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UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE SANTO DOMINGO

(UASD)

ASSUNTO:
Filosofia

TEMA:
A Filosofia

SECÇÃO:
94

PROFESSOR:
Abraão Martinez de Leon

SOBRENOMES:
Galderón Calderón

NOME:

Jancy

INSCRIÇÃO:
100635795

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Introdução

Este livro é o resultado de uma necessidade sentida por nós professores de filosofia. As
novas gerações de professores se conscientizaram da importância do contato direto com os
textos dos autores básicos, para introduzir os alunos ao estudo da filosofia. Esta é uma
tarefa difícil quando há falta de materiais didáticos acessíveis aos alunos do nível
introdutório de filosofia.

Este caderno introdutório à filosofia é o resultado de uma série de materiais de exercícios


de autorreflexão, que para fins didáticos, utilizamos há mais de uma década no processo de
ensino-aprendizagem na Universidade Autônoma de Santo Domingo. Este caderno é o
primeiro de uma série de três, intitulados: Prática-Oficina I, II e III (Exercícios de
Autorreflexão). Especificamente, contém seis textos retirados de autores contemporâneos,
que apresentam suas respostas à pergunta O que é filosofia? São eles: Leopoldo Zea,
Jostein Gaarder, J.M. Bochenski, Andrés Avelino García, Julián Marías e Bertrand Russell.

O elemento comum desses fragmentos textuais é a unidade em relação à questão O que é


filosofia? Para que os alunos sejam apresentados à tarefa de pesquisa filosófica, reflexão e
autorreflexão, o caderno contém seis exercícios de autorreflexão, para cada texto. Esses
exercícios contêm questões e mandatos de: a) pesquisa em diferentes fontes documentais,
b) reprodução, c) análise-síntese e d) autorreflexão (imaginação criativa).

Estamos simplesmente, na presença de um instrumento de trabalho, cuja finalidade é


facilitar o acesso do aluno aos textos dos autores clássicos da filosofia, para que possa, por
meio de uma abordagem, identificar-se com seus pensamentos e dar os passos necessários
na reflexão filosófica.

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LEOPOLDO ZEA

O que é Filosofia? (Trecho)

Número do texto I

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SOBRE O CONCEITO DE FILOSOFIA

1. O que é filosofia?

Uma introdução à filosofia deve partir do pressuposto de uma certa ideia que se tem
sobre ela. Essa ideia pode ser positiva ou negativa, mas sempre será uma ideia. Para entrar
na filosofia é necessária uma ideia do que vai ser entrado, pelo menos aquela ideia que nos
move a entrar naquilo que pode ser para nós algo desconhecido. Há algo que nos move a
saber o que sabemos, que nos encoraja a conhecê-lo. A incitação, esse movimento de
conhecê-lo, já vem acompanhado de uma certa ideia. No caso das filosofias quase todos nós
temos uma ideia sobre ela, aprendido a vulgarizar, entrar nela implica saber que é ela. Ou
seja, implica afirmar a ideia que temos, ou trocá-la por outra que pareça mais verdadeira.

A primeira pergunta que devemos fazer antes de entrar na filosofia é esta: O que é
filosofia? Ou seja, em que é que vamos entrar? Vamos entrar bem na filosofia, mas o que é
filosofia? Como vamos entrar em algo que não sabemos o que é? Você pode pensar que o
explorador entra em lugares que ele não sabe quais são, que ele não precisa saber para
querer entrar. Mas se você pensar bem, verá que não é assim: o explorador entra em algum
lugar porque acredita que pode encontrar algo ou não da mesma forma que vamos entrar na
filosofia. O que pode acontecer conosco é que não é essa ideia que se revela, que a filosofia
nos é apresentada como algo diferente do que era. Todos nós temos uma ideia de filosofia,
desde aquele que acha que é a ciência mais cara até aquele que acha que é a coisa mais
chata do mundo. Ambos esperam testar essa ideia, mas é possível que não seja a mais alta
ciência, como também é possível que não seja tão chata quanto o esperado. Neste momento
está a ser exposta uma ideia de filosofia, está a ser dito que a filosofia pode ser uma coisa
ou outra, ou coisas muito diferentes, está a ser dito que a filosofia pode ser coisas muito
diferentes. Ou seja, você já tem uma certa ideia de filosofia.

É muito bom, será pensado, mas se a filosofia pode ser coisas diferentes, se você pode ter
ideias diferentes sobre a filosofia, é necessário saber qual é a ideia precisa da filosofia, ou
pelo menos em qual das ideias que temos sobre filosofia vamos entrar considerando-a como
filosofia. Ou seja, voltamos à pergunta: O que é filosofia? E voltamos a ela para poder fazer
a sua história, para entrar na sua história. O que estamos pedindo é uma definição do que é
a filosofia, estamos pedindo sua limitação, queremos vê-la separada de todas as coisas,
além dela. Mas peça uma coisa dessas
Não implica também ter uma ideia de filosofia, mais uma ideia? Quando nos pedir o

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Definição de filosofia, é porque assumimos, temos a ideia de que a filosofia é definível, que
é alcançável, e esperamos que sua história seja a história dessa definição que queremos ter
sobre a filosofia. Agora percebemos que a pergunta O que é filosofia?, pode receber
diferentes respostas, dependendo da ideia de filosofia que você tem. Daquele que diz que a
Filosofia é a ciência mais chata e inútil e, portanto, sem interesse, basta espantar que seja a
ciência das ciências. O conhecimento supremo. Desde aquele que pensa que a filosofia é
definível, até aquele que pensa que ela é indefinível porque tem múltiplos significados.

2. Várias interpretações da filosofia

Se quisermos entrar na filosofia, teremos que escolher uma interpretação daquelas dadas à
filosofia, ou seja, Teremos que dar uma resposta à nossa pergunta sobre filosofia, a fim de
entrar nela. Qual vamos escolher? É claro que o melhor que podemos fazer é perguntar, não
a quem pensamos, já que pouco ou nada sabemos sobre o assunto, mas àqueles que se
dedicaram a dar uma resposta à pergunta, aos filósofos,
O que é filosofia? Certamente os filósofos vão dizer o que é filosofia, vão nos dar uma
definição do que é filosofia, e conhecendo-a podemos entrar nela. Claro, vamos perguntar o
mais alto entre os filósofos. Com a certeza de que nos dirão o que é filosofia.

Em primeiro lugar onde encontramos a palavra filosofia é a Grécia. Entre os gregos raer
expressão que é traduzida como eles laço de conhecimento. Ao primeiro a ser atribuído
Este nome é para Pitágoras, Sobre o que esse filósofo entendia por filosofia Cícero nos diz
o seguinte: Que tendo Pitágoras tratado e dissecado a mente algumas questões, Leão,
príncipe dos fliasianos perguntou-lhe que arte ele fazia principalmente profissão, ao que
Pitágoras respondeu: que a vida do homem e a feira com que se celebrava

Os jogos antes da disputa de toda a Grécia, pois como lá alguns aspiram com habilidade de
seus corpos à glória e nome de uma coroa, outros eram atraídos pelo lucro S, desejo de
comprar e vender, mas havia uma classe, e precisamente a formada em maior proporção de
homens livres, que não buscava nem aplausos nem lucro, mas vinha ver e observar com
avidez o que se fazia e de que maneira; também nós como para participar de uma feira de
uma dúvida, assim teríamos partido para esta vida de outra vida e natureza - os que servem a
glória, os outros ao dinheiro, tendo alguns que tendo tudo por nada, consideram pode ansiar
a natureza das coisas, Aqueles que se dizem ansiosos por isso são filósofos, e assim como
ali a coisa mais adequada do homem livre era ser um espectador sem adquirir nada para si,
assim na vida ele supera em muito todos os cuidados da contemplação e do conhecimento
das coisas. A ideia sobre a filosofia é que ela é um conhecimento livre, desinteressado,
teórico, ou seja, um conhecimento da contemplação visual.
A filosofia é apresentada como uma ânsia de conhecer livre e, portanto, desinteressada.

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Se perguntarmos aos primeiros sábios, os primeiros homens que mereceram o nome de
filósofos pelos historiadores, como os pré-socráticos, descobriremos que, para eles, a
filosofia é uma ânsia de explicar as coisas do mundo que nos cercam, a natureza e; a
maneira como o homem deve se comportar diante de seus semelhantes. Tudo isso projetado
para fora, você quer saber como as coisas que os cercam existem, eles procuram o início
delas, sua origem e, e eles lhes dão respostas diferentes, para alguns será água, para outros
ar, ou terra, ou fogo, ou todos os elementos; Eles também falarão sobre átomos. Aqui a
filosofia é representada como uma questão sobre os princípios materiais do Cosmos, como
uma questão sobre sua ordem.

Para Sócrates, a filosofia será algo muito diferente. A sabedoria, no sentido entendido pelos
pré-socráticos, é um conhecimento reservado aos deuses. O conhecimento a que o homem
deve aspirar é de outro tipo, o desejo de saber ir para outro plano, para o próprio homem.
No "Conhece-te a ti mesmo" está contida a ideia que Sócrates tinha sobre a filosofia. A
filosofia é uma ânsia que o homem sente de conhecer sobre si mesmo. A ênfase da filosofia
está no conhecimento moral e político.

Para Platão, a filosofia é a aquisição da ciência. Mas esta ciência não tem por objeto coisas
sensíveis que estão em estado perpétuo de flutuação, nas quais nenhuma verdade, nenhuma
estabilidade é encontrada; o método da ciência deve ser o imutável, o idêntico, o que nunca
muda esse objeto é o que Platão chama de ideia. Essas ideias; modelos eternos de coisas,
residem no Ser Divino, e todos são resumidos e compreendidos na ideia suprema do bem O
agudo: o é uma busca perpétua de ideias, uma ânsia de saber o que é Verdade e Beleza, que
não é outra senão o bem como a ideia suprema. O filósofo que conhece o bem, é bom não
só para si, mas também para os outros, é o verdadeiro político, o unificador ou legislador
que pode dar à cidade os fundamentos do bem e da virtude. A filosofia é hoje a mais alta
ascensão da personalidade humana e da sociedade humana através da sabedoria.

Para Aristóteles, a filosofia tem como objeto o ser como ser. A filosofia é a ciência que lida
com as causas e os princípios das coisas, mas com os primeiros princípios e as primeiras
causas, até chegar ao princípio absoluto que tudo compreende. Ciência dos princípios, a
filosofia é, nesse sentido, uma ciência universal. Quanto a Platão, a filosofia é uma ciência
do universal e do necessário. Se resumirmos sua filosofia, não descobriremos que
Aristóteles dá à filosofia os seguintes caracteres: 1. É uma ciência universal, "o 'Sábio
possui até onde a ciência de todas as coisas cabe, sem possuir a ciência de cada indivíduo. 2
É uma ciência difícil, pois aquele que pode conhecer as coisas árduas e não é fácil para o
homem saber, ele é sábio." 3. Ciência rigorosa.
4. É uma ciência didática: -1. Também que o mais rigoroso e o mais capaz de ensinar é, é
toda ciência, o mais sábio." 5. É uma ciência preferível, a preferível em si mesma e em

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Graça ao conhecimento é sabedoria em maior grau do que aquelas preferíveis para suas
consequências. 6. É uma ciência principal: "O principal é a sabedoria com maior
propriedade do que o subordinado: pois não é que o sábio seja ordenado, mas que ele
ordene, nem que obedeça a outro, mas a ele o menos sábio". 7. É um divino por seu objeto
e por seu sujeito. "O mais divino é também o posto mais alto e, portanto, o único que pode
sê-lo de duas maneiras. Aquela que pode ter mais do que ninguém Deus é o divino entre as
ciências, e aquela que poderia falar das coisas divinas, agora, esta, mas só, acaba por ser
ambas: todos consideram Deus uma das causas e um certo princípio e Deus só, ou mais do
que qualquer outra pessoa, Você pode ter essa ciência.

Com o aparecimento dos céticos, dos epicuristas e dos estoicos, outra nova interpretação
surge sobre a filosofia "mestre da vida, inventor das leis, guia da virtude". Sêneca a define
como a teoria e a arte da conduta correta. Os epicuristas dão à filosofia um significado
plenamente prático. Epicuro a considera como uma atividade que tenta alcançar a felicidade
por meio da fala e do raciocínio. Todas as ciências estão subordinadas a esse propósito de
utilidade para a vida.

Com o cristianismo surgirá uma nova interpretação da filosofia. A filosofia será para Santo
Agostinho um desejo de sabedoria, só essa sabedoria será de Deus. São Tomás distinguirá
entre o que é o domínio da razão e o que é o domínio da fé. Surgiu, assim, duas ciências: a
filosofia e a teologia. São Tomás diz: "Tem sido necessário, para a salvação da
humanidade, que haja uma ciência baseada na revelação, além das ciências filosóficas
baseadas na investigação da razão humana". A razão é o que prepara as verdades para a fé;
Mas essas verdades são dadas pela graça. A razão não pode provar as verdades da fé; Mas
pode destruir objeções a tais verdades. Aqui a ciência suprema é a teologia, a ciência
revelada, a filosofia nada mais é do que uma ciência colocada a serviço da ciência divina. A
filosofia é aqui a serva da teologia.

No Renascimento, a filosofia recuperou sua independência. Bacon e Descartes deixam a


religião de fora da especulação filosófica e dão à filosofia objetos de reflexão. Descartes
dirá que "a palavra filosofia significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria não se entende
apenas prudência nos negócios, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o
homem pode conhecer, tanto para a condução de sua vida quanto para a preservação de sua
saúde e a invenção de todas as artes. E para que esse conhecimento seja tal, ele deve ser
deduzido das primeiras causas." A filosofia aqui tem um caráter teórico e prático. Como
Aristóteles, filosofia significa ciência que busca as causas primeiras, mas difere na medida
em que estas são buscadas com um propósito prático: a felicidade material do homo: a, seu
bem-estar e sua saúde. A teoria é posta a serviço aqui

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da prática. A filosofia moderna será um instrumento de domínio da natureza, mas dentro da
natureza estará incluído o próprio homem. O próprio homem será objeto de conhecimento:
para ser dominado, será transformado em uma série de molas calculáveis.

Com Kant, a filosofia se tornará uma ciência crítica, uma ciência que questiona o alcance
do conhecimento humano.

Essas e outras respostas diferentes serão obtidas se continuarmos a perguntar aos filósofos
o que eles entendem por filosofia. Como você deve ter visto, cada uma dessas ideias nos foi
apresentada como diferente. À pergunta o que é filosofia?, fomos respondidos com várias
respostas:

I. A filosofia é um desejo de conhecer livremente e desinteressado. Pitágoras.


II. A filosofia é uma questão sobre os princípios ordenadores do Cosmos.
Pré-socráticos.
III. A filosofia é a mais alta ascensão da personalidade humana e da sociedade
através da sabedoria. Platão.
IV. A filosofia é uma ciência universal, difícil, rigorosa, didática, preferível, principal e
divina. Aristóteles.
V.A filosofia é a mestra da vida, a inventora das leis e a guia da virtude. Cícero.
VI. A filosofia é a teoria e a arte da conduta justa. Seneca.
VII. A filosofia é uma ânsia de Deus. Santo Agostinho.
VIII. A filosofia é a serva da teologia. São Tomé.
IX. A filosofia é o estudo da sabedoria, tanto para a condução da vida para a
preservação da saúde quanto para a invenção de todas as artes. Descartes.
X.A filosofia é uma ciência crítica que indaga sobre o alcance do conhecimento
humano Kant.

