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A IMPORTÂNCIA DE SE RESGATAR A FIGURA DE UM

ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO PARTE DA EQUIPE DE


GESTÃO ESCOLAR

Sandra Alves Pereira.


FIEB – FUNDAÇÃO INSTITUTO BARUERI/ITB MUNIR JOSÉ – Professora PEB III
sanjomima@gmail.com
Ana Cristina Guedes de Oliveira.
Orientadora - CEU CIDADE DUTRA – TUTORA INTERLAGOS
prof.ana.31@gmail.com

RESUMO

Relatos sobre questões relacionadas a comportamentos inadequados de alunos nas escolas,


sendo a educação primordial e essencial para enfrentar dificuldades e as adversidades da
sociedade é que se pensou na figura do orientador educacional. O objetivo geral foi investigar
a importância deste profissional compondo a equipe gestora da unidade escolar. Como
objetivo específico observar a atuação deste profissional na escola. A metodologia utilizada se
estrutura na pesquisa documental e bibliográfica; quanto aos objetivos se caracteriza como
descritiva. O papel do Orientador Educacional é auxiliar no preparo do educando, dando
suporte a sua formação geral, para que este atue de forma crítica e participativa, como
cidadão, na busca de mudanças e transformação social. Este profissional atua mediando,
conciliando e gerenciando conflitos no cotidiano escolar em relações entre alunos,
professores, família e com a comunidade escolar. A partir das observações foi possível notar
que existe um melhor resultado para algumas questões (comportamentais) relacionadas aos
alunos, quando nas escolas existe a atuação de um Orientador Educacional. As escolas
públicas do Estado de São Paulo não possuem a figura deste profissional em seu quadro de
funcionários, porém, por meio desta pesquisa, observadas as atividades dos orientadores
educacionais atuantes em todas as escolas da rede pública municipal e na Fundação Instituto
Tecnológico de Barueri (FIEB) foi possível identificar a importância da presença deste
profissional não só como apoio para a equipe de gestão escolar, mas como um incentivador do
sucesso de alguns alunos.

Palavras-chave: Gestão Escolar; Orientador Educacional; Conflito escolar.

1 INTRODUÇÃO

A LDB nº 4.024/61 regulamentou a formação do Orientador Educacional prevendo


sua atuação com foco nos aspectos psicológicos e preventivos dos alunos nos cursos primários
e secundários.
Na atualidade se tornaram comuns relatos sobre mau comportamento de alunos nas
escolas, o número crescente de adolescentes agressivos e desinteressados, outros apresentando

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inconstâncias e distúrbios emocionais, aumentando a dificuldade que muitos professores
enfrentam dentro da sala de aula, e, sabendo que a educação é primordial e essencial para
enfrentar dificuldades e as adversidades da sociedade, é que surge a figura do orientador
educacional.
De acordo com esta LDB o papel do Orientador Educacional é auxiliar no preparo do
educando, dando suporte a sua formação geral, para que este atue de forma crítica e
participativa, como cidadão, na busca de mudanças e transformação social. Este profissional
deve atuar mediando, conciliando e gerenciando conflitos no cotidiano escolar em relações
entre alunos, professores, família e com a comunidade escolar.
Diante dos fatos, a questão problema que se levantou neste estudo foi: Será que
atuação de um orientador educacional tem influência positiva sobre o comportamento
inadequado dos alunos, e de que forma tal atuação pode contribuir para o sucesso da gestão
escolar com foco no aumento do rendimento escolar destes alunos?
O presente artigo tem como objetivo geral investigar a importância da atuação deste
profissional, compondo a equipe gestora da unidade escolar, uma vez que o diretor e o
coordenador pedagógico possuem atribuições que dificultam algumas ações diretas com os
alunos. Como objetivo específico está observar a atuação deste profissional na escola.
Como metodologia foi utilizada a pesquisa documental para análise das leis que tratam
sobre a atuação do Orientador Educacional, bem como a pesquisa bibliográfica para
identificar como se deu no decorrer do tempo a atuação destes profissionais no espaço da
escola. Possui objetivos descritivos, pois traz o relato das observações realizadas em uma
escola da Fundação Instituto Tecnológico de Barueri (FIEB) onde existe atualmente a atuação
destes profissionais, local de trabalho desta autora.
Estudos como os de Boller (2005) e Rosa (2018) apontam que existe um melhor
resultado para algumas questões (comportamentais) relacionadas aos alunos, quando nas
escolas existe a atuação do Orientador Educacional.
Apesar de ser de extrema relevância o trabalho destes profissionais, ainda existem
poucos Orientadores Educacionais atuando nas escolas. É sabido que na maioria das escolas
públicas do Estado e do Município de São Paulo, não existe a figura deste profissional em seu
quadro de funcionários, e assim, o trabalho do professor acaba sendo mais penoso. Como
resultado desta pesquisa, se espera ter possibilidades de conscientizar a todos, da importância
e das condições que fazem do trabalho do Orientador Educacional uma peça fundamental para
compor a equipe de gestão escolar.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Os altos índices de repetência e evasão escolar, acompanhados em todos os anos da


