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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

MARINA BONOMI ALMEIDA DA SILVA

A LIBERDADE DE PENSAR COMO PRÁTICA DA PEDAGOGIA


LOGOSÓFICA

Orientadora: Ariadne Lopes Ecar

São Paulo
Julho de 2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família e especialmente à minha mãe, Sibele Bonomi, e ao meu pai, Sérgio
Almeida, dos quais recebi, junto com seu afeto, uma imensa vontade de mudar o mundo.

Aos meus amigos e amigas da Fundação Logosófica que, ombro a ombro, caminham comigo
investigando os mistérios da existência humana.

À minha orientadora, Ariadne Lopes Ecar, pela confiança, paciência e estímulos, além da
inspiração de professora que um dia eu quero ser.

Ao Caio Ades, meu companheiro e amor, que, com sua confiança, sensibilidade e vocação
pelo conhecimento, me inspira a ir além em todos os sentidos e cujas contribuições foram
fundamentais para a realização desta pesquisa.
Sumário

1. Introdução 3

2. Objetivos 4

3. Metodologia 4

4. Sobre Carlos Bernardo González Pecotche e sua obra 5


4.1. Carlos Bernardo González Pecotche 5
4.2. A Logosofia 8
4.3. A Pedagogia Logosófica 9

5. Ferramentas para a liberdade: a Pedagogia Logosófica 13


5.1. Reflexões sobre a Liberdade 13
5.2. O Sistema Mental 15
5.2.1. Os Pensamentos 17
5.2.2. A Função de Pensar 18

6. Recursos da Pedagogia Logosófica para a formação humana 19


6.1. O valor do exemplo na educação para a vida 19
6.2. O despertar para a própria realidade interna: a mente e os pensamentos 21

7. Diálogos para a liberdade: uma convergência entre o ideal freireano e a Pedagogia


Logosófica 25
7.1. Um encontro essencial: liberdade, opressão e formação 26
7.2. Novas perspectivas para concretizar o “pensar certo” 27
7.3. O valor do exemplo: a corporeificação didática das palavras 27
7.4. O processo de aperfeiçoamento do educador: a consciência do inacabamento 27
7.5. A pergunta, ponte entre o sujeito e o conhecimento 28

8. Considerações finais 29

Referências Bibliográficas 30
1. Introdução

O argentino Carlos Bernardo González Pecotche projetou, através de sua obra e seus
pensamentos, o ideal de que as gerações vindouras fossem mais felizes que as da época em que
viveu. Como pensador e humanista, propôs, àqueles e àquelas responsáveis pela educação de
tais gerações, a missão de não só preparar um futuro melhor para a humanidade, mas também
de preparar a humanidade para forjar um futuro melhor. Para que se possa conceber a
profundidade desse ideal, é preciso compreender que, para Pecotche, a felicidade almejada não
consiste na alegria fugaz das conquistas materiais ou do acúmulo estéril de conhecimentos,
mas sim na consequência da aquisição de valores humanos fundamentais, sendo o principal
deles a liberdade de pensar.

Apesar de ter sido bem elucidada precisamente por Freire e outros intelectuais a questão
da liberdade humana, a busca por torná-la uma realidade muitas vezes parece esbarrar em um
inexorável obstáculo. A imagem de um ideal dificilmente exprime, com toda a didática, o
caminho concebido para torná-la uma realidade, principalmente se não capacita o seu
interlocutor a identificar em si os elementos que permitirão realizar tal ideal primeiro em sua
pessoa. Tendo isso em vista, pretendemos explorar a didática de Pecotche em busca de sua
visão em relação a uma nova dimensão causal do ser humano, sobre a qual são por ele propostas
ações e estudos que culminam com o encontro de meios para concretizar a liberdade de pensar.

Como pensador nascido no século XX, González Pecotche sofreu com os horrores de
duas guerras mundiais, o fortalecimento de governos ditatoriais, a insegurança econômica e a
incerteza do futuro global. Diante desse quadro desalentador, assim como outros pedagogos e
pedagogas contemporâneos a ele, buscou produzir e compartilhar conhecimentos que
pudessem contribuir com a esperança da formação de indivíduos mais felizes e conscientes e,
consequentemente, de uma humanidade melhor.

