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1
Marcello Rebelo de Sousa, Direito Constitucional...,p 118
2
GOUVEIA, Bacelar, Direito Constitucional Moçambicano, p. 135
3
Idem, p. 118
Subsequentemente, foram celebradas inúmeras convenções internacionais para regular
a navegação aérea: a Convenção de Paris de 1919, a Convenção de Madrid de 1920, a
Convenção de Havana de 1928, a Convenção de Varsóvia de 1929 e a Convenção de Chicago
de 1944.
Quanto a determinação exacta dos limites do espaço aéreo várias propostas têm sido
apresentadas:
- o máximo de 500 milhas, relativo ao ponto a partir do qual qualquer voo perde a sua
ligação à terra, passando a ser «interplanetário» ou «espacial».
A zona contígua não pode estender-se para além de 12 milhas a partir da linha base
que serve de ponto de partida para medir a largura do mar territorial. Isto significa que o mar
territorial e a zona contígua em conjunto teriam sempre como limite máximo de extensão 12
milhas4.
No entanto, o conceito de zona contígua perdeu grande parte da sua relevância prática
com o aparecimento de um novo conceito, o de zona económica exclusiva, nascido na III
Conferência do Direito do Mar, patrocinada pela ONU em 19735.
A zona económica exclusiva, cuja extensão tende a ser de 200 milhas contadas a partir
da costa, não pertence ao território do Estado ribeirinho. Este exerce nessa zona poderes
limitados, tais como os relativos ao controlo da pesca por embarcações estrangeiras, a
4
Marcello Rebelo de Sousa,...,p. 121
5
Idem,…121
preservação e investigação científica dos recursos naturais, a exploração económica, bem
como a montagem de instalações artificiais para fins conexos com estes objectivos6.
b) Alterações territoriais7
As formas usuais de alterações territorial são cinco: a ocupação, a anexação, a cessão,
a situação post colonial e a rectificação de fronteiras.
Nelas a aquisição de território por parte de um Estado equivale à sua perda por parte de outro
Estado, salvo no caso de ocupação.
6
Idem,...,p. 121
7
Marcello Rebelo de Sousa,...,
A situação post-colonial corresponde ao reconhecimento do direito dos povos
colonizados à auto-determinação e à independência, direito esse cujo exercício se traduz na
independência de um Estado novo Estado Soberano.
Com efeito, as zonas do território, cuja propriedade pertence a entidades públicas, são
por estas utilizados para a prossecução dos objectivos que o Estado se propõe realizar – os
chamados fins do Estado.
II - O território moçambicano
8
Idem
9
Conferência de Berlim decorreu entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885.
décimos do sec. XX, executado pelo regime colonial português, no âmbito geral da presença
colonial em África dos ocupantes europeus. A divisão dos territórios africanos em geral, e de
Moçambique em especial, mereceu procedimentos daqueles governos mediante os interesses
político-económicos, não respeitando os interesses dos povos dominados, tendo resultado em
fronteiras artificiais que, em nada, reflectiram a organização tradicional das nações
encontradas. Com o fim da colonização a situação manteve-se como herança para os novos
Estados independentes, o que constitui hoje continuidade daqueles traçados geográficos10.
Toda a faixa Este, banhada pelo Oceano Índico numa extensão de 2,470 km, tem um
significado vital tanto para Moçambique como para os países vizinhos situados no interior
Participaram nesta conferência 14 países, entre os quais Portugal, incluindo alguns Estados que não dispunham
de colónias, como foi o caso dos países escandinavos e dos EUA.
Três pontos principais constituíram a agenda da Conferência: (1) a liberdade de comércio em toda a bacia do
Zaire e sua foz; (2) a aplicação dos princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios
internacionais (entre outros, do Níger); (3) a definição de “regras uniformes nas relações internacionais
relativamente às ocupações que poderão realizar-se no futuro nas costas do continente africano”; (4) estatuir
sobre o tráfico de escravos.
Portugal conseguiu assegurar dois resultados da Conferência: (1) Impedir o estabelecimento da “Associação
Internacional Africana” na margem direita do Zaire; (2) a não inclusão no Acto Geral da referência inglesa à
internacionalização do Zambeze.
