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O IMPACTO DO TREINAMENTO DE FORÇA NA


GESTÃO DA OBESIDADE

Diego Silva Oliveira1


Gileno Souza Gomes Junior1
Rafael Marques dos Santos1
Taíze Aparecida Lima Freire Almeida1
Tutor externo: Leandro Farias Silva2

RESUMO
A hipótese deste trabalho é que o treinamento de força pode contribuir para a prevenção e o
tratamento da obesidade, por meio da melhora da composição corporal, do metabolismo, da
sensibilidade à insulina, da inflamação, do apetite, da autoestima e da qualidade de vida. Para
fundamentar essa hipótese, serão revisados os principais estudos teóricos que abordam os
mecanismos e os benefícios do treinamento de força para a obesidade.

Palavras-chave:
Treinamento de força; obesidade; qualidade de vida

1. INTRODUÇÃO

A obesidade, uma epidemia global em ascensão, representa um desafio formidável para a


saúde pública e individual, com implicações profundas na qualidade de vida e na
morbimortalidade associada. Estima-se que mais de 2,8 milhões de pessoas morram anualmente
devido a complicações relacionadas à obesidade (Organização Mundial da Saúde, 2020). O
acúmulo excessivo de tecido adiposo não altera apenas a morfologia corporal, mas também
desencadeia uma cascata de eventos metabólicos adversos, predispondo os indivíduos a uma
série de comorbidades, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e distúrbios
musculoesqueléticos (Kopelman, 2007; Bray et al ., 2016).

Diante deste cenário, a busca por estratégias de prevenção e tratamento da obesidade


tornou-se uma prioridade crítica na saúde pública. A abordagem convencional, centrada em
restrição calórica e exercícios aeróbicos, embora eficaz para muitos indivíduos, muitas vezes
não é suficiente para promover mudanças significativas na composição corporal e na saúde

Diego Silva Oliveira1


Gileno Souza Gomes Junior1
Rafael Marques dos Santos1
Taize Aparecida Lima Freire Almeida1
Tutor externo: Leandro Silva Farias Silva 2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Bacharelado em Educação Física - Módulo VIII
metabólica a longo prazo (Wing et al., 2004). Nesse contexto, o treinamento de força surge
como um componente crucial e inovador no arsenal terapêutico contra a obesidade.

Ao contrário do paradigma tradicional, o treinamento de força transcende a mera busca


pela redução da massa gorda, proporcionando um conjunto abrangente de benefícios
fisiológicos que vão muito além da estética. Inúmeros estudos demonstraram que a incorporação
de exercícios de resistência não apenas promove a remodelação positiva da composição
corporal, mas também induz adaptações metabólicas fundamentais que influenciam
positivamente a homeostase energética e a sensibilidade à insulina (Strasser et al., 2010; Swift et
al., 2018). O treinamento de força, portanto, se insere como uma abordagem holisticamente
voltada para a gestão da obesidade, não apenas a redução do tecido adiposo, mas também a
promoção da saúde metabólica e a melhoria do perfil de risco cardiometabólico. Neste contexto,
o campo da Educação Física e Ciências do Esporte surge como uma disciplina chave para a
abordagem multidisciplinar da obesidade, e o treinamento de força representa uma ferramenta
promissora e muitas vezes subestimada.

Historicamente, o treinamento de força era frequentemente associado exclusivamente ao


desenvolvimento de atletas de alto rendimento e entusiastas do fisiculturismo. No entanto,
avanços substanciais na pesquisa e na prática na área de Educação Física expandiram o
entendimento e a aplicação do treinamento de força para uma variedade de população, incluindo
aqueles que enfrentam o desafio da obesidade.

O treinamento de força é uma modalidade de exercício que envolve a contração


muscular contra uma resistência, seja ela fornecida por pesos livres, máquinas, ou até mesmo o
próprio peso corporal (American College of Sports Medicine, 2009). Enquanto tradicionalmente
lançava o desenvolvimento de massa muscular e força em atletas, estudos recentes
demonstraram claramente os benefícios abrangentes desta modalidade de exercício em
contextos clínicos e de saúde pública.