Com tais objetivos, Pecotche buscou ir às causas da opressão, do despotismo e da


violência, bem como da estreiteza dogmática e ideológica que foi capaz de levar a uma
profunda alienação de governantes e povos. Assim, Pecotche chegou ao estudo da mente
humana, berço das condutas, tanto para o bem como para o mal. Nesse âmbito de estudos,
formulou sua tese de que pensamentos, como entidades psicológicas, conduzem as ações do
ser humano inconsciente, e, por conseguinte, o destino da humanidade.
Debruçando-se sobre o estudo da mente como parte do mecanismo metafísico dos seres
humanos, Pecotche criou um método de estudo e aplicação de conhecimentos que promove o
aperfeiçoamento das faculdades mentais, ressaltando que, sendo a mente infantil "terra virgem
e fértil" (PECOTCHE, 2017-b, p. 90), o ideal é que as crianças sejam cuidadas, protegidas e
estimuladas positivamente desde a tenra idade para que possam se desenvolver plena e
livremente, bem como possibilitar o cumprimento das suas altas prerrogativas, metas cuja
concretização é custodiada pela Pedagogia Logosófica. Tal pedagogia tem, pois, como um de
seus objetivos centrais, a promoção do livre desenvolvimento das faculdades mentais das
crianças, oferecendo, para tal fim, diversos recursos didáticos e práticas pedagógicas.

2. Objetivos

Esta pesquisa teve por objetivo investigar e refletir sobre o que ensina Pecotche em
relação ao combate à opressão que, cíclica e historicamente, vem afetando as mentes humanas.
Buscou-se compreender, a partir da perspectiva da Pedagogia Logosófica, alguns de seus
conceitos e práticas que auspiciam a promoção de uma educação que possibilite, desde a
primeira infância, o desenvolvimento livre e pleno das faculdades humanas, tendo em vista
serem estas a base para a verdadeira felicidade.

Por fim, sendo notória a ideia de Paulo Freire, no âmbito da Educação, de que a
educação libertadora é o meio para combater a opressão, foi proposto, também, um diálogo
entre esses pensadores, cujas ideias confluem em muitos aspectos. Tal diálogo, dessa forma é
muito oportuno, já que Pecotche oferece mais uma faceta para o conceito de opressão e
liberdade, ao considerar a pior opressão como a opressão mental, que priva o ser humano de
seu livre arbítrio. Consequentemente, considera a maior libertação a ser alcançada a soltura dos
grilhões mentais que acorrentam o homem aos preconceitos e às correntes sectárias que limitam
seu pensamento.

3. Metodologia

Para a realização da pesquisa, foram utilizadas duas metodologias concomitantemente,


quais sejam, análise do conteúdo e análise documental. A opção pelas metodologias em questão
teve como base as elucidações de Antônio Joaquim Severino, em sua obra "Metodologia do
Trabalho Científico". Desse modo, foram analisados documentos pertinentes à investigação,
uma vez haver pouco material de referência em pesquisa sobre a obra de Pecotche até o
presente, além de analisar em profundidade o conteúdo das mensagens escritas nos documentos
escolhidos para estudo, com o objetivo de seguir a metodologia proposta por Severino e "ver o
que está por detrás das palavras" (SEVERINO, 2013, p. 75).

4. Sobre Carlos Bernardo González Pecotche e sua obra

4.1. Carlos Bernardo González Pecotche

Carlos Bernardo González Pecotche foi um pensador e humanista nascido na cidade de


Buenos Aires, Argentina, em 11 de agosto de 1901, sétimo filho do casal Jorge Nazario
González e Maria Pecotche, ficando órfão de mãe aos quatro anos em razão de uma grave
doença. No ano de 1921, por questões de saúde, mudou-se para Córdoba, onde conheceu
Paulina Eugenia Puntel, com quem se casou em 1924 e teve um filho, Carlos Frederico
González Puntel, em 1925. Dedicou-se intensamente à propagação de seu pensamento,
publicando mais de 30 livros, veiculando revistas semanais — de modo a continuar divulgando
seu pensamento mesmo sob a repressão e a censura dos governos militares argentinos da época
de 1943 a 1947 — e proferindo centenas de conferências ao longo de sua vida, vindo a falecer
em 1963 em sua casa na cidade de Buenos Aires.