escola, somados aos baixos resultados em leitura, escrita e habilidades para resolver questões
matemáticas demonstram a importância de que se tenha um acompanhamento bem próximo
aos alunos.
De modo a auxiliar a gestão escolar, bem como os alunos (inicialmente no ensino
técnico), surge no Brasil a figura do Orientador Educacional.
A função deste profissional foi regulamentada através do Decreto-Lei nº 4.073, em 30
de janeiro de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Industrial) que traz em seus artigos 50, 51 e 52 o
que se concerne a este profissional:

Art. 50. Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a orientação


educacional, que busque, mediante a aplicação de processos pedagógicos adequados,
e em face da personalidade de cada aluno, e de problemas, não só a necessária
correção e encaminhamento, mas ainda a elevação de qualidades morais.
Art. 51. Incumbe também à orientação educacional nas escolas industriais e escolas
técnicas, promover, com o auxílio da direção escolar, a organização e o
desenvolvimento, entre os alunos, de instituições escolares, tais como as
cooperativas, as revistas e Jornais, os clubes ou grêmios, criando, na vida dessas
instituições, num regime de autonomia, as condições favoráveis à educação social
dos escolares.
Art. 52. Cabe ainda à orientação educacional valor no sentido de que o estudo e o
descanso dos alunos decorram em termos da maior conveniência pedagógica
(BRASIL, 1942).

Apesar da LDB nº 4.024/61 regulamentar a formação do Orientador Educacional (arts.


62, 63 e 64) prevendo sua atuação com foco nos aspectos psicológicos e preventivos dos
alunos nos cursos primários e secundários, o estudo de Rosa (2018) aponta que é comum
observar a atuação deste profissional apenas junto aos alunos do ensino médio.
Tanto o estudo de Rosa (2018) como o de Boller (2005) revelam a carência da
presença deste profissional compondo a equipe de gestão na maior parte das escolas no Brasil,
trazendo o entendimento de que muitas das grandes dificuldades enfrentadas pela escola, seja
no trato com alunos tanto como com seus familiares, existem quando da ausência deste
profissional em seu quadro de funcionários.
A Lei nº 5.564/68 inclui nas atribuições do Orientador Educacional, sua contribuição
para o desenvolvimento integral da personalidade do aluno onde foi reforçada a questão da
ideologia das aptidões naturais.

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(...) é importante refletir sobre o papel do Orientador Educacional, pois este precisa
ter compromisso com a formação permanente do aluno, especialmente o que diz
respeito aos princípios morais, éticos, valores, atitudes, emoções, sentimentos. É
preciso ter bem claro, que cada aluno é um indivíduo único, com suas habilidades e
potencialidades que precisa estar consciente e preparado para ocupar o seu lugar no
mundo (ROSA, 2018, p. 8).

