, fica também garantido o acesso a canais te-
tos impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados lefônicos reservados para comunicação entre o defensor
com a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová- que esteja no presídio e o advogado presente na sala de
-los. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: audiência do Fórum, e entre este e o preso.
alegação de legítima defesa. A sala reservada no estabelecimento prisional para a
realização de atos processuais por sistema de videocon-
Valoração ferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de
cada causa, como também pelo Ministério Público e pela
Valoração da prova, que significa dizer que o julga- Ordem dos Advogados do Brasil.
dor, ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se so- Do interrogatório deverá constar a informação sobre
bre todas as provas produzidas. a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre alguma deficiência e o nome e o contato de eventual res-
substancial, i.e., será reavaliada. ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa.
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO Depois de devidamente qualificado e cientificado do
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
O acusado que comparecer perante a autoridade ju- juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
diciária, no curso do processo penal, será qualificado e permanecer calado e de não responder perguntas que
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou lhe forem formuladas. O silêncio, que não importará em
nomeado. O interrogatório do réu preso será realizado, confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
em sala própria, no estabelecimento em que estiver reco- defesa.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


lhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, O interrogatório será constituído de duas partes, uma
do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem sobre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos.
como a presença do defensor e a publicidade do ato. Sobre a pessoa do acusado, o interrogando será per-
guntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão funda- oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
mentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de vi- alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do proces-
deoconferência ou outro recurso tecnológico de trans- so, se houve suspensão condicional ou condenação, qual
missão de sons e imagens em tempo real, desde que a a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares
medida seja necessária para atender a uma das seguintes e sociais.
finalidades:
Sobre os fatos, será perguntado sobre:
• prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organi- • ser verdadeira a acusação que lhe é feita.
zação criminosa ou de que, por outra razão, possa • não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
fugir durante o deslocamento. motivo particular a que atribuí-la, se conhece a
• viabilizar a participação do réu no referido ato pro- pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
cessual, quando haja relevante dificuldade para prática do crime, e quais sejam, e se com elas este-
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ve antes da prática da infração ou depois dela.
ou outra circunstância pessoal. • onde estava ao tempo em que foi cometida a infra-
ção e se teve notícia desta.

67
• as provas já apuradas. OFENDIDO
• se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas
ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
alegar contra elas. perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem
• se conhece o instrumento com que foi praticada a seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa in-
infração, ou qualquer objeto que com esta se rela- dicar, tomando-se por termo as suas declarações. Obser-
cione e tenha sido apreendido. ve que se, intimado para esse fim, deixar de comparecer
• todos os demais fatos e pormenores que condu- sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à
zam à elucidação dos antecedentes e circunstân- presença da autoridade.
cias da infração. O ofendido será comunicado dos atos processuais
• se tem algo mais a alegar em sua defesa. relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à
designação de data para audiência e à sentença e res-
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das pectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem.
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formu- As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no
lando as perguntas correspondentes se o entender per- endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
tinente e relevante. ofendido, o uso de meio eletrônico.
Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em Antes do início da audiência e durante a sua realiza-
parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. ção, será reservado espaço separado para o ofendido. Se
Se confessar a autoria, será perguntado sobre os mo- o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendi-
tivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concor- do para atendimento multidisciplinar, especialmente nas
reram para a infração, e quais sejam. áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a
Havendo mais de um acusado, serão interrogados expensas do ofensor ou do Estado. O juiz tomará as pro-
separadamente. vidências necessárias à preservação da intimidade, vida
O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mu- privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclu-
do será feito pela forma seguinte: sive, determinar o segredo de justiça em relação aos da-
dos, depoimentos e outras informações constantes dos
• ao surdo serão apresentadas por escrito as per- autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios
guntas, que ele responderá oralmente. de comunicação.
• ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res-
pondendo-as por escrito. TESTEMUNHAS
• ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
escrito e do mesmo modo dará as respostas. Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob
palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, inter- que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu
virá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profis-
habilitada a entendê-lo. Quando o interrogando não fa- são, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em
lar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações
de intérprete. Se o interrogado não souber escrever, não com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pe-
termo. las quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interro-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

gatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer O depoimento será prestado oralmente, não sen-
das partes. do permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não
será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a
CONFISSÃO apontamentos. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
testemunha, o juiz deverá proceder à verificação pelos
O valor da confissão será aferida pelos critérios ado- meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
tados para os outros elementos de prova, e para a sua depoimento desde logo.
apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais pro- A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
vas do processo, verificando se entre ela e estas existe depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascen-
compatibilidade ou concordância. dente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
O silêncio do acusado não importará confissão, mas o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
poderá constituir elemento para a formação do conven- salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
cimento do juiz. ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
tomada por termo nos autos, observado que, no caso de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
o interrogado não souber escrever, não puder ou não segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiser assinar, tal fato será consignado no termo. quiserem dar o seu testemunho.
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do Não se deferirá o compromisso sob palavra de hon-
livre convencimento do juiz, fundado no exame das pro- ra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe
vas em conjunto. for perguntado, os doentes e deficientes mentais e aos

68
menores de 14 anos, nem os ascendentes ou descenden- Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
tes, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requi-
o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado. sitar à autoridade policial a sua apresentação ou deter-
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras minar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá
testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz solicitar o auxílio da força pública.
parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por
testemunhas se referirem. Não será computada como velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde
testemunha a pessoa que nada souber que interesse à estiverem.
decisão da causa. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Se-
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, nadores e Deputados Federais, os Ministros de Estado,
de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi- os Governadores de Estado e Territórios, os Secretários
mentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas de Estado, Governador do Distrito Federal e Prefeitos dos
cominadas ao falso testemunho. Antes do início da au- Municípios, os Deputados às Assembleias Legislativas Es-
diência e durante a sua realização, serão reservados es- taduais, os membros do Poder Judiciário, os Ministros e
paços separados para a garantia da incomunicabilidade Juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do
das testemunhas. Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo se-
Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer rão inquiridos em local, dia e hora prèviamente ajustados
que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou ne- entre eles e o Juiz.
gou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autori- O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
dade policial para a instauração de inquérito. Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputa-
Tendo o depoimento sido prestado em plenário de dos e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela
julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên- prestação de depoimento por escrito, caso em que as
cia, o tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz,
dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a lhes serão transmitidas por ofício.
testemunha à autoridade policial. Os militares deverão ser requisitados à autoridade
As perguntas serão formuladas pelas partes direta- superior.
mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que Aos funcionários públicos será aplicada a expedição
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
causa ou importarem na repetição de outra já respon- repartição em que servirem, com indicação do dia e da
dida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá hora marcados.
complementar a inquirição. O juiz não permitirá que a A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz,
testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, ex-
quando inseparáveis da narrativa do fato. pedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão razoável, intimadas as partes. A expedição da precatória
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou de- não suspenderá a instrução criminal.
feitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a ser realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a pre-
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha catória, uma vez devolvida, será junta aos autos. Obser-
ou não lhe deferirá compromisso nos casos das teste- va-se que no caso da precatória há a possibilidade de a
munhas proibidas de depor, em razão de função, minis- oitiva de testemunha ser realizada por meio de video-
tério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o de sons e imagens em tempo real, permitida a presença
seu testemunho, e as que não se deferirá o compromisso, do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
os doentes e os deficientes mentais e aos menores de 14 realização da audiência de instrução e julgamento.
anos. As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em
Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, outro país, só serão expedidas se demonstrada previa-
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas teste- mente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque-
munhas, reproduzindo fielmente as suas frases. rente com os custos de envio.
O depoimento da testemunha será reduzido a termo, Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemu- carta precatória.
nha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a Quando a testemunha não conhecer a língua nacio-
alguém que o faça por ela, depois de lido na presença nal, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas
de ambos. e respostas.
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas oral-
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemu- mente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão
nha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade apresentadas por escrito as perguntas, que ele respon-
do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, derá oralmente. E no caso de surdo-mudo as pergun-
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a tas serão formuladas por escrito e do mesmo modo ele
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a pre- responderá.
sença do seu defensor. A adoção de qualquer das medi- As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
das previstas aqui citadas deverá constar do termo, assim ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se,
como os motivos que a determinaram. pela simples omissão, às penas do não comparecimento.

69
Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, pode ser requerida antes do inquérito, durante a investi-
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao gação ou no curso da ação penal. Pode ainda ser reque-
tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, rida pela defesa, se lhe for interessante.
de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, to- A busca e apreensão também pode ser determinada
mar-lhe antecipadamente o depoimento. de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não
é conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode com-
DOCUMENTOS prometer sua imparcialidade.
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previs-
Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão to no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver
apresentar documentos em qualquer fase do processo. relacionado com a elucidação de um crime pode ser ob-
Consideram-se documentos quaisquer escritos, instru- jeto de busca e apreensão.
mentos ou papéis, públicos ou particulares. À fotografia Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo
do documento, devidamente autenticada, se dará o mes- expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade
mo valor do original. policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante
Se o juiz tiver notícia da existência de documento re- o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do
lativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, provi- mandado judicial deverá aguardar até a manhã.
denciará, independentemente de requerimento de qual- Se no flagrante delito forem apreendidos objetos re-
quer das partes, para sua juntada aos autos, se possível. lativos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreen-
A letra e firma dos documentos particulares serão são será convalidada mesmo sem mandado de busca e
submetidas a exame pericial, quando contestada a sua apreensão específico para isso.
autenticidade. Ainda, é possível que haja a busca pessoal como me-
Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo dida preventiva, como por exemplo a revista da pessoa,
de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos sem a exigência de mandado para tanto.
por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea no-
meada pela autoridade. EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM
As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, GERAL
só terão valor quando conferidas com o original, em pre-
sença da autoridade. Quando a infração deixar vestígios, será indispensá-
Os documentos originais, juntos a processo findo, vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
quando não exista motivo relevante que justifique a sua podendo supri-lo a confissão do acusado, não admite a
conservação nos autos, poderão, mediante requerimen- ideia de que a confissão é a rainha das provas.
to, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte O exame de corpo de delito e outras perícias serão
que os produziu, ficando traslado nos autos. realizados por perito oficial, portador de diploma de cur-
so superior.
INDÍCIOS Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso supe-
Considera-se indício a circunstância conhecida e rior preferencialmente na área específica, dentre as que
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza
indução, concluir-se a existência de outra ou outras do exame. Os peritos não oficiais prestarão o compro-
circunstâncias. misso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
São facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Busca e apreensão acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a for-


mulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Com previsão legal nos arts. 240 usque 250, CPP, a Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de sua
busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra- admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e ela-
ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con- boração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é intimadas desta decisão.
instrumento de obtenção da prova. Durante o curso do processo judicial, é permitido às
Considerando a previsão constitucional de inviolabili- partes, quanto à perícia:
dade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a decre-
tação da busca e apreensão é medida só pode ser auto- • requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
rizada pelo juiz competente e em decisão fundamentada. prova ou para responderem a quesitos, desde que
Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o o mandado de intimação e os quesitos ou questões
juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele a serem esclarecidas sejam encaminhados com
caso específico que lhe é apresentado existem elementos antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
de que o que está sendo alegado possui verossimilhan- apresentar as respostas em laudo complementar.
ça e que há necessidade da urgência (fumus boni juris e • indicar assistentes técnicos que poderão apresen-
periculum in mora). tar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada inquiridos em audiência.
pelo delegado ao juiz por meio de uma representação.
Em sua manifestação, o promotor de justiça pode refor-
çar a necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão

70
Havendo requerimento das partes, o material proba- No exame complementar, os peritos terão presente o
tório que serviu de base à perícia será disponibilizado auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua ou retificá-lo.
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos Para cada delito poderá haver uma perícia específica
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. para esclarecer a conduta.
Tratando-se de perícia complexa que abranja mais Veja que se o exame tiver por fim precisar a classifi-
de uma área de conhecimento especializado, pode ser cação do delito de lesão corporal que incapacidade para
designado mais de um perito oficial, e a parte poderá as ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá
indicar mais de um assistente técnico. ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre- data do crime. A falta de exame complementar poderá
verão minuciosamente o que examinarem, e responde- ser suprida pela prova testemunhal.
rão aos quesitos formulados. O laudo pericial será elabo- Para o efeito de exame do local onde houver sido
rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo praticada a infração, a autoridade providenciará imedia-
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento tamente para que não se altere o estado das coisas até
dos peritos. a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual- com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os
quer dia e a qualquer hora. peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
A autópsia será feita pelo menos seis horas depois coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de alterações na dinâmica dos fatos.
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão ma-
o que declararão no auto. E nos casos de morte violen- terial suficiente para a eventualidade de nova perícia.
ta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
não houver infração penal que apurar, ou quando as le- provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
sões externas permitirem precisar a causa da morte e não esquemas.
houver necessidade de exame interno para a verificação Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen-
de alguma circunstância relevante. to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de
Em caso de exumação para exame cadavérico, a au- escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, in-
toridade providenciará para que, em dia e hora previa- dicarão com que instrumentos, por que meios e em que
mente marcados, se realize a diligência, da qual se la- época presumem ter sido o fato praticado.
vrará auto circunstanciado. O administrador de cemitério Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas
público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos proce-
de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o ca- derão à avaliação por meio dos elementos existentes nos
dáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade autos e dos que resultarem de diligências.
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o
do auto. lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-
em que forem encontrados, bem como, na medida do tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no que interessarem à elucidação do fato.
local do crime. No exame para o reconhecimento de escritos, por
Para representar as lesões encontradas no cadáver, comparação de letra, observar-se-á o seguinte:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamen- • a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
te rubricados. escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- • para a comparação, poderão servir quaisquer do-
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tive-
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou rem sido judicialmente reconhecidos como de seu
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de re- punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
conhecimento e de identidade, no qual se descreverá o dúvida.
cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer • a autoridade, quando necessário, requisitará, para
caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos o exame, os documentos que existirem em arqui-
encontrados, que possam ser úteis para a identificação vos ou estabelecimentos públicos, ou nestes reali-
do cadáver. zará a diligência, se daí não puderem ser retirados.
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por • quando não houver escritos para a comparação ou
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal forem insuficientes os exibidos, a autoridade man-
poderá suprir-lhe a falta. dará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame última diligência poderá ser feita por precatória,
complementar por determinação da autoridade policial em que se consignarão as palavras que a pessoa
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério será intimada a escrever.
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

71
Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza
e a eficiência.
A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.

FIQUE ATENTO!
Interessante que no exame por precatória, a nomeação dos peritos será feita no juízo deprecado. Havendo,
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.

Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de
outro, ou cada um redige separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo, se este divergir de
ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. A autoridade poderá também ordenar que
se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do exame serão remetidos ao juízo competente, onde aguar-
darão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
traslado.
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes,
quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

TÍTULO VII - DA PROVA. ALTERAÇÃO PACOTE ANTI CRIME

No tocante à prova, a Lei 13.964/19 deu nova redação ao capítulo II do Título VII do CPP, inserindo quatro novos
artigos que tratam da “Cadeia de Custódia”. Como se trata de normas que trazem conceito, convém apresentar os
mesmos em formato de tabela, para fins didáticos:

TERMO SIGNIFICADO OBSERVAÇÕES


- O início da cadeia de custódia dá-se
com a preservação do local de crime ou
Conjunto de todos os procedimentos utilizados para com procedimentos policiais ou periciais
manter e documentar a história cronológica do vestí- nos quais seja detectada a existência de
Cadeia de
gio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para vestígio;
Custódia
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reco- - O agente público que reconhecer um
nhecimento até o descarte. elemento como de potencial interesse
para a produção da prova pericial fica res-
ponsável por sua preservação.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Todo objeto ou material bruto, visível ou latente,


Vestígio constatado ou recolhido, que se relaciona à infração
penal.
Ato de distinguir um elemento como de potencial in-
Reconhecimento Etapa da Cadeia de Custódia.
teresse para a produção da prova pericial.
Ato de evitar que se altere o estado das coisas, deven-
Isolamento do isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e Etapa da Cadeia de Custódia.
relacionado aos vestígios e local de crime.
Descrição detalhada do vestígio conforme se encon-
tra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua
posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
Fixação Etapa da Cadeia de Custódia.
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável
a sua descrição no laudo pericial produzido pelo peri-
to responsável pelo atendimento.
Ato de recolher o vestígio que será submetido à análi-
Coleta Etapa da Cadeia de Custódia.
se pericial, respeitando suas características e natureza.

72
Procedimento por meio do qual cada vestígio coletado
é embalado de forma individualizada, de acordo com
Acondiciona-
suas características físicas, químicas e biológicas, para Etapa da Cadeia de Custódia.
mento
posterior análise, com anotação da data, hora e nome
de quem realizou a coleta e o acondicionamento.
Ato de transferir o vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas (embalagens, veí-
Transporte culos, temperatura, entre outras), de modo a garantir Etapa da Cadeia de Custódia.
a manutenção de suas características originais, bem
como o controle de sua posse.
Ato formal de transferência da posse do vestígio, que
deve ser documentado com, no mínimo, informações
referentes ao número de procedimento e unidade de
Recebimento polícia judiciária relacionada, local de origem, nome Etapa da Cadeia de Custódia.
de quem transportou o vestígio, código de rastrea-
mento, natureza do exame, tipo do vestígio, protoco-
lo, assinatura e identificação de quem o recebeu.
Exame pericial em si, manipulação do vestígio de
acordo com a metodologia adequada às suas caracte-
Processamento rísticas biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter Etapa da Cadeia de Custódia.
o resultado desejado, que deverá ser formalizado em
laudo produzido por perito.
Procedimento referente à guarda, em condições
adequadas, do material a ser processado, guarda-
Armazenamento do para realização de contra perícia, descartado ou Etapa da Cadeia de Custódia.
transportado, com vinculação ao número do laudo
correspondente.
Procedimento referente à liberação do vestígio, res-
Descarte peitando a legislação vigente e, quando pertinente, Etapa da Cadeia de Custódia.
mediante autorização judicial.

Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de
materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço
seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.

FIQUE ATENTO!
Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva (I)
violência doméstica e familiar contra mulher; ou (II) violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


com deficiência.

73
A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o res-
pectivo mandado. O mandado de prisão:
PRISÃO EM FLAGRANTE
• será lavrado pelo escrivão e assinado pela
autoridade.
• designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
As medidas cautelares deverão ser aplicadas obser-
nome, alcunha ou sinais característicos.
vando-se a:
• mencionará a infração penal que motivar a prisão.
• declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian-
• necessidade para aplicação da lei penal, para a
çável a infração.
investigação ou a instrução criminal e, nos casos
• será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
expressamente previstos, para evitar a prática de
execução.
infrações penais.
• adequação da medida à gravidade do crime, cir-
O mandado será passado em duplicata, e o executor
cunstâncias do fato e condições pessoais do indi-
entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exem-
ciado ou acusado.
plares com declaração do dia, hora e lugar da diligência.
Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exem-
As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada
plar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o
ou cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de
fato será mencionado em declaração, assinada por duas
ofício ou a requerimento das partes ou, quando no cur-
testemunhas.
so da investigação criminal, por representação da auto-
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do
ridade policial ou mediante requerimento do Ministério
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso,
Público.
será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expe-
Observe que ressalvados os casos de urgência ou de
dido o mandado.
perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pe-
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exi-
dido de medida cautelar, deverá determinar a intimação
bido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a
da parte contrária, acompanhada de cópia do requeri-
quem será entregue cópia assinada pelo executor ou
mento e das peças necessárias, permanecendo os autos
apresentada a guia expedida pela autoridade competen-
em juízo. E, no caso de descumprimento de qualquer das
te, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com
obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante re-
declaração de dia e hora. O recibo poderá ser passado no
querimento do Ministério Público, de seu assistente ou
próprio exemplar do mandado, se este for o documento
do querelante, poderá substituir a medida, impor outra
exibido.
em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
Quando o acusado estiver no território nacional, fora
preventiva.
da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua
O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-
prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do
-la quando verificar a falta de motivo para que subsista,
mandado.
bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão
a justifiquem.
por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
A prisão preventiva será determinada quando não for
constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança
cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
se arbitrada.
É importante destacar que ninguém poderá ser preso
A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

precauções necessárias para averiguar a autenticidade


mentada da autoridade judiciária competente, em decor-
da comunicação.
rência de sentença condenatória transitada em julgado
O juiz processante deverá providenciar a remoção do
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude
preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da
de prisão temporária ou prisão preventiva.
efetivação da medida.
As medidas cautelares não se aplicam à infração a
O juiz competente providenciará o imediato registro
que não for isolada, cumulativa ou alternativamente co-
do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
minada pena privativa de liberdade.
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qual-
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a
quer agente policial poderá efetuar a prisão determinada
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à invio-
no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional
labilidade do domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF,
de Justiça, ainda que fora da competência territorial do
garante que a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
juiz que o expediu. E, ainda que sem registro no Conselho
guém nela podendo penetrar sem consentimento do
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
para averiguar a autenticidade do mandado e comuni-
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
cando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar,
nação judicial.
em seguida, o registro do mandado.
Não será permitido o emprego de força, salvo a indis-
A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do
pensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga
local de cumprimento da medida o qual providenciará a
do preso.
certidão extraída do registro do Conselho Nacional de
Justiça e informará ao juízo que a decretou.

74
O preso será informado de seus direitos, constantes Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à
no ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer ca- disposição da autoridade competente, quando sujeitos a
lado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de prisão antes de condenação definitiva:
advogado, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, será comunicado à Defensoria Pública. • os ministros de Estado.
Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a le- • os governadores ou interventores de Estados e
gitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade Territórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus res-
do preso, com fundadas razões, poderão pôr em custó- pectivos secretários, os prefeitos municipais, os ve-
dia o réu, até que fique esclarecida a dúvida. readores e chefes de Polícia.
Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de • os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar- de Economia Nacional e das Assembleias Legislati-
-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o vas dos Estados.
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavra- • os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”.
do, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para • os oficiais das Forças Armadas e os militares dos
a remoção do preso. Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Entender-se-á que o executor vai em perseguição do • os magistrados.
réu, quando: • os diplomados por qualquer das faculdades supe-
riores da República.
• tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup- • os ministros de confissão religiosa.
ção, embora depois o tenha perdido de vista • os ministros do Tribunal de Contas.
• sabendo, por indícios ou informações fidedignas, • os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal a função de jurado, salvo quando excluídos da lista
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for por motivo de incapacidade para o exercício da-
no seu encalço. quela função.
• os delegados de polícia e os guardas-civis dos Es-
Quando as autoridades locais tiverem fundadas ra- tados e Territórios, ativos ou inativos.
zões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão A prisão especial consiste exclusivamente no recolhi-
pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida. mento em local distinto da prisão comum.
A prisão em virtude de mandado será feita desde que Não havendo estabelecimento específico para o pre-
o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o so especial, este será recolhido em cela distinta do mes-
mandado e o intime a acompanhá-lo. mo estabelecimento. A cela especial poderá consistir em
Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistên- alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubri-
cia à prisão em flagrante ou à determinada por autorida- dade do ambiente, pela concorrência dos fatores de ae-
de competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem ração, insolação e condicionamento térmico adequado à
poderão usar dos meios necessários para defender-se ou existência humana. O preso especial não será transporta-
para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto do juntamente com o preso comum. Os demais direitos
subscrito também por duas testemunhas. e deveres do preso especial serão os mesmos do preso
comum.
Para o cumprimento de mandado expedido pela au-
FIQUE ATENTO! toridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


É vedado o uso de algemas em mulheres tantos outros quantos necessários às diligências, deven-
grávidas durante os atos médico-hospi- do neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado
talares preparatórios para a realização do original.
parto e durante o trabalho de parto, bem A captura poderá ser requisitada, à vista de manda-
como em mulheres durante o período de do judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas
puerpério imediato. pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precau-
ções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
Se o executor do mandado verificar, com segurança, As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas
que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o mo- das que já estiverem definitivamente condenadas, nos
rador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de termos da lei de execução penal.
prisão. Se não for obedecido imediatamente, o execu- O militar preso em flagrante delito, após a lavratu-
tor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à ra dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da
força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposi-
noite, o executor, depois da intimação ao morador, se ção das autoridades competentes.
não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando
a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará 1. Prisão em Flagrante
as portas e efetuará a prisão. O morador que se recusar a
entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais
da autoridade, para que se proceda contra ele como for e seus agentes deverão prender quem quer que seja en-
de direito. No mesmo sentido, este procedimento é ado- contrado em flagrante delito.
tado em casas de prisão em flagrante

75
Considera-se em flagrante delito quem: Quando o fato for praticado em presença da au-
toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
• está cometendo a infração penal. constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
• acaba de cometê-la. as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
faça presumir ser autor da infração. juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli-
• é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar- tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o auto.
autor da infração. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do
Nas infrações permanentes, entende-se o agente em lugar mais próximo.
flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
Apresentado o preso à autoridade competente, ouvi- depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
rá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deve-
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas rá fundamentadamente:
que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada • relaxar a prisão ilegal; ou
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida- • converter a prisão em flagrante em preventiva,
de, afinal, o auto. quando for por garantia da ordem pública, da or-
Resultando das respostas fundada a suspeita contra dem econômica, por conveniência da instrução
o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe-
exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e nal, quando houver prova da existência do crime
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para e indício suficiente de autoria, e se revelarem ina-
isso for competente; se não o for, enviará os autos à au- dequadas ou insuficientes as medidas cautelares
toridade que o seja. diversas da prisão; ou
A falta de testemunhas da infração não impedirá o • conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas
que hajam testemunhado a apresentação do preso à FIQUE ATENTO!
autoridade. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
Quando o acusado se recusar a assinar, não souber flagrante, que o agente praticou o fato nas
ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será condições de estado de necessidade, legí-
assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua tima defesa, estrito cumprimento de dever
leitura na presença deste. legal ou no exercício regular de direito,
Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá poderá, fundamentadamente, conceder
constar a informação sobre a existência de filhos, respec- ao acusado liberdade provisória, mediante
tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome termo de comparecimento a todos os atos
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos processuais, sob pena de revogação.
filhos, indicado pela pessoa presa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer


pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
de prestado o compromisso legal.
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada.

FIQUE ATENTO!
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a
realização da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em
flagrante e, caso o autuado não informe
o nome de seu advogado, cópia integral
para a Defensoria Pública.

No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue


ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condu-
tor e os das testemunhas.

76
5. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
HORA DE PRATICAR! 2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – assertiva a ser julgada.
2013) No que concerne às disposições preliminares do Um indivíduo, mediante violência e grave ameaça exerci-
Código de Processo Penal (CPP), ao inquérito policial e à da com o emprego de um revólver municiado, exigiu que
ação penal, julgue o próximo item. a vítima preenchesse e assinasse um cheque no valor de
Tratando-se de lei processual penal, não se admite, salvo R$ 4 mil, entregando-o posteriormente para ser sacado
para beneficiar o réu, a aplicação analógica. no banco. Nessa situação, o indivíduo praticou um crime
de roubo, com a causa de aumento de pena devido ao
(  ) CERTO   (  ) ERRADO emprego de arma.

2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – (  ) CERTO   (  ) ERRADO


2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
O proprietário de um bingo programou suas máquinas de
videopôquer (pôquer eletrônico) para fraudar e lesionar
os apostadores do seu estabelecimento. Nessa situação, o
proprietário praticou o crime de estelionato básico.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

3. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –


2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Durante a realização de um patrulhamento ostensivo,
um agente de uma autoridade de trânsito exigiu de um
motorista a importância de R$ 500,00 para que não reti-
vesse o seu veículo automotor, que transitava com o farol
desregulado. Nessa situação, o agente da autoridade de
trânsito praticou o crime de corrupção ativa

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

4. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –


2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Em um depósito público, valendo-se de facilidades que
lhe proporcionava o cargo, um servidor público subtraiu
um toca-fitas do interior de um veículo apreendido, do
qual não tinha a posse ou a detenção. Nessa situação,
o servidor público praticou o crime de furto qualificado,
com abuso de confiança.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

77
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 ERRADO ___________________________________________________________
2 ERRADO ____________________________________________________________
3 ERRADO ____________________________________________________________
4 ERRADO
____________________________________________________________
5 ERRADO
____________________________________________________________

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78
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento).................................................................................................. 01


Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal)...................................................................... 08
Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos 08
de abuso de autoridade)......................................................................................................................................................................................
Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura)................................................................................................................................. 11
Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente): Título II, Capítulos I e II, Título III, 14
Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII.......................................................................................................................................................
Lei nº 11.343/2006 (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas).................................................................................... 24
Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente): Capítulos III e V.......................................... 28
Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (tráfico de pessoas)................................................................................ 36
2) Registro
LEI Nº 10.826/2003 E SUAS ALTERAÇÕES
(ESTATUTO DO DESARMAMENTO).
Posse ou guarda - artigo 5º.
A finalidade é autorizar o proprietário a manter a
“As regras para se comprar uma arma e os mecanis- arma de fogo exclusivamente no interior de sua casa, do-
mos de controle destas no Brasil sempre foram falhos ou micílio ou local de trabalho.
praticamente inexistentes. Isto gerou, por muitos anos, A falta de registro leva à criminalização - artigo 12.
uma grande entrada de armas em circulação no país. O Posse irregular de arma: delito previsto no artigo 12.
fácil acesso às armas de fogo sempre transformou os A posse irregular é a posse sem registro. Trata-se de cri-
conflitos existentes na sociedade brasileira em tragédias. me comum (qualquer pessoa pode praticar), de perigo
Em 1997, apareceram os primeiros movimentos pró-
abstrato (presume-se o perigo), de conteúdo múltiplo ou
-desarmamento no Brasil e o controle de armas de fogo
variado (mais de um verbo no tipo - possuir ou guardar),
começou a entrar na pauta de preocupações nacional.
unissubjetivo (pode ser praticado por uma só pessoa),
Neste mesmo ano, houve a primeira mudança na legis-
doloso, para o qual não se admite tentativa.
lação, ainda bastante insipiente frente à realidade brasi-
leira. Afinal, mais de 80% dos crimes eram cometidos por
armas de fogo. 3) SINARM
Os movimentos não pararam. Organizações passaram
a realizar eventos e atos públicos chamando a atenção As armas de fogo possuem algumas características
da população brasileira. Somando-se a isso, os dados e como: marca, calibre, quantidade de cartuchos (balas), e
pesquisas que apareciam mostravam relação direta entre outras mais complexas, como tipo da coronha, raias, etc.
o fácil acesso às armas de fogo e o aumento do número Existem ainda as armas comuns como garruchas e revol-
de homicídios, comprovando que quanto mais armas em veres, que se diferenciam das armas automáticas, como
circulação, mais morte. pistolas, metralhadoras e outras impróprias para o uso
Em junho de 2003, foi organizada uma Marcha Si- comum, que são utilizadas pelas policias em operações
lenciosa, com sapatos de vítimas de armas de fogo em especiais. Cabe ao SINARM catalogar e registrar todas as
frente ao congresso nacional. Este fato chamou bastante armas em circulação no Brasil.
atenção da mídia e da opinião pública. Os legisladores Assim, o Sistema Nacional de Armas (SINARM), insti-
tomaram para si o tema e criaram uma comissão mis- tuído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe-
ta, com deputados federais e senadores para formular deral, com circunscrição em todo o território nacional, é
uma nova lei. Esta comissão analisou todos os projetos responsável pelo controle de armas de fogo em poder da
que falavam sobre o tema nas duas casas e reescreveram população, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Esta-
uma lei conjunta: o Estatuto do Desarmamento. tuto do Desarmamento).
Depois de redigido, faltava a aprovação, tanto no Se-
nado quanto na Câmara dos Deputados. O Estatuto foi 4) Porte
facilmente aprovado no Senado, mas logo em seguida
ficou, mais de 3 meses parado esperando a aprovação na
Autoriza a pessoa a ter a arma consigo fora de casa
Câmara dos Deputados. Lá enfrentou o poderosíssimo
ou do trabalho. Para ter porte, precisa ter posse.
lobby das armas, ou seja, deputados federais que na sua
O porte de uso para pessoas comuns em regra não é
maioria tiveram as campanhas financiadas pelas indús-
trias de armas e munições, a chamada Bancada da Bala. permitido - artigo 10.
No entanto, a pressão popular foi mais forte e o Es- O porte para funcionários de segurança e coleciona-
tatuto foi aprovado em outubro de 2004 na Câmara dos dores que participam de eventos esportivos é eventual,
Deputados. Voltou para o Senado novamente onde outra ou seja, somente é aceito em algumas situações - artigos
vez foi aprovado rapidamente. No dia 23 de Dezembro 6º e 9º.
o Estatuto do Desarmamento foi sancionado pelo presi- Magistratura e Ministério Público possuem porte fun-
dente Luis Inácio Lula da Silva”1. cional, assegurado nas respectivas leis orgânicas.
Alguns pontos essenciais do Estatuto merecem des- No porte ilegal não interessa se a arma é permitida ou
taque em separado: de uso restrito, se há registro ou não. Significa ter a arma
consigo fora dos limites do trabalho e da residência, sem
1) Armas autorização para isso, o que já constitui ato ilícito. Logo,
uma pessoa pode ter a posse legal ou regular (arma re-
O estatuto do desarmamento se aplica apenas às ar- gistrada) e praticar o crime de porte ilegal, previsto no
mas de fogo, munições e acessórios. Não se aplica às ar- artigo 14. Caso a posse seja ilegal, o delito é o do artigo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

mas brancas. 16.