Em 26 de Fevereiro de 1885 Portugal assina o Acto Geral da Conferência de Berlim.
Os representantes portugueses a esta Conferência foram António Serpa Pimentel, António José da Serra Gomes
(Marquês de Penafiel), Luciano Cordeiro, Carlos Roma du Bocage (adido militar), José P.Ferreira Felívio
(adido) e Manuel de Sousa Coutinho (segundo secretário).
10
Em 1861, os ingleses, temendo que os boers ocupassem Lourenço Marques, desembarcaram nas ilhas de
Inhaca e dos Elefantes. Na sequência do protesto do Governo de Lisboa, acabaram por retirar, sendo
substituídos por tropas portuguesas.
Em 24 de Junho de 1875 é conhecida a decisão arbitral do Presidente francês MacMahon sobre o território de
Bolama.
Em 7 de Junho de 1884, o Chanceler Bismark rejeita, por nota, o Tratado do Zaire. Outros países, como França,
Holanda e EUA, contestaram este acordo que acabou por não ser ratificado. Na sequência deste incidente, o
Ministro dos Negócios Estrangeiros português, José Vicente Barbosa du Bocage, lança a ideia de uma
conferência internacional destinada a resolver as contendas.
Em 12 de Outubro de 1884 os Governos de Paris e Berlim endereçam o convite para Portugal participar na
Conferência de Berlim.
Em 15 de Novembro de 1884 tem início a Conferência de Berlim, convocada pela França e Grã-Bretanha e
organizada pelo Chanceler da Alemanha. O Chanceler Bismarck, como “continentalista” que era, estava mais
interessado nas questões da Europa Central, mas também estava sob forte pressão dos grupos industriais e
comerciais alemães. Só depois da demissão de Bismark, a Alemanha iniciou uma política expansionista
colonial. Bismark abre a conferência definindo como objetivo da mesma o estabelecimento do direito no acesso
de todas as nações ao interior de África.
que só têm ligação com o oceano através dos portos moçambicanos. A superfície do seu
território é de 799,380 km 2.
11
O Tratado Anglo-Português de 1891 foi um acordo entre o Reino Unido e o Reino de Portugal que fixou os
limites entre o Protetorado Britânico da África Central (hoje Malwi), e os territórios administrados
pela Companhia Britânica da África do Sul em Maxonalândia e Matabelelândia (hoje parte do Zimbábwe) e
pela Rodésia do Noroeste (hoje parte da Zâmbia) e Moçambique Português, e também entre os territórios
administrados pela Companhia Britânica da África do Sul na Rodésia do Nordeste (hoje na Zâmbia) e a Angola
Portuguesa.
Este tratado pôs fim a cerca de 20 anos de crescente desacordo sobre reivindicações territoriais conflitantes na
parte oriental da África Central, onde Portugal reivindicava o Mapa Cor-de-Rosa, faixas de terra sob descoberta
e exploração prévia de longa data, mas onde os cidadãos britânicos criaram missões e ações comerciais
exploratórias no Planalto de Chire (hoje no Malawi), a partir de 1860. [carece de fontes]
Essas divergências foram aumentadas em 1870 e 1880, em primeiro lugar por uma disputa sobre a pretensão
britânica de parte da Baía de Maputo (então chamada Baía da Lagoa) e pelo fracasso das negociações bilaterais
entre os dois países ao longo dos limites dos territórios portugueses, e, em segundo lugar, como resultado
da Conferência de Berlim de 1884-1885, que estabeleceu a doutrina da ocupação efetiva. Após a Conferência de
Berlim, Portugal tentou estabelecer uma zona de ocupação efetiva ligando as suas colónias de Angola e
Moçambique através de expedições fazendo tratados que estabelecem protetorados sobre os povos locais e obter
o reconhecimento de outras potências europeias.
