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Bases Filosóficas da Psicologia -

Semana 12
seilosóficas da Psicologia - Semana 12
Apresentação
Vídeo 1 – Introdução ao pensamento de Hegel
Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=tN58Q6gYw1s&ab_channel=DoxaeEpisteme Acesso em:
14 de novembro de 2021.
Vídeo 2 – Karl Marx e Friedrich Engels
Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=w4SX6m3jq6g&ab_channel=DoxaeEpisteme Acesso em:
14 de novembro de de 2021.
Como você pôde perceber nos vídeos, abordamos alguns conceitos que nos
remetem à filosofia de Hegel e às críticas de Marx e Engels. Assim, nessa
semana, vamos aprender sobre o desenvolvimento da filosofia hegeliana e
o seu idealismo absoluto, bem como a filosofia de Marx e Engels e o
materialismo histórico-dialético.

Objetivos:
• Compreender a obra de Hegel.

• Compreender a obra de Marx e Engels.

Conteúdo
Hegel, Marx e Engels

1. Georg Wilhelm Friedrich Hegel


De acordo com Marcondes (2008), Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu
em Stuttgart em 1770. Estudou no seminário protestante de Tübingen, mas
logo abandonou a pretensão de se tornar pastor; uma de suas primeiras
obras foi uma Vida de Jesus (1795), e entre 1798-99 escreveu O espírito do
cristianismo e seu destino. Professor na Universidade de Jena, assistiu ao
assédio da cidade pelas tropas de Napoleão (1806) e durante esse período
redigiu a Fenomenologia do espírito (1806-07). Enquanto diretor do Liceu de
Nuremberg, escreveu a Ciência da lógica (1812-16). Em seguida, tornou-se
catedrático na Universidade de Heidelberg, quando redige a Enciclopédia
das ciências filosóficas (1817). Em 1829, no auge de seu prestígio intelectual,
torna-se reitor da Universidade de Berlim, e, em 1831, morre de cólera.
Enquanto Kant desenvolveu um idealismo transcendental, Hegel
desenvolveu um idealismo absoluto. Ambos são do idealismo alemão,
como vimos anteriormente, cuja vertente de pensamento é distinta do
positivismo (como veremos na próxima semana). O idealismo é uma
doutrina que concebe a noção de que o sujeito tem um papel mais
determinante que o objeto no processo de conhecimento. Há vários tipos
de idealismo: Platão, por exemplo, é considerado o principal idealista da
Antiguidade, devido a sua teoria das ideias; Kant expressou sua filosofia
idealista através da afirmação de que das coisas do mundo só conhecemos
a priori aquilo que nós mesmos colocamos nela, ou seja, não sabemos
como as coisas são em si mesmas, temos um limite de entendimento, em
que só sabemos das coisas do modo como a percebemos. Já para Hegel, há
a ideia de uma inteligência, ou espírito que se manifesta e se concretiza no
mundo. No século XIX, o filósofo Hegel compreendia o mundo como um
desdobramento de um espírito abrangente (ou absoluto) que se estaria
realizando no tempo (ou história). Desse modo, Hegel identificava a ideia ou
espírito com toda a realidade. Para Hegel, a realidade é como um processo
análogo ao pensamento, descrita nas seguintes noções: 1. A realidade
possui racionalidade ou identifica-se com ela – o mundo é a realização
progressiva de uma razão (ou ideia, ou espírito, ou absoluto, ou Deus),
presente tanto na natureza como no ser humano, e em suas construções
culturais. Assim, o mundo não ocorre ao acaso, não é aleatório, mas sim o
desdobramento do logos ou espiritualidade racional. Neste sentido, “o real
é racional”; 2. A razão possui realidade ou identifica-se com ela – se o real é
racional, inversamente, a razão não seria apenas um processo abstrato no
qual as ideias equivalem a puras representações. Elas fazem parte da
estrutura profunda do real, de tal maneira que, quanto maior a
racionalidade, mais elevada a realidade (noção de que a quantidade se
transforma em qualidade). Neste sentido, “o racional é real”. Segundo
Cotrim e Fernandes (2016), Hegel dizia que “o real é racional e o racional é
real” (p. 294), assim, rompe com a distinção tradicional entre consciência e
mundo, sujeito e objeto, ideal e real, espírito e matéria. Para ele, a realidade
se identificaria totalmente com o espírito (ou razão), dessa forma, a
racionalidade seria o fundamento de tudo o que existe, inclusive a
natureza. O ser humano, por sua vez, constituiria a manifestação mais
elevada dessa razão, que estaria dentro dele e ao mesmo tempo acima
dele, pois a racionalidade cósmica movimentaria o mundo.

