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História geral: proporciona uma visão dos diferentes aspetos do direito de cada época,
uma apreciação geral dos sistemas jurídicos que se foram sucedendo
Cúria: A cúria era um órgão auxiliar do Rei de caráter iminentemente político e que se
reunia sob a presidência do monarca.
-Foral: Era um diploma concedido pelo Rei, por um senhor laico ou uma instituição
eclesiástica (mosteiro, ordem, etc.), a uma determinada terra, e que continha normas
que regulavam as relações dos habitantes com a entidade que outorgava o foral e
ainda as relações dos habitantes entre si.
-Costume
Leis gerais dos primeiros monarcas: os primeiros monarcas pt não tiveram uma
atividade legislativa abundante porque a sua atenção e esforços estavam voltados para
a conquista territorial
Em termos jurídicos, o senhorio ficava com o domínio direto do prédio, o que lhe dava o
direito de receber o foro.
Já o agricultor, designado “foreiro” ou “enfiteuta”, ficava com o domínio útil do prédio, o
que lhe acarretava o encargo de pagar o foro, mas permitindo-lhe explorar o terreno
Esta divisão entre domínio direto e domínio útil do prédio não era uma divisão física –
o prédio não era materialmente dividido –, era sim uma divisão de natureza jurídica em
que o domínio pleno se desmembrava em dois: o domínio direto e o domínio útil.
Portanto, isto era uma divisão da propriedade.
O enfiteuta podia transmitir o domínio útil a uma terceira pessoa que se tornava o
novo enfiteuta com os direitos e obrigações do enfiteuta anterior.
Perante esta hipótese de transferência do domínio útil para um terceiro, o senhorio
tinha à sua disposição em alternativa um de dois direitos: o direito de preferência ou o
direito ao laudémio:
DIREITO DE PREFERENCIA: senhorio podia ele próprio adquirir o domínio útil, pagando
ao enfiteuta a mesma quantia que o terceiro lhe pagaria e, assim, o domínio direto e o
domínio útil voltavam a reunir-se e havia novamente um domínio pleno.
- complantação:
No final desse prazo, as partes dividiam entre si o prédio, geralmente em partes iguais.
Aqui sim existe uma divisão material/física do prédio entre os contraentes.
É fácil ver que ambas as partes ficavam beneficiados com o contrato, pois o
proprietário, ficando com apenas metade do terreno, passava a ter uma terra
fertilizada e a produzir, quando antes tinha um prédio baldio. Já o agricultor, devido ao
seu trabalho e investimento, conseguia tornar-se proprietário.
Contratos de crédito
-Compra e venda:
-Penhor imobiliário: apesar de ter um prédio como objeto, o que se visa aqui é a
concessão de crédito/financiamento. Através do penhor imobiliário, uma pessoa
recebia de outra uma quantia de dinheiro e, em contrapartida, cedia-lhe um prédio. O
prédio só era restituído após o pagamento da dívida e a pessoa que ficava com ele ia
disfrutando, podendo esse disfrute ir amortizando a dívida. Isto significa que o
contrato de penhor imobiliário tinha funções de garantia das obrigações, mas também
podia ter a finalidade de satisfação do crédito.
Fatores religiosos- a fé crista era comum a todos os povos europeus, o que facilitava o
surgimento de uma civilização com valores comuns e com uma base jurídica comum.
Fatores económicos: verificou-se nesta época uma grande expansão económica, com o
aumento da população, o êxodo rural (ida do campo para a cidade) e uma crescente
economia citadina. Tudo isto criou problemas e desafios mais complexos, e para a sua
resolução naturalmente recorreu-se a um Direito mais elaborado e desenvolvido como
o que estava no Corpus Iuris Civilis.
Fatores culturais- também se assiste nesta época a um progresso geral da cultura e o
Direito, como faz parte da cultura, foi influenciado por isso, começando-se a estudar
um sistema jurídico mais avançado e erudito como era o Direito Romano Justinianeu.
Instrumento de trabalho:
Era a glosa: uma pequena interpretação textual do corpus iuris civilis
Método de trabalho:
o seu método era essencialmente analítico, exegético e casuístico; mas alguns dos seus
juristas utilizaram já o raciocínio lógico para irem além da letra do Corpus Iuris Civilis,
buscando o espírito dos seus preceitos.