Qual de todas essas respostas é filosofia? Vamos entrar na filosofia, mas,


Qual é a filosofia em que vamos entrar?

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JOSTEIN GAARDER

O que é Filosofia? (Trecho)

Número do Texto II

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O que é filosofia?

Prezada Sofia. Muitas pessoas têm hobbies diferentes. Alguns colecionam moedas ou selos
antigos, outros gostam de trabalho e outros passam a maior parte do tempo livre praticando
algum esporte.

Muitos também gostam de ler. Mas o que lemos é muito variado. Alguns leem apenas
jornais ou quadrinhos, alguns gostam de romances e outros preferem livros sobre diferentes
temas, como astronomia, fauna ou invenções tecnológicas.

Mesmo que eu esteja interessado em cavalos ou pedras preciosas, não posso exigir que
todos os outros tenham os mesmos interesses que eu. Se acompanho com muito interesse
todas as transmissões esportivas na televisão, tenho que tolerar que outros pensem que o
esporte é chato.

Há, no entanto, algo que deva interessar a todos? Existe algo que diga respeito a todos os
seres humanos, independentemente de quem sejam ou de onde vivam? Sim, querida Sofia,
há algumas questões que devem interessar a todos. Este curso trata dessas questões.

O que é Jô mais importante na vida? Se perguntarmos a uma pessoa que está à beira da
fome, a resposta será comida. Se dirigirmos a mesma pergunta a alguém que está frio, a
resposta será calor. E se perguntarmos a uma pessoa que se sente sozinha, a resposta
certamente será estar com outras pessoas.

Mas com todas essas necessidades cobertas, ainda há algo que todos precisam? Os filósofos
pensam assim. Acreditam que o ser humano não vive só de pão. É evidente que todos
precisam comer. Todos também precisam de amor e cuidado. Mas ainda há algo mais que
todos precisam. Precisamos encontrar uma resposta para quem somos e por que vivemos.

Interessar-se pelo porquê de vivermos não é, portanto, um interesse fortuito ou tão casual
quanto, por exemplo, colecionar selos. Qualquer pessoa interessada em tais questões está
preocupada com algo que tem interessado os seres humanos desde que eles viveram neste
planeta. Como o universo, o planeta e a vida nasceram aqui são questões maiores e mais
importantes do que quem ganhou mais medalhas nas Olimpíadas de Inverno.

A melhor maneira de abordar a filosofia é colocar algumas questões filosóficas:


Como o mundo foi criado? Há alguma vontade ou intenção por trás do que acontece?

Existe outra vida após a morte? Como resolver problemas desse tipo? E, acima de tudo.
Como devemos viver?

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Em todas as épocas, os seres humanos se fizeram perguntas desse tipo: não há cultura
conhecida que não tenha se preocupado em saber quem são os seres humanos e de onde
vem o mundo.

Na verdade, não há tantas perguntas filosóficas que possamos fazer a nós mesmos. Já
formulamos algumas das mais importantes. No entanto, a história nos mostra muitas
respostas diferentes para cada uma das perguntas que fizemos.

Vemos, então, que é mais fácil fazer perguntas filosóficas do que respondê-las.

Hoje em dia também, cada um tem que procurar suas próprias respostas para essas mesmas
perguntas. Você não pode consultar uma enciclopédia para ver se há Deus ou se há vida
após a morte. A enciclopédia também não nos dá uma resposta sobre como devemos viver.
No entanto, quando se trata de formar nossa própria opinião sobre a vida, pode ser útil ler o
que os outros pensaram.

A busca da verdade empreendida pelos filósofos poderia ser comparada, talvez, a uma
história de detetive. Alguns acreditam que Andersen é o assassino, outros acreditam que é
Niélsen ou Jepsen. Quando se trata de um verdadeiro mistério policial, a polícia pode um
dia descobri-lo. Por outro lado, também pode acontecer que o mistério nunca seja revelado.
No entanto, o mistério tem solução.

Embora uma pergunta possa ser difícil de responder, pode-se pensar que ela tenha uma, e
apenas uma resposta correta. Ou há uma espécie de vida após a morte, ou ela não existe.

Através dos tempos, a ciência resolveu muitos enigmas. Há muito tempo era um grande
mistério saber como era o outro lado da lua. Questões como essas eram pouco discutíveis; A
resposta dependia da imaginação. Mas, hoje em dia, sabemos exatamente como é o outro
lado da Lua. Não dá mais para 'acreditar' que a lua é um queijo.

Um dos filósofos gregos antigos que viveu – há mais de dois mil anos – pensava que a
filosofia surgiu por causa do espanto dos seres humanos. Ser humano acha tão estranho
existir que questões filosóficas surgem por conta própria, opinou.

É como quando contemplamos jogos mágicos: não entendemos como o que vimos poderia
ter acontecido. E então nos perguntamos exatamente isso: como o conjurador poderia
transformar um par de lenços de seda em um coelho vivo?

Para muita gente, o mundo é inconcebível como quando o conjurador um coelho naquele
chapéu que há pouco estava completamente vazio.

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Quanto ao coelho, entendemos que o conjurador deve ter nos enganado. O que gostaríamos
de revelar é como ele conseguiu nos enganar. Quando se trata do mundo, tudo é um pouco
diferente. Sabemos que o mundo não é uma armadilha ou engano, porque nós mesmos
andamos ao redor da Terra fazendo parte dela. Na realidade, somos o Coelho branco que é
retirado da sombra do copo. A diferença entre nós e o coelho é simplesmente que ele não
tem a sensação de estar em um ato de magia. Somos diferentes. Achamos que estamos
participando de algo misterioso e gostaríamos de desvendar esse mistério.

PS. Quanto ao coelho branco, talvez valha a pena compará-lo com todo o universo. Aqueles
de nós que vivem aqui são pequenos insetos que vivem no fundo da pele do coelho. Mas os
filósofos tentam escalar um daqueles cabelos finos para olhar nos olhos do grande
conjurador.

Você me segue, Sofia? Contínuo.

Sofia estava exausta, se o seguia? Ele não se lembrava de ter respirado toda a leitura.

Quem trouxe a carta? Quem, quem?

Eu não poderia ser a mesma pessoa que enviou o cartão postal para Hilde Moller Knag,
porque o cartão postal tinha selos e carimbos postais. O envelope amarelo tinha sido
colocado diretamente na caixa de correio, assim como os dois envelopes brancos.

Sofia olhou para o relógio. Foi só quarto a três. Passaram-se quase duas horas até que a mãe
voltasse do trabalho.

Sofia voltou para o jardim e correu para a caixa de correio.

Ele encontrou outro envelope amarelo com seu nome. Olhou em volta, mas não viu
ninguém. Correu para onde a floresta começava e olhou para o caminho.

Também ali não se via uma alma.

De repente, ela parecia ouvir o farfalhar de algum galho dentro da floresta, ela não tinha
certeza absoluta, seria impossível, de qualquer maneira, correr atrás se alguém tentasse
escapar:

Sofia voltou para casa e deixou a mochila e o correio da mãe, correu para o quarto, tirou;
Para a grande caixa onde guardava as belas pedras, atirou-as ao chão e colocou os dois
grandes envelopes na caixa. Depois, voltou para o jardim com a caixa nos braços. Antes de
sair, ele trouxe comida para Sherekan.

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Mili, misi, misi!

De volta ao beco, abriu o envelope e pegou várias folhas novas datilografadas e começou a
ler.

Um ser estranho

Aqui estou eu de novo. Como você pode ver, este curso de filosofia virá em pequenas
doses. Aqui estão mais alguns comentários introdutórios.

Eu já disse que a única coisa que precisamos para sermos bons filósofos é a capacidade de
admiração? Se eu não disse, digo agora: A ÚNICA COISA QUE PRECISAMOS PARA
SERMOS BONS FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE ADMIRAÇÃO.

Todas as crianças pequenas têm essa capacidade. Não haveria mais. Depois de alguns
meses, eles saem para uma nova realidade. Mas, à medida que envelhecem, essa capacidade
de admiração parece diminuir. Porquê? Sofia Amundsen sabe a resposta para esta
pergunta?

Vejamos: se um recém-nascido pudesse falar, certamente diria algo daquele mundo em que
chegou. Porque, embora a criança não saiba falar, veja-nos como ela aponta para as coisas à
sua volta e como tenta curiosamente apreender as coisas na sala.

Quando começa a falar, a criança se levanta e grita "nossa, nossa". O que já temos há
alguns anos talvez nos sintamos um pouco sobrecarregados pelo entusiasmo da criança.
"Sim, sim, é um uau", dizemos, muito conhecedores do mundo, "você tem que ficar parado
no carro" Não sinta o mesmo entusiasmo. Já vimos cães antes.

Talvez esse episódio de grande entusiasmo se repita cerca de duzentas vezes, antes que a
criança possa ver um cachorro passar sem perder a paciência. Ou um elefante ou um
hipopótamo. Mas antes que ele aprenda a pensar filosoficamente, o mundo se tornou
habitual para ele.

Uma pena, digo!

O que me preocupa é que você é daqueles que tomam o mundo como algo resolvido,
querida Sophie. Para ter certeza, vamos fazer alguns experimentos antes de começar o
curso de filosofia propriamente dito.

Imagine que um dia você está andando na floresta. De repente, você descobre uma pequena
nave espacial na trilha à sua frente. Da nave espacial sai um pequeno marciano que fica
parado, olhando para você.

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O que você teria pensado se assim fosse? Bem, isso não importa, mas já lhe ocorreu pensar
que você mesmo é um marciano?

É verdade que não é muito provável que você vá se deparar com um ser de outro planeta.
Nem sabemos se há vida em outros planetas. Mas acontece que você se depara consigo
mesmo. Você pode de repente parar um dia, e se ver de uma maneira totalmente nova.
Talvez isso aconteça justamente durante um passeio na mata.

Eu sou um ser estranho, você vai pensar. Sou um animal misterioso.

É como se você acordasse de um sono muito longo, como a Bela Adormecida. Quem sou
eu? você pode se perguntar. Você sabe que rasteja por um planeta no universo. Mas o que é
o universo? Se você se descobrir dessa forma, terá descoberto algo tão misterioso quanto
aquele marciano que mencionamos há pouco. Não só você viu um ser do espaço, mas você
sente de dentro que você mesmo é, um ser tão misterioso quanto isso.

Você me segue, Sofia? Vamos fazer outro experimento mental.

Certa manhã, a mãe, o pai e o pequeno Thomas, de dois ou três anos, estão sentados na
cozinha tomando café da manhã. A mãe se levanta da mesa e vai para o topo, e então o pai
começa, de repente, a flutuar sob o teto, enquanto Toma Ele o encara.

O que você acha que Thomas está dizendo naquele momento? Você pode apontar para seu
pai e dizer: "A batata está flutuando!"

Tomás ficaria surpreso, naturalmente, mas é surpreendido muitas vezes. Papai faz tantas
coisas curiosas que um pequeno voo sobre a mesa do café da manhã não muda muito para
Tomas. Seu pai faz a barba todos os dias com uma navalha estranha, outras vezes ele sobe
ao teto para consertar a antena de TV, ou enfia a cabeça no motor de um carro e o puxa de
preto.

Agora é a vez da mamãe. Ouviu o que Tomás acabou de dizer e virou-se decisivamente.
Como ela vai reagir ao espetáculo do pai voando livremente sobre a mesa da cozinha?

Ele instantaneamente joga o pote de geleia no chão e grita de susto. Ele pode precisar de
tratamento médico quando o pai tiver descido de volta para sua cadeira. (Você deve saber
estar sentado quando você toma o café da manhã.)

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Por que você acha que as reações de Lis de Thomas e sua mãe são tão diferentes?

Eles têm a ver com o hábito (Tome nota disso) A mãe aprendeu que o ser humano não sabe
voar. Tomé não aprendeu Ele continua a duvidar do que pode e não pode ser feito neste
mundo.

Mas no próprio mundo, Sofia? Você acha que o mundo pode flutuar? Este mundo também
está voando livremente.

O triste é que não nos acostumamos apenas com a lei da gravidade à medida que
envelhecemos. Ao mesmo tempo, nos acostumamos com o mundo como ele é.

É como se durante o crescimento perdêssemos a capacidade de sermos surpreendidos pelo


mundo. Nesse caso, perdemos algo essencial, algo que os filósofos tentam despertar em nós
porque há algo dentro de nós mesmos que nos diz que a vida é um grande enigma. É algo
que sentimos muito antes mesmo de aprendermos a pensar sobre isso.

Ressalto que, embora as questões filosóficas digam respeito a todos, nem todos se tornam
filósofos. Por vários motivos, a maioria se apega tanto ao cotidiano que o ópio para a vida é
relegado a segundo plano. (Ele entrava na pele do coelho, se acomodava e ficava lá pelo
resto da vida.

Justamente nesse ponto, os filósofos constituem uma honrosa exceção. Um filósofo nunca
soube se acostumar com tudo no mundo. Para ele, o mundo continua sendo algo
inconcebível, até mesmo algo enigmático e misterioso. Portanto, filósofos e crianças
pequenas têm em comum essa importante capacidade. Pode-se dizer que um filósofo
permanece tão suscetível quanto uma criança pequena ao longo da vida.

Então você pode escolher, querida Sofia. Você é uma garotinha que ainda não se tornou a
perfeita conhecedora do mundo? Ou você é um filósofo que pode jurar que nunca vai
encontrá-lo?

Se você simplesmente balança a cabeça, ri e não o reconhece nem na criança nem no


filósofo, é porque você também se acostumou tanto com o mundo que ele deixou de
surpreendê-lo. Nesse caso, você está em perigo. É por isso que você recebe esse curso de
filosofia, ou seja, para segurar. Não quero que você esteja entre os indolentes e indiferentes.
Quero que vivais uma vida desperta.

Você receberá o curso totalmente gratuito. É por isso que nenhum dinheiro será devolvido a
você se você não terminá-lo No entanto, se você quiser interrompê-lo, você tem todo o
direito de fazê-lo. Nesse caso, você terá que me deixar um sinal na caixa de correio. Um
sapo vivo seria bom. Que seja algo verde também; Caso contrário, o carteiro ficaria muito
assustado.

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Um breve resumo: você pode tirar um coelho branco de uma cartola vazia. Como este é um
coelho muito grande, este truque dura muitos bilhões de anos. No final dos finos pelos de
sua pele nascem todas as criaturas humanas. Dessa forma, eles são capazes de se
surpreender com a arte impossível da magia. Mas à medida que envelhecem, eles se
aprofundam cada vez mais na pele do coelho, e lá ficam. Eles são tão confortáveis e tão
confortáveis que não ousam voltar aos pelos finos da pele. Só os filósofos empreendem
essa perigosa viagem aos limites extremos da linguagem e de Qualquer. Eles ficam na
estrada, mas outros se agarram firmemente aos pelos da pele do coelho e gritam para todos
os seres sentados confortavelmente dentro da pele macia do coelho, comendo e bebendo
muito.

