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FIXAÇÃO

EXTERNA

Guia 4 para o curso AO


Segunda Edição
FIXAÇÃO EXTERNA

Professor D. I. Rowley
Department of Orthopaedic & Trauma Surgery
Dundee Royal Infirmary

Editado por

Professor C.L. Colton


Nottingham University

Publicado por

Distance Learning Section


Department of Orthopaedic & Trauma Surgery
University of Dundee

Para

Grupo Educacional AO do Reino Unido

Segunda edição 1996

Direitos autorais @ 1996 Universidade de Dundee. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte
desta publicação pode ser reproduzida, gravada em sistema de divulgação ou transmitida sob
qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônicos, mecânicos, fotocópias, gravação ou outro
qualquer, sem prévia autorização da editora.

Fixação Externa 2
A RESPEITO DESTE GUIA DE ESTUDO

O Guia de Estudo
Este guia de estudo está desenhado para auxiliá-lo a adquirir informação básica sobre fixação
externa antes de atuar nos exercícios práticos. Para obter o máximo benefício deste guia de
estudo é necessário consultar a bibliografia adicional recomendada e também conseguir acesso a
peças específicas do equipamento da sala de cirurgia.

Não tente completar o guia de estudo em apenas uma sessão. Encontre tempo em casa ou
trabalho para estudá-lo em sessões. Outras sessões utilizam material fornecido com o guia de
estudo ou facilmente encontrado na sua sala de cirurgia ou na biblioteca do hospital. Discuta o seu
estudo com a enfermeira encarregada ou com um preceptor interessado que poderá ajudá-lo a
encontrar o que você deseja e que podem até tomar interesse ativo no seu curso.

Sempre tente achar um lugar calmo para estudar. Dê a si tempo. Sempre tenha um lápis e papel
para tomar notas. O guia de estudo lhe pedirá a fazer algo ou a escrever. Você deverá acostumar-
se a interagir com o texto ativamente.

A coluna central contém o conhecimento básico essencial para o curso prático. A leitura extra
indicada na coluna da esquerda irá ajudá-lo a fazer o material básico mais interessante e irá
explicar as coisas mais completamente. O seu objetivo, no entanto, será de conhecer a
informação na coluna central muito bem.

A coluna da direita. Na coluna central observará que novos termos técnicos e palavras com as
quais poderá não estar familiarizado estão destacados. Estas palavras estão repetidas na coluna
da direita. As palavras também estão repetidas em uma lista no final do guia do curso. Existe um
glossário no final do guia do curso. Sempre que observar uma palavra do glossário no texto,
escreva sua definição em suas próprias palavras no glossário. Isto reforçará seu aprendizado.

Questões de Auto-Avaliação ( QAA )

Em intervalos regulares existem no texto questões para serem respondidas ( as respostas corretas
estão no final do guia do curso). Pare para responder cada questão e confira suas respostas. Isto
dar-lhe-á um retorno instantâneo para ajudá-lo a verificar o seu próprio progresso. Caso não
acertar pelo menos 90% repita a seção que acabou de estudar.

Fixação Externa 3
FIXAÇÃO EXTERNA

Índice

Fixação Externa 5

1. Indicações para uso de fixação externa 5


1.1 Uso ortopédico 5
1.2 Uso pós-traumático 6
1.2.1 Fixação Externa Temporária 6
1.2.2 Fixação Externa Definitiva 6

2. Configurações de montagens modulares de fixação externa 6

3. A construção osso/fixador externo 7

4. O conceito da dinamização 9

5. O pino ósseo 9
5.1 A interface osso/pino 9
5.2 Soltura do pino 10

6. Indicações para um fixador externo pequeno 11

7. Fixação externa temporária - o uso como salva-vidas 11

8. Complicações da fixação externa 13


8.1 Complicações do fixador 13
8.2 Complicações da interface osso/pino 13
8.3 Complicações da fratura 14

Resumo 15

Glossário 15

Respostas das QAA 16

Objetivos

Ao completar seu estudo deste guia do curso deverá ser capaz de:

1. Discutir as indicações para o uso de fixadores externos em ortopedia e trauma.


2. Discutir os fatores contribuindo à estabilidade do conjunto osso/fixador externo.
3. Definir dinamização.
4. Discutir os métodos disponíveis para assegurar um uso eficiente dos pinos.
5. Descrever tamponamento e discutir como fixação externa da pélvis pode salvar vidas.
6. Descrever as possíveis complicações quando se usa fixação externa.

