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Porto Alegre
2023
1. INTRODUÇÃO
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) estão entre os problemas
de saúde pública mais comuns em todo o mundo, com uma estimativa de 376
milhões de casos novos por ano . As ISTs são transmitidas, principalmente, por
contato sexual sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada.
Algumas IST podem não apresentar sintomas, tanto no homem quanto na mulher. E
isso requer que, se fizerem sexo sem camisinha, procurem o serviço de saúde para
consultas com um profissional de saúde periodicamente. Essas doenças, quando
não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves,
como infertilidades, câncer e até a morte. O tratamento das ISTs melhora a
qualidade de vida do paciente e interrompe a cadeia de transmissão dessas
doenças. O presente trabalho traz um conjunto de informações sobre as ISTs mais
comuns na sociedade, abordando aspectos clínicos, patogênese, diagnóstico,
tratamento e prevenção.
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são infecções causadas,
principalmente, através das relações sexuais sem o uso de preservativo com uma
pessoa que esteja infectada, e geralmente se manifestam por meio de feridas,
corrimentos, bolhas ou verrugas.
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) passou a ser
adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissível (DST),
porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção,
mesmo sem sinais e sintomas.
As ISTs são provocadas por microrganismos, tais como bactérias, vírus,
fungos e protozoários. Estes agentes infecciosos encontram-se nos fluidos
corporais, tais como sangue, esperma e secreções vaginais.
2. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
2.1. Tricomoníase
A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível (ISTs) causada
pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Abaixo, fornecemos informações
detalhadas sobre essa patologia:
Sinais e Sintomas:
● Corrimento Vaginal: A tricomoníase em mulheres é frequentemente
caracterizada por um corrimento vaginal anormal, que pode ser amarelo,
verde ou cinza-esverdeado. Esse corrimento geralmente é espumoso,
malcheiroso e pode ser acompanhado de excitação e ardor.
● Sintomas uretrais: Nos homens, a tricomoníase pode causar inflamação na
uretra, resultando em dor, sensação de queimação ao urinar e, ocasional,
corrimento do pênis.
● Desconforto Durante o Sexo: Tanto em homens quanto em mulheres, a
tricomoníase pode causar desconforto durante a relação sexual.
● Assintomático: Algumas pessoas com tricomoníase podem não apresentar
sintomas, mas ainda podem transmitir a infecção para outros.
Forma de contágio:
A tricomoníase é transmitida principalmente através do contato sexual
desprotegido com uma pessoa infectada. É importante observar que a infecção
pode ser transmitida mesmo na ausência de sintomas visíveis.
Prevenção:
A prevenção da tricomoníase envolve práticas de sexo seguro, como o uso
consistente de preservativos em todas as relações sexuais. Além disso, a
monogamia mútua com um parceiro não infectado e a educação sobre ISTs são
importantes para a redução do risco de infecção.
Tratamento:
O tratamento da tricomoníase envolve a administração de medicamentos
antimicrobianos, como o metronidazol ou o tinidazol, prescritos por um profissional
de saúde. É importante que o paciente e seus parceiros sexuais também sejam
tratados, mesmo que não apresentem sintomas, para evitar a reinfecção e a
propagação da doença.
Cuidados de Enfermagem:
Sinais e Sintomas:
● Lesões: Pequenas bolhas dolorosas ou úlceras podem aparecer nos órgãos
genitais, ânus ou boca.
● Dor e Coceira: As lesões geralmente são acompanhadas de dor, queimação
e ocorrências periódicas.
● Semelhante à gripe: Em alguns casos, sintomas semelhantes aos da gripe,
como febre, dores musculares e fadiga, podem ocorrer durante a primeira
infecção.
● Recorrência: O herpes genital é caracterizado por surtos recorrentes de
lesões, que podem ocorrer com várias frequências.
Forma de contágio:
O herpes genital é altamente contagioso e é transmitido principalmente
através do contato direto com as lesões ativas. O contágio pode ocorrer mesmo
quando não há lesões visíveis, durante o período de “derramamento viral” quando o
vírus está presente na pele ou nas membranas mucosas.
Prevenção:
● Abstinência ou Monogamia: A abstinência sexual é a única maneira garantida
de evitar a transmissão do herpes. A monogamia mútua com um parceiro não
infectado também reduz o risco.
● Preservativos: Embora não forneçam uma proteção total, o uso consistente e
correto de preservativos durante todas as atividades sexuais pode aumentar
significativamente o risco de transmissão.
Tratamento:
● Antivirais: Medicamentos antivirais, como o aciclovir, valaciclovir ou
famciclovir, podem reduzir a gravidade dos sintomas, diminuir a frequência
dos surtos e ajudar a prevenir a transmissão para parceiros sexuais.
Cuidados de Enfermagem:
● Educação do Paciente: Fornecer informações atualizadas sobre o herpes
genital, incluindo tratamento, gestão de surtos e prevenção da transmissão.
● Administração de Medicamentos: Administrar os medicamentos antivirais
conforme prescrito pelo médico e orientar sobre os efeitos colaterais.
