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Habermas – ética do discurso -sentido discursivo dos enunciados morais

O que é a realidade? – sob que condições podemos afirmar e provar a outra pessoa de que
algo é real.

• Habermas diz que quando tentamos articular significados, nós temos que estabelecer
com rigor o que queremos dizer. Devemos saber do que falamos para nos entendermos.

Temos que estabelecer um pé comum:

O que é a moral? E em que situações podemos estabelecer que uma ação tem valor moral ou
não?

Moral – conjunto de normas que estabelecem o que é bom ou mau, errado ou certo de acordo
com os valores partilhados numa determinada comunidade.

Para iniciarmos a resposta a esta questão temos que dialogar e é por isso que Habermas fala
de uma ética no discurso.

Somos capazes de responder a essa pergunta pois somos seres racionais e seres dialógicos,
capazes de comunicar aos outros o nosso logos, a nossa razão (é assim que nós adquirimos
uma linguagem, por comunicação uns com os outros).

Logos – discurso racional/sentido do discurso

- Discorrer da razão – operações mentais realizadas por nós para produzir conhecimento e
raciocínio.

- Expressão desse pensamento – ambas as coisas estão ligadas.

Simplesmente pelo uso da nossa razão somos capaz de formular conhecimento. Esse
conhecimento só se torna verdadeiro quando é transmitido e validado pelos outros – realidade
partilhada pois o outro tem que validar.

O conhecimento tem que ser submetido à prova – e a prova são os outros.

Ex: publicação de investigações requer que um conjunto de pessoas validem o conteúdo antes
de ser partilhado.

O discurso permite isto. Habermas acentuando o sentido de discurso vai distinguir Ato de Fala
do Discurso.

Ato de fala – discurso do presidente à nação. Não há problematização, podemos estar de


acordo ou não, mas não há possibilidade de contra argumentar. Fala é a comunicação em que
um afirma e o outro concorda sem problematizar.

Discurso – é comunicativo, implica uma relação entre um emissor e recetor. É a comunicação


que parte de uma problematização e alcança um consenso livre e racional. Neste discurso que
estabelecemos sobre a moral e o que pode ter valor moral ou não, procuramos encontrar
consenso, que se pode atingir ou não, por via da racionalidade dos argumentos. O consenso
que chegamos é um consenso que todos aderem livremente.
Consenso – é quando a verdade se prova enquanto verdade e quem participa do discurso
concorda.

Aristóteles – ainda fala de outro parâmetro. O da mensagem, entre orador e auditório,


transmite-se a mensagem que é o logos. Pathos – auditório / Ethos – orador

Objetivo do discurso para Habermas: Estabelecer o que é a moral. A moral consiste em


determinar, na perspetiva da terceira pessoa (nós), quais os deveres que seres livres e
racionais têm uns perante os outros, independentemente de quais sejam as suas auto
compreensões e autoprojeções (cultura, valores, das crenças, das conceções do bem,
políticas).

É precisamente por não nos separarmos destas autoprojeções e auto compreensões que não
conseguimos atingir consensos.

Todos os humanos têm a capacidade de usar a sua liberdade e a sua racionalidade.

O discurso moral implica uma situação ideal de fala e não se faz de qualquer maneira. Isto
implica:

- a) racionalidade da argumentação; - implica que possamos avaliar os argumentos que


produzimos e que são apresentados.

- b) inteligibilidade das mensagens; - Os argumentos têm que ser compreendidos plenamente


por todos os que participam no discurso.

- c) sinceridade dos falantes;

- d) verdade das afirmações.

Para Habermas e Otto, perceberam que o tipo de discurso para achar a norma moral tem que
ter regras. Estamos a determinar o que é moralmente válido.

As regras do discurso:

- “ Qualquer sujeito pode participar no discurso ” basta querer, tem um ato de vontade. É livre
de participar ou não participar e todos podem participar no discurso, podendo intervir e contra
argumentar e problematizar.

- “Qualquer pessoa pode problematizar, expressar as suas posições, os seus desejos e as suas
necessidades”.

- “ Não se pode impedir ninguém de utilizar a sua liberdade, sem nenhuma intervenção
externa como por exemplo: política”.

Resto no moodle.

Racionalidade e liberdade na argumentação estão sempre presentes!

Segundo as regras do discurso, podemos estabelecer como princípios da moralidade: Só são


válidas as normas que, levados em conta todos os possíveis efeitos de sua observância geral
para os interesses de todos os afetados , tanto da perspetiva de todos como da perspetiva
de cada um, puderem receber o assentimento de todos num discurso racional. – Se a norma
moral resultar deste discurso, quem é o autor da norma? Todos e cada um. Se num discurso
racional onde eu participei livremente e troquei argumentos e contra argumentos, dei o meu
acordo que aquela é a norma que deve vigorar nas nossas ações, então aquela norma é minha
(dar assentimento = nossa norma).

É difícil estabelecer um discurso assim mas é possível.

Habermas, ainda vivo, apresenta uma teoria moral que é significativa para os dias de hoje. Esta
teoria de Habermas tem essencialmente as mesmas categorias que a teoria de kant:

- Cognitivista – porque o saber racional apoiado em argumentos com base na racionalidade;

- Deontológica – PORQUE AS NORMAS APRESENTAM DEVERES QUE TÊM QUE SER


CUMPRIDOS. Os deveres que nós temos uns para com os outros. Devemos respeitar a norma
porque ela é minha e eu a dou como minha.

- Formal – não fornece as normas de ação moral, mas sim um procedimento.

Características semelhantes, mas mesmo assim, diferentes das de Kant!

Para terminar, em todas estas quatro perspetivas, é sempre a pessoa e a natureza da


pessoa humana que se apresenta como fundamento e fim de toda a ética. Não há
ética nas máquinas, na inteligência artificial nem nos animais irracionais. Ética só
existe nos seres humanos e nas nossas ações. Pode haver da ação humana para com
as máquinas, para com os animais.

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