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SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

● INTRODUÇÃO:

- Conjunto de órgãos responsáveis pela captação, digestão e absorção de


substâncias nutritivas
- Constituição: tubo digestivo (boca, esôfago, estômago – pré-estômagos e abomaso,
em animais ruminantes –, alças intestinais, reto e ânus) e de órgãos anexos
(glândulas salivares, pâncreas, fígado e vesícula biliar)

● FOME E APETITE

- Apetite é o desejo do alimento - desejo do alimento - fenômeno psíquico, mental -


checado pela anamnese - apetite normal é normorexia.
- Fome é a desagradável sensação de vazio no estômago - necessidade do alimento
- fenômeno físico
- Avaliação do apetite do animal - tipo de alimento, modo de preparo, maneira de
administração e a frequência

● INGESTÃO DE ÁGUA
- Consumo de água - centro da sede no hipotálamo
- Consumo varia de acordo com: temperatura ambiente (estação do ano), espécie
animal, tipo de trabalho, idade do animal, quantidade de água contida nos alimentos

- Normodipsia: ingestão normal de água


- Polidipsia: aumento no consumo de água - perda excessiva de líquido corporal
(desidratação) - vômitos constantes, diabetes, nefrite intersticial aguda, diarreia,
doenças febris, etc
- Hipodipsia ou oligodipsia: diminuição da quantidade de água ingerida - grau
máximo adipsia (insuficiência renal)

● PREENSÃO DE ALIMENTOS

- Varia conforme a espécie animal


- Equinos, ovinos e caprinos: prendem o alimento com os lábios e os dentes incisivos
- Bovinos: língua é o principal órgão preênsil ao pastar - comprimento, mobilidade e
superfície áspera
- Cães e gatos: dentes

● MASTIGAÇÃO

- Reduzir o tamanho dos alimentos e umedecê-los - facilitar a deglutição


- Carnívoros: laceram, fracionam e depois engolem
- Herbívoros: movimentos de lateralidade - articulação temporomandibular - trituração

● DEGLUTIÇÃO

- Passagem de líquidos e/ou sólidos da boca -> faringe ->esôfago -> estômago
(ruminantes adultos ->rúmen)
- Tempo bucal: mastigação e lubrificação -> bolo alimentar -> faringe
- Tempo faríngeo: faringe -> esôfago (respiração cessada - levantamento da epiglote e
contração da glote,)
- Tempo esofágico: faringe -> esôfago (movimentos peristálticos) -> estômago
- Disfagia: dificuldade durante o ato da deglutição - deglutição laboriosa, dolorosa
- Odinofagia: dor durante o ato da deglutição
SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE RUMINANTES

● INTRODUÇÃO:

- Ruminantes domésticos: converter a celulose em produtos (carne)


- Intensificação dos processos de produção (+ rações concentradas - alimentos
fibrosos de alta qualidade) - enfermidades digestivas
● DESENVOLVIMENTO DOS PRÉ-ESTÔMAGOS

- Desenvolvimento do rúmen no bezerro (pré-ruminante): depende, quase


exclusivamente, de quão cedo o animal manterá o seu primeiro contato com
alimentos fibrosos
- BEZERROS: Digestão assemelha-se à dos animais monogástricos - sulco reticular
ou goteira retículoomasal (alimentação líquida - ultrapasse o compartimento
rumenal)

● FUNÇÃO MOTORA

- Sistema nervoso autônomo (SNA) - simpático e parassimpático


- Dirigido principalmente pelo nervo vago - movimentação da musculatura gástrica
que promove o transporte dos alimentos por meio dos vários compartimentos
digestivos
- SÍNDROME DE HOFLUND: Também chamada de indigestão vagal, essa síndrome
é consequência de um comprometimento do nervo vago, seja por compressão,
inflamação ou lesão. O nervo vago inerva os compartimentos digestivos dos
ruminantes, sendo assim, quando há comprometimento do mesmo, pode ocorrer
prejuízo na motricidade dos pré-estômagos levando até à distensão do rúmen e
acarretar a paralisia e relaxamento do orifício retículo-omasal ou do piloro,
resultando em impactação do abomaso.

- O tamanho da planta fragmentada nas fezes - utilizado como um indicador indireto


da função motora dos pré-estômagos - vacas (grandes partículas alimentares nas
fezes indicam ruminação inadequada e/ou anormalidade na motilidade dos
reservatórios gástricos)

- Eructação: eliminação, pela boca e pelas narinas, dos gases produzidos no rúmen
pelos processos fermentativos
- Timpanismo: gasoso ou espumoso - obstruções, estenoses esofágicas, alteração
no posicionamento da cárdia (p. ex., animais em decúbito lateral), ingestão de feno,
leguminosas ou de forragens muito jovens.

