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São Luís
2023
TARCÍSIO VIEIRA LISBOA ARAÚJO
São Luís
2023
Segundo notícia do site O Globo, o Ministério Público do Rio de Janeiro
denunciou, em Junho de 2023, quatorze pessoas por fraude em licitações e contratos
públicos, o que totalizou R$ 160 milhões de reais em prejuízo aos cofres públicos. Essa
lamentável notícia é apenas um exemplo dentre vários casos de irregularidades em
contratações públicas no Brasil. Logo, vê-se que essa é uma área que exige extrema
atenção não só pelo Poder Público como também por todos aqueles estão envolvidos no
processo licitatório, tendo em vista ser um campo de atuação no qual há grande
movimentação de recursos públicos.
Nesse contexto, é importante que haja uma legislação para regular todo o processo
das contratações públicas, a fim de evitar fraudes e garantir uma disputa justa entre os
concorrentes. Sabendo disso, o Legislativo brasileiro, mais especificamente o Congresso
Nacional, editou em 2021 a Lei 14.133, com o objetivo de regular as licitações e contratos
administrativos em nível nacional. Essa norma, apesar de ter sido promulgada para
revogar a Lei 8.666/1993, estabeleceu um prazo de dois anos para que essa revogação
fosse efetivada. O termo final desse período se encerraria em Abril do atual ano (2023),
porém foi editada uma Medida Provisória que prorrogou a vigência da “antiga” lei de
licitações até Dezembro desse ano. Portanto, tendo em vista que as duas normas estão
vigentes, torna-se oportuno destacar as diferenças entre algumas de suas previsões,
dando-se especial atenção àquilo que diz respeito a obras e engenharia.
A primeira distinção a ser tratada serão as modalidades de licitação, que foram
bastante modificadas entre uma lei e outra. Nesse diapasão, menciona-se que uma das
principais alterações foram as hipóteses de aplicação de cada modalidade, pois a antiga
lei estabelecia como um de seus critérios-base o valor do objeto da licitação, em outras
palavras, a Lei 8.666/93 analisava o valor do objeto a ser licitado e, com isso, indicava
qual a modalidade deveria ser aplicada. A nova lei, por outro lado, preconiza que deve-se
analisar a natureza do objeto a ser licitado, e não o valor, ou seja, deve-se verificar se o
objeto é simples, complexo ou de caráter artístico, por exemplo, e com isso indicar qual
modalidade de licitação é indicada. É evidente que existem outros critérios para a
aplicação da modalidade adequada a cada situação, mas, de forma geral, essa distinção
apresentada é o principal.
A priori, será apresentado um quadro resumo com o objetivo de sistematizar as
diferenças entre as modalidades nos dois normativos.
Figura 1: modalidades de licitações nas duas leis
14.133/2021 Concorrência
Obras e serviços comuns e
especiais de engenharia
Outra modalidade mencionada na antiga lei de licitação que não foi prevista na lei
14.133/21 foi o convite, o qual caracteriza-se pelos diminutos valores, como observa-se
no esquema abaixo.
Figura 5: Convite
Além desses regimes, há também a contratação por tarefa, utilizada para pequenas
contratações. A literalidade da nova lei de licitações diz que é o regime de contratação de
mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
materiais.
Agora inicia-se os regimes que não eram previstos na antiga legislação, a começar
pela contratação integral. Nesse regime de execução, o licitante vencedor elabora não só
o projeto básico como também o projeto executivo, o que caracteriza uma exceção à regra,
já que, geralmente, é a administração quem elabora o projeto básico. Nessa toada, mostra-
se pertinente já definir a contratação semi-integrada, pois é bastante semelhante à
contratação integrada, diferindo apenas no fato de que na contratação semi-integrada é a
Administração Pública quem elabora o Projeto Básico.
Para finalizar os regimes de execução, menciona-se o fornecimento e prestação de
serviço associado, que, de acordo com a nova lei de licitações, é o regime de contratação
em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua operação,
manutenção ou ambas, por tempo determinado.
Por fim, será tratado a diferença das previsões dos projetos básico e executivo nos
dois normativos analisados nesse trabalho. A priori, vale ressaltar que não houve grandes
alterações conceituais nessas duas peças técnicas, mas tão somente nos itens do projeto
básico. Nesse contexto, a inteligência da lei 14.133/21 prevê que o projeto básico é,
basicamente, o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado para definir e dimensionar o objeto da licitação, ou seja, no contexto da
engenharia, essa é a peça técnica que vai definir toda a obra, suas soluções e as técnicas
a serem utilizadas. A seguir serão apresentados os itens previstos na nova lei que não
eram previstos anteriormente: levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e
ensaios geotécnicos, ensaios e análises laboratoriais, estudos socioambientais e demais
dados e levantamentos necessários para execução da solução escolhida. Ademais,
destaca-se que, segundo a Lei 14.133, o orçamento detalhado do custo global da obra é
obrigatório exclusivamente para os regimes de empreitada por preço unitário, empreitada
por preço global, empreitada integral, contratação por tarefa e fornecimento e prestação
de serviço associado.
O projeto executivo, por outro lado, não apresentou mudanças conceituais
relevantes nem nos itens previstos nessa peça técnica. Desse modo, será apresentado a
literalidade da nova lei de licitações e, logo em seguida, serão feitos comentários pontuais:
14.133