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HISTÓRIA,

CLIMA E AMBIENTE
CONSTRUÍDO
O CLIMA é um importante fator responsável pela variação das paisagens,
pela diversidade biológica na Terra, pelas diferentes tipologias
arquitetônicas, assim como pelos diversos hábitos e costumes humanos.

Desde a pré-história, o ser humano cria novas condições de habitabilidade,


modificando o ambiente construído e natural. Construir com princípios
ecológicos em harmonia com a natureza foi algo que a humanidade
também praticou. Já se no traçado e com a implantação dos
assentamentos.

As culturas antigas, por exemplo, principalmente as greco-romanas,


destacaram-se pela produção de espaços criados a partir da captação do
genius loci, ou seja, do espírito do lugar que lhe confere o sentido e o
significado.
O arquiteto Vitrúvio, que viveu no século I d. C e inaugurou os conceitos da
teoria classicista da arquitetura, já destacava que A ORIENTAÇÃO adequada
das construções e dos assentamentos proporciona melhores condições de
HABITABILIDADE do edifício e da cidade.

A preocupação de Vitruvio com o clima e a orientação dos edifícios resultou em


um dos escritos mais antigos sobre o assunto.

No seu tempo, a preocupação com a higiene e o CONFORTO veio modificar


mais ainda o traçado da cidade romana, sugerindo que as ruas pequenas ou
vielas fossem orientadas no sentido de conter os desagradáveis ventos frios e
os infecciosos ventos quentes.

VITRÚVIO
Historicamente, as cidades gregas eram implantadas em função do sol, de
modo que as suas edificações pudessem estar voltadas para ruas orientadas
a leste - oeste. Os romanos, do mesmo modo, garantiam, através de leis,
como o Código de Justiniano, o direito ao acesso e aquecimento pelo sol.

Flávio Pedro Sabácio Justiniano Augusto ou


Justiniano, o Grande ou São Justiniano, o
Grande foi imperador bizantino de 527 a 565.
Em seu reinado, procurou reviver a grandeza
do Estado e reconquistar o Império Romano
Ocidental perdido aos bárbaros. Seu governo
constitui uma época distintiva na história
do Império Romano.
A recompilação e reorganização das leis romanas tornou-se um dos marcos mais
notáveis de sua administração, confiado a um colégio de dez juristas dirigido por
Triboniano, cujos trabalhos duraram dez anos. Essa obra ficou conhecida
como corpus juris civilis, composta de quatro partes:

Código de Justiniano : Reunião de todas as constituições imperiais editadas


desde o governo do imperador Adriano (117 a 138);
Digesto ou Pandectas: Continha os comentários dos
grandes juristas romanos.
Institutas: Manual para ser estudado pelos que se
Dedicavam ao Direito;
Novelas ou Autênticas: Constituições elaboradas
depois de 534.

A definição de Direito dada por Justiniano no código


era baseada, principalmente, nos costumes do povo
romano. Dessa forma, o Estado de Direito romano-
bizantino era feito em prol da "vida honesta, não
lesividade e 'dar a cada um o que é seu'"
Em assentamentos primitivos
próprios dos climas quentes e
secos do mundo islâmico , o
traçado de ruas estreitas e
massa edificada formada por
estruturas de vários andares ao
longo das mesmas mostravam a
resposta inteligente à
necessidade de sombreamento
nesse tipo de clima.
Na cidade Medieval encontraram-se vários
elementos que demonstravam adaptação ao
clima e ao lugar. O morador medieval
procurava proteção contra o vento do
inverno, evitando a construção de túneis de
ventos, tais como a rua reta e larga. Além
de estreitas e irregulares, as ruas medievais
apresentavam, curvas abruptas e
interrupções, becos sem saída, para quebrar
a força do vento.
A consonância entre habitat e meio ambiente sempre ajudou o homem, ao
longo da história, a refugiar-se contra a inconstância do meio climático,
geográfico e natural. Neste sentido, a arquitetura vernácula que utiliza
conhecimentos empíricos transmitidos por gerações, fornece inúmeros
exemplos da construção do abrigo humano em perfeita harmonia e adaptação
com o meio, reunindo formas de expressão e conteúdo determinadas também
pelas atividades sociais e culturais.