● ESTABELECIMENTO DA FLORA RUMENAL


- populações microbianas mais importantes que habitam o rúmen: bactérias
(processos fermentativos), leveduras (população fúngica) e protozoários

● IDENTIFICAÇÃO
- Características externas:
> Idade: forte correlação com desenvolvimento anatomofuncional do sistema
digestório (lactentes - processos entéricos e abomasais / adultos - distúrbios fermentativos e
traumáticos)
> Sexo
> Cor
> Raça
> Espécie: característica anatômica ou fisiológica que diferencia (vacas de leite -
deslocamento abomasal e a reticulite traumática)

● ANAMNESE - HISTÓRIA CLÍNICA

- (1) animal:
> Fatos atuais e passados do animal ou do rebanho
> História da enfermidade - varia por conta dos diferentes tipos de criação
> Se já teve o mesmo problema
> Medicação e resposta
> Tempo de evolução do processo patológico
> Duração da doença:
* superaguda (0 a 24 h)
* aguda (24 a 96 h)
* subaguda (4 a 14 dias)
* crônica (> 14 dias)

OBS: transtornos fermentativos aparecem e se desenvolvem de modo rápido - acidose,


timpanismo espumoso

- (2) ambiente:
> Regime extensivo de pastagem ou confinados?
> Suplementação inadequada de concentrados
> Fornecimento de alimentos mofados ou estragados
> Ingestão de sal mineral molhado ou úmido
> Ingestão de plantas tóxicas, água ou pasto contaminados por herbicidas e/ou
outros produtos tóxicos
> Ectopia abomasal - áreas íngremes e irregulares

- (3) alimentação:
> Imprescindíveis para o diagnóstico - tipo de fermentação realizada no
compartimento rumenal
> Houve mudança no tratamento alimentar? - tipo de alteração (qualidade e/ou
quantidade) e tempo
> Alimentos altamente fermentescíveis (grãos, capins jovens, sorgo, milho, torta de
algodão) - elevada atividade microbiana - processos fermentativos anormais
(timpanismo espumoso, acidose)
> Alimentos de baixa digestibilidade (palha, capim seco) - baixa atividade microbiana
- acúmulo de alimento não digerido no compartimento ruminorreticular (indigestão
simples, compactação)
> Relação de volumoso/concentrado fornecida e a frequência diária da alimentação
administrada.
> Quantidade e a consistência das fezes - quantidade e tipo de material
recentemente consumido

● AVALIAÇÃO FÍSICA GERAL

- Problemas digestivos associados a outros sistemas do corpo


> sistema circulatório (frequência cardíaca, qualidade do pulso arterial, pulso venoso
patológico e tempo de preenchimento capilar)
- Desidratação - acidose rumenal
- Temperatura corporal - reticulites traumáticas e as vezes ruminites - aferição
verificar se há fezes, sangue e/ou muco
- Coloração de mucosas - vasos distendidos e vermelho-escuros (condições
gastrintestinais septicêmicas - salmonelose ou peritonite difusa secundária a
bacteriemia ou endotoxemia)- palidez (distúrbio hemorrágico do sistema digestório -
úlceras abomasais, parasitismo - coccidiose, haemonchus)
- O problema é agudo ou crônico?
- A disfunção digestiva é primária ou secundária a outra enfermidade?
- O problema digestivo é brando, moderado ou grave?
● SINAIS E SINTOMAS INDICADORES DE PROBLEMAS DIGESTIVOS EM
RUMINANTES

- Assimetria do contorno abdominal:


> Observar o animal em ambos os lados - determinar o contorno geral do corpo,
grau de simetria de lado a lado - unilateral (lado esquerdo ou direito do abdome) ou
bilateral, dorsal, ventral ou ambos - distensão está restrita única e exclusivamente à
fossa paralombar ou se está comprometendo outras partes do corpo

> Acúmulo excessivo de líquido em estruturas individuais ou livre em cavidade


abdominal (ascite, acidose rumenal, intussuscepção intestinal, dilatação do ceco
etc.) - palpação com pressão + auscultação
> Diminuição do volume abdominal - processos febris (anorexia), doenças
caquetizantes (verminose), diminuição da capacidade absortiva, tuberculose,
peritonite e diarreia (desidratação)

- Algia abdominal:
> Atitude do animal em posição quadrupedal ou locomoção - dor abdominal
> Bezerros: vocalização
> Bovinos adultos: Dor abdominal aguda - reticulopericardite traumática e menos
frequente em úlceras abomasais

- Perda parcial de apetite | Anorexia:


> Distúrbios digestivos agudos ou crônicos
> Anorexia (perda total do interesse pelo alimento) e inapetência (ingestão reduzida
de quantidade do alimento)

● EXAME FÍSICO ESPECÍFICO

- Topografia:
> pré-diafragmática: boca, faringe e esôfago
> pós-diafragmática: Pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso), estômago
verdadeiro (abomaso), intestinos (delgado e grosso) e glândulas anexas (fígado e
pâncreas).

