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INSTITUTO POLITECNICO DE SAUDE DE MOCAMBIQUE

CURSO DE FARMACIA, TURMA: ____

Tecnologia farmacêutica iI

Pós

Lichinga, Julho de 2023

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 26/09/2023


Pós
Conteúdos
 Generalidades

 Definição

 classificação

 Preparação dos pós

 Técnicas de pulverização, moagem e


tamisação

 Alterações, imcompatibilidades, Ensaios,


acondicionamento e Formulário dos pós

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Pós
Generalidades

 Os pós resultam da divisão dos fármacos animais, vegetais, minerais, ou


obtidos por síntese química, podendo constituir uma forma de
administração directa ou destinarem-se à obtenção de outras formas
galénicas.

 Assim, para se prepararem comprimidos, hóstias, pastilhas, pílulas, etc., é


preciso pulverizar as drogas constituintes das respectivas fórmulas.

 Do mesmo modo, para se conseguir uma solução simples ou extractiva,


como uma tintura, é necessário reduzir as drogas a pó de tenuidade
adequada e só então submetê-las à dissolução ou à extracção.
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Pós
Generalidades

De uma maneira geral, a pulverização não diminui a actividade dos


fármacos e cria-lhes condições para que apresentem um efeito
farmacológico mais rápido e regular.

Entre os inconvenientes que os pós apresentam , citamos a maior


facilidade de alteração (oxidações, hidrólises, racemizações,
decomposições pela acção da luz, etc…).

As drogas amargas, nauseosas ou corrosivas só excepcionalmente se


administram sob a forma de pó, pois essas características são difíceis de
mascarar numa fórmula galénica deste tipo.
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Pós
Definição e Classificação

A FP V define pós como «preparações farmacêuticas constituídas por


partículas sólidas, livres e secas e mais ou menos finas. Contêm um ou
vários P.A adicionados ou não de adjuvantes».

Os pós podem ser divididos em simples e compostos.

 Pó simples - resulta da divisão de uma única droga.

 Pó composto - aquele que se prepara pela mistura de dois ou mais pós


simples.
Podem também ser classificados quanto a tenuidade: Grosso, Médio, Fino e muito
fino
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Pós
Preparação dos pós

 A preparação de um pó é uma operação complexa que se pode dividir


em três partes fundamentais:

1. Operações preliminares;

2. Operação principal ou pulverização propriamente dita;

3. Operações acessórias.
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Pós
Operações preliminares

As operações preliminares da pulverização são a secagem, triagem/monda,


a divisão grosseira, a estabilização e o amolecimento.

São principalmente os fármacos vegetais que necessitam destes


tratamentos prévios.

A secagem pode fazer-se por exposição ao ar, sombrio, em atmosfera seca e


arejada, e geralmente em estufas, a 40-45°C, por tempo variável.

A triagem ou monda poder efectuada por: Crivo, ventilação, lavagem e a


mão.
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Pós
Preparação dos pós

Divisão grosseira – pode ser realizada por:

 Por secção - Utiliza-se, indistintamente, para dividir substâncias de


consistência mole ou dura.

 Os instrumentos utilizados neste processo de divisão podem ser


tesouras ou facas e corta-raízes (empregados para seccionar os
materiais fibrosos e rijos, como as raízes, lenhos e muitas cascas.
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Pós
Preparação dos pós

 Por contusão É a operação que permite reduzir os corpos sólidos a fragmentos


relativamente pequenos, mas de dimensões desiguais, por meio de choques
repetidos.

 Por rasuração - consiste na divisão dos corpos em pequenas partículas por


atrito contra uma superfície áspera, como uma lima ou um raspador, ou por
meios mecânicos diversos.
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Pós
Preparação dos pós

 Por granulação reservado para os metais, sendo esta a técnica


por que se preparam as granalhas de estanho, zinco, chumbo,
etc.

 Por extinção aplicando-se sobretudo na divisão grosseira de


materiais de natureza argilosa e siliciosa.

