Resumos

do poder, quer se trate de poder

O Barroco em Portugal teve início em
1580, ano da morte de Luís de Camões,
um dos maiores escritores da língua
portuguesa. Esse período vigorou em
Portugal até 1756. O barraco literário
em Portugal teve como maior
representante o Padre António vieira e
as suas obras “Sermões “escritas em
estilo conceptista. Este estilo floresceu
nas artes (arquitetura, pintura, literatura
e a música) europeias a partir do seculo
XVII.
político, supremacia social ou
intelectual ou forca da verdade
religiosa.
Metamorfose e ostentação – Tempo
de ostentação e de grandeza, de
riqueza, de materiais preciosos:
lembremos a sumptuosidade de
templos e palácios, o abundante recurso
à talha dourada, a profusão estonteante
de ouro, prata e pedras preciosas em
objetos de caracter religioso ou
profano. Também existe gosto da
ostentação, associava-se à outra
característica – o trabalho da
metamorfose, de transfiguração da
r4ealidade de representação artificio9sa
de uma outra realidade, mesmo que
paradoxalmente constituída apenas por
aparências.

Excesso – a cultura barroca tem sido

Barroco – situado entre finais do seculo
também caracterizada pelo gosto do
XVI e meados do seculo (não
excessivo, presente na sobrecarga
rigorosamente delimitáveis, nem
ornamental e decorativa no campo
perfeitamente coincidentes nos
artístico, na expressão hiperbólica em
diversos países em que se manifesta,
literatura.
mas apresentando características
comuns que constituem um sistema Teatralidade – outra característica que
individualizador.
Barroco e retorica – fortemente
marcada pela retórica, arte da
persuasão. O efeito sobre o recetor e
uma das preocupações fundamentais da
arte barroca, veículo da afirmação

De português mais profundamente individualizam a

época barroca e a sua cultura. A
teatralidade do Barroco, ter em vista,
uma conceção do mundo e da vida
como teatro, como jogo de aparências,
como engano e ilusão efémeros.
Sensorialismo – a arte barroca é
profundamente sensorial, faz apelo às
sensações, explora-as com prazer.
Pretende seduzir os sentidos, sobretudo
a visão e por meio dos sentidos falar ao
espírito.
QUEM FOI VIEIRA?
Vieira é um dos maiores pensadores da
Época moderna e o imperador da
língua portuguesa como definiu
Fernando Pessoa. O génio e a vida
aventurosa – frequentemente muito
atribulada (quando não testando os
limites da existência) – a experiência
de cenários extremos desde as inóspitas
regiões do sertão brasileiro e da selva
amazónica até ao luxo das grandes
cortes e dos palácios europeus,
tornaram-no num mestre de vida. A
escrita de vieira não esta ao serviço da
estética (do belo),
mas da ação (da
verdade).
O porque de
escrever o
sermão- O padre
António Vieira deu-nos uma herança
literária vasta e multiforme. Para além
dos cerca dos 200 sermões que lhe
valeram ser considerado o maior orador
sacro em Portugal, escreveu mais de
700 cartas e redigiu ainda diversos
tratados de caracter profético e uma
serie de textos de natureza política e
social. No seculo XVII, o sermão não
foi só o género literário predominante;
foi a base da mais importante
cerimónia social: a pregação – através
dela, a palavra do orador atingia todas
as camadas sociais. Os seus sermões
tinham teses aband0onam o teor
teológico para abraçarem o moral e o
político. Neles espalha-se fielmente a
época conturbada em que viveu o
jesuíta, apegado a uma nação cada vez
mais vulnerável, quer às arremetidas
dos adversários, quer às próprias
tensões internas. Os sermões mais
conhecidos c0ontam-se, de uma forma
mais direta, prendem-se a processos ou
factos históricos específicos.
Três dias antes de se embarcar
ocultamente para o reino, Vieira
pregava em S. Luís do Maranhão
(1654), o Sermão de Santo António
(aos peixes).
Em causa estava a defesa dos Índios do
brasil. O índio, a vítima apetecida dos
colonos que o sujeitavam
impiedosamente a um regime de
escravidão semelhante ao do negro.
Escravos por direito de conquista,
proporcionavam os naturais uma mão
de obra excecionalmente barata e
irresistível à cobiça dos governadores.
A defesa da liberdade do indígena
empreendida pela companhia de Jesus
constituía um evidente obstáculo aos
desígnios do branco ambicioso e cruel,
empenhado apenas em avolumar os
rendimentos com metal reluzente à
custa do sacrifício, da vida de vítimas
indefesas, «peças» indispensáveis de
uma máquina produtora de riqueza. A
reação dos colonos não tardou a fazer-
se sentir. Vieira constrói este sermão,
onde ataca e condena a ação destes,
contraria à sua política missionaria.
Reforma- movimento de cariz
essencialmente religioso, de dissidência
da Igreja Católica, que tinha por
objetivo o retorno a um mais genuíno
enquadramento no espírito evangélico,
a correção dos costumes eclesiásticos, a
repulsa pelo negócio das indulgencias
(perdão das penas pelos pecados
cometidos) e o contacto mais direto
com os ensinamentos da Bíblia,
Martinho Lutero, teólogo alemão
(1483-1546), foi um dos seus
promotores mais notáveis.
Alcácer Quibir- praça marroquina
onde, a 4 de agosto de 1578, decorreu a
batalha em que desapareceu D.
Sebastião. Esse desaparecimento levou
a uma crise dinástica e à perda da
independência nacional com a subida
ao trono português de Filipe II de
Espanha.
Contrarreforma- movimento
doutrinário, intelectual e político, de
combate aos efeitos da Reforma
protestante, levado a cabo pela igreja
Católica com o objetivo de defender os
pontos fundamentais da sua doutrina
contestados por Lutero.
Concilio de Trento- Conselho da
igreja católica (1545-1563) realizado
na cidade italiana de Trento, que, em
reação à Reforma protestante, visou o
reforço da Igreja, com a redefinição da
sua doutrina e das suas regras
disciplinares.
Inquisição ou Tribunal do Santo
Ofício- Tribunal religioso destinado a
combater as heresias e
a controlar as práticas
religiosas, instaurando
em Portugal em 1536.
Sermão- género de
discurso de conteúdo
e intenção religiosa ou moralizante,
cuja primeira forma de comunicação é
oral, podendo embora ser difundido
depois pela escrita. Tomando
habitualmente por tema versículos
(usados para desenvolver o tema) da
Sagrada Escritura- conceito predicável
-, desenvolvem-se, por indução ou
dedução, raciocínios que, uma vez
provados (…), conduzem a uma
conclusão de intenção ilocutiva.
O estilo de Vieira (…) partia
geralmente de textos bíblicos para fazer
realçar as correspondências deles com
as causas que defendia no domínio
social, religioso, moral – conceito
predicável. Esta correspondência nem
sempre era fácil de atestar. Vieira
utilizava todo o seu talento de orador
para a tornar evidente e convincente. A  Confirmação- apresentação dos
argumentação baseava-se argumentos (de autoridade,
essencialmente num raciocino analogias, exemplos, deduções
analógico, que a forma contribuía para induções…)
valorizar. Os objetivos principais da  Peroração-conclusão, com a síntese
arte oratória o de delectare (deleitar o dos ensinamentos a reter.
auditório), tentar influenciar o seu
comportamento, movere (comover o
auditório através de argumentos)
transmitindo um ensinamento (docere).
É preciso convencer através do
exemplo, as pinturas existentes na
igreja como num teatro.