Os efeitos positivos do treinamento de força na composição corporal são notáveis. O


aumento da massa muscular magra, frequentemente associado ao treinamento de força, tem
implicações metabólicas significativas. A massa muscular ativa contribui para um maior gasto
energético em poupança, o que pode ser um fator crítico na gestão do peso, especialmente em
indivíduos com obesidade (Strasser, Siebert, & Schobersberger, 2010).

Além disso, evidências recentes destacam a capacidade do treinamento de força em


melhorar a sensibilidade à insulina e a tolerância à glicose em indivíduos com excesso de peso e
obesidade (Ormsbee et al., 2017). Essa melhoria na regulação da glicose pode ter implicações
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substanciais na prevenção e no tratamento do diabetes tipo 2, uma condição frequentemente


associada à obesidade.

Embora os benefícios fisiológicos do treinamento de força sejam substanciais, a


implementação eficaz desta modalidade de exercício em programas de intervenção para a
obesidade requer um entendimento abrangente das técnicas de prescrição e supervisão por parte
dos profissionais de Educação Física. Além disso, a consideração dos fatores individuais, como
a capacidade funcional e a preferência do paciente, é essencial para garantir a adesão e os
benefícios a longo prazo.

Esta revisão abrangente tem por objetivo aprofundar a compreensão da relação


intrincada entre o treinamento de força e a obesidade, fornecendo uma análise crítica das
evidências atualmente disponíveis. Além disso, procure identificar lacunas no conhecimento que
possam orientar futuras investigações e fornecer orientações práticas para profissionais de saúde
e educação física, a fim de otimizar a prescrição de exercícios para indivíduos específicos pela
obesidade.

Ao oferecer uma análise ampla e atualizada sobre o papel do treinamento de força na


gestão da obesidade, esta revisão pretende contribuir significativamente para o campo da saúde
e educação física, destacando o potencial desta modalidade de exercício como uma ferramenta
na promoção da saúde e na saúde luta contra a epidemia de obesidade que assola nossa
sociedade contemporânea.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O treinamento de força é uma modalidade de exercício físico que visa o


desenvolvimento da capacidade muscular, através da aplicação de cargas externas ao corpo. O
treinamento de força pode trazer diversos benefícios para a saúde, especialmente para as pessoas
com obesidade, que apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares,
diabetes, hipertensão, entre outras. O treinamento de força pode auxiliar na redução do peso
corporal, na melhora da composição corporal, na preservação da massa magra, na diminuição da
gordura visceral, na regulação do metabolismo, na melhora da sensibilidade à insulina, na
redução da inflamação crônica, na prevenção e tratamento da sarcopenia, na melhora da função
física e da qualidade de vida.
Francischi et al. (2008) afirmam que o treinamento de força promove alterações
metabólicas e celulares que favorecem o controle e a prevenção da síndrome metabólica, como
a diminuição do peso corporal, o aumento da sensibilidade à insulina, o aumento da tolerância à
glicose, a diminuição dos níveis pressóricos de repouso e a melhoria do perfil lipídico.

"O treinamento de força emerge como uma estratégia de intervenção avançada no


manejo da obesidade, não apenas devido aos efeitos positivos na composição corporal, mas
também por seu impacto na melhoria da sensibilidade à insulina e no controle metabólico."
(Smith, 2018, p. 132).

O treinamento de força, quando incorporado de maneira consistente em um programa de


atividade física, oferece uma série de resultados positivos para indivíduos com obesidade.
Primeiramente, a prática regular de exercícios de resistência promove o aumento da massa
muscular magra, o que contribui para uma elevação do metabolismo basal. Isso significa que o
corpo queima mais calorias em segurança, auxiliando na gestão do peso. Além disso, o
treinamento de força demonstra ter um impacto significativo na sensibilidade à insulina,
essencial para o controle glicêmico em indivíduos com excesso de peso. As estratégias de
prevenção incluem uma variedade de exercícios para abranger diferentes grupos musculares,
bem como uma progressão gradual da intensidade e da carga. Recomenda-se uma frequência de
treino de 2 a 3 vezes por semana para obter resultados notáveis.