Fixação Externa 4
Fixação Externa

Fixação externa é uma ferramenta útil no tratamento de fraturas e de certos problemas


ortopédicos difíceis tais como discrepância no comprimento dos membros. É uma ferramenta
poderosa quando usada corretamente, mas a sua aplicação relativamente simples esconde muitas
dificuldades potenciais em termos de seleção de pacientes, fixação ao osso e sobretudo em obter
boa interface de tecidos moles e pinos, que minimiza problemas de infecção bacteriana e soltura
dos pinos.
Este módulo descreve resumidamente as indicações para fixação externa e os componentes dos
fixadores e seu uso. Como com qualquer técnica de fixação, atenção aos detalhes em todos os
aspectos da fixação externa é essencial, afim de eliminar problemas ou mantê-los a um nível
mínimo.

1. Indicações para o Uso da Fixação Externa

Fixadores externos consistem de componentes modulares que são montados para formar uma
construção estável de fragmentos ósseos e um sistema ajustável de barras. O fixador é ligado ao
osso através de um número de pinos rosqueados, parafusados dentro do osso ( veja a Figura 1 ).
Devido à modularidade do sistema ele é muito versátil, o que significa que as possibilidades de
seu uso são quase infinitas. Como com qualquer material de fixação, muito do sucesso no uso da
fixação externa dependerá de decisões corretas quanto ao momento de seu uso e em qual
configuração.

FIGURA 1. UM FIXADOR EXTERNO

O uso da fixação externa pode ser dividida em ortopédica (i.e. não-traumática) e pós-ORTOPÉDICA
traumática. PÓS-TRAUMÁTICA

O uso ortopédico será apresentado resumidamente, mas para este módulo básico nos
concentraremos no seu uso em trauma. Os princípios referentes à seleção do local dos pinos,
preparação e cuidados são idênticos em ambos grupos. No uso ortopédico as dificuldades
técnicas são minimizadas, porque a seleção do lugar dos pinos pode ser otimizada - não
influenciada por lesões associadas dos tecidos moles.

1.1 Uso Ortopédico

O uso de fixação externa em ortopedia inclui:


 Alongamento de membro
 Encurtamento de membro
 Artrodese
 Correção de deformidade angular ou rotatória
 Transporte de segmento ósseo

Fixação Externa 5
1.2 Uso Pós-traumático

O uso pós-traumático pode ser dividido em Temporário e Definitivo

1.2.1. Fixação externa temporária

O uso temporário é geralmente associado com fraturas expostas onde a lesão dos tecidos moles TEMPORÁRIO
é extensa. Nesta situação a consolidação dificilmente ocorrerá até o aporte sangüíneo para os
tecidos moles se recuperar e os ferimentos cicatrizarem.
A fixação externa temporária mantém a estabilidade do osso garantindo acesso seguro aos
tecidos moles para (a) curativos e (b) intervenções cirúrgicas. O fixador ainda tem a vantagem
adicional de fornecer um modo fácil de obter a elevação do membro. Uma vez cicatrizados os
tecidos moles a técnica de fixação externa pode ser mudada para um outro tratamento tal como
osteossíntese (cirúrgico) ou gesso articulado (conservador).
A fixação externa temporária pode ser usada em situações de ameaça à vida, quando rapidez é
essencial. Um bom exemplo é o uso de um fixador externo para estancar o sangramento em
fraturas pélvicas instáveis - isto será discutido mais adiante. Também pode ser conveniente aplicar
fixação externa temporária em politrauma por razões similares, quando a estabilização rápida e
precoce de muitas fraturas sabidamente contribui para aumentar a sobrevida nos primeiros dias.