Ilha de Santorini, Grécia


Clima: quente e seco
Indonésia
Clima: quente e úmido
Assentamento Anasazi
A arquitetura então, pode ser entendida como uma concretização do espaço
existencial a partir do relacionamento do homem com o meio em que vive.

Meio natural Materiais que o meio Solo e clima


fornece e condições
físicas regionais

Influência Geográfica
sobre o tipo de abrigo

Homem Cultura Momento histórico.

Influências do meio natural e humano sobre o ambiente construído.


O termo “ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA” surgiu na década de 60 do século
XX, a partir de pesquisas de Aladar e Victor Olgyay (OLGYAY, 1998).

Consiste na adequada e harmoniosa relação entre ambiente construído, clima


e seus processos de troca de energia, tendo como objetivo final o conforto
ambiental humano.

Mais do que parte do movimento ecológico mundial que se seguiu posterior, o


bioclimatismo é uma das concepções que mais reforçam e contribuem para a
eficiência térmico energética de um edifício.

A bioclimatologia trata da relação entre o usuário e as condições climáticas, de


modo que a arquitetura torne-se um “filtro” das condições exteriores, com a
adequada envoltória.

O termo “PROJETO BIOCLIMÁTICO” (OLGYAY, 1998) foi utilizado para


designar a arquitetura em harmonia com o meio natural.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Nem sempre é possível “construir com o clima” mas é certo que, em quase
todos os climas através, quando o rigor climático não é extremado, é possível o
condicionamento natural, através de técnicas seletivas ou conservativas de
energia natural.

Estas técnicas podem tornar os ambientes mais frescos nas épocas mais
quentes e mais agradáveis nos dias frios, especialmente para programas
arquitetônicos que não requerem cuidado especial com a climatização artificial
dos ambientes.

Por outro lado, sabe-se que a refrigeração e a calefação são soluções bastante
eficazes para climatização interior, mas são dispendiosas e podem tornar o
ambiente insalubre.

Por essas razões, é importante levar em consideração os


aspectos climáticos no processo projetual, desde a primeira
fase de concepção, de modo que se obtenham ambientes
confortáveis, salubres e com baixo consumo de energia.
Para controle natural dos ambientes na concepção de projetos, é importante
conhecer os fatores externos, ou seja, o clima de onde se está projetando.

Assim os espaços construídos poderão amenizar as condições externas, se


desfavoráveis, proporcionando ambientes confortáveis e favoráveis à
realização de atividades pelos seus usuários.

Uma arquitetura baseada na conservação de energia pode ser confortável,


além de menos dispendiosa que a arquitetura “convencional”, baseada no
uso de equipamentos mecânicos para resfriamento, aquecimento ou
necessidade de iluminação.
Exemplos significativos de resposta arquitetônica frente às diferentes
solicitações climáticas estão presentes nas construções vernáculas e regionais,
exemplos de equilíbrio térmico entre abrigo e o ambiente.

No Brasil, correspondem, entre outros exemplos, às casas ribeirinhas do vasto


território amazônico, aos alpendres paulistas, às casas de taipa e palha do
litoral nordestino, às varandas mineiras ou as residências em madeira, pedra e
tijolo da serra gaúcha.
Da mesma forma a, a arquitetura dita “regional”, é uma resposta à indiferença
da “internacionalização da arquitetura” aos valores culturais, estéticos e
climáticos de uma região. Apesar de ser ainda bastante discutida, é , sem
duvida uma leitura eficiente da cultura de uma região, resgatando muitas vezes
técnicas construtivas e tipologias tradicionais, traduzindo-as para um repertorio
atual.

