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Brincando de ler

Mais próximas da alfabetização e do letramento, estão as brincadeiras de ler, que também


podem ser ou não mediadas pelos adultos. A leitura em voz alta pelo professor ou por alguém
da família é um bom exemplo de brincadeira de leitura mediada com o objetivo de aproximar
as crianças do mundo letrado.

No Brasil, muitas famílias não têm a leitura como hábito nem livros disponíveis. Por isso, o
papel da escola em promover o contato com a cultura letrada é fundamental.

Nesse sentido, é necessário organizar cantinhos de leitura, com materiais diversificados,


selecionados de acordo com os interesses e o perfil das crianças, assim como momentos e
situações diversas em que elas possam escolher, manipular os livros e brincar de ler, em
grupos, duplas ou sozinhas.

Nas brincadeiras de ler as crianças têm à disposição livros, revistas, gibis e podem explorar
livremente esses materiais, explorar as ilustrações, imaginar o que elas estão contando sobre
aquela história, recontá-la do seu jeito para os colegas ou para si mesma… São essas diversas e
ricas situações de contato com a leitura não podem faltar na escola, destaca a educadora.

A leitura em voz alta pelo professor também é um momento que deve ser planejado e
acontecer todos os dias, ressalta Alice. Ao ler para a turma, o professor está aproximando as
crianças do mundo letrado.

Como leitor mais experiente, o professor serve de modelo para as crianças se arriscarem em
situações espontâneas com a leitura. Fazendo a ponte entre os leitores iniciantes e os livros, o
professor pode observar com eles recursos estéticos, expressivos próprios da linguagem
literária, as características dos gêneros textuais, os elementos que compõem um livro, como
título, autor, ilustrações, sumário etc.

Palavras brinquedo

Ao cantar e bater palmas em cantigas, quando brincam de trava-língua, adivinhas, trovas, o


foco das crianças se volta para os sons das palavras. De forma espontânea, segmentam as
palavras em sílabas, repetem as sílabas finais, inventam rimas e aliterações, transformando a
palavra em brinquedo.

Essas situações podem e devem acontecer de forma livre, dentro e fora da escola. Mas
também podem ser exploradas na aprendizagem, quando o professor ajuda as crianças a
observar características da linguagem e a sistematizar os conhecimentos adquiridos de forma
lúdica.

Um bom exemplo é o jogo “Palavra dentro de palavra“. Pode ser muito divertido às crianças
descobrir que, no mundo mágico das palavras, o “pato” mora dentro do “sapato”, o “repolho”
tem um “olho” e que “soldado” é a união entre “sol” e “dado”. Assim, o foco recai sobre os
sons que compõem as palavras.

Dessa forma divertida e dinâmica, o professor, já na educação infantil, cria situações favoráveis
para que os pequenos desenvolvam a consciência fonológica, ou seja, percebam que a escrita é
uma representação dos sons da fala. Essa é uma descoberta essencial para a alfabetização, que
será o objetivo do ciclo inicial da próxima etapa de escolarização, no ensino fundamental.
A escrita também pode ser uma brincadeira para as crianças imersas desde cedo no mundo
letrado. Por exemplo, elas podem brincar que estão escrevendo uma receita médica, usando
desenhos ou garatujas, imitações de escrita. Ou ainda, brincar que enviam mensagens no
celular ou no computador. São inúmeras as situações que possibilitam aos pequenos refletir
sobre a língua escrita e fazer hipóteses e descobertas importantes.

Brincar é a palavra na educação dos pequenos

É importante que a brincadeira, linguagem natural da criança, não se torne apenas pretexto
para a aprendizagem da língua escrita, mas que seja um contexto em que o letramento se
desenvolva, ao lado de outras práticas sociais associadas à escrita, como leitura de livros,
registro de histórias, coletânea de brincadeiras, confecção de coletânea de adivinhas, pesquisa
de brincadeiras presentes na memória das famílias, entre outras possibilidades.

Como lembra Alice Junqueira, na educação infantil o objetivo é dar oportunidade para explorar
todas as linguagens, de forma articulada, espontânea e lúdica, a fim de promover o
desenvolvimento integral das crianças.

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