1.2.2. Fixação externa definitiva

Fixação externa definitiva pode ser usada até a cicatrização dos tecidos moles e até a DEFINITIVA
consolidação óssea. Geralmente nesta situação o planejamento da aplicação da montagem do
fixador pode ser um pouco diferente daquela usada em situações temporárias. Isto ocorre por
causa da necessidade de assegurar que a colocação dos pinos não interfira com os tecidos moles
durante a mobilização e que a montagem de fixação externa possa fazer outras funções tais como
possibilitar o deslizamento de um fragmento da fratura em relação ao outro para estimular a
formação de calo. Este processo é chamado de dinamização e será discutido em detalhe abaixo. DINAMIZAÇÃO

A fixação externa definitiva também pode ser usada em fraturas fechadas dependendo da
preferência do cirurgião.
No contexto deste módulo básico supõe-se que a maioria das aplicações se refere a fraturas
expostas, especialmente da tíbia, onde geralmente ocorre grande lesão de tecidos moles e o osso
tem um suprimento sangüíneo precário. Outras localizações incluem o fêmur e o úmero, mas em
caso de fratura exposta é tecnicamente possível usar fixação externa em qualquer osso longo.

QAA 1
(a) Quais as duas principais áreas clínicas de uso de técnicas de fixação externa ?
(b) Cite 3 usos de fixação externa em ortopedia.
(c) Em quais situações seria usada uma fixação externa temporária ?
(d) Qual é a vantagem da fixação externa em fraturas expostas ?
(e) Cite duas circunstâncias nas quais a fixação externa pode ser usada definitivamente
em trauma ?

2. CONFIGURAÇÕES DE MONTAGENS MODULARES DE FIXAÇÃO EXTERNA

Montagens podem ser construídas em uma variedade de configurações tendo em mente dois
princípios:

Fixação Externa 6
 A construção osso/montagem deve ser estável ( i.e. não rígida )
 A colocação dos pinos não deve prender os tecidos moles ou limitar o acesso às feridas

No passado os pinos ósseos eram colocados de modo a atravessar ambas as corticais e


passados através de peles e tecidos moles de ambos os lados dos membros - as assim chamadas MONTAGENS
montagens bilaterais. BILATERAIS

No entanto essas configurações, apesar de muito estáveis, causam aprisionamento inaceitável de


tecidos moles e limitam a mobilidade do membro. Isto é doloroso e limita a reabilitação de modo
que as articulações ficam desnecessariamente rígidas.
As configurações mais modernas passam através da pele em apenas um lado do membro, entram
na córtex proximal e terminam passando apenas a córtex oposta ( veja Figura 2 ). Estas MONTAGENS
montagens unilaterais conferem estabilidade adequada às fraturas, permitindo mobilização, UNILATERAIS
acesso excelente às feridas e também mantém o aprisionamento das partes moles a um mínimo.
Mesmo assim os fixadores unilaterais devem ter seus pinos colocados com cuidado afim de
minimizar lesões de tecidos moles e o seu aprisionamento.

FIGURA 2. UMA CONFIGURAÇÃO DE FIXADOR UNILATERAL

As montagens descritas neste módulo são na maior parte baseadas em configurações unilaterais.
Ocasionalmente, se tais sistemas não conferirem estabilidade adequada - por talvez quando o
osso é muito mole os pinos podem ser colocados a ângulos retos entre eles através de mesmo MONTAGEM A
MONTAGEM V
lado do membro para construir uma montagem em A ou V.
Isto é um compromisso entre aprisionamento de tecidos moles e estabilidade que deve ser
reservado para situações raras e difíceis.

3. A CONSTRUÇÃO OSSO/FIXADOR EXTERNO

As montagens unilaterais descritas acima são desenhadas para manter os ossos em alinhamento
funcional (a) enquanto os tecidos moles cicatrizam e (b) em certas circunstâncias até que a fratura
seja fixada definitivamente ou de fato tenha consolidado suficientemente para permitir carga com
ou sem proteção.
A finalidade é obter estabilidade da fratura, não rigidez absoluta. Rigidez é praticamente
impossível de ser obtida e, de qualquer modo, rigidez total ou quase total pode inibir a
consolidação. A estabilidade desejada se encontra em algum lugar entre instabilidade total e
Fixação Externa 7
rigidez de modo que a consolidação com formação de calo não é inibida e o alinhamento da
fratura mantido.

