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DEFINIÇÕES E SENTENÇAS IMPLÍCITAS

Avaliação de argumentos
- Uma das principais tarefas executadas pelas premissas é definir termos empregados em um
argumento.
- O objetivo das premissas de definições é fixar o sentido de termos ou expressões utilizadas
nas outras sentenças do argumento.
- Isso é feito principalmente para evitar confusões e para delimitar de modo preciso o escopo
abrangido por esses termos e expressões.
- Assim, temos cinco tipos de definição usados em argumentos, os quais destacamos a
seguir;
Definição estipulativa: nesse caso, atribui-se convencionalmente um determinado sentido a
uma palavra ou expressão;
- Em termos gerais, a definição estipulativa objetiva facilitar a discriminação de fatos ou
ideias que passam então a ser reconhecidos pelo termo escolhido para nomeá-los.
- Também se espera que as definições estipulativas sejam, na medida do possível, neutras e
não favoreçam de maneira implícita uma posição valorativa em detrimento de outras;
Ex: Em um debate sobre o aborto, os partidários da descriminalização não aceitariam que se
estipulasse que o aborto é um assassinato, pois essa definição carrega um sentido negativo ao
tema.
Definição lexical: nesse caso tenta esclarecer qual o sentido correto de um termo ou
expressão nos seus principais contextos de uso.
- Em sentido geral, é o que um dicionário oferece. É possível tentar capturar, por meio desse
tipo de definição, o uso de certo termo em uma determinada época, bem como as mudanças
sofridas no seu emprego no decorrer do tempo.
Ex: "cachorro“ - "mamífero onívoro derivado geneticamente do lobo selvagem e que' é um
animal doméstico em muitas culturas.
Definição precisadora: para resolver casos em que os termos deixam margem para muitas
interpretações devido à imprecisão de seu uso corrente, propõem-se definições precisadoras,
pois incluem aspectos tanto das definições lexicais, quanto das definições estipulativas.
Ex: Caracterizar a queda de uma árvore sobre uma pessoa como "violenta", buscando-se
salientar a força esmagadora lançada sobre a pessoa.
- É também "violenta" a ação de uma pessoa enfurecida que dirige de madrugada com o som
alto nas imediações de um hospital.
- No primeiro caso, "violência" refere-se à brutalidade do evento ocorrido casualmente
contra alguém. No último sentido, a "violência" caracteriza-se por cometer um ato
moralmente inaceitável
Definição teórica: nesse caso, busca-se elucidar o sentido, ao inseri-lo em considerações
teóricas mais abrangentes.
- Esse tipo de resultado é comum em teorias científicas e doutrinas filosóficas.
Ex: A noção de "calor" recebe um sentido específico nas teorias físicas, algo que poderia ser
simplificadamente expresso aqui como "efeito do movimento das partículas".
Definição persuasiva: a estratégia principal é associar certo conteúdo emotivo ou mesmo
certa sugestão diretiva, apresentado aprovação ou desaprovação.
- A definição persuasiva é uma variante da definição estipulativa, já que aproxima certas
conotações valorativas ou emotivas.
- Trata-se de algo bastante utilizado nos diferentes contextos de aplicação do marketing.
- As definições persuasivas são empregadas é aquele da divulgação de projetos políticos.
- É grande o empenho dos políticos para associar conotações positivas a suas ideias e
plataformas, além de conotações negativas àquelas de seus adversários.

Sentenças implícitas
- Em alguns casos, a própria conclusão do argumento está implícita, e cabe ao público
extraí-la das premissas.
- Essa omissão ocorre por diferentes motivos.
- No caso da omissão de uma conclusão, normalmente trata-se de um recurso estilístico pelo
qual se requer a participação ativa do público.
- Esse parece ser um recurso comum em propagandas.
- Pessoas bonitas usam o cosmético X. E certamente você, leitor, é uma pessoa bonita;
- Sugere-se inicialmente uma conexão entre ser belo e usar certo produto.
- Deixa-se implícita a conclusão, para que cada um que se julga belo afirme: "uma vez que
sou belo, uso ou devo usar o cosmético X".
- A conclusão não aparece como algo imposto pelo texto, e sim como expressão do
entendimento dos leitores.
- De modo geral, as premissas implícitas veiculam definições, regras ou fatos considerados
óbvios no contexto de discussão.
- São suprimidas para que a discussão flua com mais agilidade.
- A seguir, temos alguns exemplos.
- Barack Obama se reelegeu. Portanto, o partido democrata vai governar os Estados Unidos
por mais quatro anos.
- Há aqui uma clara premissa implícita que vincula a pessoa eleita ao partido: "Barack
Obama é membro do partido democrata".
- Por meio da explicitação dessa sentença, reforça-se o laço de suficiência entre as premissas
e a conclusão, anulando o efeito de potenciais contraexemplos.
- No entanto, a análise não deve parar nesse ponto.
- Nessas circunstâncias, o que pensar da sustentação lógica da conclusão?
- Inúmeras sentenças não contidas explicitamente em um argumento poderiam ser apontadas
como pressupostos do movimento inferencial analisado.
- Contudo, interessa somente selecionar aquelas que contribuem diretamente para a
justificação da conclusão.
- A inclusão de sentenças implícitas é um procedimento que colabora para a explicitação do
argumento analisado em sua versão mais forte.
- Portanto, o acréscimo de premissas implícitas deve sempre almejar o fortalecimento do
argumento em geral.
- Ainda que a explicitação das premissas implícitas reforce o laço inferencial em vista, pois
as premissas por eles pressupostas podem ser falsas ou altamente questionáveis. Considerem o
exemplo a seguir:
- João é da etnia X. Logo, ele não é uma pessoa confiável.

As etapas da análise argumentos


Reconhecimento de argumentos:
- Distinguir os trechos em que há intenção de justificar racionalmente uma tese não óbvia.
- Guiar-se pelos indicadores gramaticais de premissas e conclusão.
Reconstrução de argumentos:
- Formular as sentenças implícitas.
- Montar a forma padrão anotada ou o diagrama, sempre buscando trazer à luz a versão mais
forte do argumento em pauta.
Avaliação de argumentos:
- Realizar os testes dos contraexemplos (logicamente possíveis e plausíveis) para atestar a
força inferencial vigente.
- Discutir criticamente as sentenças de que o argumento se compõe.

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