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Um silogismo perfeito, de acordo com Aristóteles no Órganon, é um tipo de argumento lógico

que segue a estrutura lógica do silogismo aristotélico, composto por três proposições: uma
premissa maior, uma premissa menor e uma conclusão. Nos Primeiros Analíticos, Aristóteles
define um silogismo (2010, p. 112): “Silogismo é uma locução em que, uma vez certas
suposições sejam feitas, alguma coisa distinta delas se segue necessariamente devido à mera
presença das suposições como tais. “

A definição do silogismo perfeito vem a complementar logo a seguir (p. 113): “Chamo de
silogismo perfeito o que nada requer além do que nele está compreendido para evidenciar a
necessária conclusão.”

O exemplo de silogismo perfeito, como apresentado por Aristóteles:

Premissa Maior: Todos os seres humanos são mortais.

Premissa Menor: Sócrates é um ser humano.

Conclusão: Portanto, Sócrates é mortal.

Se temos três termos conectados onde o último pode ser

Nesse exemplo, a premissa maior estabelece uma afirmação geral sobre todos os seres
humanos sendo mortais. A premissa menor especifica que Sócrates é um ser humano. A
conclusão é então deduzida logicamente das duas premissas anteriores, afirmando que
Sócrates é mortal.

Esse é um exemplo simples de um silogismo perfeito que segue as regras da lógica aristotélica,
onde as premissas e a conclusão estão estruturadas corretamente e a conclusão é uma
inferência válida a partir das premissas.

Na era medieval, os pensadores estudaram e desenvolveram o silogismo de Aristóteles


principalmente por meio da tradição escolástica. A escolástica foi uma corrente intelectual que
floresceu nas universidades europeias durante os séculos XI ao XIV e buscou conciliar a filosofia
aristotélica com a teologia cristã.

Os estudiosos medievais, conhecidos como escolásticos, consideraram o silogismo aristotélico


como um instrumento poderoso para a análise e a argumentação lógica. Eles se dedicaram a
estudar e aprofundar os princípios e a estrutura do silogismo, bem como sua aplicação em
diversos campos do conhecimento.

A aplicação de silogismos perfeitos como o BARBARA foi feita pelos medievais que buscaram
formas de sistematizar e decorar as formas de silogismo. Nessa sistematização, eles utilizam
das letras A, E, I e O como formas de demonstração de:

1. A: Afirmação (universal afirmativa): Todo S é P.

2. E: Negação (universal negativa): Nenhum S é P.

3. I: Afirmação particular (particular afirmativa): Algum S é P.

4. O: Negação particular (particular negativa): Algum S não é P.

Dessa forma, se tomarmos o BARBARA, considerado o único silogismo perfeito, que


corresponde ao exemplo de Sócrates como mostrado anteriormente, temos que os três A do
silogismo como afirmativas universais, o que culmina em uma conclusão derivada diretamente
das premissas.

As outras formas de silogismos como o CELARENT, constituído de uma negação universal (E),
uma afirmativa universal (A) e, na conclusão, uma outra negação universal (E) não são
consideradas perfeitas, porém quase perfeitas, pois não respondem na conclusão com
propriedade de não contradição e sem contrariedade, além de não fornecerem, por exemplo,
num método de investigação cientifica uma resposta direta ao que a coisa é.

Aristóteles não utilizou explicitamente o conceito de "triângulo semântico" como é comumente


entendido na linguística contemporânea. No entanto, algumas das suas ideias podem ser
relacionadas a essa estrutura triangular.

O "triângulo semântico" é uma representação gráfica que busca ilustrar a relação entre os
termos linguísticos: referente, conceito e palavra. Essa estrutura mostra como um termo
linguístico está relacionado a um conceito na mente do falante e como esse conceito se
conecta com um referente no mundo real.

Aristóteles tinha uma abordagem diferente, mas relacionada, para entender a relação entre a
linguagem, o pensamento e a realidade. Para ele, a linguagem e o pensamento estavam
intrinsecamente ligados, e ambos refletiam a estrutura da realidade.

Aristóteles defendia que a linguagem (as palavras) era um reflexo do pensamento (os
conceitos) e que esses conceitos estavam relacionados às coisas no mundo real (os referentes).
Ele acreditava que as palavras eram símbolos que representavam os conceitos e que esses
conceitos, por sua vez, representavam as coisas no mundo.

Embora a estrutura de pensamento de Aristóteles não seja um "triângulo semântico" no


sentido estrito, podemos perceber uma relação entre os três elementos: palavra, conceito e
referente. As palavras são usadas para expressar os conceitos na mente do falante, e esses
conceitos são utilizados para representar os referentes no mundo real.

Assim, embora não seja uma abordagem explícita em termos de um "triângulo semântico",
podemos identificar elementos relacionados nas ideias aristotélicas sobre a relação entre a
linguagem, o pensamento e a realidade.

Referências

BARNES, Jonathan (org.). Aristóteles. Cap. 2. São Paulo. Editora Ideias e Letras. 2016
ARISTÓTELES. Órganon. São Paulo. Editora Edipro. 2010.

MILL, John S. Sistema de Lógica Dedutiva e Indutiva.

FERNANDES FERREIRA, Mateus Ricardo. O que são silogismos perfeitos?. DoisPontos, [S.l.], v.
10, n. 2, dez. 2013. ISSN 2179-7412. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/doispontos/article/view/32042>. Acesso em: 24 jul. 2023.
doi:http://dx.doi.org/10.5380/dp.v10i2.32042

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