- Senhoras e Senhores Deputados, dizem. Flutuamos no vácuo.

Mas esses seres dentro da pele não ouvem filósofos. -Ah que pesado! -Dizer. E

continuam conversando como antes.

- Dá-me a manteiga. Como está o mercado de ações hoje? Como são os tomates? Você já
ouviu falar que Lady Di está esperando outro filho?

Quando a mãe de Sofia voltou para casa mais tarde, Sofia ficou em estado de choque. A
caixa com as cartas do misterioso filósofo estava bem guardada no Beco. Sofia estava
começando a fazer a lição de casa, mas ficou pensando e meditando sobre o que tinha lido.

Havia tantas coisas que eu nunca tinha pensado antes! Ela não era mais uma criança, mas
também não era bem um adulto. Sofia entendeu que já tinha começado a mergulhar na pele
grossa daquele coelho que tinha sido retirado da cartola preta do universo. Mas o filósofo a
havia ~impedido.

Ele – ou era ela?– a agarrara com força e a puxara para os cabelos da pele onde ela brincava
quando criança. E ali, no fim do cabelo, ele tinha visto o mundo novamente como se o visse
pela primeira vez.

O filósofo a resgatou; Não havia dúvida sobre isso. O remetente desconhecido das cartas a
salvara da indiferença do cotidiano.

Quando a mãe chegou a casa, por volta das cinco horas da tarde, Sofia levou-a para a sala e
obrigou-a a sentar-se numa poltrona.

- Mãe, não lhe parece estranho viver? –Começou.

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A mãe ficou tão atordoada que não sabia o que responder aos deveres de casa quando
chegava do trabalho.

- Bem", disse ele. Às vezes sim.

- Às vezes? O que quero dizer é se você não acha estranho que exista um mundo.

- Mas, Sofia, você não deve falar assim.

- Por que não? Então, o mundo parece completamente normal para você?

- Claro que sim. Via de regra, pelo menos.

Sofia entendeu que o filósofo tinha razão. Para os adultos, o mundo era uma coisa sentada.
Eles haviam entrado de uma vez por todas no sono diário da Bela Adormecida.

Bah! Você está tão acostumada com o mundo que ele deixou de te surpreender", disse ela.

- O que você está dizendo?

- Eu digo que você está muito acostumado com o mundo. Completamente atrofiada, - Sofia
eu não permito que você fale comigo assim.

- Então, vou colocar de outra forma. Você se acomodou bem dentro da pele do coelho que
acaba de ser retirado da cartola preta do universo. E agora você vai colocar as batatas para
cozinhar, e então você vai ler o jornal, e depois de meia hora de sesta você vai ver a notícia.

O rosto da mãe ganhou ares de preocupação. Como planejado, ele foi até a cozinha ferver
as batatas. Depois de um tempo, ela voltou para a sala e foi ela quem empurrou Sofia para
uma poltrona.

- Eu tenho que falar com vocês sobre um assunto", começou por dizer.

Pelo tom de voz, Sofia entendeu que aquilo era algo sério.

- Você não se meteu em algumas drogas, meu filho?

Sofia riu, mas entendeu o porquê dessa pergunta ter surgido exatamente nessa situação.

Você é doido? -Dito-. As drogas atrapalham ainda mais. E nada de ruim foi dito – aquele
nem sobre drogas, nem sobre o coelho branco.

17
J. M. BOCHENSKY

Filosofia
(fragmento)

Texto número 3

18
A FILOSOFIA

A filosofia é um assunto que não diz respeito apenas ao professor dela. Por mais estranho
que possa parecer, provavelmente não há homem que não filosofar. Ou, pelo menos, todo
homem tem momentos na vida em que se torna filósofo. A coisa é verdade sobretudo para
os nossos cientistas, historiadores e artistas. Mais cedo ou mais tarde, todos costumam
entrar na farinha filosófica. Na verdade, não estou dizendo que este é um serviço eminente
à humanidade. Os livros de filósofos – físicos, poetas ou políticos, aliás – são normalmente
maus e muitas vezes contêm uma filosofia ingenuamente infantil e geralmente falsa. Mas
isso aqui é acessório. O importante é que todos filosofamos e, ao que parece, não temos
escolha a não ser filosofar.

Daí, para todos, a importância da pergunta: O que é a própria filosofia? Infelizmente, essa é
uma das questões filosóficas mais difíceis. Poucas palavras que conheço que têm tantos
significados quanto a palavra "filosofia". Ainda há poucas semanas assisti, em França, a um
colóquio de importantes pensadores europeus e americanos. Todos falavam de filosofia e
por filosofia queriam dizer coisas absolutamente diferentes. Examinemos mais lentamente
os vários significados e procuremos encontrar um caminho para a inteligência nesse
formigueiro de opiniões e definições.

Há, em primeiro lugar, uma opinião segundo a qual a filosofia seria um coletivo para tudo o
que ainda não pode ser tratado cientificamente. Essa é, por exemplo, a opinião de Lord
Bertrand Russell e de muitos filósofos positivistas. Os defensores dessa opinião nos chamam
a atenção para o fato de que, em Aristóteles, filosofia e ciência significavam a mesma coisa,
e que mais tarde as ciências particulares foram descoladas da filosofia: primeiro a medicina,
depois a mesma lógica formal, que, como se sabe, É ensinado hoje geralmente nas
faculdades de matemática. Em outras palavras: não haveria absolutamente nenhuma
filosofia, no sentido, por exemplo, de que existe uma matemática, com objeto próprio. Tal
objeto da filosofia não existe. Isso apenas designaria certas tentativas de resolver ou
esclarecer vários problemas que ainda são imaturos.

É certamente um ponto de vista interessante e, de repente, os argumentos apresentados


parecem convincentes. Mas, se você olhar a coisa um pouco mais de perto, dúvidas muito
sérias surgem. Primeiro, se fosse como dizem esses filósofos, teria que haver menos
filósofos hoje do que há mil anos. Não é o caso. Hoje não há menos filosofia, mas muito
mais do que antes. E isto não só em termos do número dos que a cultivam - estimam-se
actualmente em cerca de dez mil -, mas também em termos do número de problemas
tratados. Quando comparado a

19
Nossa a filosofia dos gregos, vê-se que no século XX depois de Cristo colocamos muito
mais problemas do que aqueles conhecidos pelos fundadores da filosofia.

Em segundo lugar, é verdade que, ao longo do tempo, várias disciplinas foram separadas da
filosofia. Mas o chocante é que, quando uma ciência especial se tornou independente, quase
simultaneamente uma disciplina filosófica paralela sempre emergiu. Assim, nos últimos
anos, à medida que a filosofia se separava da lógica formal, imediatamente emergia uma
filosofia da lógica, muito derretida e calorosamente discutida. Nos Estados Unidos da
América, escreve-se e discute-se talvez mais do que questões puramente lógicas, mesmo
que esse país esteja na vanguarda da lógica, ou precisamente por causa dela. Os fatos
mostram que a filosofia, longe de morrer com o desenvolvimento das ciências, é mais
revigorada ou enriquecida.

E, por fim, uma pergunta maliciosa para quem pensa que não existe filosofia: em nome de
que disciplina ou que ciência se baseia essa afirmação? Aristóteles já argumentava aos
negacionistas da filosofia: ou filosofar ou não devemos filosofar. Se não há necessidade de
filosofar, será em nome da filosofia. Então, se você não tem que filosofar, você tem que
filosofar. E o mesmo pode ser argumentado hoje. Nada é tão divertido quanto o espetáculo
dos supostos inimigos da filosofia aduzindo grandes argumentos filosóficos para provar que
a filosofia não existe. Dificilmente, então; Você pode concordar com a primeira opinião. A
filosofia tem que ser algo diferente de um vaso geral de problemas imaturos. Essa função já
foi para ser desempenhada, mas ela é mais do que isso.

A segunda opinião, ao contrário, afirma que a filosofia nunca desaparecerá, mesmo que
dela surjam todas as ciências possíveis, uma vez que a filosofia, segundo essa opinião, não
é ciência. Se o objeto, diz-se, é o superracional, o incompreensível, o que está acima da
razão ou, pelo menos, nas fronteiras dela. Tem, portanto, muito pouco em comum com a
razão ou com a ciência. Seu domínio está situado fora do racional. De acordo com isso,
filosofar não significa investigar com razão, mas de outra forma, mais ou menos
irracionalmente. Essa é uma opinião hoje difundida no continente europeu e representada,
entre outros, pelos chamados filósofos existencialistas. Um representante extremo dessa
direção é certamente o professor Jean Whal, o principal filósofo de Paris, para quem, no
fundo, não há distinção entre filosofia e poesia. Mas também o conhecido filósofo
existencialista Karl Jaspers é, a este respeito, próximo de Jean Whal. Na interpretação de
Jean Hersch, filósofo da

Genebra, a filosofia é um pensamento limite entre a ciência e a música. Gabriel Marcel,


outro filósofo existencialista, teve um trecho de sua música original impresso diretamente
em um livro filosófico. E sem falar nos romances que alguns filósofos atuais costumam
escrever.

20
Esta opinião é também uma tese filosófica respeitável. A verdade é que diferentes
argumentos podem ser apresentados a seu favor. Em primeiro lugar, que nas questões limite
- e tais são geralmente questões filosóficas - o homem deve fazer uso de todas as suas
forças, incluindo, portanto, o sentimento, a vontade, a fantasia, como faz o poeta. Segundo,
que os dados fundamentais da filosofia não são sequer acessíveis à razão. Devemos,
portanto, tentar compreendê-los na medida do possível, por outros meios. Em terceiro
lugar, que tudo o que toca a razão já pertence a uma ou outra ciência. A filosofia, então, não
tem mais nada além desse pensamento poético na fronteira ou além da fronteira da razão. E
talvez pudesse ser argumentado ainda mais assim.

Contra essa opinião muitos pensadores se defendem, entre outros aqueles que são fiéis à
frase de Ludwig Wittgenstein: "O que não pode ser falado deve ser silenciado". Ao falar
Wittgenstein aqui quer dizer discurso racional, isto é, pensamento. Se algo não pode ser
compreendido pelos meios normais do conhecimento humano, isto é, pela razão dizem
esses desafiantes da filosofia poética, não pode ser compreendido absolutamente. O homem
só tem dois meios possíveis de conhecer as coisas: vendo o objeto diretamente, ou
deduzindo-o. Ora, em ambos os casos realiza-se uma função cognitiva e, essencialmente,
um ato de razão. Do flechó que você ama ou odeia, que sente angústia, tédio ou nojo e
coisas assim, talvez se siga que você é feliz ou infeliz, respectivamente, mas nada mais.
Assim dizem esses filósofos, que aliás - e lamento-o - riem diante dos representantes da
opinião contrária e os chamam de sondadores, poetas e informais.

Não posso entrar aqui na discussão aprofundada da questão. Teremos a oportunidade de


voltar a ele mais tarde. Gostaria apenas de fazer uma observação. Se olharmos para a
história da filosofia, do velho Tales de Mileto a Merleau-Ponty e Jaspers, encontramos com
reiteração constante que o filósofo sempre tentou esclarecer a realidade. Ora, esclarecer ou
iluminar a realidade nada mais significa do que interpretar racionalmente um determinado
objeto. Mesmo aqueles que lutaram mais rudemente contra o uso da filosofia, por exemplo,
Bergson, sempre o fizeram. O filósofo - pelo menos assim parece - é um homem que pensa
racionalmente e tenta trazer clareza - isto é, ordem e, portanto, razão - ao mundo e à vida.
Historicamente, isto é, no que os filósofos realmente fizeram e não no que disseram sobre
seu trabalho, a filosofia sempre foi, como um todo, uma atividade racional e científica, uma
doutrina ou teoria, não uma poesia. De tempos em tempos, os filósofos também tinham
dons poéticos. Então Platão e um Santo Agostinho. Assim, se é legítimo comparar com os
grandes da história um contemporâneo, Jean-Paul Sartre, que escreveu algumas boas peças.
Tudo, no entanto, parece ter sido para eles um meio de comunicar um pensamento. Em sua
essência, como acabamos de dizer, a filosofia sempre foi uma teoria e uma consciência.

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Além disso, se assim é, volta a colocar-se a questão: uma ciência de quê? Esta pergunta é
respondida por várias escolas com respostas muito variadas. Vou listar apenas alguns dos
mais importantes.

Primeira resposta: a teoria do conhecimento. As outras ciências sabem. A filosofia estuda a


possibilidade do próprio conhecimento, os pressupostos e limites do conhecimento
possível. Assim Emmanuel Kant e muitos de seus seguidores.

Segunda resposta: valores. Todas as outras ciências estudam o que é. A filosofia investiga o
que deveria ser. Essa resposta foi dada, por exemplo, por seguidores da chamada escola do
sul da Alemanha e por muitos filósofos franceses contemporâneos.

Terceira resposta: o homem como fundamento e assunção de tudo o mais. Segundo os


defensores dessa opinião, tudo é, na realidade, referido de alguma forma ao homem. As
ciências naturais e mesmo as ciências do espírito deixam essa referência de lado. A
filosofia confronta-a e, consequentemente, tem o homem como seu próprio objeto. Tantos
filósofos existencialistas.

Quarta resposta: linguagem. "Não há proposições filosóficas, mas apenas esclarecimento de


proporções", diz Wittgenstein. A filosofia estuda a linguagem das outras ciências do ponto
de vista de sua estrutura. Essa é a teoria de Wittgenstein e da maioria dos positivistas
lógicos de hoje.

Essas são algumas das várias opiniões assim. Cada um deles tem seus argumentos e é
defendido de forma quase convincente. Cada defensor dessas opiniões joga na cara os
apoiadores dos outros que não são filósofos. Basta ouvir com que íntima convicção tais
julgamentos são pronunciados. Os positivistas lógicos, por exemplo, costumam rotular
aqueles que discordam deles, como metafísicos. E a metafísica, segundo eles, é absurdo no
sentido mais estrito da palavra. Um metafísico faz sons, mas não diz nada. O mesmo vale
para os kantianos: para eles, quem não pensa como Kant é metafísico, embora isso não
signifique, segundo eles, que digam absurdos, mas que são ultrapassados e não filósofos. E
não falemos, porque é universalmente conhecido, do desprezo com que os existencialistas
tratam os que não o são.
Ora, se vos contei a minha modesta opinião pessoal, sinto um certo desconforto com esta fé
firme numa ou noutra concepção de filosofia. Parece-me muito razoável dizer que a
filosofia deve preocupar-se com o conhecimento, com os valores, com o homem, com a
linguagem. Mas por que só nisso? Algum filósofo mostrou que não há mais objetos da
filosofia? Aos que afirmam tal afirmação, eu o aconselharia em primeiro lugar, como o
"Mefistóles" de Goethe, um collegium logicum para que ele certamente aprenda o que é.