As armas podem ser próprias quando fabricadas para O porte ilegal de arma do artigo 14 é um crime co-
serem armas desde a sua origem, ou impróprias quando mum (qualquer pessoa pode cometer), de merda condu-
não tem como finalidade ser arma mas ser usada como ta (não depende de resultado), de perigo abstrato (não
tal. precisa sacar a arma), conteúdo múltiplo (13 núcleos de
tipo), unissubjetivo (basta ser praticado por 1 pessoa).
Seu objeto material é a arma ou acessório de uso permi-
1 http://www.deolhonoestatuto.org.br/ tido devidamente numerado.

1
O tipo do artigo 16 se aplica tanto ao porte quanto subsidiário, pois é preciso que não se tenha como fina-
à posse de arma de uso restrito (mesma classificação do lidade a prática de outro crime (ex: tentativa de homicí-
artigo 14). O parágrafo único traz 6 ações diferentes que dio). Consuma-se com o disparo.
constituem crimes autônomos.
LEI NO 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
5) Prazo de regularização da arma ou entrega - ar-
tigos 30 a 32 Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
O prazo limite foi prorrogado e já se encerrou em 31 Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
de dezembro de 2009 - artigo 20 (Lei nº 11706/08). Tra-
ta-se de abolitio criminis temporária: o fato deixa de ser CAPÍTULO I
considerado crime por algum tempo. DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Os artigos 30 a 32 se aplicam só à posse, não ao
porte. O artigo 30 fala que só se aplica à arma de uso Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, insti-
permitido. O artigo 31 fala em arma regularmente ad- tuído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe-
quirida, presumindo-se logicamente que só se aplica às deral, tem circunscrição em todo o território nacional.
armas de uso permitido, porque não é possível adquirir Art. 2º Ao Sinarm compete:
regularmente arma de uso proibido. Já o artigo 32 não I – identificar as características e a propriedade de ar-
é expresso quanto à aplicação restrita às armas de uso mas de fogo, mediante cadastro;
permitido. Isto criou uma divergência nos tribunais, que II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importa-
majoritariamente (inclusive STJ) têm decidido que não se
das e vendidas no País;
aplica às armas de uso proibido.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
6) Exame pericial
IV – cadastrar as transferências de propriedade, ex-
Posição amplamente majoritária diz que o exame pe- travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de
ricial é indispensável. A minoritária parte do pressuposto alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de
de que o que a polícia diz que é arma, é arma. O laudo fechamento de empresas de segurança privada e de
é nulo se o exame pericial for feito pelos policiais que transporte de valores;
fizeram a prisão em flagrante. V – identificar as modificações que alterem as caracte-
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
7) Arma com defeito VI – integrar no cadastro os acervos policiais já
existentes;
Se o defeito existia e não era possível disparar a arma, VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclu-
a doutrina majoritária diz que não há crime, porque não sive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
existe arma de fogo; a doutrina minoritária diz que há VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
crime, porque o objetivo da lei é proteger a segurança como conceder licença para exercer a atividade;
pública. IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca-
distas, varejistas, exportadores e importadores autori-
8) Arma sem munição zados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as
Existem 3 posições: exige munição, porque não há características das impressões de raiamento e de
crime sem potencialidade lesiva; no se exige munição, microestriamento de projétil disparado, conforme
desde que ela esteja ao alcance (ex: arma no porta-malas marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo
e munição no bolso); não interessa se a arma está com fabricante;
munição ou não por causa da objetividade jurídica, que XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
é proteger a segurança e a incolumidade (majoritária, re- Estados e do Distrito Federal os registros e autoriza-
comendável para o concurso da PRF). ções de porte de armas de fogo nos respectivos terri-
tórios, bem como manter o cadastro atualizado para
9) Concurso de crimes consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al-
• Posse de mais de 1 arma: jurisprudência diz que é cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Au-
um só crime. xiliares, bem como as demais que constem dos seus
• Posse de 1 arma e de munição de calibre diferente: registros próprios.
2 crimes em concurso formal.
• Posse só de munição: 1 só crime independente da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

CAPÍTULO II
quantidade. DO REGISTRO
10) Disparo Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no
órgão competente.
Previsto no artigo 15. Trata-se de crime comum, de Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito se-
mera conduta, unissubjetivo, de perigo abstrato. Seu ob-
rão registradas no Comando do Exército, na forma do
jeto jurídico é a proteção da incolumidade pública. Seu
regulamento desta Lei.
objeto material é a arma de fogo ou munição. O crime é

2
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o § 3ºO proprietário de arma de fogo com certificados
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessi- de registro de propriedade expedido por órgão esta-
dade, atender aos seguintes requisitos: dual ou do Distrito Federal até a data da publicação
I – comprovação de idoneidade, com a apresentação desta Lei que não optar pela entrega espontânea pre-
de certidões negativas de antecedentes criminais for- vista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o
necidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleito- pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro
ral e de não estar respondendo a inquérito policial ou de 2008, ante a apresentação de documento de iden-
a processo criminal, que poderão ser fornecidas por tificação pessoal e comprovante de residência fixa,
meios eletrônicos; ficando dispensado do pagamento de taxas e do cum-
II – apresentação de documento comprobatório de primento das demais exigências constantes dos incisos
ocupação lícita e de residência certa; I a III do caput do art. 4º desta Lei.
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão § 4ºPara fins do cumprimento do disposto no § 3º
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta- deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
das na forma disposta no regulamento desta Lei. obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de de registro provisório, expedido na rede mundial de
arma de fogo após atendidos os requisitos anterior- computadores - internet, na forma do regulamento e
mente estabelecidos, em nome do requerente e para a obedecidos os procedimentos a seguir:
arma indicada, sendo intransferível esta autorização. I - emissão de certificado de registro provisório pela
§ 2ºA aquisição de munição somente poderá ser fei- internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
ta no calibre correspondente à arma registrada e na II - revalidação pela unidade do Departamento de Po-
quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. lícia Federal do certificado de registro provisório pelo
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em prazo que estimar como necessário para a emissão
território nacional é obrigada a comunicar a venda à definitiva do certificado de registro de propriedade.
autoridade competente, como também a manter ban-
co de dados com todas as características da arma e CAPÍTULO III
cópia dos documentos previstos neste artigo. DO PORTE
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, aces-
sórios e munições responde legalmente por essas mer- Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o
cadorias, ficando registradas como de sua propriedade território nacional, salvo para os casos previstos em
enquanto não forem vendidas. legislação própria e para:
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e I – os integrantes das Forças Armadas;
munições entre pessoas físicas somente será efetivada II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II,
mediante autorização do Sinarm. III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
será concedida, ou recusada com a devida fundamen- III – os integrantes das guardas municipais das capi-
tação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da tais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
data do requerimento do interessado. (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabeleci-
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescin- das no regulamento desta Lei;
de do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu-
deste artigo. nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos
§ 8ºEstará dispensado das exigências constantes do de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
inciso III do caput deste artigo, na forma do regula- serviço;
mento, o interessado em adquirir arma de fogo de V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
uso permitido que comprove estar autorizado a por- Inteligência e os agentes do Departamento de Segu-
tar arma com as mesmas características daquela a ser rança do Gabinete de Segurança Institucional da Pre-
adquirida. sidência da República;
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no
validade em todo o território nacional, autoriza o seu art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamen- VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
te no interior de sua residência ou domicílio, ou de- guardas prisionais, os integrantes das escoltas de pre-
pendência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, sos e as guardas portuárias;
desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo VIII – as empresas de segurança privada e de transpor-
estabelecimento ou empresa. te de valores constituídas, nos termos desta Lei;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será IX – para os integrantes das entidades de desporto
expedido pela Polícia Federal e será precedido de au- legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
torização do Sinarm. demandem o uso de armas de fogo, na forma do re-
§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do gulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em legislação ambiental.
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Recei-
do estabelecido no regulamento desta Lei, para a re- ta Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho,
novação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.

3
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. § 6ºO caçador para subsistência que der outro uso à
92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos sua arma de fogo, independentemente de outras ti-
da União e dos Estados, para uso exclusivo de servi- pificações penais, responderá, conforme o caso, por
dores de seus quadros pessoais que efetivamente este- porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso
jam no exercício de funções de segurança, na forma de permitido.
regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de § 7ºAos integrantes das guardas municipais dos Mu-
Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério nicípios que integram regiões metropolitanas será au-
Público - CNMP. torizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
§ 1ºAs pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados
caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo das empresas de segurança privada e de transporte
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva de valores, constituídas na forma da lei, serão de pro-
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos priedade, responsabilidade e guarda das respectivas
termos do regulamento desta Lei, com validade em empresas, somente podendo ser utilizadas quando em
âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos serviço, devendo essas observar as condições de uso
I, II, V e VI. e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe-
§ 1o-A (Revogado) tente, sendo o certificado de registro e a autorização
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de empresa.
propriedade particular ou fornecida pela respectiva § 1º O proprietário ou diretor responsável de empre-
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, des- sa de segurança privada e de transporte de valores
de que estejam: responderá pelo crime previsto no parágrafo único do
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad-
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do re- ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência
gulamento; e policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
acessórios e munições que estejam sob sua guarda,
controle interno.
nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocor-
§ 1º-C. (VETADO).
rido o fato.
§ 2ºA autorização para o porte de arma de fogo aos
§ 2º A empresa de segurança e de transporte de valo-
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI,
res deverá apresentar documentação comprobatória
VII e X do caput deste artigo está condicionada à com-
do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º
provação do requisito a que se refere o inciso III do
desta Lei quanto aos empregados que portarão arma
caput do art. 4º desta Lei nas condições estabelecidas
de fogo.
no regulamento desta Lei.
§ 3º A listagem dos empregados das empresas referi-
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das
das neste artigo deverá ser atualizada semestralmente
guardas municipais está condicionada à formação
junto ao Sinarm.
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de Art. 7º-A.As armas de fogo utilizadas pelos servidores
ensino de atividade policial, à existência de mecanis- das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão
mos de fiscalização e de controle interno, nas condi- de propriedade, responsabilidade e guarda das res-
ções estabelecidas no regulamento desta Lei, observa- pectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
da a supervisão do Ministério da Justiça. quando em serviço, devendo estas observar as con-
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como órgão competente, sendo o certificado de registro e a
os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exer- autorização de porte expedidos pela Polícia Federal
cerem o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados em nome da instituição.
do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do § 1ºA autorização para o porte de arma de fogo de que
mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. trata este artigo independe do pagamento de taxa.
§ 5ºAos residentes em áreas rurais, maiores de 25 § 2ºO presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do em- Público designará os servidores de seus quadros pes-
prego de arma de fogo para prover sua subsistência soais no exercício de funções de segurança que pode-
alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal rão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo
o porte de arma de fogo, na categoria caçador para de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro que exerçam funções de segurança.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e § 3ºO porte de arma pelos servidores das instituições
de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que de que trata este artigo fica condicionado à apresen-
o interessado comprove a efetiva necessidade em re- tação de documentação comprobatória do preenchi-
querimento ao qual deverão ser anexados os seguintes mento dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei,
documentos: bem como à formação funcional em estabelecimentos
I - documento de identificação pessoal; de ensino de atividade policial e à existência de meca-
II - comprovante de residência em área rural; e nismos de fiscalização e de controle interno, nas con-
III - atestado de bons antecedentes. dições estabelecidas no regulamento desta Lei.

4
§ 4ºA listagem dos servidores das instituições de que Art. 11-A.O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmen- as condições do credenciamento de profissionais pela
te no Sinarm. Polícia Federal para comprovação da aptidão psico-
§ 5ºAs instituições de que trata este artigo são obri- lógica e da capacidade técnica para o manuseio de
gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à arma de fogo.
Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras § 1ºNa comprovação da aptidão psicológica, o valor
formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu- cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor
nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 médio dos honorários profissionais para realização de
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. avaliação psicológica constante do item 1.16 da tabe-
Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades des- la do Conselho Federal de Psicologia.
portivas legalmente constituídas devem obedecer às § 2ºNa comprovação da capacidade técnica, o valor
condições de uso e de armazenagem estabelecidas cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não pode-
pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o rá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma da munição.
do regulamento desta Lei. § 3ºA cobrança de valores superiores aos previstos nos
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização §§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento
do porte de arma para os responsáveis pela seguran- do profissional pela Polícia Federal.
ça de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
CAPÍTULO IV
Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re-
DOS CRIMES E DAS PENAS
gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte
de trânsito de arma de fogo para colecionadores, ati-
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
radores e caçadores e de representantes estrangeiros
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
em competição internacional oficial de tiro realizada fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
no território nacional. desacordo com determinação legal ou regulamentar,
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de no interior de sua residência ou dependência desta,
uso permitido, em todo o território nacional, é de com- ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
petência da Polícia Federal e somente será concedida titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
após autorização do Sinarm. empresa:
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
concedida com eficácia temporária e territorial limi-
tada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá Omissão de cautela
de o requerente: Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua soa portadora de deficiência mental se apodere de
integridade física; arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; sua propriedade:
III – apresentar documentação de propriedade de Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
arma de fogo, bem como o seu devido registro no ór- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
gão competente. prietário ou diretor responsável de empresa de se-
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista gurança e transporte de valores que deixarem de
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
caso o portador dela seja detido ou abordado em es- Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extra-
tado de embriaguez ou sob efeito de substâncias quí- vio de arma de fogo, acessório ou munição que este-
micas ou alucinógenas. jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro)
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valo- horas depois de ocorrido o fato.
res constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
serviços relativos: Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
I – ao registro de arma de fogo; depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
II – à renovação de registro de arma de fogo; emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
III – à expedição de segunda via de registro de arma ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
de fogo; permitido, sem autorização e em desacordo com de-
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; terminação legal ou regulamentar:
V – à renovação de porte de arma de fogo; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
VI – à expedição de segunda via de porte federal de Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

arma de fogo. inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver re-


§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio gistrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
e à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia
Disparo de arma de fogo
Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição
respectivas responsabilidades.
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pú-
§ 2ºSão isentas do pagamento das taxas previstas nes-
blica ou em direção a ela, desde que essa conduta não
te artigo as pessoas e as instituições a que se referem tenha como finalidade a prática de outro crime:
os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.

5
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. CAPÍTULO V
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é DISPOSIÇÕES GERAIS
inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê-
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito nios com os Estados e o Distrito Federal para o cum-
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re- primento do disposto nesta Lei.
ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter a definição das armas de fogo e demais produtos con-
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório trolados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou
ou munição de uso proibido ou restrito, sem auto- obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em
rização e em desacordo com determinação legal ou ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante
regulamentar: proposta do Comando do Exército.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Todas as munições comercializadas no País de-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: verão estar acondicionadas em embalagens com sis-
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer tema de código de barras, gravado na caixa, visando
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; possibilitar a identificação do fabricante e do adqui-
II – modificar as características de arma de fogo, de rente, entre outras informações definidas pelo regula-
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso mento desta Lei.
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
§ 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão
qualquer modo induzir a erro autoridade policial, pe-
expedidas autorizações de compra de munição com
rito ou juiz;
identificação do lote e do adquirente no culote dos
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
§ 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
cordo com determinação legal ou regulamentar;
ano da data de publicação desta Lei conterão disposi-
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer tivo intrínseco de segurança e de identificação, grava-
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou do no corpo da arma, definido pelo regulamento desta
adulterado; Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6º.
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- § 4ºAs instituições deensino policial e as guardas mu-
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art.
a criança ou adolescente; e 6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou de suprimento de suas atividades, mediante autoriza-
explosivo. ção concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art.
Comércio ilegal de arma de fogo 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército auto-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, rizar e fiscalizar a produção, exportação, importação,
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, desembaraço alfandegário e o comércio de armas de
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer for- fogo e demais produtos controlados, inclusive o regis-
ma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício tro e o porte de trânsito de arma de fogo de coleciona-
de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, dores, atiradores e caçadores.
acessório ou munição, sem autorização ou em desa- Art. 25.As armas de fogo apreendidas, após a elabora-
cordo com determinação legal ou regulamentar: ção do laudo pericial e sua juntada aos autos, quan-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. do não mais interessarem à persecução penal serão
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de horas, para destruição ou doação aos órgãos de se-
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregu- gurança pública ou às Forças Armadas, na forma do
lar ou clandestino, inclusive o exercido em residência. regulamento desta Lei.
Tráfico internacional de arma de fogo § 1ºAs armas de fogo encaminhadas ao Comando do
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí- Exército que receberem parecer favorável à doação,
da do território nacional, a qualquer título, de arma obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Arma-
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da da ou órgão de segurança pública, atendidos os crité-
autoridade competente: rios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Jus-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. tiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena em relatório reservado trimestral a ser encaminhado
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para ma-
ou munição forem de uso proibido ou restrito. nifestação de interesse.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 § 2ºO Comando do Exército encaminhará a relação
e 18, a pena é aumentada da metade se forem prati- das armas a serem doadas ao juiz competente, que
cados por integrante dos órgãos e empresas referidas
determinará o seu perdimento em favor da instituição
nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
beneficiada.

6
§ 3ºO transporte dasarmas de fogo doadas será de Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem
responsabilidade da instituição beneficiada, que pro- mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), con-
cederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma forme especificar o regulamento desta Lei:
§ 4º(VETADO) I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferro-
§ 5ºO Poder Judiciário instituirá instrumentos para o viário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberada-
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme mente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou
se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, permita o transporte de arma ou munição sem a devi-
semestralmente, da relação de armas acauteladas em da autorização ou com inobservância das normas de
juízo, mencionando suas características e o local onde segurança;
se encontram. II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comer- tos que realize publicidade para venda, estimulando o
cialização e a importação de brinquedos, réplicas e si- uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas pu-
mulacros de armas de fogo, que com estas se possam blicações especializadas.
confundir. Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados,
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
e os simulacros destinados à instrução, ao adestra- adotarão, sob pena de responsabilidade, as providên-
mento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condi- cias necessárias para evitar o ingresso de pessoas ar-
ções fixadas pelo Comando do Exército. madas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso
VI do art. 5º da Constituição Federal.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, ex-
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela pres-
cepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso
tação dos serviços de transporte internacional e in-
restrito.
terestadual de passageiros adotarão as providências
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
necessárias para evitar o embarque de passageiros
às aquisições dos Comandos Militares.
armados.
Art. 28.É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das CAPÍTULO VI
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do DISPOSIÇÕES FINAIS
caput do art. 6º desta Lei.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a e munição em todo o território nacional, salvo para as
publicação desta Lei. entidades previstas no art. 6º desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá re- de aprovação mediante referendo popular, a ser reali-
nová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos zado em outubro de 2005.
arts. 4º, 6º e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o
dias após sua publicação, sem ônus para o requerente. disposto neste artigo entrará em vigor na data de
Art. 30.Os possuidores e proprietários de arma de fogo publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior
de uso permitido ainda não registrada deverão solici- Eleitoral.
tar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, me- Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro
diante apresentação de documento de identificação de 1997.
pessoal e comprovante de residência fixa, acompa- Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
nhados de nota fiscal de compra ou comprovação da publicação.
origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos
em direito, ou declaração firmada na qual constem as Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Indepen-
características da arma e a sua condição de proprie- dência e 115º da República.
tário, ficando este dispensado do pagamento de taxas
e do cumprimento das demais exigências constantes Prezado candidato, segue abaixo a alteração trazi-
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. da pela lei 13.694/2019
Parágrafo único.Para fins do cumprimento do disposto
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo Alterações no Estatuto do Desarmamento
poderá obter, no Departamento de Polícia Federal,
certificado de registro provisório, expedido na forma No que tange a posse ou porte ilegal de arma de
do § 4º do art. 5º desta Lei. fogo de uso restrito, o crime passou a ser tipificado da
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de seguinte maneira: Possuir, deter, portar, adquirir, forne-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer cer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, man-
e indenização, nos termos do regulamento desta Lei. ter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de ou munição de uso restrito, sem autorização e em de-
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante sacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena
recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Todavia,
na forma do regulamento, ficando extinta a punibi- se envolver arma de fogo de uso proibido, a pena é de
reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
lidade de eventual posse irregular da referida arma.

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Ademais, a pena do crime de comércio ilegal de arma O Banco Nacional de Perfis Balísticos é composto dos
de fogo foi alterada: registros de elementos de munição deflagrados por ar-
mas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, destinadas às apurações criminais. É gerido pela unidade
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, oficial de perícia criminal e os dados são de caráter sigi-
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer for- loso, vedada a comercialização.
ma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, LEI Nº 5.553/1968 (APRESENTAÇÃO E USO
acessório ou munição, sem autorização ou em desa- DE DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO
cordo com determinação legal ou regulamentar: PESSOAL).
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, O objetivo desta lei é que nenhuma pessoa tenha seu
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação documento de identificação pessoal retido, consideran-
de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan- do tal atitude ilícita. Ao ser exigida a apresentação de um
destino, inclusive o exercido em residência. documento de identificação, quem fizer a exigência pre-
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega cisa extrair, no prazo de até 5 dias, os dados que interes-
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- sarem devolvendo em seguida o documento. Ademais,
ção ou em desacordo com a determinação legal ou por ordem judicial, o documento poderá ficar retido.
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
FIQUE ATENTO!
criminal preexistente.
Quando o documento de identidade for
O mesmo aconteceu com o crime de tráfico interna- indispensável para a entrada de pessoa em
cional de arma de fogo: órgãos públicos ou particulares, serão seus
dados anotados no ato e devolvido o do-
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí- cumento imediatamente ao interessado.    
da do território nacional, a qualquer título, de arma
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente: Constitui contravenção penal, punida com prisão sim-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e ples ou multa, a retenção do documento. Questiona-se
multa. quando a infração for praticada por preposto ou agente
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende de pessoa jurídica quem é considerado o responsável?
ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em A resposta é quem ordenou o ato que ensejou a reten-
operação de importação, sem autorização da autori- ção, salvo em caso de desobediência ou inobservância
dade competente, a agente policial disfarçado, quan- de ordens/instruções, pois neste caso este último será o
do presentes elementos probatórios razoáveis de con- infrator.
duta criminal preexistente.
LEI Nº 4.898/1965 (DIREITO DE
REPRESENTAÇÃO E PROCESSO DE
Causas de aumento an- Causas de aumento depois RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA,
tes da Lei da Lei CIVIL E PENAL, NOS CASOS DE ABUSO DE
Nos crimes previstos Nos crimes previstos nos AUTORIDADE).
nos arts. 14, 15, 16, 17 arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
e 18, a pena é aumen- pena é aumentada da meta-
tada da metade (1/2) se de (1/2) se: Prezado candidato, a lei indicada é revogada pela
forem praticados por I - forem praticados por in- lei 13.869 conforme segue:
integrante dos órgãos e tegrante dos órgãos e em-
empresas referidas nos presas referidas nos arts. 6º, LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO DE AUTO-
arts. 6º, 7º e 8º desta 7º e 8º desta Lei; ou RIDADE
Lei. II - o agente for reincidente
específico em crimes dessa A Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, define
natureza. os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agen-
te público, servidor público ou não, que, no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do po-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Por fim, foi instituído o Banco Nacional de Perfis Balís-


der que lhe tenha sido atribuído. O candidato que deseja
ticos, para a coleta de registros balísticos e formação de
ingressar em uma carreira de Polícia Civil deve conhecer
um banco de dados.
muito bem os limites de sua conduta, para que não co-
De acordo com a lei, o Banco Nacional de Perfis Ba-
meta nenhum dos crimes previstos na referida Lei.
lísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e ar-
O § 1º do artigo 1º apresenta um caráter finalístico dos
mazenar características de classe e individualizadoras de crimes de abuso de autoridade, que é essencial para sua
projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma configuração. As condutas descritas nesta Lei somente
de fogo.

8
constituem crime de abuso de autoridade quando prati- das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis.
cadas pelo agente com a finalidade específica de preju- Tais esferas não se comunicam entre si, salvo no caso
dicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, do artigo 7º, não se podendo mais questionar sobre a
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. existência ou a autoria do fato quando essas questões
tenham sido decididas no juízo criminal.
1. Noções gerais dos crimes de abuso de autoridade
2. Dos crimes e das penas
Nos termos do caput do artigo 2º, É sujeito ativo do
crime de abuso de autoridade qualquer agente público, Vamos analisar os crimes considerados como abuso
servidor ou não, da administração direta, indireta ou fun- de autoridade. É um rol bastante vasto e, por isso, vamos
dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- enfocar apenas nos crimes mais relevantes para os car-
dos, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, gos da Polícia Civil.
compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores
públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - A) Prisão ilegal (artigo 9º)
membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder
Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - mem- • conduta tipificada: Decretar medida de privação da
bros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais liberdade em manifesta desconformidade com as
ou conselhos de contas. hipóteses legais:
Observe que a gama de sujeitos ativos é bastante • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
ampla, uma vez que deve abranger todos os agentes pú- multa.
blicos. Reputa-se agente público, para os efeitos desta • Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que,
Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa- prisão manifestamente ilegal; II - substituir a prisão
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu- preventiva por medida cautelar diversa ou de con-
ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em ceder liberdade provisória, quando manifestamen-
órgão ou entidade abrangidos pelo caput do artigo 2º. te cabível; III - deferir liminar ou ordem de habeas
De modo geral, pode-se afirmar que todos aqueles que corpus, quando manifestamente cabível.’
exercem uma função de relevante interesse público estão
sujeitos as penas dessa Lei. B) Condução coercitiva ilegal (artigo 10)
Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal públi-
ca incondicionada (art. 3º). É a ação penal de competên- • conduta tipificada: Decretar a condução coerciti-
cia do Ministério Público, que se inicia mediante denún- va de testemunha ou investigado manifestamente
cia, sem a obrigatoriedade de representação da vítima. descabida ou sem prévia intimação de compareci-
Será admitida ação privada se a ação penal pública mento ao juízo.
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia multa.
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, C) Não comunicação de prisão em flagrante (artigo
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 12)
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
ação como parte principal. O prazo da ação penal privada • conduta tipificada: Deixar injustificadamente de
subsidiária será de 6 (seis) meses, contados da data em comunicar prisão em flagrante à autoridade judi-
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. ciária no prazo legal. Pela expressão “deixar de”,
São efeitos da condenação, na forma do artigo 4º: I depreende-se que é uma conduta omissiva.
- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado • Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendi- multa.
do, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos • Incorre na mesma pena quem: I - deixa de comu-
danos causados pela infração, considerando os prejuízos nicar, imediatamente, a execução de prisão tem-
por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de car- porária ou preventiva à autoridade judiciária que a
go, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a decretou; II - deixa de comunicar, imediatamente,
5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en-
função pública. contra à sua família ou à pessoa por ela indicada; III
As penas restritivas de direitos, a ser aplicadas em - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vin-
substituição das penas privativas de liberdade, estão dis- te e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
postas no artigo 5º. São elas: I - prestação de serviços à autoridade, com o motivo da prisão e os nomes
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

comunidade ou a entidades públicas; II - suspensão do do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a


exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo execução de pena privativa de liberdade, de prisão
de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos temporária, de prisão preventiva, de medida de se-
e das vantagens. As penas poderão ser aplicadas autôno- gurança ou de internação, deixando, sem motivo
ma ou cumulativamente. justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
O artigo 6º apresenta a denominada responsabilidade soltura imediatamente após recebido ou de pro-
tríplice dos agentes públicos. As penas previstas nesta Lei, mover a soltura do preso quando esgotado o pra-
de natureza penal, serão aplicadas independentemente zo judicial ou legal.

9
D) Tratamento desumano de preso (artigo 13) • Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
• Conduta tipificada: Constranger o preso ou o de-
tento, mediante violência, grave ameaça ou redu- I) Crime do artigo 30
ção de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se
ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosida- • conduta tipificada: Dar início ou proceder à perse-
de pública; II - submeter-se a situação vexatória ou cução penal, civil ou administrativa sem justa causa
a constrangimento não autorizado em lei; III - pro- fundamentada ou contra quem sabe inocente:
duzir prova contra si mesmo ou contra terceiro. • Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- multa.
ta, sem prejuízo da pena cominada à violência.
J) Crime do artigo 32
E) Depoimento sob ameaça (artigo 15)
• Conduta tipificada: Negar ao interessado, seu de-
• Conduta tipificada: Constranger a depor, sob fensor ou advogado acesso aos autos de investi-
ameaça de prisão, pessoa que, em razão de fun- gação preliminar, ao termo circunstanciado, ao
ção, ministério, ofício ou profissão, deva guardar inquérito ou a qualquer outro procedimento inves-
segredo ou resguardar sigilo. tigatório de infração penal, civil ou administrativa,
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e assim como impedir a obtenção de cópias, ressal-
multa. vado o acesso a peças relativas a diligências em
• Incorre na mesma pena quem prossegue com o in- curso, ou que indiquem a realização de diligências
terrogatório: I - de pessoa que tenha decidido futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
exercer o direito ao silêncio; ou II - de pessoa que • Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
tenha optado por ser assistida por advogado ou multa.
defensor público, sem a presença de seu patrono.
Como já explanamos, a lei de abuso de autoridade
F) Impedimento de contatar advogado do preso (ar- apresenta diversas hipóteses de condutas tipificadas
tigo 20) como crimes. Procuramos apenas traçar as linhas gerais
dos crimes que podem ocorrer com maior frequência
• Conduta tipificada: Impedir, sem justa causa, a com os agentes de Polícia Civil. Mas uma leitura do texto
entrevista pessoal e reservada do preso com seu legal, na sua íntegra, é sempre recomendado.
advogado:
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. EXERCÍCIOS COMENTADOS
• Incorre na mesma pena quem impede o preso, o
réu solto ou o investigado de entrevistar-se pes- 1. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Julgue os
soal e reservadamente com seu advogado ou itens subsequentes, a respeito das funções essenciais à
defensor, por prazo razoável, antes de audiência justiça no DF, com base na disciplina constitucional e
judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele co- legal.
municar-se durante a audiência, salvo no curso de Compete ao governador distrital nomear o procurador-
interrogatório ou no caso de audiência realizada -geral do DF, cuja destituição cabe exclusivamente à
por videoconferência. CLDF.