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Pós
Preparação dos pós

 Amolecimento

Aplicada apenas a substâncias muito compactas ou que apresentam uma


consistência córnea que a torne resistente aos processos correntes de
pulverização.

 Estabilização

Tem por fim manter inalterável a composição química das drogas vegetais,
procurando-se evitar, as transformações de ordem enzimática durante a
secagem e armazenagem.
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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita

 A pulverização propriamente dita é efectuada por contusão ou


por trituração em almofarizes;

 A escolha do processo ideal de pulverização depende das


propriedades físico-químicas do fármaco, do grau de divisão
desejado e da produção pretendida.

 Pode ser feita também: mediante o emprego de intermédios


sólidos, líquidos ou gasosos; por fricção em tamises
apropriados; por meios químicos; por porfirização e, ainda, por
moedura em moinhos adequados.
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Pós

Operação principal ou pulverização propriamente dita

 Existem vários tipos de almofarizes, nomeadamente, almofariz de:

 Ferro, bronze, mármore,porcelana, vidro,, ágata e madeira.

 Deve-se escolher o almofariz a utilizar na pulverização de uma droga


conforme a natureza fisica e quimica Desta.

Ferro Bronze Porcelana Vidro Madeira


Mármore Ágata
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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita

 Os almofarizes de ferro ou de bronze são reservados para a pulverização


das drogas vegetais.

 Os almofarizes de mármore são empregados na pulverização do amido,


do sabão e do açúcar, devendo fazer-se a pulverização dos sais em
almofarizes de porcelana.

 Os almofarizes de vidro servem, em regra, para se misturarem


substâncias já pulverizadas.
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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita

Técnicas de pulverização

 Pulverização propriamente dita por contusão:

Utilizado para pulverizar a grande maioria das drogas vegetais, como


folhas, raizes, cascas e lenhos, as drogas animais e os produtos quimicos
que se apresentem sob a forma de cristais relativamente grandes.

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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita
Técnicas de pulverização

 Pulverização propriamente dita por trituração:

Neste processo a droga é fragmentada imprimindo-se ao pilão um


movimento que se inicia no centro do almofariz e vai descrevendo uma
espiral que termina contra as paredes deste.

Quando o pilão atinge as paredes, inicia-se lentamente um movimento no


sentido oposto, até chegar ao centro.
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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita
Técnicas de pulverização

 Pulverização por moinhos

A pulverização por este processo assume grande


importância na indústria, pois é o processo usado
para reduzir a pó grandes quantidades de
substâncias.

 Moinhos manuais

 Moinhos accionados por motores ( Moinhos de


laboratório e Moinhos de tipo industrial)
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Pós
Operação principal ou pulverização propriamente dita
Técnicas de pulverização
Moinhos de tipo industrial
o funcionamento baseia-se em três princípios fundamentais:

 Atrito – pulverização por fricção entre duas superfícies, (materiais


fibrosos).

 Laminagem- Existência de uma peça rolante muito pesada para


esmagar e pulverizar o material.

 Impacto - existem martelos ou barras girando a altas velocidades que


golpeiam os fragmentos do material a pulverizar, provocando a
desagregação das partículas.
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Pós
Preparação dos pós - Operações acessórias.

 Tamisação

Permite individualizar um pó, pois este, deve ser um conjunto bastante


homogéneo de partículas tendo um certo e determinado diâmetro.

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Pós
Preparação dos pós
 Pós Compostos

Consiste em pulverizar, separadamente, cada uma das drogas


constituintes, obtendo-se pós simples de idêntica tenuidade, os quais se
misturam de modo a conseguir uma forma suficientemente homogénea.

É, portanto, a mistura a operação que diferencia os pós simples dos


compostos.

Esta pode executar-se por espatulação, por trituração em almofarizes,


ou, se é apreciável a quantidade de pó composto, em máquinas ditas
misturadores.
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Pós
Preparação dos pós

Algumas das regras a seguir na preparação de Pós Compostos


1. Cada componente do pó composto deve ser pulverizado separadamente.

2. Os pós simples constituintes devem apresentar a mesma tenuidade quando têm


densidades muito próximas;

 Caso contrario, pulverizar a droga de maior densidade mais finamente para, assim,
diminuir a sua densidade aparente e aproximá-la da densidade dos restantes
componentes.

