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O texto: um meio de
expressar opiniões
Dissertar é o ato de expressar opiniões, ideias, pontos de vista a respeito de um assunto
ou tema.
A dissertação está presente em muitos momentos da vida cotidiana. Quando, por exem-
plo, os jovens argumentam com seus pais para pedir o carro emprestado ou para chegar em
casa de madrugada; quando os pais tentam convencer os filhos de que passar as férias no sítio
é muito mais agradável que ir para aquela praia movimentada...
A dissertação também faz parte dos bate-papos descontraídos nas reuniões com amigos
em que discussões sobre futebol, religião, política, costumes e cinema surgem acaloradas e
cada um quer convencer os outros de seu ponto de vista.
Ninguém deve temer a dissertação, imaginando que ela seja um bicho de sete cabeças;
trata-se apenas de uma modalidade de discurso de nosso dia a dia. Fique claro, no entanto, que,
ao redigir, seja para o vestibular, seja para qualquer outra finalidade, há que se tomar certos
cuidados e alguns caminhos precisam ser trilhados, uma vez que um bom texto dissertativo
requer leitura, reflexão, técnica e prática.
Do ponto de vista prático, como se aprende a ler e escrever uma dissertação? Vamos
por etapas.
Primeiramente, é bom esclarecer que existem dois tipos de dissertação:
a expositiva, cujo objetivo é explicar de modo impessoal uma ideia para esclarecimento
de outras pessoas, com intuito de informar (esta não será desenvolvida neste livro,
porque não é a modalidade exigida nos vestibulares);
a argumentativa, que visa persuadir, por meio de provas, procurando levar o interlo-
cutor a pensar como o autor do texto.
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O tráfico se assemelha muito
Introdução
A introdução é o início do texto, em que se apresenta o tema e se define a tese. É im-
portante que, desde o começo, se tenha em mente que toda dissertação precisa apresentar
uma tese; sua defesa é o motivo pelo qual se escreve um texto desse tipo. Em outras palavras,
sempre que se escreve um texto dissertativo, tem-se por objetivo defender uma tese.
E o que é defender uma tese? É mostrar para o interlocutor, por meio de dados, argu-
mentos ou provas, qual é sua posição em relação a determinado assunto e dividir com ele sua
opinião, tentando persuadi-lo a pensar como você. Quanto mais objetividade for demonstrada
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em uma dissertação, mais convincente ela será, pois dessa forma você estará retratando um
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ponto de vista fundamentado e passível de comprovação, e não apenas a sua verdade.
A introdução pode ser iniciada de várias maneiras:
por afirmação;
por citação;
por pergunta.
Desenvolvimento
Terminada a introdução, é preciso preocupar-se com o desenvolvimento do texto, que
deve ser redigido de maneira clara, coerente, concisa e objetiva, mantendo sempre a mesma
linha de raciocínio apresentada na introdução.
É importante, neste momento, definir os argumentos a serem usados, fundamentar muito
bem as ideias e ter convicção do que se está falando, a fim de receber crédito do leitor e ter
seu ponto de vista respeitado.
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Ao se justificar esse ponto de vista, convém usar argumentos que tenham valor objetivo,
ou seja, que possam ser aceitos por outras pessoas. Por exemplo: ao se afirmar ser necessária
uma atitude enérgica e eficaz no combate ao tráfico e uso de drogas, muitos leitores concor-
darão com essa postura. Entretanto, se os argumentos apresentados basearem-se apenas em
opiniões pessoais ou mesmo preconceituosas, o assunto não terá sido analisado objetivamente,
mas julgado subjetivamente. Dessa forma, perde-se credibilidade e não se convence o leitor.
No momento de se desenvolver o tema, citações feitas por autoridades, relatos de fatos
divulgados pelos meios de comunicação, estatísticas, exemplos e ilustrações poderão ser utili-
zados para fortalecer a argumentação e dar mais veracidade ao texto. É essa a grande função do
desenvolvimento: fundamentar o ponto de vista apresentado na introdução.
O desenvolvimento pode ser elaborado de muitas maneiras diferentes, as quais serão
abordadas aqui:
desenvolvimento por enumeração;
desenvolvimento por comparação (por retrospectiva histórica);
desenvolvimento por causa e consequência;
desenvolvimento por aspectos favoráveis e desfavoráveis;
desenvolvimento por predominância crítica.
(BRAGA, Nina de Almeida. Soluções para as cidades. Veja, São Paulo, 14 set. 1988, grifo nosso.)
