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Podcast
Disciplina: Princípios básicos do processo terapêutico em
Terapia Cognitivo-Comportamental
Título do tema: Técnicas Cognitivas e Técnicas Comportamentais
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso

Olá, ouvinte! No podcast de hoje iremos conversar sobre uma técnica muito útil
para lidar com diferentes estruturas da cognição, os cartões-lembretes ou
cartões de enfrentamento.

Se você já passou pela experiência clínica baseada na terapia cognitivo


comportamental, seja como paciente ou enquanto terapeuta, dever ter
percebido que a mudança dos pensamentos e crenças disfuncionais não é um
processo que ocorre em apenas uma sessão. Apesar do poder da identificação
de pensamentos e crenças e do exame das suas evidências, é recorrente que
mesmo após essas descobertas os conteúdos antigos insistam em aparecer.

Não é de se estranhar a persistência dessas ideias, isso porque, foram elas


que guiaram os pacientes até hoje (pense em um paciente idoso, com mais de
60 anos, por exemplo). Ainda, muitas vezes, elas são identificadas como o jeito
de ser do individuo ou mesmo sua natureza. Assim alterar pensamentos e
crenças não é uma batalha tão simples como possar parecer e vai precisar de
um trabalho árduo e contínuo.

Em resumo, nosso cérebro precisa aprender a pensar diferente e toda


aprendizagem efetiva necessita que o aluno entre em contato mais de uma vez
com os novos conteúdos. A todo momento precisamos colocar os novos
pensamentos e crenças no lugar dos antigos, até que agir nessa nova
perspectiva se torne um novo jeito de ser, uma segunda natureza.

Desse modo, para auxiliar nesse processo, é indicado que o paciente escreva
cartões com as novas ideias, mais adaptativas e funcionais e mantenha-as de
fácil acesso. O objetivo é que o sujeito possa ler com facilidade, especialmente
em momentos que se sente mais fragilizado. Para confeccioná-los, o paciente
poderá escrevê-los tanto sozinho como com a ajuda do terapeuta em sessão.
Uma das possibilidades, é escrever cartões de enfrentamento a partir dos
conteúdos e conclusões retiradas da sessão, como uma versão mais sucinta
do caderno de terapia.

Vale lembrar que, o formato dos cartões de enfrentamento podem ser variados.
Pacientes com maior familiaridade com papel e caneta podem preferir seu
formato mais clássico, contudo, para aqueles que se relacionam melhor com
novas tecnologias, cartões de enfrentamento no bloco de notas do celular, por
exemplo, podem ser uma alternativa.

Para elucidar, imagine um paciente com uma crença subjacente de


incompetência do tipo: “se eu não for bem em todas as minhas atividades,
então serei um fracasso”. No seu cartão de enfrentamento poderá estar
indicado “eu somente serei um fracasso, se de fato eu fracassar em tudo ou
quase tudo.”

Cartões lembretes também podem ser aliados para condições específicas que
originam um estresse expressivo, como diferentes avaliações e exposição a
situações reconhecidas como ansiogênicas. Assim, os cartões podem
complementar outras intervenções, mantendo o objetivo de reestruturação
cognitiva.

Lembrando que nosso objetivo como terapeutas não é convencer de maneira


argumentativa o paciente, mas sim levá-lo a reflexão sobre os seus
pensamentos e crenças disfuncionais. O cartão lembrete poderá não ser eficaz
se o terapeuta não tiver realizado o exame de evidências de forma adequada.
Concentre-se inicialmente em apontar indicativos empíricos contrários a crença
original e, a partir daí, construir novas ideias alternativas que irão compor os
cartões. Com esses cuidados, você proporcionará uma aprendizagem real e
significativa para o paciente.

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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