G) Crime do artigo 21 (  ) CERTO (  ) ERRADO

• Conduta tipificada: Manter presos de ambos os se- Resposta: Errado. Segundo o artigo 100, inciso XIII, da
xos na mesma cela ou espaço de confinamento: LODF, cabe ao Governador do Distrito Federal tanto
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e nomear como também destituir o Procurador-Geral
multa. do Distrito Federal, na forma da lei.
• Incorre na mesma pena quem mantém, na mes-
ma cela, criança ou adolescente na companhia de 2. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul-
maior de idade ou em ambiente inadequado, ob- gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos
servado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho funcionários policiais civis da União e do DF.
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Se um agente de polícia for eleito deputado estadual,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

durante o exercício do mandato eletivo, ele somente po-


H) Crime do artigo 28 derá ser promovido por antiguidade.

• Conduta tipificada: Divulgar gravação ou trecho de (  ) CERTO (  ) ERRADO


gravação sem relação com a prova que se preten-
da produzir, expondo a intimidade ou a vida priva- Resposta: Certo. O artigo 41 do Decreto nº
da ou ferindo a honra ou a imagem do investigado 59.310/1966, Somente por antigüidade poderá ser
ou acusado: promovido: I - O funcionário em exercício de mandato

10
eletivo federal, estadual ou municipal; II - O funcioná- e Políticos e no artigo 5º da Convenção Americana sobre
rio licenciado para acompanhar o cônjuge, funcioná- os Direitos Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clás-
rio civil ou militar, mandado servir em outro ponto do sico tipo de tratamento cruel.
território nacional ou no exterior; III - O funcionário Há uma preocupação especial da comunidade inter-
licenciado para trato de interesse particulares. nacional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera
das Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Prote-
3. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul- ção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Pe-
gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos nas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
funcionários policiais civis da União e do DF. adotada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de
Se um indivíduo, admitido por concurso público na car- 1975, e a Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou
reira de agente da PCDF, requerer, após um ano de efeti- Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adota-
vo exercício, licença para tratar de interesses particulares, da pela Assembleia Geral em 10 de dezembro de 1984 e
o requerimento deverá ser indeferido de imediato, ainda ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989.
que a concessão da licença não se mostre inconveniente Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito
ao interesse do serviço. de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será
entendido por tortura todo ato pelo qual um funcionário
(  ) CERTO (  ) ERRADO público, ou outra pessoa a seu poder, inflija intencional-
mente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves, sendo
Resposta: Certo. Nos termos do artigo 227 do Decre- eles físicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de um
to nº 59.310/1966, Depois de dois (2) anos de efetivo terceiro informação ou uma confissão, de castigá-la por
exercício em cargo de natureza policial, o funcionário um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que te-
poderá obter licença sem vencimento, para tratar de nha cometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras.
interesses particulares. [...]”. No documento o conceito de tortura pode ser assim
subdividido: a) ação, não omissão; b) praticada por fun-
cionário público ou alguém sob sua autoridade; c) com
LEI Nº 9.455/1997 (DEFINIÇÃO DOS dolo (intenção); d) contra uma pessoa; e) consistente em
CRIMES DE TORTURA) penas ou sofrimentos graves, físicos ou mentais; f) visan-
do - obtenção de informação ou confissão, castigo ou
intimidação.
No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de ob- Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade
tenção de provas através da confissão, seja como forma que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi-
de castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia. trariedade, em respeito aos direitos humanos consagra-
Legado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser apli- dos nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos,
cada durante os 322 anos de período colonial e nem não é tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma
posteriormente - nos 67 anos do Império e no período agravada e deliberada de tratamento ou de pena cruel,
republicano. desumana ou degradante”.
Durante os chamados anos de chumbo, assim como Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração:
na ditadura Vargas (período denominado Estado Novo “Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
ou República Nova, em alusão à República Velha, que se penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não poderão
findava), houve a prática sistemática da tortura contra ser invocadas circunstâncias excepcionais tais como es-
presos políticos - aqueles considerados subversivos, que tado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade polí-
alegadamente ameaçavam a segurança nacional. Duran- tica interna ou qualquer outra emergência pública como
te o regime militar de 1964, os torturadores brasileiros justificativa da tortura ou outros tratamentos ou penas
eram em sua grande maioria militares das forças arma- cruéis, desumanos ou degradantes”. A tortura é uma
das, em especial do exército. Os principais centros de ofensa tamanha à dignidade da pessoa humana que em
tortura no Brasil, nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos nenhuma hipótese pode ser praticada, suspendendo ou
militares de defesa interna. excetuando as garantias que a envolvem.
No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as dita- Os outros artigos da Declaração tratam dos deve-
duras militares do Brasil e de outros países da América do res estatais de criminalização e punição da tortura, bem
Sul criaram a chamada Operação Condor, para perseguir, como de conscientização em treinamento de seus agen-
torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte de tes a respeito de sua vedação e de reparação dos danos
especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA, causados, encerrando com a invalidação de qualquer de-
que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção claração ou confissão proferida nestas condições.
de informações. Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia
Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

as questões protetivas tratadas na Declaração, merecen-


da tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram in- do destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro
corporadas por muitos policiais, que passaram a aplicá- artigo da Declaração traz uma fórmula genérica para a
-las contra os presos comuns, “suspeitos” ou detentos. finalidade da tortura consistente em qualquer motivo
O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “nin- baseado em discriminação de qualquer natureza. Não
guém será submetido à tortura, nem a tratamento ou obstante, exclui as sanções legítimas e lembra que se a
castigo cruel, desumano ou degradante”, previsão repe- lei nacional ou internacional trouxer conceito mais amplo
tida no artigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis este prevalecerá.

11
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a vio-
que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- lência ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou
to desumano ou degradante” e considera a prática de mental, é plurissubsistente e, como tal, admite tentativa.
tortura como crime inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia (para o STF, a proibição se estende ao indulto). Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
pela Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
crime de tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
de 2 a 8 anos. previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Diferentemente da disciplina internacional, a tortura Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de
não é ato exclusivamente praticado por funcionário pú- segurança
blico ou terceiro particular às suas ordens (seria crime
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na
próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por
prática será comumente cometido por quem tenha po-
qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura
deres no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente
de outros tipos penais não será a condição do agente, prisional, ou da medida de segurança, como enfermeiro.
mas sim a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou su-
sofrimento causado (esse é o critério para distinguir da jeita a medida de segurança.
prática de maus-tratos, art. 136, CP). Elemento subjetivo: dolo.
Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou mental
LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997 diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de me-
dida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa.
Define os crimes de tortura e dá outras providências. Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamen-
te geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido
Art. 1º Constitui crime de tortura: pela conduta típica.
I - constranger alguém com emprego de violência § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incor-
mental: re na pena de detenção de um a quatro anos.
a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
fissão da vítima ou de terceira pessoa; Omissão perante a tortura
Tortura-prova ou tortura-persecutória
b) para provocar ação ou omissão de natureza Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evi-
criminosa; tar ou apurar as condutas.
Tortura para a prática de crime ou tortura-crime Sujeito passivo: qualquer pessoa.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Elemento subjetivo: dolo.
Tortura discriminatória ou tortura-racismo Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
admite tentativa.
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para
cada um dos três tipos. Tortura qualificada
Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência
ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a
conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa. 10 anos.
Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au-
toridade, com emprego de violência ou grave amea- Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu-
ça, a intenso sofrimento físico ou mental, como for- ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir
ma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter o resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou
preventivo. seja, a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter
sido almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal
Tortura-castigo entre a tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).


Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter
atributo especial consistente em guarda, poder ou auto- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
ridade sobre a outra. I - se o crime é cometido por agente público;
Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar- II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
da, poder ou autoridade de outrem. portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for-
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

12
Causas de aumento de pena
Se aplicam a todos os tipos anteriores. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas
aumenta a pena uma vez, no montante máximo de
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
1/3.
Tendo como referência a legislação penal extravagante
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
ção ou emprego público e a interdição para seu exer-
julgue o item que se segue.
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará
a perda do cargo, função ou emprego público e a inter-
Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o
dição para o seu exercício por prazo igual ao da pena
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de
aplicada.
obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro
do prazo da pena empregada. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
Resposta: Errado. Prevê a Lei nº 9.455/97, em seu
graça ou anistia.
artigo 1o, § 5º: “A condenação acarretará a perda do
Também é insuscetível de indulto.
cargo, função ou emprego público e a interdição para
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada”.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
2. (DPU - Defensor Público Federal - CESPE/2015) Em
regime fechado.
relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra
Salvo no caso de omissão para a prática de tortura,
a administração pública, aos crimes de tortura e aos cri-
o regime inicial de cumprimento da pena seria fechado.
mes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.
Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de
Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a con-
pena em regime fechado para crimes hediondos e equi-
duta consistente em, com emprego de grave ameaça,
parados (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a
constranger outrem em razão de discriminação racial,
pena, inclusive quanto ao regime de cumprimento.
causando-lhe sofrimento mental.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o (  ) CERTO   (  ) ERRADO
crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Resposta: Certo. Nos termos do art. 1º, I, “c” da Lei nº
em local sob jurisdição brasileira.
9.455/97: “Art. 1º Constitui crime de tortura: I – cons-
tranger alguém com emprego de violência ou grave
Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: […]
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
c) em razão de discriminação racial ou religiosa”.
da prática repulsiva da tortura independentemente da
localização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacio-
3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 -
nalidade do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).
CESPE/2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra
Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no
publicação.
exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposi-
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
ção da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nes-
sa situação, o referido agente responderá pelo crime de
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
tortura.
109º da República.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
#FicaDica
Resposta: Errado. A Lei nº 9.455/97 prevê em seu art.
Tortura-prova ou tortura persecutória – in- 1º, II: “Constitui crime de tortura: [...] II - submeter al-
fligida com a finalidade de obter informa- guém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em-
ção, declaração ou confissão da vítima ou prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
de terceira pessoa; mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Tortura para a prática de crime ou tortu- pessoal ou medida de caráter preventivo”. Falta o ele-
ra crime – infligida para provocar ação ou mento do sofrimento intenso dolosamente causado.
omissão de natureza criminosa;
Tortura discriminatória ou tortura-racismo
infligida em razão de discriminação racial
ou religiosa.

13
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestan-
LEI Nº 8.069/1990 E SUAS ALTERAÇÕES
te e à mulher com filho na primeira infância que se
(ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
encontrem sob custódia em unidade de privação de
ADOLESCENTE): TÍTULO II, CAPÍTULOS I liberdade, ambiência que atenda às normas sanitá-
E II, TÍTULO III, CAPÍTULO II, SEÇÃO III, rias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
TÍTULO V E TÍTULO VII. acolhimento do filho, em articulação com o sistema
de ensino competente, visando ao desenvolvimento
TÍTULO II integral da criança.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Pre-
venção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada
CAPÍTULO I
anualmente na semana que incluir o dia 1º de feve-
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
reiro, com o objetivo de disseminar informações so-
bre medidas preventivas e educativas que contribuam
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a prote-
para a redução da incidência da gravidez na adoles-
ção à vida e à saúde, mediante a efetivação de polí- cência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
ticas sociais públicas que permitam o nascimento e
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o dis-
dignas de existência. posto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso público, em conjunto com organizações da socieda-
aos programas e às políticas de saúde da mulher e de civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público
de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adolescente.
adequada, atenção humanizada à gravidez, ao par-
to e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega-
e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de dores propiciarão condições adequadas ao aleitamen-
Saúde. to materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por pro- medida privativa de liberdade.
fissionais da atenção primária. § 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da ges- desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou cole-
tante garantirão sua vinculação, no último trimestre tivas, visando ao planejamento, à implementação e à
da gestação, ao estabelecimento em que será reali- avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao
zado o parto, garantido o direito de opção da mulher. aleitamento materno e à alimentação complementar
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado saudável, de forma contínua.
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nas- § 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva
cidos alta hospitalar responsável e contrarreferência neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
na atenção primária, bem como o acesso a outros ser- unidade de coleta de leite humano.
viços e a grupos de apoio à amamentação.
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistên- Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
cia psicológica à gestante e à mãe, no período pré e atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares,
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou mino- são obrigados a:
rar as consequências do estado puerperal. I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra-
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito
ser prestada também a gestantes e mães que mani- anos;
festem interesse em entregar seus filhos para adoção, II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
bem como a gestantes e mães que se encontrem em sua impressão plantar e digital e da impressão digital
situação de privação de liberdade. da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) pela autoridade administrativa competente;
acompanhante de sua preferência durante o perío- III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
do do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
imediato. -nascido, bem como prestar orientação aos pais;
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre alei- IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
tamento materno, alimentação complementar sau- necessariamente as intercorrências do parto e do de-
dável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem senvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao
como sobre formas de favorecer a criação de vínculos
neonato a permanência junto à mãe.
afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da
VI - acompanhar a prática do processo de amamenta-
criança.
ção, prestando orientações quanto à técnica adequa-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento sau-


da, enquanto a mãe permanecer na unidade hospita-
dável durante toda a gestação e a parto natural cui- lar, utilizando o corpo técnico já existente.
dadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui-
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa dado voltadas à saúde da criança e do adolescente,
da gestante que não iniciar ou que abandonar as con- por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado
sultas de pré-natal, bem como da puérpera que não o princípio da equidade no acesso a ações e serviços
comparecer às consultas pós-parto. para promoção, proteção e recuperação da saúde.

14
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão § 4º A criança com necessidade de cuidados odonto-
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de
necessidades gerais de saúde e específicas de habilita- Saúde.
ção e reabilitação. § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen- seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, outro instrumento construído com a finalidade de fa-
próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao cilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompa-
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças nhamento da criança, de risco para o seu desenvolvi-
e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado mento psíquico.
voltadas às suas necessidades específicas.
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou CAPÍTULO II
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À
frequente de crianças na primeira infância receberão
DIGNIDADE
formação específica e permanente para a detecção de
sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
como para o acompanhamento que se fizer necessário. dade, ao respeito e à dignidade como pessoas huma-
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, nas em processo de desenvolvimento e como sujeitos
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
e de cuidados intermediários, deverão proporcionar Constituição e nas leis.
condições para a permanência em tempo integral de Entre os direitos fundamentais garantidos à criança e
um dos pais ou responsável, nos casos de internação ao adolescente que são especificados e aprofundados
de criança ou adolescente. no ECA estão os direitos à liberdade, ao respeito e à
dignidade.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
maus-tratos contra criança ou adolescente serão obri- aspectos:
gatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
respectiva localidade, sem prejuízo de outras provi- comunitários, ressalvadas as restrições legais;
dências legais. II - opinião e expressão;
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse III - crença e culto religioso;
em entregar seus filhos para adoção serão obrigato- IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
riamente encaminhadas, sem constrangimento, à Jus- V - participar da vida familiar e comunitária, sem
tiça da Infância e da Juventude. discriminação;
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas VI - participar da vida política, na forma da lei;
de entrada, os serviços de assistência social em seu VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
componente especializado, o Centro de Referência Es- O artigo 16 aborda diversas facetas do direito de liber-
dade: locomoção, opinião e expressão, religiosa e polí-
pecializado de Assistência Social (Creas) e os demais
tica. Cria, ainda, duas facetes específicas deste direito:
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança
liberdade para brincar e divertir-se e liberdade para
e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade
buscar refúgio, auxílio e orientação, processos estes
ao atendimento das crianças na faixa etária da pri- essenciais para o desenvolvimento do infante.
meira infância com suspeita ou confirmação de vio-
lência de qualquer natureza, formulando projeto tera- Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
pêutico singular que inclua intervenção em rede e, se de da integridade física, psíquica e moral da criança
necessário, acompanhamento domiciliar. e do adolescente, abrangendo a preservação da ima-
gem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá pro- e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
gramas de assistência médica e odontológica para a
prevenção das enfermidades que ordinariamente afe- Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian-
tam a população infantil, e campanhas de educação ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra-
sanitária para pais, educadores e alunos. tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos ou constrangedor.
recomendados pelas autoridades sanitárias. Os direitos ao respeito e à dignidade abrangem a pro-
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção teção da criança e do adolescente em todas facetas de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma sua integridade: física, psíquica e moral.
transversal, integral e intersetorial com as demais li-
nhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função edu- ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico
cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de ou de tratamento cruel ou degradante, como formas
o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, de correção, disciplina, educação ou qualquer ou-
e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos tro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos
de vida, com orientações sobre saúde bucal.

15
executores de medidas socioeducativas ou por qual- Os defensores da “Lei da Palmada” utilizam estudos
quer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, de psicólogos e educadores para argumentar que não é
educá-los ou protegê-los. necessário utilizar qualquer tipo de agressão física, mes-
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: mo a mais leve, para educar uma criança.
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança TÍTULO III
ou o adolescente que resulte em:  DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
a) sofrimento físico; ou
b) lesão; CAPÍTULO II
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado-
lescente que: Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
a) humilhe; ou berdade senão em flagrante de ato infracional ou por
b) ameace gravemente; ou ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciá-
c) ridicularize. ria competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família amplia- cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
da, os responsáveis, os agentes públicos executores de ser informado acerca de seus direitos.
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre-
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá- Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o
-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo local onde se encontra recolhido serão incontinenti
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas comunicados à autoridade judiciária competente e à
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras san- Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob
pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
ções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplica-
imediata.
das de acordo com a gravidade do caso:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitá-
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
rio de proteção à família;
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
dias.
psiquiátrico;
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada
III - encaminhamento a cursos ou programas de
e basear-se em indícios suficientes de autoria e ma-
orientação; terialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento medida.
especializado;
V - advertência. Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
Parágrafo único.  As medidas previstas neste artigo será submetido a identificação compulsória pelos ór-
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de gãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito
outras providências legais.  de confrontação, havendo dúvida fundada.
Os artigos 18-A e 18-B foram incluídos no ECA pela O adolescente não é preso, é apreendido.
Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, que estabelece o A internação é a medida mais gravosa para o adoles-
direito da criança e do adolescente de serem educados e cente. O ECA permite a internação provisória durante o
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento processo. É fixado o prazo máximo de 45 dias. Os funda-
cruel ou degradante. Também ficou conhecida como “Lei mentos para que o Juiz decrete essa internação provisó-
do Menino Bernardo”2 e “Lei da Palmada”. ria são: indícios suficientes de autoria e materialidade e
Em que pesem as aparentes boas intenções da lei no necessidade da medida.
sentido de evitar situações extremas como a do menino Esse prazo de internação provisória será descontado
Bernardo, assassinado após incontáveis ameaças e agres- na internação definitiva. Em nenhuma hipótese a criança
sões físicas por parte de seus responsáveis, seu conteúdo poderá ser internada. Criança, que é todo aquele menor
é bastante criticado. Afinal, é claro que a lei coloca todo de 12 anos, não se sujeita a medida sócio-educativa, mas
e qualquer tipo de agressão física no mesmo patamar. apenas a medida de proteção.
Considerado o teor da lei, mesmo uma palmada
numa criança é proibida. CAPÍTULO III
Os críticos da “Lei da Palmada” apontam que ela adota DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

uma posição extrema e impõe uma indevida intervenção


do Estado nos ambientes familiares, retirando o poder DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
disciplinar garantido aos pais na educação de seus filhos.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com refle-
2 O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, xos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS). Os acusa- for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova
dos são o pai e a madrasta do menino, com ajuda de uma amiga e o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, com-
do irmão dela. Segundo as investigações, Bernardo procurou ajuda pense o prejuízo da vítima.
para denunciar as ameaças que sofria.

16
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, CAPÍTULO II
a medida poderá ser substituída por outra adequada. DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO

Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA). Há Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
um pressuposto: o ato infracional deve ter causado um I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
dano à vítima. Essa reparação é para a vítima que sofreu previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
o dano. É uma medida voltada para o adolescente, então vistas no art. 101, I a VII;
deve ser estabelecida de acordo com a possibilidade de II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
cumprimento pelo adolescente (ex.: devolução da coisa cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
furtada, pequenos serviços a título de reparação etc.). III - promover a execução de suas decisões, podendo
A jurisprudência admite que essa reparação de dano para tanto:
pode ser aplicada à criança (ex.: devolução da coisa a) requisitar serviços públicos nas áreas de saú-
furtada). de, educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;
TÍTULO V b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
DO CONSELHO TUTELAR de descumprimento injustificado de suas deliberações.

CAPÍTULO I IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato


DISPOSIÇÕES GERAIS que constitua infração administrativa ou penal contra
os direitos da criança ou adolescente;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela socie- sua competência;
dade de zelar pelo cumprimento dos direitos da crian- VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
ça e do adolescente, definidos nesta Lei. de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI,
para o adolescente autor de ato infracional;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- VII - expedir notificações;
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da criança ou adolescente quando necessário;
administração pública local, composto de 5 (cinco) IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
membros, escolhidos pela população local para man- da proposta orçamentária para planos e programas de
dato de 4 (quatro) anos, permitida recondução por atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
novos processos de escolha. (Redação dada pela Lei nº X - representar, em nome da pessoa e da família, con-
13.824, de 2019) tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
inciso II, da Constituição Federal;
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho XI - representar ao Ministério Público para efeito das
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
I - reconhecida idoneidade moral; esgotadas as possibilidades de manutenção da crian-
II - idade superior a vinte e um anos; ça ou do adolescente junto à família natural;
III - residir no município. XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos
local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tu- em crianças e adolescentes.
telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições,
membros, aos quais é assegurado o direito a: o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento
I - cobertura previdenciária;  do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; bre os motivos de tal entendimento e as providências
III - licença-maternidade; tomadas para a orientação, o apoio e a promoção so-
IV - licença-paternidade;  cial da família. 
V - gratificação natalina. 
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária mu- Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po-
nicipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à de quem tenha legítimo interesse.
remuneração e formação continuada dos conselheiros
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tutelares. CAPÍTULO III


DA COMPETÊNCIA
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselhei-
ro constituirá serviço público relevante e estabelecerá Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
presunção de idoneidade moral.  competência constante do art. 147.

17
CAPÍTULO IV SEÇÃO II
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 139. O processo eleitoral para a escolha dos Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigen-
membros do Conselho Tutelar será estabelecido em Lei te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
Municipal e realizado sob a presidência de Juiz eleitoral e de manter registro das atividades desenvolvidas, na
a fiscalização do Ministério Público. forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
Art. 139. O processo para a escolha dos membros ocasião da alta médica, declaração de nascimento,
do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e onde constem as intercorrências do parto e do desen-
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal volvimento do neonato:
dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização Pena - detenção de seis meses a dois anos.
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, Parágrafo único. Se o crime é culposo:
de 12.10.1991) Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conse-
lho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o territó- Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
rio nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição identificar corretamente o neonato e a parturiente,
presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) por ocasião do parto, bem como deixar de proceder
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Con- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
selho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, pro-
meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua li-
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno va-
berdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
lor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem es-
crita da autoridade judiciária competente:
CAPÍTULO V
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
DOS IMPEDIMENTOS
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
procede à apreensão sem observância das formalida-
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse-
des legais.
lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro
e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio,
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
apreensão de criança ou adolescente de fazer imedia-
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do con- ta comunicação à autoridade judiciária competente e
selheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
judiciária e ao representante do Ministério Público com Pena - detenção de seis meses a dois anos.
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercí-
cio na comarca, foro regional ou distrital Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
TÍTULO VII constrangimento:
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS Pena - detenção de seis meses a dois anos.

CAPÍTULO I Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa


DOS CRIMES causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegali-
SEÇÃO I dade da apreensão:
DISPOSIÇÕES GERAIS Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixa-
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, do nesta Lei em benefício de adolescente privado de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

sem prejuízo do disposto na legislação penal. liberdade:


Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao     Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen-
tante do Ministério Público no exercício de função pre-
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação vista nesta Lei:
pública incondicionada. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

18
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de  § 2o  As condutas tipificadas nos incisos I e II do §
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou or- 1o deste artigo são puníveis quando o responsável le-
dem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: gal pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
trata o caput deste artigo. 
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:  Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe- que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
rece ou efetiva a paga ou recompensa. envolvendo criança ou adolescente: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato  § 1o  A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)
destinado ao envio de criança ou adolescente para o se de pequena quantidade o material a que se refere
exterior com inobservância das formalidades legais ou o caput deste artigo. 
com o fito de obter lucro:  § 2o  Não há crime se a posse ou o armazenamento
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. tem a finalidade de comunicar às autoridades com-
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave petentes a ocorrência das condutas descritas nos arts.
ameaça ou fraude:  240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comuni-
cação for feita por:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da
 I – agente público no exercício de suas funções; 
pena correspondente à violência.
 II – membro de entidade, legalmente constituída, que
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebi-
Art. 240.  Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
mento, o processamento e o encaminhamento de no-
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
tícia dos crimes referidos neste parágrafo; 
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:  
 III – representante legal e funcionários responsáveis
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.  de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de
§ 1o  Incorre nas mesmas penas quem agencia, facili- rede de computadores, até o recebimento do material
ta, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Minis-
a participação de criança ou adolescente nas cenas tério Público ou ao Poder Judiciário. 
referidas no  caputdeste artigo, ou ainda quem com  § 3o  As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
esses contracena.   manter sob sigilo o material ilícito referido. 
§ 2o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
comete o crime:   Art. 241-C.  Simular a participação de criança ou ado-
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre- lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
texto de exercê-la;   meio de adulteração, montagem ou modificação de
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi- fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de repre-
tação ou de hospitalidade; ou   sentação visual: 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas quem
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica
de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade so- ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou ar-
bre ela, ou com seu consentimento.   mazena o material produzido na forma do caput des-
te artigo. 
Art. 241.  Vender ou expor à venda fotografia, vídeo  Art. 241-D.  Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito por qualquer meio de comunicação, criança, com o
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:  fim de com ela praticar ato libidinoso: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.   Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 Parágrafo único.  Nas mesmas penas incorre quem: 
Art. 241-A.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,  I – facilita ou induz o acesso à criança de material
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, in- contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com
clusive por meio de sistema de informática ou telemá- o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha  II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo com o fim de induzir criança a se exibir de forma por-
criança ou adolescente:   nográfica ou sexualmente explícita. 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 


§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:   Art. 241-E.  Para efeito dos crimes previstos nesta Lei,
I – assegura os meios ou serviços para o armazena- a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata compreende qualquer situação que envolva criança
o caput deste artigo;  ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma
de computadores às fotografias, cenas ou imagens de criança ou adolescente para fins primordialmente
sexuais. 
que trata o caput deste artigo.

19
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti-
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente dade de atendimento o exercício dos direitos constan-
arma, munição ou explosivo: tes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.  Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entre-
gar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem auto-
criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem jus- rização devida, por qualquer meio de comunicação,
ta causa, outros produtos cujos componentes possam nome, ato ou documento de procedimento policial,
causar dependência física ou psíquica: administrativo ou judicial relativo a criança ou ado-
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, lescente a que se atribua ato infracional:
se o fato não constitui crime mais grave. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen- cialmente, fotografia de criança ou adolescente envol-
te fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles vido em ato infracional, ou qualquer ilustração que
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atri-
provocar qualquer dano físico em caso de utilização buídos, de forma a permitir sua identificação, direta
indevida: ou indiretamente.
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como neste artigo, a autoridade judiciária poderá determi-
tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostitui- nar a apreensão da publicação ou a suspensão da pro-
ção ou à exploração sexual:  gramação da emissora até por dois dias, bem como
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da publicação do periódico até por dois números. (Ex-
da perda de bens e valores utilizados na prática crimi- pressão declarada inconstitucional pela ADIN 869-2).
nosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis- Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária
trito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de
o direito de terceiro de boa-fé. regularizar a guarda, adolescente trazido de outra co-
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge- marca para a prestação de serviço doméstico, mesmo
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a que autorizado pelos pais ou responsável:
submissão de criança ou adolescente às práticas refe- Pena - multa de três a vinte salários de referência,
ridas no caputdeste artigo.  aplicando-se o dobro em caso de reincidência, inde-
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas- pendentemente das despesas de retorno do adoles-
sação da licença de localização e de funcionamento cente, se for o caso.
do estabelecimento. 
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de-
Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de me- veres inerentes ao poder familiar ou decorrente de
nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração tutela ou guarda, bem assim determinação da autori-
penal ou induzindo-o a praticá-la:  dade judiciária ou Conselho Tutelar: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.  Pena - multa de três a vinte salários de referência,
§ 1o  Incorre nas penas previstas no caput deste artigo aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba- Art. 250.  Hospedar criança ou adolescente desacom-
te-papo da internet.  panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
§ 2o  As penas previstas no caput deste artigo são au- escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,
mentadas de um terço no caso de a infração cometi- pensão, motel ou congênere: 
da ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei Pena – multa. 
no 8.072, de 25 de julho de 1990.  § 1º  Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena
de multa, a autoridade judiciária poderá determinar
CAPÍTULO II o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze)
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS dias. 
§ 2º  Se comprovada a reincidência em período infe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável rior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definiti-
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensi- vamente fechado e terá sua licença cassada. 
no fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar
à autoridade competente os casos de que tenha co- Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
nhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
maus-tratos contra criança ou adolescente: 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

20
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá- Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas a autori-
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, dade que deixa de efetuar o cadastramento de crian-
à entrada do local de exibição, informação destacada ças e de adolescentes em condições de serem adota-
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa das, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de
etária especificada no certificado de classificação: crianças e adolescentes em regime de acolhimento
Pena - multa de três a vinte salários de referência, institucional ou familiar.  
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 258-B.  Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de efetuar imediato encaminhamento à autoridade
de idade a que não se recomendem: judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- ou gestante interessada em entregar seu filho para
plicada em caso de reincidência, aplicável, separada- adoção:  
mente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulga- Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
ção ou publicidade. (três mil reais). 
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena o funcioná-
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es- rio de programa oficial ou comunitário destinado à
petáculo em horário diverso do autorizado ou sem garantia do direito à convivência familiar que deixa de
aviso de sua classificação: efetuar a comunicação referida no caput deste artigo. 
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du-
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciá- Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
ria poderá determinar a suspensão da programação inciso II do art. 81:
da emissora por até dois dias. Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
10.000,00 (dez mil reais);
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou con- Medida Administrativa - interdição do estabelecimen-
gênere classificado pelo órgão competente como ina- to comercial até o recolhimento da multa aplicada.
dequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
espetáculo: DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
reincidência, a autoridade poderá determinar a sus- Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados
pensão do espetáculo ou o fechamento do estabeleci- da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
mento por até quinze dias. dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos
às diretrizes da política de atendimento fixadas no art.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
de programação em vídeo, em desacordo com a clas- Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
sificação atribuída pelo órgão competente: promoverem a adaptação de seus órgãos e programas
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
determinar o fechamento do estabelecimento por até Art. 260.  Os contribuintes poderão efetuar doações
quinze dias. aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 nacional, distrital, estaduais ou municipais, devida-
e 79 desta Lei: mente comprovadas, sendo essas integralmente dedu-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, zidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem limites: 
prejuízo de apreensão da revista ou publicação. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento no lucro real; e
ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei so- II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu-
bre o acesso de criança ou adolescente aos locais de rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste
diversão, ou sobre sua participação no espetáculo: Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532,
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em de 10 de dezembro de 1997.
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá § 1º - (Revogado)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

determinar o fechamento do estabelecimento por até § 1o-A.  Na definição das prioridades a serem atendi-
quinze dias. das com os recursos captados pelos fundos nacional,
estaduais e municipais dos direitos da criança e do
Art. 258-A.  Deixar a autoridade competente de pro- adolescente, serão consideradas as disposições do Pla-
videnciar a instalação e operacionalização dos cadas- no Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direi-
tros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:  to de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
(três mil reais).  Infância.  