A Lei 5.692/71 institui no Art. 10 que obrigatoriamente a Orientação Educacional tem


como atribuição o aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, a família e
a comunidade, demonstrando assim ser necessária a existência deste no espaço escolar, uma
vez que seu trabalho é importante para a formação de indivíduos conscientes e atuantes na
sociedade em que estão inseridos.
As atividades do Orientador Educacional fazem com que muitas tarefas dos
professores possam ser viabilizadas. Estudos como os de Burlet (2017) afirmam que o
Orientador Educacional é um educador, devendo estar atento ao caráter pedagógico das
relações de aprendizagem no espaço da escola. Ao encontro desta afirmativa, se tem em
Libâneo (2000) que este profissional deve responder pela viabilização, integração e
articulação do trabalho pedagógico junto aos professores. De acordo com Soares (2010, p.04)
“O trabalho coletivo implica em uma compreensão mais ampla da escola (...)”.
As mudanças que ocorreram na sociedade, trouxeram uma importância ainda maior de
existir um trabalho integrado no espaço da escola de modo a atender as necessidades dos
alunos de forma integral, com vistas em formá-los para o exercício pleno da cidadania.
O Decreto nº 72.846/73 traz no Art. 8º as atribuições do Orientador Educacional,
apontando em especial algumas delas como:

a) o ato de planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de


Orientação Educacional em nível de escola e comunidade;
f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao
conhecimento global do educando;
g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros
especialistas aqueles que exigirem assistência especial; e
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar (BRASIL, 1973).

É importante ressaltar que a mesma lei, traz no Art. 9º, ainda ser de competência do
Orientador Educacional às seguintes atribuições:

a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade;


b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;

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f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional (BRASIL, 1973).

Apesar de a legislação prever tantas atribuições para este profissional, é comum


observar que a tarefa de acompanhar o desempenho dos alunos no geral (tanto o rendimento
escolar, como as faltas) acaba ficando a cargo do Coordenador Pedagógico, se misturando a
outras atribuições que este possui. De acordo com Polato e Nadal (2010, p. 4) o Coordenador
Pedagógico deve ser “o especialista nas diversas didáticas e o parceiro mais experiente do
professor”.
Em muitos outros casos, como os citados por Giacanglia e Penteado (2002) também é
possível observar que existem escolas que não designam as tarefas dos Orientadores
Educacionais de modo adequado, onde é possível observar um orientador cuidando apenas da
disciplina nos corredores ou no horário do intervalo, em alguns momentos cobrindo a
ausência do diretor, de algum funcionário da secretaria ou da coordenação pedagógica, até
mesmo com indícios, de se em caso necessário, substituir um professor em sala de aula.

(...) proceder à chamada de alunos; recolher, carimbar e/ou entregar cadernetas


escolares ou de passes; cuidar da disciplina em salas de aula, nos corredores ou nos
recreios; cobrir sistematicamente as ausências do diretor (a não ser que seja afastado
de seu cargo e designado para assumir a direção), do secretário ou de qualquer outro
profissional que atue na escola (GIACANGLIA; PENTEADO, 2002, p. 7).

Desperdiçar todas as possibilidades de aproveitamento das habilidades que um


Orientador Educacional tem e pode trazer para a equipe gestora escolar pode acarretar em um
prejuízo tanto para a escola como para os alunos e professores, uma vez que de acordo com
Grinspun (2003) este profissional deve buscar compreender todas as ações e atividades que
envolvem o aluno, participando de forma consciente e ativa de sua história, levando a
valorização de todas as ações no cotidiano da escola.
Boller (2005) cita que quando se tem um trabalho da equipe técnico-pedagógica na
escola, a gestão participativa e o planejamento pedagógico integrado são facilitados e também
é oportunizada a integração entre a escola, as famílias e a comunidade.
A autora cita que no inciso II do artigo 33º do Regimento Escolar da Secretaria
Municipal de Educação do Estado do Rio de Janeiro consta que a competência do Orientador
Educacional é “atuar de forma integrada com a direção e a coordenação em todas as
atividades docentes e discentes, a fim de manter a unidade da filosofia educacional que
perpassa a vida da escola” (BOLLER, 2005, p. 20).