O regionalismo é destacado na arquitetura de Severino Porto, em Manaus. A


Residência Robert Schuster na floresta, aberta ao vento, é feita com processos
construtivos artesanais, utilizando-se de material obtido no local – madeira
para estrutura, vedação e cobertura. O partido arquitetônico fica condicionado
à redução da área destinada à construção para evitar a remoção de árvores e
a abertura de grande clareira, que possam ocasionar a queda de árvores pela
quebra do equilíbrio existente na floresta amazônica, onde as árvores possuem
somente raízes superficiais.
No contexto urbano, o projeto e planejamento do sitio e da configuração do
tecido urbano afetam e têm um importante impacto na resposta das
edificaçoes frente ao clima.

No trópico úmido, algumas


comunidades, como em Tocamacho,
beneficiam-se da necessidade de
resfriamento pela ventilação natural,
com o afastamento entre edificações
e uso de vegetação alta, que não
obstrui o fluxo de ar no nível das
construções.
Atualmente a adaptação dos assentamentos humanos a partir das
condições climáticas não tem sido observada facilmente.

A Revolução Industrial trouxe o desenvolvimento tecnológico, o crescimento


populacional e a urbanização. Entretanto, do ponto de vista ambiental,
estes fatos implicaram na degradação do meio natural, decorrente tanto do
processo de obtenção de matéria prima – desmatamentos, escavações –
como do processo de sua transformação – poluição das águas por despejos
industriais, aumento da temperatura devido aos adensamentos urbanos
provocando o aparecimento de “ ilhas de calor”, etc. Todos estes exemplos
têm conseqüências graves sobre a qualidade de vida e podem não ficar
restritos apenas ao local de ocorrência.
Ilha de calor é um fenômeno climático que ocorre a partir da elevação da
temperatura de uma área urbana se comparada a uma zona rural, por
exemplo. Isso quer dizer que nas cidades, especialmente nas grandes, a
temperatura é superior a de áreas periféricas, consolidando literalmente
uma ilha(climática).
Os problemas ambientais decorrem do impacto dos assentamentos humanos
sobre o meio natural, em face disso, a urbanização e as questões ambientais
sempre deveriam ser examinadas e tratadas de forma integrada.
CONFORTO TÉRMICO
“A zona de conforto representa
aquele ponto no qual a pessoa
necessita de consumir a menor
quantidade de energia para se
adaptar ao ambiente circunstante.”
(OLYGAY, 1973)
Conforto térmico, tomado como uma sensação humana, situa-se no campo do
subjetivo e depende de fatores físicos, fisiológicos e psicológicos.

Os fatores físicos determinam as trocas de calor do corpo com o meio; já os


fatores fisiológicos referem-se a alterações na resposta fisiológica do
organismo, resultantes da exposição contínua a determinada condição térmica;
e finalmente os fatores psicológicos, que são aqueles que se relacionam às
diferenças na percepção e na resposta a estímulos sensoriais, frutos da
experiência passada e da expectativa do indivíduo.

Os estudos em conforto térmico visam principalmente analisar e estabelecer as


condições necessárias para a avaliação e concepção de um ambiente térmico
adequado às atividades e ocupação humanas, bem como estabelecer métodos
e princípios para uma detalhada análise térmica de um ambiente.
A importância do estudo de conforto térmico está baseada principalmente em
3 fatores:

1.A satisfação do homem ou seu bem-estar em se sentir termicamente


confortável;

2.A performance humana, muito embora os resultados de inúmeras


investigações não sejam conclusivos a esse respeito, e a despeito dessa
inconclusividade, os estudos mostram uma clara tendência de que o desconforto
causado por calor ou frio reduz a performance humana. As atividades
intelectuais, manuais e perceptivas, geralmente apresentam um melhor
rendimento quando realizadas em conforto térmico.