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ção de colocar lado a lado ideias, fatos, seres, apontando semelhanças ou contradições entre
eles. Exemplo:
(LEITE, Lígia Costa. Época. São Paulo, 20 nov. 2000, grifo nosso.)
Todos sabemos que, em nosso país, há muito tempo, observa-se um grande número
de grupos migratórios, os quais, provenientes do campo, deslocam-se em direção às
cidades, procurando melhores condições de vida.
Ao examinarmos algumas das causas desse êxodo, verificamos que a zona rural
apresenta inúmeros problemas, os quais dificultam a permanência do homem no
campo. Podemos mencionar, por exemplo, a seca, a questão da distribuição da terra
e a falta de incentivo à atividade agrária por parte do governo.
Em consequência disso, vemos, a todo instante, a chegada desse enorme contin-
gente de trabalhadores rurais ao meio urbano. As cidades encontram-se desprepa-
radas para absorver esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de
trabalho. Cresce, portanto, o número de pessoas vivendo à margem dos benefícios
oferecidos por uma metrópole; por falta de opção, dirigem-se para as zonas perifé-
ricas e ocasionam a proliferação de favelas.
Por tudo isso, só nos resta admitir que a existência do êxodo rural somente agrava
os problemas do campo e da própria cidade. Fazem-se, portanto, necessárias algumas
medidas para tentar fixar o homem na terra. Assim, os cidadãos rurais e urbanos deste
país encontrariam, com certeza, melhores condições de vida.
(GRANATIC, Branca. O problema das correntes migratórias. São Paulo: Scipione, 1996, grifo nosso.)
vidir as opiniões de tal modo que dificilmente se consegue chegar a um posicionamento capaz
de satisfazer a grande maioria das pessoas. Exemplo:
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A pena de morte
(Granatic, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione, 1995, grifo nosso.)
Essa técnica deve ser aplicada a temas que contêm uma crítica profunda. Essa crítica
pode referir-se a algum aspecto da natureza humana e qualquer circunstância da realidade
nacional ou mundial: uma questão política, um problema social, uma situação econômica, um
conflito entre nações.
A idade da humilhação
É claro que a corda sempre se rompe do lado mais fraco, mas para tudo existe um
limite que, quando ultrapassado, causa-nos espanto, revolta e vergonha. Até quando,
neste país, o aposentado será visto pelas autoridades como um cidadão de quinta
categoria, sobre o qual podem recair todos os tipos de infâmia?
Não é segredo para ninguém que o salário do aposentado sempre esteve muito aquém
de suas necessidades básicas. Ao longo dos anos temos visto os indicadores financeiros
apontando para uma vertiginosa queda do valor real recebido por essa categoria. [...]
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Exatamente como uma peteca o aposentado brasileiro tem vivido muito mais de
promessas do que de pão. Levando em conta os valores da ética e a civilidade própria
das sociedades que alcançaram um mínimo de desenvolvimento, questionamos nossos
valores, ao compararmos a situação desses idosos com a dos velhos em algumas al-
deias indígenas do passado, que não conseguiram mais prover seu sustento e eram
levados a um lugar distante da tribo, para encontrarem a morte.
Resta saber por quanto tempo mais o aposentado e o indigente estarão no mesmo pa-
tamar, depois de árduas décadas de empenho e sacrifício dos que acreditaram no trabalho
e na honestidade e, até o momento, receberam em retribuição somente humilhações.
(Granatic, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1995, grifo nosso.)
Conclusão
A conclusão é a parte do texto que sintetiza as ideias desenvolvidas, reafirmando-as de acor-
do com a tese apresentada na introdução e justificada pela argumentação no desenvolvimento.
Da mesma forma que a introdução e o desenvolvimento, a conclusão também pode ser
expressa de outras formas:
conclusão-resumo;
conclusão-proposta.
Conclusão-resumo
É a maneira mais tradicional de se finalizar um texto dissertativo. É na conclusão-resumo que
são reforçadas as ideias apresentadas, resumindo as abordagens feitas ao longo do texto. Exemplo:
Diante de definições equivocadas que têm sido levadas à opinião pública, é impor-
tante expor as reais atribuições e ações desenvolvidas pelo Conselho da Comunidade
Solidária. O trabalho teve início em 1995 e evoluiu com base na constatação de que a
sociedade civil contemporânea se apresenta como parceira indispensável de qualquer
governo no enfrentamento da pobreza, das desigualdades e da exclusão social.