3. Quando um pó composto contém essências, tinturas, extractos fluidos ou


medicamentos voláteis, devem usar-se os pós mais absorventes da mistura para fixar
aquelas substâncias.
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Pós
Preparação dos pós

4. Na mistura de dois pós que entrem numa fórmula em quantidades muito desiguais,
deve principiar-se por triturar a droga mais activa com igual volume de diluente,
reduzido a pó da mesma tenuidade (diluição geométrica).

5. Se a quantidade de princípio activo for da ordem dos miligramas, em geral difícil de


pesar com exactidão, devem utilizar-se diluições em pós inertes.

6. Se dois ou mais constituintes de uma mistura de pós reagirem entre si em presença da


humidade, deverá executar-se, separadamente, a pulverização de cada substância,
secar os pós obtidos (40-50 C) e só depois se proceder à sua mistura.

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Pós
Esterilização dos pós que se destinam a aplicação local

1. Aquecimento a 120-121"C, durante 60 minutos (processo de


esterilização de pós pelo calor seco).

2. Esterilizar os pós, conservados em recipiente aberto, numa autoclave


aquecida a 120°C, durante trinta minutos(calor húmido ).

3. Emprego de gases, como o óxido de etileno ou a p-propiolactona, ou,


ainda, utilizando radiações de pequeno comprimento de onda
(electrões acelerados, raios 7, etc.).

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Pós
Alterações dos pós

 Os pós podem alterar-se, por acção do ar, da luz, do calor, da humidade


ou por inquinação fúngica ou bacteriana.

 A cedência dos constituintes dos recipientes onde os pós se são


acondicionados ou do material usado na manipulação dos pós pode,
também, contribuir para a sua alteração.

 Muitas oxidações são favorecidas pela presença de vestígios de metais


pesados, pela exposição à luz, pela acção do calor, etc.

 As hidrólises são aceleradas pela presença de enzimas e à elevada


temperatura a que se operou ou a que se armazenou o pó.
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Pós
Incompatibilidades dos pós

As principais incompatibilidades dos pós manifestam-se por formação de:


Misturas eutéticas – liquefacção da mistura ou se torna pastosa à
temperatura ambiente. Nestes casos interpor pós absorventes (lactose,
amido…) entre os constituintes da mistura para corrigir.

 Misturas coradas- mistura de dois ou mais pós simples pode originar


compostos corados por reacção entre os constituintes.

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Pós
Incompatibilidades dos pós

 Misturas explosivas - Quando se tritura um poderoso agente oxidante


com um redutor enérgico pode dar-se uma explosão , devida a uma
excessiva libertação de gases.

 Pulverizar isoladamente os componentes, com suavidade, evitando


demasiada pressão no almofariz, ou procurando homogeneizar os pós
numa folha de papel, fazendo-os rolar sobre ela.

 Em casos de impossibilidade de manipulação, os constituintes da


mistura deverão ser dispensados, separadamente, em papéis,
instruindo--se o doente quanto à sua administração.
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Pós
Verificação dos pós

As características organolépticas, como a cor, o cheiro e o sabor,


constituem verificações fáceis de efectuar, as quais, muitas vezes, são
suficientes para orientar o técnico quanto à identidade e estado de
conservação dos pós.

A apreciação da cor dos pós pode fazer-se, com certa exactidão,


recorrendo a fotómetros.

Outras vezes há características muito particulares do pó, as quais


permitem identificá-lo mediante ensaios extremamente simples e fáceis
de executar.
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Pós
Verificação dos pós

Apreciação da tenuidade dos pós

A tenuidade de um pó até certo limite pode ser apreciada por tamisação.

Por outro lado, os pós mais finos não são susceptíveis de serem avaliados
por tamisação, sendo avaliados por granulometria dos pós finos.