21
§ 2o  Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios concomitantemente com a opção de que trata o caput,
de utilização, por meio de planos de aplicação, das do- respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.
tações subsidiadas e demais receitas, aplicando neces-
sariamente percentual para incentivo ao acolhimento, Art. 260-B.  A doação de que trata o inciso I do art. 260
sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e poderá ser deduzida:
para programas de atenção integral à primeira infân- I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
cia em áreas de maior carência socioeconômica e em jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
situações de calamidade.   II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério
anualmente. 
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamenta-
Parágrafo único.  A doação deverá ser efetuada dentro
rá a comprovação das doações feitas aos fundos, nos
do período a que se refere a apuração do imposto.
termos deste artigo.
§ 4º O Ministério Público determinará em cada co- Art. 260-C.  As doações de que trata o art. 260 desta
marca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fun- Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. 
do Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescen- Parágrafo único.  As doações efetuadas em espécie
te, dos incentivos fiscais referidos neste artigo. devem ser depositadas em conta específica, em ins-
§ 5o  Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no tituição financeira pública, vinculadas aos respectivos
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que fundos de que trata o art. 260.
trata o inciso I do caput: 
I - será considerada isoladamente, não se submetendo Art. 260-D.  Os órgãos responsáveis pela administra-
a limite em conjunto com outras deduções do imposto; ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e munici-
II - não poderá ser computada como despesa opera- pais devem emitir recibo em favor do doador, assinado
cional na apuração do lucro real. por pessoa competente e pelo presidente do Conselho
correspondente, especificando:
Art. 260-A.  A partir do exercício de 2010, ano-ca- I - número de ordem; 
lendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)
doação de que trata o inciso II do caput do art. 260 e endereço do emitente; 
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual. 
do doador;
§ 1o  A doação de que trata o caput poderá ser de-
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
duzida até os seguintes percentuais aplicados sobre o
V - ano-calendário a que se refere a doação.
imposto apurado na declaração: § 1o  O comprovante de que trata o caput deste artigo
I - (VETADO); pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
II - (VETADO);  valores doados mês a mês. 
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. § 2o  No caso de doação em bens, o comprovante deve
§ 2o  A dedução de que trata o caput: conter a identificação dos bens, mediante descrição
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im- em campo próprio ou em relação anexa ao compro-
posto sobre a renda apurado na declaração de que vante, informando também se houve avaliação, o
trata o inciso II do caput do art. 260; nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores.
II - não se aplica à pessoa física que: 
a) utilizar o desconto simplificado; Art. 260-E.  Na hipótese da doação em bens, o doador
b) apresentar declaração em formulário; ou  deverá:
c) entregar a declaração fora do prazo; I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu-
III - só se aplica às doações em espécie; e  mentação hábil;
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções II - baixar os bens doados na declaração de bens e
em vigor. direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escri-
§ 3o  O pagamento da doação deve ser efetuado até a turação, no caso de pessoa jurídica; e
data de vencimento da primeira quota ou quota única III - considerar como valor dos bens doados:
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
do imposto, observadas instruções específicas da Se-
declaração do imposto de renda, desde que não exce-
cretaria da Receita Federal do Brasil.
da o valor de mercado;
§ 4o  O não pagamento da doação no prazo estabe-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
lecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela Parágrafo único.  O preço obtido em caso de leilão
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao reco- não será considerado na determinação do valor dos
lhimento da diferença de imposto devido apurado na bens doados, exceto se o leilão for determinado por
Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais autoridade judiciária.
previstos na legislação. 
§ 5o  A pessoa física poderá deduzir do imposto apu- Art. 260-F.  Os documentos a que se referem os arts.
rado na Declaração de Ajuste Anual as doações fei- 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte
tas, no respectivo ano-calendário, aos fundos contro- por um prazo de 5 (cinco) anos para fins de compro-
lados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do vação da dedução perante a Receita Federal do Brasil.

22
Art. 260-G.  Os órgãos responsáveis pela administra- Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e da criança e do adolescente, os registros, inscrições e
do Adolescente nacional, estaduais, distrital e munici- alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo úni-
pais devem: co, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autorida-
I - manter conta bancária específica destinada exclu- de judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
sivamente a gerir os recursos do Fundo;  Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
II - manter controle das doações recebidas; e  aos estados e municípios, e os estados aos municípios,
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fe- os recursos referentes aos programas e atividades pre-
deral do Brasil as doações recebidas mês a mês, iden- vistos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos
tificando os seguintes dados por doador:
dos direitos da criança e do adolescente nos seus res-
a) nome, CNPJ ou CPF;
pectivos níveis.
b) valor doado, especificando se a doação foi em es-
pécie ou em bens.
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-
Art. 260-H.  Em caso de descumprimento das obriga- lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita pela autoridade judiciária.
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Mi-
nistério Público. Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
Art. 260-I.  Os Conselhos dos Direitos da Criança e do alterações:
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais 1) Art. 121 (...)
divulgarão amplamente à comunidade: § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de
I - o calendário de suas reuniões; um terço, se o crime resulta de inobservância de regra
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente dei-
atendimento à criança e ao adolescente; xa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
III - os requisitos para a apresentação de projetos a se- diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direi- evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio,
tos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, a pena é aumentada de um terço, se o crime é prati-
distrital ou municipais; cado contra pessoa menor de catorze anos.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca- 2) Art. 129 (...)
lendário e o valor dos recursos previstos para imple-
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
mentação das ações, por projeto;
quer das hipóteses do art. 121, § 4º.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva des-
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
tinação, por projeto atendido, inclusive com cadastra-
mento na base de dados do Sistema de Informações art. 121.
sobre a Infância e a Adolescência; e 3) Art. 136 (...)
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia- § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra-
dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Crian- ticado contra pessoa menor de catorze anos.
ça e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e 4) Art. 213 (...)
municipais. Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze
anos:
Art. 260-J.  O Ministério Público determinará, em cada Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos in- 5) Art. 214 (...)
centivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze
Parágrafo único.  O descumprimento do disposto nos anos:
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder Pena - reclusão de três a nove anos.”
por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que
poderá atuar de ofício, a requerimento ou representa- Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezem-
ção de qualquer cidadão. bro de 1973, fica acrescido do seguinte item:
“Art. 102 (...)
Art. 260-K.  A Secretaria de Direitos Humanos da Pre- 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder.”
sidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secre-
taria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
de cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação
União, da administração direta ou indireta, inclusive
atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, fundações instituídas e mantidas pelo poder público
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

com a indicação dos respectivos números de inscrição federal promoverão edição popular do texto integral
no CNPJ e das contas bancárias específicas mantidas deste Estatuto, que será posto à disposição das escolas
em instituições financeiras públicas, destinadas exclu- e das entidades de atendimento e de defesa dos direi-
sivamente a gerir os recursos dos Fundos. tos da criança e do adolescente.

Art. 260-L.  A Secretaria da Receita Federal do Brasil Art. 265-A.  O poder público fará periodicamente am-
expedirá as instruções necessárias à aplicação do dis- pla divulgação dos direitos da criança e do adolescen-
posto nos arts. 260 a 260-K. te nos meios de comunicação social.

23
Parágrafo único.  A divulgação a que se refere o caput sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas
será veiculada em linguagem clara, compreensível e de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às Federal e Municípios (art. 3º, § 1º).
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. Segundo o caput do artigo 3º, O Sisnad tem a finali-
dade de articular, integrar, organizar e coordenar as ativi-
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua dades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido,
publicação. a atenção e a reinserção social de usuários e dependen-
Parágrafo único. Durante o período de vacância deve- tes de drogas; II - a repressão da produção não autoriza-
rão ser promovidas atividades e campanhas de divul- da e do tráfico ilícito de drogas.
gação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. Os princípios do Sisnad estão previstos no artigo 4º.
São eles:
Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e
6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
e as demais disposições em contrário. mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua
liberdade;
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
e 102º da República. lacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fato-
LEI Nº 11.343/2006 (SISTEMA NACIONAL res de proteção para o uso indevido de drogas e outros
DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE comportamentos correlacionados;
DROGAS). IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
participação social, para o estabelecimento dos fun-
damentos e estratégias do Sisnad;
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 V - a promoção da responsabilidade compartilhada
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importân-
Tal lei Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas cia da participação social nas atividades do Sisnad;
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para preven- VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fa-
ção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuá- tores correlacionados com o uso indevido de drogas,
rios e dependentes de drogas; estabelece normas para com a sua produção não autorizada e o seu tráfico
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito ilícito;
de drogas; bem como define alguns crimes relacionados VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
com a matéria. Importante ressaltar que os dispositivos cionais de prevenção do uso indevido, atenção e rein-
destacados a seguir estão devidamente atualizados, sen- serção social de usuários e dependentes de drogas e
do a alteração mais recente feita pela Lei nº 13.840, de de repressão à sua produção não autorizada e ao seu
2019 tráfico ilícito;
Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Pú-
substâncias ou os produtos capazes de causar depen- blico e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à
dência, assim especificados em lei ou relacionados em cooperação mútua nas atividades do Sisnad;
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reco-
da União. nheça a interdependência e a natureza complementar
O artigo 2º apresenta uma vedação muito importante: das atividades de prevenção do uso indevido, atenção
“ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, e reinserção social de usuários e dependentes de dro-
bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração gas, repressão da produção não autorizada e do tráfi-
de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas co ilícito de drogas;
ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autoriza- X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
ção legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substân- de usuários e dependentes de drogas e de repressão à
cias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito,
estritamente ritualístico-religioso”. visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
Assim, podemos concluir que, no Brasil, é absoluta- XI - a observância às orientações e normas emanadas
mente vedada a circulação de substâncias de drogas e do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
outras substâncias psicotrópicas. Aqueles que realizam
cultura, plantio, ou qualquer forma de exploração dessas O Sisnad também possui objetivos tipificados pela
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

substâncias será punido, nos termos da lei. Lei. Eles estão no artigo 5º, sendo ao todo quatro: I - con-
tribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-
1. Do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre -lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco
Drogas – SISNAD para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros
comportamentos correlacionados; II - promover a cons-
trução e a socialização do conhecimento sobre drogas
O SISNAD é o conjunto ordenado de princípios, re-
no país; III - promover a integração entre as políticas de
gras, critérios e recursos materiais e humanos que en-
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
volvem as políticas, planos, programas, ações e projetos

24
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e
sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as polí- dos serviços que as atendam; III - o fortalecimento da
ticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da autonomia e da responsabilidade individual em relação
União, Distrito Federal, Estados e Municípios; IV - asse- ao uso indevido de drogas; IV - o compartilhamento de
gurar as condições para a coordenação, a integração e a responsabilidades e a colaboração mútua com as insti-
articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei. tuições do setor privado e com os diversos segmentos
Sobre as competências da União, destacam-se (art. sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e
8ª-A): I - formular e coordenar a execução da Política Na- respectivos familiares, por meio do estabelecimento de
cional sobre Drogas; II - elaborar o Plano Nacional de parcerias; V - a adoção de estratégias preventivas dife-
Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito renciadas e adequadas às especificidades sociocultu-
Federal, Municípios e a sociedade; III - coordenar o Sis- rais das diversas populações, bem como das diferentes
nad; VIII - promover a integração das políticas sobre dro- drogas utilizadas; VI - o reconhecimento do “não-uso”,
gas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IX do “retardamento do uso” e da redução de riscos como
- financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a resultados desejáveis das atividades de natureza preven-
execução das políticas sobre drogas, observadas as obri- tiva, quando da definição dos objetivos a serem alcança-
gações dos integrantes do Sisnad; etc. dos; VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
O Plano Nacional de Política sobre Drogas possui vulneráveis da população, levando em consideração as
como objetivos, na forma do artigo 8º-D: I - promover a suas necessidades específicas; VIII - a articulação entre
interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, os serviços e organizações que atuam em atividades de
atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e prevenção do uso indevido de drogas e a rede de aten-
privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assis- ção a usuários e dependentes de drogas e respectivos
tência social, previdência social, habitação, cultura, des- familiares; IX - o investimento em alternativas esportivas,
porto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como for-
atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes ma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
de drogas; II - viabilizar a ampla participação social na X - o estabelecimento de políticas de formação continua-
formulação, implementação e avaliação das políticas so- da na área da prevenção do uso indevido de drogas para
bre drogas; III - priorizar programas, ações, atividades e profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI
projetos articulados com os estabelecimentos de ensino, - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção
com a sociedade e com a família para a prevenção do do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino
uso de drogas; IV - ampliar as alternativas de inserção público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares
social e econômica do usuário ou dependente de drogas, Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
promovendo programas que priorizem a melhoria de sua XII - a observância das orientações e normas emanadas
escolarização e a qualificação profissional; V - promover do Conad; XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos
o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os de controle social de políticas setoriais específicas.
serviços públicos; VI - estabelecer diretrizes para garantir Constituem atividades de atenção ao usuário e de-
a efetividade dos programas, ações e projetos das políti- pendente de drogas e respectivos familiares, para efeito
cas sobre drogas; entre outros. desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de
As instituições com atuação nas áreas da atenção à vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao
saúde e da assistência social que atendam usuários ou uso de drogas (art. 20). Constituem atividades de rein-
dependentes de drogas devem comunicar ao órgão serção social do usuário ou do dependente de drogas e
competente do respectivo sistema municipal de saúde respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas dire-
os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a cionadas para sua integração ou reintegração em redes
identidade das pessoas, conforme orientações emanadas sociais (art. 21).
da União (art. 16). As atividades de atenção e as de reinserção social do
usuário e do dependente de drogas e respectivos fami-
2. Das atividades de prevenção do uso indevido, liares devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
atenção e reinserção social de usuários e depen- I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, inde-
dentes de drogas pendentemente de quaisquer condições, observados os
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios
São consideradas atividades de prevenção, do uso e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Na-
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas dire- cional de Assistência Social; II - a adoção de estratégias
cionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário
e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores e do dependente de drogas e respectivos familiares que
de proteção. considerem as suas peculiaridades socioculturais; III - de-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

As atividades de prevenção do uso indevido de dro- finição de projeto terapêutico individualizado, orientado
gas devem observar os seguintes princípios e diretrizes para a inclusão social e para a redução de riscos e de
dispostas no artigo 19: I - o reconhecimento do uso inde- danos sociais e à saúde; IV - atenção ao usuário ou de-
vido de drogas como fator de interferência na qualidade pendente de drogas e aos respectivos familiares, sem-
de vida do indivíduo e na sua relação com a comunida- pre que possível, de forma multidisciplinar e por equipes
de à qual pertence; II - a adoção de conceitos objetivos multiprofissionais; V - observância das orientações e nor-
e de fundamentação científica como forma de orientar mas emanadas do Conad; VI - o alinhamento às diretri-
as ações dos serviços públicos comunitários e privados zes dos órgãos de controle social de políticas setoriais

25
específicas. VII - estímulo à capacitação técnica e profis- c) perdurará apenas pelo tempo necessário à de-
sional; VIII - efetivação de políticas de reinserção social sintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa)
voltadas à educação continuada e ao trabalho; IX - ob- dias, tendo seu término determinado pelo médico
servância do plano individual de atendimento na forma responsável;
do art. 23-B desta Lei; X - orientação adequada ao usuá- d) a família ou o representante legal poderá, a qual-
rio ou dependente de drogas quanto às consequências quer tempo, requerer ao médico a interrupção do
lesivas do uso de drogas, ainda que ocasional. tratamento.
As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão pro- O atendimento ao usuário ou dependente de drogas
gramas de atenção ao usuário e ao dependente de dro- na rede de atenção à saúde dependerá de: I - avaliação
gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os prévia por equipe técnica multidisciplinar e multisseto-
princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a rial; e II - elaboração de um Plano Individual de Atendi-
previsão orçamentária adequada (art. 23). mento - PIA.
O tratamento do usuário ou dependente de drogas O PIA deverá contemplar a participação dos familia-
deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, res ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir
com prioridade para as modalidades de tratamento am- com o processo, sendo esses, no caso de crianças e ado-
bulatorial, incluindo excepcionalmente formas de inter- lescentes, passíveis de responsabilização civil, adminis-
nação em unidades de saúde e hospitais gerais nos ter- trativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de
mos de normas dispostas pela União e articuladas com julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
os serviços de assistência social e em etapas que permi- O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da
tam: I - articular a atenção com ações preventivas que data do ingresso no atendimento (art. 23-B, §§ 5º e 6º).
atinjam toda a população; II - orientar-se por protocolos Sobre os crimes e penas, dispõe o artigo 28 que
técnicos predefinidos, baseados em evidências científi- Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
cas, oferecendo atendimento individualizado ao usuário ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
ou dependente de drogas com abordagem preventiva e, autorização ou em desacordo com determinação legal
sempre que indicado, ambulatorial; III - preparar para a ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I -
reinserção social e econômica, respeitando as habilida- advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de
des e projetos individuais por meio de programas que ar- serviços à comunidade; III - medida educativa de com-
ticulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, parecimento a programa ou curso educativo. As penas
cultura e acompanhamento individualizado; e IV - acom- poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
panhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministé-
articulada. rio Público e o defensor.
As internações são de dois tipos: as voluntárias e as As penas previstas nos incisos II e III (prestação de
involuntárias. Internação voluntária: aquela que se dá serviços à comunidade e medida de comparecimento a
com o consentimento do dependente de drogas. Já a programa educativo) serão aplicadas pelo prazo máximo
internação involuntária é aquela que se dá, sem o con- de 5 (cinco) meses.
sentimento do dependente, a pedido de familiar ou do
responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor 3. Da repressão à produção não autorizada e ao tráfi-
público da área de saúde, da assistência social ou dos co ilícito de drogas
órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de
servidores da área de segurança pública, que constate É indispensável a licença prévia da autoridade com-
a existência de motivos que justifiquem a medida (art. petente para produzir, extrair, fabricar, transformar, pre-
23-A, § 3º). parar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
A internação voluntária: reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim,
a) deverá ser precedida de declaração escrita da pes- drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação,
soa solicitante de que optou por este regime de observadas as demais exigências legais.
tratamento; e As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas
b) seu término dar-se-á por determinação do médi- pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que reco-
co responsável ou por solicitação escrita da pessoa lherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
que deseja interromper o tratamento (art. 23-A, § lavrando auto de levantamento das condições encontra-
4º). das, com a delimitação do local, asseguradas as medidas
necessárias para a preservação da prova (art. 32).
A internação involuntária: Temos, nessa sessão, também, os crime de produção
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas.


a) deve ser realizada após a formalização da decisão
por médico responsável; a) Crime de circulação de drogas sem autorização
b) será indicada depois da avaliação sobre o tipo de (art. 33): Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
comprovada da impossibilidade de utilização de recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
outras alternativas terapêuticas previstas na rede guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
de atenção à saúde; ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem

26
autorização ou em desacordo com determinação Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhen- dias-multa.
tos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Incorre
na mesma pena quem: I - importa, exporta, reme- 4. Da cooperação internacional
te, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz Segundo o artigo 65 da referida Lei, De conformidade
consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem com os princípios da não-intervenção em assuntos in-
autorização ou em desacordo com determinação ternos, da igualdade jurídica e do respeito à integridade
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos na-
produto químico destinado à preparação de dro- cionais em vigor, e observado o espírito das Convenções
gas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem auto- das Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos in-
rização ou em desacordo com determinação legal ternacionais relacionados à questão das drogas, de que
ou regulamentar, de plantas que se constituam em o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quando
matéria-prima para a preparação de drogas; III - solicitado, cooperação a outros países e organismos in-
utiliza local ou bem de qualquer natureza de que ternacionais e, quando necessário, deles solicitará a co-
tem a propriedade, posse, administração, guarda laboração, nas áreas de: I - intercâmbio de informações
ou vigilância, ou consente que outrem dele se uti- sobre legislações, experiências, projetos e programas
lize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou voltados para atividades de prevenção do uso indevido,
em desacordo com determinação legal ou regula- de atenção e de reinserção social de usuários e depen-
mentar, para o tráfico ilícito de drogas. IV - vende dentes de drogas; II - intercâmbio de inteligência policial
ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou sobre produção e tráfico de drogas e delitos conexos,
produto químico destinado à preparação de dro- em especial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro
gas, sem autorização ou em desacordo com a de- e o desvio de precursores químicos; III - intercâmbio de
terminação legal ou regulamentar, a agente policial informações policiais e judiciais sobre produtores e trafi-
disfarçado, quando presentes elementos probató- cantes de drogas e seus precursores químicos.
rios razoáveis de conduta criminal preexistente.
b) Crime de indução ao uso indevido de drogas (art. PREZADO CANDIDATO, VISTO A ALTERAÇÃO DO
33, § 2º): Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso PACOTE ANTICRIME, PELA LEI 13.964/2019, TEM
indevido de droga é uma outra modalidade de cri- -SE O DISPOSTO:
me, cuja Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. Alterações na Lei de Drogas
c) Do crime em relação a maquinário destinado a fa-
bricação de drogas (art. 34): Fabricar, adquirir, uti- O art. 33 da Lei de Drogas teve a sua redação alterada:
lizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entre-
gar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
instrumento ou qualquer objeto destinado à fa- em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres-
bricação, preparação, produção ou transformação crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro-
de drogas, sem autorização ou em desacordo com gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
determinação legal ou regulamentar: Pena - reclu- desacordo com determinação legal ou regulamentar:
são, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga-
1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
d) Do crime de associação de pessoas para a prática dias-multa.
dos crimes anteriores mencionados (art. 35): Asso- § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
ciarem-se duas ou mais pessoas para o fim de pra- I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
ticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de-
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
dias-multa. insumo ou produto químico destinado à preparação
e) Do crime de financiamento da prática dos crimes de drogas;
anteriores (art. 36): Financiar ou custear a práti- II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
ca de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, ou em desacordo com determinação legal ou regula-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 mentar, de plantas que se constituam em matéria-pri-
(oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil ma para a preparação de drogas;
e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
f) Do crime de prescrição de drogas a paciente que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
não necessita (art. 38): Prescrever ou ministrar, cul- vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain-
posamente, drogas, sem que delas necessite o pa- da que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
ciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em de- cordo com determinação legal ou regulamentar, para
sacordo com determinação legal ou regulamentar: o tráfico ilícito de drogas.

27
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in- A prestação pecuniária consiste no pagamento em
sumo ou produto químico destinado à preparação de dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com
drogas, sem autorização ou em desacordo com a de- fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a
terminação legal ou regulamentar, a agente policial um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta
disfarçado, quando presentes elementos probatórios salários mínimos. O valor pago será deduzido do mon-
razoáveis de conduta criminal preexistente. tante de eventual reparação civil a que for condenado o
infrator (art. 12).
O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina
LEI Nº 9.605/1998 E SUAS ALTERAÇÕES e senso de responsabilidade do condenado, que deve-
(LEI DOS CRIMES CONTRA O MEIO rá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
AMBIENTE): CAPÍTULOS III E V. atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias
e horários de folga em residência ou em qualquer local
destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE – LEI Nº na sentença condenatória (art. 13).
9.605/1998 As circunstâncias atenuantes da pena estão previstas
no artigo 14:
A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, é a lei que
dispõe sobre as sanções penais e administrativas deriva- I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
das de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. II - arrependimento do infrator, manifestado pela es-
Quem, de qualquer forma, concorre para a prática pontânea reparação do dano, ou limitação significati-
dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes va da degradação ambiental causada;
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o III - comunicação prévia pelo agente do perigo imi-
diretor, o administrador, o membro de conselho e de ór- nente de degradação ambiental;
gão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou manda- IV - colaboração com os agentes encarregados da vi-
gilância e do controle ambiental.
tário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta crimi-
nosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
Por outro lado, temos também circunstâncias agra-
podia agir para evitá-la (art. 2º).
vantes, isso é, que aumentam a pena aplicável. Estão dis-
As pessoas jurídicas serão responsabilizadas adminis-
postas no artigo 15:
trativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
de seu representante legal ou contratual, ou de seu ór- II - ter o agente cometido a infração: a) para obter
gão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a exe-
(art. 3º). cução material da infração; c) afetando ou expondo a
perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio
1. Da aplicação da pena ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade
alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação
Para imposição e gradação da penalidade, a autori- ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
dade competente observará, na forma do artigo 6º: I - a especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quais-
gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infra- quer assentamentos humanos; g) em período de de-
ção e suas consequências para a saúde pública e para o feso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite;
meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do
ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; espaço territorial especialmente protegido; m) com o
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. emprego de métodos cruéis para abate ou captura de
As penas restritivas de direitos estão dispostas no ar- animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança;
tigo 8º: I - prestação de serviços à comunidade; II - inter- o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
dição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurí-
total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhi- dica mantida, total ou parcialmente, por verbas públi-
mento domiciliar. cas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo
A prestação de serviços à comunidade consiste na espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a par- autoridades competentes; r) facilitada por funcionário
ques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no público no exercício de suas funções.
caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
restauração desta, se possível (art. 9º) A multa será calculada segundo os critérios do Có-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

As penas de interdição temporária de direito são a digo Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no
proibição de o condenado contratar com o Poder Públi- valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, ten-
co, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros be- do em vista o valor da vantagem econômica auferida (art.
nefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo 18).
de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos,
no de crimes culposos (art. 10).
A suspensão de atividades será aplicada quando estas
não estiverem obedecendo às prescrições legais (art. 11).

