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Idadismo – Termo ageism em inglês, surgiu em 1969 pelo psicólogo Robert Butler quando o
mesmo procurava dar resposta às reações negativas que surgiram por parte de uma
comunidade à construção de um empreendimento imobiliário para pessoas idosas. Butler
conclui-o que o fator principal que levava a este comportamento dizia respeito às idades
avançadas dos futuros inquilinos daquela comunidade, entendendo que tal empreendimento
poderia desvalorizar o valor e prestígio da vizinhança. PAG 17 E 18.
Além disso, é importante perceber que o Idadismo não pode ser definido apenas de modo
individual, mas essencialmente, ao nível institucional e cultural.
Além das formas mais flagrantes de abuso e de maus-tratos, existem outros modos de
Idadismo mais subtis, sobre as quais não pensamos normalmente. Muitas vezes,
comportamentos de ajuda excessiva e de sobre proteção das pessoas mais velhas, embora
bem-intencionadas, podem ser idadistas e prejudiciais porque tendem a promover a
incapacidade e a dependência. PAG 20.
É fundamental compreender o Idadismo porque este tipo de atitude atenta contra direitos
humanos fundamentais. O artigo 21º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
reconhece a discriminação com base na idade como uma violação de direitos fundamentais:
A origem do Idadismo
Todos os autores que estudam esta temática concordam que o Idadismo em relação às pessoas
mais velhas tem uma origem multifacetada. Este tipo de atitudes depende de um conjunto de
fatores que parecem interagir e que determinam o modo como encaramos o envelhecimento e
as pessoas idosas. PAG 36.
Em termos gerais, podemos pensar no Idadismo como sendo influenciado por três aspetos
essenciais: o processo de categorização por idades; a inatividade das pessoas idosas e a
perceção de ameaça dos gastos com o envelhecimento; e o predomínio da cultura da
juventude. PAG 36.
A inatividade das pessoas idosas e a perceção de ameaça dos gastos com o envelhecimento –
É importante que comecemos por estabelecer que o Idadismo não é algo exclusivo das nossas
sociedades contemporâneas. Já desde o tempo de Grécia Antiga, os textos de Cícero
demonstram que o estatuto social das pessoas idosas estava muito dependente da sua
condição socioeconómica. Apesar de existirem alguns anciãos que eram reverenciados como
sábios, a velhice era vista geralmente como um período de declínio e perda. “Cícero aponta
quatro razões possíveis para detestarmos a velhice, a saber: 1) o afastamento da vida ativa; 2)
o enfraquecimento do corpo; 3) a privação dos melhores prazeres e 4) a aproximação da
morte.” Durante muito tempo, a velhice foi sinónimo de indigência. Apenas a partir do século
19 a velhice passa a ser um tópico de interesse e a promover a criação de instituições
específicas, atribuição de reformas, criação do Sistema de Segurança Social permitiu garantir a
atribuição de um rendimento às pessoas idosas, mesmo em situações em que não tenha
ocorrido qualquer contribuição. PAG 43
No entanto, apesar da situação material das pessoas idosas ter melhorado ao longo dos
tempos, pouco tem sido feito para melhorar a sua imagem enquanto grupo social. De certo
modo, as diversas políticas que têm sido postas em prática parecem mesmo contribuir para
promover, mais uma vez, uma ideia negativa das pessoas idosas que são frequentemente
descritas como “inúteis”, “doentes” e “incapazes”. Associa-se muitas vezes a ideia da reforma à
ideia de inatividade e inutilidade. A própria expressão utilizada para designar a reforma –
subsídio por velhice não ajuda muito na promoção da ideia de atividade. PAG 44.
Por outro lado, é interessante notar que os resultados do módulo “Idadismo” do European
Social Survey de 2009 indicam que 53% dos portugueses consideram que as pessoas com mais
do que 70 anos têm uma reduzida contribuição para a economia e 39% consideram que
constituem um peso para os serviços de saúde. Estes resultados indicam que uma
percentagem considerável dos portugueses vê os gastos com as pessoas idosas como uma
ameaça para o desenvolvimento económico do país. Esta perceção de ameaça pode estar na
base dos sentimentos idadistas contra as pessoas idosas na nossa sociedade e deve ser
considerada como um fator importante em quaisquer políticas que pretendam promover uma
imagem mais positiva do envelhecimento. PAG 45.