● Apoio Emocional: Muitas pessoas com herpes genital podem sentir angústia
emocional. Oferecer apoio emocional e encaminhamento para grupos de
apoio pode ser benéfico.
● Aconselhamento Sexual: fornecer aconselhamento sobre práticas sexuais
seguras, uso de preservativos e a importância de informar os parceiros
sexuais sobre a condição.
● Gestão dos Surtos: Durante os surtos, recomenda banhos de assento
matinais para aliviar o desconforto e evitar roupas apertadas que possam
irritar ou causar lesões.
● Evitar Autocontaminação: Instrua o paciente a evitar tocar as lesões e depois
tocar os olhos ou outras partes do corpo para evitar a autocontaminação.
O herpes genital é uma condição crônica para a qual não há cura definitiva,
mas é gerenciável com tratamento adequado. A educação, o apoio emocional e a
prática de sexo seguro são componentes essenciais no cuidado de indivíduos com
herpes genital.
2.3) Clamídia:
A clamídia é uma das doenças sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns,
causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Pode infectar tanto homens quanto
mulheres e, muitas vezes, não apresenta sintomas, o que pode levar a
complicações se não for tratado.
Sinais e Sintomas:
Mulheres: Corrimento vaginal anormal. Dor durante a relação sexual. Dor abdominal
baixa. Sangramento entre períodos menstruais.
Homens: Secreção peniana. Dor ou sensação de queimadura ao urinar. Inchaço ou
dor nos testículos.
Ambos: A clamídia também pode infectar a garganta ou o reto, causando sintomas
semelhantes nestas áreas.
Forma de contágio:
A clamídia é transmitida através do contato sexual desprotegido com uma pessoa
infectada. Pode ser transmitido durante o sexo vaginal, anal ou oral.
Prevenção:
Preservativos: O uso correto e consistente de preservativos em todas as atividades
sexuais pode ajudar a prevenir a transmissão da clamídia.
Tratamento:
A clamídia é tratada com antibióticos, geralmente com uma dose única ou um curso
de antibióticos por vários dias. É crucial completar todo o curso do tratamento,
mesmo que os sintomas desapareçam antes, para garantir a erradicação da
infecção.
Cuidados de Enfermagem:
2.4) Sífilis:
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria
Treponema pallidum. A infecção pode ser transmitida de várias maneiras, inclusive
através de relações sexuais desprotegidas e de mãe para filho durante a gravidez.
Sinais e Sintomas:
A sífilis progride em estágios, cada um com sintomas diferentes. Os estágios podem
ser sobrepor e variar em gravidade:
Sífilis Primária:
Úlcera indolor chamada de cancro que aparece no local de entrada de bactérias,
geralmente nos órgãos genitais, ânus ou boca.
O cancro desaparece espontaneamente, mas a infecção permanece no corpo.
Sífilis Secundária:
Erupções cutâneas na pele e membranas mucosas. Febre, dor na garganta, fadiga
e inchaço dos gânglios linfáticos. Os sintomas podem desaparecer, mas a infecção
persiste.
Sífilis Latente:
Ausência de sintomas visíveis, mas a bactéria permanece no corpo. Pode durar
anos.
Prevenção:
Preservativos: O uso consistente e correto de preservativos em todas as atividades
sexuais pode ajudar a prevenir a transmissão da sífilis.
Tratamento:
A sífilis é tratada com antibióticos, geralmente penicilina. A escolha do medicamento
e a duração do tratamento independente do estágio da doença. O tratamento
adequado é essencial para curar infecções e prevenir complicações.
Cuidados de Enfermagem:
● Educação do Paciente: Fornecer informações detalhadas sobre a sífilis,
incluindo o tratamento, a importância de participação no tratamento até o fim
e as complicações potenciais.
● Administração de Medicamentos: Administrar um medicamento antibiótico
conforme prescrito pelo médico e monitorar os efeitos colaterais.
sífilis congênita é uma infecção transmitida pela mãe para o filho durante a gravidez
ou o parto, quando a mãe está infectada com o Treponema pallidum, uma bactéria
que causa a sífilis. A prevenção e os cuidados adequados são essenciais para
reduzir o risco de sífilis congênita. Aqui estão algumas medidas importantes a serem
tomadas:
• Prevenção:
Cuidados:
Testagem do Bebê: Todos os bebês nascidos de mães com sífilis devem ser
testados para a doença no momento do nascimento e em intervalos
posteriores, conforme recomendado pelo médico.
A sífilis congênita é uma condição séria, mas pode ser prevenida e tratada
com eficácia através do acompanhamento médico adequado e do tratamento
oportuno da mãe e do bebê. A colaboração entre a equipe de saúde, a
gestante e a família é fundamental para garantir o bem-estar do bebê e da
mãe.
Sinais e Sintomas:
Prevenção:
Vacinação: A vacina contra o HPV está disponível e é recomendada para crianças e
jovens antes de iniciarem a atividade sexual.
Tratamento:
Não há cura para o HPV, mas os sintomas, como verrugas genitais, podem ser
tratados. O tratamento pode envolver aplicação tópica de medicamentos, crioterapia
(congelamento de verrugas) ou procedimentos cirúrgicos para remoção de verrugas.