28
2. Da apreensão do produto e do instrumento de dos crimes relacionados a poluição, d) Dos Crimes contra
infração administrativa ou de crime o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural; e e) dos
crimes contra a administração ambiental.
O artigo 25 da referida Lei prevê que, verificada a
infração, serão apreendidos seus produtos e instrumen- 4.1 Dos crimes contra a fauna
tos, lavrando-se os respectivos autos. Os animais serão
prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo A) Crime de caça não autorizada (art. 29):
tal medida inviável ou não recomendável por questões • conduta do tipo penal: Matar, perseguir, caçar,
sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, na-
entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a tivos ou em rota migratória, sem a devida permis-
responsabilidade de técnicos habilitados. são, licença ou autorização da autoridade compe-
Até que os animais sejam entregues às instituições
tente, ou em desacordo com a obtida:
mencionadas no § 1o, o órgão autuante zelará para que
• Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa.
eles sejam mantidos em condições adequadas de acon-
• Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a pro-
dicionamento e transporte que garantam o seu bem-es-
tar físico. Os instrumentos utilizados na prática da infra- criação da fauna, sem licença, autorização ou em
ção serão vendidos, garantida a sua descaracterização desacordo com a obtida; II - quem modifica, dani-
por meio da reciclagem (art. 25, parágrafos). fica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou ad-
3. Da ação e do processo penal quire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza
ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna
Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como
é pública incondicionada. São as ações de competência produtos e objetos dela oriundos, provenientes
exclusiva do Ministério Público, o qual pode apresentar, de criadouros não autorizados ou sem a devida
mesmo não havendo representação da vítima. permissão, licença ou autorização da autoridade
Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, competente.
a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de • A pena é aumentada de metade, se o crime é
direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de praticado: I - contra espécie rara ou considerada
26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada ameaçada de extinção, ainda que somente no lo-
desde que tenha havido a prévia composição do dano cal da infração; II - em período proibido à caça;
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V
caso de comprovada impossibilidade (art. 27). - em unidade de conservação; VI - com emprego
As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de se- de métodos ou instrumentos capazes de provocar
tembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor poten- destruição em massa.
cial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modi-
ficações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de B) Crime de exportação de peles e couros de ani-
que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá
mais (art. 30):
de laudo de constatação de reparação do dano ambien-
• conduta tipificada: exportar para o exterior peles e
tal, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do §
couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a auto-
1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de cons-
tatação comprovar não ter sido completa a reparação, rização da autoridade ambiental competente.
o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até • Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
o período máximo previsto no artigo referido no caput,
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da C) Crime de maus-tratos com animais (art. 32):
prescrição; III - no período de prorrogação, não se apli- • conduta tipificada: Praticar ato de abuso, maustra-
carão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo tos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
mencionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, ou domesticados, nativos ou exóticos:
proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação • Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
de reparação do dano ambiental, podendo, conforme • A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
seu resultado, ser novamente prorrogado o período de ocorre morte do animal.
suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste ar-
tigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o D) Crime de pesca não autorizada (art. 34):
prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção • conduta tipificada: Pescar em período no qual a
de punibilidade dependerá de laudo de constatação que pesca seja proibida ou em lugares interditados por
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

comprove ter o acusado tomado as providências neces- órgão competente.


sárias à reparação integral do dano (art. 28). • Pena: detenção de um ano a três anos ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente.
4. Dos crimes contra o meio ambiente • Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca es-
pécies que devam ser preservadas ou espécimes
Há uma enorme gama de crimes previstos pela Lei nº com tamanhos inferiores aos permitidos; II - pesca
9.605/98. Esta divide os crimes em algumas categorias: a) quantidades superiores às permitidas, ou median-
dos crimes contra a fauna, b) dos crimes contra a flora, c)
te a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e

29
métodos não permitidos; III - transporta, comer- destruição significativa da flora, é crime o qual sujeita o
cializa, beneficia ou industrializa espécimes prove- infrator a pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa
nientes da coleta, apanha e pesca proibidas. (art. 54).
Se o crime é culposo, a pena será de detenção, de seis
4.2 Dos crimes contra a flora: meses a um ano, e multa.
A) Crime de destruição de floresta preservada (art. Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, im-
38): própria para a ocupação humana; II - causar poluição
• conduta tipificada: Destruir ou danificar floresta atmosférica que provoque a retirada, ainda que momen-
considerada de preservação permanente, mesmo tânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause
que em formação, ou utilizá-la com infringência danos diretos à saúde da população; III - causar poluição
das normas de proteção: hídrica que torne necessária a interrupção do abasteci-
mento público de água de uma comunidade; IV - difi-
• Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou
cultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer
ambas as penas cumulativamente.
por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos,
• A pena é reduzida pela metade, se praticado na
ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo
modalidade culposa. com as exigências estabelecidas em leis ou regulamen-
• A pena será de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, tos, a Pena será de reclusão, de um a cinco anos.
ou multa, ou ambas as penas cumulativamente, se
o crime for praticado no Bioma Mata Atlântica. 4.4 Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o
Patrimônio Cultural
B) Crime de destruição de árvore em floresta de
preservação permanente (art. 39) A) Crime de destruição de patrimônio:
• conduta tipificada: Cortar árvores em floresta con- • Conduta: Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - b e m
siderada de preservação permanente, sem permis- especialmente protegido por lei, ato administrati-
são da autoridade competente: vo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu,
• Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou si-
ambas as penas cumulativamente. milar protegido por lei, ato administrativo ou deci-
são judicial.
C) Crime contra Unidades de Conservação (art. • Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
40): • Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a
• Conduta tipificada: Causar dano direto ou indireto um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
às Unidades de Conservação e às áreas de que tra-
ta o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de B) Crime construção em solo não edificável:
1990, independentemente de sua localização: • Conduta: Promover construção em solo não edi-
• Pena: reclusão, de um a cinco anos. ficável, ou no seu entorno, assim considerado em
• Entende-se por Unidades de Conservação de Pro- razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico,
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
teção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
etnográfico ou monumental, sem autorização da
Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos
autoridade competente ou em desacordo com a
Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
concedida:
• Pena: detenção, de seis meses a um ano, e multa.
D) Crime de incêndio em florestas (art. 41):
• Conduta tipificada: Provocar incêndio em mata ou C) Crime de pichação:
floresta: • Conduta: Pichar ou por outro meio conspurcar edi-
• Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. ficação ou monumento urbano:
• Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis • Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
meses a um ano, e multa. multa.
• Se o ato for realizado em monumento ou coisa
E) Crime relacionado a balões (art. 42): tombada em virtude do seu valor artístico, arqueo-
• Conduta tipificada: Fabricar, vender, transportar lógico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1
ou soltar balões que possam provocar incêndios (um) ano de detenção e multa.
nas florestas e demais formas de vegetação, em • Não constitui crime a prática de grafite realizada
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento com o objetivo de valorizar o patrimônio público
humano: ou privado mediante manifestação artística, desde
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

• Pena: detenção de um a três anos ou multa, ou am- que consentida pelo proprietário e, quando cou-
bas as penas cumulativamente. ber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado
e, no caso de bem público, com a autorização do
4.3. Da Poluição e outros crimes ambientais órgão competente e a observância das posturas
municipais e das normas editadas pelos órgãos
Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais governamentais responsáveis pela preservação
e conservação do patrimônio histórico e artístico
que resultem ou possam resultar em danos à saúde hu-
nacional.
mana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a

30
4.5 Dos crimes contra a administração ambiental IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
A) Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en- XI - restritiva de direitos.
ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou
dados técnico-científicos em procedimentos de A advertência será aplicada pela inobservância das
autorização ou de licenciamento ambiental. Pena disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de pre-
- reclusão, de um a três anos, e multa. ceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções
B) Conceder o funcionário público licença, autoriza- (art. 72, § 2º)
ção ou permissão em desacordo com as normas A multa simples será aplicada sempre que o agente,
ambientais, para as atividades, obras ou serviços por negligência ou dolo: I - advertido por irregularidades
cuja realização depende de ato autorizativo do Po- que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo
der Público. Pena - detenção, de um a três anos, e assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela
multa. Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; II - opu-
C) Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder ser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou
Público no trato de questões ambientais. Pena - da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
detenção, de um a três anos, e multa. A multa simples pode ser convertida em serviços de
D) Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contra- preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
tual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante meio ambiente. A multa diária será aplicada sempre que
interesse ambiental. Pena - detenção, de um a três o cometimento da infração se prolongar no tempo.
anos, e multa. As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de
registro, licença ou autorização; II - cancelamento de re-
5. Das infrações administrativas gistro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de
incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão
Considera-se infração administrativa ambiental, nos da participação em linhas de financiamento em estabe-
termos do artigo 70, toda ação ou omissão que viole as lecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e re- com a Administração Pública, pelo período de até três
cuperação do meio ambiente. anos (art. 72, § 8º).
Qualquer pessoa, constatando infração ambiental,
poderá dirigir representação às autoridades relacionadas 6. Da cooperação internacional para a preservação
no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu po- do meio ambiente
der de polícia. A autoridade ambiental que tiver conhe-
cimento de infração ambiental é obrigada a promover a Segundo o caput do artigo 77, resguardados a so-
sua apuração imediata, mediante processo administrati- berania nacional, a ordem pública e os bons costumes,
vo próprio, sob pena de corresponsabilidade. o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio
O processo de apuração das infrações administrativas ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem
deve observar os prazos máximos previstos nos incisos qualquer ônus, quando solicitado para: I - produção de
do artigo 71, sendo: I - vinte dias para o infrator ofe- prova; II - exame de objetos e lugares; III - informações
recer defesa ou impugnação contra o auto de infração, sobre pessoas e coisas; IV - presença temporária da pes-
contados da data da ciência da autuação; II - trinta dias soa presa, cujas declarações tenham relevância para a
para a autoridade competente julgar o auto de infração, decisão de uma causa; V - outras formas de assistência
contados da data da sua lavratura, apresentada ou não permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de
a defesa ou impugnação; III - vinte dias para o infrator que o Brasil seja parte.
recorrer da decisão condenatória à instância superior do A solicitação será dirigida ao Ministério da Justiça,
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário
Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, competente para decidir a seu respeito, ou a encaminha-
de acordo com o tipo de autuação; IV – cinco dias para o rá à autoridade capaz de atendê-la, devendo conter: I -
pagamento de multa, contados da data do recebimento o nome e a qualificação da autoridade solicitante; II - o
da notificação. objeto e o motivo de sua formulação; III - a descrição
As infrações administrativas são punidas com as se- sumária do procedimento em curso no país solicitante;
guintes sanções (art. 72): IV - a especificação da assistência solicitada; V - a docu-
mentação indispensável ao seu esclarecimento, quando
I - advertência; for o caso.
II - multa simples; Para a consecução dos fins visados nesta Lei e espe-
III - multa diária; cialmente para a reciprocidade da cooperação interna-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos cional, deve ser mantido sistema de comunicações apto
da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamen- a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações
tos ou veículos de qualquer natureza utilizados na com órgãos de outros países (art. 78).
infração
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;

31
Prezado candidato, confira a seguir os capítulos II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar
pedidos. não ter sido completa a reparação, o prazo de suspen-
são do processo será prorrogado, até o período máxi-
CAPÍTULO III mo previsto no artigo referido no caput, acrescido de
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMEN- mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
TO DE INFRAÇÃO III - no período de prorrogação, não se aplicarão as
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo men-
cionado no caput;
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à la-
produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos vratura de novo laudo de constatação de reparação do
autos. dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em
novamente prorrogado o período de suspensão, até o
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não reco-
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
mendável por questões sanitárias, entregues a jardins
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, disposto no inciso III;
para guarda e cuidados sob a responsabilidade de téc- V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla-
nicos habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.052, ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo
de 2014) de constatação que comprove ter o acusado tomado
§ 2o Até que os animais sejam entregues às institui- as providências necessárias à reparação integral do
ções mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão au- dano.
tuante zelará para que eles sejam mantidos em con-
dições adequadas de acondicionamento e transporte CAPÍTULO V
que garantam o seu bem-estar físico. (Redação dada DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
pela Lei nº 13.052, de 2014) SEÇÃO I
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, DOS CRIMES CONTRA A FAUNA
serão estes avaliados e doados a instituições científi-
cas, hospitalares, penais e outras com fins beneficen- Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar es-
tes. (Renumerando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, pécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migra-
de 2014) tória, sem a devida permissão, licença ou autorização
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecí- da autoridade competente, ou em desacordo com a
veis serão destruídos ou doados a instituições científi- obtida:
cas, culturais ou educacionais. (Renumerando do §3º Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014) § 1º Incorre nas mesmas penas:
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
serão vendidos, garantida a sua descaracterização por autorização ou em desacordo com a obtida;
meio da reciclagem. (Renumerando do §4º para §5º
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo
pela Lei nº 13.052, de 2014)
ou criadouro natural;
CAPÍTULO IV III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou trans-
porta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre,
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a nativa ou em rota migratória, bem como produtos e
ação penal é pública incondicionada. objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não
Parágrafo único. (VETADO) autorizados ou sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente.
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente pena.
poderá ser formulada desde que tenha havido a pré- § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles
via composição do dano ambiental, de que trata o pertencentes às espécies nativas, migratórias e quais-
art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada quer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo
impossibilidade. ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 brasileiras.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguin- praticado:
tes modificações: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
extinção, ainda que somente no local da infração;
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de
II - em período proibido à caça;
laudo de constatação de reparação do dano ambien-
III - durante a noite;
tal, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do
IV - com abuso de licença;
§ 1° do mesmo artigo;
V - em unidade de conservação;

32
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capa- II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela
zes de provocar destruição em massa. autoridade competente:
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime de- Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
corre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca
atos de pesca. todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos pei-
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de an- xes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, susce-
fíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autori- tíveis ou não de aproveitamento econômico, ressal-
dade ambiental competente: vadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem pa- Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando
recer técnico oficial favorável e licença expedida por realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do
autoridade competente:
agente ou de sua família;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da
ação predatória ou destruidora de animais, desde que
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou legal e expressamente autorizado pela autoridade
mutilar animais silvestres, domésticos ou domestica- competente;
dos, nativos ou exóticos: III – (VETADO)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracte-
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên- rizado pelo órgão competente.
cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para
fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos SEÇÃO II
alternativos. DOS CRIMES CONTRA A FLORA
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
ocorre morte do animal. Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de
preservação permanente, mesmo que em formação,
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou car- ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
reamento de materiais, o perecimento de espécimes Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am-
da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, bas as penas cumulativamente.
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am- reduzida à metade.
bas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou es- secundária, em estágio avançado ou médio de rege-
tações de aqüicultura de domínio público; neração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
II - quem explora campos naturais de invertebrados infringência das normas de proteção: (Incluído pela
aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autoriza- Lei nº 11.428, de 2006).
ção da autoridade competente; Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa,
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou co- Lei nº 11.428, de 2006).
rais, devidamente demarcados em carta náutica. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de
2006).
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi-
da ou em lugares interditados por órgão competente:
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre-
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
servação permanente, sem permissão da autoridade
ambas as penas cumulativamente. competente:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am-
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espé- bas as penas cumulativamente.
cimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades
mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técni- de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cas e métodos não permitidos; Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, indepen-


III - transporta, comercializa, beneficia ou industriali- dentemente de sua localização:
za espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca Pena - reclusão, de um a cinco anos.
proibidas. § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Na-
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a turais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada
água, produzam efeito semelhante; pela Lei nº 9.985, de 2000)

33
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaça- origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
das de extinção no interior das Unidades de Conserva- da viagem ou do armazenamento, outorgada pela au-
ção de Proteção Integral será considerada circunstân- toridade competente.
cia agravante para a fixação da pena. (Redação dada
pela Lei nº 9.985, de 2000) Art. 47. (VETADO)
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
florestas e demais formas de vegetação:
Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
2000)
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação
de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacio- de logradouros públicos ou em propriedade privada
nais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, alheia:
as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Re- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
servas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído ambas as penas cumulativamente.
pela Lei nº 9.985, de 2000) Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaça- seis meses, ou multa.
das de extinção no interior das Unidades de Conserva-
ção de Uso Sustentável será considerada circunstância Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plan-
agravante para a fixação da pena. (Incluído pela Lei tadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de
nº 9.985, de 2000) mangues, objeto de especial preservação:
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
metade. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou de-
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: gradar floresta, plantada ou nativa, em terras de do-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. mínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
detenção de seis meses a um ano, e multa. Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões § 1o Não é crime a conduta praticada quando neces-
que possam provocar incêndios nas florestas e demais sária à subsistência imediata pessoal do agente ou de
formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
tipo de assentamento humano: § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou am- hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por
bas as penas cumulativamente. milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de
2006)
Art. 43. (VETADO)
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo-
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou restas e nas demais formas de vegetação, sem licença
consideradas de preservação permanente, sem prévia ou registro da autoridade competente:
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu-
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de ou para exploração de produtos ou subprodutos flo-
lei, assim classificada por ato do Poder Público, para restais, sem licença da autoridade competente:
fins industriais, energéticos ou para qualquer outra Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
exploração, econômica ou não, em desacordo com as
determinações legais: Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. aumentada de um sexto a um terço se:
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou erosão do solo ou a modificação do regime climático;
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos II - o crime é cometido:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do a) no período de queda das sementes;
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e b) no período de formação de vegetações;
sem munir-se da via que deverá acompanhar o pro- c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção,
duto até final beneficiamento: ainda que a ameaça ocorra somente no local da
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. infração;
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem d) em época de seca ou inundação;
vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou e) durante a noite, em domingo ou feriado.
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de

34
SEÇÃO III Art. 57. (VETADO)
DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em ní- penas serão aumentadas:
veis tais que resultem ou possam resultar em danos à I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível
saúde humana, ou que provoquem a mortandade de à flora ou ao meio ambiente em geral;
animais ou a destruição significativa da flora: II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. de natureza grave em outrem;
§ 1º Se o crime é culposo: III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
§ 2º Se o crime: somente serão aplicadas se do fato não resultar crime
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a mais grave.
ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a re- Art. 59. (VETADO)
tirada, ainda que momentânea, dos habitantes das
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
da população; funcionar, em qualquer parte do território nacional,
III - causar poluição hídrica que torne necessária a in- estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
terrupção do abastecimento público de água de uma poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
comunidade; ambientais competentes, ou contrariando as normas
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; legais e regulamentares pertinentes:
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou
dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo- ambas as penas cumulativamente.
sas, em desacordo com as exigências estabelecidas em
leis ou regulamentos: Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que
Pena - reclusão, de um a cinco anos. possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fau-
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo na, à flora ou aos ecossistemas:
anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a autoridade competente, medidas de precaução em
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de re- E O PATRIMÔNIO CULTURAL
cursos minerais sem a competente autorização, per-
missão, concessão ou licença, ou em desacordo com Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
a obtida: I - bem especialmente protegido por lei, ato adminis-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. trativo ou decisão judicial;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, instalação científica ou similar protegido por lei, ato
nos termos da autorização, permissão, licença, con- administrativo ou decisão judicial:
cessão ou determinação do órgão competente. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, expor- seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da
tar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, multa.
guardar, ter em depósito ou usar produto ou substân-
cia tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou
meio ambiente, em desacordo com as exigências esta- local especialmente protegido por lei, ato administra-
belecidas em leis ou nos seus regulamentos: tivo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisa-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. gístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
pela Lei nº 12.305, de 2010) sem autorização da autoridade competente ou em de-
I - abandona os produtos ou substâncias referidos sacordo com a concedida:
no caput ou os utiliza em desacordo com as normas Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº
12.305, de 2010) Art. 64. Promover construção em solo não edificável,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, trans- ou no seu entorno, assim considerado em razão de
porta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resídu- seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico,
os perigosos de forma diversa da estabelecida em lei histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico
ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) ou monumental, sem autorização da autoridade com-
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou ra- petente ou em desacordo com a concedida:
dioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 3º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

35
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edifica- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
ção ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 11.284, de 2006)
12.408, de 2011) § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em
multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) decorrência do uso da informação falsa, incompleta
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
tombada em virtude do seu valor artístico, arqueoló-
gico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) DECRETOS Nº 5.948/2006, Nº 6.347/2008 E
ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo Nº 7901/2013 (TRÁFICO DE PESSOAS).
único pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada O tráfico de pessoas tem como base os Decretos
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou 5.948 de 2006, 6.347 de 2008 e 7.901 de 2013.
privado mediante manifestação artística, desde que Dentre eles, consta ressaltar que, o Decreto nº
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo lo- 5.948/2006, que fora o primeiro dos três, aprovou a Po-
catário ou arrendatário do bem privado e, no caso de lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e
bem público, com a autorização do órgão competente instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial, contendo
e a observância das posturas municipais e das normas como objetivo elaborar proposta do Plano Nacional de
editadas pelos órgãos governamentais responsáveis Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – PNETP.
pela preservação e conservação do patrimônio histó-
rico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 12.408, Assim, de acordo com o art. 1º do Dec. 5.948/2006:
de 2011)
Art. 1º  A Política Nacional de Enfrentamento ao Trá-
SEÇÃO V fico de Pessoas tem por finalidade estabelecer princí-
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AM- pios, diretrizes e ações de prevenção e repressão ao
BIENTAL tráfico de pessoas e de atenção às vítimas, conforme
as normas e instrumentos nacionais e internacionais
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou de direitos humanos e a legislação pátria.
enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou
dados técnico-científicos em procedimentos de autori- Em outro plano, o segundo Decreto (Dec. 6.347/08)
zação ou de licenciamento ambiental: aprovou o PNETP (Plano Nacional de Enfrentamento ao
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Tráfico de Pessoas), obtendo como objetivo a prevenção
e repressão do tráfico de pessoas, a responsabilização
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, au- dos seus autores e garantia de atenção às vítimas.
torização ou permissão em desacordo com as nor- Por fim, o último Decreto (Dec.7.901/13) institui a
mas ambientais, para as atividades, obras ou serviços Coordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrenta-
cuja realização depende de ato autorizativo do Poder mento ao Tráfico de Pessoas, para coordenar a gestão
Público: estratégica e integrada da Política Nacional de Enfrenta-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. mento ao Tráfico de Pessoas, aprovada pelo Decreto no
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três 5.948, de 26 de outubro de 2006, e dos Planos Nacionais
meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
A Coordenação Tripartite da Política Nacional de En-
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou con- frentamento ao Tráfico de Pessoas é integrada pelos se-
tratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante guintes órgãos:
interesse ambiental:
I – Ministério da Justiça;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
II – Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presi-
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
dência da República;
meses a um ano, sem prejuízo da multa.
III – Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do
Ademais, são atribuições da Coordenação Tripartite
Poder Público no trato de questões ambientais: da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pessoas:
I – analisar e decidir sobre aspectos relacionados à
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, coordenação das ações de enfrentamento ao tráfico de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

concessão florestal ou qualquer outro procedimento pessoas no âmbito da administração pública federal;
administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental II – conduzir a construção dos planos nacionais de
total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por enfrentamento ao tráfico de pessoas e coordenar os
omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) trabalhos dos respectivos grupos interministeriais de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. monitoramento e avaliação;
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) III – mobilizar redes de atores e parceiros envolvidos
§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, no enfrentamento ao tráfico de pessoas;
de 2006)

36
IV – articular ações de enfrentamento ao tráfico de
pessoas com Estados, Distrito Federal e Municípios e
com as organizações privadas, internacionais e da so- EXERCÍCIO COMENTADO
ciedade civil;
V – elaborar relatórios para instâncias nacionais e in- 1. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
ternacionais e disseminar informações sobre enfrenta- 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
mento ao tráfico de pessoas; e Abordado determinado veículo em região de fronteira
VI – subsidiar os trabalhos do Comitê Nacional de En- internacional, os policiais rodoviários federais suspeita-
frentamento ao Tráfico de Pessoas, propondo temas ram da conduta do motorista: ele conduzia duas adoles-
para debates. centes com as quais não tinha nenhum grau de parentes-
co. Ao ser questionado, o condutor do veículo confessou
Por fim, observa-se o disposto na tipificação penal no que fora pago para conduzi-las a um país vizinho, onde
Código Penal acerca do crime de Tráfico de Pessoas: seriam exploradas sexualmente. As adolescentes in-
formaram que estavam sendo transportadas sob grave
Tráfico de Pessoas   (Incluído pela Lei nº 13.344, de ameaça e que não haviam consentido com a realização
2016) (Vigência) da viagem e muito menos com seus propósitos finais.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue
Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, o item a seguir.
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median- A conduta do motorista do veículo se amolda ao tipo
te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, penal do tráfico de pessoas, em sua forma consumada,
com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de incidindo, nesse caso, causa de aumento de pena, em ra-
2016) (Vigência) zão de as vítimas serem adolescentes. 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;  (In-
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) ( ) CERTO ( ) ERRADO
II - submetê-la a trabalho em condições análogas
à de escravo;  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) Resposta Certo. Vejamos o texto da Lei: Art. 149-
(Vigência) A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;  (Incluído comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fi-
IV - adoção ilegal; ou  (Incluído pela Lei nº 13.344, de nalidade de:  
2016) (Vigência) I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;      
V - exploração sexual.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
2016) (Vigência) de escravo;
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul- III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
ta.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) IV - adoção ilegal; ou
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade V - exploração sexual.
se:  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.   
I - o crime for cometido por funcionário público no § 1 A pena é aumentada de um terço até a metade se:        
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê- I - o crime for cometido por funcionário público no
-las;  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente II - o crime for cometido contra criança, adolescente
ou pessoa idosa ou com deficiência;  (Incluído pela Lei ou pessoa idosa ou com deficiência
nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, DECRETO 5.948/2006
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-
pendência econômica, de autoridade ou de superio- Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pes-
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, soas e Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo
cargo ou função; ou  (Incluído pela Lei nº 13.344, de de elaborar proposta do Plano Nacional de Enfrentamen-
2016) (Vigência) to ao Tráfico de Pessoas – PNETP
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter- Atualmente, o Decreto 5.948/2006, regulamenta o
ritório nacional.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) tema. Nesse sentido, a Política Nacional de Enfrentamen-
(Vigência) to ao Tráfico de Pessoas tem por finalidade estabelecer
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agen- princípios, diretrizes e ações de prevenção e repressão
te for primário e não integrar organização criminosa. ao tráfico de pessoas e de atenção às vítimas, conforme
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) as normas e instrumentos nacionais e internacionais de
direitos humanos e a legislação pátria.

37
Princípios Diretrizes
I - respeito à dignidade da pessoa humana; I - fortalecimento do pacto federativo, por meio
II - não-discriminação por motivo de gênero, da atuação conjunta e articulada de todas as es-
orientação sexual, origem étnica ou social, proce- feras de governo na prevenção e repressão ao
dência, nacionalidade, atuação profissional, raça, tráfico de pessoas, bem como no atendimento e
religião, faixa etária, situação migratória ou outro reinserção social das vítimas;
status; II - fomento à cooperação internacional bilateral
III - proteção e assistência integral às vítimas dire- ou multilateral;
tas e indiretas, independentemente de naciona- III - articulação com organizações não-governa-
lidade e de colaboração em processos judiciais; mentais, nacionais e internacionais;
IV - promoção e garantia da cidadania e dos di- IV - estruturação de rede de enfrentamento ao
reitos humanos; tráfico de pessoas, envolvendo todas as esferas
V - respeito a tratados e convenções internacio- de governo e organizações da sociedade civil;
nais de direitos humanos; V - fortalecimento da atuação nas regiões de
VI - universalidade, indivisibilidade e interdepen- fronteira, em portos, aeroportos, rodovias, esta-
dência dos direitos humanos; e ções rodoviárias e ferroviárias, e demais áreas de
VII - transversalidade das dimensões de gênero, incidência;
orientação sexual, origem étnica ou social, proce- VII - verificação da condição de vítima e respecti-
dência, raça e faixa etária nas políticas públicas. va proteção e atendimento, no exterior e em ter-
ritório nacional, bem como sua reinserção social;
VIII - incentivo e realização de pesquisas, consi-
derando as diversidades regionais, organização e
compartilhamento de dados;
IX - incentivo à formação e à capacitação de pro-
fissionais para a prevenção e repressão ao tráfico
de pessoas, bem como para a verificação da con-
dição de vítima e para o atendimento e reinser-
ção social das vítimas;
X - harmonização das legislações e procedimen-
tos administrativos nas esferas federal, estadual e
municipal relativas ao tema;
XI - incentivo à participação da sociedade civil em
instâncias de controle social das políticas públicas
na área de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
XII - incentivo à participação dos órgãos de classe
e conselhos profissionais na discussão sobre trá-
fico de pessoas; e
XIII - garantia de acesso amplo e adequado a
informações em diferentes mídias e estabeleci-
mento de canais de diálogo, entre o Estado, so-
ciedade e meios de comunicação, referentes ao
enfrentamento ao tráfico de pessoas.

 São diretrizes específicas de prevenção ao tráfico de pessoas:

• Implementação de medidas preventivas nas políticas públicas, de maneira integrada e intersetorial, nas áreas de
saúde, educação, trabalho, segurança, justiça, turismo, assistência social, desenvolvimento rural, esportes, comu-
nicação, cultura, direitos humanos, dentre outras; 
• Apoio e realização de campanhas socioeducativas e de conscientização nos âmbitos internacional, nacional, re-
gional e local, considerando as diferentes realidades e linguagens;
• Monitoramento e avaliação de campanhas com a participação da sociedade civil;
• Apoio à mobilização social e fortalecimento da sociedade civil; e
• Fortalecimento dos projetos já existentes e fomento à criação de novos projetos de prevenção ao tráfico de
pessoas.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

38
Diretrizes específicas de repressão ao tráfico de Diretrizes específicas de atenção às vítimas do
pessoas e de responsabilização de seus autores: tráfico de pessoas: 
I - cooperação entre órgãos policiais nacionais e I - proteção e assistência jurídica, social e de
internacionais; saúde às vítimas diretas e indiretas de tráfico de
II - cooperação jurídica internacional; pessoas;
III - sigilo dos procedimentos judiciais e adminis- II - assistência consular às vítimas diretas e indire-
trativos, nos termos da lei; e tas de tráfico de pessoas, independentemente de
IV - integração com políticas e ações de repres- sua situação migratória e ocupação;
são e responsabilização dos autores de crimes III - acolhimento e abrigo provisório das vítimas
correlatos. de tráfico de pessoas;
IV - reinserção social com a garantia de acesso
à educação, cultura, formação profissional e ao
trabalho às vítimas de tráfico de pessoas;
V - reinserção familiar e comunitária de crianças e
adolescentes vítimas de tráfico de pessoas;
VI  -  atenção às necessidades específicas das ví-
timas, com especial atenção a questões de gê-
nero, orientação sexual, origem étnica ou social,
procedência, nacionalidade, raça, religião, faixa
etária, situação migratória, atuação profissional
ou outro status;
VII - proteção da intimidade e da identidade das
vítimas de tráfico de pessoas; e
VIII  -  levantamento, mapeamento, atualização
e divulgação de informações sobre instituições
governamentais e não-governamentais situadas
no Brasil e no exterior que prestam assistência a
vítimas de tráfico de pessoas.

Na implementação da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, caberá aos órgãos e entidades
públicos, no âmbito de suas respectivas competências e condições, desenvolver as seguintes ações:

I - Na área de Justiça e Segurança Pública:


a) proporcionar atendimento inicial humanizado às vítimas de tráfico de pessoas que retornam ao País na condição
de deportadas ou não admitidas nos aeroportos, portos e pontos de entrada em vias terrestres;
b) elaborar proposta intergovernamental de aperfeiçoamento da legislação brasileira relativa ao enfrentamento do
tráfico de pessoas e crimes correlatos;
c) fomentar a cooperação entre os órgãos federais, estaduais e municipais ligados à segurança pública para atuação
articulada na prevenção e repressão ao tráfico de pessoas e responsabilização de seus autores;
d) propor e incentivar a adoção do tema de tráfico de pessoas e direitos humanos nos currículos de formação dos
profissionais de segurança pública e operadores do Direito, federais, estaduais e municipais, para capacitação, quando
do ingresso na instituição e de forma continuada, para o enfrentamento a este tipo de crime;
e) fortalecer as rubricas orçamentárias existentes e criar outras voltadas para a formação dos profissionais de segu-
rança pública e de justiça na área de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
f) incluir nas estruturas específicas de inteligência policial a investigação e repressão ao tráfico de pessoas;
g) criar, nas Superintendências Regionais do Departamento de Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, estru-
turas específicas para o enfrentamento do tráfico de pessoas e outros crimes contra direitos humanos;
h) promover a aproximação dos profissionais de segurança pública e operadores do Direito com a sociedade civil;
i) celebrar acordos de cooperação com organizações da sociedade civil que atuam na prevenção ao tráfico de pessoas
e no atendimento às vítimas;
j) promover e incentivar, de forma permanente, cursos de atualização sobre tráfico de pessoas, para membros e servi-
dores dos órgãos de justiça e segurança pública, preferencialmente por meio de suas instituições de formação;  
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

l) articular os diversos ramos do Ministério Público dos Estados e da União, da Magistratura Estadual e Federal e dos
órgãos do sistema de justiça e segurança pública;
m) organizar e integrar os bancos de dados existentes na área de enfrentamento ao tráfico de pessoas e áreas
correlatas;
n) celebrar acordos de cooperação técnica com entidades públicas e privadas para subsidiar a atuação judicial e
extrajudicial;
o) incluir o tema de tráfico de pessoas nos cursos de combate à lavagem de dinheiro, ao tráfico de drogas e armas e
a outros crimes correlatos;