22
propriamente uma demonstração. Nada semelhante se mostrou não resolvido, de
importantes problemas não resolvidos que pertencem a todos os campos mencionados, mas
não são e não podem ser tratados por uma ciência específica. Esse é, por exemplo, o
problema da lei. Este não é certamente um problema matemático. O matemático pode com
calma formular e estudar suas leis sem fazer a pergunta da lei. Também não pertence à
filologia ou à ciência da linguagem, pois não se trata de linguagem, mas de algo que está
neste mundo ou, pelo menos, no pensamento. Por outro lado, a lei matemática também não
é um valor, pois não é algo que deveria ser, mas algo que é. Não entra, portanto, na teoria
dos valores. Se a filosofia se limita a uma ciência especial ou a alguma disciplina que
enumerei, esse problema não pode de modo algum ser elucidado. Não há lugar para ele. E ,
no entanto, é um problema real e importante.

Parece, então, que a filosofia não pode ser identificada com as ciências especiais ou limitada
a um único campo. É, em certo sentido, uma ciência universal. Seu domínio não se limita,
como o das outras ciências, a um campo estritamente limitado. Mas, se assim é, pode
acontecer, e de fato acontece, que a filosofia lide com o mesmo que as outras ciências.

Como, então, a filosofia difere dessa outra ciência? Distingue-se - respondemos - tanto pelo
seu método como pelo seu ponto de vista. Pelo seu método porque ao filósofo não é
proibido nenhum dos métodos de conhecer. Assim, ele não é obrigado, como o físico, a
reduzir tudo a fenômenos sensivelmente observados. Ou seja, o filósofo não precisa se
limitar ao método empírico, dedutivo. Ele também pode usar a intuição dos dados e outros
meios.

A filosofia também se distingue das outras ciências por seu ponto de vista. Quando ele
considera um objeto, ele sempre e exclusivamente o olha do ponto de vista do limite, dos
aspectos fundamentais. Nesse sentido, a filosofia é uma ciência dos fundamentos. Onde
param as outras ciências, onde não se perguntam e tomam mil coisas como garantidas, aí o
filósofo começa a perguntar. As ciências sabem; Ele pergunta o que é saber. Os outros
estabelecem leis; Ele se pergunta o que é a lei. O homem comum fala de significado e
propósito. O filósofo estuda o que deve ser adequadamente entendido por significado e
propósito. Assim, a filosofia é também uma ciência radical, pois vai à raiz mais
profundamente do que qualquer outra ciência. Onde os outros estão satisfeitos, a filosofia
continua a perguntar e investigar.

Nem sempre é fácil dizer onde está a fronteira entre uma determinada ciência e a filosofia.
Assim, o estudo dos fundamentos da matemática, que tão belamente foi desenvolvido no
decorrer do nosso século, é certamente um estudo filosófico, mas está em pé de igualdade

23
intimamente ligada às investigações matemáticas. Há, no entanto, algumas áreas onde a
fronteira parece clara. Tal é, por um lado, ontologia, uma disciplina que não é sobre isso ou
aquilo, mas sobre as coisas mais gerais, como a entidade, a essência e a existência, a
qualidade e outras coisas assim. Por outro lado, a filosofia também pertence ao estudo dos
valores como tais, não como eles aparecem na evolução da sociedade, mas em si mesmos.
Nesses dois campos, a filosofia não se limita a nada. Não há ciência fora dela que trate ou
possa lidar com essas questões. E a ontologia é então dada como certa em investigações em
outros campos, o que também dá uma distinção em relação a outras ciências que não
querem saber nada sobre ontologia.

Era assim que a maioria dos filósofos de todos os tempos via a filosofia: como uma ciência.
Não canto poesia, não como música, mas como um estudo sério e sereno. Como ciência
universal, no sentido de que não se fecha a nenhum campo e usa todos os métodos que lhe
são acessíveis. Como uma ciência de problemas de fronteira e questões fundamentais, e,
portanto, também como uma ciência radical que não está satisfeita com os pressupostos das
outras ciências, mas quer investigar até a raiz.

É preciso dizer também que é uma ciência extremamente difícil. Onde quase tudo é sempre
posto em causa, onde não se aplica nenhum pressuposto ou método tradicional, onde os
problemas muito complexos da ontologia devem ser sempre mantidos diante dos nossos
olhos, o trabalho não pode ser fácil. Não é à toa que as opiniões divergem tanto na filosofia.
Grande pensador e não cético - pelo contrário, uma das maiores sistemáticas da história -,
São Tomás de Aquino, certa vez, diz que poucos homens, depois de muito tempo e não sem
se misturar em erros, são capazes de resolver as questões fundamentais da filosofia.

Mas o homem está, querendo ou não, destinado à filosofia. Ainda tenho que lhe dizer, para
concluir, outra coisa: apesar de sua enorme dificuldade, a filosofia é uma das coisas mais
belas e nobres que podem ser na vida. Quem entrou em contato com um verdadeiro filósofo
sempre será atraído por ele.

24
ANDRES AVELINO GARCIA

A Essência da Teoria do Conhecimento e a Essência da Filosofia


(Trecho)

Número de texto 4

A Essência da Teoria do Conhecimento e a Essência da Filosofia

Para indagar sobre o que é a teoria do conhecimento e o que ela propõe, é preciso saber o
que é filosofia antes. Mas perguntar qual é a essência da filosofia exige uma resposta
antinomicamente problemática. Como a essência de todos os outros seres, a essência da
filosofia

25
Ela não pode ser delimitada de forma precisa e definitiva ao modo como o cientista finge
delimitar os objetos de seu interesse cognitivo. A essência de todo ser como ser é um objeto
antinomicamente problemático, pois nem por demonstração nem por verificação
experimental sensível se pode demonstrar e provar o que é um ser como ser.

Todo filósofo dará uma resposta, (sua resposta), à pergunta: qual é a essência da filosofia?
As inúmeras respostas diferentes que os filósofos têm dado a essa pergunta, e o fato de
excluírem uma da outra, já é um indício de que se trata de um objeto antinomiano. Na
etimologia grega do nome filosofia, "amor à sabedoria"; "O amor ao conhecimento insinua
uma definição de filosofia, que embora tenha sido repudiada como uma definição muito
geral, dá o conteúdo da essência da filosofia. A rejeição da etimologia grega foi feita
porque eles não foram criticamente interrompidos ou suficientemente abordados em A
Definição Etimológica. Mas para penetrar no sentido do conceito filosofia, no sentido do
pensamento: "Filosofia é amor à sabedoria" é preciso saber qual é a essência do amor que é
também um objeto em relação a cuja essência surgem respostas que também são
antinomicamente problemáticas.

Se o amor é a saudade do ser despossuído, mais propriamente, a saudade do ser não


possível, a palavra filosofia dá o sentido da essência da filosofia. Filosofia é amor à
sabedoria, anseio de um ser que não é possuído e que o verdadeiro filósofo vislumbra que é
impossível possuir definitivamente. A sabedoria é um ser que não é possuído porque a
filosofia, que pretende obtê-la, é um mero discurso sobre pensamentos antinomicamente
problemáticos. A ciência passa a conhecer, a possuir inteleticamente seus objetos, ou pelo
menos, o cientista, em sua atitude dogmática, satisfaz-se com certa posse deles. Mas os
objetos da filosofia são radicalmente diferentes em natureza da dos objetos científicos. Estes
últimos são objetos ópticos materiais, enquanto objetos filosóficos são meros pensamentos
antinomicamente problemáticos sobre objetos ópticos substanciais.

A filosofia é, portanto, uma discussão problemática dos problemas antinomicamente


problemáticos que eles levantam sobre objetos científicos e sobre realidades substanciais de
todos os tipos.

Os pensamentos que o cientista enuncia sobre seus objetos não são antinomicamente
problemáticos; são meramente problemáticos; Eles admitem uma solução unívoca que pode
ser testada. O cientista encontra ou considera que se encontra uma verificação sensata e
uma demonstração completa de seus problemas. O filósofo não pode encontrar provas ou
demonstrações sensatas de seus problemas, pois seus objetos são pensamentos
antinomicamente problemáticos, alheios ao real sensível e demonstrável.

26
no sentido matemático. Seus objetos são apenas imediatamente experimentáveis e não
imediatamente experimentáveis como os objetos reais da ciência.

Filosofia e ciência sempre andaram juntas; São o produto de duas atitudes do homem: a
atitude cética e a atitude dogmática. A primeira atitude conduz o homem aos objetos:
pensamentos antinomicamente problemáticos, a segunda o conduz a objetos não
problemáticos, objetos não pensamentos, objetos (milicos substanciais, que ele considera
conhecidos em sua essência e nos princípios gerais que os regem e dos quais ele só está
interessado no conhecimento, Um conhecimento de segundo grau: seu comportamento,
seus processos, suas relações, suas ordens, suas leis.

Não há homem absolutamente cético na filosofia e absolutamente dogmático na ciência.


Um cientista absolutamente dogmático seria um religioso e não um cientista; Um filósofo
nos voos mais altos da pesquisa cai no reino do científico, e o cientista em sua "marcha
medida do conhecimento", a evidência absoluta às vezes ascende à esfera do conhecimento
antinomicamente problemático.

A filosofia raramente ocorreu em estado de pureza absoluta. No alvorecer do pensamento


problemático ocidental, em grego, os jônios discutiam sobre o pensamento
antinomicamente problemático. A filosofia pode ser pura quanto à pergunta que suscita e
impura quanto ao método ou procedimento que utiliza para responder a essa pergunta. Em
Parmênides, Platão e Aristóteles temos o mais alto grau de pureza da metafísica que
ocorreu na antiguidade. A metafísica não é o tipo de filosofia com o mais alto grau de
pureza, pois nela, embora trate do pensamento antinomicamente problemático, que são seus
objetos, esse discurso é feito de forma dogmática e, na maioria dos casos, em constante
referência a objetos não problemáticos. A metafísica do mais alto grau de pureza que nos
legou a filosofia grega foi, desse ponto de vista, a de Parmênides. É seguido em grau de
pureza pelo de Platão e Aristóteles.

A filosofia mais pura que foi dada até o presente é a platônica. Seus objetos são todos
pensamentos antinomicamente problemáticos sobre todos os tipos de realidade. E seu
método era o genuinamente filosófico: a discussão dialética de problemas antinômicos de
todos os tipos.

Precisamente essas mesmas antinomias que Kant mais tarde tentou remover do seio do
metafísico por serem consideradas inúteis, são a essência da filosofia.

27
Na filosofia há uma disciplina que possui um grau de pureza ainda maior que o da
metafísica: a teoria do conhecimento. Nela todas as perguntas são sobre pensamentos
antinomicamente problemáticos; Suas posições são duais, polarmente antinômicas e se
desenvolvem em discussões problemáticas e sem apoio possível em realidades sensíveis. É
verdade que na metafísica essas coisas também existem, mas não ocorrem da mesma
maneira. A posição metafísica é delineada dogmaticamente, embora a posição antinomiana
oposta seja realmente notada. A tentativa de Sócrates de "fazer de toda ação humana uma
ação consciente" não é filosofia: 1. Uma filosofia absolutamente pura como a platônica de
diálogos socráticos e polêmicos em que discussões antinomicamente problemáticas não
produzem conhecimento. Isso inclui a filosofia e a Teoria do Conhecimento; 2. A filosofia
da metafísica transcendental na qual as afirmações sobre objetos antinomicamente
problemáticos, embora não o obtenham, certamente consideram a obtenção de
conhecimento; para eles é uma filosofia de menor pureza do que a da teoria do
conhecimento certo e definitivo, inalterada por qualquer dúvida; nem desafiado por
qualquer crítica, é conhecimento científico, seja ele proveniente da ciência ou da filosofia.
Todo conhecimento obtido em uma filosofia impura é conhecimento com caráter definitivo.

Toda filosofia aceita como conhecimento definitivo, inconteste, torna-se conhecimento


científico torna-se ciência dogmática para aqueles que aceitam sem discussão, mesmo que
possa, depois de uma época, ser novamente contestada, convertida no que é propriamente,
um objeto antinomicamente problemático, e voltar a ser o que é propriamente uma
filosofia.

3. Outro tipo de filosofia é a da metafísica imanente indutiva, que embora seus


pensamentos se refiram a objetos antinomicamente problemáticos, pretendem obter certos
conhecimentos, cujo ser está, segundo o cientista, fora de discussão. Há, enfim, uma
filosofia, que por sua essência deixa de ser filosofia, positivismo e as chamadas filosofias
científicas, nas quais não é investigada por meio de pensamentos antinomicamente
problemáticos.

Esses filósofos não querem fazer filosofia, mas mera ciência. Todo conhecimento adquirido
por eles é conhecimento, definitivo, não porque certamente o seja, mas porque o cientista o
considera ser.

28
JULIANO MARIAS

A Ideia de Filosofia e a Origem da Filosofia (Fragmento)

Número de texto 5

A IDEIA DE FILOSOFIA

Vale a pena parar por um momento para prestar atenção a alguns dos destaques da história,
para ver como as interpretações da filosofia têm sido articuladas como conhecimento e
como modo de vida. Em Aristóteles, a filosofia é uma ciência rigorosa, sabedoria ou saber
por

29
Excelência: a ciência das coisas como elas são. E, no entanto, ao falar dos modos de vida,
coloca entre eles, como forma exemplar, uma vida teórica que é justamente a vida do
filósofo. Depois de Aristóteles, nas escolas estoica, epicurista, etc., que enche a Grécia
desde a morte de Alexandre, e depois todo o Império Romano, a filosofia é esvaziada de
conteúdo científico e está se tornando cada vez mais um modo de vida, a do sábio sereno e
imperturbável, que é o ideal humano da época.

Dentro do cristianismo, para Santo Agostinho, trata-se do contraste ainda mais profundo
entre uma visita teórica e uma visita abençoada. E mais alguns séculos de lude. Sardo
Thomas transitará entre a scientia theologica e a scientia philosophica; Dualidade Passei da
esfera da própria vida para os vários modos de ciência.

Em Descartes, no início da época moderna, ela não é mais uma ciência, ou pelo menos
simplesmente ela; Sim, uma ciência para a vida é viver de uma certa maneira, saber o que é
feito e, acima de tudo, o que deve ser feito. Assim, a filosofia aparece como um modo de
vida que postula uma ciência. Mas, ao mesmo tempo, as mais altas exigências de rigor
intelectual e certeza absoluta se acumulam sobre essa ciência.

A história não termina aqui. No momento da maturidade europeia, Kant nos falará, em sua
Lógica e no final da Crítica da Razão Pura, de um conceito erudito e de um conceito
mundano de filosofia. A filosofia, segundo seu conceito escolar, é um sistema de todo
conhecimento filosófico. Mas em seu sentido mundano, que é o mais profundo e radical, a
filosofia é A ciência da emigração de todo conhecimento para os propósitos essenciais da
razão humana O filósofo não é mais um arquiteto da razão, mas o legislador da razão
humana; e nesse sentido, diz Kant, é muito orgulhoso chamar-se filósofo. O fim último é o
destino moral; O conceito de pessoa moral é, portanto, o ápice da metafísica kantiana. A
filosofia no sentido mundano - um modo de vida essencial para o homem - é o significado
da filosofia como ciência.