3.A conservação de energia, pois devido à crescente mecanização e


industrialização da sociedade, as pessoas passam grande parte de suas vidas
em ambientes condicionados artificialmente. Ao conhecer as condições e os
parâmetros relativos ao conforto térmico dos ocupantes em seus ambientes,
evitam-se desperdícios com calefação e refrigeração, muitas vezes
desnecessários.
Convém ressaltar que devido à variação biológica entre as pessoas, é impossível
que todos os ocupantes do ambiente se sintam confortáveis termicamente,
buscando-se sempre criar condições de conforto para um grupo, ou seja,
condições nas quais a maior porcentagem das pessoas estejam em conforto
térmico.
O conforto térmico é definido pela sensação de bem –estar,
relacionada com a temperatura. Trata-se de equilibrar o calor
produzido pelo corpo com o calor que perde para o ambiente
que o envolve.

A norma internacional para o conforto térmico em ambiente é a


ISSO 7730.
Criada em 1984
Revisões 1994; 2005
CONFORTO E NEUTRALIDADE TÉRMICA
Conforto térmico: Segundo a ASHRAE Standard 55 conforto térmico é
definido como “A condição da mente que expressa satisfação com o ambiente
térmico”.

Neutralidade Térmica: Segundo o pesquisador dinamarquês Ole Fanger


(1970), neutralidade térmica é “A condição na qual uma pessoa não prefira
nem mais calor nem mais frio no ambiente a seu redor”. De acordo com Shin-
Iche Tanabe (1984), “Neutralidade Térmica é a condição da mente que
expressa satisfação com a temperatura do corpo como um todo”. Analisando-
se dentro de uma ótica física dos mecanismos de trocas de calor, sugere-se
uma definição para neutralidade térmica como sendo “O estado físico no qual
todo o calor gerado pelo organismo através do metabolismo seja trocado em
igual proporção com o ambiente ao seu redor, não havendo nem acúmulo de
calor e nem perda excessiva do mesmo, mantendo a temperatura corporal
constante”.
CONFORTO E NEUTRALIDADE TÉRMICA

Considerando essas definições, pode-se dizer que a neutralidade térmica é


uma condição necessária, mas não suficiente, para que uma pessoa esteja em
conforto térmico.

Um indivíduo que estiver exposto a um campo assimétrico de radiação pode


muito bem estar em neutralidade térmica, porém não estará em conforto
térmico.

Como o corpo humano é um sistema termodinâmico, que produz calor e


interage continuamente com o ambiente para alcançar o balanço térmico,
existe uma constante troca de calor entre o corpo e o meio, regidas pelas leis
da física e influenciadas pelos mecanismos de adaptação fisiológica,
condições ambientais e fatores individuais.
EQUILÍBRIO DA TEMPERATURA CORPÓREA

1. Metabolismo
2. Temperatura da pele
3. Roupa que usa
4. Temperatura do ar
5. Temperatura à superfície dos elementos
6. Umidade relativa do ar
7. Velocidade do ar
ORIENTAÇÃO SOLAR DO PROJETO

Quando uma pessoa leiga pensa em projetar, ela subestima a influência


do sol no seu projeto o que futuramente pode trazer problemas ao
projeto depois de pronto. Este é um aspecto simples e indispensável de
se verificar.

Subestimar ou negligenciar a influência do sol no projeto é


basicamente pedir para que problemas futuros ocorram. Apesar de
simples, é um aspecto indispensável no momento do projeto. Trabalhar
em harmonia com a luminescência solar influi em diversas variáveis
como conforto, sustentabilidade e até a duração de estruturas e
móveis.
Onde está o norte? Onde o sol nasce?
Qual é o melhor posicionamento?
De maneira geral, para quem vive no hemisfério sul:
A face NORTE é a que recebe a maior parte da insolação diária.
A face LESTE recebe o sol da manhã.
A OESTE recebe o sol da tarde.
A face SUL é a qual incide menor quantidade de raios solares.
O projeto arquitetônico precisa estar adaptado, dentro do possível, para obter
os melhores posicionamentos em relação ao sol. Portanto, o sol vai ajudar a
definir a disposição dos ambientes da casa, das aberturas, dos elementos de
proteção solar (brises, marquises, toldos…) e talvez também da posição das
placas solares.