39
p) desenvolver, em âmbito nacional, mecanismos de c)  propor a elaboração de protocolos específicos para
prevenção, investigação e repressão ao tráfico de pes- a padronização do atendimento às vítimas de tráfico
soas cometido com o uso da rede mundial de com- de pessoas; e
putadores, e consequente responsabilização de seus d)   capacitar os profissionais de saúde na área de
autores; e atendimento às vítimas de tráfico de pessoas;
q)  incluir a possível relação entre o desaparecimento V - Na área de Assistência Social:
e o tráfico de pessoas em pesquisas e investigações a)   oferecer assistência integral às vítimas de tráfico
policiais; de pessoas no âmbito do Sistema Único de Assistência
II - Na área de Relações Exteriores: Social;
a)  propor e elaborar instrumentos de cooperação in- b)  propiciar o acolhimento de vítimas de tráfico, em
ternacional na área do enfrentamento ao tráfico de articulação com os sistemas de saúde, segurança e
justiça;
pessoas;
c)  capacitar os operadores da assistência social na
b)   iniciar processos de ratificação dos instrumentos
área de atendimento às vítimas de tráfico de pessoas;
internacionais referentes ao tráfico de pessoas;
e
c)  inserir no Manual de Serviço Consular e Jurídico do d)  apoiar a implementação de programas e projetos
Ministério das Relações Exteriores um capítulo espe- de atendimento específicos às vítimas de tráfico de
cífico de assistência consular às vítimas de tráfico de pessoas;
pessoas; VI - Na área de Promoção da Igualdade Racial:
d)  incluir o tema de tráfico de pessoas nos cursos de a)  garantir a inserção da perspectiva da promoção da
remoção oferecidos aos servidores do Ministério de igualdade racial nas políticas governamentais de en-
Relações Exteriores; frentamento ao tráfico de pessoas;
e)  promover a coordenação das políticas referentes ao b)  apoiar as experiências de promoção da igualdade
enfrentamento ao tráfico de pessoas em fóruns inter- racial empreendidas por Municípios, Estados e orga-
nacionais bilaterais e multilaterais; nizações da sociedade civil voltadas à prevenção ao
f)  propor e apoiar projetos de cooperação técnica in- tráfico de pessoas e atendimento às vítimas; e
ternacional na área de enfrentamento ao tráfico de c)  promover a realização de estudos e pesquisas sobre
pessoas; o perfil das vítimas de tráfico de pessoas, com ênfa-
g)  coordenar e facilitar a participação brasileira em se na população negra e outros segmentos étnicos da
eventos internacionais na área de enfrentamento ao população brasileira;
tráfico de pessoas; e VII - Na área do Trabalho e Emprego:
h)  fortalecer os serviços consulares na defesa e prote- a)  orientar os empregadores e entidades sindicais so-
ção de vítimas de tráfico de pessoas; bre aspectos ligados ao recrutamento e deslocamento
III - Na área de Educação: de trabalhadores de uma localidade para outra;
a)  celebrar acordos com instituições de ensino e pes- b)  fiscalizar o recrutamento e o deslocamento de tra-
quisa para o desenvolvimento de estudos e pesquisas balhadores para localidade diversa do Município ou
Estado de origem;
relacionados ao tráfico de pessoas;
c)  promover articulação com entidades profissionali-
b)  incluir a questão do tráfico de pessoas nas ações
zantes visando capacitar e reinserir a vítima no mer-
e resoluções do Fundo Nacional de Desenvolvimento
cado de trabalho; e
da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC); d)  adotar medidas com vistas a otimizar a fiscaliza-
c)  apoiar a implementação de programas e projetos ção dos inscritos nos Cadastros de Empregadores que
de prevenção ao tráfico de pessoas nas escolas; Tenham Mantido Trabalhadores em Condições Análo-
d)  incluir e desenvolver o tema do enfrentamento gas a de Escravo;
ao tráfico de pessoas nas formações continuadas da VIII - Na área de Desenvolvimento Agrário:
comunidade escolar, em especial os trabalhadores da a)  diminuir a vulnerabilidade do trabalhador e preve-
educação; nir o recrutamento mediante políticas específicas na
e)  promover programas intersetoriais de educação e área de desenvolvimento rural;
prevenção ao tráfico de pessoas para todos os atores b)   promover ações articuladas com parceiros que
envolvidos; e atuam nos Estados de origem dos trabalhadores
f)  fomentar a educação em direitos humanos com recrutados;
destaque ao enfrentamento ao tráfico de pessoas c)  formar parcerias no que tange à assistência técnica
em todas modalidades de ensino, inclusive no ensino para avançar na implementação da Política Nacional
superior; de Assistência Técnica e Extensão Rural;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - Na área de Saúde: d)  excluir da participação em certames licitatórios e


a)  garantir atenção integral para as vítimas de tráfi- restringir o acesso aos recursos do crédito rural a todas
co de pessoas e potencializar os serviços existentes no as pessoas físicas ou jurídicas que explorem o trabalho
âmbito do Sistema Único de Saúde; forçado ou em condição análoga a de escravo;
b)   acompanhar e sistematizar as notificações com- e)  promover a reinclusão de trabalhadores liberta-
pulsórias relativas ao tráfico de pessoas sobre suspeita dos e de resgate da cidadania, mediante criação de
uma linha específica, em parceria com o Ministé-
ou confirmação de maus-tratos, violência e agravos
rio da Educação, para alfabetização e formação dos
por causas externas relacionadas ao trabalho;

40
trabalhadores resgatados, de modo que possam atuar h)  promover, em parceria com organizações governa-
como agentes multiplicadores para a erradicação do mentais e não-governamentais, debates sobre meto-
trabalho forçado ou do trabalho em condição análoga dologias de atendimento às mulheres traficadas;
a de escravo; e XI - Na área do Turismo:
f)  incentivar os Estados, Municípios e demais parcei-
ros a acolher e prestar apoio específico aos trabalha- a)   incluir o tema do tráfico de pessoas, em especial
dores libertados, por meio de capacitação técnica; mulheres, crianças e adolescentes nas capacitações e
IX - Na área dos Direitos Humanos: eventos de formação dirigidos à cadeia produtiva do
turismo;
a)  proteger vítimas, réus colaboradores e testemu- b)  cruzar os dados dos diagnósticos feitos nos Muni-
nhas de crimes de tráfico de pessoas; cípios para orientar os planos de desenvolvimento tu-
rístico local através do programa de regionalização; e
b)  receber denúncias de tráfico de pessoas através do
c)  promover campanhas de sensibilização contra o
serviço de disque-denúncia nacional, dando o respec-
turismo sexual como forma de prevenção ao tráfico
tivo encaminhamento;
de pessoas;
c)   incluir ações específicas sobre enfrentamento ao XII - Na área de Cultura:
tráfico de pessoas e fortalecer ações existentes no âm- a)  desenvolver projetos e ações culturais com foco na
bito de programas de prevenção à violência e garantia prevenção ao tráfico de pessoas; e
de direitos; b)  fomentar e estimular atividades culturais, tais
d)   proporcionar proteção aos profissionais que atu- como programas regionais de rádio, peças e outros
am no enfrentamento ao tráfico de pessoas e que, em programas veiculados por radiodifusores, que possam
função de suas atividades, estejam ameaçados ou se aumentar a conscientização da população com rela-
encontrem em situação de risco; ção ao tráfico de pessoas, trabalho escravo e explo-
e)  incluir o tema do tráfico de pessoas nas capacita- ração sexual, respeitadas as características regionais.
ções dos Conselhos de Direitos da Criança e do Ado-
lescente e Conselhos Tutelares;
f)  articular ações conjuntas de enfrentamento ao trá-
#FicaDica
fico de crianças e adolescentes em regiões de fronteira; Para os efeitos desta Política, adota-se a
g)  promover, em parceira com os órgãos e entidades expressão “tráfico de pessoas” conforme o
diretamente responsáveis, a prevenção ao trabalho Protocolo Adicional à Convenção das Na-
escravo, através da sensibilização de operadores de ções Unidas contra o Crime Organizado
Direito, orientação a produtores rurais acerca dos di- Transnacional Relativo à Prevenção, Re-
reitos trabalhistas, educação e capacitação de traba- pressão e Punição do Tráfico de Pessoas,
lhadores rurais; e em especial Mulheres e Crianças. Definindo
h)  disponibilizar mecanismos de acesso a direitos, como o recrutamento, o transporte, a trans-
incluindo documentos básicos, preferencialmente nos ferência, o alojamento ou o acolhimento
Municípios identificados como focos de aliciamento de de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso
mão-de-obra para trabalho escravo; da força ou a outras formas de coação, ao
X - Na área da Proteção e Promoção dos Direitos da rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de au-
Mulher: toridade ou à situação de vulnerabilidade
a)  qualificar os profissionais da rede de atendimento ou à entrega ou aceitação de pagamentos
à mulher em situação de violência para o atendimen- ou benefícios para obter o consentimento
to à mulher traficada; de uma pessoa que tenha autoridade sobre
outra para fins de exploração.
b)  incentivar a prestação de serviços de atendimento
A exploração incluirá, no mínimo, a explo-
às mulheres traficadas nos Centros de Referência de
ração da prostituição de outrem ou outras
Atendimento à Mulher em Situação de Violência;
formas de exploração sexual, o trabalho
c)  apoiar e incentivar programas e projetos de qua- ou serviços forçados, escravatura ou práti-
lificação profissional, geração de emprego e renda cas similares à escravatura, a servidão ou a
que tenham como beneficiárias diretas mulheres remoção de órgãos. A intermediação, pro-
traficadas; moção ou facilitação do recrutamento, do
d)  fomentar debates sobre questões estruturantes fa- transporte, da transferência, do alojamento
vorecedoras do tráfico de pessoas e relativas à discri- ou do acolhimento de pessoas para fins de
minação de gênero; exploração também configura tráfico de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e)  promover ações de articulação intersetoriais visan- pessoas. O consentimento dado pela vítima
do a inserção da dimensão de gênero nas políticas pú- é irrelevante para a configuração do tráfico
blicas básicas, assistenciais e especiais; de pessoas.
f)  apoiar programas, projetos e ações de educação
não-sexista e de promoção da diversidade no ambien-
te profissional e educacional;
g)  participar das capacitações visando garantir a te-
mática de gênero; e

41
EXERCÍCIOS COMENTADOS DECRETO 7.901/2013

1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE O Decreto 7.901/2013 foi revogado, de maneira que,
– 2019) atualmente está em vigor o Decreto 9.833/2019, para
No que se refere à Lei dos Crimes contra o Meio Ambien- dispor sobre o Comitê Nacional de Enfrentamento ao
te e à legislação nacional acerca do tráfico de pessoas, Tráfico de Pessoas (Conatrap). Dessa maneira, são atri-
julgue o próximo item: “a Política Nacional de Enfrenta- buições do Conatrap:
mento ao Tráfico de Pessoas é coordenada por vários ór-
gãos da Presidência da República: • Propor estratégias para a gestão e a implemen-
tação das ações da Política Nacional de Enfrenta-
( ) CERTO  ( ) ERRADO mento ao Tráfico de Pessoas - PNETP, aprovada
pelo Decreto nº 5.948, de 26 de outubro de 2006, e
Resposta: Certo. A assertiva está correta, pois a Co- dos planos nacionais de enfrentamento ao tráfico
ordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrenta- de pessoas;
mento ao Tráfico de Pessoas será integrada pelo (I) • Propor a elaboração de estudos e pesquisas e in-
Ministério da Justiça; (II) Secretaria de Políticas para as
centivar a realização de campanhas relacionadas
Mulheres da Presidência da República; e (III) a Secreta-
ao enfrentamento ao tráfico de pessoas;
ria de Direitos Humanos da Presidência da República.
• Fomentar e fortalecer a expansão da rede de en-
frentamento ao tráfico de pessoas, em especial dos
2. (PREFEITURA DE NATAL-RN – ASSISTENTE SOCIAL
Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e
– IDECAN – 2016)
O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual dos Postos Avançados de Atendimento Humaniza-
Infantojuvenil surge na primeira década de 2000, decor- do ao Migrante;
rente de um intenso processo de mobilização e inten- • Articular suas atividades àquelas dos Conselhos
sas mudanças legislativas que tiveram impacto direto Nacionais de Políticas Públicas que tenham interfa-
na tipificação de todas as formas de violência sexual. A ce com o enfretamento ao tráfico de pessoas, para
adoção da experiência de Códigos de Conduta contra a promover a intersetorialidade das políticas;
Exploração Sexual em diferentes segmentos econômicos • Articular e apoiar tecnicamente os comitês estadu-
(turismo, transporte etc.); a criação do serviço de disque ais, distrital e municipais de enfrentamento ao trá-
denúncia nacional gratuito – Disque 100; e, ainda, a re- fico de pessoas na definição de diretrizes comuns
alização do III Congresso Mundial de Enfrentamento da de atuação, na regulamentação e no cumprimento
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil, de suas atribuições;
em 2008, foram consideradas como conquistas previstas • Elaborar relatórios de suas atividades;
no referido Plano, reforçadas pela instituição de planos • Elaborar e aprovar o seu regimento interno.
temáticos, como o Plano Nacional de Promoção, Pro-
teção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes Ademais, o Conatrap é composto dos seguintes
à Convivência Familiar e Comunitária (2006) e o Plano membros: Secretário Nacional de Justiça do Ministério da
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2008). Justiça e Segurança Pública (o presidirá); um represen-
De acordo com o Estudo Proteger e Responsabilizar, o tante dos seguintes órgãos: a) Ministério das Relações
Plano Nacional em 2000 tornou-se referência e ofereceu Exteriores; b) Ministério da Cidadania; e c) Ministério
uma síntese específica para a estruturação de políticas, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; três re-
programas e serviços para o enfrentamento à violência presentantes de organizações da sociedade civil ou de
sexual. Assinale a síntese específica oferecida pelo Plano conselhos de políticas públicas, que exerçam atividades
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto relevantes e relacionadas ao enfrentamento ao tráfico de
Juvenil para a estruturação de políticas, programas e ser- pessoas (mandato de 2 anos com uma recondução).
viços para o enfrentamento à violência sexual, conforme
o enunciado.
#FicaDica
a) Cognitiva.
b) Financeira. Cada membro do Conatrap terá um
c) Metodológica. suplente.
d) Representativa.
Os membros do Conatrap e os respectivos suplentes
Resposta: Letra C. Neste documento estão as dire- serão indicados pelos titulares dos órgãos que represen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

trizes que oferecem a síntese metodológica para a tam e designados pelo Ministro de Estado da Justiça e
reestruturação de políticas, programas e serviços de Segurança Pública.
enfretamento à violência sexual, consolidando a arti- As organizações da sociedade civil, ou os conselhos
culação como eixo estratégico e os direitos humanos de políticas públicas, são escolhidos por meio de pro-
sexuais da criança e do adolescente como questão cesso seletivo público e seus representantes (titular e
estruturante. suplente), indicados pelos respectivos dirigentes e desig-
nados pelo Ministro de Estado da Justiça e Segurança
Pública.

42
VII - Centro de Apoio e Pastoral do Migrante; e
FIQUE ATENTO! VIII - Jovens com Uma Missão.
Poderão ser convidados a participar das Os votos dos representantes do Poder Executivo fe-
reuniões do Conatrap, ou de reuniões téc- deral foram contabilizados em dobro até a data de 31 de
nicas com finalidade específica e caráter maio de 2020.
temporário, especialistas e representantes
de órgãos e entidades públicas e privadas,
sem direito a voto.

O Conatrap se reunirá, em caráter ordinário, semes-


tralmente. E, em caráter extraordinário, sempre que con-
vocado por seu Presidente ou por solicitação aprovada
pela maioria de seus membros. As reuniões ordinárias
serão presenciais, convocadas com a antecedência mí-
nima de vinte e cinco dias. Já as extraordinárias, com a
antecedência mínima de sete dias. O quórum de reunião
e votação será de quatro membros. É vedada a divulga-
ção de discussões em curso sem a prévia anuência da
Presidência do Conatrap.

#FicaDica
No caso de reuniões extraordinárias, os
membros do Conatrap que se encontrarem
no Distrito Federal se reunirão presencial-
mente e os membros que se encontrarem
em outros entes federativos participarão da
reunião por meio de videoconferência.

O regimento interno do Conatrap disporá sobre seu


funcionamento, será aprovado pela maioria absoluta de
seus membros e será submetido ao Ministro de Estado
da Justiça e Segurança Pública para aprovação e publi-
cação. Ademais, os integrantes do Conatrap encaminha-
rão relatórios anuais de suas atividades à Presidência. A
participação no Conatrap será considerada prestação de
serviço público relevante, não remunerada.

#FicaDica
A Secretaria-Executiva do Conatrap será
exercida pelo Ministério da Justiça e Segu-
rança Pública.

Excepcionalmente, até 31 de maio de 2020, a re-


presentação de organizações da sociedade civil ou de
conselhos de políticas públicas foi exercida pelos repre-
sentantes das seguintes Instituições eleitas no processo
seletivo público, promovido pelo Ministério da Justiça e
Segurança Pública:
I - Universidade Federal de Santa Catarina;
II - Projeto Resgate;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III - Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da In-


fância e da Juventude;
IV - Associação de Travestis, Transexuais e Transgêne-
ros de Goiás;
V - Instituto de Migrações e Direitos Humanos;
VI - Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade
Estadual de Campinas;

43
6- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - Polícia Ci-
vil - SE Julgue os itens seguintes, referentes a crimes de
HORA DE PRATICAR! trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo
com a jurisprudência e legislação pertinentes. O porte
1. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPE-PI Pro- de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas
va: CESPE - MPE-PI - Analista Ministerial - Área desmuniciada, não configura o delito de porte ilegal pre-
Processual visto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser
Julgue o item a seguir, relativo a Conselho Tutelar, medi- um crime de perigo concreto cujo objeto jurídico tutela-
das de proteção, direito à convivência familiar e conse- do é a incolumidade física.
quências da prática de atos infracionais. Crianças e ado-
lescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a ( ) CERTO ( ) ERRADO
medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente. 7- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - Polícia Ci-
vil - SE Julgue os itens seguintes, referentes a crimes de
( ) CERTO ( ) ERRADO trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo
com a jurisprudência e legislação pertinentes. Situação
2- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - hipotética: Um policial militar reformado foi preso em
PRF - Policial Rodoviário Federal flagrante delito por portar arma de fogo de uso permi-
No que se refere à Lei dos Crimes contra o Meio Ambien- tido, sem autorização legal e sem o devido registro do
te e à legislação nacional acerca do tráfico de pessoas, armamento. Assertiva: Nessa situação, a autoridade po-
julgue o próximo item. A Política Nacional de Enfrenta- licial não poderá conceder fiança, porquanto o Estatuto
mento ao Tráfico de Pessoas é coordenada por vários ór- do Desarmamento prevê que o fato de a arma não estar
gãos da Presidência da República. registrada no nome do agente torna inafiançável o delito.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

3- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 8- Ano: 2018 Banca: CESPE  Prova:  CESPE - Polícia


PRF - Policial Rodoviário Federal Civil - SE Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, de
No que se refere à Lei dos Crimes contra o Meio Ambien- ações de prevenção e repressão a delitos praticados por
te e à legislação nacional acerca do tráfico de pessoas, organizações criminosas, de abuso de autoridade e de
julgue o próximo item. Situação hipotética: João foi au- delitos previstos na Lei de Tortura, julgue os itens que
tuado por policial rodoviário federal, por supostamen- se seguem. Situação hipotética: Uma autoridade poli-
te ter praticado conduta prevista como crime contra a cial prolongou, sem autorização judicial, a execução de
fauna.  Assertiva:  Nessa situação, João necessariamente prisão temporária de um indiciado, o que levou a defesa
responderá pela conduta praticada. deste a representá-la criminalmente por abuso de auto-
ridade, mediante petição dirigida à autoridade superior.
( ) CERTO ( ) ERRADO Assertiva: Nessa situação, a representação é condição
de procedibilidade para a aplicação das sanções penais
4- Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - correspondentes.
PRF - Policial Rodoviário Federal
O crime de tráfico de pessoas poderá ser caracterizado ( ) CERTO ( ) ERRADO
ainda que haja consentimento da vítima.
9- Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
( ) CERTO ( ) ERRADO 2013 - PRF - Delegado
Julgue os itens que se seguem, relativos a execução pe-
5- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - nal, desarmamento, abuso de autoridade e evasão de
PRF - Policial Rodoviário Federal dívidas. Eventual ato de delegado da PF de impedir ad-
Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma si- vogado de assistir seu cliente em interrogatório configu-
tuação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada raria crime de abuso de autoridade.
considerando-se o Estatuto do Desarmamento, o Esta-
tuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional ( ) CERTO ( ) ERRADO
de Políticas Públicas sobre Drogas. Em uma operação da
PRF, foram encontradas, no veículo de Sandro, munições 10- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - ABIN -
de arma de fogo de uso permitido e, no veículo de Eu- Agente de Inteligência Com base no disposto na Lei nº
rípedes, munições de uso restrito. Nenhum deles tinha
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

4.898/1965, que trata do abuso de autoridade, julgue os


autorização para o transporte desses artefatos. Nessa itens a seguir. As sanções administrativas previstas para o
situação, considerando-se o previsto no Estatuto de De- crime de abuso de autoridade aplicam-se de acordo com
sarmamento, Sandro responderá por infração adminis- a gravidade da conduta praticada e incluem a perda do
trativa e Eurípedes responderá por crime. cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra
função pública pelo prazo legal.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

44
11- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - ABIN -
Agente de Inteligência Com base no disposto na Lei nº
4.898/1965, que trata do abuso de autoridade, julgue os GABARITO
itens a seguir. As sanções penais previstas para o delito
de abuso de autoridade incluem multa e detenção e po- 1 ERRADO
dem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. 2 CERTO
3 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO 4 CERTO
5 ERRADO
6 ERRADO
7 ERRADO
8 ERRADO
9 CERTO
10 ERRADO
11 CERTO

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

45
ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

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46
ÍNDICE
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação...................................... 01
Afirmação histórica dos direitos humanos................................................................................................................................................... 01
Direitos humanos e responsabilidade do Estado....................................................................................................................................... 02
Direitos humanos na Constituição Federal................................................................................................................................................... 03
Política Nacional de Direitos Humanos.......................................................................................................................................................... 03
A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos.................................................................................. 03
direitos naturais, direitos humanos, direitos do homem,
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS. direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberda-
CONCEITO, TERMINOLOGIA, ESTRUTURA des fundamentais, liberdades públicas e direitos funda-
NORMATIVA, FUNDAMENTAÇÃO mentais do homem (SILVA, 2014, p. 177).
A dissonância encontrada entre eles é o local onde
estão consagrados, já que os direitos humanos são con-
sagrados em plano internacional, enquanto os direitos
Os Direitos Humanos podem ser considerados di-
fundamentais são consagrados em plano nacional, nas
reitos indispensáveis para a vida humana, pautados na
Constituições. (LAZARI, 2017, p. 355).
liberdade, igualdade e dignidade. Assim, corresponde di-
Claramente, os direitos fundamentais individuais, so-
zer que tais direitos são essenciais à vida digna.
ciais e coletivos previstos nas Constituições se destacam
Não há um rol taxativo acerca dos Direitos Humanos,
por incorporar o topo do ordenamento jurídico interno.
tendo em vista que a sociedade, como visto anterior-
Porém, os Direitos Humanos de caráter supranacionais
mente no estudo da cidadania, passa por mudanças, fato
permanecem em uma zona acima do ordenamento jurí-
que leva os direitos a evoluírem conforme o lapso tem-
dico interno, “embora a baixíssima densidade normativa
poral e contexto histórico.
permita um amplo espaço de interpretação pelos países
Em planos gerais, todos os direitos considerados hu-
que os aplicam” (LAZARI, 2017, p. 356).
manos são direitos de exigir de terceiros, podendo esse
Há diversas formas, terminologias, para os direitos
terceiro ser o Estado (eficácia vertical) ou particular (efi-
essenciais à vida humana de um indivíduo, variando-se
cácia horizontal).
de acordo com as normas nacionais e internacionais,
Por essa razão, tais direitos possuem várias estrutu-
como: direitos humanos, direitos fundamentais, direitos
ras: direito-pretensão, direito-liberdade, direito-poder e,
naturais, liberdades públicas, direitos do homem, direi-
direito-imunidade, que obrigam o Estado ou particulares
tos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades
na forme de: (i) dever, (ii) ausência de direito, (iii) sujeição
fundamentais.
e (iv) incompetência.
No plano nacional, tem-se a utilização, pela Cons-
Acredita-se, assim, que não há grande diferença en-
tituição Federal de 1988, de diversas cognominações:
tre direitos humanos e fundamentais, sendo que caso
“direitos humanos” no artigo 4º, II; “direitos e garantias
aceitemos que haja esta diferenciação não ultrapassaria
fundamentais” no Título II; “direitos e liberdades funda-
o plano conceitual. Nesse sentido, tem-se, materialmente
mentais” no artigo 5º, § 1º; “direitos e liberdades cons-
falando, que ambos os direitos supracitados apresentam
titucionais, no artigo 5º, inciso LXXI; “direitos da pessoa
uma visão à proteção e à promoção da dignidade da
humana” no artigo 34 e; “direitos e garantias individuais”
pessoa humana. Entretanto, no que se refere ao conteú-
no artigo 60, § 4º ao falar de cláusulas pétreas.
do, pouca ou nenhuma diferença há entre eles (LAZARI,
Em plano internacional, tem-se a Declaração America-
2017, p. 355).
na dos Direitos e Deveres do Homem de 1948 que ado-
tou, no preâmbulo, os cognomes “direitos do homem” e
No que tange a diferenciação entre tais direitos, ob-
“direitos essenciais do homem”. A Declaração Universal
serva-se a seguinte lição:
de Direitos Humanos, que observou em seu preâmbu-
[...] o termo “direitos fundamentais” se aplica àqueles lo a necessidade de respeito aos “direitos do homem” e
direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) reco- logo após a “fé nos direitos fundamentais do homem” e
nhecidos e positivados na esfera do Direito Constitu- ainda o respeito “aos direitos e liberdades fundamentais
cional positivo de determinado Estado, ao passo que do homem”. A Carta da Organização das Nações Unidas
a expressão “direitos humanos” guarda relação com empregou a expressão “direitos humanos” (preâmbulo e
os documentos de direito internacional, por referir-se artigo 56), bem como “liberdades fundamentais” (artigo
àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser 56, alínea c). A Carta dos Direitos Fundamentais da União
humano como tal, independentemente de sua vincu- Europeia de 2000 utilizando a expressão “direitos funda-
lação com determinada ordem constitucional, e que, mentais” e, por fim, a Convenção Europeia de Direitos do
portanto, aspiram à validade universal, para todos os Homem e Liberdades Fundamentais de 1950, que ado-
povos e em todos os lugares, de tal sorte que revelem tou o nome de “liberdade fundamental”.
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

um caráter supranacional (internacional) e universal.


(SARLET; MARINONI; MATIDIERO, 2012, p. 249).

A histórica ampliação e transformação dos direitos AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS


fundamentais do homem dificulta uma definição exa- HUMANOS
ta em um conceito sintético e preciso. Tal ampliação e
transformação conceitual é explicada de forma simples,
Observar-se que os Direitos Humanos evoluem de
já que “o que parece fundamental numa época histórica
acordo com a evolução da sociedade. Porém, acerca de
e numa determinada civilização não é fundamental em
seu nascimento, não há um marco exato, mas associa-se
outras épocas e em outras culturas” (BOBBIO, 2004, p.
à criação das Nações Unidas no ano de 1945 como um
13). Aumenta-se mais ainda tal dificuldade quando vá-
referencial.
rios cognomes são ofertados para esses direitos, como:

1
Nesta ótica, é possível dizer que os Direitos Huma- lidade do Estado, tem-se a ideia do publicista alemão
nos surgiram e surgem com a própria organização da Georg Jellinek, que concebeu a classificação doutrinária
sociedade, com sua evolução, tendo como base ou “fato dos “status”. Para ele, a relação entre o homem e o Es-
gerador”, tal como ocorreu na época com o Código de tado haveria o “status”, a saber, “status subjectionis”, o
Hamurabi, considerado, por alguns, a primeira compila- qual seria a relação de sujeição ao Estado, o “status ne-
ção de Direitos Humanos da história, datado em 1700 gativus”, qual seria a relação de defesa contra o Estado,
a.C. Não se pode esquecer também da república romana, o “status positivus”, qual seria a possibilidade de se exi-
democracia ateniense e do Reino Davídico, também con- gir algo do Estado e, por fim, o “status activus”, que re-
siderados marcos primitivos dos Direitos Humanos. presenta a participação na formação da vontade estatal.
Não obstante a tais marcos importantes, tem-se que (JELLINEK, 2012).
a limitação dos poderes do rei, apontados na Magna Car- Neste vetor nasce a classificação dos direitos funda-
ta do rei João Sem Terra em 1215, pode ser considerado mentais em funções, ou seja, o agrupamento dos direitos
como outro evento histórico relevante. fundamentais em três blocos: direitos de defesa, direitos
Ademais, a própria evolução da cidadania se confun- prestacionais, e direitos de participação. (LAZARI, 2017,
de com a dos direitos. Porém, acertadamente dizer em p. 367).
que época nasceram os Direitos Humanos é impossível. Direitos de defesa seriam aqueles que o indivíduo
Acerca da evolução dos Direitos Humanos propria- utiliza para se defender dos arbítrios estatais, estando
mente dito, três grandes movimentos se destacam: a ligados à liberdade e valores similares, sendo assim di-
Declaração de Direitos (Bill of Rights), de 1689; a Decla- reitos de primeira dimensão. Os direitos prestacionais
ração de Independência dos Estados Unidos, em 1776; e são aqueles que se verifica a exigência de uma atuação
a Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do positiva do estado, ou seja, uma prestação, sendo esses
Homem e do Cidadão, em 1789. direitos diretamente ligados aos direitos de segunda di-
Entretanto, há quem diga que a Declaração de Virgí- mensão. Por fim, verifica-se os direitos de participação,
nia é considerada o marco inicial dos Direitos Humanos, os quais permitem uma participação das pessoas na vida
pois o artigo I da Declaração diz que ‘“o bom povo da política do Estado, sendo diretamente interligados com
Virgínia’” tornou público, em 16 de junho de 1776, o re- à cidadania, possuindo uma natureza mista, ou seja, um
gistro de nascimento dos direitos humanos na História. caráter positivo e negativo.
Não obstante, para determinar a origem da declara- No que se refere às dimensões, observa-se que os di-
ção no plano histórico, é costume remontar à Déclaration reitos de primeira geração ou de liberdade, são aqueles
des droits de l’homme et du citoyen, votada pela Assem- que tem por titular um indivíduo, sendo oponíveis ao Es-
bleia Nacional francesa em 1789, na qual se proclamava a tado. Traduzem como faculdades ou atributos da pessoa
liberdade e a igualdade nos direitos de todos os homens, e ostentam uma subjetividade que, na visão de Bona-
reivindicavam-se os seus direitos naturais e imprescrití- vides, é o traço mais característico. Não obstante, mos-
veis (a liberdade, a propriedade, a segurança, a resistên- tram-se ainda como direitos de resistência ou oposição
cia à opressão), em vista dos quais se constitui toda a perante o Estado, sendo de característica status negativus
associação política legítima. de Jellinek. (BONAVIDES, 2011, p. 563-564).
De forma mais específica, ao compreender tais ver- Ressalta-se que a liberdade, fundamentada acima,
tentes interligadas aos direitos humanos, inegavelmente aparece associada à dignidade humana, podendo-se
não fazer associação com a Revolução Francesa de 1789, pressupor uma interação com a igualdade entre os mem-
tendo em vista as diversas e boas mudanças políticas e bros da família humana. (LAZARI; GARCIA, 2015, p. 112).
socioeconômico-jurídicas à época. No plano dos direitos de segunda geração, observa-
Assim, pode-se dizer que não há uma data ou perío- -se como pilar principal a igualdade, traduzindo-se por
do exato para o nascimento dos Direitos Humanos, mas direitos sociais, entendidos como direitos de grupos so-
diversos diplomas ou marcos históricos que, se não os ciais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma
criaram, aumentaram a eficácia de tais direito fundamen- obrigação de fazer, de prestar direitos positivos, como in
tais para a vida humana. verbis a saúde, educação e moradia. Baseiam-se na igual-
dade material, ou seja, na redução de desigualdades, no
pressuposto de que não é suficiente possuir liberdade
sem a existência de condições mínimas para exercê-la.
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

DIREITOS HUMANOS E RESPONSABILIDADE (CAVALCANTE FILHO, 2010, p. 12).


DO ESTADO Na seara da terceira dimensão dos direitos funda-
mentais se encontra em destaque a fraternidade As pri-
meiras dimensões concentram direitos pertencentes ao
O Estado é responsável pela garantia dos direitos hu-
indivíduo, não possuindo foco na coletividade. Entretan-
manos de seu povo. Certo é que os direitos humanos e
to, os direitos relacionados à fraternidade possuem foco
fundamentais são universais, inalienáveis, imprescritíveis,
coletivo, como direito ambiental e consumerista. (LAZA-
irrenunciáveis, invioláveis, indivisíveis, interdependentes
RI, 2017, p. 375).
e inexauríveis.
Deste modo, vimos que a responsabilidade do Esta-
No que se refere à classificação dos direitos funda-
do varia de acordo com a dimensão em que o direito se
mentais, importante tema para entender a responsabi-
encontra.