Imediatamente após a fratura e a subsequente aplicação de um fixador externo, a estabilidade é


determinada por :

(a) a configuração da montagem


(b) o grau de contato entre as extremidades ósseas
(c) a extensão da lesão de partes moles
(d) a qualidade da interface osso/pino
(e) o grau de aperto dos porta-pinos
(f) o número total de pinos usados

(a) depende das circunstâncias e pode ser determinado em parte por (b) e (c) e em parte pela
habilidade e experiência do cirurgião.

(b) e (c) são amplamente controlados pelo trauma. No entanto com redução o contato entre os Divisão
ossos do fragmento principal, se possível, sem afetar o alinhamento pois isto mantém a divisão De carga
da carga entre a montagem e o osso (isso está mostrado na Figura 3). Se não existir contato
entre as extremidades ósseas (que pode ser inevitável se houve grande perda óssea), a
montagem sozinha com uma contribuição pequena dos tecidos moles será responsável pela
estabilidade da construção membro/fixador externo.

(d) depende do cuidado na colocação dos pinos e da qualidade intrínseca do osso. E pode ser
afetado por simples distração de modo que o aperto dos porta-pinos deve ser controlado
regularmente durante o tratamento.

FIGURA 3. CONFIGURAÇÕES DE FIXADOR EXTERNO COM E SEM DIVISÃO DA CARGA (VISTA COM A FÍBULA
REMOVIDA). EM (A) O OSSO ESTÁ INTACTO E DIVIDE A CARGA COM O FIXADOR. EM (B) O FIXADOR SOZINHO
DEVE RESISTIR A FLEXÃO.

Fixação Externa 8
4. O CONCEITO DA DINAMIZAÇÃO

Como descrito acima a estabilidade na montagem do fixador de fraturas é sempre relativa e


quando sujeito à carga ocorrerá movimento (ou strain) em toda montagem para qualquer STRAIN
magnitude de carga. Strains que ocorrem ao longo do eixo do osso são considerados um bom
estímulo para consolidação óssea e favorecem a formação de osso novo. O tamanho do strain
necessário é muito pequeno e um movimento entre os fragmentos entre 0,5 e 1,0 mm é tudo que é
necessário para estimular consolidação - de fato, movimentos muito acima de 2 mm podem inibir a
consolidação. Por outro lado, como descrito acima nenhum movimento leva a inibição da formação
do calo. Admite-se, pois, que de modo ideal a estabilidade deve ser suficiente para permitir um
pouco de strain axial. O processo de consolidação é extremamente sensível a seu ambiente
mecânico.
Dinamização pode ser definida como a modificação da montagem que permite a transmissão de
forças através da fratura sem permitir afastamento dos fragmentos.
Dinamização geralmente é usada quando:
 os tecidos moles estão em estado adiantado de cicatrização
 a montagem unilateral simples é usada para o controle definitivo da fratura

QAA 2

(a) Como se pode obter a divisão de carga na montagem osso/fixador externo ?

(b) Quando se usa dinamização ?

5. O PINO ÓSSEO

Pinos ósseos modernos têm uma alma grossa em relação a sua rosca e são bem fortes e
resistentes à flexão. A sua rigidez também contribui para uma interface osso/pino firme. Uma
rosca rasa é tudo que é necessário para manter o pino no osso, pois é necessária apenas
pequena resistência ao arrancamento apesar de que ele será regularmente sujeito a flexões em
ângulo reto ao seu eixo.

5.1 A Interface Osso/Pino

Pinos ósseos são mais rígidos que o próprio osso. Quando existe uma montagem osso/fixador
externo haverá uma distribuição desigual de estresse entre o osso e o pino quando o conjunto
inteiro é submetido a carga. Estes gradientes de estresse são inevitáveis e deve se tentar GRADIENTES DE
ESTRESSE
produzir condições ótimas de modo que os estresses são distribuídos o mais uniforme possível.

Modos de obter o ambiente mais favorável possível inclui:

1. Colocando os pinos usando técnica asséptica.


2. Protegendo os tecidos moles para não deixar tecido necrótico favorecendo infecção.
3. Perfurar um orifício piloto para remover detritos ósseos e reduzir a resistência friccional e a
produção de calor durante a inserção do pino
4. Obtenção de um encaixe firme do pino com uma distribuição radial das forças – o pino é 0,2
mm mais grosso que o orifício piloto e isso induz uma compressão controlada sobre o osso, PRÉ-CARGA
chamada pré-carga radial RADIAL

5. Colocar o maior número possível de pinos.

Fixação Externa 9
O pino ósseo idealmente passam por ambas as corticais de um osso e apenas perfura a córtex
oposta (veja a Figura 2) - isto é a melhor posição de fixação mantendo o aprisionamento dos
tecidos moles ao mínimo. Para ser efetivo os pinos ósseos devem agarrar ambas as corticais do
osso e aplicar pré-carga radial em ambas as interfaces pino/córtex.