Outro aspecto importante da filosofia de Hegel é o movimento dialético. Ao


conceber a realidade como espírito, Hegel descreveu que a realidade não é
uma substância rígida e estática, mas um sujeito com vida própria que pode
atuar. Neste sentido, entender a realidade como espírito, significa
compreendê-la em constante atuação, isto é, como movimento. Cotrim e
Fernandes (2016) explicam que, para Hegel, o movimento da realidade
apresenta momentos que se contradizem, sem perder a unidade do
processo, o que leva a um crescente autoenriquecimento. Trata-se,
portanto, de um movimento dialético do real, que se processa em três
momentos: 1. O momento do ser em si, por exemplo, a planta como
semente (tese); 2. O momento do ser outro ou fora de si, em que essa
semente sai fora de si, desdobra-se em algo distinto (antítese); 3. O
momento do ser para si, em que surge a planta (síntese dos momentos
anteriores). Esses momentos sucederiam com um movimento em espiral,
isto é, um movimento circular que não se fecha. Assim, cada momento final,
que seria a síntese, torna-se a tese de um movimento posterior, de caráter
mais avançado. Assim, para Hegel, os conflitos, as guerras, as injustiças, as
dominações de um povo sobre outro são compreendidos como
contradições ou momentos negativos que funcionam como mola dialética
que move a história. No plano da dialética hegeliana, esses momentos
corresponderiam à antítese, que se contrapõe à tese, fazendo surgir uma
etapa superior, que seria a síntese. Entre os seguidores de Hegel, houve
uma divisão em dois grupos: os hegelianos de direita e os hegelianos de
esquerda, que fizeram ajustes em aspectos de sua filosofia de modo a
adequá-la a seus projetos políticos. Mas a profundidade de seu
pensamento e a radicalidade de seus conceitos despertaram reações
extremas e diversas, algumas delas tão revolucionárias que levaram a
novas maneiras de fazer e pensar a filosofia, como nos casos de Marx e
Nietzsche (que estudaremos em seguida).
2. Karl Heinrich Marx
Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi um filósofo e revolucionário socialista
alemão, nasceu em Trier, Renânia, província ao sul da Prússia. Em 1835,
ingressou no curso de Direito da Universidade de Bonn, onde participou
das lutas políticas estudantis. No final de 1836, transferiu-se para a
Universidade de Berlim para estudar Filosofia. Nessa época, se propagavam
as ideias de Hegel. Marx se alinha com os “hegelianos de esquerda”, que
procuram analisar as questões sociais, fundamentados na necessidade de
transformações na burguesia da Alemanha. Doutorou-se em Filosofia em
1841, na Universidade de Jena, com a tese “A Diferença entre a Filosofia da
Natureza de Demócrito e a de Epicuro”. Por motivos políticos, Marx não
consegue a nomeação para lecionar na universidade, que não aceita
mestres que seguem as ideias de Hegel. Com a recusa, Marx passa a
escrever artigos para os Anais Alemães, mas a censura impede sua
publicação. Em 1842, muda-se para Colônia, e assume a direção do jornal
“Gazeta Renana”, onde conhece Friedrich Engels, mas logo após a
publicação do artigo sobre o absolutismo russo, o governo fecha o jornal.
Marx dedica-se a escrever teses sobre o socialismo e mantém contato com
o movimento operário europeu. Funda a "Sociedade dos Trabalhadores
Alemães". Junto com Engels, e se integram à "Liga dos Justos", entidade
secreta de operários alemães, com filiais por toda a Europa. Entre 1845-
1846, escreve a Ideologia Alemã, com Engels, mas só é publicada
postumamente. Essa obra representa a primeira exposição estruturada da
concepção materialista da história. Em 1848, com base no trabalho de
Engels, “Os Princípios do Comunismo”, Marx escreve o "Manifesto
Comunista", onde esboça suas principais ideias com a luta de classe e o
materialismo histórico.

3. Friedrich Engels
Friedrich Engels (1820-1895) foi um filósofo social, político alemão e um dos
criadores do socialismo científico. Nasceu em Barmen, cidade renana da
Prússia, na Alemanha, e foi filho de um rico industrial alemão. Entrou em
contato com os Jovens Alemães, um grupo de escritores liberais e
revolucionários. Foi também atraído pelo movimento “Hegelianos de
Esquerda”, assim como Marx. Em 1842, assume, por um tempo, a direção
da fábrica de linhas de costura. Ao mesmo tempo que entra em contato
com os líderes radicais, estuda a situação social do país. Suas observações
dessa época formaram a base para escrever “A Situação da Classe
Trabalhadora na Inglaterra”, publicada posteriormente, em 1845. Em 1878,
Engels decidiu abandonar definitivamente suas atividades nas empresas da
família para se dedicar à difusão da doutrina comunista em jornais e
revistas e no contato direto com os dirigentes socialistas dos principais
países europeus. Participou também da criação e da organização da
“Associação Internacional dos Trabalhadores”. Após a morte de Marx, em
1883, Engels se encarregou de completar e publicar o II e o III volumes de
“O Capital”, obra que causaria, nas décadas seguintes, uma revolução na
Economia e nas Ciências Sociais.