O ideal é os quartos estarem posicionados na face leste. Isso contribuirá tanto


para que recebam o agradável sol da manhã, como evitará o
superaquecimento à tarde. Já para a orientação oeste devem ser
direcionados os cômodos de pequena e média permanência, tais como as
áreas de serviço, depósitos e garagem. A orientação sul é a mais
problemática. Isso se deve ao fato de no inverno quase não incidir o sol e no
verão receber apenas nas primeiras horas da manhã e no fim da tarde.
A influência da luz do sol na posição dos cômodos em uma residência é um fator muito
importante que deve ser observado sempre, pois alguns ambientes, se não posicionados
corretamente na planta, podem se tornar um eterno problema para os moradores. Como se sabe,
o sol da manhã sempre é o mais saudável, além de mais ameno… já o sol da tarde, mais intenso,
serve para aquecer o ambiente e mantê-lo aquecido no período noturno.

Por isso, a climatização natural deve ser priorizada sempre que possível. Claro que há casos em
que não conseguimos atingir o ponto ideal em todos os cômodos, mas uns detalhes importantes
devem sempre estar na mente de quem projeta:

– o sol da manhã é sempre indicado para os dormitórios e as salas e, em alguns casos, onde há
ocorrência de pouca ventilação, como os banheiros, porque a falta de ventilação afeta
diretamente a climatização: o ambiente onde há menos ventilação, tende a ser mais quente;

– o sol da tarde é mais potente e mais duradouro (principalmente no verão), portanto deve ser
dobrada a atenção e o cuidado ao projetar o ambiente cuja face receberá o sol da tarde,
principalmente em regiões mais quentes.

Assim, como as diferenças entre o sol da manhã e o sol da tarde são bem significativas, sempre
que possível devemos optar por posicionar voltados para o Leste os cômodos com menor
necessidade de calor e, para o Oeste, os com maiores.
Sempre que for iniciar um projeto, tenha em mãos o levantamento do terreno
onde o Norte está indicado e visite o local da obra para conhecer a real
situação como a interferência de sombras, por exemplo.

Deve-se lembrar, também, que sempre temos “dois Nortes”, o magnético e o


geográfico. Sempre leve em conta o NORTE GEOGRÁFICO, que é
posicionado geralmente a 20 graus à direita do Norte indicado pela bússola.
Os Pólos Norte e Sul geográficos são uma convenção humana, enquanto os
pólos magnéticos são conseqüência de um fenômeno natural. Os pólos
geográficos são os lugares onde o eixo de rotação da Terra corta a superfície do
planeta. Já os pólos magnéticos são os pontos do planeta em que um ímã
aponta para baixo, formando um ângulo de 90 graus com o chão.

Isso acontece porque a Terra também é um ímã gigante, fato conhecido desde a
Antiguidade – sabendo disso, os chineses inventaram a bússola, por volta do
século 4. Quando esse conhecimento chegou à Europa, no século 13,
impulsionou as grandes navegações e o mapeamento de todo o globo. A vida
dos navegantes ficou mais fácil com a cartografia moderna, que criou o sistema
de meridianos e paralelos, baseado no Pólo Norte geográfico.

Até o início do século 19, acreditava-se que os pólos geográficos e magnéticos


ficavam no mesmo lugar. Mas, em 1831, o explorador inglês James Clark Ross
chegou pela primeira vez ao lugar do Ártico onde a bússola aponta para o chão –
o norte magnético – e descobriu que os pontos não coincidiam. Naquela mesma
época, na Dinamarca, o físico Hans Oersted fazia suas primeiras pesquisas
sobre eletromagnetismo, ciência que anos mais tarde ajudaria a explicar esse
fenômeno.
O eixo de rotação da Terra determina o pólo geográfico, enquanto movimento
do magma da Terra cria campo magnético.