O relativo sucesso desses esforços portugueses alarmou o governo britânico de Lord Salisbury, que também
estava sob pressão de missionários no Planalto de Chire, e também Cecil Rhodes, que fundou a Companhia
Britânica da África do Sul em 1888 com o objetivo de controlar a maior parte do centro-sul da África como
poderia. Por estas razões, e em resposta a um conflito armado menor no Planalto de Chire, Lord Salisbury
emitiu o ultimato britânico de 1890 que exigia a Portugal a evacuação das áreas em disputa. Lord Salisbury
recusou o pedido Português para a arbitragem e, depois de uma tentativa frustrada de corrigir os limites dos seus
respetivos territórios em 1890, o Tratado Anglo-Português de 1891 foi aceite por Portugal sob coação.
12
No século XIX o continente africano passou a ser encarado como uma região apetecível de ocupação.
Concorreu para este facto, a curiosidade científica, a procura crescente de produtos tropicais, a necessidade de
matérias-primas e o potencial de novos mercados, que a Revolução Industrial exigia.
O comércio internacional e intercontinental sofreu um incremento notável com a navegação a vapor, com o
aparecimento dos EUA a partir de 1865 e da Alemanha, depois de 1870, que vieram pôr em causa a hegemonia
britânica. Todo este tráfico trouxe uma pressão concorrencial muito forte sobre os produtos portugueses, que
sofriam de falta de competitividade. A devastação havida na primeira metade do século XIX, contribuiu também
para que Portugal falhasse a primeira revolução industrial.
O Artigo 6.˚n.˚1 da Constituição da República moçambicana define o território do
Estado moçambicano como abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e o
espaço aéreo13 delimitados pelas fronteiras nacionais.
Está implícito neste conceito de cariz geopolítico que o território é a parte física
delimitada pelas fronteiras internacionais dentro das quais o Estado moçambicano exerce a
sua soberania.
Os territórios dos Estados são delimitados14 ou separados por fronteiras, que podem
ter um significado mais amplo do que a linha ou a faixa que os separa.
Para além deste histórico papel como linhas de separação de Estados, nos actuais
processos de globalização económica e de cooperação transfronteiriça, as fronteiras vão
assumindo novos papéis e conceitos, tornando-se instrumentos de inclusão cultural, social e
económica. Diminui, assim, a possibilidade de surgimento de disputas e conflitos
fronteiriços, quando as mesmas são eficazmente delimitadas ou caracterizadas, melhorando a
sua gestão conjunta.
Antes da Conferência de Berlim, a presença portuguesa nas colónias limitava-se à administração e ocupação de
áreas estratégicas ao longo da costa, prevalecendo no desconhecimento todo o hinterland. A directiva do
Marquês de Sá da Bandeira de 1836 deparou-se com a falta de recursos para ocupar o interior, com destaque
para a ocupação e desenvolvimento da Bacia do Congo. Os territórios ultramarinos portugueses só passam a ter
alguma importância para as exportações a partir de 1880, com o crescimento dos mercados em Angola e
Moçambique, que absorvem parte dos produtos que não se consegue colocar noutros destinos. A situação
deficitária e política não permitiu dispensar os meios para uma mais larga colonização efectiva, em particular da
vasta área entre Angola e Moçambique que havia sido objecto apenas de algumas viagens de exploração.
A partir de meados do século XIX, as questões pela luta contra a escravatura e a tendência europeia para o
alargamento da sua influência em África, contagiou a própria opinião pública começando a surgir as
“Sociedades de Geografia” que, no caso português, foi fundada em 11 de Novembro de 1875.
As viagens de exploração sucederam-se e toda esta actividade veio a culminar, no plano político, na realização
da Conferência de Berlim.
Após as viagens de exploração entre Angola e Moçambique por Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, de 1877
a 1880, a "Sociedade de Geografia" de Lisboa publica um mapa onde grande parte de África Central aparece
agora sob domínio português, abrindo inclusive uma subscrição pública para o estabelecimento de “estações
civilizadoras” ao longo do território africano. Projecto que o Governo português não viria a apoiar
publicamente.A “Comissão Nacional Portugueza de Exploração e Civilização d’Africa”, da "Sociedade de
Geografia de Lisboa", abre uma subscripção permanente, cujo produto constituirá um a”Fundo Africano”
destinado a auxiliar a exploração científica, comercial e agrícola da Africa equatorial e austral, de Angola a
Moçambique.