4. A Ideologia Alemã (1845-1846) – Marx e Engels


A obra “Ideologia Alemã” (1845-1846) foi escrita por Marx e Engels, e é
considerada como um marco do método materialismo histórico. É também
uma crítica endereçada aos “jovens hegelianos”, especificamente aos
filósofos Feuerbach, Bruno Bauer, Max Stirner, e outros. Na juventude,
Marx participou do grupo dos hegelianos de esquerda, que tinha, à época,
o seu representante Ludwig Feuerbach (1804-1872). Em sua crítica ao
idealismo hegeliano, Marx afirma que Hegel inverteu a relação entre o que
é determinante – a realidade material – e o que é determinado – as
representações conceituais sobre a realidade. A filosofia idealista seria,
portanto, uma grande mistificação na opinião de Marx, contrapondo o
idealismo absoluto de Hegel, Marx escreve na Ideologia Alemã: "As
premissas de que partimos não constituem bases arbitrárias, nem dogmas;
são antes bases reais de que só é possível abstrair no âmbito da
imaginação. As nossas premissas são os indivíduos reais, a sua ação e as
suas condições materiais de existência [...]” (MARX, 1976, p. 18). Portanto,
essa obra marca o rompimento de Marx com o chamado hegelianismo de
esquerda. Nesta obra, já denunciam a propriedade privada e os modos de
divisão do trabalho (que separa os humanos, aliena-os e gera todo um
sistema de opressão). Fala sobre a sociedade ser o resultado da
organização dos meios de produção e de sua distribuição entre os
indivíduos. Marx e Engels criticam a forma como os hegelianos
superdimensionam as ideias, usam a crítica pela crítica, ou a crítica vazia,
como sendo a resolução dos problemas e conflitos, sem levar em
consideração a ação humana ou as determinações da história vivida.
Segundo eles, as ideias só podem transformar a realidade se
impulsionarem a força prática, se moverem ações transformadoras.

5. Materialismo Histórico e Dialético


Marx procurou compreender a história real dos seres humanos em
sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão
da história foi chamada, posteriormente, por Engels, de materialismo
histórico. De acordo com essa visão, Marx compreende que os seres
humanos não podem ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de
Hegel, nem de forma isolada, como na filosofia de Feuerbach. Para Marx,
não existe o indivíduo formado fora das relações sociais. O modo como os
indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam está associado,
portanto, à maneira como se dão as relações sociais. As relações sociais são
determinadas pelo modo de produção de vida material, e o que os
indivíduos são depende das condições materiais da sua produção.
Compreende-se aí a importância que Marx deu às condições de trabalho e
à relação capital-trabalho. Marx reconhece o trabalho como atividade
fundamental do ser humano e analisa os fatores que, no capitalismo, o
tornaram uma atividade massacrante e alienada. Marx também entende o
desenvolvimento histórico-social como resultado das transformações
ocorridas no modo de produção. Para analisar esse cenário, ele se utiliza
dos princípios da dialética. Essa dialética é diferente da que foi postulada
por Hegel. Para Marx, a dialética permite compreender a história em seu
movimento, em que cada etapa é vista não como algo estático, mas sim
transitório, e que pode ser transformado pela ação humana. Por exemplo:
tivemos modos de produção dominante em cada época, como o
comunismo primitivo, o escravismo na Antiguidade, o feudalismo na Idade
Média e o capitalismo na Idade Moderna; a passagem de um modo de
produção a outro acontece no momento em que o nível de
desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as
relações sociais de produção. Surgem daí as possibilidades objetivas de
transformação desse modo de produção, a partir de um sufocamento da
produção em decorrência da inadequação das relações de trabalho nas
quais ela se dá.