1- BOCA, FARINGE E ESÔFAGO

- Iniciada pelo exame da cavidade bucal:


> BOCA:
(1) apreensão
(2) mastigação
(3) insalivação dos alimentos
+ Inspeção externa:
* Fechamento da boca (sialorréia - eliminação de filetes de saliva -
processos inflamatórios - estomatite, glossite - fratura de mandíbula)
* Lesões aparentes (fístulas, feridas e edemas)
* Assimetria dos lábios ou da rima labial
* Halitose (problemas da mastigação)
* Processos dolorosos que acometem a língua e os lábios - emagrecimento
progressivo - disfagia no tempo bucal

* Disfagia - processos dolorosos da língua e da faringe, obstrução do


esôfago por corpos estranhos e/ou estenose por compressão esofágica

* Processos inflamatórios - disfagia no tempo faríngeo e bocal - aumento


nas taxas de secreção (ptialismo) e exteriorização salivar (sialorreia).
+ Abertura da cavidade bucal - observar língua (tônus), bochechas,
arcadas dentárias, gengivas e palato - e congestão, corpos estranhos,
vesículas, úlceras e/ou de outras lesões aparentes
* Raiva ou o tétano - abertura torna-se difícil em virtude do
desenvolvimento de paralisia do trigêmeo e de trismo mandibular,
respectivamente

+ Inspeção externa do esôfago - aumento de volume (megaesôfago),


corpos estranhos (palpar indiretamente com a utilização de sondas) e
tumores e hipertrofias (passagem de sonda - estenose por carcinoma
hipertrofia de linfonodos mediastínicos - leucose, actinobacilose) -
falsa deglutição (pneumonia aspirativa) - obstrução desenvolvem
timpanismo (regurgitam o alimento recentemente ingerido)

2- RÚMEN

- Sacos dorsal e ventral do rúmen ocupam a maior parte da metade esquerda da


cavidade abdominal e estendem-se para a direita do plano medial ventral, do sétimo
ou oitavo espaço intercostal esquerdo até a entrada pélvica
- Inspeção direta: flanco esquerdo
> Retração do flanco - perda parcial de apetite ou anorexia - doenças
caquetizantes (tuberculose, leucose e processos disfagias bucais)
> Flanco protuberante, distendido - acúmulo de gás (timpanismo), região
inferior do rúmen - compactação ruminais (sobrecarga por grãos)
- Observar a intensidade das contrações ruminais - distensão e retração da fossa
paralombar esquerda
- Palpação da parede abdominal esquerda deve ser realizada da fossa paralombar
dorsal esquerda em sentido à prega lateral (prega do flanco)
> Palpação superficial: a intensidade e a frequência das contrações ruminais
> Palpação profunda: tipo de conteúdo rumenal
> Exploração retal: saco dorsal é acessível
- Auscultação
> Número de contrações depende do tipo de alimento ingerido
> Ruído aéreo e sólido - contrações primária (ciclo de mistura) e secundária
(ciclo da eructação)
> Ruído de crepitação - desprendimento da massa gasosa do material
alimentar
> Ruído de deslizamento - choque do material sólido contra a parede rumenal

OBS: Aumento da crepitação com ausência das exacerbações - indicativo de início de


meteorismo
Ausência do rolamento indica atonia
Hipermotilidade rumenal - fases iniciais das lesões do nervo vago e processos
fermentativos (timpanismo espumoso, acidose)
Hipomotilidade ou estase rumenal - depressão do centro gástrico, falha das vias dos
reflexos excitatórios, aumento do estímulo dos reflexos inibitórios, bloqueio das vias
motoras (hipocalcemia, lesões do nervo vago)

> Deve-se avaliar além da frequência a intensidade da movimentação - “ausente”


(–); “diminuída” (+ –); “normal” (+ + –) e “aumentada” (+ + +)
> Percussão auscultatória
+ Som timpânico: parede abdominal esquerda (gás) - timpanismo (tambor)
+ Som submaciço: porções mais ventrais da parede abdominal (ingesta
pastosa - materiais fibroso e líquido)
+ Som maciço: sobrecarga - região dorsal