2
Nova Hermenêutica, de viés constitucional, que foge aos
DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO critérios da antiga hermenêutica.
FEDERAL Explica Bonavides: “há na Constituição normas que
se interpretam e normas que se concretizam. A distinção
é relevante desde o aparecimento da nova hermenêu-
Prezado candidato, o tópico acima já foi abordado tica, que introduziu o conceito novo de concretização,
em NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL. peculiar à interpretação de boa parte da Constituição,
nomeadamente dos direitos fundamentais e das cláusu-
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS las abstratas e genéricas do texto constitucional. Neste
HUMANOS são usuais preceitos normativos vazados em fórmulas
amplas, vagas e maleáveis, cuja aplicação requer do in-
térprete uma certa diligência criativa, complementar e
Política nacional é o instrumento que instrui ações fu- aditiva para lograr a completude e fazer a integração da
turas do governo, tentando alcançar o aperfeiçoamento norma na esfera da eficácia e juridicidade do próprio or-
de alguns assuntos essenciais para a sociedade. Delimi- denamento. Na velha hermenêutica, regida por um posi-
tando, a política nacional de direitos humanos, desen- tivismo lógico-formal, há subsunção; em a Nova Herme-
volvida em 1985 e intensificada em 1995, é o principal nêutica, inspirada por uma teoria material de valores, o
mecanismo de aperfeiçoamento dos direitos humanos que há é concretização; ali, a norma legal, aqui, a norma
em território nacional, a qual criou o programa nacional constitucional; uma interpretada, a outra concretizada.
de direitos humanos, que procura orientar e estabelecer [...] Os métodos tradicionais, a saber, gramatical, lógi-
diretrizes para a efetivação dos direitos humanos. co, sistemático e histórico, são de certo modo rebeldes
a valores, neutros em sua aplicação, e por isso mesmo
impotentes e inadequados para interpretar direitos fun-
#FicaDica damentais. Estes se impregnam de peculiaridades que
lhes conferem um caráter específico, demandando técni-
Sugere-se a leitura do Primeiro, Segundo e cas ou meios interpretativos distintos, cuja construção e
Terceiro Programa Nacional de Direitos Hu- emprego gerou a nova hermenêutica. [...] A partir daí se
manos (PNDH-1; PNDH-2; PNDH3) coloca, obviamente, o recurso ao princípio da proporcio-
nalidade, que também serve de apoio à metodologia da
nova hermenêutica”.
Por ser tão amplo o exercício hermenêutico, tem-se
como aspecto positivo a possibilidade de abranger o má-
ximo de situações jurídicas dignas de proteção possíveis,
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS mas como aspecto negativo a viabilidade de se deturpar
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS a finalidade da norma para aplicá-la como for mais con-
HUMANOS veniente.
Ciente disso, os tratados internacionais de direitos
humanos expressam preocupação sobre a interpretação
Interpretação das normas internacionais de direi- de seu conteúdo, lembrando que não podem fugir da
tos humanos finalidade da organização e não podem servir ao impe-
dimento no exercício de direitos humanos fundamentais.
“Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da Neste sentido, extrai-se:
norma jurídica. Toda lei está sujeita a interpretação, não Artigo XXX, Declaração Universal de Direitos Huma-
apenas as obscuras e ambíguas. O brocardo romano in nos. Nenhuma disposição da presente Declaração
claris cessat interpretatio não é, hoje, acolhido, pois até pode ser interpretada como o reconhecimento a qual-
para firmar-se que a lei é clara é preciso interpretá-la. Há, quer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer
na verdade, interpretações mais simples, quando a lei é qualquer atividade ou praticar qualquer ato destina-
clara, e complexas, quando o preceito é de difícil enten- do à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

dimento. [...] A hermenêutica é a ciência da interpretação aqui estabelecidos.


das leis. Como toda ciência, tem os seus métodos»1.
Os tratados de direitos humanos possuem normas Artigo 80º, Carta ONU. Salvo o que for estabelecido
muito amplas, que geralmente adotam a forma de princí- em acordos individuais de tutela, feitos em confor-
pios, razão pela qual sempre que forem ser aplicadas exi- midade com os artigos 77º, 79º e 81º, pelos quais se
girão uma atividade de interpretação de seu real sentido. coloque cada território sob este regime e até que tais
Na verdade, o processo de interpretação das normas de acordos tenham sido concluídos, nada neste capítulo
direitos humanos se assemelham ao das normas de di- será interpretado como alteração de qualquer espécie
reitos fundamentais. Neste sentido, desenvolve-se uma nos direitos de qualquer Estado ou povo ou nos termos
dos atos internacionais vigentes em que os membros
das Nações Unidas forem partes. [...]
1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral.
São Paulo: Saraiva, 2011, v.1.

3
Artigo 5º, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Po- Artigo 25, Pacto Internacional dos Direitos Econômi-
líticos. cos, Sociais e Culturais.
1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser
interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá
grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a ser interpretada em detrimento do direito inerente a todos
quaisquer atividades ou praticar quaisquer atos que os povos de desfrutar e utilizar pela e livremente suas ri-
tenham por objetivo destruir os direitos ou liberdades quezas e seus recursos naturais.
reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limita- Nota-se que se restringe o processo de interpretação
ções mais amplas do que aquelas nele previstas. dos tratados internacionais de direitos humanos com a in-
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão tenção de vedar a deturpação de seu conteúdo. Seja na
dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou aplicação destes tratados no âmbito internacional, seja
vigentes em qualquer Estado Parte do presente Pacto no âmbito interno, nunca se poderá perder o verdadeiro
em virtude de leis, convenções, regulamentos ou cos- sentido por trás da norma, que é a proteção plena da
tumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os dignidade da pessoa humana e a garantia da paz entre
reconheça ou os reconheça em menor grau. os povos.
Quanto à aplicação, tem-se que os tratados inter-
Artigo 46, Pacto Internacional dos Direitos Civis e nacionais serão aplicados aos países que o ratificarem.
Políticos. Nenhuma disposição do presente Pacto po- Para o tratado internacional ingressar no ordenamento
derá ser interpretada em detrimento das disposições jurídico deve ser observado um procedimento complexo,
da Carta das Nações Unidas e das constituições das que geralmente exige o cumprimento de quatro fases: a
agências especializadas, as quais definem as respon- negociação (bilateral ou multilateral, com posterior assi-
sabilidades respectivas dos diversos órgãos da Orga- natura do Presidente da República), submissão do trata-
nização das Nações Unidas e das agências especiali- do assinado ao Congresso Nacional (que dará referendo
zadas relativamente às questões tratadas no presente por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado
Pacto. (confirmação da obrigação perante a comunidade inter-
nacional) e a promulgação e publicação do tratado pelo
Artigo 47, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Po- Poder Executivo2. A partir deste momento, o tratado po-
líticos. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá derá ser aplicado tanto no âmbito internacional quanto
ser interpretada em detrimento do direito inerente a no interno.
todos os povos de desfrutar e utilizar plena e livremen- Os Pactos Internacionais de 1966 reforçam que suas
te suas riquezas e seus recursos naturais. disposições serão aplicadas em todas as unidades cons-
titutivas da federação:
Artigo 5º, Pacto Internacional dos Direitos Econômi-
cos, Sociais e Culturais. Artigo 50, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Po-
1. Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá líticos.
ser interpretada no sentido de reconhecer a um Esta- Aplicar-se-ão as disposições do presente Pacto, sem
do, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se qualquer limitação ou exceção, a todas as unidades
a quaisquer atividades ou de praticar quaisquer atos constitutivas dos Estados federativos.
que tenham por objetivo destruir os direitos ou liber-
dades reconhecidas no presente Pacto ou impor-lhes Artigo 28, Pacto Internacional dos Direitos Econômi-
limitações mais amplas do que aquelas nele prevista. cos, Sociais e Culturais.
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão Aplicar-se-á as disposições do, presente Pacto, sem
dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou qualquer limitação ou exceção, a todas unidades
vigentes em qualquer País em virtude de leis, conven- constitutivas dos Estados federativos.
ções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que
o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça Não obstante, reforça-se que a aplicação dos trata-
em menor grau. dos internacionais de direitos humanos sempre deve ser
vista de forma sistêmica, isto é, não isolando um ou outro
Artigo 24, Pacto Internacional dos Direitos Econômi- diploma, mas conferindo a mesma importância a todos
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

cos, Sociais e Culturais. eles, num diálogo constante. É o que se extrai, por exem-
plo, do artigo 44 do Pacto Internacional dos Direitos Civis
Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser e Políticos:
interpretada em detrimento das disposições da Carta das
Nações Unidas ou das constituições das agências especia-
lizadas, as quais definem as responsabilidades respectivas
dos diversos órgãos da Organização das Nações Unidas e
agências especializadas relativamente às matérias trata-
das no presente Pacto.
2 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão
Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.

4
Artigo 44, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. As disposições relativas à implementação do presente
Pacto aplicar-se-ão sem prejuízo dos procedimentos instituídos em matéria de direito humanos pelos ou em virtu-
de dos mesmos instrumentos constitutivos e pelas Convenções da Organização das Nações Unidas e das agências
especializadas e não impedirão que os Estados Partes venham a recorrer a outros procedimentos para a solução de
controvérsias em conformidade com os acordos internacionais gerias ou especiais vigentes entre eles.

Responsabilidade internacional do Estado

Os sistemas internacionais de proteção de direitos humanos se estabelecem no âmbito de organizações internacio-


nais, conforme as regras e princípios de direito internacional. Neste sentido, o conceito de soberania estatal se torna
relativo em prol do fortalecimento e da efetiva proteção dos direitos inerentes à dignidade da pessoa humana, nota-
damente quando o sistema interno de proteção não for suficiente.
Denota Piovesan3 que no viés da concepção contemporânea de direitos humanos é revista a tradicional ideia de
soberania absoluta estatal, que passa a ser relativizada, e fica cristalizada a noção de que o indivíduo merece ter direitos
protegidos internacionalmente enquanto sujeito de direito.
O direito internacional é originário de uma sociedade descentralizada e o fenômeno da globalização induz esta
mesma sociedade a repensar os contornos da soberania estatal, tanto que parte da doutrina prega a prevalência do
direito internacional sobre o direito interno4. Contudo, pensa-se que não se trata de uma questão de prevalência – até
mesmo porque tais sistemas funcionam de maneira muito diversa embora devam dialogar –, mas sim de coexistência
e complementação.
“O Direito Internacional dos Direitos Humanos concede a titularidade de direitos derivados diretamente do orde-
namento jurídico internacional, gerando obrigações positivas para os Estados. Neste sentido, o reconhecimento dos
direitos dos indivíduos frente ao Estado, assim como a criação de mecanismos internacionais de supervisão, são inova-
ções em relação ao Direito Internacional clássico”5.
A intenção do sistema global de proteção de direitos humanos é a crescente efetividade de tais direitos, indepen-
dentemente do instrumento utilizado para que se atinja tal pretensão. Por isso mesmo, tem-se a chamada característica
da complementaridade, que se relaciona com a necessidade de coexistência de sistemas regionais de proteção inter-
nacional de direitos humanos ao lado de um sistema global.
Depois do processo de internacionalização dos direitos humanos, iniciou-se um processo de regionalização deles,
ou seja, adaptação do conteúdo de cada uma das declarações de direitos até então proferidas a determinadas regiões
do globo. Embora o sistema de proteção dos direitos humanos seja global é necessária a criação de sistemas regionais,
sem os quais não é possível levar em consideração as características culturais das diversas localidades na questão dos
direitos humanos.
Não é surpreendente o fato de que o indivíduo possa escolher o procedimento internacional a ser acionado, seja
global ou regional, reduzindo ou minimizando a possibilidade de conflito no plano normativo. O critério da primazia
da norma mais favorável à suposta vítima de violação de direitos humanos também é coerente. Esta complementari-
dade de instrumentos de direitos humanos em níveis global e regional reflete a especificidade e autonomia do Direito
Internacional dos Direitos Humanos, caracterizado essencialmente como direito de proteção6.

1) Organizações internacionais e limitação da soberania estatal

Tanto os sistemas de proteção de direitos humanos global quanto os regionais se estabelecem no âmbito de or-
ganizações internacionais, razão pela qual é importante estudá-las para se falar em responsabilidade internacional do
Estado.
“Uma vez constituídas, as organizações internacionais adquirem personalidade internacional independente da de
seus membros constituintes, podendo, portanto, adquirir direitos e contrair obrigações em seu nome e por sua conta,
inclusive por intermédio da celebração de tratados com outras organizações internacionais e com Estados, nos termos
do seu ato constitutivo”7.
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Mello8 aponta que Organizações internacionais caracterizam-se por:

3 PIOVESAN, Flávia. Introdução ao sistema interamericano de proteção dos direitos humanos: a convenção americana de direitos humanos.
In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos e o direito brasileiro. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
4 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
5 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão interamericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema interamericano
de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção dos direitos
humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
6 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O sistema interamericano de direitos humanos no limiar do novo século: recomendações para o
fortalecimento de seu mecanismo de proteção. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 103-151.
7 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
8 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

5
a) Associação voluntária de sujeitos de direito tado-parte do tratado denunciar outro Estado-parte por
internacional: em regra, a expressão sujeitos de violações que tenha cometido quanto uma pessoa vítima
direito internacional abrange exclusivamente Esta- de violação de direitos humanos acionar o Estado-parte
dos. Quando os Estados ingressam numa organi- em determinados órgãos dos sistemas, mediante denún-
zação internacional passam a ter o status de mem- cia internacional.
bros, sendo este ato de ingresso voluntário, não A denúncia internacional pode partir tanto de Esta-
obrigatório; dos quanto de grupos de pessoas, indivíduos ou organi-
b) Ato institutivo de natureza internacional: as or- zações, mas existem organismos internacionais que não
ganizações internacionais são criadas via tratados aceitam como parte legítima todos estes, reservando-a
e convenções, aceitando o ingresso de novos Esta- aos Estados e a outros organismos que compõem a or-
dos mesmo após sua instituição; ganização internacional.
c) Personalidade internacional: por possuírem per-
sonalidade internacional independente da dos 2) Responsabilidade dos Estados por violações de
seus membros, as organizações internacionais são direitos humanos
entes de aspecto estável;
d) Ordenamento jurídico interno: assim como as Hoje, finalmente, caminha-se no sentido da respon-
sociedades de direito privado, as organizações in- sabilização internacional dos Estados pelo tratamento
ternacionais são dotadas de estatuto interno regu- da pessoa humana e, notadamente, pelos atos ilícitos
lamentando as relações entre seus órgãos; que venham a ser praticados contra ela, considerados os
e) Existência de órgãos próprios: a estrutura das compromissos internacionais assumidos pelos Estados.
organizações internacionais é variável, mas geral- “Embora a responsabilidade internacional do Estado
mente se encontra nelas um Conselho (órgão exe- por violação de direitos humanos tenha como origem
cutivo onde estão representados apenas alguns a responsabilidade internacional do Estado por danos
Estados), uma Assembleia (com representação de causados a estrangeiros, alterou o enfoque, antes dire-
todos os membros) e um Secretariado (que exerce cionado ao Estado, agora, no indivíduo. A natureza das
a parte administrativa das funções); obrigações de proteção aos direitos humanos consagra
f) Exercício de poderes próprios: os poderes de o indivíduo como principal preocupação da responsabi-
uma organização são fixados no tratado que as lidade internacional por violação dos direitos humanos”9.
cria, atendendo às finalidades comuns de seus “As obrigações convencionais de proteção vinculam
membros. No exercício de seus poderes, as orga- Estados-parte (todos os seus poderes, órgãos e agentes),
nizações criam normas internacionais, via delibera- e não só seus governos. [...] Ao Poder Executivo incumbe
ções, as quais podem ou não ter valor obrigatório. tomar todas as medidas - administrativas e outras - a seu
alcance para dar fiel cumprimento àquelas obrigações.
Em suma, organizações internacionais são entes do- A responsabilidade internacional pelas violações dos di-
tados de personalidade internacional independente, ins- reitos humanos sobrevive aos governos, e se transfere a
tituídas por ato de natureza internacional e composta governos sucessivos, precisamente por se tratar de res-
por sujeitos de direito internacional que a ela se asso- ponsabilidade do Estado. Ao Poder Legislativo incumbe
ciam voluntariamente, geralmente Estados, possuindo tomar todas as medidas dentro de seu âmbito de com-
ordenamento jurídico interno e órgãos próprios que petência, seja para regulamentar os tratados de direitos
movimentam sua estrutura, sem os quais não consegue humanos de modo a dar-lhes eficácia no plano do direito
exercer os seus poderes. interno, seja para harmonizar este último com o disposto
As organizações internacionais não regulamentam naqueles tratados. E ao Poder Judiciário incumbe aplicar
apenas questões de direitos humanos, nem precisam se efetivamente as normas de tais tratados no plano do di-
ater a uma finalidade específica neste aspecto. Em ter- reito interno e assegurar que sejam respeitados. Isto sig-
mos de proteção internacional de direitos humanos no- nifica que o Legislativo e o Judiciário nacionais têm o de-
ta-se a instituição de órgãos e comitês voltados à prote- ver de prover e aplicar recursos internos eficazes contra
ção de tais direitos dentro de uma organização com fins violações tanto dos direitos consignados na Constituição
gerais, bem como a expedição de diversos documentos como dos direitos consagrados nos tratados de direitos
que funcionam como mecanismos de proteção. humanos que vinculam o país em questão, ainda mais
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Por exemplo, a Organização das Nações Unidas - quando a própria Constituição nacional assim expressa-
ONU e a Organização dos Estados Americanos - OEA mente o determina (art. 5º, §2º). O descumprimento das
servem a fins gerais, pois atendem a vários fins, inclusive normas convencionais de proteção engaja de imediato
direitos humanos, estando a primeira em âmbito global a responsabilidade internacional do Estado, por ato ou
e a segunda no âmbito da América. Fato é que perante omissão, seja do Poder Executivo, seja do Legislativo, seja
estas organizações internacionais, a partir do momento do Judiciário”10.
em que um Estado escolhe se vincular a elas e aos seus
tratados, caberá a responsabilização. 9 BOTELHO, Tatiana. Direitos humanos sob a ótica da responsabili-
A depender do organismo perante o qual irá se bus- dade internacional. Revista da Faculdade de Direito de Campos,
Ano VI, nº 6, jun. 2005.
car a responsabilização, é possível se deparar com dife-
10 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Direitos humanos no sé-
rentes contextos de litígio, sendo possível tanto um Es- culo XXI. Revista da Universidade de Brasília, Brasília, p. 16 - 18,

6
3) Responsibility to Protect - R2P sibilidade estão consignadas nos respectivos ins-
trumentos de direitos humanos que as preveem. É
A iniciativa Responsibility to Protect (R2P - em portu- possível que surjam problemas pela utilização si-
guês: responsabilidade de proteger) relaciona-se com o multânea ou sucessiva de procedimentos distintos
dever dos Estados de proteger as respectivas populações de petição, diante da multiplicidade e diversidade
de crimes internacionais graves, como o genocídio, os dos tratados na esfera mundial e regional. A con-
crimes contra a humanidade, a limpeza étnica e os crimes figuração da “mesma matéria” sendo tratada por
de guerra. diferentes órgãos internacionais, em procedimen-
A iniciativa, também conhecida como RtoP, foi esta- tos distintos, é averiguada em relação ao objeto da
belecida na Cúpula Mundial de 2005 (Cúpula das Nações causa ratione materiae e em relação às partes ra-
Unidas), promovida pela ONU, e suas linhas gerais cons- tione personae. Havendo identidade, tem prevalên-
tam dos pontos 138 e 139 do documento da reunião em cia para examinar a questão o órgão da Convenção
apreço. que der a mais ampla proteção ao direito lesado;
Funda-se em três “pilares”: contudo, a princípio, cabe ao reclamante escolher
qual o procedimento, dentre os previstos nos ins-
1. Os Estados têm a responsabilidade primária de trumentos coexistentes, que considere mais favo-
proteger as respectivas populações contra o ge- rável a seu caso, pois terá que arcar com a solução
nocídio, os crimes contra a humanidade, a limpeza dada;
étnica e os crimes de guerra, não importando se o b) Sistema de Relatórios: é um método de contro-
conflito é interno ou internacional; le dos direitos humanos exercido de ofício pelos
2. A comunidade internacional tem a responsabilida- órgãos de supervisão internacional instituídos nos
de de prestar assistência aos Estados, para que es- tratados, ou pelos Estados-partes. Diversos trata-
tes cumpram referida responsabilidade; dos dispõem que os Estados-partes devem enviar
3. A comunidade internacional deve empregar meios relatórios periódicos aos órgãos de supervisão, a
diplomáticos, humanitários e de outra natureza, fim de informarem sobre o cumprimento dos pac-
desde que pacíficos, para proteger as populações tos. Recebidos os relatórios, os órgãos de supervi-
humanas contra tais crimes e, se um Estado for fa- são elaboram seus relatórios, que eventualmente
lho em proteger a respectiva população contra tais servem de base para tomada de medidas. Sendo
atos, ou for o perpetrador de tais crimes, a comu- assim, os próprios órgãos cuidam de elaborar re-
nidade internacional deve estar preparada para to- latórios a partir de todas as informações que rece-
mar medidas mais duras, que podem incluir o uso bem, tanto pelas petições quanto pelos relatórios
da força no interesse coletivo, determinado pelo dos Estados, instituindo relatorias especiais quan-
Conselho de Segurança da ONU. do necessário e, muitas vezes, emitindo ao final
dos seus relatórios observações gerais;
Neste sentido, a iniciativa R2P prevê o emprego da c) Procedimentos de Investigação: podem ser
força em última instância. Primeiramente, deve o Estado permanentes ou designados, sendo os primeiros
falhar em proteger sua população ou cometer os crimes institucionalizados (previstos nos tratados para
combatidos pela iniciativa. Em seguida, devem fracassar situações específicas) e os últimos decorrem indi-
os mecanismos pacíficos para resolver o problema. Por retamente do sistema de relatórios e de petições
fim, se pode empregar a força, a partir de decisão to- (iniciados a partir do recebimento de uma comuni-
mada no âmbito do Conselho de Segurança da ONU e, cação de violação aos direitos humanos).
portanto, no interesse coletivo.
“Não é suficiente a existência de normas internacio-
4) Mecanismos de monitoramento e proteção in- nais de proteção se os mecanismos disponíveis para sal-
ternacional dos direitos humanos vaguarda-a desses direitos não funcionam de maneira
eficaz. Assim, para se combater este quadro e tornar a tu-
Podem ser considerados mecanismos de proteção tela dos direitos humanos uma realidade universal, é ne-
contra violações de direitos humanos todos os órgãos cessário que se fortaleçam os mecanismos de salvaguar-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

instituídos com vistas a conferir tal proteção e os res- da dessas garantias. O fortalecimento desses sistemas de
pectivos instrumentos por ele utilizados para receber in- proteção dos direitos humanos (seja o global ou os re-
formações e denúncias, divulgar relatórios e promover gionais) passa pela vontade política dos Estados. O papel
investigações. das organizações não-governamentais e da sociedade
Os mecanismos de proteção podem operar tanto ao civil organizada para transformar esta realidade é funda-
serem provocados pelo interessado (sistema de petições), mental. A pressão para que os governos se comprome-
quanto de ofício (sistema de relatórios e investigações): tam a respeitar os direitos humanos é essencial para que
estes sejam respeitados. O cenário atual demonstra a ne-
a) Sistema de Petições: formado por reclamações in- cessidade de que esses sistemas de proteção dos direitos
dividuais ou de Estados, cujas condições de admis- humanos sejam fortalecidos e respeitados. A luta pelos
direitos humanos e pela existência de mecanismos efi-
01 jul. 2000. cientes de proteção desses direitos é a luta para que pos-

7
sa garantir aos seres humanos, sob quaisquer condições, mente reconhecida em um ou mais Estados-mem-
o mínimo, o necessário para se viver com dignidade”11. bros da Organização, pode apresentar à Comissão
Vale apontar quais são os principais tribunais ou ór- petições que contenham denúncias ou queixas de
gãos internacionais que podem ser acionados para pro- violação desta Convenção por um Estado-parte”.
teção dos direitos humanos no sistema global e intera- Logo, pessoas da sociedade e grupos que a repre-
mericano: sentam possuem legitimidade perante este órgão
internacional. Também os Estados-partes podem
a) Corte Internacional de Justiça (ONU): A Corte ser legitimados ativos quando alegue haver outro
Permanente de Justiça Internacional, que funciona- Estado-parte incorrido em violações dos direitos
va como organismo autônomo da Liga das Nações. humanos estabelecidos nesta Convenção, mas é
Mesmo com a ocupação da Holanda pela Alema- preciso que se faça uma declaração de competên-
nha, ela continuou a funcionar em Genebra, sendo cia (artigo 45, CADH).
dissolvida apenas em 1946, dando lugar à Corte f) Corte Interamericana de Direitos Humanos
Internacional de Justiça12. Nos termos do artigo 34 (OEA): Diferente do que ocorre nas Comissões,
do Estatuto da CIJ, “só os Estados poderão ser par- não é qualquer pessoa que pode submeter um
tes em questões perante a Corte”. caso à Corte, mas somente Estados-partes e a pró-
b) Comitê de Direitos Humanos (ONU): O Comitê pria Comissão, não se atingindo solução perante
de Direitos Humanos foi instituído pelo Pacto In- esta (artigo 61, CADH).
ternacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966,
que o disciplina nos artigos 28 a 45. Pode dar início 3) Denúncia internacional por vítimas de violações
à apuração perante ele o Estado-parte que acredi-
te que outro não está cumprindo o Pacto. Grande relevância tem o sistema de proteção inter-
c) Conselho de Direitos Humanos (ONU): órgão nacional dos direitos humanos devido à própria natureza
intragovernamental da organização responsável dos direitos protegidos. Direitos assegurados à pessoa
pelo fortalecimento da promoção e da proteção humana independem da nacionalidade dos indivíduos
dos direitos humanos pelo mundo. Tem sede em e se baseiam, exclusivamente, na sua posição de seres
Genebra, na Suíça, substituindo a Comissão de Di- humanos. Os indivíduos, em relação a tais documentos
reitos Humanos e funcionando como órgão sub- e às instituições, órgãos ou entidades encarregadas de
sidiário da Assembleia. Dentre os pontos abrangi- protegê-los, não aparecem através de seu Estado, mas
dos pela Resolução CDH n.5/1, merecem destaque sim “desnacionalizados”.
as regras do processo de reclamação, acessível a As pessoas passam a poder exercer direitos que a
pessoa ou um grupo de pessoas que alegue ter elas são atribuídos diretamente pelo direito internacio-
sido vítima da violação, ou então por um grupo de nal. Uma vez reconhecidas como titulares de direitos,
pessoas, incluindo organizações não governamen- num passo seguinte, foi-lhes atribuída capacidade pro-
tais, na qualidade de representante. Tal processo cessual perante órgãos de supervisão internacional: direi-
foi estabelecido para tratar padrões consistentes to de petição individual, e direito de recorrer a instâncias
de violações de todos direitos humanos e liber- internacionais.
dades fundamentais ocorridos em qualquer parte Neste novo sistema de proteção, portanto, tornou-se
do mundo e sob qualquer circunstância (artigo 85, patente que a natureza dos direitos protegidos é ineren-
Resolução CDH n.5/1). te à pessoa humana, não deriva do Estado e tem am-
d) Tribunal Penal Internacional (ONU/autônomo): pliada a efetiva proteção, antes limitada pelas relações
ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja diplomáticas internacionais, de cunho discricionário.
jurisdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal In- Portanto, o Estado adquire responsabilidade pelo
ternacional compete o processo e julgamento de atendimento dos direitos humanos no âmbito interna-
violações contra indivíduos. Logo, não se trata de cional. “O Direito Internacional dos Direitos Humanos
um órgão voltado à responsabilização estatal, mas concede a titularidade de direitos derivados diretamente
individual. do ordenamento jurídico internacional, gerando obriga-
e) Comissão Interamericana de Direitos Humanos ções positivas para os Estados. Neste sentido, o reco-
(OEA): A Comissão é anterior à Corte em mais de nhecimento dos direitos dos indivíduos frente ao Estado,
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

20 anos, aliás, é anterior à Convenção Americana assim como a criação de mecanismos internacionais de
de Direitos Humanos, atuando antes de 1969 com supervisão, são inovações em relação ao Direito Interna-
base na Carta da OEA e na DUDH. Nos termos do cional clássico”13.
artigo 44 da CADH, “qualquer pessoa ou grupo de Assim, a denúncia internacional serve como mecanis-
pessoas, ou entidade não-governamental legal- mo alternativo para a proteção das vítimas de violações

11 SILVA, Karine de Souza; VIEL, Ricardo Nunes. Os mecanismos co- 13 GALLI, Maria Beatriz; KRSTICEVIC, Viviana; DULITZKY, Ariel E. A
letivos de proteção dos direitos humanos: os sistemas de proteção Corte Interamericana de Direitos Humanos: aspectos procedimen-
universal e o interamericano. Revista Direito e Justiça, Reflexões tais e estruturais de seu funcionamento. In: GOMES, Luís Flávio;
Sociojurídicas, ano VI, n. 9, nov. 2006. PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
12 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacio- dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos
nal Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. Tribunais, 2000.