Passamos, então, a atuar em três grandes linhas: adotando medidas para o fortale-
cimento da mesma sociedade civil, desenvolvendo a interlocução política sobre temas
sociais com diversos atores e criando programas inovadores. Esses programas, marcados
por um novo modelo de gestão, oferecem-se como alternativa viável ao mero assisten-
cialismo, caracterizado pela ineficiência e obsolescência de políticas centralizadoras. E,
se os projetos surgiram pequenos, hoje cresceram de forma significativa. O Alfabetização
Solidária, por exemplo, começou a atuar em 1997 com 9 200 alunos em 38 cidades. Este
ano estará presente em 866 municípios do Norte e Nordeste e nas regiões metropolitanas
de São Paulo e Rio de Janeiro, beneficiando cerca de 800 mil pessoas. [...]
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Em resumo, além da promoção do debate e da busca da diversidade de ideias, o con-
selho está articulando, de modo transparente, recursos de todos os tipos, provenientes
do Estado, da iniciativa privada e do setor privado sem fins lucrativos (o Terceiro Se-
tor). Segmentos que, há pouco, ainda eram considerados incapazes de conviver e mais
ainda de atuar conjuntamente a favor do desenvolvimento do país.
Conclusão-proposta
A conclusão do tipo proposta é aquela que apresenta algumas possíveis soluções para as
situações-problema levantadas no texto. Exemplo:
No Brasil, o que se tem feito é dar bolsas aos estudantes – nunca em número su-
ficiente, com um sistema que tem dado origem a distorções. Talvez fosse o caso de
tentar ajudar diretamente as próprias instituições de ensino superior, desde que
baixassem suas anuidades e demonstrassem efetiva melhoria de qualidade na edu-
cação e no treinamento que oferecem.
paráveis aos de países africanos (de cada mil nascidos, 52 morrem antes de
completar 5 anos de idade). Em 1996, havia 3,8 milhões de crianças entre 5 e
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14 anos no mercado de trabalho, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
4 Somos vistos no plano internacional como o país do Estatuto e como o país do
extermínio de crianças, define António Carlos Gomes da Costa, um dos mestres
do ECA e consultor de boa parte do que se faz nessa área no Brasil.
5 Mas a situação não é muito diferente no conjunto dos países do mundo. Já
em 1924, quando a ideia de direitos humanos ainda era incipiente, a Liga das
Nações Unidas aprovou em Genebra a Declaração dos Direitos das Crianças.
6 A Declaração Universal também tratou do tema em 1948. Em 1959, a Assem-
bleia das Nações Unidas aprovou nova declaração específica para crianças – fi-
xando, por exemplo, “o direito de crescer e desenvolver-se com saúde”.
7 É significativo que, 40 anos depois dessa declaração, o Unicef (Fundo das Na-
ções Unidas para a Infância) tenha escolhido como tema de seu relatório anual
(1998) a nutrição. Alguns números:
12 milhões de crianças com menos de 5 anos morrem por ano em países em
desenvolvimento;
55% das mortes de crianças se deve à desnutrição;
100 milhões de crianças têm o sistema imunológico debilitado por des-
nutrição;
17% de todos os bebês do planeta nascem com menos de 2,5kg.
8 Em 1979, ocorreu outro marco: o Ano Internacional da Criança. Foi quando se
decidiu começar a elaborar a convenção – um tipo de documento internacional
que, depois de aprovado, tem mais força do que as declarações.
9 Essa convenção tem quatro princípios gerais: a não discriminação (visando
à igualdade de oportunidades); o interesse da criança (que deve nortear as
políticas públicas); o direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento
(o que envolve de moradia à educação); e o respeito à opinião da criança
(conceito que define a criança como um ser diferente do adulto, e não como
um “adulto menor”).
10 O fato é que o desrespeito a esses princípios tem correspondência direta com
a pobreza do país. E isso não se muda só com convenções.
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Solução:
a) A introdução corresponde ao primeiro parágrafo e sua ideia principal é a de que há
um paradoxo na área de direitos humanos quando se trata de crianças.
b) Ocorre o desenvolvimento do texto do segundo ao nono parágrafo.
c) Como quer demonstrar um paradoxo, o desenvolvimento é trabalhado com oposições
(parágrafos 2 e 3, 4 e 5); além disso faz uso de citação (parágrafo 4) e dados esta-
tísticos (parágrafo 7).
d) Após ter mostrado, no desenvolvimento do texto, que o direito das crianças vem sen-
do desrespeitado, apesar das várias deliberações determinando o contrário, o autor
conclui apontando o motivo do paradoxo existente (ideia central da introdução),
que ele diz ser a pobreza do país.
Jogos eletrônicos violentos são uma das causas do crescimento da violência infanto-
juvenil.
