Você está na página 1de 1

CASO 2

CUMPRIMENTOS

RESUMO DO CASO
Carlos Daniel Bracho era policial (soldado) antes dos Camisas-Púrpuras
chegarem ao poder. Se tornou soldado ainda no contexto de um regime
pacífico, constitucional e democrático. Permaneceu como soldado durante
quase todo o período de governo dos Camisas-Púrpuras. Quando via pessoas
nas ruas cometendo os fatos definidos como crime pelo regime, realizava a
prisão dos “criminosos”. Tais pessoas foram torturadas, mantidas presas ou
mortas. Ao final do governo foi promovido a Cabo. Antes do governo dos
Camisas-Púrpuras jamais sofreu qualquer reclamação no âmbito da
corregedoria. Veronica Soriano, 2 (dois) meses após o fim do fim do governo
dos Camisas Púrpuras divorciou-se de Carlos Daniel. Ambos permaneceram
casados durante todo o governo dos Camisas-Púrpuras. Veronica e Carlos
Daniel tiveram dois filhos, Lisette e Carlos Filho. Com o fim do casamento a
guarda das crianças ficou com Veronica. Dentre os soldados diretamente
subordinados a Carlos Daniel tem-se o boato de que Veronica vivenciava um
relacionamento abusivo. Todavia, jamais existiram denuncias formais de
Veronica contra Carlos Daniel. O divórcio foi litigioso, pois Carlos Daniel
desejava permanecer com o relacionamento. Em suas folgas Carlos Daniel é
voluntário no Hospital de Câncer. Há 6 (seis) anos é voluntário em uma
associação que presta serviços voluntários para crianças e adolescentes
vítimas de abuso sexual. O julgamento de Carlos Daniel Bracho acontece 5
(cinco) anos após o fim do governo dos Camisas-Púrpuras.

ARGUMENTOS FILOSÓFICOS
Quando se afirmar que o direito é algo que não se relaciona ao tempo, mas
tem um valor intrínseco, ele se relaciona a Platão. Quando se afirma que o
direito é dependente do contexto e muda com circunstância, se relaciona com
Aristóteles. Porém, para Hans Kelsen, ”a preocupação com o que é justo e o
que é injusto, discutir sobre a justiça é tarefa da ética, ciência que não se
preocupa com as normas jurídicas, mas com o certo e o errado, o justo e o
injusto”. De acordo com esse princípio positivista de Kelsen, pode-se dizer
que os responsáveis que deveriam ser punidos são os Camisas Púrpuras,
pois descumpriam as determinações estabelecidas pelo regime vigente,
mesmo considerando que elas não eram morais e nem justas. Criam normas
jurídicas com força retroativa, para punir, não é moral e não é justo. Por isso é
complicado acusar ou absolver qualquer um dos dois devido às circunstâncias
vivenciadas naquele período de governo, onde lutavam por seus direitos,
apesar de tolhidos em sua liberdade de se conduzir dentro da moral e da
justiça.

Você também pode gostar