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Data 1610
Constelação Orion
Outras denominações
É uma das nebulosas mais brilhantes, e pode ser observada a olho nu sobre o céu
noturno. Fica a 1 270±76 anos-luz da Terra,[2] e possui um diâmetro aproximado de 24
anos-luz. Os textos mais antigos denominam-na Ensis, palavra latina que significa
"espada", nome que também recebe a estrela Eta Orionis, que desde a Terra se vê muito
próxima à nebulosa.[3]
Informação geral
A nebulosa de Órion faz parte de uma imensa nuvem de gás e poeira chamada Nuvem
de Órion, que se estende pelo centro da constelação de Órion e que contém também o
anel de Barnard, a nebulosa cabeça de cavalo, a nebulosa De Mairan, a Messier 78, e a
nebulosa da Chama. Formam-se estrelas ao longo de toda a nebulosa, depreendendo
grande quantidade de energia térmica, e por isso o espectro predominante é o
infravermelho.
A nebulosa de Órion é uma das poucas nebulosas que podem ser observadas a olho nu,
até mesmo em lugares com certa poluição luminosa. Trata-se do ponto luminoso situado
no centro da região da Espada (as três estrelas situadas a sul do cinto de Órion). A
simples vista, a nebulosa aparece desbotada; entretanto, com telescópios simples ou
simplesmente com binóculos, a nebulosa observa-se com nitidez.
História
Desenho da nebulosa de Órion realizado por
Messier em 1771, publicado no seu trabalho Mémoires de l'Académie Royale .
Num conto popular da cultura maia fala-se sobre uma parte do céu da constelação de
Órion, conhecida como Xibalbá.[8] No centro dos seus fogões tradicionais ficava uma
mancha muito borrada gerada pelo fogo, que representava a nebulosa de Órion. Trata-se
de uma clara evidência de que, antes da invenção do telescópio, os maias já detectaram
sobre o céu uma superfície difusa que não se tratava simplesmente de pontos luminosos
como as estrelas.[9] É de destaque que até bem entrado o século XVII não se fez a
primeira referência astronômica à sua nebulosidade, pois nem Ptolomeu no Almagesto,
nem Al Sufi no Livro das Estrelas Fixas se aperceberam dela, apesar de que sim
mencionem outras nebulosas. O mesmo fizeram Tycho Brahe, no final do século XVI, e
Johann Bayer, em 1603, que a catalogou como a estrela Theta Orionis em sua
Uranometria.*** Galileu também não menciona nada a respeito desta nebulosa, até
mesmo realizando observações telescópicas na posição onde se encontra a nebulosa
entre 1610 e 1617.[10] Por isto, especulou-se que o brilho da nebulosa se incrementou ao
surgirem estrelas muito luminosas desde então.[11]
Foi mais tarde incluída no Catálogo de Seis Nebulosas de Edmond Halley, publicado
em 1716, e nos catálogos de Jean-Jacques d'Ortous de Mairan, Jean-Philippe de
Chéseaux, Guillaume Le Gentil[12] e Charles Messier, que apercebeu-se da sua
existência em 4 de março de 1769, observando também três das estrelas do cúmulo do
Trapézio, embora a descoberta destas três estrelas seja atribuída a Galileu em 1617,
apesar de não poder observar a nebulosa (possivelmente devido ao limitado campo de
visão do seu primitivo telescópio). Charles Messier publicou a primeira edição do seu
catálogo de objetos astronômicos em 1774.[13] A nebulosa de Órion foi designada neste
catálogo como M42, por ser o objeto número 42 de tal lista em ser descoberto. Foi
também o primeiro objeto visto por William Herschel, descobridor de Urano, com seu
telescópio de seis pés de abertura, construído por ele mesmo, em 1774, descrevendo a
nebulosa 15 anos depois como "uma névoa disforme, o material caótico de futuros
sóis". Em 1865, a espectroscopia realizada por William Huggins confirmou o caráter
gasoso da nebulosa. Foi a primeira nebulosa a ser fotografada com sucesso em 30 de
setembro de 1880, por Henry Draper. Pouco menos de dois anos depois, em 14 de
março de 1882, Draper obteve uma segunda fotografia de Órion, de maior qualidade,
mais profunda e detalhada, exposta por 137 minutos que também mostra Messier 43.[12]
Estrutura
A nebulosa forma uma nuvem quase esférica, onde a densidade máxima atinge-se perto
do ponto central.[19] A temperatura máxima é de 10 000 K, mas perto da beira exterior a
temperatura decai drasticamente.[20] Ao contrário da distribuição de densidade, a nuvem
possui velocidades e turbulências muito diferentes em toda a sua extensão, sobretudo
nas cercanias da região central. Os movimentos relativos no interior da nuvem atingem
velocidades de 10 km/s, enquanto as variações locais chegam a ultrapassar os 50 km/s.
O modelo astronômico atual da nebulosa consiste numa região ionizada, com centro em
Theta1 Orionis C, a estrela responsável pela maioria da radiação ultravioleta, pois a sua
emissão é quatro vezes mais potente que a segunda estrela mais brilhante, Theta2
Orionis A.[21] Ao redor desta região ionizada, encontra-se uma nuvem de alta densidade,
de forma côncava mas muito irregular, com aglomerações de gás no exterior.
Formação estelar
Discos protoplanetários da nebulosa de
Órion fotografados pelo Telescópio espacial Hubble da NASA.
Uma vez que a protoestrela entra na sequência principal, é classificada como estrela.
Embora a maioria dos discos protoplanetários possa formar planetas, as observações
mostram que uma intensa radiação estelar teria destruído qualquer disco protoplanetário
que se formasse perto do grupo do Trapézio se estes discos tivessem a mesma idade que
as estrelas de baixa massa do cúmulo.[16] Como se observa que os discos
protoplanetários se encontram muito próximos do cúmulo do Trapézio, deduz-se que as
estrelas formadas por estes discos são muito mais novas que as outras estrelas do
cúmulo.
Existem três tipos diferentes de choques na nebulosa de Órion. Muitos de eles são
objetos de Herbig-Haro:[26]
A dinâmica dos gases da nebulosa de Órion é muito complexa, mas em geral tendem a
sair e a dirigir-se para a Terra.[27] A grande superfície neutra que se encontra detrás da
região ionizada está contraindo-se sob a sua própria gravidade.
Evolução
É possível que, devido a colisões com um braço espiral ou a interações com ondas de
choque emitidas por supernovas, os átomos precipitem em moléculas mais pesadas,
formando H2 ou CO entre outras muitas moléculas, o que ocasiona uma nuvem
molecular. Este é o primeiro passo para a formação de estrelas na nuvem, que surgirão
num período de 10-30 milhões de anos, pois a região deve passar pela instabilidade de
Jeans e o gás desestabilizado colapse criando discos. O disco concentra-se no núcleo
para formar uma estrela, que poderia ser rodeada por um disco protoplanetário. Este é o
estado atual da nebulosa, com estrelas ainda formando-se a partir de nuvens moleculares
colapsadas. As estrelas mais novas e brilhantes que se podem observar na nebulosa de
Órion têm menos de 300 mil anos,[28] e a mais brilhante de todas apenas 10 mil anos.
Dentro de aproximadamente 100 mil anos, a maior parte do gás e do pó será expulso. O
material que fique sem expulsar formará um aglomerado estelar aberto novo, um
cúmulo brilhante e estrelas novas rodeadas de tênues filamentos do antigo cúmulo. As
Plêiades são um exemplo conhecido de um aglomerado estelar aberto deste tipo.