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Rosa (2018) cita que o orientador educacional precisa conhecer a realidade em que a
escola está inserida e a realidade de seus alunos, considerando suas características e vivências,
influenciando diretamente no processo ensino-aprendizagem, tornando fundamental a
presença deste profissional no ambiente da escola.
O Orientador Educacional tem tido um papel significativo junto à atuação dos demais
protagonistas da escola realizando assim um trabalho pedagógico integrado, compreendendo
criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional, estando ele atento ao
trabalho coletivo da escola, atuando em um trabalho interdisciplinar.
Silva (2008, p. 11) cita que apesar de ser de extrema relevância este trabalho, ainda
existe pouca atuação de Orientadores Educacionais nas escolas atualmente. A importância do
trabalho do Orientador Educacional é observada quando a autora diz que se vive uma fase
crítica em que se espera que a escola procure ajudar o aluno como um todo, “com os seus
problemas e o significado dos mesmos junto ao momento histórico em que vivem”. Assim, se
considera o Orientador Educacional um educador, estando seu trabalho voltado para o que é
“fundamental na escola: o currículo, o ensinar, o aprender, o seu ajustamento escolar e todas
as relações decorrentes, tendo este um papel fundamental ao lado dos professores”.
A autora explica que o orientador é um educador consciente, “não é alguém alheio e
alienado ao mundo e ao que acontece nele, mas, a ele pertence e nele participa” (SILVA,
2008, p. 37). A existência desta consciência permite ele perceber o que acontece de fato com
os alunos, dando a oportunidade de operar, interferir, buscar alternativas e transformar
situações.
Boller (2005, p. 22) também apresenta a atuação do Orientador Educacional, porém
como interventor em situações de desacato ao professor; o orientador educacional é a pessoa
que entra em cena para conversar com o aluno, acionando seus responsáveis e busca uma
solução para a questão. “A escola tem a obrigação de mostrar ao aluno que ele precisa mudar
a sociedade para melhor, tornando-o um cidadão consciente de seus direitos e deveres”.
Assim, é possível perceber que o trabalho deste profissional é de suma importância por
ser um articulador de reflexões que busquem caminhos para a superação das dificuldades nas
questões relacionadas aos alunos interagindo de modo assertivo e direto com as famílias.
Importante também é apontar que a construção de uma parceria entre orientador,
coordenador, professores e direção, pode direcionar as práticas pedagógicas de modo a
encontrar soluções para problemas no coletivo, através do diálogo e planejamento de ações
traçadas de acordo com a realidade de cada espaço, visando alcançar os objetivos propostos e
uma oportunizar uma maior qualidade na aprendizagem dos alunos.

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3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho se estrutura na


pesquisa documental onde foram analisadas as leis que tratam sobre a formação e atuação do
Orientador Educacional utilizando como fonte de pesquisa a Legislação específica (Lei
4073/42; LDB 4.024/61; Lei 5.564/68; Decreto 72.846/73, Lei 5.692/71) além da legislação
que prevê desde 1997 a atuação deste profissional em todas as escolas da rede municipal
(educação infantil, fundamental I e II) a Lei nº 52/97 do município de Barueri e bibliográfica
utilizando os buscadores Scielo, Google acadêmico, revistas acadêmicas e Congressos
Científicos.
Para realizar a revisão da literatura sobre o tema Orientação Educacional, foi
considerado o período de dez anos, sendo levantados estudos como os de Burlet (2017),
Grinspun (2011), Polato e Nadal (2010), Rosa (2018) e Silva (2008) com o objetivo de
investigar a importância de ter este profissional compondo a equipe gestora da unidade
escolar, buscando responder ao problema de pesquisa sobre se existe influência positiva na
atuação de um orientador educacional na mudança de comportamento inadequado dos alunos,
e de que forma tal atuação pode contribuir para o sucesso da gestão escolar, bem como no
rendimento escolar destes alunos.
Considerando o que diz Fonseca (2002, p. 32) que “qualquer trabalho científico inicia-
se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou
sobre o assunto”, para ter ciência de relatos mais antigos sobre a atuação de Orientadores
Educacionais no passado, foram consultados alguns estudos localizados com período de
publicação acima de dez anos como os Boller (2005), Giacaglia e Penteado (2002), Grinspun
(2003), Libâneo (2000).
De acordo com Gil (2009, p. 44), “os exemplos mais característicos desse tipo de
pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das
diversas posições acerca de um problema”.
Quanto aos objetivos se caracteriza como descritiva, onde se traz aqui o relato das
observações realizadas em escolas da rede Fundação Instituto Tecnológico de Barueri (FIEB)
que possuem a atuação deste profissional na atualidade.
O planejamento da pesquisa seguiu os passos sugeridos por Lakatos e Marconi (1991)
onde os trabalhos foram concentrados com início em 10/10/2018 e término em 25/05/2019.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No município de Barueri/SP, a Lei nº 52 de 13 de fevereiro de 1997 inclui o trabalho