“Se Deus não existe, tudo é permitido”, dizia Dostoievski, talvez já prevendo a falta
de humanidade que se vê por toda parte neste mundo cão.
2. Escreva uma introdução sobre o tema diversão virtual, recorrendo à introdução por
pergunta. Antes de escrever a introdução, é importante que você pense no assunto e
trace algumas linhas de discussão, como: quais são os brinquedos virtuais, como são
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usados, que benefícios ou malefícios podem trazer aos usuários, quais as diferenças
entre os brinquedos virtuais e os brinquedos comuns. Somente após refletir um pouco
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sobre o assunto, você estará apto a redigir sua introdução, apresentando a tese que
irá defender. Se tiver dificuldade, troque ideias com seus colegas. Mostre sempre seu
texto ao professor, para verificar se está no caminho certo.
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b) Nas novelas, casamento é sinônimo de final feliz. A vida real não fica muito atrás e
casais veem a troca de alianças como sinal de felicidade eterna. Mas o mito de que
o dia a dia de marido e mulher deve ser de beijinhos e juras de amor está cada vez
mais fraco e já há quem defenda que uma boa briga é fundamental para manter as
estruturas do relacionamento.
Foi-se o tempo em que entrar em uma universidade significava enfrentar uma compe-
tição massacrante, meses de dedicação e muito estudo, sem direito a fins de semana
nem noites de lazer. Inúmeras instituições de ensino superior têm sido criadas de
forma a popularizar o ensino de 3.º grau.
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5. Agora faça uma conclusão-resumo:
Eles são homens, mulheres, jovens e adultos. Estudam, trabalham, cuidam da vida.
Sexo, idade e ocupação não importam. Todos têm em comum uma prioridade: malhar.
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Já não se esconde mais a tensa inquietação a propósito do futuro desse verde pedaço
do mundo, cujo equilíbrio ecológico está fundamente ferido. Sobretudo porque também
não se esconde, conquanto mal negada, a intenção sinistra de vender, por meio de con-
tratos de riscos, partes da nossa floresta para cobrir uma parte da nossa dívida externa.
Por isso quero contribuir, com essas palavras escritas no interior do Amazonas, nas
margens do Rio Andirá, morada dos últimos sobreviventes da nação maué e que banha
a pequena Barreirinha, onde nasci – para a causa da minha terra e do meu povo. Quero
que elas sirvam de testemunho e de advertência.
“O barco se afasta devagar. Do alto da proa, fico olhando a menina sentada no
barranco. Um brilho que me perturba cresce nos seus olhos, onde palpitam misturados
a força e o desamparo. Uma espécie de esperança amedrontada. É o olhar da própria
Amazônia, de alguém que sente precisão de amor.”
(Mello, Thiago de. Mormaço na floresta. São Paulo: Círculo do Livro, 1983.)
6. Identifique no texto:
Assunto: ______________________________
Tema: _________________________________
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9. O texto nos transmite várias informações sobre a Amazônia. Complete o quadro resu-
mindo as informações contidas em cada parágrafo indicado:
1.ºparágrafo
2.ºparágrafo
3.ºparágrafo
10. De que forma o autor construiu a conclusão do texto? Com que objetivo?
11. A que personagem lendária o autor se refere com a expressão “País das Amazonas”?
13. Releia: “é o olhar da própria Amazônia, de alguém que sente precisão de amor”.
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14. Leia a charge:
Você sabe que quando observamos um fato, lemos um texto, tiramos algumas conclusões
(inferências) a partir de dados que se encontram implícitos, ou seja, contidos nele.
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e) Brinquedos estrangeiros saíram do mercado.
2. Agora, há uma inferência e você vai imaginar um fato que a possa ter gerado:
a) O inverno está terminando.
3. Discuta com um colega e selecione dois ou três argumentos que poderiam ser utili-
zados para defender as teses:
Tese A
Ultimamente temos notado pouco interesse dos jovens em participar da vida política
desta nação.
Tese B
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Você poderá exercitar sua capacidade para escrever textos dissertativos utilizando os co-
nhecimentos adquiridos. Para isso, leia o texto que se segue e atente à proposta.
(Martins, Fernando. Para Nações Unidas... Gazeta do Povo Online. Curitiba. Disponível em:
<www.portal.rpc.com.br/gazetadopovo>. Acesso em: 24 mar. 2006.)
Proposta:
Após a leitura, elabore um texto dissertativo, de 15 a 20 linhas, sobre o comportamento
do homem em relação ao meio ambiente.
Dê um título a seu texto.
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