Distinctiones – análise dos vários aspetos em que um tema jurídico podia ser
decomposto;
Instrumento de trabalho:
Método utilizado:
O direito comum
A partir de D. Afonso III, o poder do monarca fortalece-se, o que dá origem a uma
centralização da produção jurídica e uma unificação do sistema jurídico
Os monarcas vão legislar com muito mais abundância e a lei passa a ser vista como um
produto da sua vontade, ao que não são alheias as conceções do Direito Romano que
começavam a chegar a Portugal.
Resoluções régias:
Tratava-se de providências de natureza legislativa tomadas pelo Rei em Cortes –
assembleias consultivas que o Rei convocava para ouvir o parecer do clero, da nobreza
e (a partir das Cortes de Leiria, de 1254) dos procuradores dos concelhos, em matéria
de governação –, em resposta a solicitações ou queixas («agravamentos») dos
representantes das três classes sociais.
O costume:
Os forais:
Os monarcas produziam cada vez mais diplomas e, dada a sua dispersão, tornava-se
necessária a sua compilação. Assim, surgiram duas coletâneas de leis do reino, ainda
antes das ordenações afonsinas, mas tratou-se de coletâneas privadas, ou seja, não
tiveram promulgação oficial. São estas:
Trata-se de uma compilação de leis do reino organizada nos finais do século XIV
e inícios do século XV (é a coletânea mais antiga)
Limitou-se a reunir os diplomas legislativos sem qualquer organização
sistemática.
Verificam-se até repetições de diplomas com diferenças significativas.
Contém preceitos de D. Afonso II, D. Afonso III, D. Dinis e D. Afonso IV, além de
uma lei, posteriormente acrescentada, do Infante D. Pedro, que se tem
identificado com o futuro D. Pedro I.
As ordenações de D. Duarte:
Esta coletânea de leis do reino designa-se assim porque pertenceu à biblioteca do rei
D. Duarte, tendo o próprio rei feito um índice e um discurso sobre as virtudes do bom
julgador, que foram acrescentados à compilação. É uma coletânea muito mais perfeita
do que o Livro das Leis e Posturas, pois, além de ter mais diplomas, já são raras as
repetições.
Ordenações afonsinas
Como a coletânea foi publicada em nome do rei D. Afonso V, ficou conhecida como
Ordenações Afonsinas. Finalmente Portugal apresenta uma coletânea legislativa (base
fundamental do Direito Português).
Fontes utilizadas:
leis gerais
resoluções régias
concórdias e concordatas
costumes
jurisprudência dos tribunais superiores
normas das “Siete partidas” (já anteriormente aplicadas em Portugal como Direito
subsidiário em tribunais)
textos de Direito romano e de Direito canónico.
Técnica legislativa:
Ordenações manuelinas
Elaboração:
Motivos da reforma:
Sistematização e conteúdo:
Técnica legislativa:
Ordenações filipinas
Elaboração:
Motivos:
Filipe I era rei de Espanha e, como tal, estas ordenações foram uma jogada política
para apaziguar o povo português, uma forma de mostrar que Portugal não estava a
perder a sua autonomia.
Não houve uma perda de Independência por parte de Portugal, mas sim uma
unificação com o reino de Castela. D. Filipe I apenas atualizou as ordenações
manuelinas de acordo com o Direito Português, respeitando as instituições
jurídicas nacionais.
Sistematização e conteúdo:
A matéria do direito subsidiário passou do livro II para o livro III, o que como
veremos teve uma intenção política;
Pela primeira vez foi regulado o direito da nacionalidade, isto é, o conjunto de
normas que determina quem é português e, portanto, há critérios.
As cartas de lei: as cartas de lei começavam pelo nome próprio do Rei e surgia na
assinatura a expressão “el Rei”. Era através das cartas de lei que eram promulgadas as
disposições que deveriam vigorar mais de um ano;
Os alvarás: começavam pela expressão “Eu El Rei” e na assinatura surgia apenas “Rei”.
Os alvarás destinavam-se a promulgar normas que vigorassem menos de um ano.