6. Aproximações e divergências entre Marx e Hegel


Marx constrói uma dialética materialista, em oposição à dialética idealista
hegeliana. Há uma divergência entre Marx e Hegel, entre materialismo e
idealismo. O desenvolvimento do conhecimento ao longo da história levou
o homem a questionar o mundo, e, a partir disso, buscou desenvolver
teorias que explicassem a relação humana com a existência. Essas teorias
dividiram-se em duas grandes tendências, segundo Alves (2010): no
materialismo e no idealismo. Podemos nos questionar: o que é
materialismo filosófico? O que é idealismo filosófico? Em síntese, o
materialismo refere-se à matéria, e o idealismo refere-se às ideias. O
materialismo pressupõe a anterioridade da matéria (ser) em relação à ideia
(consciência). Aqui, a consciência (as ideias) decorre do ser, ou seja, não há
consciência sem o ser consciente. Neste sentido, a consciência é uma
forma, um grau de desenvolvimento da matéria. Já o idealismo (tal qual
Hegel definiu), pressupõe a anterioridade da ideia (consciência) em relação
à matéria (ser). Aqui, o ser decorre da ideia (Consciência, Espírito Absoluto,
Razão ou Deus). Enquanto o materialismo é monista, ou seja, não separa
matéria e ideia; o idealismo é dualista, isto é, de um lado, temos a
consciência, de outro, o mundo - os objetos, são naturezas independentes.
Enquanto a dialética de Hegel pensa o progresso do mundo a partir de três
momentos constante na história: “tese, antítese e síntese”, o materialismo
dialético pretende ser, ao mesmo tempo, o fim da filosofia e o início de uma
nova filosofia, bem como não se limita a pensar o mundo, mas sim
pretende transformá-lo.

Você Sabia?
O filósofo marxista István Mészáros é um autor referencial para tantos que
lutam contra a lógica destrutiva que preside o mundo contemporâneo.
Nascido em 19 de dezembro de 1930, em Budapeste, István Mészáros era
professor emérito na Universidade de Sussex, Reino Unido, onde ocupou a
cátedra de filosofia. Mészáros iniciou sua vida como operário na Hungria.
Quando chegou à Universidade, destacou-se pelo brilhantismo,
competência e radicalidade. Sempre calibrando a atuação na Universidade
com as necessidades vitais da humanidade e a busca de sua transformação,
tornou-se, desde logo, um espírito anticapitalista excepcional. Foi um autor
fortemente inspirado por Karl Marx e tem uma vasta obra reconhecida
internacionalmente.

Para saber mais, leia o artigo: “István Mészáros e sua ardorosa defesa da
humanidade” de Ruy Braga e Ricardo Antunes. Disponível
em: https://revistacult.uol.com.br/home/istvan-meszaros-e-sua-ardorosa-
defesa-da-humanidade/ Acesso em: 13 de novembro de 2021.

