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Paulo Henrique de Oliveira - @profpholiveira

OBS: “No direito brasileiro, a regra é que os danos sejam comprovados pelo ofendido para
que se justifique o arbitramento judicial de indenização. Entretanto, em hipóteses
excepcionais, são admitidos os chamados danos in re ipsa, nos quais o prejuízo, por ser
presumido, independe de prova”1.

DANO IN RE IPSA - JURISPRUDÊNCIA do STJ

❖ O atraso, por parte de instituição financeira, na baixa de gravame de alienação


fiduciária no registro de veículo não caracteriza, por si só, dano moral in re
ipsa. (Tema Repetitivo 1078);

❖ Configura dano moral in re ipsa a ausência de comunicação acerca da


disponibilização/comercialização de informações pessoais em bancos de
dados do consumidor (REsp 1.758.799-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 12/11/2019, DJe 19/11/2019);

❖ Recusa do plano de saúde a autorizar tratamento médico emergencial. A


recusa indevida de tratamento médico emergencial, pela operadora de plano
de saúde, enseja reparação por danos morais, pois agrava a situação de aflição
psicológica e de angústia do beneficiário, estando caracterizado o dano moral in
re ipsa. (REsp 1.839.506);

❖ Agressão a criança não exige prova de dano moral. Caracterização de dano moral in
re ipsa" (REsp 1.642.318);

❖ A alienação de terrenos a consumidores de baixa renda em loteamento


irregular, tendo sido veiculada publicidade enganosa sobre a existência de
autorização do órgão público e de registro no cartório de imóveis, configura lesão

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STJ – Notícias, 11/09/2022.

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ao direito da coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral coletivo. Tal
categoria de dano moral é aferível, portanto, in re ipsa, ou seja, reclama a
mera apuração de uma conduta ilícita que, de maneira injusta e intolerável, viole
valor ético-jurídico fundamental da sociedade, revelando-se despicienda a
demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo moral. (REsp
1.539.056/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 06/04/2021);

❖ Violência doméstica e familiar contra a mulher. Dano moral in re ipsa. A [...]


prática de violência doméstica e familiar contra a mulher implica a ocorrência
de dano moral in re ipsa, de modo que, uma vez comprovada a prática delitiva, é
desnecessária maior discussão sobre a efetiva comprovação do dano para a fixação
de valor indenizatório mínimo. (REsp 1.819.504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 10/09/2019, DJe 30/09/2019);

❖ A simples comercialização de alimento industrializado contendo corpo


estranho é suficiente para configuração do dano moral. Comercialização de
alimento industrializado. Presença de corpo estranho. Ingestão.
Desnecessidade. Dano moral in re ipsa. Configuração. Exposição do consumidor a
risco concreto de lesão à sua saúde e à sua segurança. (REsp 1.828.026-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 10/09/2019, DJe
12/09/2019); O simples "levar à boca" do alimento industrializado com corpo
estranho gera dano moral in re ipsa, independentemente de sua ingestão. Aquisição
de pacote de biscoito com corpo estranho no recheio de um dos biscoitos. Não
ingestão. Levar à boca. Exposição do consumidor a risco concreto de lesão à saúde e
segurança. Fato do produto. Existência de dano moral. (REsp 1.644.405-RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 09/11/2017, DJe 17/11/2017);

❖ Jogo de azar ilegal. Bingo. Dano moral coletivo. Dano in re ipsa. A exploração de
jogo de azar ilegal configura, em si mesma, dano moral coletivo. No Código de Defesa
do Consumidor, a responsabilidade civil é objetiva e solidária. O dano moral coletivo
não depende de prova da dor, do sofrimento ou do abalo psicológico. Demonstrá-
los, embora possível, em tese, na esfera individual, é completamente inviável no
campo dos interesses difusos e coletivos, razão pela qual dispensado,
principalmente quando incontestável a ilegalidade da
atividade econômica ou da prática comercial em questão.

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Trata-se, portanto, de dano in re ipsa. (REsp 1.567.123-RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2016, DJe
28/08/2020);

❖ Omissão de socorro à vítima de acidente de trânsito, por si, não configura


hipótese de dano moral in re ipsa. A omissão de socorro, por si, não configura
hipótese de dano moral in re ipsa, sob pena de negar vigência ao disposto nos arts.
186 e 927 do CC/2002. (REsp 1.512.001-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 27/04/2021).

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