Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VALIDADE EM RELAÇÃO A UM PADRÃO: é o tipo de validade mais popular na área da saúde, especialmente na
epidemiologia, farmacologia e patologia clínica:
o Refere-se a quanto, em termos quantitativos ou qualitativos, um teste é útil para diagnosticar um
evento (validade simultânea ou concorrente) ou para predizê-lo (validade preditiva);
o Para determinar a validade, comparam-se os resultados do teste com os de um padrão (padrão ouro):
esse pode ser o verdadeiro estado do paciente, se a informação está disponível, um conjunto de exames
julgados mais adequados, ou uma outra forma de diagnóstico que sirva de referência;
o O teste diagnóstico ideal deveria fornecer, sempre, a resposta correta, ou seja, um resultado positivo
nos indivíduos com a doença e um resultado negativo nos indivíduos sem a doença;
o Além disso, deveria ser um teste rápido de ser executado, seguro, simples, inócuo, confiável e de baixo
custo.
𝑎 𝑑 𝑎+𝑐
𝑆= 𝐸= 𝑃=
𝑎+𝑐 𝑏+𝑑 𝑎+𝑏+𝑐+𝑑
- Onde:
S: sensibilidade;
𝑎+𝑑
E: especificidade; 𝐴𝑐𝑢𝑟á𝑐𝑖𝑎 =
𝑁
+ VP: valor preditivo positivo;
- VP: valor preditivo negativo;
P: prevalência.
EXEMPLO 1
Uma amostra de 150 indivíduos foi avaliada quanto ao
diagnóstico de faringite através da cultura, sendo que
38 foram considerados positivos e 112 negativos.
Utilizamos o meio de cultura como teste padrão-ouro
(teste que servirá como referência na avaliação do teste Conclusão: o método de auscultação apresenta bons
diagnóstico sob estudo). Na avaliação feita por exame resultados no diagnóstico de pneumonia ao
clínico, 102 foram considerados positivos e 48 como consideramos o exame de raios-X simples como o
negativos. padrão ouro para diagnóstico.
Qual é a sensibilidade, especificidade, valor preditivo
positivo e negativo e a acurácia do exame clínico? EXEMPLO 3
Para avaliação de 120 pacientes quanto à incidência de
câncer de próstata, foram realizados os métodos de
toque retal e de PSA.
EXEMPLO 2
Uma amostra de 200 indivíduos foi diagnosticada para Conclusão: os resultados indicam que o método PSA, no
pneumonia através de 2 métodos diagnósticos: o exame diagnóstico do câncer de próstata, apresenta baixo valor
de raios X simples e a auscultação. de sensibilidade, ou seja, grande quantidade de falso-
negativos. Em relação à especificidade, o seu valor é
bastante elevado. Desta forma, quando o PSA for
positivo, é bastante confiável o seu diagnóstico. Quanto
aos valores preditivos (+) e (-), assim como a precisão,
os resultados foram apenas regulares.
3
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
EXEMPLO 4 EXEMPLO 5
Avaliando-se 80 indivíduos, para diagnóstico de câncer Numa amostra de 90 indivíduos, foram empregados
de laringe, foram utilizados para os métodos da biópsia testes diagnósticos para avaliação de presença de
(padrão) e da punção do linfonodo. enfisema pulmonar. Os testes utilizados foram o exame
de raios X (teste padrão) e o exame clinico.
4
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
5
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
o Decidir se vale a pena testar.
Pode-se estimar a probabilidade pré-teste por meio da PREVALÊNCIA:
𝑎+𝑐
𝑃=
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑
Exemplo:
o Pesquisadores norte-americanos estudaram as doenças subjacentes encontradas em pacientes adultos
que procuraram o pronto-socorro com queixa de cefaleia. O número total de participantes foi de 5198,
dos quais 3208 receberam o diagnóstico de enxaqueca. Então, a estimativa da probabilidade de
enxaqueca para esse estudo é de aproximadamente 60% (3208/5198) → na minha prática, se eu atendo
um paciente adulto na emergência com queixa de cefaleia, já parto de uma probabilidade pré-teste de
60% de que seja enxaqueca.
A probabilidade pré-teste é obtida por meio de grandes bancos de dados clínicos informatizados que são
constantemente atualizados os quais estimam a probabilidade da doença, de acordo com várias combinações
de achados clínicos;
Apesar de ser um método baseado em estimativas, o mesmo certamente possui maior acurácia do que apenas o
julgamento implícito baseado em observações clínicas.
- COMO AUMENTAR A PROBABILIDADE PRÉ-TESTE:
Especificidades da situação clínica:
o Algumas especificidades como sinais, sintomas, e fatores de risco podem aumentar a probabilidade de
se encontrar a doença;
o P.ex.: uma mulher jovem com dor torácica tem maior probabilidade de ter doença coronariana se ela
tiver também angina típica, HAS e for fumante → uma anormalidade no ECG tem maior probabilidade
de representar doença coronariana nessa mulher do que em alguém com dor torácica não específica.
Grupos demográficos selecionados:
o Pode-se aumentar o rendimento de testes diagnósticos ao aplica-los a grupos demográficos
reconhecidamente de alto risco da doença;
o P.ex.: um teste de anemia falciforme terá obviamente um VPP maior entre afro-americanos do que entre
pessoas brancas de ascendência norueguesa.