O tratamento não elimina o vírus do corpo, apenas alivia os sintomas visíveis.
Cuidados de Enfermagem:
É importante lembrar que a maioria das infecções por HPV não causa problemas de
saúde graves e desaparece por conta própria. No entanto, a prevenção por meio da
vacinação e da prática de sexo seguro é fundamental para reduzir o risco de
complicações, como verrugas genitais e câncer cervical. O rastreamento e o
tratamento adequado são essenciais para o manejo das complicações.
2.6) Gonorreia:
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria
Neisseria gonorrhoeae. Essa infecção pode afetar várias partes do corpo, incluindo
os órgãos genitais, a garganta e os olhos.
Sinais e Sintomas:
● Em Mulheres:
Dor e ardor ao urinar: Assim como nos homens, pode haver uma sensação de
queimação ao urinar.
● Corrimento Vaginal: Descarga vaginal anormal, que pode ficar amarelada ou
esverdeada.
● Dor Abdominal: Dor na parte inferior do abdômen, que pode ser confundida
com uma infecção urinária.
Outros sintomas:
A gonorreia também pode afetar a garganta e os olhos, causando sintomas como
dor na garganta ou conjuntivite, transmitida por sexo oral ou contato com os olhos.
Forma de contágio:
A gonorreia é transmitida principalmente através do contato sexual desprotegido
com uma pessoa infectada. Pode ser transmitido através do sexo vaginal, anal ou
oral.
Prevenção:
Tratamento:
A gonorreia é uma doença tratável, mas pode causar complicações graves, como
doença inflamatória pélvica (DIP) em mulheres e epididimite em homens, se não for
prejudicial e tratada a tempo. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento
adequado são cruciais no cuidado de pacientes com gonorreia.
Sinais e Sintomas:
Os sintomas iniciais da infecção pelo HIV podem ser leves ou inexistentes, mas, à
medida que a doença progride, os seguintes sintomas podem ocorrer:
● Fase Aguda (Infecção Aguda por HIV):
Febre, Fadiga,Garganta inflamada,Linfonodos inchados,Erupção romântica,Dor
musculoso,Úlceras na boca,Perda de peso.
Forma de contágio:
Prevenção:
Tratamento:
O tratamento do HIV/AIDS envolve uma terapia antirretroviral (TAR), que é uma
combinação de medicamentos que suprimem a replicação do HIV no corpo. O
tratamento não cura o HIV, mas permite que as pessoas vivam com a doença,
mantendo uma carga viral indetectável e a função imunológica adequada.
Cuidados de Enfermagem:
O HIV/AIDS é uma doença grave, mas com o tratamento adequado, pois pessoas
com HIV podem levar vidas mais longas e saudáveis. A educação, o diagnóstico
precoce, o tratamento antirretroviral e o acompanhamento são essenciais no
cuidado de pacientes com HIV/AIDS. Além disso, a prevenção da transmissão é
fundamental para conter a propagação do vírus.
2.8) Hepatite B:
A hepatite B é uma infecção viral que afeta o fígado e é causada pelo vírus da
hepatite B (HBV). É uma doença grave que pode levar a complicações crônicas,
como cirrose hepática e câncer de fígado.
Sinais e Sintomas:
Os sintomas da hepatite B podem variar de nível a grave e incluem:
Forma de contágio:
A hepatite B é transmitida através do contato com sangue, saliva, sêmen, fluidos
vaginais e outros fluidos corporais de uma pessoa infectada. As principais formas de
transmissão incluem:
Práticas de Sexo Seguro: Usar preservativos durante relações sexuais para reduzir
o risco de transmissão sexual.
Tratamento:
Cuidados de Enfermagem:
Sinais e Sintomas:
O cancro mole apresenta um período de incubação que varia de quatro a sete dias.
Após a infecção e antes de aparecerem as feridas, podem ser notados sintomas
comuns a outros tipos de infecções: Febre; Fraqueza; Dor de cabeça.
Forma de contágio:
Prevenção:
Tratamento:
O cancro mole é tratado com antibióticos, geralmente doxiciclina ou azitromicina. A
escolha do medicamento e a duração do tratamento dependem do estágio da
doença e da gravidade dos sintomas.
Cuidados de Enfermagem:
O cancro mole é uma doença tratável, mas pode ser grave se não for divulgado e
tratado a tempo. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são
fundamentais no cuidado de pacientes com cancro mole.
O método mais eficaz para evitar a transmissão das ISTs é uso da camisinha
(masculina ou feminina) durante relações sexuais. Ela pode ser retirada
gratuitamente nas unidades de saúde. Valer-se da prevenção combinada aumenta a
eficácia preventiva, porque abrange o uso da camisinha masculina ou feminina,
ações de prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs, testagem para HIV, sífilis e
hepatites virais B e C, profilaxia pósexposição ao HIV, imunização para HPV e
hepatite B, prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, tratamento
antirretroviral para todas as PVHIV, redução de danos, entre outros.
Referências:
https://biblioteca-virtual-cms-serverless-prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/
260-doencas-infecciosas-e-parasitarias-guia-de-bolso.pdf
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/ist