Finalmente, em nosso tempo, enquanto Hussert insiste mais uma vez em apresentar a
filosofia como uma ciência estrita e rigorosa, Ckithey a vincula essencialmente à vida e à
história humanas, a ideia de razão vital (Ortega) reafirma radicalmente o próprio cerne da
questão. estabelecendo uma relação intrínseca e necessária entre o conhecimento racional e
a própria vida.

30
ORIGEM DA FILOSOFIA

Por que o homem começa a filosofar? Raramente esta questão foi suficientemente
levantada. Aristóteles tocou-a de tal forma que influenciou decisivamente todo o processo
posterior da filosofia. O início de sua Metafísica é uma resposta a essa pergunta: Todos os
homens tendem por natureza a saber. A razão do desejo do homem de saber é, para
Aristóteles, nada menos do que sua natureza. E a natureza é a substância de uma coisa,
aquilo em que ela realmente consiste; Portanto, o homem aparece definido pelo
conhecimento; É a sua própria essência que move o homem a conhecer. E aqui
encontramos novamente uma implicação mais sábia entre conhecimento e vida, cujo
significado se tornará mais diáfano e transparente ao longo deste livro Mas Aristóteles diz
outra coisa. Um pouco mais tarde, ele escreve: "Por espanto os homens começaram, agora e
a princípio, a filosofar, espantando-se primeiro com as coisas mais estranhas que tinham
mais à mão, e depois, à medida que avançavam pouco a pouco, tornando-se uma questão
das coisas mais sérias, como os movimentos da Lua, do Sol e das estrelas e da geração de
tudo". Temos, então, como raiz mais concreta de filosofar uma atitude humana que é de
espanto. O homem é surpreendido pelas coisas próximas, e depois pela totalidade de tudo o
que existe. Em vez de mover-se entre as coisas, usá-las, apreciá-las ou temê-las, ele fica do
lado de fora, surpreendido por elas, e se pergunta com espanto sobre aquelas coisas que
estão próximas e cotidianas, que agora, pela primeira vez, aparecem diante dele, portanto,
sozinho, isolado em si mesmo pela pergunta: "O que é isso?" Neste momento começa a
filosofia.

É uma atitude humana completamente nova, que tem sido chamada de teórica em oposição
à atitude mítica (Zubiri). O novo método humano surge na Grécia um dia, pela primeira vez
na história, e desde então há algo mais radicalmente novo no mundo, que torna a filosofia
possível. Para o homem mítico as coisas são poderes propícios ou. nocivo, com o qual vive
e com quem usa ou evita. É a atitude perante a Grécia e as que continuam a ser partilhadas
pelos povos onde o maravilhoso achado helénico não chega. A consciência teórica, por
outro lado, vê as coisas no que antes eram poderes. É a grande descoberta das coisas, tão
profunda que hoje é difícil a gente ver que é de fato uma descoberta, pensar que poderia ser
de outra forma. Para isso, temos de recorrer a caminhos que têm apenas uma analogia
remota com a atitude mítica, mas que diferem da nossa atitude europeia: por exemplo, a
consciência infantil, a atitude da criança, que se encontra no mundo cheio de poderes
benignos ou hostis ou pessoais, mas não das coisas em sentido estrito. Na atitude teórica, o
homem, em vez de estar entre as coisas, está diante delas, afastado delas, e então as coisas
adquirem um sentido por si mesmas, antes que não o tivessem. Eles aparecem como algo
que existe por si mesmo, além do homem, e que tem uma certa consistência: algumas
propriedades, algo deles e que é seu. -Surgir

31
Então as coisas como realidades que são, que têm um conteúdo peculiar. E só nesse sentido
se pode falar em verdade ou falsidade. O homem mítico se move para fora desse reino.
Somente como algo que é as coisas podem ser verdadeiras ou falsas. A forma mais antiga
desse despertar das coisas em sua verdade é a maravilha. E é por isso que é a raiz da
filosofia.

FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA

A relação da filosofia com sua história não coincide com a da ciência, por exemplo, com a
sua. Neste último caso, são duas coisas diferentes: a ciência, por um lado; e, de outro, o que
era a ciência, isto é, sua história. Eles são independentes, e a ciência pode ser conhecida,
cultivada e existir à parte da história e do que foi. A ciência é construída a partir de um
objeto e do conhecimento que em um momento é possuído sobre ele. Na filosofia, o
problema é ele mesmo; Além disso, esse problema surge em cada caso de acordo com a
situação histórica e pessoal em que o filósofo se encontra, e essa situação é, por sua vez,
amplamente determinada pela tradição filosófica em que ele está inserido: todo o passado
filosófico já está incluído em cada ação de filosofar; Em terceiro lugar, o filósofo tem que
se fazer uma questão da totalidade do problema filosófico e, portanto, da própria filosofia, a
partir de sua raiz original: ele não pode partir de um estado de fato existente e aceitá-lo,
mas ele tem que começar do início e, ao mesmo tempo, da situação histórica em que se
encontra. Ou seja, a filosofia tem que ser levantada e realizada inteiramente em cada
filósofo, mas não de forma alguma, mas em cada um de maneira insubstituível: como é
imposta por toda filosofia anterior. Portanto, em todo filosofar está inserida toda a história
da filosofia, e sem ela é ou é inteligível nem, sobretudo, poderia existir. E, ao mesmo
tempo, a filosofia não tem mais realidade do que atinge historicamente em cada filósofo.
Há, então, uma conexão indissociável entre a filosofia e a história da filosofia. A filosofia é
histórica, e sua história pertence essencialmente a ela. E, por outro lado, a história da
filosofia não. É mera informação acadêmica sobre as opiniões dos filósofos, mas é a
verdadeira exposição do conteúdo real da filosofia. É, portanto, com todo o rigor, filosofia.
A filosofia não se esgota em nenhum de seus sistemas, mas consiste na história real de
todos eles. E, por sua vez, ninguém pode existir sozinho, mas precisa e envolve todos os
anteriores; E mais: cada sistema alcança apenas a plenitude de sua realidade, de sua
verdade, fora de si, naqueles que o sucederão. Todo filosofar parte da totalidade do passado
e se projeta no futuro, colocando em movimento a história da filosofia. Isto é, em poucas
palavras, o que se quer dizer quando se afirma que a filosofia é histórica.

32
BERTRAND RUSSELL

Dúvidas Filosóficas (Fragmento)

Número de texto 6

33
DÚVIDAS FILOSÓFICAS

Talvez o leitor espere que conheçamos este tratado com uma definição de filosofia; Mas,
com ou sem razão, esse não é o meu propósito. Qualquer definição dada a esta palavra
variará de acordo com a filosofia adotada; Portanto, tudo o que podemos dizer à partida é
que há certos problemas que interessam a certas pessoas e que, pelo menos por enquanto,
não pertencem a nenhuma ciência em particular. Todos esses problemas são de tal ordem,
que levantam dúvidas sobre o que comumente passa por conhecimento; E se essas dúvidas
forem esclarecidas, elas não o serão apenas por um estudo especial ao qual damos o nome
de "filosofia". Consequentemente, o primeiro passo que se pode dar para definir essa
palavra é indicar esses problemas e essas dúvidas, que constituem também o primeiro passo
no verdadeiro estudo da filosofia. Entre os problemas filosóficos tradicionais, há alguns
que, a meu ver, não se prestam a nenhum tratado intelectual, uma vez que transcendem
nossas faculdades cognitivas; Portanto, não vamos lidar com esses problemas. Há outros,
no entanto, que, embora não sejam susceptíveis de serem resolvidos agora, são pelo menos
susceptíveis de mostrar a direcção a seguir para os alcançar e o tipo de solução que lhes
convém, e que pode ser alcançada ao longo do tempo.

A filosofia origina-se do esforço extraordinariamente obstinado para alcançar o verdadeiro.


O que em nossa vida comum passa por conhecimento sofre de três defeitos: é muito seguro
de si mesmo; é vago; É contraditório. Há também uma outra qualidade que desejamos para
o nosso conhecimento, que é a compreensão: queremos que a área dele abranja a maior
magnitude possível. Mas isso diz respeito mais à ciência do que à filosofia. Um indivíduo
não é um filósofo melhor porque conhece mais fatos científicos; Se é a filosofia que lhe
interessa, serão princípios, métodos e concepções gerais que você aprenderá com a ciência.
A obra do filósofo começa, por assim dizer, onde terminam os fatos grosseiros. A ciência
os reúne em feixes por meio de leis científicas: e são essas leis, e não os fatos originais, que
constituem a matéria-prima da filosofia. Implica a crítica do conhecimento científico, não
de um ponto de vista fundamental que não seja o da ciência, mas de um ponto de vista
menos interessado na harmonia do corpo total das ciências especiais.

As ciências especiais nasceram todas do uso de noções derivadas do senso comum, como as
coisas e suas qualidades, tempo e acusação. A própria ciência veio mostrar que nenhuma
das noções de senso comum serve inteiramente para explicar o mundo; mas se dificilmente
pode ser considerada tarefa de qualquer

34
das ciências especiais a necessária reconstrução dos fundamentos. Esta é uma questão de
filosofia. Devo dizer, a partir de agora, que considero uma questão da maior importância.
Acredito que erros filosóficos nas crenças do senso comum não só produzem confusão na
ciência, mas também prejudicam a ética e a política, as instituições sociais e até mesmo a
condução de nossas vidas diárias. Não nos interessa ao presente trabalho mostrar os efeitos
práticos de uma má filosofia: nossa tarefa será puramente intelectual Mas, se não me
engano, o empreendimento intelectual que estamos prestes a empreender tem
consequências em muitos setores que, à primeira vista, parecem não ter mais conexão com
o assunto em questão. O efeito de nossas paixões sobre nossas crenças é um dos assuntos
favoritos dos psicólogos modernos; Mas o efeito inverso, isto é, de nossas crenças, sobre
nossas paixões, existe em si, embora não tenha o caráter que se supunha na psicologia
intelectualista da velha escola. Embora não nos detenhamos para discuti-lo, não custa
lembrar, a fim de perceber que nossas discussões podem envolver certas consequências ou
manter certas relações com assuntos que estão fora do intelecto puro.

Há pouco, mencionamos três defeitos que sofrem de crenças comuns: que eles são muito
confiantes em si mesmos, que são vagos e que são contraditórios. Cabe à filosofia corrigir
esses defeitos, desde que seja capaz de ser dotada de conhecimento completo. Para ser um
bom filósofo, o homem deve ser dotado de um desejo veemente de saber, por que uma
grande segurança para acreditar que ele sabe; Ele também deve possuir grande
discernimento lógico e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, é claro, é uma questão de
grau. A imprecisão, em particular, pertence a uma certa extensão do pensamento humano;
Consequentemente, é uma atividade continuamente perfectível, não algo em que possamos
alcançar a perfeição final de uma vez por todas. Nesse aspecto, a filosofia sofreu muito com
sua associação com a teologia. Os dogmas teológicos são fixos e são considerados pelos
ortodoxos como ineptos para aperfeiçoamento. Os filósofos muitas vezes tendem a
estabelecer sistemas definitivos em Lumia, como eles não têm se contentado com a
abordagem gradual que satisfaz os homens de ciência. Isso é um erro. A filosofia seria, em
qualquer caso, fragmentária e provisória como a ciência; A verdade última é uma questão
do céu e não deste mundo.

Os três defeitos que mencionamos têm uma relação de dependência mútua entre si e basta
perceber qualquer um deles para reconhecer a existência dos outros dois.

Tentaremos ilustrar esses três tipos de defeitos com alguns exemplos.

35
Consideremos primeiro a crença em objetos comuns, como mesas, cadeiras e árvores.
Todos nós nos sentimos perfeitamente seguros sobre essas coisas na vida comum e, no
entanto, nossa confiança é fundada por razões muito frágeis. O senso comum ingênuo
supõe que eles sejam tais e como aparecem aos nossos sentidos, o que é impossível, uma
vez que não parece exatamente o mesmo para dois observadores simultâneos; Não é
possível, pelo menos, que se o objeto é apenas um seja o mesmo para todos os que
observam. Se admitirmos que o objeto não é o que vemos, não podemos mais nos sentir tão
seguros de sua existência e aqui surge a primeira dúvida. No entanto, vamos nos recuperar
rapidamente do revés e dizer que, é claro, o objeto é na "realidade" o que a física nos
ensina. Agora, a física nos diz que uma mesa ou cadeira é "realmente" um sistema
incrivelmente vasto de elétrons e prótons em movimento rápido separados por espaço
vazio. Até agora tudo corre perfeitamente, mas o físico, como homem comum, depende de
seus sentidos para provar a existência do mundo físico. e diz-lhe. "Você teria a gentileza de
me dizer como físico o que é uma cadeira?" Eu obteria uma resposta erudita, mas se alguém
dissesse sem preâmbulo "Existe tal cadeira?" para respondê-la: "Claro que é, não é
verdade" a isso não devemos responder negativamente; deveria dizer "Não. Vejo certas
manchas de cor, mas não vejo elétrons e prótons e você me diz que são esses que compõem
a cadeira. Ele talvez retrucasse: "Sim, mas um grande número de elétrons e prótons juntos
aparecem à vista de todos como uma mancha colorida". ''O que você quer dizer com
aparecer?'' Pergunto-lhe, então. Ele tem uma constelação de elétrons e prótons (ou, muito
provavelmente, refere-se a eles a partir de uma fonte de luz), atinge o olho, causa uma série
de efeitos na córnea e retina, no nervo óptico e no cérebro e, finalmente, produz uma
sensação. Mas o físico nunca viu um olho, nem um nervo óptico, nem um cérebro com
maior certeza do que viu uma cadeira: ele só viu manchas de cor, que ele diz terem a
semelhança dessas coisas. Ou seja, ele acredita (como qualquer outra pessoa acredita) que a
sensação que se tem quando vê uma cadeira depende de uma série de causas físicas e
psicológicas, todas as quais, ele nos mostra, estão essencialmente e para sempre fora da
experiência. Apesar de tudo isso, ele pretende basear sua ciência na observação.
Evidentemente há nisso um problema de lógica, um problema que não pertence à física,
mas a outro tipo de estudo inteiramente diferente. Aqui está um excelente exemplo de como
a investigação precisa destrói a certeza.

O físico acredita que elétrons e prótons são inferências a partir do que ele percebe; Mas
essa inferência nunca é claramente estabelecida na concatenação lógica e, mesmo que
fosse, pode não ser plausível o suficiente para garantir toda a confiança. Na realidade, o
desenvolvimento de ideias desde os objetos do senso comum até elétrons e prótons tem sido
guiado por certas crenças das quais raramente se tem consciência, mas que existem na
natureza de cada homem.