Imagem 1 - Carlos Bernardo González Pecotche (1957)

Fonte: Colaboradores Voluntários da Fundação Logosófica do Brasil, 2017, p. 79.

González Pecotche, cresceu e desenvolveu-se, portanto, sob o cenário de duas guerras


mundiais e uma ditadura militar, sem nunca perder, contudo, a esperança na figura humana.
Nutrindo, pelo contrário, ideais humanísticos, consolidou-se como pensador e enunciador de
valiosas ideias para o porvir do mundo. Sua confiança nos recônditos recursos abrigados na
consciência humana o inspirou a criar uma ciência1 com o objetivo de capacitar homens e
mulheres para a construção de um futuro no qual fossem atenuados os erros e violências que
levam às guerras e opressões de toda espécie. Essa ciência ele denominou “Logosofia”.

Com a intenção de difundir a Ciência Logosófica, González Pecotche criou centros de


estudos e investigação que, atualmente, existem em vários países do mundo. O autor visitou o
Brasil em 1934 e fundou o centro de estudos do Rio de Janeiro que se tornou pessoa jurídica
em 1961, como Fundação Pública sem fins lucrativos, ocasião na qual recebeu a denominação
de Fundação Logosófica do Brasil2. Atualmente existem centros de estudos e filiais da
Fundação Logosófica em diversas cidades de 14 estados brasileiros3.

Sua busca por colaborar para a formação mais livre e feliz dos indivíduos levou o autor
a criar, também, a Pedagogia Logosófica, que é base para estudo e aplicação dos conhecimentos
logosóficos, tanto para crianças como para adultos. González Pecotche mostrou grande
preocupação com a infância, criando um setor de dedicação específica às crianças dentro das
instituições, chamado “Setor Infantil”.

Imagem 2: O primeiro Setor Infantil, em Rosário (1934)

Fonte: Colaboradores Voluntários da Fundação Logosófica do Brasil, 2017, p. 46.

1
Nomenclatura adotada pelo autor em sua literatura.
2
Site oficial da Fundação Logosófica do Brasil – Link: https://logosofia.org.br/. Acesso em 1 de novembro de
2021.
3
Dados obtidos em: https://logosofia.org.br/fundacao-logosofica. Acesso em 1 de novembro de 2021.
Além do Setor Infantil, pensado para os filhos dos estudantes regulares das instituições
logosóficas, ele idealizou também a criação de colégios que ensinassem o currículo comum
utilizando como base a Pedagogia Logosófica. O primeiro colégio Logosófico foi fundado em
Montevideo em 1963, pouco antes do falecimento do autor em 4 de abril do mesmo ano.

Imagem 3: Começo do ciclo letivo na primeira Escola Primária logosófica de Montevidéu (1963)

Fonte: Colaboradores Voluntários da Fundação Logosófica do Brasil, 2017, p. 68.


4.2. A Logosofia

Aos 29 anos, González Pecotche, reagindo contra a rotina dos conhecimentos e sistemas
culturais usados para a educação e a formação do ser humano em sua época, criou a Logosofia,
uma ciência humanística que visa proporcionar recursos para investigação, conhecimento e
aperfeiçoamento de si mesmo, sobre a qual publicou uma vasta bibliografia e pronunciou
inúmeras conferências. Como exemplos de livros publicados do autor podemos mencionar
“Exegese Logosófica”, “Logosofia Ciência e Método”, “Curso de Iniciação Logosófica -
Técnica da formação individual consciente” e “O Mecanismo da Vida Consciente”,
originalmente escritos em espanhol e com traduções para outros idiomas como português,
inglês, francês, italiano e alemão.

