sociedade democrática a possibilidade de responder às demandas e aos desejos e apreensões de formação profissional da maioria da população.
A complexidade crescente das técnicas (e das
novas técnicas), a enorme diversidade das especializações possíveis, a heterogeneidade crescente das ocupações e profissões faz com que se torne cada vez mais necessário integrar o saber e a pesquisa com a formação profissional.
Em um curso de Graduação em Geografia
(Bacharelado) é fundamental que os alunos conheçam as principais vertentes teórico- conceituais e técnico-científicas de seu campo de conhecimento antes de eleger uma delas como sua área de pesquisa e atuação.
Desta discussão (a formação do profissional em
Geografia – Bacharel), surgem 02 aspectos considerados relevantes:
- a articulação deficiente da teoria e da prática, ou
seja, a dificuldade de considerar-se a atividade de investigação como um processo de aprendizagem, necessário para a formação profissional.
- a formação insuficiente do Geógrafo para
atender as exigências das instituições públicas e do mercado privado (agimos como categoria profissional ou como indivíduos isolados?)
O Geógrafo profissional precisa conhecer as leis
gerais que regem o seu objeto de análise, o espaço geográfico (ex.: leis federais, estaduais e municipais – lei de uso do solo, parcelamento, sistema viário, zoneamento, código de postura e etc.), bem como, as técnicas de abordagem desse instrumental e sua adequada aplicação.
Também se faz necessário evidenciar que o futuro
Geógrafo tenha conhecimento das atribuições legais da profissão, juntamente com as funções técnicas e atividades de pesquisa efetivamente desempenhadas, constituindo-se como orientação segura para o bom planejamento dos cursos de graduação.
ATRIBUIÇÕES LEGAIS
Decreto n° 85.138 (15/09/1980) que regulamenta
a Lei Federal n° 6.664 (26/06/1979) que disciplina a profissão de Geógrafo. “Art. 3° - É da competência do Geógrafo, o exercício das seguintes atividades e funções a cargo da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios, das entidades autárquicas ou de economia mista e particulares: I - Reconhecimento, levantamento, estudos e pesquisas de caráter físico-geográfico, biogeográfico, antropogeográfico e geoeconômico e as realizadas nos campos gerais e especiais da Geografia, que se fizerem necessárias: a) na delimitação e caracterização de regiões e sub-regiões geográficas naturais e zonas geoeconômicas, para fins de planejamento e organização físico espacial; b) no equacionamento e solução, em escala nacional, regional ou local, de problemas atinentes aos recursos naturais do País; c) na interpretação das condições hidrológicas das bacias fluviais; d) no zoneamento geo-humano, com vistas ao planejamento geral e regional; e) na pesquisa de mercado e intercâmbio comercial em escala regional e inter-regional; f) na caracterização ecológica e etológica da paisagem geográfica e problemas conexos; g) na política de povoamento, migração interna, imigração e colonização de regiões novas ou de revalorização de regiões de velho povoamento; h) no estudo físico-cultural dos setores geoeconômicos destinados ao planejamento da produção; i) na estruturação ou reestruturação dos sistemas de circulação; j) no estudo e planejamento das bases físicas e geoeconômicas dos núcleos urbanos e rurais; l) no aproveitamento, desenvolvimento e preservação dos recursos naturais; m) no levantamento e mapeamento destinados à solução dos problemas regionais; n) na divisão administrativa da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios; II – A organização de congressos, comissões, seminários, simpósios e outros tipos de reuniões, destinados ao estudo e à divulgação da Geografia.
Art. 4° - As atividades profissionais do Geógrafo, sejam
as de investigação puramente científica, sejam as destinadas ao planejamento e implantação da política social, econômica e administrativa de órgãos públicos ou às iniciativas de natureza privada, se exercem através de: I – órgãos e serviços permanentes de pesquisas e estudos, integrantes de entidades científicas, culturais, econômicas ou administrativas; II – prestação de serviços ajustados para a realização de determinado estudo ou pesquisas, de interesse de instituições públicas ou particulares, inclusive perícia e arbitramentos; III – prestação de serviços de caráter permanente, sob a forma de consultoria ou assessoria, junto a organizações públicas ou privadas.
Art. 5° - A fiscalização do exercício da profissão de
Geógrafo será exercida pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.”
Apesar das funções e atribuições legais
relacionadas serem privativas dos Geógrafos, muitas delas vem sendo desempenhadas por outros profissionais sem a efetiva ação repressiva do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), a quem cabe legalmente a função fiscalizadora da profissão.
Relativamente, poucos Geógrafos exercem função
técnica ou de pesquisa. Os mesmos estão concentrados principalmente em Órgãos Públicos Federais, Estaduais e Municipais; tanto na área técnica como na de pesquisa. (Ex.: Prefeitura Municipal de Uberlândia; IBAMA; IBGE; IGAM)
Parece estranho, por exemplo, o desinteresse do
setor privado pelo Geógrafo, quando se sabe das implicações da dimensão espacial nas atividades humanas. Daí fica a dúvida se há pouca demanda para este profissional, se há desconhecimento das competências e atuação do mesmo ou se o profissional formado não está devidamente capacitado a resolver os problemas pertinentes à sua competência.
Ex.: Consultoria em na área Ambiental;
Planejamento Urbano e de Transporte; (ex.: SIT em Uberlândia); Planos Diretores Municipais; Planos de Gerenciamento de Resíduas Sólidos; etc.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
A maioria dos cursos de Geografia tem se
caracterizado pela predominância, nos seus currículos, de disciplinas analítico-descritivas de realidades locais e regionais únicas e excepcionais. São escassas as disciplinas técnicas (instrumentais), destinadas a habilitar o profissional no manejo dos instrumentos necessários a produção do conhecimento geográfico, para aplicação no mercado de trabalho.
As disciplinas técnicas também são de
fundamental importância para que nós possamos enfrentar a concorrência de mercado (com outros profissionais) e as demandas da sociedade.
Os estágios são primordiais na formação
profissional do Geógrafo. É certamente o momento oportuno para o estudante confrontar teoria e prática. Cumpre, portanto, indagar se nossos cursos estão preparando o profissional para transitar com competência em cada uma das realidades a ele colocada.
CONSIDERAÇÕES
Ainda são poucos os Geógrafos profissionais em
real atividade no mercado de trabalho, quando comparado a outros profissionais de áreas afins. Concentram-se, principalmente, em Órgãos Públicos.
O mercado de trabalho do Geógrafo ainda é
pequeno, em decorrência da capacitação profissional insuficiente, da falta de divulgação de suas competências profissionais e da precária fiscalização do exercício ilegal de suas atribuições por parte de outros profissionais.
Para melhorar as perspectivas profissionais,
sugere-se:
Uma ação conjunta das AGB’s e dos CREA’s
junto aos cursos de bacharelado no sentido de propor a ampliação da participação de disciplinas de conteúdo técnico e teórico- conceituais básicas da Geografia, em consonância com as novas demandas do mercado de trabalho. Proporcionar a formação profissional continuada (em nível de pós-graduação), por meio de oferta de cursos de capacitação de curta e média duração: extensão e especialização. Ampliar as oportunidades de estágio, para que se oportunize a melhoria da formação profissional e aumente as possibilidades de inserção no mercado de trabalho (convênios com órgãos públicos federais, estaduais e municipais, empresas de consultoria, ONG’s e empresas privadas diversas). Um programa de divulgação permanente das competências do Geógrafo. Divulgação da legislação que regulamenta a profissão junto a órgãos públicos e empresas privadas (em especial, empresas de Consultoria) que realizam trabalhos de natureza geográfica.
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