FIGURA 4. PRÉ-CARGA RADIAL. O PINO ÓSSEO EMPURRA CONTRA O OSSO EM TODAS AS DIREÇÕES.

5.2 Soltura do Pino

Uma vez iniciada a soltura o progresso do processo de soltura será, sob condições de carga, cada
vez mais provável. Isto pode ser facilmente percebido na Figura 5 que mostra que quando o pino
tem menos contato com o osso o estresse ficará cada vez maior na interface osso/pino
remanescente.

FIGURA 5. (A) STRESS EM UM PINO FLETIDO PELA FORÇA L (B) À MEDIDA QUE O PINO AFROUXA A CARGA É A
MESMA, MAS DEVIDO A REDUÇÃO DO CONTATO DO PINO COM O OSSO, O ESTRESSE NA INTERFACE
OSSO/PINO REMANESCENTE É MAIOR QUE EM (A)

Se o fixador for dinamizado a carga sobre os pinos logicamente aumentará à medida que a carga
progride também ao carregar e descarregar os pinos (ciclo de carga), a carga cairá primeiro sobre
REVERSÃO DE
um lado do pino e depois sobre o outro - um processo conhecido como reversão de estresse. STRESS
Prolongada muito provavelmente levará com o tempo a soltura do pino. Um pino com pré-carga
radial pode compensar alguma porção dos efeitos da reversão de estresse. O local dos pinos e a
fixação devem ser examinados regularmente.

Fixação Externa 10
6. INDICAÇÕES PARA UM FIXADOR EXTERNO PEQUENO

A principal indicação para um fixador externo pequeno é para fraturas ao redor do punho quando
há comprometimento intra-articular do rádio e/ou do carpo e quando a reconstrução da superfície
articular não é possível. O Fixador nesta situação é usado para colocar alguma tensão sobre os REDUÇÃO
tecidos moles afim de obter uma redução indireta através dos ligamentos - esta técnica também INDIRETA

é conhecida como ligamentotaxia . LIGAMENTO-


TAXIA

Evidentemente também pode ser usado em caso de fraturas expostas e lesões sujas vias
esmagamento ao redor da mão e do punho.

FIGURA 6. UM FIXADOR EXTERNO PRODUZINDO LIGAMENTOTAXIA NO PUNHO

A tensão no aparelho deve ser mantida apenas por um período mínimo necessário, pois de outro
modo isto contribui para o risco já existente de rigidez articular. Mais tarde, durante o tratamento, o
fixador pode ocasionalmente ser desconectado para estimular movimentos precoces e a
reabilitação.

QAA 3
(a) Como se obtém pré-carga radial ?
(b) Como consegue-se um ambiente favorável na interface osso/pino ?
(c) Em que situação pode-se usar o fixador externo pequeno ?

7. FIXAÇÃO EXTERNA TEMPORÁRIA - O USO COMO SALVA-VIDA

Todos os cirurgiões que envolvidos com o atendimento imediato de pessoas acidentadas devem
saber como um fixador externo temporário colocado sobre uma pélvis fraturada pode reduzir a
hemorragia interna dramaticamente e pode salvar a vida de alguém com o risco de
exsanguinação.
O sangramento após a fratura da pélvis é causado em grande parte pela ruptura das veias
pélvicas que continuam a sangrar sobre pressão baixa até o sangue extravasado preencher o
espaço ao redor. Apenas quando a pressão deste sangue igualar a pressão venosa o
sangramento cessará. Isto pode ocorrer apenas com a morte do paciente e freqüentemente o faz.