Descrita pelo próprio autor como “ciência e cultura ao mesmo tempo” (2017-a, p. 11),
a Logosofia propõe uma capacitação ativa do próprio indivíduo para adquirir competência na
descoberta de mistérios humanos essenciais, dentre eles, o conhecimento de si mesmo.
Pecotche a sintetiza da seguinte maneira:

A Logosofia é uma nova mensagem à humanidade, [...]. Entranha uma nova


forma de vida, forma que move o homem a pensar e a sentir de outra maneira,
graças ao descobrimento logosófico de agentes causais que, ignorados antes
por ele, se manifestam agora à vista de seu entendimento, de sua reflexão e
de seu juízo, como também de sua sensibilidade. [...] somos plenamente
conscientes da incalculável transcendência que o conhecimento desses fatores
– até agora incógnitos geradores de todas as formas humanas de vida – haverá
de assumir para o esclarecimento do mistério do homem, no dia em que ele
despertar para essa realidade e comprovar a verdade de sua existência em
cada uma de suas manifestações psicobiológicas. Só então o homem poderá
fazer uso consciente de seu livre-arbítrio, resgatar sua vida, aprisionada por
seus próprios erros e pelos erros dos demais, e reconstruí-la [...] com um
critério novo, espiritual e humano, testamenteiro imaterial de sua felicidade.
(PECOTCHE, 2017-a, p. 10)

Dessa forma,

[...] a Logosofia ilustra a inteligência acerca da conformação mental-


psicológica que habilita o ser humano para satisfazer o desiderato – tantas
vezes mencionado e jamais alcançado – de conhecer-se a si mesmo.
Precisamente nesse conhecimento se condensa a ciência do aperfeiçoamento,
desde o instante em que o homem, arrostando as partes perfectíveis do ente
moral e psicológico que configura seu ser físico e espiritual, dispõe-se a
superá-las. (PECOTCHE, 2017-a, p. 33-34, grifo nosso)

Para tanto, a Logosofia institui como meio natural de realização de tais ideais o
“processo de evolução consciente” (PECOTCHE, 2017-a, p.35), um encadeamento consciente
de ações obedecendo a um método de capacitação logosófico e a um ideal de superação. Por
meio dele, conhecimentos são captados e postos em prática em prol do desenvolvimento de
aptidões e de virtudes que habilitem o sujeito a colocar-se com maior autonomia perante a vida,
tornando-se capaz de beneficiar grandemente a si e ao coletivo com seu exemplo e seu saber.

Infere-se, pois, que, a uma maior capacitação logosófica, mais livre o indivíduo se
torna, e, quanto maior a liberdade, maior é a sua capacidade de criar pensamentos e soluções
fecundas para si e para a humanidade.

Por sua vez, os conhecimentos que “servem de ponte” entre o indivíduo e a mencionada
realização, são, segundo o autor, de cunho “transcendente”, o que significa que buscam apontar
as reflexões para a realidade que está além da física, qual seja a mental, psicológica e espiritual.
Ilustra, portanto, sobre uma configuração do ser humano que transcende a sua condição física,
constituindo, pois, seu campo de trabalho. Reconhece-a como uma conformação
“biopsicoespiritual" (PECOTCHE, 2017-b, p. 61), na qual uma dimensão espiritual é
adicionada à análise do indivíduo, além das esferas biológicas, psicológicas e sociais estudadas
pelas demais ciências. A partir dessa visão, desenvolve-se, portanto, uma docência que busca
as causas das ações do ser humano tanto em sua psicologia superficial como na profunda,
desenvolvendo ações pedagógicas a partir delas.

Por fim, um adendo importante há de ser feito para a compreensão da base conceitual
da ciência Logosófica: a criação da Logosofia visou oferecer novos conteúdos a conhecidas
palavras e conceitos, apresentando, portanto, concepções próprias das palavras que emprega,
tais como “consciência”, “espírito”, “evolução”, sendo seu estudo uma das competências do
processo logosófico. Isto posto, o conceito contido em tais termos serão oportunamente
elucidados para melhor compreensão das ideias do autor.

