Você está na página 1de 2

COLUNA PRESTES:

ENCRUZILHADAS DA MARCHA DA ESPERANÇA


Dramaturgia em processo

1. PRESTES E O ESTADO MAIOR DA REVOLUÇÃO


Um grande galpão onde acontece a reunião do Estado-Maior da Revolução. O Coro de Oficiais
discute. O Coronel Luiz Carlos Prestes entra pelo fundo, discretamente.
CORO DE OFICIAIS: Perdemos nossa última trincheira! A queda de Catanduvas selou nosso destino! As
tropas do governo avançam por todos os lados. Ou capitulamos ou nos exilamos na Argentina!
MIGUEL COSTA: (destacando-se do coro) É assim que vocês querem honrar os soldados que tombaram
pela revolução?! Fugindo?!
CORO DE OFICIAIS: Major Miguel Costa: suas palavras são bonitas, mas não vão resolver a nossa
situação... / O General Rondon nos colocou no fundo de uma garrafa. / Encare a realidade, estamos
condenados.
PRESTES: Coronel Luiz Carlos Prestes se apresentando, comandante da Coluna do Rio Grande do Sul. As
tropas gaúchas chegaram até aqui! Somos vitoriosos! Não tenho como propor aos meus soldados que
desistam da luta.
CORO DE OFICIAIS: Coronel Prestes, temos muita admiração pela trajetória das tropas sob seu
comando, sinceramente. Mas isso não altera nada: estamos em uma situação limite.
PRESTES: Não! Não podemos desistir! Temos de lutar e morrer pela causa que defendemos! Sem a
nossa vitória perdemos o Brasil!
CORO DE OFICIAIS: As tropas paulistas acabam de sofrer uma derrota imensa! / A moral dos soldados
está lá embaixo... / Estamos enfrentando quinze mil inimigos bem armados! / Temos trezentos tiros de
artilharia, se muito! / Só nos resta emigrar, não temos como manter a nossa posição!
PRESTES: Mas o erro é justamente esse: manter a nossa posição! Temos de sair daqui o mais rápido que
for possível! A guerra no Brasil, qualquer que seja o terreno, é a guerra de movimento! Para nós,
revolucionários, o movimento é a vitória!
Miguel Costa lidera uma dissidência, separando Uma Parte do Coro.
UMA PARTE DO CORO: Talvez o Coronel Prestes tenha razão! Temos que agir de maneira audaciosa,
inovadora!
OUTRA PARTE DO CORO: Isso é invencionismo! A Guerra de Posição é o primeiro aprendizado de um
militar!
PRESTES: Então precisamos aprender outras coisas! A guerra de posição é a que mais convém ao
governo, que tem fábricas de munição, fabricas de dinheiro e analfabetos aos montes para jogar contra
as nossas metralhadoras! Se nos movimentarmos constantemente não seremos capturados! É
impossível para as forças de Arthur Bernardes nos perseguires!
UMA PARTE DO CORO: Marchando, atraímos as tropas governistas para o interior do país! / Damos uma
chance para os levantes que explodem nas capitais!
OUTRA PARTE DO CORO: O Coronel Prestes não passa de um visionário. / As tropas inimigas já ocupam
todas as regiões ao nosso redor! / Não existe fuga possível! / Esse é um plano juvenil e ingênuo!
PRESTES: É um plano carregado de sonho! A esperança só é possível se construída por muitas mãos.
Nosso objetivo principal agora é manter acesa a chama da revolução!
UMA PARTE DO CORO: Vamos, camaradas! Precisamos seguir adiante!
OUTRA PARTE DO CORO: A situação não pode ser revertida no campo militar. Nossa decisão está
1

tomada: pediremos asilo na Argentina. Sugerimos que os demais oficiais aqui presentes façam o mesmo.
A Outra Parte do Coro se retira da reunião.
PRESTES: Mais alguém prefere desertar? A chance é essa.
UMA PARTE DO CORO: Coronel Prestes, estamos com você! Lutaremos ao seu lado até o fim!
PRESTES: Vamos empreender uma audaciosa guerra de movimento! Temos que avançar para o Norte,
abandonar Rondon e seu exército nos sertões paranaenses! Marchando engrossaremos nossa Coluna!
Temos um sonho de revolução! As mais elevadas causas brasileiras: dignidade, liberdade e educação!
Prestes canta o Canto de Revolução. Durante sua cantoria, os soldados e vivandeiras se
aproximam do Coro de Oficiais que permaneceu, formando enfim a Coluna da Esperança.
PRESTES: (cantando)
Não tenho a palavra paz não tenho a palavra casa
Mas tenho a palavra sede mas tenho a palavra mundo
De justiça e liberdade Tenho a imensidão do passo,
Educação, dignidade mas não tenho onde chegar

Meu lar é Meu chão é


um eterno partir de barro e de pó
meu passo Meu pão é
é um eterno sonhar assado na fé

CORO DA COLUNA: (cantando)


De qualquer canto que aportar do agreste ao chapadão
minha marcha vai continuar do sertão até o mar
riscando todo o país
para o povo despertar Ooo oo
A Coluna vai levantando
Ooo oo Sua marcha da esperança
do pampa ao pantanal O seu canto de revolução

Você também pode gostar