A arte de pregar, a parenética, é uma

arte de sedução emocional e intelectual
(delectare) cujo objetivo é consolidar o
doutrinamento da população,
aperfeiçoamento assim o trabalho da
catequese (docere). A amplificatio –
desenvolvimento de um assunto, com
apresentação das suas
particularidades - é um dos processos-
chave, com os seus exemplos as suas
citações das Escrituras e dos padres da
Igreja.

ESTRUTURA INTERNA DO
SERMÃO
 Exordio- Introdução ao tema, com
solicitação da ajuda divina e
procurando, desde logo, cativar a
atenção e o interesse do auditório.
 Exposição- explicitação do assunto
e da estrutura do sermão, com
identificação dos seus diferentes
momentos.
 Sermão de Santo António: visão Pregado no dia 13 de julho, no dia de
global e estrutura argumentativa Santo António

Estrutura Estrutura
Assunto
externa interna
 Apresentação do c0onceito predicável: «Vos estis sal
terrae». Exórdio
Capítulo I  Identificação e exploração metafórica do tema.
 Elogio e imitação de santo António.
 Invocação à Virgem Maria (senhora do mar)
 Explicitação da estrutura do sermão e dos seus dois
momentos: Exposição
Capítulo  Louvar o bem; louvores aos peixes
 Repreender o mal; repreensões aos peixes
II
 Louvores aos peixes, em geral.

 Louvores aos peixes, em Louvores aos

Capítulo particular: peixes
- Peixe Tobias - torpedo
III -Rémora -quatro-olhos Confirmaçã
 Repreensões aos peixes, em
o
Capítulo geral.

IV Repreensões aos
 Repreensões aos peixes, em peixes
Capítulo particular:
- Roncadores -Voadores
V - Pegadores -Polvo
 Elogio final aos peixes.
Capítulo  Apelo aos peixes para que louvem a deus; porque Peroração
permite a sua existência nas condições descritas pelo
VI pregador