36
Eles crescem e se desenvolvem à medida que uma árvore cresce e se desenvolve. Começa
por acreditar que a cadeira é o que parece ser, e que continua a sê-lo mesmo quando não
olhamos para ela. No entanto, com um pouco de reflexão, descobriremos que essas duas
crenças são incompatíveis. Se a cadeira tem que sobreviver independentemente de a vermos
ou não, então deve ser algo diferente da mancha de cor que vemos, porque isso depende de
condições estranhas à cadeira, como, por exemplo, a forma como ela recebe a luz, a cor da
lente que usamos e outras coisas assim. Isso induz o homem de ciência a considerar a
cadeira "real" como a causa (ou parte indispensável da causa) de nossas sensações quando
vemos a cadeira. Isso implica a ideia de acusação como uma crença a priori sem a qual não
haveria razão para supor, de forma alguma, a existência de uma cadeira "real". Ao mesmo
tempo, a ideia de permanência carrega consigo a noção de substância: a cadeira "real" é
uma substância ou conglomerado de substâncias que gozam de permanência e têm o poder
de produzir sensações. Essa crença metafísica é aquela que, mais ou menos,
inconscientemente, nos leva a inferir elétrons e prótons em nossas sensações. O filósofo
deve trazer tais crenças à luz do dia para ver se elas ainda sobrevivem, muitas vezes ele
descobrirá que elas morrem assim que sua clareza é exposta.

Auto Exercícios. Reflexão

Auto Exercícios. Reflexão: Texto nº. 1

1. Investigar dados biográficos sobre Leopoldo Zea.

Cidade do México, 30 de junho de 1912 — Cidade do México, 8 de junho de 2004) foi


um filósofo mexicano. Foi discípulo de José Gaos, que o conheceu na altura em que
estudava Direito e Filosofia e à noite tinha de trabalhar, pelo que Gaos apoiou-o para obter
uma bolsa de estudos e dedicar-se exclusivamente à Filosofia. Tornou-se famoso graças à
tese El positivismo en México (1945), com a qual aplicou e estudou o positivismo no
contexto de seu país do mundo em transição dos séculos XIX e XX. Com isso, iniciou a
defesa da integração americana, concebida pelo libertador e estadista Simón Bolívar e deu-
lhe um sentido próprio, a partir da ruptura com o imperialismo norte-americano e o
neocolonialismo. Em suas abordagens, demonstra que os fatos históricos não são
independentes de ideias e, da mesma forma, não se manifestam em abstrato, mas como uma
simples reação a uma determinada situação da vida humana e popular.

2. Identificar, escrever e definir cinco conceitos centrais contidos no texto.

Ciência (do latim scientĭa, "conhecimento") é um sistema que organiza e ordena o


conhecimento através de perguntas testáveis e um método estruturado que estuda e interpreta
fenômenos naturais, sociais e artificiais.
Disciplina significa instruir uma pessoa ou animal a ter um determinado código de conduta
ou ordem. No campo do desenvolvimento infantil, disciplina refere-se a métodos de formação
37
de caráter e ensino de autocontrole e comportamento aceitável, por exemplo, ensinar uma
criança a lavar as mãos antes das refeições.
Filosofia (do grego antigo φιλοσοφία 'amor à sabedoria' derivado de φιλεῖν [fileîn] 'amar' e
σοφία [sophia] 'sabedoria';1 trans. em latim como philosophĭa) é uma disciplina acadêmica e
um conjunto de reflexões e conhecimentos de caráter transcendental que, em um sentido
holístico, estuda a essência, as causas primeiras e os fins últimos das coisas. Procura
responder a uma variedade de problemas fundamentais sobre questões como existência e ser
(ontologia e metafísica), conhecimento (epistemologia e gnoseologia), verdade (lógica),
moral (ética), beleza (estética), valor (axiologia), mente (filosofia da mente), linguagem
(filosofia da linguagem) e religião (filosofia da religião).456 Ao longo da história, muitas
outras disciplinas surgiram na esteira da filosofia, razão pela qual é considerada a base de
todas as ciências modernas por muitos autores.7 O termo foi provavelmente cunhado por
Pitágoras.
A didática é a ciência que tem como objeto de estudo o processo educativo de ensino voltado
para a solução do problema que chamamos de comissão social: preparar o homem para a vida,
esse processo só ocorre na escola como educação formal.
Dúvidas filosóficas: Ter dúvidas sobre muitos aspectos da vida é típico daquelas pessoas com
um senso de curiosidade particularmente afinado. Alguns tentam refletir em profundidade e
tentar encontrar respostas para as perguntas que surgem, enquanto outros evitam pensar
demais, pois têm dificuldade em encontrar soluções para as perguntas.
Essas questões, consideradas existenciais, correspondem ao sentido da vida e a aspectos de
toda ordem: da mais absoluta banalidade a questões impossíveis de resolver. Eles fazem parte
do raciocínio humano que tenta responder a todas as suas dúvidas.

3. As respostas de Leopoldo Zea à pergunta O que é filosofia?

É uma disciplina que só pode ter uma justificação histórica, que expressa verdades
válidas para um determinado lugar e para um tempo, fora do qual seria totalmente inválida
e falsa.

4. Como Leopoldo Zea argumenta sua afirmação de que "Todos nós temos uma
ideia sobre filosofia?

I. A filosofia é um desejo de conhecer livremente e desinteressado. Pitágoras.

II. A filosofia é uma questão sobre os princípios ordenadores do Cosmos.


Pré-socráticos.

III. A filosofia é a mais alta ascensão da personalidade humana e da sociedade através


da sabedoria. Platão.

IV. A filosofia é uma ciência universal, difícil, rigorosa, didática, preferível, principal e
divina. Aristóteles.
38
V. A filosofia é a mestra da vida, a inventora das leis e a guia da virtude. Cícero.

VI. A filosofia é a teoria e a arte da conduta justa. Seneca.

VII. A filosofia é uma ânsia de Deus. Santo Agostinho.

VIII. A filosofia é a serva da teologia. São Tomé.

IX. A filosofia é o estudo da sabedoria, tanto para a condução da vida para a


preservação da saúde quanto para a invenção de todas as artes. Descartes.

X. A filosofia é uma ciência crítica que indaga sobre o alcance do conhecimento


humano Kant.

5. De onde vem a expressão "filosofia"?


na Grécia

6. Qual é o significado de "filosofia"?


Significa literalmente "amor à sabedoria", é uma abordagem ao pensamento crítico e ao
questionamento sobre o mundo, o conhecimento e a existência humana. Ela existe desde a
Antiguidade no Ocidente e no Oriente , através da figura do filósofo , não apenas como
atividade racional , mas também como modo de vida. A história da filosofia nos permite
compreender sua evolução.

7. A quem se atribui o uso do nome philosophie pela primeira vez?


Segundo Cícero, quem primeiro usou a palavra filosofia foi Pitágoras. Ele comparou a
vida às comemorações de Olímpia em que alguns eram empresários, outros só iam
competir, outros para se divertir e outros por curiosidade.

8. Por favor, narre a circunstância em que Pitágoras usou pela primeira vez a
expressão Philosophie.

Que Pitágoras, tendo tratado de algumas questões aprendidas e dissertadas, Leão,


príncipe dos fliasianos, perguntou-lhe que arte ele principalmente fazia profissão, ao que
Pitágoras respondeu: que a vida do homem e a feira que se celebrava com os jogos antes do
concurso de toda a Grécia lhe pareciam semelhantes, pois como ali alguns aspiravam com
habilidade de seus corpos à glória e ao nome de uma coroa, outros eram atraídos pelo lucro

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S, desejo de comprar e vender, mas havia uma classe, e precisamente aquela formada em
maior proporção de homens livres, que não buscavam nem mesmo aplausos, nem lucro,
mas passaram a ver e observar com avidez o que se fazia e de que maneira

9. Anote brevemente as várias respostas para a pergunta o que é filosofia?

Para Platão, a filosofia é a aquisição da ciência.


Para Aristóteles, a filosofia tem como objeto o ser como ser. A filosofia é a ciência que
lida com as causas e os princípios das coisas _ _

A filosofia de Kant se tornará uma ciência crítica, uma ciência que questiona o alcance do
conhecimento humano.
10. Faça um comentário autorreflexivo sobre o texto lido.

A primeira coisa que temos que fazer quando temos que resumir um texto é seguir o seguinte
procedimento:

a) Realizar uma primeira leitura de todo o texto. Isso nos permitirá ter uma visão geral das
questões levantadas nele. Alguns alunos começam a sublinhar na primeira leitura, de modo
que, tendo uma visão parcial do texto, não sublinham corretamente.

b) Realizar uma segunda leitura destacando as ideias principais, as ideias secundárias, os


conceitos relevantes e os termos desconhecidos (é muito importante entender esses termos,
seja usando o dicionário ou perguntando a um especialista). Os defeitos mais difundidos dos
alunos no uso da técnica de sublinhado são geralmente dois: sublinhar quase todo o texto e
sublinhar praticamente nada.

c) Faça algum tipo de esquema. É importante que tenha uma estrutura hierárquica, que nos
permita mostrar a estrutura do texto: ideias principais, ideias secundárias e suas relações entre
elas. Um modelo de esquema hierárquico são mapas conceituais. É característico nos alunos
não realizar essa etapa, que ao fazer do resumo obtém-se um mau resultado: repetição de
ideias, cópia literal do texto, desordem e falta de estrutura,... O uso de esquemas hierárquicos
também facilitará a tarefa de explicar o texto de forma ordenada.

d) Redigir o resumo. Deve indicar: a ideia ou ideias principais, as ideias secundárias e as


relações entre elas, ou seja, a estrutura lógica ou de raciocínio do texto. Atender aos aspectos
sintáticos do texto facilitará essa tarefa. O resumo é a tarefa mais simples de um comentário
de texto, mas muitos alunos não dão importância a ele e, portanto, são incapazes de fazer uma

40
boa explicação sobre ele.

Exercício de Autorreflexão: Texto No.2

1. Investigue dados biográficos sobre Jostein Gaarder e seu romance Sofia's World.

_ Nascido em 8 de agosto de 1952, em Oslo, é um escritor norueguês, autor de romances,


contos e livros infantis. Em 1990 recebeu o Prémio Nacional de Crítica Literária da
Noruega e o Prémio Literário do Ministério dos Assuntos Sociais e Científicos por O
Mistério do Solitário e no ano seguinte o Prémio Europeu de Literatura Juvenil. Em 2012
foi publicado seu livro Det spørs (I wonder), com ilustrações do artista turco-norueguês
Akin Düzakin, que aborda cinquenta questões filosóficas universais para promover o
diálogo intergeracional. As questões dizem respeito tanto a questões morais (amizade,
justiça, beleza) quanto metafísicas (universo, vida, morte, Deus). Segundo Gaarder, a
questão filosófica mais importante do presente é aquela que ele não incluiu em seu livro:
como será o ser humano no futuro? .

Prezada Sofia. Muitas pessoas têm hobbies diferentes. Alguns colecionam moedas ou selos
antigos, outros gostam de trabalho e outros passam a maior parte do tempo livre praticando
algum esporte. Muitos também gostam de ler. Mas o que lemos é muito variado. Alguns
leem apenas jornais ou quadrinhos, alguns gostam de romances e outros preferem livros
sobre diferentes assuntos, como
como astronomia, fauna ou invenções tecnológicas. _

2. Na visão de Gaarder, qual é a melhor maneira de abordar a filosofia?

A melhor maneira de abordar a filosofia é fazer algumas perguntas filosóficas: Como o


mundo foi criado? Há alguma vontade ou intenção por trás do que acontece? Existe outra
vida após a morte? Como resolver problemas desse tipo? E, acima de tudo. Como devemos
viver? Em todas as épocas, os seres humanos se fizeram perguntas desse tipo: não há
cultura conhecida que não tenha se preocupado em saber quem são os seres humanos e de
onde vem o mundo.

3. Quais são as questões filosóficas que aparecem no texto?


Como o mundo foi criado? Há alguma vontade ou intenção por trás do que acontece?
Como resolver problemasdessetipo?E,acimadetudo.Comodevemosviver?

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4. O que é tudo o que precisamos para ser um bom filósofo?

Para ser um bom filósofo, o homem deve ser dotado de um desejo veemente de saber,
por que uma grande segurança para acreditar que ele sabe; Ele também deve possuir grande
discernimento lógico e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, é claro, é uma questão de
grau.

Auto Exercícios. Reflexão: Texto nº. 3

1. Investigar dados biográficos sobre J.M. Bochensky

Filósofo e teólogo, religioso dominicano, nasceu em Czuszow em 1902 e morreu em


Friburgo, Suíça, em 8 de fevereiro de 1995. Foi professor de história da filosofia moderna
na Universidade de Freiburg. Ele usou a lógica simbólica (da qual foi um grande
cultivador) em muitas investigações sobre o desenvolvimento da lógica antiga e medieval,
estritamente inspirada nas teses da escola de Lukasiewicz. Ele também realizou estudos de
extensa informação sobre o pensamento contemporâneo, que também incluem o
pensamento da Europa Oriental. Obras: Os métodos atuais do pensamento (1957),
Materialismo dialético (1958), O que é autoridade (1989) e Introdução ao pensamento
filosófico (1963).

2. Identificar, escrever e definir cinco conceitos centrais contidos no texto lido.

Ciência (do latim scientĭa, "conhecimento") é um sistema que organiza e ordena o


conhecimento através de perguntas testáveis e um método estruturado que estuda e interpreta
fenômenos naturais, sociais e artificiais.
Disciplina significa instruir uma pessoa ou animal a ter um determinado código de conduta ou
ordem. No campo do desenvolvimento infantil, disciplina refere-se a métodos de formação de

caráter e ensino de autocontrole e comportamento aceitável, por exemplo, ensinar uma


criança a lavar as mãos antes das refeições.
Filosofia (do grego antigo φιλοσοφία 'amor à sabedoria' derivado de φιλεῖν [fileîn] 'amar' e
σοφία [sophia] 'sabedoria';1 trans. em latim como philosophĭa) é uma disciplina acadêmica e
um conjunto de reflexões e conhecimentos de caráter transcendental que, em um sentido
holístico, estuda a essência, as causas primeiras e os fins últimos das coisas. Procura
responder a uma variedade de problemas fundamentais sobre questões como existência e ser
(ontologia e metafísica), conhecimento (epistemologia e gnoseologia), verdade (lógica),
moral (ética), beleza (estética), valor (axiologia), mente (filosofia da mente), linguagem
(filosofia da linguagem) e religião (filosofia da religião).456 Ao longo da história, muitas
outras disciplinas surgiram na esteira da filosofia, razão pela qual é considerada a base de
42
todas as ciências modernas por muitos autores.7 O termo foi provavelmente cunhado por
Pitágoras.
A didática é a ciência que tem como objeto de estudo o processo educativo de ensino voltado
para a solução do problema que chamamos de comissão social: preparar o homem para a vida,
esse processo só ocorre na escola como educação formal.
Dúvidas filosóficas: Ter dúvidas sobre muitos aspectos da vida é típico daquelas pessoas com
um senso de curiosidade especialmente afinado. Alguns tentam refletir em profundidade e
tentar encontrar respostas para as perguntas que surgem, enquanto outros evitam pensar
demais, pois têm dificuldade em encontrar soluções para as perguntas.
Essas questões, consideradas existenciais, correspondem ao sentido da vida e a aspectos de
toda ordem: da mais absoluta banalidade a questões impossíveis de resolver. Eles fazem parte
do raciocínio humano que tenta responder a todas as suas dúvidas.

