Você está na página 1de 34

Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Curso introdutório para


Agentes Comunitários
de Saúde – SMS/Cametá
HISTÓRIA DA SAÚDE
PÚBLICA NO MUNDO E
NO BRASIL
Jonatas Bezerra Tavares
Enfermeiro sanitarista
Coordenador da Rede Mun. de Urgência e Emergência
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA


• A Saúde na antiguidade: Pensamento mágico-religioso /
empírico-racional
• Idade Média: Domínio da Igreja Católica / medicina árabe
• Idade moderna: biologia científica – patologia celular,
bacteriologia, pesquisa experimental
• Teoria dos miasmas (Virchow) /Teoria biológica/microbiológica
(Pasteur, Koch) – Modelo biomédico
• Início do século XX - O preventivismo
• 1940 – Medicina Social e Determinantes sociais da saúde
• Crítica ao modelo biomédico e hospitalocêntrico
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Sugestões:

Documentário – Políticas de Saúde no Brasil: Um século de luta pelo direito à saúde


https://www.youtube.com/watch?v=YmUsYSpi-GQ

Vídeo – A história da saúde pública no Brasil: 500 anos na busca de soluções


https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL


Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA

• O conceito de saúde reflete a conjuntura social,


econômica, política e cultural - depende da época, do lugar,
de concepções científicas, religiosas, filosóficas

• O conceito de saúde é uma construção social e histórica:


acompanha uma grande e significativa evolução na História
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Determinantes sociais processo saúde/doença


• O conceito de determinantes sociais de saúde surgiu a partir de uma série de
estudos publicados nos anos 70 e no início dos anos 80, que destacavam as
limitações das intervenções sobre a saúde, quando orientadas pelo risco de doença
nos indivíduos.
• Um movimento "contrário à correnteza”, no que diz respeito tanto aos
fatores de risco individuais quanto a padrões e modelos sociais que moldam
achances das pessoas serem saudáveis.
• Um ponto comum a essas críticas foi o argumento de a atenção médica não ser
o principal fator de auxílio à saúde das pessoas. Pelo contrário, o conceito de DSS
está ligado aos "fatores que ajudam as pessoas a ficarem saudáveis, ao invés do
auxílio que as pessoas obterão quando ficarem doentes".
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Determinantes sociais processo saúde/doença

(CAMPOS, 2012)
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Determinantes sociais processo saúde/doença

Dahlgren e Whitehead,
1991 in BUSS, 2007.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?

IBGE, 2021.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?

DATASUS, 2021.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?


Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?

DATASUS, 2021.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?

DATASUS, 2021.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Quais os determinantes sociais mais evidentes em nossa realidade?

DATASUS,
2021.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Brasil: situação de Saúde - problemas e necessidades


1. A persistência das doenças crônicas transmissíveis como a TB e a
Hanseníase e o grande impacto das doenças emergentes e reemergentes
como a Influenza e a Dengue
2. O aumento das prevalências dos fatores de risco na população geral e
nos adolescentes
3. O rápido envelhecimento populacional
4. O grande aumento da carga das doenças crônicas não transmissíveis e a
evolução ascendente da Obesidade e do Diabetes
5. A grande carga dos acidentes, com destaque para as lesões e mortes
causadas pelo trânsito. Uma situação que se agrava com o crescimento
econômico
6. A violência interpessoal persiste como grande responsável pela carga de
mortalidade nas causas externas
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE

SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE

Concepção, legislação estruturante, diretrizes,


princípios e Organização
Operacional
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

CONCEPÇÃO DO SUS
O Movimento da Reforma Sanitária teve por objetivo impulsionar ampla reforma no setor de
saúde e deu origem às propostas para a criação do SUS.

A Reforma Sanitária emergiu da sociedade e conta com o apoio de universitários, intelectuais da área
de Saúde Coletiva, profissionais de saúde, entre outros.

Eram propostas do movimento:


• Reformulação política – saúde como direito de todos
• Reformulação do setor de saúde – serviços de saúde em todos os níveis assistenciais além
da mudança do paradigma sanitário
• Ideológica – reforma sob os pressupostos de Medicina Preventiva e Social e conceito de saúde
• Reformulação social – saúde como direito social
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

O ponto forte do MRS culminou com a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada
em 1986, que serviu para incorporação dos princípios e diretrizes do SUS na Constituição
Federal de 1988.

Os temas da conferência eram: saúde como direito, reformulação do Sistema Nacional de


Saúde e financiamento do setor.