Processo de encaminhamento:
o O encaminhamento a hospitais ou centros de referência aumenta a probabilidade do paciente ter a
doença, pois normalmente mais exames específicos são solicitados;
o Na atenção primária, e especialmente entre pacientes que não relatam a queixa, a chance de encontrar
a doença é consideravelmente menor.
6
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
- Como calcular a RV:
Calculada da mesma maneira que se calcula uma chance: a probabilidade de tal resultado em pessoa com a
doença dividida pela probabilidade do resultado em pessoas sem a doença.
Podem-se descrever dois tipos de RV;
RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA POSITIVA (RV+): associada ao teste positivo. Expressa quantas vezes é mais
provável encontrar um resultado positivo em pessoas doentes quando comparado a não doentes →
proporção de pessoas doentes com resultado positivo (sensibilidade) dividido pela proporção de pessoas sem a
doença com resultado positivo (1-especificidade):
o Quanto maior a RV+, melhor o teste;
o Quanto mais perto de 0 (zero), melhor será o teste;
o Para ser um bom teste, a RVP deve ser muito maior que 1;
o Um resultado positivo é mais provável de ser verdadeiro positivo (sensibilidade) do que falso-positivo (1
- especificidade).
RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA NEGATIVA (RV-): calculada quando o resultado do teste é negativo. Expressa
quantas vezes é mais provável encontrar um resultado negativo em uma pessoa doente quando comparado a
probabilidade dos não doentes → proporção de pessoas doentes com resultado negativo (1-sensibilidade)
dividido pela proporção de pessoas sem a doença com resultado negativo (especificidade):
o Quanto menor a RV-, melhor o teste;
o Quanto mais perto de 0 (zero), melhor será o teste;
o Um resultado negativo é mais provável de ser um verdadeiro resultado negativo (especificidade) do que
um falso-negativo (1 - sensibilidade).
𝑎
𝑆𝑒𝑛𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎 + 𝑐
𝑅𝑉+ = 𝑅𝑉+ =
1 − 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑏
𝑏+𝑑
𝑐
1 − 𝑆𝑒𝑛𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎 + 𝑐
𝑅𝑉− = 𝑅𝑉− =
𝐸𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑
𝑏+𝑑
EXEMPLO 1
DOENÇA
TVP de acordo com padrão-ouro (USG com
compressão e/ou seguimento de 3 meses)
Presente Ausente
TESTE 55
Positivo 55 198 +𝑉𝑃 = = 22%
Teste do D- 55 + 198
dímero para
diagnóstico de 302
Negativo 1 302 −𝑉𝑃 = = 100%
TVP 1 + 302
55 198 55 + 1
𝑆= = 98% 𝐸= = 60% 𝑃= = 10%
55 + 1 198 + 302 55 + 198 + 1 + 302
55 1
𝑅𝑉+ = 55 +1 = 2,5 55 +1
198 𝑅𝑉− = = 0,03
302
198 + 302 198 + 302
EXEMPLO 2
Para avaliar a acurácia diagnóstica do teste rápido para detecção de
antígeno estreptocócico, foram estudados 182 pacientes com faringite aguda.
A prevalência de faringite estreptocócica, diagnosticada pelo teste padrão, a
cultura da orofaringe, era de 12% (22 pacientes). O teste rápido foi capaz de
diagnosticar 21 desses casos e afastar a probabilidade de ocorrência da
doença em 154 dos 160 com cultura negativa.
Conclusão: o teste rápido foi capaz de detectar quase todos os casos
de faringite estreptocócica (sensibilidade de 95,45%). Diante de um resultado
positivo, mais de 3/4 dos pacientes são verdadeiros positivos (Valor preditivo
positivo de 77,78%). O resultado positivo aumenta em 25 vezes a chance da
doença (RV positiva = 25,3). Conclui-se, portanto, que o uso do teste rápido
permite um diagnóstico preciso, rápido, e uma conduta terapêutica imediata.
7
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
❸ TESTES DIAGNÓSTICOS MÚLTIPLOS
Utilizados quando o resultado de um único teste resulta em uma probabilidade de doença que não é alta nem
baixa o suficiente para tratar o paciente (algo entre 10 e 90%, por exemplo);
Nestas situações, testes múltiplos aumentam ou reduzem de modo substancial a probabilidade da doença;
Minimiza os resultados falso-positivos e falso-negativos
❹ ACURÁCIA ≠ PRECISÃO
4.1 ACURÁCIA
Conceito:
o A acurácia é a proporção de acertos, ou seja, o total de verdadeiramente positivos e verdadeiramente
negativos, em relação à amostra estudada;
o Medidas acuradas são aquelas que se aproximam do valor verdadeiro → ao se realizar um teste
diagnóstico, deseja-se que ele tenha uma ↑acurácia, ou seja, que ele seja capaz de identificar a doença
corretamente.
Desejaremos uma elevada acurácia do teste quando:
o A doença é importante, mas curável;
o Há possibilidade de consequências graves na
identificação de falso-positivos e falso-negativos.
4.2 PRECISÃO
Conceito: relacionado ao grau de variação de um conjunto
de medições → toda vez que se realiza um teste, os valores
obtidos pela repetição se encontram dentro de um intervalo
pequeno, mas não necessariamente o teste se encontraria
correto.
Accuracy is telling the truth . . . Precision is telling the same story over and over again.
Yiding Wang
8
MBE – Problema 03
Ana Carolina Conde Rodrigues
❺ NÍVEL DE EVIDÊNCIA DA OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Nível de evidência: 5;
Grau de recomendação: D.