Para prevenir a perda excessiva de sangue através de uma igualização da pressão, os médicos
tentaram várias técnicas incluindo a colocação do tronco do paciente numa roupa que pode ser
inflada semelhante ao macacão “G“ dos pilotos. Isso produz uma contrapressão ou
tamponamento o que irá parar o sangramento venoso. TAMPONAMENTO
Fixação Externa 11
FIGURA 7. A TEORIA DO TAMPONAMENTO. O CÍRCULO À ESQUERDA REPRESENTA UM VOLUME DE LÍQUIDO
EM EXPANÇÃO EM (A) ELE CONTINUA A SE EXPANDIR, ENQUANTO EM (B) UMA CONTRA-PRESSÃO EXTERNA
(POR EX. USANDO O MACACÃO INFLÁVEL MENCIONADO ACIMA ) LIMITA A EXPANSÃO E O FLUÍDO NÃO SE
ESPALHA.

Um modo mais simples de induzir o tamponamento consiste em estabilizar e fechar uma fratura
instável da pélvis através de um fixador externo colocado na parte anterior da crista ilíaca. Nessa
situação o volume da pélvis é diminuído e os ossos fraturados mantidos de encontro aos
ligamentos rotos - como ilustrado na Figura 8.

FIGURA 8. UM FIXADOR EXTERNO NA BACIA.

O fixador pode ser colocado no pronto socorro sob anestesia local através de incisões puntiformes
e o procedimento leva apenas alguns minutos . Deve-se ter cuidado ao colocar os pinos e tão logo
o paciente esteja estável hemodinamicamente a posição dos pinos deve ser reavaliada. A fratura

Fixação Externa 12
poderá necessitar investigação mais precisa com tomografia computadorizada e pode necessitar
uma fixação interna quando for seguro fazê-lo.

8. COMPLICAÇÕES DA FIXAÇÃO EXTERNA

Se usado com cuidado, de acordo com as indicações apropriadas e usando boa técnica, a fixação
externa pode ser uma ferramenta muito poderosa no tratamento de fraturas. No entanto, mesmo
com a melhor técnica, é essencial um bom seguimento. Se usado inapropriadamente e mal
colocado, as complicações para o paciente podem ser muito sérias e podem ameaçar o membro.
Complicações podem ocorrer no próprio fixador ou, mais comumente, na interface osso/pino.
Como em qualquer fratura, especialmente em lesões graves, as complicações podem ocorrer na
fratura como resultado direto do trauma.

8.1. Complicações do fixador

1. Os componentes modulares podem soltar-se. Todos os componentes devem ser apertados


regularmente. Componentes soltos podem causar a perda da posição e devem ser feitas
radiografias regularmente.

2. A montagem pode não ser apropriada e a estabilidade da fratura pode não estar sendo
mantida em todos os planos. A estabilidade em todos os planos deve ser avaliada após aplicação
do fixador e deve ser considerada uma mudança da configuração se os testes demonstrarem
instabilidade.

8.2. Complicações da interface osso/pino

1. Os pinos podem soltar-se como descrito acima. Os pinos devem ser reavaliados regularmente -
pinos dolorosos provavelmente estão soltos. Geralmente não é possível reapertar pinos soltos;
eles devem então ser recolocados.

2. Pinos ósseos podem infectar. Os orifícios dos pinos devem ser limpos regularmente e mantidos
secos. Deve-se instruir os pacientes para manter os orifícios dos pinos livres de crostas usando
cotonetes. Geralmente os cremes ou loções anti-sépticos tendem a manter os orifícios dos pinos
muito úmidos e não previnem infecção a não ser que haja também limpeza regularmente. Se for
colocado curativo deverá ser seco.

Um pino infectado e solto sempre deve ser recolocado. Orifícios antigos de pinos infectados
devem ser investigados radiograficamente. Se houver seqüestro (áreas de osso morto) que podem
ser de forma anular eles devem ser perfurados e o ferimento limpo.

Pinos infectados presos podem ser salvos por limpeza agressiva do ferimento (se necessário
cirurgicamente) e antibioticoterapia sistêmica.

3. Pinos colocados sem cuidado podem causar aprisionamento de tecidos moles


(a) O local do pino deve ser escolhido cuidadosamente afim de atravessar o menos possível
músculos.
(b) Deve-se levar em conta a posição das articulações ao colocar os pinos - p.e. o tornozelo deve
ser mantido em posição plantígrada de modo a evitar uma posição de eqüino pelo músculo
preso, o que dificilmente será corrigido por fisioterapia no futuro.