4.3. A Pedagogia Logosófica

González Pecotche dedicou sua vida a compreender as razões pelas quais, apesar do
irrefutável avanço científico e tecnológico que a humanidade obteve ao longo dos séculos, o
mesmo não era possível constatar em relação ao avanço de sua vida moral e espiritual. Tal fato,
evidenciado no elevado grau de desorientação, violências e injustiças que podem ser
observadas ao redor do mundo, demonstra, segundo ele, a ausência de conhecimentos capazes
de dar aos sujeitos consciência de suas falhas, bem como recursos para promoverem uma
verdadeira transformação interna e externa. Segundo o autor:

Desde que o homem começou a ter as primeiras noções de moral, vem-lhe


sendo repetido que deve ser bom, que deve elevar sua vida e ser melhor.
Entretanto, foi-lhe ensinado positivamente como fazer para alcançar
semelhante desiderato? A resposta, por demais sugestiva, é oferecida pelo
estado de incrível desorientação em que hoje ele se encontra. Não lhe foi
ensinado como ser melhor. Os que pretenderam fazê-lo careciam de
conhecimentos capazes de substanciar esse propósito e, na falta disso,
adotaram o sistema de inculcar no semelhante, desde a mais tenra idade,
pensamentos e sugestões incompatíveis com sua razão e sua sensibilidade.
(PECOTCHE, 2012, p. 09-10)

Sendo assim, na perspectiva do autor, a humanidade vem apoiando-se, de forma


generalizada, em um sistema de formação que adota a prática de inculcar ideias para fins de
controle e submissão com vistas ao ensino da "moral", mas que, em verdade, vem fazendo das
"mentes humanas moldes rígidos, destinados à recepção cega de um saber quimérico4"

4
Quimera (s.f.): fig. produto da imaginação, sem possibilidade de realizar-se; absurdo, fantasia, utopia
(Dicionário de Português Oxford Unity Press). Segundo o autor, o “quimérico” é constituído por toda uma gama
de objetos mentais (conhecimentos, pensamentos, conceitos, etc.) que, através de imposição de crenças cegas,
levam à alienação do indivíduo das questões que lhe conferem autonomia e liberdade interior, como a própria
constituição de indivíduo, a qualidade da existência que o rodeia, sua capacidade de melhoramento, etc. O autor
coloca entre eles dogmas religiosos, crenças obscurantistas, ideologias alienantes e mistificações de todo tipo.
(PECOTCHE, 2012, p. 10-11). Sempre se buscou, ele afirma, produzir mentes que aceitassem
o fácil, o ilusório e sedutor, com a finalidade de "facilitar a conquista de adeptos para uma ou
outra seita religiosa, [...] tendência filosófica ou ideológica extremista, nas quais o ser depois
fica enjaulado atrás das grades dos inúmeros preconceitos que a credulidade infunde"
(PECOTCHE, 2012, p. 10).

O saber real, em oposição a este falso saber, seria, então, aquele que "não endurece a
mente, não a fanatiza nem a submete a farsas dogmáticas; ao contrário, propicia as
manifestações do livre-arbítrio e desperta a consciência individual" (PECOTCHE, 2012, p. 10).
Dessa forma, conforme ensina Pecotche, apenas pode ser denominado um verdadeiro saber
aquele conhecimento capaz de libertar as mentes, contribuindo para uma conformação que
possibilite o aperfeiçoamento humano e o cumprimento de suas elevadas prerrogativas. Tendo
isso em vista, de sua parte o autor declara como

[...] inoperantes e sem consistência os métodos ensaiados até aqui com vistas
ao aperfeiçoamento humano, por não conterem os conhecimentos básicos
sobre a estruturação mental, psicológica e espiritual que caracteriza cada
indivíduo, nem tampouco o domínio dos fatores que governam a vida interna.
(PECOTCHE, 2012, p. 10-11)

Ademais, o autor denuncia, ainda, em seus pronunciamentos, o foco eminentemente


externo e materialista da pedagogia correntemente aplicada à juventude, ao mesmo tempo que
reprova a escassa dedicação à preparação para o conhecimento, a utilização e o domínio das
forças internas, que representam, para ele, o papel mais importante na condução consciente da
vida:

De tudo isso se depreende que a preparação da juventude requer, como tantas


vezes já assinalamos, e não deixaremos de repetir, algo mais que a simples
cultura escolar e universitária. Requer ser preparada à margem dessa
instrução rotineira, da qual se encarrega a pedagogia comum; requer ser
preparada, repetimos, para as altas funções da vida superior, seja no campo
da política, da ciência, da filosofia, da docência, etc., e ainda nas artes, na
literatura ou na oratória. (PECOTCHE, 2018, p. 155)

