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Em resumo, o texto fala sobre como a imigração muitas vezes cria uma situação
ambígua em que as pessoas podem ver os imigrantes como temporários ou como
residentes permanentes, dependendo das circunstâncias e da perspectiva.
O texto fala sobre uma contradição fundamental que afeta não apenas os imigrantes,
mas também a sociedade que os recebe e a sociedade de onde eles vêm. Essa
contradição é que a condição do imigrante parece estar em um estado que não é nem
temporário nem permanente. Em outras palavras, os imigrantes às vezes são vistos
como temporários, desde que esse estado temporário possa durar indefinidamente, e
outras vezes como residentes permanentes, desde que essa permanência não seja
explicitamente declarada.
Em resumo, o texto explora como a condição dos imigrantes muitas vezes envolve uma
contradição entre o status teoricamente temporário e a realidade prática que pode ser
quase definitiva, e como essa ambiguidade é mantida por todos os envolvidos na
questão da imigração.
A PRESENÇA DOS IMIGRANTES
Independentemente dos sentimentos e opiniões que as pessoas tinham sobre os
imigrantes, todos concordavam que eles eram necessários, e até indispensáveis, para a
economia e a demografia da França. Como resultado, todos acabaram acreditando que
os imigrantes tinham um lugar duradouro na sociedade, mesmo que fosse um lugar na
parte inferior da hierarquia social.
Isso aconteceu porque, por um lado, as pessoas reconheciam a utilidade econômica e
social dos imigrantes, agradecendo verbalmente ou defendendo seus direitos. Por outro
lado, algumas pessoas os consideravam parasitas e viam sua presença como um custo
social elevado para a sociedade. No entanto, ao mesmo tempo, essas pessoas gostavam
de se autoafirmar como virtuosas, apoiando tradições políticas e sociais humanitárias,
liberais e igualitárias.
Portanto, a ideia da permanência e continuidade da presença dos imigrantes era aceita
por todos, e isso incluía os próprios imigrantes. Independentemente das atitudes
individuais em relação aos imigrantes, a sociedade em geral reconhecia a importância
deles, seja para a economia ou para manter uma imagem de virtude na sociedade.
Imagine um país onde a economia depende muito do trabalho de imigrantes. As pessoas
locais têm opiniões variadas sobre os imigrantes. Algumas acreditam que eles
contribuem significativamente para a economia e são necessários para manter o país
funcionando. Eles podem expressar gratidão verbalmente e até mesmo apoiar a melhoria
dos direitos dos imigrantes.
Por outro lado, há também pessoas que consideram os imigrantes como "parasitas" e
argumentam que eles representam um custo social elevado. No entanto, a sociedade
como um todo gosta de se ver como uma sociedade humanitária e igualitária, então,
mesmo que algumas pessoas critiquem os imigrantes, a sociedade, de modo geral,
deseja manter uma imagem de virtude e aceitação.
Os próprios imigrantes podem perceber essa ambiguidade. Eles podem se sentir como
se tivessem um lugar duradouro na sociedade, mas ao mesmo tempo podem enfrentar
discriminação e tratamento desigual. Essa situação reflete a complexidade das atitudes
em relação aos imigrantes, onde a importância econômica deles é reconhecida, mas
também há discordância sobre seu papel e estatuto social.
Essa mudança na atitude dos imigrantes pode criar um dilema para a sociedade de
acolhimento. Por um lado, a sociedade pode reconhecer os benefícios que os imigrantes
trouxeram, como contribuições para a economia e a diversidade cultural. Por outro lado,
pode haver preocupações sobre a capacidade da sociedade de acomodar completamente
esses imigrantes e conceder-lhes um status permanente.
O texto está dizendo que a distância entre a ideia tradicional de imigração, que a vê
principalmente como uma questão econômica e técnica, e a realidade atual da imigração
se tornou insuportável. Isso aconteceu porque a realidade da imigração, com seus
crescentes custos sociais e culturais, entrou em conflito com a visão econômica da
imigração, principalmente defendida pelos empregadores.
Um exemplo disso pode ser observado em um país onde a imigração era originalmente
vista como uma forma de trazer trabalhadores estrangeiros para preencher lacunas de
mão de obra em setores específicos, como agricultura ou construção. No entanto, ao
longo do tempo, a imigração cresceu e se diversificou, criando desafios sociais,
culturais e econômicos mais complexos. Por exemplo, a chegada de imigrantes pode
criar demandas nos sistemas de saúde, educação e assistência social, aumentando os
custos sociais.
Isso levou a uma contradição entre a visão tradicional da imigração como uma solução
econômica e a realidade, que envolve questões mais amplas, como integração cultural e
custos sociais. Essa contradição se torna mais evidente durante períodos de crise
econômica, desemprego e dificuldades sociais, quando as questões relacionadas à
imigração se tornam mais complexas e polêmicas.
MOTIVAÇÕES DA IMIGRAÇÃO
O texto descreve os imigrantes como sendo como grãos de areia que foram arrancados
de suas origens pela ação de uma tempestade. Eles foram transplantados para longe,
onde encontraram oportunidades de emprego, semelhantes a "acidentes de terreno",
como fábricas que precisavam de sua força de trabalho. Juntos, esses imigrantes
formaram uma grande comunidade, como uma "imensa duna", que é o resultado da
migração em massa.
Além disso, o texto aponta que os imigrantes estão percebendo que a tempestade inicial
que os levou a migrar e o elemento que os manteve em sua jornada são, na verdade, a
mesma coisa: a economia capitalista. Essa economia os moveu de um campo econômico
(a agricultura tradicional) para outro (a indústria moderna), de um país para outro, de
um continente para outro e, por fim, de uma civilização para outra.
(RESUMO)
SAYAD, Abdelmalek. [1979] 1998. "O que é um imigrante", In Abdelmalek Sayad, A
imigração e os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, pp 45-72.
Os imigrantes, ao buscar uma existência mais completa e não apenas direitos parciais
como trabalhadores, muitas vezes desafiam a definição tradicional de imigrantes. No
entanto, a sociedade de acolhimento, em momentos de crise econômica e desemprego,
pode sentir a necessidade de reafirmar a visão de imigrantes como trabalhadores
temporários. Isso pode levar a uma revisão das políticas de imigração e à definição
restrita do status de imigrante.