3- RETÍCULO

- Mais cranial dos pré-estômagos


- Apoiado na cartilagem xifoide entre o quinto e o sétimo espaços intercostais
- Detectar o aumento de sensibilidade - predisposição anatômica desenvolvimento de
processos inflamatórios - corpos estranhos
- Processos traumáticos:
> Baixa seletividade ou pouco discernimento oral da espécie (pobre palatabilidade)
> Cristas palatinas amplas, papilas das bochechas e língua direcionadas em sentido
caudal na cavidade bucal - não consegue expelir o corpo estranho
> Características anatômicas do órgão - mucosa (relevos laminares) - retenção do
corpo estranho e sua respectiva penetração
- Inspeção direta do retículo não é realizada
- Prova do bastão, prova da percussão dolorosa e prova dos planos inclinados -
resposta dolorosa - afecção traumática aguda

4- OMASO

- Terço médio entre o sétimo e o nono espaços intercostais do lado direito


- Praticamente inacessível aos métodos usuais de exame como a inspeção, a
palpação e a percussão - laparotomia ou ruminotomia exploratória.

5- ABOMASO

- Primeiros meses de vida - localizado à esquerda do abdome


- Animais adultos - caudalmente entre o rúmen e o omaso, desde o sétimo espaço
intercostal até uma linha imaginária transversa tirada pela primeira e segunda
vértebras lombares
- Possíveis alterações no seu posicionamento dentro da cavidade abdominal - afetar o
funcionamento fisiológico dos outros reservatórios.

- Contorno abdominal - aumento de volume na região hipocondríaca - sugestivo para


sobrecarga abomasal - deslocamento do abomaso para direita (perceptível em
animais lactentes)
- Palpação externa - pequenos ruminantes e bezerros (areia gases e leite) - bovinos
adultos (sucussão ou o baloteamento - auscultação + palpação)
- Palpação indireta - punção - ponto equidistante entre a cartilagem xifoide e o
umbigo - pH normal do conteúdo (2 a 4) /hemorragia no órgão (coloração
vermelho-ferrugem (5 e 7 - úlceras abomasais)
- Percussão - terço distal do abdome do sétimo ao décimo primeiro espaço intercostal
do lado direito - som submaciço (líquido e gases)
- Percussão auscultatória - pings ou tilintares
- Auscultação - ruídos crepitantes débeis, agudos (m gorgolejo)

6- FÍGADO

- Mais importante órgão metabólico


- Bovinos: décimo e o décimo segundo espaços intercostais do lado direito /
Pequenos ruminantes: entre o oitavo e o décimo segundo espaços intercostais do
lado direito
- Dados da anamnese, inspeção de mucosas aparentes, palpação e percussão da
região hepática e exames complementares (p. ex., provas de função hepática e
biopsia)
- Inspeção direta - pouco elucidativa
> Aumento de volume hepático acentuado (posteriormente à última costela do lado
direito)
> Coloração amarelada de mucosas
> Fotossensibilização hepatógena - dermatites (orelhas e faces laterais do úbere e
das tetas)
- Palpação - por trás do arco costal - lobo hepático normal não é palpável -
hepatomegalia (acentuado do volume hepático) facilita a sua palpação - avaliação
de dor animais com hepatopatias agudas
- Percussão - espaços intercostais, três últimas costelas do lado direito - macicez
hepática - submaciço a maciço
- Aumento hepático - múltiplos abscessos hepáticos, falha cardíaca congestiva e
hepatite difusa

7- ALÇAS INTESTINAIS
- 2/3 posteriores do lado direito
- Inspeção - volume no flanco direito- timpanismo provocado por torção do ceco, no
vólvulo, íleo paralítico e invaginação intestinal
- Palpação - sensibilidade - enterite ou diferentes tipos de oclusão intestinal.
> Palpação retal - dados importantes - quantidade e grau de umidade do material
fecal, estreitamento, sensibilidade, torções etc
* Obstrução intestinal - inquietação e dor
* Saco cego dorsal do rúmen distendido - timpanismo, indigestão vagal
* Deslocamento ou torção para a direita (ABOMASO) - preenche a metade
direita da cavidade abdominal
* Obstrução - reto vazio (pequena quantidade de muco sanguinolento)
- Som timpânico a submaciço - inversão de sons sugere alteração de
posicionamento e/ou de repleção das alças.
- Auscultação - ruídos hidroaéreos discretos (borborigmos) - aumentados em
frequência e intensidade (enterites, fases avançadas das obstruções diarreias) -
diminuídos (eliminação do conteúdo das alça)
- Região anal - evidenciar se há edema, prolapso retal, fissura ou ausência do ânus