Foi com vistas a contribuir para suprir esta lacuna fundamental da formação humana
que González Pecotche criou a preceptiva logosófica, fundamentada na didática de seu método,
e instituiu uma pedagogia própria que começa a ter efeito nos indivíduos adultos que se
propõem a cultivar em si os pensamentos dessa ciência. Nesse sentido, a Pedagogia Logosófica
vai muito além de um método ou de uma série de recursos passíveis de serem memorizados e
mecanicamente aplicados, configurando, na verdade, uma nova forma de entrar em contato e
relacionar-se com os conhecimentos, visando que estes não apenas permaneçam na superfície
da mente como uma ilustração, mas sejam de fato incorporados à consciência de quem os
pratica, possibilitando, nesses indivíduos, favoráveis transformações das mais diversas
naturezas5.

Tal forma de relacionar-se com o conhecimento implica, pois, que qualquer


conhecimento — seja de natureza material ou transcendente — com o qual o sujeito entre em
contato precise ser praticado internamente e incorporado à vida para tornar-se um verdadeiro
saber, do contrário resultará em mera ilustração intelectual6, ou seja, carecerá de potência para
propiciar maiores transformações positivas no próprio indivíduo ou no âmbito coletivo. Isso é
especialmente importante ao considerar-se os conhecimentos de natureza transcendente.

Destarte, o contato consciente com o conhecimento, e sua subsequente assimilação,


devem ser vistas como partes fundamentais do caminho para a estruturação e desenvolvimento
saudável dos sujeitos. Sendo assim, mais importante que o resultado em si, é fundamental que
todo processo de compreensão e investigação seja, também, um aprendizado que revele algo
mais sobre o conhecimento de si mesmo.

Desse modo, a Pedagogia Logosófica parte de um ensino de aspectos cognoscitivos


profundos, sendo direcionada, portanto, a todas as faixas etárias por ser ela a "forma" como o
indivíduo deve ensinar a si mesmo. Além disso, instrui aqueles que o praticam também na arte
de ensinar a buscar o verdadeiro saber almejado.

Não obstante essa indistinção etária, ressalta-se que a Pedagogia Logosófica ocupa-se
especialmente da infância, pois a mente das crianças, ainda não afetadas pela "psiqueálise"7 –
"paralisação de uma zona mental, afetada por preconceitos dogmáticos" (PECOTCHE, 2017-
a, p. 58) – deve ser protegida do contato direto e indireto de tudo que possa obstruir o pleno

5
Ao apontar os "Resultados da realização logosófica nos aspectos mais proeminentes da vida humana"
(PECOTCHE, 2017-a, p. 73), o autor menciona resultados "No individual", "No psicológico", "No moral", "No
espiritual", "Na família", "No social" e "No econômico", e, em seguida, apresenta também os "Efeitos da
Logosofia sobre o temperamento humano"(PECOTCHE, 2017-a, p. 93) indicando seus inúmeros benefícios.
6
"Muitos leitores de obras logosóficas, inclusive os que receberam alguma informação eventual sobre a nova
ciência, formulam a seguinte pergunta: Como se estuda e como se pratica a Logosófica? Sabemos muito bem que
esta pergunta surge como consequência de haver tropeçado, quem toma em suas mãos algum de nossos livros,
com dificuldades para compreender a fundo o conteúdo dos ensinamentos. Suas dificuldades se produzem pela
generalizada tendência a realizar estudos de um ponto de vista meramente teórico. Os tópicos são
memorizados e tratados como um aporte a mais para a ilustração e cultura, mas sem que esse estudo
constitua uma contribuição real para o conhecimento de si mesmo." (PECOTCHE, 2017-a, p. 15, grifos
nossos)
7
"A Logosofia [...] declara que é precisamente na mente das crianças onde se produz a psiqueálise, ou seja, a
paralisação de uma zona mental que altera a faculdade de entender, que é, justamente, a que o homem deve usar
para discernir a respeito do delicadíssimo problema de sua inibição espiritual." (PECOTCHE, 2017-a, p. 58)
funcionamento necessário à compreensão de suas amplas prerrogativas. Assim, segundo
Pecotche, é na infância onde se estruturam as bases psicossociais para a operação de maiores
mudanças positivas na sociedade a partir do próprio indivíduo. Para tal fim, pois, a Pedagogia
Logosófica apresenta princípios capazes de nortear a condução consciente de quem pratica a
Logosofia e que devem, posteriormente, ser ensinados às crianças em todo seu processo de
formação.