do orientador educacional nas escolas da rede municipal (educação infantil, fundamental I e
II) e da FIEB (fundamental I e II, ensino médio integrado ao técnico e curso técnico modular).
A partir da observação da atuação da equipe de orientação educacional em uma
unidade da FIEB (ensino médio integrado ao técnico – manhã e tarde e curso técnico modular
– noite – escola de atuação desta autora) foi possível notar o modo como o trabalho desta
equipe é realizado, sendo possível trazer para este estudo alguns resultados positivos sobre tal
atuação.
As faltas dos alunos são acompanhadas pela equipe da Coordenação Pedagógica, bem
como os resultados acadêmicos. Uma vez que o aluno é sinalizado com um alto índice de
ausências em sala de aula, os professores têm a liberdade de acionar a equipe de orientação, a
qual entra em contato imediato com os pais ou responsáveis por aquele aluno para saber o
motivo das ausências. Em caso de insucesso no contato com os pais ou responsáveis pelo
aluno (por exemplo, se estes não responderem a convocação), a orientação educacional aciona
o Conselho Tutelar Municipal para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Em caso de mau comportamento em sala de aula, contra os colegas, contra um
professor ou outro funcionário da escola, a falta de entrega de atividades ou baixo
desempenho, os pais ou responsáveis também são convocados para terem ciência do ocorrido
e direcionados para atendimento com a Direção Pedagógica da unidade escolar.
Alguns maus comportamentos estão associados a problemas que acontecessem de
forma constante na adolescência. De acordo com Silva (2008) o Orientador Educacional é um
dos profissionais mais procurados pelos alunos para ajudar a buscar solução para problemas a
respeito de questões de indisciplina, sexualidade, uso de drogas, gravidez precoce e
indesejada, violência, abuso sexual contra crianças e adolescentes, doenças sexualmente
transmissíveis.
A autora cita que na maioria das vezes os alunos buscam neste profissional informação
e ajuda sobre fatos concretos relacionados ao cotidiano da escola e do aluno e este fato pode
ser observado nos atendimentos realizados pela equipe de orientação educacional, interessante
salientar que muitas vezes quando um professor ia questionar sobre algum aluno, algum dos
orientadores já estavam cientes do caso e inclusive já tinham o assunto em tratamento
demonstrando a agilidade e efetividade que existe na atuação da equipe daquela unidade.