13
Convenção sobre aviação civil internacional, de 7 de Dezembro de 1944 – é um instrumento jurídico
internacional que estabelece princípios e medidas tendentes ao desenvolvimento da aviação civil internacional
de maneira segura e ordenada, assim estabelece que os serviços internacionais de transportes aéreos devem ser
desenvolvidos numa base de igualdade de oportunidades e a exploração dos serviços de forma eficaz e
económica.
14
Delimitação de fronteira – Processo negocial da afirmação de uma fronteira para o reconhecimento da
soberania do Estado, que culmina com a assinatura de acordos político-diplomáticos entre as partes, nos quais se
estabelecem os contornos da linha a adoptar;
É com a preocupação de delimitar o território nacional de Moçambique que a CRM
lhe reserva preceito próprio, assim esclarecendo os seus diversos espaços, em artigo dedicado
ao “Território”, com duas disposições:
Em rigor, o território terrestre não configura apenas uma dimensão superficial, mas
inclui também a profundidade desse mesmo território17.
15
GOUVEIA, Jorge, p.150
16
Idem, p. 150
17
Idem
18
Idem, 150
dizendo sobre o qual o mesmo se delimita, sobretudo considerando a contraposição espaço
terrestre e espaço marítimo19.
19
GOUVEIA, Jorge, p.153
20
Reafirmação de fronteira – Processo de verificação do alinhamento da fronteira, tal como consta nas
disposições dos tratados e acordos que lhe deram origem e seu realinhamento caso se mostre pertinente;
Delimitação dos Espaços Marítimos
21
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 – É um instrumento jurídico internacional que
regulamenta os oceanos e a soberania dos Estados nos espaços marítimos, adoptado em 10 de Dezembro de
1982, em Montego Bay, Jamaica, que entrou em vigor a 16 de Novembro de 1994;
I – O Poder político
22
CAPOCO, Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, 2015, p. 187
23
CAETANO, Marcello, Manual de Ciência Política e Direito constitucional, p 130
24
MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição, p. 186
25
SOUSA, Marcelo Rebelo, Direito...p.130.
O poder político do Estado é o poder de soberania. E por soberania pode entender-se,
com base na clássica formulação de JEAN BODIN acolhida na teoria politica, o poder
político máximo, aquele que aparentemente não está limitado por nenhum outro poder na
ordem interna do Estado; e independente face a outros poderes também (de Estados)
independentes e, por isso, iguais em soberania, na ordem internacional. É o que se chama de
igualdade soberana. É, pois, o poder político que exerce a soberania do Estado, quer na sua
dimensão jurídico-política, que se revela através de vários modos de exteriorização, quer na
dimensão territorial – Soberania territorial – que concretiza nas varias formas de jurisdição
com que se dispõe a distribuição do poder do Estado.
um poder constituinte, originário, que tem um fundamento próprio e que não está
dependente de qualquer outro poder;
A expressão soberania surgiu pela primeira veza, com JEAN BODIN, em 1576, na
sua obra «Les Six Livres de la Republique».
26
BASTOS, Fernando, Ciência Política, Lisboa, 1999, p. 137
27
Direito Constitucional...,p 129
competências previstas na lei. Daqui resulta que o poder político que é exercido no âmbito
do Estado está limitado pelo Direito. Por um lado, e antes de mais, pelo Direito que é
produzido internamente por esse mesmo poder político. E, por outro lado, em termos
externos, pelo Direito Internacional.
Deve ser, no entanto, salientado que se trata de uma limitação material e não de uma
limitação meramente formal. Como ensina o Prof. Jorge Miranda, o que se trata «... não é de
limitação pelas formas dos actos, mas de limitação por regras que impeçam o poder de
invadir (ou deixar invadir por outros poderes sociais) as esferas próprias das pessoas.
Limitação material significa disciplina do poder – inclusive, do poder constituinte –
contenção dos governantes e defesa dos direitos dos governados; traduz-se no respeito pela
autonomia destes últimos; implica instrumentos jurídicos de garantia»28
Importa, ainda, distinguir os governados entre cidadãos activos, que são os titulares
dos direitos políticos e cidadãos não activos, que são aqueles que não têm capacidade de
participação politica, nomeadamente em razão da idade.