B. Estilos da corte
C. O costume
Para vigorar como fonte de direito pátrio, o costume tinha de obedecer a dois
requisitos:
Na falta de Direito nacional, isto é, lei, estilos da corte e costume, caberia utilizar as
seguintes fontes de Direito pela ordem indicada:
Os forais foram-se desatualizando, o que fez com que surgissem alguns problemas:
Parte do conteúdo dos forais foi sendo revogado pela legislação geral do país;
Mesmo as normas ainda vigentes nos forais tinham muitas vezes ficado
obsoletas pois referiam-se a pesos, moedas e medidas que já não tinham uso;
Ao longo do tempo, tinham sido tomadas providências para atualizar as
prestações que, à luz dos forais, eram devidas pelas populações aos senhores, o
que gerou incertezas e arbitrariedades;
Muitos forais encontravam-se em estado de degradação física, não oferecendo
garantias de autenticidade e sendo difícil a sua consulta.
Desde a segunda metade do século XVIII até aos começos do século XIX,
fixando-se como limite o ano de 1820 quando se deu a Revolução Liberal;
é marcada pelas correntes doutrinais do direito natural racionalista e do
iluminismo.
partida para uma conceção de direito natural que já não se baseia em Deus, mas sim
numa ordem jurídica superior a partir da qual se avalia o direito positivo – deixa de ser
de natureza divina para se fundar na razão do homem.
Segundo esta conceção, tal como as leis do mundo físico, também as normas que
disciplinam a vida social são inerentes à própria natureza e, por isso, o homem através
da sua observação e da sua capacidade de entendimento e raciocínio conseguia
alcançá-las sem o recurso a fundamentos religiosos.
O usus modernus era uma escola de estudo dogmático do direito romano e que o
pretendia aplicar à vida prática. Já o jusracionalismo era um movimento de
especulação filosófica.
Outro ponto que marcou o usus modernus foi a importância que deu ao direito pátrio
e ao seu estudo.
1.4 o iluminismo
As ciências do espírito vão ser organizadas num sistema idêntico ao das ciências
naturais. É, portanto, uma conceção baseada na razão do homem, entendido este
como indivíduo portador de uma razão subjetiva e critica. Não admira assim que, para
o Iluminismo, o Direito e o Estado assentem numa ideia individualista e liberal.
Surgem, portanto, os direitos originários e naturais de cada individuo dando origem
aos direitos fundamentais.
1.5 humanitarismo
Conteúdo do Direito penal: defende-se que o Direito penal devia estar completamente
desvinculado de questões religiosas, servindo apenas para tutelar os interesses gerais
necessários à vida coletiva. É por influência do humanitarismo que desaparecem mais
tarde os crimes puramente religiosos.
Fim das penas: a pena criminal deixa de ser vista como um castigo e passa a ser
entendida como um meio de evitar futuras violações da lei criminal.
Respeito pela dignidade humana: a finalidade preventiva do Direito penal tinha como
limites intransponíveis a justiça e a dignidade do homem. Assim, a pena tinha de ser
justa, exigindo-se uma proporcionalidade entre a gravidade do delito e a pena
aplicável ao delinquente
Direito pátrio:
Quanto aos estilos da corte: Só valeriam como fonte de direito quando fossem
aprovados por assento da Casa da Suplicação. Isto significa que os atilhos da
corte perderam a sua eficácia autónoma, como fonte de Direito Pátrio.
Quanto aos assentos: A lei da boa razão veio esclarecer que só os assentos da
Casa da Suplicação tinham autoridade. Os assentos proferidos anteriormente
pelos tribunais da relação só teriam valor normativo, quando o fossem
conformados pela própria Casa da Suplicação.
Quanto ao costume: A lei da boa razão estabeleceu que, para ser fonte de
Direito Pátrio, o costume devia obedecer a 3 requisitos:
Ser conforme à boa razão
Não contrariar a lei
Ter mais de 100 anos de existência
Direito subsidiário:
Quanto ao direito romano: Com a Lei da Boa Razão, os preceitos romanos passavam a
só ser aplicáveis subsidiariamente quando estivessem de acordo com a “boa razão
Quanto ao direito canónico: A Lei da Boa Razão afastou o Direito Canónico como fonte
subsidiaria; a sua aplicação passava a estar limitada aos tribunais eclesiásticos. Esta
laicização é considerada como nitidamente proveniente da herança iluminista.