5. Ferramentas para a liberdade: a Pedagogia Logosófica

5.1. Reflexões sobre a Liberdade

A realização da plena liberdade é tema que há tempos gera inquietude e discussão entre
os pensadores de todo o mundo, cujos estudos, observações e reflexões buscam descrever e
materializar o significado deste valor fundamental da vida humana. O conceito de liberdade
individual, levando-se em conta suas diversas facetas, sempre aparece em íntima relação com
a possibilidade de o sujeito mover-se segundo sua própria vontade, de ir e vir conforme queira,
de decidir sobre si e sobre seus bens, além de expressar suas ideias e opiniões sem censura de
qualquer natureza; nesse sentido, os Estados Democráticos visam assegurar, através de suas
legislações e políticas públicas, a concretização de tal direito. Entretanto, González Pecotche
observou que a garantia legal da liberdade, embora fundamental, não é suficiente para
assegurar seu pleno exercício, visto que há fatores internos que, se ignorados, cerceiam as
possibilidades humanas tanto ou mais que as opressões observadas na sociedade.

Assim, em sua obra, o autor promove reflexões sobre situações que ilustram a ausência
de uma total possibilidade de conduzir livremente as próprias atuações, indicando, dentre elas,
os momentos em que se atua “sem querer”, e, através das palavras, se ofende uma pessoa
querida, arrependendo-se no momento imediatamente posterior; ou então, as situações em que
o indivíduo se compromete a realizar algo para si ou para terceiros e, apesar do senso de
responsabilidade, procrastina até o último momento, acabando por fazer às pressas, ou — para
a própria decepção —, tendo que reconhecer que não foi possível realizar algo para o qual é
plenamente capaz; e, ainda, quando chega ao ponto de afirmar que “pau que nasce torto morre
torto” (PECOTCHE, 2012, p. 14), tamanha a dificuldade de mudar características pessoais das
quais não se admira, mas que, se realmente fosse livre para decidir, com certeza eliminaria.
Diante de tais circunstâncias presentes, com maior ou menor frequência, na vida de todas as
pessoas, é possível afirmar que estas não dispõem do pleno domínio de sua vontade e de seu
livre arbítrio, mesmo que estes sejam externamente garantidos.

Em todas essas situações, e em tantas outras, embora disponha da mais plena liberdade
física para mover-se, para ir e vir, a incapacidade que o sujeito experimenta frente a sua própria
limitação interna o faz sentir-se no mais profundo cárcere. Algo o impede de realizar o que
mais deseja, seja tratar com respeito a si e aos próximos, honrar compromissos consigo mesmo
e com outros, ou realizar mudanças em prol da própria felicidade.

Diante de tal quadro, González Pecotche debruçou-se sobre as causas da opressão


interna que afirmou ser a mais grave de todas, por privar o ser humano de seu livre arbítrio —
que seria sua liberdade de ser pensante, a faculdade de pensar independentemente e resguardar
a própria individualidade em meio às imposições massificantes. A seu ver, o exemplo dos
pensadores que produziram grandes obras e ideias enquanto isolados em exílio ou em detenção,
inspirando gerações posteriormente, é profundamente ilustrativo sobre essa condição, uma vez
que mostra como a liberdade mental, quando praticada, exerce-se com amplo proveito mesmo
quando a liberdade física é revogada. Em contraste, Pecotche também observa aqueles que,
apesar de usufruírem de plena liberdade física, seguem acorrentados a erros, crenças e
preconceitos que limitam suas funções de pensar e sentir e, consequentemente, suas
possibilidades de atuação positiva no mundo.

Dessa forma, se a falta de liberdade experimentada pelas pessoas apresenta


consequências de natureza física, possui, segundo o autor, causas objetivas de natureza
metafísica8, sendo possível, portanto, ao ser humano ser capacitado não apenas para conhecê-
las, mas também para atuar conscientemente sobre elas e, dominando-as, mudar sua conduta,
sua vida e seu destino. Foi com vistas a proporcionar uma realização de tal envergadura que
González Pecotche criou o método de aplicação prática dos conhecimentos sobre a realidade
interna que ele buscou revelar em sua obra.