● EXAMES COMPLEMENTARES
- Diagnóstico diferencial ou confirmar a sua suspeita diagnóstica
- Paracentese abdominal:
> Cavidade peritoneal - fluido (lubrificar o peritônio)
> Coleta e a avaliação do líquido peritoneal - distúrbios gastrintestinais ( processos
inflamatórios) - diagnóstico etiológico e/ou diferencial (deslocamento abomasal,
ascite, uroperitônio, hidropisia dos envoltórios fetais)
> Local mais próximo onde está ocorrendo o problema
> Caprinos e ovinos - distensão abdominal (ascite, uroperitônio, sobrecarga,
hidropisia de anexos fetais)
> Animais machos - ruptura de bexiga causada por urolitíase obstrutiva
> Derrame iatrogênico de conteúdo intestinal na parede abdominal - peritonite
assintomática ou clínica
- Laparotomia exploratória:
> Abertura cirúrgica da cavidade abdominal e/ou do compartimento rumenal -
confirmação e resolução (acidose rumenal, indigestão por corpos estranhos,
deslocamentos abomasais, aderências, etc)
> Ruminotomia exploratória - verificar quantidade, composição e grau de trituração
do seu conteúdo
> Retículo - existência de corpos estranhos
> Orifício retículo-omasal - tônus - transtorno vagal
> Substituição do conteúdo rumenal e a administração de antibióticos e surfactantes
- Exame do líquido rumenal:
> Como realizar a coleta do líquido rumenal?
*Sonda nasoesofágica ou oroesofágica
* Posição do animal (estação ou decúbito), tipo de material alimentar ingerido
e apreensão da língua ( presa e estendida)
> Avaliar
* Cor:
+ pastejo (verde-oliva a verde-acastanhado)
+ grãos ou silagem (marrom-amarelado)
+ milho ( castanho-amarelado - caroteno)
+ Acinzentado: bezerros com refluxo abomasal, falha do sulco reticular
+ Amarelado a acinzentado: acidose rumenal
+ Preto-esverdeado: putrefação da ingesta, estase rumenal
* Odor:
+ Normal - aromático (não repulsivo)
+ Sem odor: inatividade microbiana, alimento pouco fermentescível
+ Ácido: acidose rumenal, refluxo abomasal
+ Pútrido ou repugnante: decomposição alimentar
+ Amoniacal: alcalose rumenal.
* Consistência
+ Normal: levemente viscosa (um tanto espessa)
+ Muito viscosa (pegajosa): contaminação com saliva, timpanismo
espumoso
+ Pouco viscosa (aquosa): inatividade microbiana, jejum prolongado
* Concentração hidrogeniônica (pH)
+ Regulação
1- Velocidade da degradação bacteriana nos pré-estômagos
e a quantidade de ácidos graxos produzidos a partir da hidrólise dos
carboidratos
2- Volume do fluido salivar neutralizante produzido - pH entre
8,1 a 8,5 e contém sais tampões (bicarbonato de sódio e fosfato)
3- Velocidade de absorção dos produtos resultantes da
fermentação
4- Passagem da ingesta pelo compartimento ruminorreticular
(velocidade do trânsito digestivo)
+ pH do conteúdo rumenal
1- Oscilam entre 5,5 a 7
2- Após a alimentação - digestão bacteriana - aumenta a
produção de ácidos graxos - diminui o pH
3- variações do pH é determinada pela composição do
alimento fornecido - amido e os açúcares ( fermentação de
carboidratos de fácil digestão - pH baixo) / celulose (alta
quantidade de fibras - pH alto)
4- Anormal - Aumentado (> 7): jejum prolongado, ingestão de
ureia e/ou outras fontes nitrogenadas (alcalose) / Diminuído
(< 5,5): ingestão excessiva de carboidratos (acidose), refluxo
abomasal (obstrução intestinal, lesão vagal).
+ Potencialredox| Prova do azul demetileno: Metabolismo fermentativo
anaeróbico da população bacteriana
+ Avaliação microscópica dos protozoários: densidade e da atividade
dos protozoários - capacidade digestiva / distúrbios digestivos -
redução no número de protozoários e de sua atividade
+ Determinação da concentração de cloretos: aumento sugere que o
problema primário reside no abomaso ou no intestino delgado,
rúmen secundário (impedimento mecânico (obstrução) ou por
transtorno motor à passagem normal da ingesta)
- Detector de metais
- Exame de fezes
> Função motora e digestiva do sistema digestório
> Diminuição - menor ingestão de água ou de alimentos (perda parcial de apetite),
ou por trânsito digestivo diminuído
> Não eliminação - casos de ectopias abomasais e obstrução funcional ou física
das alças intestinais.
> Animais lactentes - tonalidade amarelada e consistência pastosa / bovinos (pasto)
- verdes (claro e oliva) e semissólidas / bovinos (confinado) - castanho- escuras /
caprinos e ovinos - verde-escuras a negras e formato esferico
> Existência e a mistura de sangue nas fezes - vermelho-vivo (hematoquezia –
hemorragia de intestino grosso e reto) ou negro-alcatrão (melena – hemorragia de
abomaso e intestino delgado)
> Coloração das fezes - Hemorragias gastrintestinais sem alteração da coloração
das fezes (sangue oculto) / Alteração da coloração das fezes sem que, no entanto,
haja hemorragia (administração oral de fenotiazina resulta em fezes avermelhadas)
> Excesso de muco - processo inflamatório intestinal (coccidiose, salmonelose) ou
de constipação intestinal
> Consistência das fezes: quantidade de água presente / tempo de permanência da
ingesta no intestino grosso / estado de hidratação do paciente
* Aumento da consistência - desidratações (processos febris) ou diminuição
do trânsito intestinal
* Consistência pastosa fluida (ovinos e caprinos) e/ou líquida (bovinos) -
casos de diarreia - intestino delgado
* Fezes pastosas e enegrecidas são observadas em bovinos portadores de
estase rumenal ou deslocamento abomasal.
* Fibras ou grãos mal triturados ou digeridos nas fezes podem indicar
problema de mastigação, ruminação ou uma saída acelerada do alimento dos
pré-estômagos (reticulite traumática)
> Odor: normal - pouco repugnante / odor fétido e reúgnante - animais neonatos,
inflamação intestinal / odor ácido, rançoso (pode ou não conter bolhas de gás na
superfície) - Fermentação excessiva
- Provas de avaliação hepática:
> Confirmar a suspeita de envolvimento hepático
> Detectar uma lesão hepática - AST e TGO
> CK - diferenciar de uma lesão muscular
> GGT - fígado e pâncreas e ducto biliar
> Hemograma - processo inflamatório (corpos esranhos)
> Exames laboratoriais - detectar ovos helmintos, sangue oculto, pigmentos
biliares, bactérias, protozoários e/ou vírus.

SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE EQUINOS

● INTRODUÇÃO

- Peculiaridades anatômicas predispõem os equinos a alterações morfofisiológicas -


CÓLICA
> Pequena capacidade volumétrica do estômago (8 a 20 ℓ )
> Incapacidade do vômito (musculatura da cárdia desenvolvida - impedem refluxo à
boca e ausência do centro do vômito - sistema nervoso)
> Longo mesentério no jejuno - torções
> Diminuição abrupta do diâmetro do lúmen - flexura pélvica
> Mucosa retal frágil predisposta a rupturas
- Herbívoro de ceco funcional - desequilíbrios hídricos e eletrolíticos

● REVISÃO ANATÔMICA

- BOCA:
> inicio do canal alimentar
> Funções preensão, mastigação e salivação de alimentos
- LÁBIOS
- BOCHECHAS:
- GENGIVAS
- PALATO DURO
- ASSOALHO DA BOCA
- LÍNGUA
- FARINGE E PALATO MOLE
- GLÂNDULAS SALIVARES
> parótida, mandibular (submaxilar) e sublingual
> Parótida - secreta um líquido seroso que é transportado para cavidade oral
através do ducto parotídeo
- DENTES
> 24 dentes decíduos (temporários)
> A abrasão e a mastigação desgastam
> Dentes incisivos
> Dentes Caninos
> Dentes pré-molaresemolares ou “dentes da bochecha”(cheekteeth)
> Oclusão
> Avaliação da idade pelo exame dentário
- ESÔFAGO
> órgão musculomembranoso tubular colabável, que conecta a faringe com o
estômago
> Transporte do bolo alimentar ou de outros materiais, desde a faringe até o
estômago, e a prevenção do fluxo retrógrado do conteúdo gastrintestinal
- ESTÔMAGO
> Digestão gástrica - consiste na digestão de proteínas pelo ácido clorídrico e a
pepsina
> Equinos digestão microbiana (concentrações de ácido láctico) - atividade motora
gástrica reduz a matéria sólida a pequenas partículas e solubiliza a maior parte dos
conteúdos ingerido
- INTESTINO DELGADO
> inicia-se no piloro e termina na curvatura menor do ceco
> O íleo se une à curvatura menor da base do ceco - óstio ileal - interior do ceco -
válvula ileocecal - ponto pivô para o desenvolvimento de vólvulos do jejuno
> Prega ileocecal.
> A maior parte da gordura é digerida e absorvida no intestino delgado
> Grandes quantidades de carboidratos e proteínas - sofrem digestão e absorção
no intestino grosso.
- INTESTINO GROSSO
> Porções distais ao orifício ileocecal, ceco, cólon maior (tanto o cólon ventral
direito e esquerdo quanto o cólon dorsal direito e esquerdo), cólon transverso, cólon
menor, reto e ânus.