8
de direitos humanos ante a falta de respostas adequadas 2. As disposições das alíneas ‘a’ e ‘b’ do inciso 1 deste
no âmbito interno, conferindo publicidade a estes casos artigo não se aplicarão quando:
de violação. Cabe ao Estado prestar contas à comunida-
de internacional em caso de violações de direitos huma- a) não existir, na legislação interna do Estado de que
nos ocorridas em seu território diante de solicitação por se tratar, o devido processo legal para a proteção
um órgão de supervisão. Após a manifestação do Estado do direito ou direitos que se alegue tenham sido
acusado, a organização internacional competente deci- violados;
dirá sobre a violação causada por uma ação ou omissão b) não se houver permitido ao presumido prejudica-
dos agentes estatais. Garante-se a responsabilidade in- do em seus direitos o acesso aos recursos da ju-
ternacional dos Estados de respeitar e garantir direitos risdição interna, ou houver sido ele impedido de
humanos14. esgotá-los; e
A ação internacional, com a conversão dos indivíduos c) houver demora injustificada na decisão sobre os
em sujeitos de direito internacional, é sempre suplemen- mencionados recursos”.
tar, isto é, funciona como garantia adicional de proteção
dos direitos humanos. O que deverá predominar é a bus- Dispensa-se o esgotamento de recursos e a conse-
ca pela aplicação do direito interno, também garantidor quente passagem de 6 meses como prazo quando não
da proteção dos direitos humanos (daí a regra do esgo- existirem normas de proteção ao devido processo legal
tamento dos recursos internos). no Estado, quando tiver sido impedido ou dificultado o
Antes de verificar a admissibilidade, o órgão perante acesso ao Judiciário no país ou quando houver demo-
o qual se apresentou a denúncia analisa se estão pre- ra sem motivos para o processamento interno. Logo, o
sentes os pré-requisitos processuais, se pode apurar o esgotamento dos recursos não pode servir de óbice ao
objeto da petição e se os fatos ocorreram antes da rati- acesso à justiça internacional.
ficação da Convenção pelo Estado. A obrigatoriedade da Na Opinião Consultiva nº 11/90, a Corte Interameri-
observância do requisito de esgotamento dos recursos cana definiu a relativização do requisito de esgotamento
internos justifica-se pelo fato de o Direito internacional dos recursos internos sempre que, por razões de indi-
ter sido concebido subsidiariamente ao direito interno gência ou por temor generalizado dos advogados para
dos Estados, conferindo aos Estados a oportunidade de representá-lo legalmente, um reclamante diante da Co-
reparar a violação de direito causada à vítima, antes de missão tenha se visto impedido de utilizar os recursos
serem acionados internacionalmente. Neste sentido, o internos necessários para proteger um direito garantido
objetivo último do Direito Internacional dos Direitos Hu- pela Convenção.
manos é fortalecer o Direito nacional como instrumento
de proteção e garantia.
A disciplina do artigo 46 da Convenção America- #FicaDica
na sobre Direitos Humanos tem um conteúdo bastante O Direito Internacional dos Direitos Huma-
completo, que se adequa bem aos demais organismos nos se presta para a responsabilização de
internacionais que aceitam o peticionamento individual: Estados, não pessoas físicas.
“Para que uma petição ou comunicação apresentada de Sua jurisdição é subsidiária à nacional. Por
acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Co- isso, para indivíduos e grupos de pessoas
missão, será necessário: acionarem o sistema, exige-se o esgota-
mento dos recursos internos.
a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos Deve sempre ser observado o critério da
da jurisdição interna, de acordo com os princípios primazia da norma mais favorável ao deter-
de Direito Internacional geralmente reconhecidos; minar qual normativa será aplicada em ca-
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis me- sos de violação de direitos humanos.
ses, a partir da data em que o presumido preju-
dicado em seus direitos tenha sido notificado da
decisão definitiva; Tratados internacionais: reserva e denúncia
c) que a matéria da petição ou comunicação não es-
“A reserva é uma declaração unilateral feita por um
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

teja pendente de outro processo de solução inter-


nacional; e sujeito de direito internacional ao assinar, ratificar, acei-
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o tar ou aprovar um tratado ou a ele aderir com o objetivo
nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas dispo-
assinatura da pessoa ou pessoas ou do represen- sições em sua aplicação no Estado optante pela reserva.
tante legal da entidade que submeter a petição. Se a reserva for formulada antes da ratificação, como no
momento da assinatura, elas deverão ser reafirmadas no
momento do compromisso definitivo dos Estados, sob
pena de se considerar que não se tem mais interesse de
manter a reserva apontada anteriormente.
Caso, entretanto, a reserva seja feita após a ratifica-
14 Ibid.
ção, acarretará denúncia parcial do tratado. O poder le-

9
gislativo poderá fazer reservas, hipótese na qual se diz Obedecido todo este procedimento, o tratado inter-
que o tratado foi aprovado com restrições. Por seu turno, nacional é incorporado ao ordenamento interno e passa
caso as reservas tenham sido feitas pelo Poder Executivo a valer como legislação, em regra, com o status norma-
- antes do envio para aprovação do Congresso - e assim tivo de lei ordinária, abaixo da Constituição Federal. No
o este o aprove, diz-se que o tratado foi aprovado sem entanto, a partir da Constituição Federal de 1988 e, es-
restrições. Mas, se o Congresso não concordar com as pecialmente, desde a Emenda Constitucional n. 45/2004,
reservas feitas pelo Poder Executivo, poderá rejeitá-las, o tratamento da hierarquia normativa dos tratados inter-
aprovando o tratado com restrições”15. nacionais mudou, não em relação aos tratados em geral,
“A denúncia é uma das formas de extinção dos trata- mas quanto aos que abordam direitos humanos17.
dos, uma vez que, sendo ato unilateral é ela inofensiva às A partir da referida emenda, o artigo 5º teve incluí-
demais partes no acordo coletivo. Nesse caso, a denúncia do o seu § 3º, com a seguinte redação: “Os tratados e
nada mais é do que um meio de extinção dos tratados convenções internacionais sobre direitos humanos que
para o Estado que o denuncia e não para as demais par- forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
tes. [...] Na Convenção de Viena de 1969, entende-se por em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
denúncia o ato unilateral pelo qual um partícipe em dado tivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
tratado internacional exprime firmemente a sua vontade tucionais”. Efetuou-se uma equiparação dos tratados
de deixar de ser parte no acordo anteriormente firmado”. internacionais de direitos humanos com as emendas
Geralmente, a denúncia não produz efeitos imediatos, constitucionais, desde que aprovados pelo procedimen-
devendo o Estado-parte permanecer vinculado ao trata- to que serve à aprovação das mesmas. Em relação aos
do por um período de tempo nele delimitado. tratados internacionais que se sujeitem a estas regras,
não há dúvidas sobre o status constitucional, como é o
Direitos humanos na Constituição Federal de 1988 caso da Convenção Internacional de Direitos da Pessoa
Portadora de Deficiência (Decreto nº 6.949/2009) e do
1) Incorporação de tratados de direitos humanos Tratado de Marraqueche (Decreto nº 9.522/2018)18.
(artigo 5o, § 3o, CF) No que tange aos demais tratados, incorporados ao
ordenamento sem o respeito ao procedimento do § 3º
Como o Brasil adota a teoria dualista, sempre que do artigo 5º porque incorporados antes da admissão
ocorre a assinatura de um tratado internacional será pre- do procedimento especial para conferência de status de
ciso submetê-lo a um procedimento de incorporação ao emenda constitucional, surgiram posicionamentos con-
ordenamento interno. Neste sentido, o procedimento di- flituosos a respeito da hierarquia normativa. Tal contro-
vide-se em quatro etapas: vérsia pareceu ter sido resolvida pelo estabelecimento de
uma posição majoritária pelo Supremo Tribunal Federal,
a) negociação, a ser realizada pela União com relação na discussão que se deu com relação à prisão civil do
aos Estados estrangeiros, conforme competência depositário infiel, prevista como legal na Constituição e
constitucional do artigo 21, I, pela pessoa do Presi- ilegal no Pacto de São José da Costa Rica – tratado de
dente da República, que manterá as relações com direitos humanos, aprovado antes da Emenda Constitu-
o respectivo Estado estrangeiro e celebrará trata- cional nº 45/2004 e depois da Constituição Federal de
dos, convenções e atos internacionais, que preci- 198819.
sam apenas do referendo do Congresso Nacional, O posicionamento da Corte Suprema encontra-se co-
conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da Consti- lacionado na súmula vinculante n. 25, pela qual “é ilícita
tuição Federal; a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
b) assinatura, pela autoridade competente para ne- modalidade do depósito”. Como precedente, destaca-se
gociação; o Recurso Extraordinário nº 466.343-1, decidido pelo Tri-
c) autorização de ratificação, a ser feita pelo Con- bunal Pleno em 03 de dezembro de 2008, relatado pelo
gresso Nacional mediante decreto legislativo, o Ministro Cezar Peluso e com posicionamento seguido
que demonstra que a colaboração entre os Pode- pela maioria proferido pelo Ministro Gilmar Mendes20.
res Executivo e Legislativo é indispensável para a Ambos os votos foram pelo não cabimento da prisão
conclusão de um tratado no ordenamento jurídico civil do depositário infiel. O voto do relator Cezar Peluso
brasileiro, já que muito embora a competência seja seguiu a tese da inconstitucionalidade da prisão civil do
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

exclusiva do Presidente da República; depositário infiel, o que colocaria o Pacto de São José da
d) ratificação, que é a confirmação feita pela auto- Costa Rica em posição de norma constitucional, mesmo
ridade competente, o chefe do Executivo federal, não se sujeitando ao procedimento do artigo 5º, § 3º, CF.
no âmbito internacional do compromisso firmado,
com respectiva promulgação e publicação para vi-
argumentativa do intervencionismo judicial. In: LAZARI, Rafael de;
gência no âmbito interno16. BERNARDI, Renato (org.). Crise constitucional: espécies, perspecti-
vas e mecanismos de superação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015.
15 https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/607117477/o-que-e-re- p. 143-162.
serva-no-direito-internacional 17 Ibid.
16 GARCIA, Bruna Pinotti. Crise constitucional decorrente das dispa- 18 Ibid.
ridades dos critérios de interpretação das normas de direitos huma- 19 Ibid.
nos no Supremo Tribunal Federal: direitos humanos como muleta 20 Ibid.

10
Logo, todas as normas previstas neste tratado e que am- Assim, a premente necessidade de se dar efetividade
pliassem os direitos e garantias fundamentais assegura- à proteção dos direitos humanos nos planos interno e
dos pela Constituição Federal de 1988 prevaleceriam – é internacional torna imperiosa uma mudança de posição
o denominado critério da norma mais favorável21. quanto ao papel dos tratados internacionais sobre direi-
Predominou o posicionamento colacionado pelo tos na ordem jurídica nacional.
voto do Ministro Gilmar Mendes, que toma como ponto É necessário assumir uma postura jurisdicional mais
de partida a alteração constitucional efetuada em 2004, adequada às realidades emergentes em âmbitos supra-
do qual se destaca o seguinte trecho: nacionais, voltadas primordialmente à proteção do ser
“[...] parece que a discussão em torno do status cons- humano.
titucional dos tratados de direitos humanos foi, de certa
forma, esvaziada pela promulgação da Emenda Cons- [...] Portanto, diante do inequívoco caráter especial
titucional n. 45/2004, a Reforma do Judiciário (oriunda dos tratados internacionais que cuidam da proteção
do Projeto de Emenda Constitucional n. 29/2000), a qual dos direitos humanos, não é difícil entender que a sua
trouxe como um de seus estandartes a incorporação do internalização no ordenamento jurídico, por meio do
§ 3º ao art. 5º, com a seguinte disciplina: ‘Os tratados e procedimento de ratificação previsto na Constituição,
convenções internacionais sobre direitos humanos que tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, qualquer disciplina normativa infraconstitucional com
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respecti- ela conflitante”22.
vos membros, serão equivalentes às emendas constitu-
cionais’. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a
Em termos práticos, trata-se de uma declaração elo- supralegalidade do tratado de direitos humanos anterior
quente de que os tratados já ratificados pelo Brasil, an- à Emenda, o que paralisaria a eficácia das leis infraconsti-
teriormente à mudança constitucional, e não submetidos tucionais que o contrariassem, mas não revogaria o texto
ao processo legislativo especial de aprovação no Con- constitucional no que fosse controverso. É como se fosse
gresso Nacional, não podem ser comparados às normas criado um novo degrau na pirâmide de hierarquia nor-
constitucionais. mativa: antes, depois da lei ordinária já vinha a Constitui-
Não se pode negar, por outro lado, que a reforma ção Federal com suas emendas; a partir da decisão, colo-
também acabou por ressaltar o caráter especial dos tra- cou-se entre a lei ordinária e a normativa constitucional
tados de direitos humanos em relação aos demais trata- uma categoria composta pelos tratados internacionais
dos de reciprocidade entre os Estados pactuantes, con- de direitos humanos não sujeitos ao artigo 5º, § 3º da CF
ferindo-lhes lugar privilegiado no ordenamento jurídico. e aprovados depois de 198823.
Em outros termos, solucionando a questão para o Depois da decisão, a teoria da supralegalidade não
futuro – em que os tratados de direitos humanos, para foi mais invocada. Pelo contrário, chegou-se a reconhe-
ingressarem no ordenamento jurídico na qualidade de cer no julgamento da Ação Penal nº 470 a teoria oposta,
emendas constitucionais, terão que ser aprovados em pela constitucionalidade dos direitos implícitos devido à
quórum especial nas duas Casas do Congresso Nacional primazia dos direitos humanos. Mais que isso, inúmeros
–, a mudança constitucional ao menos acena para a in- tratados internacionais de direitos humanos foram in-
suficiência da tese da legalidade ordinária dos tratados corporados ao ordenamento interno sem obediência ao
e convenções internacionais já ratificados pelo Brasil, a procedimento do artigo 5o, § 3o, CF, cuja adoção tem sido
qual tem sido preconizada pela jurisprudência do Supre- considerada discricionária pelo constituinte. Questiona-
mo Tribunal Federal desde o remoto julgamento do RE -se, ainda sem resposta, se nestes casos em que o consti-
n. 80.004/SE. tuinte optou por não seguir o procedimento mesmo com
[...] sua existência também valeria a tese a supralegalidade
Por conseguinte, parece mais consistente a interpre- ou se há que se falar em vício formal no processo de in-
tação que atribui a característica de supralegalidade aos corporação do tratado de direitos humanos que deveria
tratados e convenções de direitos humanos. Essa tese ter obedecido procedimento especial.
pugna pelo argumento de que os tratados sobre direi-
tos humanos seriam infraconstitucionais, porém, diante 2) Controle de convencionalidade
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

de seu caráter especial em relação aos demais atos nor-


mativos internacionais, também seriam dotados de um A instituição da teoria da supralegalidade criou um
atributo de supralegalidade. novo degrau na hierarquia das normas brasileiras. Se,
Em outros termos, os tratados sobre direitos huma- antes disso, toda legislação estaria sujeita a um contro-
nos não poderiam afrontar a supremacia da Constituição, le de constitucionalidade (compatibilidade com a CF e
mas teriam lugar especial reservado no ordenamento ju- demais normas do bloco de constitucionalidade, como
rídico. Equipará-los à legislação ordinária seria subesti- emendas constitucionais e tratados de direitos humanos
mar o seu valor especial no contexto do sistema de pro-
teção dos direitos da pessoa humana. 22 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. Recurso Ex-
[...] traordinário n. 466.343-1. Relator: Cezar Peluso. Brasília, 03 de
dezembro de 2008. Disponível em: www.stf.jus.br. Acesso em: 24
jun. 2014.
21 Ibid. 23 Ibid.

11
incorporados nos moldes do artigo 5o, § 3o, CF); depois prevalecendo uma forte ideia de respeito ao relativis-
disso, toda legislação passou a se sujeitar também a um mo cultural, ainda que o Estado seja parte formal da
controle de convencionalidade (compatibilidade com os comunidade internacional.
tratados e convenções internacionais de direitos huma- d) a imprescritibilidade dos direitos humanos não alcan-
nos fora do bloco de constitucionalidade). ça a pretensão à reparação econômica decorrente de
Mazzuoli24 é um dos principais defensores do contro- sua violação. Portanto, inexiste direito à indenização
le convencionalidade no país, que, judicialmente, poderia por violação a direitos humanos ocorridos durante o
ocorrer nas vias concentrada e difusa. O controle de con- regime militar.
vencionalidade já foi reconhecido pela Corte Interame- e) em razão do caráter histórico dos direitos humanos,
ricana de Direitos Humanos em diversos julgamentos, o existe consenso doutrinário acerca de sua divisibilida-
que ocorreu pela primeira vez no Caso Almonacid Arella- de, estabelecendo-se independência entre os direitos
no e outros vs. Chile, que versou sobre a inconvenciona- humanos e priorização de sua exigibilidade a partir do
lidade da lei de anistia chilena. espaço geográfico em que seu titular esteja inserido.

3) Execução de sentenças estrangeiras/internacio- Resposta: Letra B. Descreve-se a relatividade dos di-


nais reitos humanos, que são ilimitados e encontram seus
Discute-se se o procedimento interno de execução limites nos demais direitos igualmente consagrados
de sentenças proferidas por tribunais de direitos huma- como humanos. Não há direitos humanos absolutos.
nos, notadamente a Corte Interamericana de Direitos Limitações podem ser impostas pelo Direito (é o caso
Humanos, no Brasil, seria o mesmo inerente às senten- da proibição de associações paramilitares) e por cada
ças estrangeiras, passando por homologação perante indivíduo (ex.: resolve participar de um reality show e
o Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF), ou diminui sua privacidade).
se esta sentença da Corte é uma sentença internacional, Em “a”, Na França, uma cidade proibiu o arremesso
peculiar, podendo ser executada diretamente na justiça de anões e um dos anões que trabalhava sendo ar-
federal independente de homologação. remessado questionou a interdição argumentando
Mazzuoli25 e o próprio STJ já se posicionaram no sen- – por meio das alegações de livre trabalho e de livre
tido de se tratar de sentença internacional, não sujeita iniciativa – que necessitava do trabalho para a sua so-
a homologação – poderia ser promovida diretamente a brevivência. O Conselho de Estado francês e o Comitê
execução na justiça federal. Já Oliveira e Lazari26 discor- de Direitos Humanos da ONU afirmaram que, muito
dam do posicionamento, afirmando que não há funda- embora tenha reconhecido a importância daquela ati-
mento jurídico que permita diferir uma sentença estran- vidade para a sobrevivência do indivíduo como a de
geira de uma sentença internacional. sua família, a submissão a esta prática configuraria re-
núncia a direitos humanos, o que é vedado.
Em “c”, as normas de proteção aos direitos humanos
integram o chamado jus cogens, sendo normas impe-
EXERCÍCIOS COMENTADOS rativas de direitos internacional, das quais nenhuma
derrogação é possível, e que só podem ser revogáveis
1. (FCC – 2017 – DPE-PR – Defensor Público) No plano por outra norma de mesma natureza.
da teoria geral, certos atributos seriam inerentes aos di- Em “d”, a imprescritibilidade dos direitos humanos
reitos humanos. Acerca das características principais dos pode não alcançar parcelas econômicas decorrentes
direitos humanos, é correto afirmar: de direitos que já tenham prescrito.
Em “e”, os direitos humanos são indivisíveis, compon-
a) a irrenunciabilidade dos direitos humanos deve ser do um único conjunto de direitos que não podem ser
harmonizada com a autonomia da vontade, donde se analisados de maneira isolada, separada, mas, sim, sis-
conclui que a pessoa civilmente capaz pode se despo- têmica.
jar da proteção de faceta de sua dignidade, a exemplo
do famoso caso francês do “arremesso de anões”. 2. (FCC – 2018 – DPE-AP – Defensor Público) O seguin-
b) admite-se a relatividade dos direitos humanos, pois te tratado (ou convenção) internacional sobre direitos
estes colidem entre si e podem sofrer restrições por humanos seguiu o rito especial do art. 5º, §3º, da Cons-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

ato estatal ou de seu próprio titular, a exemplo da ve- tituição Federal de 1988, ou seja, foi aprovado, em cada
dação de associação para fins paramilitares previsto Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
pelo poder constituinte originário. quintos dos votos dos respectivos membros, tornando-o
c) tendo em vista que as normas de proteção aos direi- equivalente às emendas constitucionais:
tos humanos não integram o chamado jus cogens, a
universalidade dos direitos humanos é relativizada, a) Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e
Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
24 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional Degradantes.
público. 7. ed. São Paulo: RT, 2013. b) Protocolo de Assunção sobre Compromisso com
25 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional
a Promoção e a Proteção dos Direitos Humanos do
público. 8. ed. São Paulo: RT, 2014.
26 OLIVEIRA, Bruna Pinotti Garcia; LAZARI, Rafael de... Op. Cit. Mercosul.

12
c) Segundo Protocolo relativo à Convenção de Haia de
1954 para a Proteção de Bens Culturais em Caso de
Conflito Armado.
HORA DE PRATICAR!
d) Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a
Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência 1. (FCC – 2019 – DPE-SP – Defensor Público) Com re-
Visual ou com outras Dificuldades para ter Acesso ao lação às garantias penais e processuais penais no âmbito
Texto Impresso. do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, é cor-
e) Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversi- reto afirmar:
dade das Expressões Culturais.
Resposta: Letra D. O Tratado de Marraqueche para a) o direito de recorrer de sentença criminal a juiz ou tri-
facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas ce- bunal superior tem como exceção os casos de compe-
gas, com deficiência visual ou com outras dificuldades tência originária da Suprema Corte de um Estado, pela
para ter acesso ao texto impresso, que foi assinado impossibilidade prática inerente.
no âmbito da Organização Mundial de Propriedade b) toda prisão, salvo aquela decorrente de ordem judicial
Intelectual, tem agora, oficialmente, o “status” de tra- prévia, enseja o direito da pessoa a ela submetida a
tado internacional de direitos humanos internalizado ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou
na forma do art. 5º, §3º, CF, conforme o Decreto nº outra autoridade autorizada por lei a exercer funções
9.522/2018. judiciais.
Em “a”, o Decreto nº 6.085/2007 promulgou o Proto- c) de acordo com o texto da Convenção Americana de
colo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Ou- Direitos Humanos, toda pessoa acusada de um delito
tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou De- tem direito a que se presuma sua inocência até o trân-
gradantes. Apesar de posterior à inserção do artigo 5º, sito em julgado da sentença penal condenatória.
§3º, CF, não seguiu seu procedimento especial. d) o direito à proteção judicial previsto na Convenção
Em “b”, o Decreto nº 7.225/2010 promulgou o Proto- Americana de Direitos Humanos engloba a proteção
colo de Assunção sobre Compromisso com a Promo- contra violação de direitos previstos na Constituição e
ção e a Proteção dos Direitos Humanos do Mercosul. na lei, além da própria Convenção.
Apesar de posterior à inserção do artigo 5º, §3º, CF, e) o Estado ocupa a posição de garantidor dos direitos
não seguiu seu procedimento especial. humanos de todas as pessoas privadas de liberdade,
Em “c”, o Decreto nº 5.760/2006 promulgou o Segun- salvo daquelas em prisão administrativa decorrente de
do Protocolo relativo à Convenção de Haia de 1954 serviço militar.
para a Proteção de Bens Culturais em Caso de Conflito
Armado. Apesar de posterior à inserção do artigo 5º, 2. (FCC – 2019 – DPE-SP – Defensor Público) No que
§3º, CF, não seguiu seu procedimento especial. concerne à proteção de grupos vulneráveis pelo Direito
Alternativa “e”. O Decreto nº 6.177/2007 promulgou a Internacional dos Direitos Humanos:
Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversi-
dade das Expressões Culturais. Apesar de posterior à a) o Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Cultu-
inserção do artigo 5º, §3º, CF, não seguiu seu procedi- rais, embora proíba expressamente a discriminação
mento especial. baseada em origem nacional, admite que os países
em desenvolvimento determinem em que garantirão
os direitos ali previstos àqueles que não sejam seus
nacionais.
b) a Convenção sobre os Direitos da Criança adota o
princípio de que ambos os pais têm obrigações co-
muns com relação à educação e ao desenvolvimento
da criança, expressamente determinando, nesse senti-
do, que a duração das licenças maternidade e paterni-
dade seja idêntica.
c) a Convenção Internacional sobre a Eliminação de To-
das as Formas de Discriminação Racial proíbe expres-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

samente qualquer tipo de diferenciação ou preferên-


cia baseado em raça, cor ou origem étnica, inclusive
em matéria de emprego e acesso a funções públicas.
d) a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher impõe expressamente
aos Estados a eliminação de todo conceito estereoti-
pado dos papéis masculino e feminino no âmbito do
ensino, a partir da educação secundária.
e) a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pes-
soas com Deficiência garante expressamente o re-
conhecimento da capacidade legal das pessoas com

13
deficiência em igualdade de condições com as demais e) ser realizado em nível internacional independente-
pessoas em todos os aspectos da vida, salvo no que mente de que o Estado tenha a oportunidade de, in-
toca ao exercício de direitos patrimoniais. ternamente, declarar a violação e reparar o dano por
seus próprios meios.
3. (FCC – 2019 – DPE-SP – Defensor Público) Sobre a
Teoria Geral dos Direitos Humanos aplicada à sua pre- 5. (FCC – 2019 – DPE-SP – Defensor Público) Uma co-
visão no plano internacional, considere as assertivas munidade vulnerável sofreu despejo forçado pelo Poder
abaixo. Público, sem alternativa habitacional ou qualquer contra-
partida, mesmo se tratando de ocupação consolidada ao
I. O movimento de proteção a grupos vulneráveis no longo de décadas. Considerando os marcos de compe-
campo do direito internacional dos direitos huma- tência e os standards internacionais de direitos humanos
nos justificou a opção pelo princípio da especialidade aplicáveis após o esgotamento das instâncias nacionais,
para solucionar conflitos entre normas de diferentes pela Defensoria Pública, mediante procedimento conten-
tratados de direitos humanos, ficando o princípio da cioso, é cabível o:
primazia da norma mais favorável como regente dos
conflitos com normas nacionais. a) encaminhamento de Relatório Sombra ao Comitê
II. O princípio da interpretação pro homine pode ser sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da
exemplificado a partir da jurisprudência da Corte In- ONU.
teramericana de Direitos Humanos no sentido da im- b) acionamento da Comissão Interamericana de Direitos
possibilidade de denúncia do reconhecimento de sua Humanos, objetivando a declaração de violação da
jurisdição pelos Estados, diante da ausência de dispo-
Convenção Americana de Direitos Humanos.
sitivo expresso que permita tal retirada.
c) acionamento do Comitê sobre os Direitos Econômicos,
III. O princípio da primazia da norma mais favorável ao
Sociais e Culturais da ONU, objetivando a declaração
indivíduo se revela insuficiente para solucionar con-
de violação do Pacto Internacional sobre os Direitos
flitos entre direitos humanos de indivíduos distintos,
que devem coexistir, abrindo espaço para a incidência Econômicos, Sociais e Culturais.
da análise de proporcionalidade. d) acionamento da Corte Interamericana de Direitos Hu-
IV. O princípio da proibição do retrocesso tem aplicação manos, objetivando a declaração de violação do Pro-
vinculada ao campo dos direitos econômicos, sociais tocolo de San Salvador.
e culturais, diante das peculiaridades de sua forma de e) acionamento da Comissão de Direitos Humanos da
cumprimento, não se relacionando aos direitos civis ONU, objetivando a declaração de violação da Decla-
e políticos, os quais se realizam de maneira imediata. ração Universal dos Direitos Humanos.

Está correto o que se afirma APENAS em: 6. (FCC – 2018 – DPE-MA – Defensor Público) Podem
ser considerados exemplos de direitos humanos de ter-
a) I, II e IV. ceira geração o direito:
b) I e II.
c) II, III e IV. a) à imigração e refúgio, à participação na economia glo-
d) II e III. balizada e à segurança.
e) III e IV. b) ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre
os direitos.
4. (FCC – 2019 – DPE-SP – Defensor Público) O contro- c) à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo.
le de convencionalidade deve: d) à bioética, o direito do consumidor e os direitos
culturais
a) levar em conta a jurisprudência contenciosa da Corte e) ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeter-
Interamericana de Direitos Humanos, desde que de- minação dos povos.
corrente de casos nos quais o Estado tenha sido parte.
b) ser realizado ex officio como função e tarefa de qual- 7. (FCC – 2018 – DPE-MA – Defensor Público) A con-
quer autoridade pública, no marco de suas competên- venção sobre a eliminação de todas as formas de discri-
minação racial:
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

cias, e não apenas por juízes ou tribunais, que sejam


competentes, independentes, imparciais e estabeleci-
dos anteriormente por lei. a) inclui no âmbito da “discriminação racial”, que busca
c) ter como objeto de confronto a normativa infracons- eliminar, aquela baseada em raça, cor, etnia, religião,
titucional dos Estados, ficando a compatibilidade das descendência e origem nacional.
normas constitucionais para solução pelo controle de b) obriga os Estados-Membros a oferecer proteção espe-
constitucionalidade. cial aos grupos étnicos historicamente vitimizados por
d) implicar na supressão das normas confrontadas, cons- discriminação violenta, destinando, se as circunstân-
tatada incompatibilidade com a Convenção America- cias o exigirem, parte de seu território, para assenta-
na de Direitos Humanos. mento seguro e protegido destas populações.

14
c) prevê a criação do Comitê sobre a Eliminação da Dis- d) os Estados Partes discriminarão, em suas normas in-
criminação Racial, cuja jurisdição se limita à análise de ternas, as situações em que a opinião da criança será
relatórios periódicos dos Estados-Membros, vedado, considerada independentemente da opinião de seus
em qualquer caso, o recebimento e o exame de de- pais ou responsável.
núncias enviadas por indivíduos ou grupos de indiví- e) será proporcionada à criança a oportunidade de ser
duos pertencente a algum dos Estados-Membros. ouvida em todo processo administrativo que a afete,
d) obriga os Estados-Membros, em qualquer circuns- quer diretamente quer por intermédio de um repre-
tância, a adotarem ações afirmativas de caráter per- sentante ou órgão apropriado.
manente que assegurem aos grupos historicamente
discriminados, pelo exercício de direitos e privilégios 10. (FCC – 2018 – DPE-AM – Defensor Público – Rea-
distintos, a igualdade no gozo ou exercício de direitos plicação) Acerca da Corte Interamericana de Direitos
humanos e liberdades fundamentais. Humanos, é correto afirmar:
e) não se aplica às distinções, exclusões, restrições e pre-
ferências feitas por um Estado-Membro entre cida- a) a Corte é composta por sete juízes, nacionais dos Es-
dãos e não-cidadãos. tados membros da Organização, os quais são eleitos,
em votação aberta e pelo voto da maioria absoluta
8. (FCC – 2018 – DPE-MA – Defensor Público) Todas as dos Estados-Partes na Convenção, na Assembleia Ge-
pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. ral da Organização, a partir de lista de candidatos su-
São dotadas de razão e consciência e devem agir em re- geridos pelos mesmos Estados.
lação umas às outras com espírito de fraternidade. b) a sentença da Corte é definitiva e inapelável.
Tal afirmação, contida no art. 1° da Declaração Universal c) a Corte configura-se como órgão da Organização dos
dos Direitos Humanos: Estados Americanos (OEA).
d) o quórum para as deliberações da Corte é constituído
a) traduz as influências jusnaturalistas presentes na De- por três juízes.
claração, especialmente a vertente racionalista da es- e) em caso de divergência sobre o sentido ou alcance
cola do direito natural. da sua sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de
b) reproduz herança greco-romana de que os direitos qualquer das partes, desde que o pedido seja apre-
humanos estão fundamentados em um dever de agir sentado dentro de 120 dias a partir da data da notifi-
que decorre da dignidade humana e da liberdade de cação da sentença.
consciência.
c) revela, como concepção de fundo, que liberdade é
dada com o nascimento, mas a igualdade, a dignidade
e a fraternidade são conquistadas historicamente pela
humanidade.
d) incorpora a tradição juscontratualista dos direitos
humanos, cujo pacto originário remonta às assem-
bleias populares da revolução francesa nas quais se
cunhou a tríade axiológica da liberdade, igualdade e
fraternidade.
e) demonstra sua filiação à concepção aristotélico-tomis-
ta de dignidade humana como atributo concedido ao
homem por direito divino.

9. (FCC – 2018 – DPE-AM – Defensor Público – Re-


aplicação) Segundo a Convenção sobre os Direitos da
Criança:

a) toda criança, desde que sua idade e maturidade lhe


DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

permita algum discernimento, tem direito de expres-


sar suas opiniões livremente.
b) incumbe aos pais manifestar e representar a opinião
e o interesse dos filhos nos assuntos que os afetem,
cabendo-lhes, nessa missão, zelar sempre pela preva-
lência do superior interesse da criança.
c) os Estados Partes devem estipular em seus ordena-
mentos internos uma idade a partir da qual a opinião
pessoal e direta da criança poderá ser considerada na
decisão sobre assuntos que a afetem.

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ANOTAÇÕES
GABARITO

1 D ___________________________________________________________
2 A
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3 D
4 B ____________________________________________________________
5 B
6 E ____________________________________________________________
7 A
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8 A
9 E ____________________________________________________________
10 B
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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

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