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Direito Penal I – Prof.

ª Fabiana Ribeiro

Aula 4 – Resumo

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

7. Princípio da Irretroatividade da lei penal

Visa estabelecer a segurança jurídica diante de conflitos de leis penais, uma vez
que a não observância desrespeita os princípios da legalidade e anterioridade
da lei penal.

Assim, desde que uma lei entra em vigor até que cesse a sua vigência, todas as
condutas contidas nela devem ser respeitadas, de forma que, os fatos ocorridos
antes ou depois não podem ser punidos por ela.

Todavia, a Constituição Federal admite a irretroatividade favorável (art. 5º, XL):


a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, de modo que somente a
lei penal mais benigna poderá retroagir.

Portanto, em se tratando de conflito entre leis penais (uma lei nova revogando
lei anterior) somente haverá a retroatividade se for para beneficiar o réu.

8. Princípio da adequação social

Sabe-se que o Direito Penal somente tipifica condutas com relevância social, de
forma que pelo princípio da adequação social condutas consideradas
“socialmente adequadas” não podem ser consideradas criminosas.

Assim, não se pode criminalizar uma conduta pelo simples fato de maiorias da
sociedade se opor à concepção ao padrão médio de comportamento.
Portanto, o sobredito princípio é aceito como “princípio geral de interpretação”,
de modo a identificar um comportamento perigoso capaz de determinar um
resultado típico.

Ainda, conforme professor Cesar Roberto Bitencout:

[...] a adequação social parte de um juízo de previsibilidade


ex ante, que concorre com um juízo de valoração ex post,
acerca da adequação entre o resultado produzido e a
conduta adequada previamente identificada como causa.

Por fim, o mencionado princípio tem como finalidade valorar a relevância da


conduta típica.

9. Princípio da ofensividade ou da lesividade

De acordo com o clássico ensinamento de Francesco Palazzo:

Em nível legislativo, o princípio da lesividade (ou ofensividade), enquanto dotado


de natureza constitucional, deve impedir o legislador de configurar tipos penais
que já hajam sido construídos, in abstracto, como fatores indiferentes e
preexistentes à norma. Do ponto de vista, pois, do valor e dos interesses sociais,
já foram consagrados como inofensivos. Em nível jurisdicional-aplicativo, a
integral atuação do princípio da lesividade deve comportar, para o juiz, o dever
de excluir a subsistência do crime quando o fato, no mais, em tudo se apresenta
na conformidade do tipo, mas, ainda assim, concretamente é inofensivo ao bem
jurídico específico tutelado pela norma.

Portanto, mesmo que a conduta esteja tipificada em lei, deve oferecer perigo ao
bem jurídico tutelado.

Somente se justifica a intervenção estatal em termos de repressão penal se


houver efetivo e concreto ataque a um interesse socialmente relevante, que
represente, no mínimo, perigo concreto ao bem jurídico tutelado (BITENCORT)
Assim, a conduta penalmente relevante deve conter verdadeiro conteúdo
ofensivo a bens jurídicos socialmente relevantes, de modo que o legislador deve
se ater a esse conceito quando da criação de novos tipos penais.

10. Princípio da presunção de inocência

De acordo com o artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal: ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

No dia 17 de fevereiro de 2009, por sete votos a quatro, o Supremo Tribunal


Federal decidiu que um acusado só pode ser preso depois de sentença
condenatória transitada em julgado (HC 84.078), em obediência ao disposto no
inciso LVII do art. 5º da CF.

Assim, enquanto houver recurso pendente não poderá ocorrer a execução da


sentença condenatória.

Todavia, o STF, embora guardião da Constituição Federal, não é seu dono,


entretanto vem a interpretando de forma contraditória, inclusive contrariando
suas próprias afirmações, criando, com isso, insegurança jurídica.

Com o julgamento do HC 126.292, ocorrido no dia 17 de fevereiro de 2016,


ignorando os Tratados Internacionais recepcionados pelo ordenamento jurídico
brasileiro e a previsão expressa em nossa Constituição (art. 5º, LVII), que
garantem o princípio da presunção de inocência, o STF passou a negar sua
vigência, a partir dessa fatídica decisão, autorizando a execução antecipada de
decisões condenatórias, mesmo pendentes recursos aos Tribunais Superiores.
Trata-se de um dia em que o Supremo Tribunal Federal escreveu a página mais
negra de sua história, ao negar a vigência de Texto Constitucional expresso que
estabelece como marco da presunção de inocência o trânsito em julgado de
decisão condenatória (BITENCOUT).

A presunção de inocência é um dos princípios basilares do Direito brasileiro,


responsável por tutelar a liberdade dos indivíduos, sendo previsto, repetindo,
pelo art. 5º, LVII, da Constituição de 1988: “Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Tendo em vista que
a Constituição Federal é nossa lei suprema, toda a legislação infraconstitucional
deverá absorver e obedecer a tal princípio (BITENCOUT).

Não bastasse toda insegurança jurídica criada pela Corte Suprema, no ano de
2019, novamente, foi firmada tese retroagindo ao entendimento quo ante (na
mesma situação anterior), ou seja, seguindo a Lei Maior (Constituição Federal).

Dessa feita, a execução de sentença condenatória em segunda instância


somente se iniciará após o trânsito em julgado.

Lembre-se, o princípio da presunção da inocência, também, é limitador quanto


ao direito de punir do Estado, de modo que a não observância poderá acarretar
prejuízos irreparáveis ao réu, ainda mais se for ele considerado inocente ao final
do processo.

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