3. Resposta de J.M. Bochensky à pergunta O que é a própria filosofia?

Infelizmente, essa é uma das questões filosóficas mais difíceis. Poucas palavras que
conheço que têm tantos significados quanto a palavra "filosofia". Ainda há poucas semanas
assisti, em França, a um colóquio de importantes pensadores europeus e americanos. Todos
falavam de filosofia e por filosofia queriam dizer coisas absolutamente diferentes.

4. Qual é a pergunta e o argumento do autor para aqueles que afirmam "que não
há filosofia?

Se não há necessidade de filosofar, será em nome da filosofia. Então, se você não tem
que filosofar, você tem que filosofar. E o mesmo pode ser argumentado hoje. Nada é tão
divertido quanto o espetáculo dos supostos inimigos da filosofia aduzindo grandes
argumentos filosóficos para provar que a filosofia não existe. Dificilmente, então; Você
pode concordar com a primeira opinião. A filosofia tem que ser algo diferente de um vaso
geral de problemas imaturos. Essa função já foi para ser desempenhada, mas ela é mais do
que isso.

5. Quem é o filósofo, segundo Boechensky?

Foi professor do Colegium Angelicum , em Roma , durante o período de 1935-1940, e


professor extraordinário, mais tarde titular, na Universidade de Freiburg. Ele foi discípulo
de Jesus Łukasiewicz e dedicou grande parte de seu trabalho à lógica, destacando sua
dedicação à analogia. Da mesma forma, destacam-se suas investigações históricas sobre a
lógica na antiguidade, especialmente a de Teofrasto e a lógica oriental, e ele valoriza
especialmente a lógica escolástica dos séculos XIII e XI.

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6. Respostas das várias escolas filosóficas às perguntas O que resta para a filosofia
como ciência? Qual é o seu próprio terreno?

Primeira resposta: a teoria do conhecimento. As outras ciências sabem. A filosofia


estuda a possibilidade do próprio conhecimento, os pressupostos e limites do conhecimento
possível. Assim Emmanuel Kant e muitos de seus seguidores.
Segunda resposta: valores. Todas as outras ciências estudam o que é. A filosofia investiga o
que deveria ser. Essa resposta foi dada, por exemplo, por seguidores da chamada escola do
sul da Alemanha e por muitos filósofos franceses contemporâneos. Terceira resposta: o
homem como fundamento e assunção de tudo o mais. Segundo os defensores dessa opinião,
tudo é, na realidade, referido de alguma forma ao homem. As ciências naturais e mesmo as
ciências do espírito deixam essa referência de lado. A filosofia confronta-a e,
consequentemente, tem o homem como seu próprio objeto. Tantos filósofos
existencialistas. Quarta resposta: linguagem. "Não há proposições filosóficas, mas apenas
esclarecimento de proporções", diz Wittgenstein. A filosofia estuda a linguagem das outras
ciências do ponto de vista de sua estrutura. Essa é a teoria de Wittgenstein e da maioria dos
positivistas lógicos de hoje.

7. Ele comenta a afirmação de que a filosofia "é, em certo sentido, uma ciência
universal". E como então a filosofia é diferente dessas outras ciências?

É, em certo sentido, uma ciência universal. Seu domínio não se limita, como o das
outras ciências, a um campo estritamente limitado. Mas, se assim é, pode acontecer, e de
fato acontece, que a filosofia lide com o mesmo que as outras ciências. Como, então, a
filosofia difere dessa outra ciência? Distingue-se, respondemos, tanto pelo seu método
como pelo seu ponto de vista. Pelo seu método porque ao filósofo não é proibido nenhum
dos métodos de conhecer. Assim, ele não é obrigado, como o físico, a reduzir tudo a
fenômenos sensivelmente observados.

8. Por que a "filosofia é uma ciência dos fundamentos"?

As ciências sabem; Ele pergunta o que é saber. Os outros estabelecem leis; Ele se
pergunta o que é a lei. O homem comum fala de significado e propósito. O filósofo estuda o
que deve ser adequadamente entendido por significado e propósito. Assim, a filosofia é
também uma ciência radical, pois vai à raiz mais profundamente do que qualquer outra
ciência. Onde os outros estão satisfeitos, a filosofia continua a perguntar e investigar

9. Por que o autor afirma que a filosofia "é a ciência extremamente difícil"?

É uma ciência extremamente difícil. Onde quase tudo é sempre posto em causa, onde não

44
se aplica nenhum pressuposto ou método tradicional, onde os problemas muito complexos
da ontologia devem ser sempre mantidos diante dos nossos olhos, o trabalho não pode ser
fácil. Não é à toa que as opiniões divergem tanto na filosofia. Grande pensador e não cético
- pelo contrário, uma das maiores sistemáticas da história -, São Tomás de Aquino, certa
vez, diz que poucos homens, depois de muito tempo e não sem se misturar em erros, são
capazes de resolver as questões fundamentais da filosofia.

10. Faça um exercício de autorreflexão em torno do conteúdo do texto lido.


A explicação é o aspecto mais abrangente do comentário do texto e provavelmente o mais
difícil. Como já indicamos, isso não pode ser realizado corretamente se não tivermos
entendido a literalidade do texto, e se não tivermos realizado os passos anteriores (mesmo
mentalmente).

Assim como no resumo, existem algumas técnicas que facilitam a realização de uma
explicação com correção. Os passos que podemos seguir são os seguintes:

a) A partir do esquema hierárquico, alguns o esquecem e iniciam sua explanação expondo o


pensamento geral do autor sem aderir ao conteúdo do texto.

b) Completar o esquema anterior, ou fazer um novo, com os aspectos que desenvolveremos


na explicação. Nisso é bom ter em mente vários elementos:

A partir da ideia principal do texto e seus problemas.


Indique o fundo filosófico e as circunstâncias que geram esse problema.
Refere-se a situação do problema na evolução do pensamento do autor e na obra a que
pertence o texto.
Justifique as ideias do texto em relação ao pensamento do autor.
Indique soluções subsequentes para o problema de texto.
Escreva de forma ordenada e correta levando em conta o esquema anterior.
Seguindo estes passos, você pode comentar um texto filosófico com garantia suficiente de
sucesso. Seguir esses passos pode parecer um tanto forçado; Mas com o tempo você vai se
soltando e alcançando um estilo pessoal.

É importante que você evite os defeitos típicos de uma explicação: expor o que se sabe sobre
o autor, repetir ideias, reproduzir o que aparece no texto, escrever de forma desordenada e
sem um fio condutor, etc.

Auto Exercícios. Reflexão: Texto nº. 4

45
1. Investigar dados biográficos sobre o filósofo Andrés Avelino García Solano

Era um poeta dominicano. Ele nasceu em 13 de dezembro de 1900 em San Fernando de


Montecristi e morreu em 18 de março de 1974 em Santo Domingo. Ele é um dos três
criadores do Postumismo, sendo os outros Domingo Moreno Jimenes e Rafael Augusto
Zorrilla. Caracterizou-se principalmente por ser o teórico do grupo, dando ao movimento
suas bases estéticas e ideológicas que apareceram no Manifesto Póstumo publicado no
Fantaseos. Sua obra poética, como a de Moreno Jiménez, pode ser considerada como
começando com uma forma muito especial de modernismo enfatizando os elementos mais
fracos e externos do Romantismo, de onde ele veio. Às vezes, seu estilo é tão identificado
com o de seu companheiro de ideais,queseupoemamaispoderoso:"Cantosamimuerteviva",

2. Segundo o filósofo Andrés Avelino, qual é a essência da filosofia?

As inúmeras respostas diferentes que os filósofos têm dado a essa pergunta, e o fato
de excluírem uma da outra, já é um indício de que se trata de um objeto antinomiano. Na
etimologia grega do nome filosofia, "amor à sabedoria"; "O amor ao conhecimento insinua
uma definição de filosofia, que embora tenha sido repudiada como uma definição muito
geral, dá o conteúdo da essência da filosofia. A rejeição da etimologia grega foi feita
porque eles não foram criticamente interrompidos ou suficientemente abordados em A
Definição Etimológica.

3. Encontre o significado do termo "antinomics".

É um termo usado em lógica e epistemologia que, em sentido frouxo, significa


paradoxo ou contradição insolúvel.

4. O que significa que um "objeto é antinomiano"?

Antinomia significa, em um sentido geral, paradoxo ou contradição irresolúvel. É empregado


em lógica e epistemologia.

Na lógica, a existência de duas afirmações contraditórias sobre um objeto, com


fundamentação lógica igualmente convincente, é chamada de antinomia.

5. Por que, segundo André? Avelino, o filósofo não consegue encontrar provas
sensatas nem demonstração de seus problemas?

O filósofo não pode encontrar provas ou demonstrações sensatas de seus problemas,


pois seus objetos são pensamentos antinomicamente problemáticos, estranhos ao real
sensível e ao demonstrável no sentido matemático. Seus objetos são apenas imediatamente
experimentáveis e não imediatamente experimentáveis como os objetos reais da ciência.

46
6. Qual é a filosofia mais pura até agora, na opinião de Andrés Avelino? (Discuta sua
resposta)

A filosofia mais pura que foi dada até o presente é a platônica. Seus objetos são todos
pensamentos antinomicamente problemáticos sobre todos os tipos de realidade. E seu
método era o genuinamente filosófico: a discussão dialética de problemas antinômicos de
todos os tipos. Precisamente essas mesmas antinomias que Kant mais tarde tentou remover
do seio do metafísico por serem consideradas inúteis, são a essência da filosofia. Na
filosofia há uma disciplina que possui um grau de pureza ainda maior que o da metafísica: a
teoria do conhecimento. Nela todas as perguntas são sobre pensamentos antinomicamente
problemáticos; Suas posições são duais, polarmente antinômicas e se desenvolvem em
discussões problemáticas e sem apoio possível em realidades sensíveis.

Auto Exercícios. Reflexão: Texto nº. 5

1. Investigue dados biográficos sobre o filósofo Julián Marías.


Ele nasceu em Valladolid em 17 de junho de 1914. Em 1919 mudou-se com a família
para Madrid e estudou no Colégio Hispano. Em 1931 obteve o título de Bacharel em
Ciências – com prêmio extraordinário – e em Letras, no Instituto Cardenal Cisneros.
Entre 1931 e 1936 estudou Filosofia e Letras (especialidade de Filosofia) com um diploma
em 1939, na Universidade Complutense de Madrid, onde foi discípulo de Ortega y Gasset,
Xavier Zubiri, José Gaos e Manuel García Morente, entre outros. Ele também começou sua
carreira na química, que abandonou quando descobriu que sua verdadeira vocação era a
filosofia. Aos vinte e seis anos, escreveu uma História da Filosofia citando textos originais
que consultou em sua biblioteca particular. Aprendeu grego por sugestão de Xavier Zubiri
e, lendo a primeira edição de Sein und Zeit , de Heidegger , em 1934, aperfeiçoou o alemão
que aprendera nas aulas do ensino médio com Manuel Manzanares. Sua primeira
publicação de alguma entidade é sua participação no livro Juventude no mundo antigo,
publicado em 1934 (reuniu textos de Marías, Carlos Alonso del Real e Manuel Granell)
narrando o cruzeiro universitário que em 1933 esses estudantes fizeram pelo Mar
Mediterrâneo, e do qual Salvador Espriu também participou. Enrique Lafuente Ferrari,
Luis Díez del Corral, Antonio Rodríguez Huéscar, etc. Em 1934 ele também publicou uma
tradução de Auguste Comte, encomendada por Ortega.

2. Qual a origem da filosofia no conceito de Julián Marías?

O início de sua Metafísica é uma resposta a essa pergunta: Todos os homens tendem por
natureza a saber. A razão do desejo do homem de saber é, para Aristóteles, nada menos do
que sua natureza. E a natureza é a substância de uma coisa, aquilo em que ela realmente
consiste; Portanto, o homem aparece definido pelo conhecimento; É a sua própria essência
que move o homem a conhecer. E aqui encontramos novamente uma implicação mais sábia
entre conhecimento e vida, cujo significado se tornará mais diáfano e transparente ao longo
deste livro Mas Aristóteles diz outra coisa. Um pouco mais tarde, ele escreve: "Por espanto
47
os homens começaram, agora e a princípio, a filosofar, espantando-se primeiro com as
coisas mais estranhas que tinham mais à mão, e depois, à medida que avançavam pouco a
pouco, tornando-se uma questão das coisas mais sérias, como os movimentos da Lua, do
Sol e das estrelas e da geração de tudo". Temos, então, como raiz mais concreta de filosofar
uma atitude humana que é de espanto.

3. Por que o homem começa a filosofar?

Raramente esta questão foi suficientemente levantada. Aristóteles tocou-a de tal forma
que influenciou decisivamente todo o processo posterior da filosofia. O início de sua
Metafísica é uma resposta a essa pergunta: Todos os homens tendem por natureza a saber.
A razão do desejo do homem de saber é, para Aristóteles, nada menos do que sua natureza.
E a natureza é a substância de uma coisa, aquilo em que ela realmente consiste; Portanto, o
homem aparece definido pelo conhecimento; É a sua própria essência que move o homem a
conhecer.

4. Qual é a raiz de filosofar?

E só nesse sentido se pode falar em verdade ou falsidade. O homem mítico se move


para fora desse reino. Somente como algo que é as coisas podem ser verdadeiras ou falsas.
A forma mais antiga desse despertar das coisas em sua verdade é a maravilha. E é por isso
que é a raiz da filosofia.

5. Em que ponto começa a filosofia, na opinião de Julián Marías?

Temos, então, como raiz mais concreta de filosofar uma atitude humana que é de
espanto. O homem é surpreendido pelas coisas próximas, e depois pela totalidade de tudo o
que existe. Em vez de mover-se entre as coisas, usá-las, apreciá-las ou temê-las, ele fica do
lado de fora, surpreendido por elas, e se pergunta com espanto sobre aquelas coisas que
estão próximas e cotidianas, que agora, pela primeira vez, aparecem diante dele, portanto,
sozinho, isolado em si mesmo pela pergunta: "O que é isso?" Neste momento começa a
filosofia.

6. O que significa a atitude teórica diante da atitude mítica?

A atitude mítica, mas que difere da nossa europeia: por exemplo, a consciência infantil,
a atitude da criança, que se encontra no mundo cheio de poderes benignos ou hostis ou
pessoais, mas não de coisas em sentido estrito. Na atitude teórica, o homem, em vez de
estar entre as coisas, está diante delas, afastado delas, e então as coisas adquirem um
sentido por si mesmas, antes que não o tivessem. Eles aparecem como algo que existe por si
mesmo, além do homem, e que tem uma certa consistência: algumas propriedades, algo
deles e que é seu. - As coisas então emergem como realidades que são, que têm um
48
conteúdo peculiar.