II – A divisão do poder
28
Manual..., vol. III, p. 161.
29
Manual…, vol, p. 55.
das coisas o poder limite o poder»30. E, por outro lado, a concepção oposta de Rousseau de
que a função legislativa é a única função soberana.
2 – Que nem é isso infirmado por se reconhecer que não existe coincidência entre os
três poderes – legislativo, executivo e judicial – de que ainda cuidam varias constituições e as
funções do Estado – política, legislativa, administrativa e judicial;
O poder político soberano deve ser entendido como um poder político que é supremo
e independente e que, em conformidade, não está dependente de qualquer outro poder
político. Daqui resulta a distinção, com a raiz no Direito Internacional, entre Estados
soberanos, Estados semi-soberanos (ou com soberania reduzida ou limitada) e não soberanos.
IV - Origem do Poder
30
Montesquieu, Del Espirit dês lois, cit. pelo Prof. Jorge Miranda, Ciência..., p.99.
Ao longo da história política, desenvolveram-se três correntes para a explicação da
origem do poder político: naturalista, teológica e voluntarista31.
a) Corrente naturalista
Para os defensores desta corrente, o poder político é necessariamente à organização
social, para qual os seres humanos tendem, mesmo contra a sua vontade individual, só
ai se realizando plenamente, de acordo com a sua sociabilidade inata.
b) Corrente teológica
Esta corrente, que dominou durante vários séculos, principalmente na Idade Média,
contribuiu para a formulação da concepção cristã do poder, fundamentada na tradição bíblica
e desenvolvida, dentre vários autores cristãos, por SANTO AGOSTINHO e SAO TOMÁS
DE AQUINO. Já para o ANSELMO DE AOSTA, a supremacia divina está sobre todas as
coisas, o que se poder exprimir no aporema id quo maius cogitari nequit (Deus é Aquele do
qual não se pode pensar outra coisa maior).
Assim, o Estado deve ser um reino da justiça e da paz; a lei que nele impera deve ser a
lei do amor e do perdão. A fraternidade origina o princípio de igualdade.
c) Corrente voluntarista
O poder tem o seu fundamento e origem não em Deus, mas antes naqueles que detêm
o poder político e com base na vontade destes, encarando em cada momento a fonte desse
mesmo poder que pode desdobrar-se em múltiplas modalidades, em que se integram as
opções voluntaristas de timbre minoritário, moldadas pelas concepções absolutistas,
31
Cf. GOUVEIA, Jorge Bacelar, Manual...vol.I, pp. 111ss;
32
Ibidem, p. 444
marxistas e leninistas ou fascistas do Estado, atribuindo a grupos socialmente minoritários,
como as elites pensantes, o proletariado ou as corporações, a origem do poder político.
Isso é mencionado em diversos passos da CRM, nos quais se sublinha a ideia comum
do caráter soberano do poder político, genericamente representado pela República de
Moçambique como uma “…República (…) soberana…”33e que a “A soberania reside no
povo34".
Esta mesma conclusão é reforçada pela opção fundamental que o texto constitucional
fez no sentido do unitarismo como esquema de estruturação do Estado Moçambicano,
evidenciando-se esse elemento em preceito constitucional autónomo: “A República de
Moçambique é um Estado unitário, que respeita na sua organização os princípios da
autonomia das autarquias locais"35.
33
Vide art. 1, CRM
34
Vide o n.˚. 1 art. 2 da CRM
35
GOUVEIA, Jorge, p. 148
36
idem
sobretudo por inculcar o sentido de que a lei constitucional é o acto fundador da Ordem
Jurídica Estadual, ao dizer-se que “A soberania reside no povo".
37
idem
38
Vide art. 8 da CRM
No relacionamento internacional, a soberania moçambicana é com patível com a
adoção de compromissos internacionais, assim como a sua pertença a várias instâncias
internacionais, que nele projetam os respetivos ordenamentos jurídicos.
A CRM confere uma especial ênfase à cooperação entre Estados e Povos de África e
da Lusofonia: “A República de Moçambique mantém laços especiais de amizade e
cooperação com os países da região, com os países de língua oficial portuguesa e com os
países de acolhimento de emigrantes moçambicanos.