> Cólon maior - armazenamento e absorção de grandes volumes de líquido

● IDENTIFICAÇÃO

- Resenha clínica
➔ IDADE
- Neonatos apresentam sintomatologia de cólica principalmente por retenção de
mecônio;
- Potros jovens: cólicas intermitentes - úlceras gástricas, hérnias umbilicais
- Animais adultos: neoplasias (lipoma pedunculado) e a encarceramento no forame
epiploico - desgaste dentário reduzido - diminuição da capacidade mastigatória -
sinais gastrintestinais

➔ SEXO
- Hérnia inguinal/inguinoescrotal - estrangulamentos são mais frequentes nos
garanhões (pós cobertura)
- Fêmeas: torção uterina leva ao quadro de dor abdominal intensa

● ANAMNESE - HISTÓRIA CLÍNICA


- Manejo e alimentação
> Principal responsável pela ocorrência de cólica
> Estabulação dos animais possibilitou contato maior com os parasitas
> ANIMAIS ESTABULADOS (regime intensivo): hábitos alimentares
peculiares, vícios comportamentais, sendo normalmente mais irritadiços e
sujeitos a estresses constantes, que podem predispor a alterações
digestórias.
> Ração e forragens com altos teores de fibras de baixa digestibilidade-
compactação
> Timpanismo - fenos mofados, grãos úmidos e velhos, alfafa mofada ou
fermentada
> Alterações bruscas na composição dos alimentos, troca de pasto ou de
alimentação (mudança de marca ou tipo de concentrado) sem adaptação
prévia podem provocar compactações ou timpanismos intestinais por
alterações da flora cecal e colônica
> Sobrecarga alimentar com dilatação gástrica aguda

- Controle parasitário
> Verminoses podem ser responsáveis por diversos quadros nosológicos da
síndrome cólica
* Parascaris - obstruções e intussuscepções do intestino delgado causado
* Strongylus vulgaris - aneurisma verminótico por migração de larvas
* Habronema - úlceras, gastrites e rupturas gástricas
* Larvas de Gasterophilus - estenose do piloro
* Pequenos estrôngilos - enterites
* Vermes chatos - cólica
* Anaplocephala - obstruções da válvula ileoceca
- Início do processo:
> Manifestações rápidas - enfermidades no estômago ou intestino delgado
> Manifestações lentas - intestino grosso
- Características da crise
> Cólicas com manifestação súbita - dilatação gástrica ou por hipoxia
tecidual
> Forma crônica de evoluçã - oúlceras gastroduodenais
- Tratamentos anteriores
> Utilização de fármacos que possam alterar a motilidade intestinal -
compactação e cólica
> Fármacos parassimpaticomiméticos - torções e rupturas de alças
intestinais
> Analgésicos - mascara a dor
- Defecação e micção
> Eliminação de fezes pelo animal e as suas características (consistência,
coloração, odor ou existência de muco) podem ser indicativas da ocorrência ou não
do trânsito intestinal, sendo consideradas de relativa importância
> Animais muito desidratados - diminuir o número de micções e urina
concentrada
> A utilização de diurético piora o quadro de desidratação do animal, não
sendo indicada em pacientes com síndrome cólica.
- Ingestão hídrica: ingestão de água ajuda na manutenção do equilíbrio hídrico
eletrolítico e cavalos com restrição hídrica são mais suscetíveis a compactações da
flexura pélvica - ingestão de água gelada pós exercício (cólicas espasmódicas)

- Prenhez: éguas no terço final de gestação podem desenvolver torções uterinas.