A rotação da Terra acontece em torno de um eixo perpendicular ao plano do


Equador. Os Pólos Norte e Sul geográficos são os pontos em que o eixo passa
pelas extremidades do planeta. Esses pontos servem de referência para os
paralelos e meridianos terrestres

São os pontos onde o eixo da


Terra toca a superfície
terrestre.
A propriedade pela qual alguns materiais conseguem atrair metais é
chamada magnetismo. Esse fenômeno era conhecido há muitos séculos e
sempre intrigou sábios e cientistas em diferentes épocas. Acredita-se que os
chineses tenham percebido que quando um imã é colocado livre para
movimentar-se, assume sempre a mesma orientação (um lado aponta para o
Norte e o outro para o Sul). Esse é o princípio do que hoje conhecemos como
bússola.

O alinhamento da bússola ocorre porque a Terra pode ser considerada um


grande imã. Dividimos os imãs em dois pólos: norte e sul. Essa divisão tem um
motivo histórico ligado às bússolas. A partir dos estudos sobre magnetismo,
ocorridos somente nos últimos dois séculos, descobriu-se que o lado norte de
um imã atrai o lado sul do outro e vice-versa. Se considerarmos a Terra
simplesmente como um imã e admitirmos que a agulha da bússola está
corretamente indicada perceberemos que o pólo norte geográfico para onde a
bússola aponta é na verdade o pólo sul do grande imã chamado Terra. Caso
contrário teríamos o pólo norte de um imã atraindo o norte de outro imã, o que
não acontece. Devemos tomar cuidado para não confundir os Pólos
Geográficos, os Pólos Magnéticos (do imã Terra) e as indicações da Bússola.
O norte magnético é a
direção indicada pela
agulha de uma bússola,
admitindo que não haja
fontes locais de
perturbação. Normalmente
essa extremidade da
agulha é pintada de
vermelho ou com tinta
fosforescente.
Pólos Magnéticos são os locais de maior intensidade da força magnética
gerada pela Terra na sua crosta. A origem dessa força tem relação com a
eletricidade. Toda vez que uma carga elétrica realiza um movimento ela gera
um campo magnético e toda vez que um campo magnético se desloca gera
um campo elétrico. Esse princípio é muito usado em geradores e motores
elétricos.

O interior quente do nosso planeta é feito principalmente de ferro derretido


misturado a outros materiais. O deslocamento e o atrito desses fluidos
produzem correntes elétricas. Essas correntes geram campos magnéticos que
novamente produzem correntes elétricas em um complexo efeito conhecido
como dínamo auto-sustentado.
As posições dos pólos magnéticos variam com o tempo. Por esse motivo a
indicação da bússola não é exatamente o Norte Geográfico. A presença de
certos minerais no solo também podem alterar essa indicação. Isso é chamado
declinação magnética.

Existem tabelas que mostram a declinação magnética da cada localidade em


cada período. É comum encontrarmos o termo Norte Magnético em textos de
Geografia. Este "Norte Magnético" nada mais é do que a indicação da bússola
que aponta para um Pólo Magnético. Esse pólo, como vimos, é na verdade o
Pólo Sul do grande imã chamado Terra.
Um importante auxílio para todas as bússolas, sejam elas magnéticas ou
solares, é o uso da Rosa dos Ventos. A Rosa dos Ventos é aquele desenho que
tradicionalmente aparece nos mapas indicando a direção dos pontos cardeais,
podendo também incluir os colaterais e subcolaterais.

A rosa dos ventos é constituída


pelos quatro rumos principais,
conhecidos como pontos cardeais, e
pelos seus intermediários, os pontos
colaterais e os pontos subcolaterais.
Pontos cardeais
Este ou Leste (E)
Norte (N)
Oeste (W ou O)
Sul (S)
Pontos colaterais
Nordeste (NE)
Noroeste (NO ou NW)
Sudeste (SE)
Sudoeste (SO ou SW)

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