A granulometria dos pós finos pode ser efectuada por diversos métodos:

1— Determinação com microscópio óptico; 2 — Determinação com


microscópio electrónico; 3 — Método de adsorção; 4 — Método de
sedimentação; 5 — Processo electrónico.
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Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico)
Pós
Verificação dos pós

Determinação do ângulo de repouso

Os pós mais grossos escoam mais facilmente do que os pós finos

Quando um pó ou material granulado corre livremente através de um


orifício sobre uma superfície plana, o material depositado forma uma pilha
cónica. O ângulo da base do cone denomina-se ângulo de repouso.

A determinação do ângulo de repouso tem sido executada com uso de um


funil onde se lança o pó que se deixa, depois, cair sobre uma folha de
papel.

considera-se com boas propriedades de escoamento um pó com um ângulo


estático de repouso inferior ou igual a 30°. Ângulos de repouso superiores a
40° sugerem difícil fluxo dos pós ou granulados
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Pós
Verificação dos pós

Humidade

Em regra geral, um pó deve apresentar um teor de humidade inferior a 8%.

A determinação da quantidade de água existente num pó pode executar-se mediante a


avaliação da perda de peso do pó quando submetido ao aquecimento a 100-105°C.

Para isso, colocam-se, em cápsula tarada, cerca de 5 g do pó (rigorosamente pesados) e


seca-se na estufa à temperatura mencionada, até peso constante.

A diferença de peso obtida, referida a 100 g de pó, indica a percentagem de humidade.

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Pós
Verificação dos pós

Cinzas

Para determinar as cinzas totais calcina-se um dado peso de pó em cápsula de


quartzo ou em cadinho de porcelana, previamente tarados, utilizando-se uma mufla,
cuja temperatura seja de cerca de 500°C.

Ao fim de algumas horas, deixa-se arrefecer a cápsula ou o cadinho e pesa-se.

A diferença de peso indica a quantidade de cinzas provenientes da amostra de pó


ensaiada.

Os valores obtidos serão referidos a 100 g de pó.

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Pós
Acondicionamento dos pós

 Os pós preparados em grande quantidade podem ser acondicionados em


bidões, geralmente de alumínio, em tambores de plástico, em frascos de
vidro de capacidade apropriada, etc.

 Procurar-se-á que os recipientes fiquem bem cheios e rolhados, de modo a


minimizar as influências do oxigénio, do anidrido carbónico e da humidade.

 Em casos especiais, incluir-se-á nos recipientes usados no acondicionamento


substâncias exsicadoras, como o gele de sílica.

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Pós
Acondicionamento dos pós

O acondicionamento final dos pós pode realizar-se sob duas formas principais:

1. Em frascos ou caixas (cartão, metal, plástico, etc)

2. Em doses individuais (invólucros de papel, de plástico, etc)

Em frascos ou caixas

Se o pó se destina ao polvilhamento cutâneo, pode a embalagem apresentar forma


cilíndrica, tendo uma tampa perfurada ou um único e estreito orifício susceptivel de
lançar um jacto de pó.
Em doses individuais Ver:
 Tecnologia Farmacêutica, Prista, L.N., Alves, A.C., Morgado, R., Sousa Lobo, J.M.,
vol. I, pp635-637.
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Pós
Formulário dos pós

Pó de permanganato de potássio Pó de talco mentolado


Mentol…………………………………1g
Permanganato de potássio ............ 100 mg
Talco………………….………………99g
Envelope…………....................................1
Reduz-se o mentol a pó fino e adiciona-se o talco,
Pesar individualmente o permanganato de potássio e pouco a pouco (diluição geométrica), triturando até
transferir para o envelope de papel manteiga. obter uma mistura homogénea.
Deve passar-se por um tamis de 0,128 mm de
Obs.: Possui risco de EXPLOSÃO se entrar em abertura de malha.
contacto com substâncias orgânicas ou prontamente É um pó refrescante e isolante da epiderme.
oxidáveis!
Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico)
26/09/2023
Pela atenção dispensada, muito Obrigado!

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