Os principais pontos discutidos foram:


• Saúde como direito de todos e dever do Estado;
• Equidade e integralidade das ações de saúde;
• Separação da Saúde da Previdência;
• Sistema público com comando único;
• Conceito abrangente de saúde;
• Política de financiamento do setor saúde.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


Em outubro 1988, foi promulgada a Constituição Federal, que aprovava a criação
do SUS incorporado das propostas das emendas populares do Movimento da
Reforma Sanitária, acompanhadas da participação dos seguimentos
interessados.
A separação da saúde e da previdência é determinada pelo Art. 194:

“A seguridade social compreende um


conjunto de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência social e a
assistência social”.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Art. 196 – “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação”.

“São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


Art. 197 – cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.”
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Art. 198 – “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I.– descentralização;
II.- atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III.- participação da comunidade”.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

“A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


Art. 199 – § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do
sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções
às instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais
estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção
de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e
tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.”
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Art. 200 – “Ao sistema único de saúde compete, além de


outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a
saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e outros insumos;
II- executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde
do trabalhador;
III.- ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV.- participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento
básico;
V.- incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a
inovação;
VI.- fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII.- participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII.- colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios do SUS
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios Doutrinários

Universalidade
Reconhecimento da saúde como um direito fundamental do ser humano,
cabendo ao Estado garantir as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício e o acesso a atenção e assistência à saúde em todos os níveis de
complexidade.

Equidade
Diz respeito à necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais”
igualando as oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento
pessoal e social entre os membros de uma dada sociedade. Apesar de
todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais
e, por isso, têm necessidades distintas.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios Doutrinários
Integralidade

Considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para


isso, é importante a integração de ações de:

Promoção da saúde;
Prevenção/Proteção de riscos e
agravos; Recuperação/Tratamento a
doentes.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios Organizativos

Descentralização
Implica na transferência de poder de decisão sobre a política de saúde
do nível federal (MS) para os estados (SES) e municípios (SMS). Esta
transferência ocorre a partir da redefinição das funções e
responsabilidades de cada nível de governo com relação à condução
político- administrativa do sistema de saúde em seu respectivo território
(nacional, estadual, municipal), com a transferência, concomitante, de
recursos financeiros, humanos e materiais para o controle das
instâncias governamentais correspondentes.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios Organizativos
Hierarquização e Regionalização

Os serviços devem ser organizados em níveis de


complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica
delimitada e com a definição da população a ser atendida.
Regionalização: constituição de regiões de saúde considerando as características
semelhantes, e também considerando a rede de atenção à saúde, características
populacionais, situação de saúde, indicadores e outros fatores objetivando a melhor
gestão do sistema e favorecendo ações mais localizadas para minimizar os
problemas da comunidade.
Hierarquização: estabelece a organização da rede de atenção à saúde em serviços
de níveis de complexidade: atenção primária, atenção secundária e atenção terciária
de saúde.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Princípios Organizativos
Participação Social

É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades


representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do
controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local.

Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde.


Além do dever das instituições oferecerem as informações e conhecimentos
necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem
respeito à sua saúde.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Lei 8.080/90
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá
Lei 8.080/90
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.

Pode ser descrita por um conjunto de ações e serviços públicos de saúde;


Materializa o SUS (junto com a Lei nº 8.142/90), possibilitando sua operacionalização
ao definir as atribuições de cada esfera do governo (União, Estados e Municípios);
O dever do Estado não exclui a responsabilidade das pessoas, da família, das
empresas e da sociedade. A saúde tem como determinantes e condicionantes a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, a atividade física, o transporte, o lazer, o acesso aos bens e serviços
essenciais, dentre outros.
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

DÚVIDAS?
Curso introdutório para Agentes Comunitários de Saúde – SMS/Cametá

Referências
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São
Paulo: Martinari, 2011.
COTTA, R. M. M. et al. Prática sanitária, processo saúde-doença-adecimento e paradigmas de saúde. In:
Políticas de Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p. 15-42.
COTTA, R. M. M. et al. Políticas de Saúde no Brasil e o desenho do sistema nacional de saúde. In: Políticas
de Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p. 87-119.
COTTA, R. M. M. et al. Sistema Único de Saúde: Antecedentes históriicos, princípios, diretrizes, legislação
estruturante, arcabouço jurídico institucional e organização operacional. In: Políticas de Saúde: desenhos,
modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p. 87-119.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 8ª Conferência Nacional de Saúde: relatório final. 1986.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília. 1990.
PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: historia avanços e desafios. 2011. Série Saúde no Brasil, v. 1,
2012.
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Reforma sanitária e a criação do Sistema Único
de Saúde: notas sobre contextos e autores. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 21, n. 1, p. 15-36,
2014.
TEIXEIRA, Carmen. Os princípios do sistema único de saúde. Texto de apoio elaborado para subsidiar o
debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador, Bahia, 2011.

Você também pode gostar