4. Os fixadores que cruzam articulações causam alguma rigidez articular - estes fixadores
devem ser retirados o mais precoce possível mesmo que seja apenas temporariamente para
reabilitação.

Fixação Externa 13
8.3. Complicações da fratura

Como com qualquer fratura é possível ocorrer consolidação viciosa - a posição deve ser
controlada clinicamente e com radiografias regularmente até a consolidação.

Falta de consolidação pode ocorrer neste grupo por causa da gravidade da lesão. Revisão clínica
regular é essencial e uma intervenção deve ser planejada se a consolidação não progredir.

Infecção é logicamente muito séria mas se o fixador externo estiver mantendo a fratura em uma
configuração estável e os pinos não estiverem envolvidos, a infecção pode ser tratada com
cirurgia local e antibióticos sistêmicos até a consolidação. Se a montagem central de fixação for
instável, deve-se planejar mudá-la para uma construção mais estável. Fraturas infectadas
consolidam se estiverem estáveis uma vez removido todo tecido morto e infectado.

QAA 4
(a) Defina tamponamento.
(b) Cite 3 tipos de complicações que podem ocorrer ao se usar a fixação externa.

Fixação Externa 14
RESUMO

Fixação externa é um ferramenta útil no tratamento de fraturas e, no caso de fraturas da pélvis,


pode ser um aparelho de salva-vidas primário. Seu uso deve ser determinado por indicações
apropriadas levando-se em conta a experiência do cirurgião.
Como qualquer técnica a seleção dos pacientes seguido de atenção meticulosa aos detalhes são
tão importantes como a configuração da montagem.
Acompanhamento cuidadoso e regular do local dos pinos com boa aceitação do paciente requer
um segmento regular e freqüente sustentado por informações boas e escritas claramente para o
paciente.
Complicações ocorrerão e freqüentemente a situação pode ser salva por debridamento de
infecções superficiais dos tecidos moles ou recolocando pinos soltos.

GLOSSÁRIO

Ortopédica

Pós-traumática

Temporário

Definitiva

Dinamização

Montagem Bilaterais

Montagens Unilaterais

Montagem A

Montagem V

Divisão de Carga

Strain

Gradientes de Estresse

Pré-carga radial

Reversão de Stress

Redução Indireta

Ligamentotaxia

Tamponamento
Fixação Externa 15
RESPOSTAS DAS QAA

QAA 1

(a) As duas áreas principais de fixação externa são em ortopedia e em trauma.


(b) Os usos de fixação externa em ortopedia são:
alongamento de membro
encurtamento de membro
artrodese
correção de deformidade
transporte ósseo
(c) Fixação externa temporária seria empregada em fraturas expostas com grave lesão dos
tecidos moles
(d) Fixação externa permite acesso à ferida em fraturas expostas
(e) Fixação externa pode ser usada definitivamente em trauma com dinamização em fratura
expostas por escolha do cirurgião em fraturas fechadas

QAA 2

(a) Divisão de carga pode ser obtida quando tanto o osso como o fixador suportam carga ao
andar, i,e. quando há contato entre os fragmentos ósseos na fratura.
(b) Dinamização é usada quando a cicatrização dos tecidos moles está progredindo afim de
estimular a consolidação óssea.

QAA 3

(a) Pré-carga radial é obtida usando um pino 0,2 mm mais grosso que orifício piloto, induzindo
assim compressão do osso.
(b) Um ambiente favorável na interface osso/pino pode ser obtido por: usando técnica asséptica
ao colocar o pino evitar formação de tecido necrótico no local protegendo as partes moles
perfurar um orifício piloto afim de reduzir a formação de calor durante a inserção do pino
assegurar-se de pré-carga radial e por conseguinte um encaixe firme usar a maior número
possível de pinos
(c) Um fixador externo pequeno pode ser usado para fraturas do punho atingindo o rádio e/ou
carpo.

QAA 4

(a) Tamponamento é a contrapressão para evitar o fluxo de fluídos


(b) Os 3 tipos de complicações são :
relacionado à fratura
relacionado à interface osso/pino
dentro da construção do fixador

Fixação Externa 16

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