"O aumento da prevalência da obesidade ao longo das últimas décadas representa


um desafio significativo para a saúde pública. A obesidade não está apenas associada a uma
série de comorbidades crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos
tipos de câncer, mas também tem um impacto substancial na qualidade de vida dos
indivíduos afetados. Além disso, as dimensões socioeconômicas e psicossociais da
obesidade não podem ser subestimadas, já que podem influenciar o acesso a alimentos
saudáveis, a atividades físicas e a tratamentos específicos. Diante desse cenário, é
imperativo adotar uma abordagem multidisciplinar e integrada na prevenção e tratamento
da obesidade, incorporando estratégias que abordem não apenas os fatores fisiológicos, mas
também os aspectos comportamentais, psicológicos e sociais que afetam a complexidade
dessa condição de saúde” (Smith, 2020, p. 56).

A integração do treinamento de força com uma alimentação equilibrada é fundamental, visto


que ambos os componentes são complementares na busca por uma saúde ótima. Finalmente, a
supervisão de um profissional de Educação Física ou personal trainer é essencial para garantir que
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os exercícios realizados sejam realizados de forma correta e segura, maximizando os benefícios do


treinamento de força na gestão da obesidade.

Segundo Fleck e Kraemer (2014), o treinamento de força consiste em realizar movimentos


contra uma resistência externa, como pesos, elásticos, máquinas ou o próprio corpo, com o objetivo
de aumentar a capacidade muscular de gerar força e potência. O profissional de Educação Física
pode utilizar o treinamento de força para seu aluno com obesidade de diferentes formas,
dependendo do nível de aptidão física, das preferências e dos objetivos do aluno. Logo, é
importante ressaltar que o treinamento deve ser individualizado e periodizado para cada aluno,
levando em conta suas necessidades, limitações e potencialidades. Além disso, o treinamento deve
ser acompanhado por uma alimentação equilibrada e saudável para otimizar os resultados. Por fim,
o treinamento deve ser realizado com segurança, orientação e supervisão do profissional de
Educação Física, para evitar lesões e complicações.

Uma das possibilidades e métodos de treinamento de força que pode ser utilizado é
treinamento de força tradicional: envolve a realização de séries e repetições de exercícios com
cargas moderadas a altas, visando o desenvolvimento da força máxima, da hipertrofia muscular e da
resistência muscular localizada. Esse tipo de treinamento pode melhorar a composição corporal, a
saúde óssea, o metabolismo energético, a sensibilidade à insulina e a função cardiovascular do
aluno com obesidade (Gentil et al., 2017; Strasser e Schobersberger, 2011). Além disso, pode
aumentar a autoestima, a autoconfiança e a qualidade de vida do aluno (Annesi et al., 2010). O
profissional de Educação Física deve prescrever os exercícios de acordo com as características
individuais do aluno, respeitando os princípios do treinamento, como especificidade,
individualidade, sobrecarga, progressão e recuperação. Alguns exemplos de exercícios são:
agachamento, supino, remada, rosca bíceps, tríceps na polia, leg press, cadeira extensora e flexora.

Assim, essa modalidade de exercício físico é um método eficiente e seguro para combater a
obesidade, desde que seja feita com acompanhamento profissional e adaptada às particularidades de
cada indivíduo. Essa modalidade pode ser associada a outras formas de atividade física, como a
aeróbica, para aumentar os efeitos e favorecer uma maior continuidade ao programa de exercícios.
Essa modalidade é uma maneira de preservar a saúde e o corpo, que pode proporcionar vantagens
não só físicas, mas também mentais e sociais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente estudo se concentrou na revisão e análise crítica das teorias e evidências


disponíveis sobre a relação entre treinamento de força e obesidade. Embora não tenhamos
orientações práticas, uma revisão abrangente da literatura revelou uma série de insights importantes.
As teorias examinadas sugerem que o treinamento de força desempenha um papel crucial na gestão
da obesidade. Vários estudos demonstraram consistentemente que a incorporação regular de
treinamento de força em um regime de exercícios pode resultar em melhorias significativas na
composição corporal, com uma redução na proporção de gordura em relação à massa magra.