Sintetizando
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, nasceu em Stuttgart em 1770. Algumas de
suas obras foram: Vida de Jesus, O espírito do cristianismo e seu destino,
Fenomenologia do espírito, Ciência da lógica e a Enciclopédia das ciências
filosóficas. Hegel desenvolveu um idealismo absoluto, isto é, há a ideia de
uma inteligência, ou espírito que se manifesta e se concretiza no mundo, e
esse espírito se realiza no tempo ou na história. Desse modo, Hegel
identificava a ideia ou espírito com toda a realidade. Para Hegel, a realidade
é como um processo análogo ao pensamento. Outro aspecto importante da
filosofia de Hegel é o movimento dialético. Ao conceber a realidade como
espírito, Hegel descreveu que a realidade não é uma substância rígida e
estática, mas um sujeito com vida própria que pode atuar. Neste sentido,
entender a realidade como espírito, significa compreendê-la em constante
atuação, isto é, como movimento. Esse movimento dialético do real se
processa em três momentos: tese, antítese e síntese. Esses momentos
sucederiam com um movimento em espiral, isto é, um movimento circular
que não se fecha. Para Hegel, os conflitos, as guerras, as injustiças, as
dominações de um povo sobre outro são compreendidos como
contradições ou momentos negativos que funcionam como mola dialética
que move a história. No plano da dialética hegeliana, esses momentos
corresponderiam à antítese, que se contrapõe à tese, fazendo surgir uma
etapa superior, que seria a síntese. Entre os seguidores de Hegel, houve
uma divisão em dois grupos: os hegelianos de direita e os hegelianos de
esquerda, que fizeram ajustes em aspectos de sua filosofia de modo a
adequá-la a seus projetos políticos. Mas a profundidade de seu
pensamento e a radicalidade de seus conceitos despertaram reações
extremas e diversas, algumas delas tão revolucionárias que levaram a
novas maneiras de fazer e pensar a filosofia, como no caso de Marx.
Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi um filósofo e revolucionário socialista
alemão, nasceu em Trier, Renânia, província ao sul da Prússia. Marx se
alinha com os “hegelianos de esquerda”, que procuram analisar as
questões sociais, fundamentados na necessidade de transformações na
burguesia da Alemanha, e depois, rompeu com eles e os criticou. Entre
1845-1846, Marx escreve a Ideologia Alemã, com Engels. Essa obra
representa a primeira exposição estruturada da concepção materialista da
história.
Friedrich Engels (1820-1895) foi um filósofo social e político alemão e um
dos criadores do socialismo científico. Foi também atraído pelo movimento
“Hegelianos de Esquerda”, assim como Marx. Engels decidiu abandonar
definitivamente as suas atividades nas empresas da família para se dedicar
à difusão da doutrina comunista. Após a morte de Marx, em 1883, Engels se
encarregou de completar e publicar o II e o III volumes de O Capital, obra
que causaria, nas décadas seguintes, uma revolução na Economia e nas
Ciências Sociais. A obra Ideologia Alemã (1845-1846) foi escrita por Marx e
Engels, e é considerada como um marco do método materialismo histórico.
Marx e Engels denunciam a propriedade privada e os modos de divisão do
trabalho (que separa os humanos, aliena-os e gera todo um sistema de
opressão). Fala sobre a sociedade ser o resultado da organização dos meios
de produção e de sua distribuição entre os indivíduos. Marx e Engels
criticam a forma como os hegelianos superdimensionam as ideias, usam a
crítica pela crítica, ou a crítica vazia, como sendo a resolução dos problemas
e conflitos, sem levar em consideração a ação humana ou as determinações
da história vivida. Segundo eles, as ideias só podem transformar a realidade
se impulsionarem a força prática, se moverem ações transformadoras.
Assim, Marx procurou compreender a história real dos seres humanos em
sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão
da história foi chamada, posteriormente, por Engels, de materialismo
histórico. De acordo com essa visão, Marx compreende que os seres
humanos não podem ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de
Hegel, nem de forma isolada, como na filosofia de Feuerbach. Para Marx,
não existe o indivíduo formado fora das relações sociais. O modo como os
indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam está associado,
portanto, à maneira como se dão as relações sociais. As relações sociais são
determinadas pelo modo de produção de vida material, e o que os
indivíduos são depende das condições materiais da sua produção. Marx
também entende o desenvolvimento histórico-social como resultado das
transformações ocorridas no modo de produção. Para analisar esse
cenário, ele se utiliza dos princípios da dialética. Essa dialética é diferente
da que foi postulada por Hegel. Para Marx, a dialética permite compreender
a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não como algo
estático, mas sim transitório, e que pode ser transformado pela ação
humana. Por exemplo: tivemos modos de produção dominante em cada
época, como o comunismo primitivo, o escravismo na Antiguidade, o
feudalismo na Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna; a passagem
de um modo de produção a outro acontece no momento em que o nível de
desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as
relações sociais de produção. Surgem daí as possibilidades objetivas de
transformação desse modo de produção, a partir de um sufocamento da
produção em decorrência da inadequação das relações de trabalho nas
quais ela se dá.

Atividade
A partir da leitura do artigo “Marxismo: uma teoria indispensável à luta
feminista” de Mirla Cisne (Disponível
em: https://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica
%E7%F5es/GT4/gt4m3c6.PDF . Acesso em: 13 de novembro 2021), construa
um handout, conforme as instruções abaixo:
• Após a leitura do material, realize um breve resumo esquematizando o
resultado dos conhecimentos obtido;

• O resumo deverá conter os principais assuntos do material estudado,


análise dos dados vistos em sala de aula e nos demais recursos
disponíveis;

• Expor o que você aprendeu daquele assunto;

• Não esqueça das Referências Bibliográficas (quais foram os recursos


utilizados).

Referências
ALVES, Alvaro Marcel. O método materialista histórico dialético: alguns
apontamentos sobre a subjetividade. Revista de Psicologia da UNESP, v. 9,
n. 1, p. 1-13, 2010.
BRAGA, Ruy; ANTUNES, Braga. István Mészáros e sua ardorosa defesa da
humanidade. Cult, 2 de outubro de 2017. Disponível
em: https://revistacult.uol.com.br/home/istvan-meszaros-e-sua-ardorosa-
defesa-da-humanidade/ Acesso em: 13 de novembro de 2021
CISNE, Maria. MARXISMO: uma teoria indispensável à luta feminista. In:
4° Colóquio Marx e Engels, 2005, Campinas - SP. 2005
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 4ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2016.
MARX, Karl. A Ideologia Alemã. Lisboa/São Paulo: Presença/Martins fontes,
1976.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos


a Wittgenstein. 13ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

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