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Admin,+08 Amodernidadeesquecida
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A MODERNIDADE ESQUECIDA:
O art déco em Curitiba
Marcelo Saldanha Sutil1
Pragmatismo esse que reforça o espírito modernizador A estética disseminou-se ainda por teatros, cinemas,
nas cidades brasileiras do período, e amplia a importância indústrias e pavilhões de exposições. Ao ser adotado
dessas diversas manifestações. em linhas mais simplificadas, também conquistou adep-
Por art déco compreender-se-ia boa parte das tos e popularizou-se em modestas moradias, boa parte
novidades da arquitetura (e do design) realizadas entre delas construída no alinhamento predial, em respeito à
as décadas de 1920 e 1940, inclusive as de tendência legislação em vigor que mantinha resquícios do orde-
racionalista, uma vez que se generalizou uma única namento colonial. Demonstração de que a arquitetura
denominação para a produção do período. Modernos da popular se apropria de elementos presentes no coti-
ocasião, entretanto, desconheciam a expressão, cunhada diano, transformando-os em signos que permitem uma
em 1966, durante a exposição Les Années 25, montada atualização com a estética vigente. De certa maneira,
no Museu de Artes Decorativas em Paris. o art déco correspondeu ao apelo popular com uma
Foi, entretanto, uma modernidade esquecida – e arquitetura de baixo custo e com formas e elementos
Curitiba é um bom exemplo dessa “falha” da memória simples de reproduzir.
da Arquitetura. Como nos demais centros urbanos, o Como estilo oficial e disseminado entre a população,
art déco e o racionalismo também encamparam o ima- teve a sua consagração reforçada pelo seu reiterado uso
ginário da cidade como signos do moderno, assumidos em grandes exposições transitórias organizadas por
pela municipalidade como expressão de progresso e todas as esferas do governo (Segawa, 1998, p. 62). No
do novo. Não obstante a cidade ter passado por um início da década de 1940, Curitiba comemorou datas
decréscimo no número de construções, devido à ins- festivas em duas grandes feiras exposições carregadas
tabilidade econômica do país nos anos de 1930 e os da estética. A primeira delas foi inaugurada por Getúlio
prenúncios da grande guerra, o déco, dentro de toda Vargas em 29 de março de 1942; a segunda, chamada
a amplitude que o termo abrigava, firmou-se como de internacional por conta dos pavilhões do Uruguai,
um conceito de modernidade para obras públicas, República Dominicana, Polônia e de empresas norte-
residências e os primeiros grandes edifícios a pontuar -americanas, foi aberta um ano depois em comemoração
na paisagem. ao 250º aniversário da cidade.A concepção dos pavilhões