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RESUMOS

Prova indiciária
Conceito de indício, indução, integração entre indução e dedução,
valor probatório dos indícios, diferença entre indício e
presunção, contraindícios, e a formação do corpo de delito por
indícios.

PROCESSO PENAL | 17/SET/2020

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Conceito de indício

O vocábulo” indício” procede da expressão “index”, que signi ca aquilo que


serve para apontar, indicar, indigitar.

Com efeito, o conceito de indício, embora incompleto (conforme defende Nucci),


encontra-se no artigo 239 do Código de Processo Penal: “Considera-se indício a
circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por
indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.

Assim, o autor em sua obra traz a de nição de João Mendes Júnior, para quem
“indício é a circunstância que tem relação com o fato criminoso; e, por isso, a
prova resultante de indícios denomina-se prova relativa ou prova
circunstancial”.

Portanto, trata-se de prova indireta, mas não por isso com menor valia, o que
acontece é que se solitário nos autos não tem força su ciente para levar a uma
condenação.

No contexto dos indícios, de um raciocínio indutivo, a existência de vários


indícios torna possível formar um quadro de segurança compatível com o a
verdade real, fundamentando uma condenação ou mesmo uma absolvição.

Indução
A utilização de indícios, no processo penal, é autorizada não só pelo artigo 239 do
CPP, mas também pelo processo de raciocínio lógico, que é a indução.

Nesse sentido, prescreve o artigo 382 do Código de Processo Penal Militar:


“Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a
existência de outra circunstância ou fato, de que não se tem prova”.

O mesmo diploma ainda dispõe no artigo 383:

“Para que o indício constitua prova, é necessário:

a) que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou


remota, com a circunstância ou fato indicado;

b) que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros


indícios, ou com as provas diretas colhidas no processo”.

O legislador, portanto, coloca o raciocínio indutivo como fundamento do uso dos


indícios. Desta feita, a indução é o raciocínio indutivo utilizado pelo juiz, que
observando os indícios, chega a uma conclusão no processo.

Integração entre indução e dedução

O artigo 239 do Código de Processo Penal traz como forma de integração dois
métodos de conhecimento e do pensamento cientí co. Em linhas gerais, é
possível a rmar que a prova indiciária é a combinação dos raciocínios indutivo e
dedutivo.

Quando dizemos que uma pessoa foi encontrada com o objeto furtado, logo após
a sua subtração, deduzimos que ele é provavelmente o autor do delito. Contudo,
uma dedução é insu ciente para a condenação. Usamos, então, a indução, ou
seja, várias deduções como esta até chegar a uma conclusão mais ampla, que o
réu é realmente o autor da infração penal.

O termo indução é o cerne do processo, na utilização dos indícios, razão pela qual
não se deve substituí-lo por dedução.

Valor probatório dos indícios

Há autorização legal para que os indícios sustentem a condenação e a absolvição.


Nem tudo se prova diretamente, sendo necessária a captação de indícios para a
busca da verdade real, podendo o indício adquirir uma importância
predominante e decisiva no juízo.

O indício apoia-se e sustenta-se numa outra prova, por exemplo, quando se


a rma que a coisa objeto do furto foi encontrada em poder do réu, não se tem
prova do fato principal, da subtração, mas tem-se efetiva demonstração de que a
circunstância ocorreu, mediante o auto de apreensão e de depoimentos de
testemunhas.

O ponto central da colheita de provas indiciárias é garantir um número con ável


de dados circunstanciais para se atingir a certeza da culpa. Isso signi ca dizer
que o indício “é um fato provado e secundário (circunstância) que somente se
torna útil para a construção do conjunto probatório ao ser usado o processo
lógico da indução” (obra citada).

Diferença entre indício e presunção

A presunção não é um meio de prova válido, constitui uma mera opinião baseada
em suposição ou suspeita, um simples processo dedutivo. A presunção pode ser
usada para fundamentar uma condenação unicamente quando a lei autorizar,
como no caso da a presunção de violência de quem mantém relação sexual com
menor de 14 anos.

Sendo assim, os indícios possibilitam atingir o estado de certeza no julgador,


mas as presunções apenas impregnam-no de probabilidades e não podem dar
margem à condenação.

Contraindícios

Os contraindícios são as circunstâncias provadas, que servem para justi car ou


fundamentar a invalidade dos indícios colhidos contra alguém. O álibi, por
exemplo, que é justi cativa apresentada pelo acusado para negar a autoria, é um
contraindício ou indício negativo.

A formação do corpo de delito por indícios

O autor entende não haver a possibilidade legal de se comprovar a materialidade


de um crime, que deixa vestígios, por meros indícios, conforme prescreve o
artigo 158 do Código de Processo Penal.
Por m, na falta do exame de corpo de delito (feito por perito o cial ou peritos
nomeados pelo juiz), segundo Nucci a única saída viável é a produção de prova
testemunhal idônea, de acordo com o artigo 167 do Código de Processo Penal.

Referência bibliográ ca

NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2020.

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