Embora o presente estudo tenha sido de natureza teórica e não envolva intervenções práticas,
a análise crítica das teorias existentes mostrou uma visão abrangente dos benefícios potenciais do
treinamento de força na gestão da obesidade. Os resultados destacam a importância de considerar o
treinamento de força como um componente essencial em programas de intervenção e prevenção da
obesidade. A literatura revisada destaca o papel do treinamento de força na promoção da saúde
metabólica, controle do peso corporal e melhorias na composição corporal.

Além disso, uma análise teórica ressalta a necessidade de personalização nos programas de
treinamento de força para indivíduos com obesidade, levando em conta fatores como idade, nível de
ocorrência física e presença de comorbidades. A combinação de estratégias de treinamento de força
com outras modalidades de exercício pode ser especialmente benéfica, proporcionando uma
abordagem holística para a gestão da obesidade.

Em conclusão, embora este estudo tenha sido concentrado exclusivamente na apresentação


de teorias e evidências, os resultados fornecem uma base sólida para a integração do treinamento de
força em programas de tratamento e prevenção da obesidade. A literatura revisada destaca os
benefícios potenciais do treinamento de força na melhoria da saúde metabólica e na composição
corporal, reforçando a importância de considerar essa modalidade de exercício como uma
ferramenta poderosa na luta contra a obesidade.

4. CONCLUSÃO
Este estudo, embora centrado na apresentação de teorias e evidências, oferece uma
perspectiva valiosa sobre a relevância do treinamento de força na gestão da obesidade. As análises
da literatura reforçam consistentemente a importância desta modalidade de exercício como uma
ferramenta potencialmente eficaz na abordagem da obesidade. As teorias e evidências revisadas
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indicam que o treinamento de força pode influenciar significativamente as parâmetros metabólicos,


promovendo a redução do peso corporal, melhorando a composição corporal e melhorando a
sensibilidade à insulina.

Embora não tenhamos orientações práticas, as conclusões deste estudo fornecem uma base
sólida para orientações futuras e pesquisas direcionadas. O treinamento de força, quando combinado
com abordagens multidisciplinares, pode desempenhar um papel significativo na promoção da
saúde e bem-estar em indivíduos com obesidade. Portanto, instigamos a continuidade da
investigação nesse campo, incentivando a implementação de estudos práticos para validar e
expandir as teorias discutidas.

Na última análise, este estudo contribui para o corpo crescente de conhecimento que
sustenta a importância do treinamento de força como parte integrante da gestão da obesidade. Ao
compreender as teorias e evidências subjacentes, estamos melhor posicionados para desenvolver
abordagens de intervenção mais abrangentes e personalizadas para aqueles afetados por essa
condição complexa. Dessa forma, esperamos que este trabalho estimule investigações futuras e, em
última análise, aprimore a prática clínica na abordagem da obesidade por meio do treinamento de
força..

5. REFERÊNCIAS

 Organização Mundial de Saúde. (2020). Obesidade e sobrepeso.


https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight. Acesso em 09 de
outubro de 2023.
 Kopelman, PG (2007). A obesidade como problema médico. Natureza, 404(6778), 635-
643.
 Bray, GA, Kim, KK e Wilding, JPH (2016). Obesidade: Um processo de doença
progressiva crônica e recidivante. Uma declaração de posição da Federação Mundial
de Obesidade. Avaliações de obesidade, 18(7), 715-723.
 Wing, RR, Sinha, MK, Considine, RV, Lang, W., & Caro, JF (1996). Relação entre
manutenção da perda de peso e alterações nos níveis séricos de leptina. Pesquisa
Hormonal e Metabólica, 28(12), 698-703.
 Strasser, B., Siebert, U. e Schobersberger, W. (2010). Treinamento resistido no
tratamento da síndrome metabólica: uma revisão sistemática e meta-análise do efeito
do treinamento resistido no agrupamento metabólico em pacientes com metabolismo
anormal da glicose. Medicina Esportiva, 40(5), 397-415.
 Swift, DL, Johannsen, NM, Lavie, CJ, Earnest, CP e Church, TS (2018). O papel do
exercício e da atividade física na perda e manutenção do peso. Progresso em Doenças
Cardiovasculares, 61(2), 206-213.

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