● EXAME FÍSICO

1- INSPEÇÃO
> Atitude, o comportamento, a aparência externa e as modificações do
formato do abdome

> Dor pode ser classificada como leve, moderada ou grave - tipo intermitente ou
contínua
2- AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS VITAIS
> Temperatura retal
* Choque - hipotermia
* Febre - peritonite (às vezes), causas infecciosas da síndrome cólica - e
duodenojejunite proximal (enterite anterior)
> Frequência respiratória
* aumentada nos equinos portadores de cólica devido à dor, acidose
metabólica (compensação respiratória – eliminação de H+) e por compressão do
diafragma nos casos de timpanismo gástrico ou intestina
> Frequência cardíaca e pulso
> Coloração de mucosasetempo de preenchimento capilar

3- AVALIAÇÃO CLÍNICA DA HIDRATAÇÃO


4- EXAME DA CAVIDADE ORAL, FARINGE E ESÔFAGO

- Preensão do alimento
> Lábios dos equinos são muito móveis e táteis - direcionar a forragem para os
incisivos
- Mastigação
> Dentes da bochecha são usados para triturar o alimento e, juntamente com a
língua, participam na mistura do alimento com a saliva
> Problemas que comprometem a mastigação incluem dor lingual (laceração), dor
dentária (fratura, abscesso periapical), malformação dentária, dentes
supranumerários, crescimento excessivo, perdas dentárias e pontas dentárias da
superfície oclusal resultantes do desgaste anormal.
> Esforço mastigatório laterolateral

- Deglutição: A deglutição pode ser interrompida por lesões dolorosas, obstruções ou


déficit neurológico (p. ex., micose da bolsa gutural).
- Exame da cavidade oral:
> Detectar e quantificar as alterações dentárias e da cavidade oral, propor e
instaurar um tratamento e implementar programas de manejo.
- Glândulas salivares
> raras doenças das glândulas salivares e seus ductos
> mais comum parótida - a fístula salivar causada pela laceração do ducto
- Palato mole
> Examinado por meio de endoscopia nasofaríngea ou por radiografia
laterolateral da região nasofaríngea
> Fenda palatina - potros
- Faringe: Corpos estranhos raramente são encontrados na orofaringe dos equinos,
mas é possível encontrá-los ocasionalmente no recesso piriforme ou nasofaringe
lateral.
- Esôfago:
> Não costuma ser palpável - sonda nasogástrica - distensão da parede do
esôfago dorsal ao sulco da veia jugular esquerda
> Obstrução esofágica, estenose/constrição esofágica, compressão esofágica
extrínseca, divertículos, perfurações, esofagite, distúrbios da motilidade esofágica
(megaesôfago) e, mais raramente, neoplasias.

5- EXAME DO ABDOME

- Palpação externa:
> Parede abdominal - suspeita de peritonite (respondem com dor)
- Percussão
> Existência de gases (timpânico - timpanismo intestinal, primário ou secundário,
raramente indicando pneumoperitônio) ou líquidos (macicez - peritonite, ruptura de
bexiga ou ascite) dentro das alças ou na cavidade peritoneal
> Timpanismo intestinal, primário ou secundário, raramente indicando
pneumoperitônio
- Ausculta abdominal
> Quatro quadrantes abdominais
* Quadrante dorsal direito - válvula ileocecal - gargarejante (cachoeira)
> Dor é a principal responsável pela diminuição dos ruídos intestinais -
mecanismos fisiopatológicos desencadeantes de uma síndrome cólica vão diminuí
los
- Considerações
> Sondagem nasogástrica
* Cólica - descompressão gástrica e diminuir a dor, como meio auxiliar de
diagnóstico e via de tratamento
- Palpação retal

6- EXAMES COMPLEMENTARES

- Paracentese abdominal (abdominocentese): avaliação físico-química e citológica


do líquido peritoneal - diferenciação de peritonites sépticas e assépticas
> cólica - meio indireto de avaliação das alças intestinais, pois, quando apresentam
hipoxia (em decorrência de torções, obstruções, infartos e/ou outras alterações),
ocorrerá passagem de células e proteína para o líquido peritoneal, alterando sua
composição normal
- Volume globular e proteína total: estado de desidratação do animal com alterações
do sistema digestório, útil no auxílio ao diagnóstico e no acompanhamento da
evolução do animal
- Teste de absorção de glicose: a integridade funcional do intestino delgado pela
eficácia de absorção de glicose do lúmen intestinal.
- Radiologia: raramente é indicada
- Ultrassonografia: avaliação do sistema gastrintestinal -
- Endoscopia: alterações no esôfago, estômago, duodeno, cólon menor e reto
- Laparoscopia: diagnóstico de neoplasias e abscessos abdominais, peritonite,
aderências, encarceramentos

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