7. Como se explica que na atitude teórica o homem se coloque fora das coisas?

Na atitude teórica, o homem, em vez de estar entre as coisas, está diante delas,
afastado delas, e então as coisas adquirem um sentido por si mesmas, antes que não o
tivessem. Eles aparecem como algo que existe por si mesmo, além do homem, e que tem
uma certa consistência: algumas propriedades, algo deles e que é seu. - As coisas então
emergem como realidades que são, que têm um conteúdo peculiar. E só nesse sentido se
pode falar em verdade ou falsidade. O homem mítico se move para fora desse reino.
Somente como algo que é as coisas podem ser verdadeiras ou falsas.

Auto Exercícios. Reflexão: Texto nº. 6

1. Investigue dados biográficos sobre Bertrand Russell.

Ele é conhecido por sua influência na filosofia analítica junto com Gottlob Frege, seu
companheiro G. E. Moore e seu pupilo Ludwig Wittgenstein e A. N. Whitehead, coautor de
sua obra Principia Mathematica. Seu trabalho teve considerável influência na matemática,
lógica, teoria dos conjuntos, filosofia da linguagem, epistemologia, metafísica, ética e
política. Russell foi um proeminente pacifista social anti-guerra. Terceiro Conde de Russell,
era filho do Visconde Amberle, John Russell e afilhado do filósofo utilitarista John Stuart
Mill, cujos escritos tiveram grande influência em sua vida. Casou-se quatro vezes e teve
três filhos.

2. Como Russell explica os problemas como ponto de partida para a filosofia?

Problemas filosóficos tradicionais, há alguns que não se prestam, a meu ver, a qualquer
tratado intelectual por si só, uma vez que transcendem nossas faculdades cognitivas;
Portanto, não vamos lidar com esses problemas. Há outros, no entanto, que, embora não
sejam susceptíveis de serem resolvidos agora, são pelo menos susceptíveis de mostrar a
direcção a seguir para os alcançar e o tipo de solução que lhes convém, e que pode ser
alcançada ao longo do tempo. A filosofia origina-se do esforço extraordinariamente
obstinado para alcançar o verdadeiro. O que em nossa vida comum passa por conhecimento
sofre de três defeitos: é muito seguro de si mesmo; é vago; É contraditório.

3. Qual a origem da filosofia segundo Bertrand Russell?

A filosofia origina-se do esforço extraordinariamente obstinado para alcançar o


verdadeiro. O que em nossa vida comum passa por conhecimento sofre de três defeitos: é
muito seguro de si mesmo; é vago; É contraditório. Há também uma outra qualidade que
desejamos para o nosso conhecimento, que é a compreensão: queremos que a área dele

49
abranja a maior magnitude possível. Mas isso diz respeito mais à ciência do que à filosofia.
Um indivíduo não é melhor

50
filósofo porque conhece mais fatos científicos; Se é a filosofia que lhe interessa, serão
princípios, métodos e concepções gerais que você aprenderá com a ciência.

4. Quais são os três defeitos do conhecimento ordinário no julgamento de


Bertrand Russell?

Os três defeitos que mencionamos têm uma relação de dependência mútua entre si e
basta perceber qualquer um deles para reconhecer a existência dos outros dois. Tentaremos
ilustrar esses três tipos de defeitos com alguns exemplos. Consideremos primeiro a crença
em objetos comuns, como mesas, cadeiras e árvores. Todos nós nos sentimos perfeitamente
seguros sobre essas coisas na vida comum e, no entanto, nossa confiança é fundada por
razões muito frágeis.

5. Quais são os elementos de interesse do filósofo?

Um indivíduo não é um filósofo melhor porque conhece mais fatos científicos; Se é a


filosofia que lhe interessa, serão princípios, métodos e concepções gerais que você
aprenderá com a ciência. A obra do filósofo começa, por assim dizer, onde terminam os
fatos grosseiros.

6. Na perspectiva de Russell, que elementos constituem a matéria-prima do


filósofo?

A obra do filósofo começa, por assim dizer, onde terminam os fatos grosseiros. A
ciência os reúne em feixes por meio de leis científicas: e são essas leis, e não os fatos
originais, que constituem a matéria-prima da filosofia.

7. Na visão de Russell, o que é necessário para ser um bom filósofo?

_Para ser um bom filósofo, o homem deve ser dotado de um desejo veemente de saber, por
que uma grande segurança para acreditar que ele sabe; Ele também deve possuir grande
discernimento lógico e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, é claro, é uma questão de
grau. A imprecisão, em particular, pertence a uma certa extensão do pensamento humano;
Consequentemente, é uma atividade continuamente perfectível, não algo em que possamos
alcançar a perfeição final de uma vez por todas.

51
8. Indagar a partir de uma leitura reflexiva do texto "o papel das crenças no
processo de conhecimento" e ver a relação dessas crenças com a natureza humana.

A crença tem sido considerada como a forma mais simples de conteúdo mental representativo
na formação do pensamento.

Duas formas fundamentais de formulação de crenças são consideradas:

Acredite que... sobre a verdade de um conteúdo cognitivo concreto. Acho que a terra é
redonda
Acredite em..., que, por sua vez, tem duas formas diferentes:
Acreditar em uma pessoa, no sentido de "confiança" ou "segurança nela": eu confio...;
Acredito na capacidade dele de fazer uma coisa dessas.
Acreditar na existência de algo: Eu acredito em bruxas
Em toda crença de modo geral pressupõe-se:

um indivíduo, aquele que crê.


uma intencionalidade em relação a um objeto, que constitui o conteúdo da crença como tal.
Uma proposição lógica que objetiva o conteúdo.
um enunciado no qual ele possa se expressar linguisticamente.
Lynne Ruder Baker25 considera quatro maneiras de considerar a crença:

Segundo o senso comum: segundo o qual existem entidades que correspondem ao que
falamos quando falamos de crenças.
Embora o senso comum não seja inteiramente apropriado a um conteúdo como verdadeiro,
ele é, no entanto, útil para prever e prevenir o comportamento psicológico do indivíduo.
A interpretação geral do senso comum é completamente errônea e pode ser suprimida assim
que surge uma teoria que torna inútil o uso desse conceito.26
O senso comum não oferece verdade nas crenças; Mas tanto os animais quanto as pessoas,
mesmo os computadores, se tiverem crenças, oferecem, por meio delas, estratégias
comportamentais positivas.27
Uma crença cujo conteúdo é falso ainda tem conteúdo cognitivo? Platão28 define
conhecimento como crença verdadeira justificada pela razão. O que tradicionalmente se supõe
que uma crença falsa não seria então conhecimento, mesmo que essa crença responda a uma
atitude sincera de veracidade por parte do indivíduo que a detém.

A justificativa de uma crença como verdadeira seria o conhecimento autoevidente. Mas a


questão é: uma crença é verdadeira porque é um conhecimento autoevidente ou,
inversamente, é autoevidente porque é um conhecimento verdadeiro? Distinguir
conhecimento e crença não é fácil.2930

52
As crenças são um dos fundamentos da tradição. Supõem uma valorização subjetiva que se
faz de si mesmo, dos outros e do mundo que o cerca. As crenças mais importantes são
convicções e preconceitos que não são contrastados com os princípios e métodos da ciência
que fariam deles o próprio conhecimento.

9. Qual o papel do filósofo diante das crenças?

As fontes de onde vêm as crenças são variadas:

externas, quando se originam em explicações culturais recebidas para a interpretação e


compreensão de determinados fenômenos e a determinada compreensão de determinados
discursos.7
internas, quando surgem do próprio pensamento, experiência e convicções.
As crenças externas são geradas:

Por causa da tendência de internalizar as crenças das pessoas ao nosso redor e imitar seu
comportamento, especialmente se for apoiado pelo sucesso social. É algo fundamental
durante a infância na formação da personalidade da criança. Esse é frequentemente o caso de
crenças culturais, políticas8 e religiosas.9
As pessoas tendem a adotar as crenças dos líderes mesmo quando estão em contradição com
seus interesses.
As crenças nem sempre são voluntárias, pois os indivíduos precisam associar sua experiência
da realidade com crenças racionais como teorias que evitam contradições cognitivas e
justificam comportamentos . O refúgio na coletividade ou no "senso comum" da tradição,
bem como a segurança em se submeter à norma imposta pelo grupo, pelo "chefe" ou por
quem manda, desempenha um papel primordial nisso.
A repetição obsessiva de conteúdos específicos de mensagens publicitárias encontra nisso sua
justificativa.10
A idealização da interpretação de um conteúdo cognitivo ou de um fato (abstrato ou concreto)
do qual não é necessária justificativa ou fundamento racional é geralmente colocada como
paradigma de crenças: fé e experiência religiosa ou mágica; Mas são também os preconceitos
culturalmente recebidos com que costumamos interpretar o mundo.

10. Que papel Russell atribui à memória e ao testemunho dos outros no processo
científico?

A intenção do método científico é alcançar o caminho da verdade exata, por isso deve basear
seu conhecimento em uma estrutura rigorosa e sistemática. No entanto, para estabelecer uma
lei científica você deve começar observando os fatos que são mais significativos e, em
seguida, traçar hipóteses que expliquem estritamente esses fatos, depois que essas hipóteses
53
conseguem ser estabelecidas, da mesma forma que devem ser testadas pelos fatos que a
observação lança. Portanto, se a hipótese se verifica ela se estabelece como verdade
provisória, pois o homem de ciência não busca implantar verdades absolutas, mas tenta
aproximar-se da verdade exata aceitando "erros prováveis", que podem ser instalados no
observador. Então, o que é ciência para Russell? Russell nos diz: "A ciência, em seu ideal
último, consiste em uma série de proposições dispostas em ordem hierárquica". (Russell,
1983, p. 59). Mas o que isso significa?

A hierarquia de que fala Russell consiste em uma dupla trilha que começa com a indução que
vai dos fatos particulares para o geral e a dedução que parte do geral para o particular: "A
conexão ascendente procede por indução; a descida por dedução". (RUSSELL, 1983, p. 60).
Dessa forma, a ciência opera sempre sob dedução e indução, em qualquer caso, a física é a
única que consegue se aproximar.

O fato significativo.

O Método CientíficoCompre na Amazon


Algo foi mencionado no início sobre o evento significativo, mas o que se entende por fato
significativo? O físico Antoine Henri Becquerel descobriu a radioatividade graças a um fato
casual como Russell nos diz: "Becquerel tinha algumas placas fotográficas muito sensíveis,
que ele planejava usar; mas, como o tempo estava ruim, ele os guardou em um armário
escuro, no qual havia um pouco de urânio." (Russell, 1983, p. 63). E foi assim que
descobriram que o urânio era radioativo. De qualquer forma, é uma coincidência que rendeu
um fato significativo. Por outro lado, é necessário esclarecer que as teorias científicas não
surgem do nada, uma vez que cada uma delas tem uma base preliminar. Por exemplo, a física
hoje deve muito a Albert Einstein.

Ontem sonhei que estava careca


A física sempre se destacou por ser um edifício teórico bem fundamentado que ao mesmo
tempo exige rigor na experimentação e observação, mas isso traz dificuldades quando se trata
de medidas exatas, assim nos diz Bertrand Russell: "Na teoria newtoniana da gravitação era
impossível calcular como três corpos poderiam se mover sob suas atrações mútuas; só se
conseguiu, quando um deles é muito maior que os outros dois." (Russell, 1983, p. 63).
Portanto, só é possível sustentar aproximações, pois calcular exatamente implicaria
ultrapassar os limites das forças humanas e isso é absurdo (Russell, 1983). E é aqui que
manifestamos que o homem de ciência não busca verdades absolutas. Por essa razão, a
ciência é criticada principalmente por teólogos que costumam dizer que ela permanece em
constante mudança e questionam sua precisão, ou seja, questionam o rigor formal da ciência
e, como visto acima, ela deve operar sistematicamente para construir uma teoria bem
fundamentada.

A medida e a lei qualitativa.

A medida e o rigor formal dentro do conhecimento científico são de enorme importância, mas
Russell nos diz que isso foi exagerado de uma maneira incomum. Portanto, a matemática tem
muito poder nesse campo quantitativo, porém existem leis que não são quantitativas. Então,

54
que lei não é quantitativa? Neste caso, seriam os experimentos de Ivan Pavlov, que formulou
pela primeira vez uma lei reflexa condicional que foi usada para fins políticos e científicos.
Dessa forma, eles manipularam vários cães para ver se eles poderiam dar algum tipo de
resposta a um estímulo anterior. Por esta razão, Pavlov percebeu que quando lhes dava
comida, eles geravam saliva instantaneamente, então ele começou a condicioná-los com o
som dos sinos antes de deixá-los comida e, como resultado, os caninos pelo simples fato de
ouvi-los também geraram saliva, Mesmo que não tivessem comida, só ouvindo o som já
estavam babando. Nesse sentido, estamos falando do conhecido estímulo-resposta e de uma
forma peculiar de treino. Consequentemente, o comportamento pode ser estudado
qualitativamente, mas não quantitativamente, uma vez que é comportamento.

A hipótese e a análise

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A indução opera logicamente em todas as leis científicas, no entanto você pode encontrar
problemas que podem colocar em questão a hipótese que você está tentando implementar,
neste caso, se isso acontecesse, você teria que montar uma hipótese muito mais abstrata. E é
por isso que, por mais que uma hipótese mostre todo o rigor e precisão, ela não deve ser
considerada verdadeira em última análise: "Uma vez que provavelmente é apenas um aspecto
altamente abstrato da hipótese, que é logicamente necessário nas deduções que fazemos dela
aos fenômenos observáveis." (Russell, 1983, p. 66). Afinal, que problema ele pode ter?
Bertrand Russell explica: "Todos os gatos têm caudas. Mas a primeira vez que você vê um
gato Manx, você terá que adotar uma hipótese mais complicada." (Russell, 1983, p. 67). É por
isso que uma hipótese desse tipo pode vacilar e forçar o cientista a procurar fatos mais
abstratos, o que muitas vezes é uma tarefa muito complexa, devido ao fato de que a
imaginação está sempre presente e pode intervir no processo de identificação desses fatos.
Por outro lado, há a análise que é de vital importância na ciência, já que não se pode obter
tudo de uma vez como diz Russell, é necessário analisar separadamente para se chegar a um
fato concreto. Por exemplo: "A Lua é atraída simultaneamente pela Terra e pelo Sol. Se a
Terra agisse sozinha, a Lua descreveria uma órbita; se o Sol agisse sozinho, descreveria outro;
mas sua órbita atual é calculável conhecendo os efeitos que a Terra e o Sol exerceriam
separadamente." (Russell, 1983, p. 68).

Finalmente, o método científico segue etapas edificantes que estão intimamente relacionadas
a sistemas formais que exigem uma precisão concreta, por esta razão, se um conhecimento
quer ser considerado científico ele deve ser submetido a experimentos que podem ser
reprodutíveis por qualquer cientista para determinar a precisão da hipótese levantada.

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