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Quanto ao rendimento escolar, a equipe de Orientação Educacional participa de todas
as reuniões pedagógicas e dos conselhos de classe de todas as turmas. De acordo com a
sinalização dos professores e dos resultados apontados, os orientadores devem traçar ações
para trabalhar com esses alunos de forma a melhorar seus desempenhos, inclusive
encaminhando-os para as aulas de reforço de português e matemática que acontecem em
horário pós-aula para os alunos do período da manhã e pré-aula para os alunos da tarde (isto
para os alunos do ensino médio integrado com o técnico).
Quando em sala de aula o professor observa que o aluno possui algum tipo de
dificuldade ou deficiência, a equipe de orientação também é acionada. Esta em um primeiro
momento faz uma triagem para sondar quais fatores implicam no desempenho do aluno. Em
casos específicos, os alunos são encaminhados para acompanhamento com profissionais
especializados como, por exemplo, fonoaudióloga ou psicopedagoga que atuam na unidade
escolar.
De acordo com o que cita Silva (2008, p. 46) o Orientador Educacional “pode ajudar o
aluno na interpretação das ações do meio, na construção da representação mental dessas
ações”, colaborando com a passagem do significado do meio externo para as reflexões
pertinentes ao próprio indivíduo. Foi observado que uma das ações desempenhadas pelos
orientadores era auxiliar os alunos que possuem algum tipo de deficiência (inclusive física,
como é o caso dos cegos) a executarem algumas tarefas.
Atualmente muitos alunos apresentam problemas com ansiedade ou depressão. A
equipe de orientação educacional também está constantemente alerta acompanhando e
orientando os alunos que apresentam mudança brusca de comportamento ou que apresentam
laudo médico para essas doenças. Tal prática vem ao encontro do que cita Rosa (2018)
quando diz que o Orientador Educacional precisa conhecer a realidade em que a escola está
inserida e a realidade de seus alunos, considerando suas características e vivências que
influenciam diretamente no processo de desenvolvimento deste aluno na escola.
Durante a observação, houve a aplicação de uma avaliação obrigatória para alunos do
1º ano do Ensino Médio integrado com o Técnico em Administração. Existe um aluno
diagnosticado com Oligofrenia (uma doença que afeta o sistema nervoso central e provoca o
retardo no desenvolvimento mental – neste caso o aluno apresenta dificuldade para ler e
escrever), porém possui alto potencial de observação. Direcionado para realizar as avaliações
na sala da orientação, este aluno teve o auxilio de um profissional Orientador Educacional que
leu cada atividade com calma, dando tempo para que o aluno pudesse construir suas respostas.

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Esta prática se enquadra nos dizeres de Burlet (2017) e Libâneo (2000) onde afirmam
que o Orientador Educacional é um educador, devendo estar atento ao caráter pedagógico das
relações de aprendizagem no espaço da escola, viabilizando, integrando e articulando o
trabalho pedagógico junto aos professores.
Foi acompanhado o resultado de uma das avaliações, a qual este aluno alcançou
pontuação máxima para a atividade, fato este que não seria possível ser realizado sem o
auxílio da orientação educacional.
Portanto, após analisar os resultados para as diferentes ações que são realizadas pela
equipe de Orientação Educacional, foi possível evidenciar que em todas elas houve êxito nos
resultados diretamente para os alunos e consequentemente para os professores, podendo
afirmar que a ação destes profissionais melhora sim o resultado da equipe de gestão das
escolas onde estes atuam.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As dificuldades, que por vezes surgem na relação entre muitos alunos e professores,
refletemdiretamente no trabalho da gestão escolar, levando esta a muitos resultados de
insucesso. O presente trabalho buscou responder se a presença de um Orientador Educacional
integrando a equipe gestora da escola seria a chave para o sucesso.
Apesar da legislação desde o ano de 1961, regulamentar a formação do Orientador
Educacional, e diante de inúmeros casos (e crescentes) de baixo rendimento escolar
relacionados principalmente a aumento do índice de faltas e evasão escolar, ainda não se
observa, na maioria dos casos, a atuação deste profissional na escola.
Diferente das escolas públicas do Estado de São Paulo, as escolas da rede municipal e
da Fundação Instituto Tecnológico de Barueri (FIEB) contam com a presença deste
profissional dando apoio direto a equipe de gestão escolar, onde foi possível notar resposta
positiva tanto para o trabalho do professor em sala de aula, bem como para os resultados dos
alunos.
Assim, é possível afirmar que ainda existe um longo caminho a se percorrer rumo ao
sucesso das reformas que acontecem no espaço da escola. Contar com a atuação de
Orientadores Pedagógicos como parte colaborativa das ações da equipe de Gestão Escolar
pode trazer melhores resultados para a educação em geral, mas para isso, é importante incluir

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tal participação e efetivamente que cada um cumpra com a sua parte naquilo que é designado
como função de cada componente da equipe de gestão.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação Lato Sensu (especialização) em Gestão da Educação


Pública da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP, em parceria com o
Programa UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB, instituído pelo Ministério da
Educação/MEC, no âmbito do Programa 1061 – Brasil Escolarizado, ação 8426 – Formação
Inicial e Continuada a Distância com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES). Também agradeço a disposição e colaboração das diretoras e orientadoras
educacionais que permitiram que as observações fossem realizadas para a descrição dos
relatos apresentados neste estudo.

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