O autor ressalta que, quanto mais rígida a mente e a psicologia do sujeito se encontram
em função da repetição dos caminhos mentais equivocados realizados ao longo da vida, mais

8
Metafísica/metafísico: (adj.) que transcende a natureza física das coisas (Dicionário Oxford Unity Press). O
autor utiliza este termo como sinônimo do que jaz para além da configuração física do ser humano, o que
compreende desde os pensamentos individuais e manifestações psicológicas mais próximas, até os grandes
arquétipos já propostos por Platão ao se referir ao “mundo das ideias”. Pecotche busca, sempre com visão
científica, demonstrar certa objetividade nestes fenômenos que comumente julgam-se serem puramente
subjetivos.
esforço deverá ser empenhado para transformá-la, flexibilizando-a para que possa ser modelada
segundo sua vontade. Com isso em mente, o autor fez conhecer também a Pedagogia
Logosófica de modo a oferecer aos docentes e educadores conhecimentos e recursos capazes
de proporcionar às mentes infantis a possibilidade de se desenvolverem com o máximo de
liberdade, e, concomitantemente, capacitar a criança para, pouco a pouco, assumir as rédeas de
sua própria vida interna.

5.2. O Sistema Mental

González Pecotche afirma que dentre os principais conhecimentos indispensáveis ao


pleno desenvolvimento das aptidões humanas estão "o conhecimento de si mesmo" e "o
conhecimento do mundo mental que rodeia, interpenetra e influi poderosamente" na vida
humana (PECOTCHE, 2017-a, p. 9), e que, embora os psicólogos tenham margeado com suma
habilidade o assunto, quando se trata de penetrar nos conhecimentos do mundo interno é
necessário, "antes de falar dos mundos de nossos semelhantes, [...] penetrar no nosso",
ressaltando que "de seu conhecimento inferiremos o que ocorre no dos demais" (PECOTCHE,
2015, p. 80).

Segundo o autor, portanto, toda a tentativa de pensar sobre a formação de sujeitos, como
ocorre, por exemplo, no caso dos que estão voltados para a área da educação, deverá,
necessariamente partir do pensar a própria formação; toda investigação relacionada à estrutura
psicológica e mental do ser humano, portanto, inicia-se através do conhecimento de si mesmo,
para, posteriormente, ser utilizada na reflexão sobre a formação dos demais. Dessa forma, com
vistas a tornar possível o autoconhecimento de forma científica, passível de ser realizado por
todos e discutido objetivamente, González Pecotche criou um método para o conhecimento,
capacitação e adestramento das aptidões internas. Em sua vasta bibliografia abordou diversos
aspectos da constituição metafísica do ser humano e indicou, como etapa inicial, a
compreensão e observação da estrutura mental individual, destacando-se que

[...] correntemente, confunde-se pensamento com mente, entendimento,


função de pensar, cérebro, razão e até vontade, fazendo de cada um desses
vocábulos um termo comum que os mistura, como se se tratasse de uma só e
mesma coisa. A Logosofia fez uma precisa distinção entre tais termos,
mostrando assim a diferença entre a mente e cada uma das faculdades em suas
respectivas funções (PECOTCHE, 2015, p. 82).

Assim, elevando a mente humana à categoria de "sistema", o autor afirma que o mesmo
encontra-se configurado por duas mentes, "a superior e a inferior, ambas de igual constituição,
mas diferentes em seu funcionamento e em suas prerrogativas" (PECOTCHE, 2013, p. 43),
pois:

A primeira tem possibilidades ilimitadas e está reservada ao espírito9, que


dela faz uso ao despertar a consciência para a realidade que a conecta ao
mundo transcendente ou metafísico. O destino da segunda é atender às
necessidades de ordem material do ente físico ou alma, e em suas atividades
pode intervir a consciência (PECOTCHE, 2013, p. 43).

Possuindo, portanto, exatamente o mesmo mecanismo estrutural, que é constituído por


faculdades principais, como as de "pensar, de raciocinar, de julgar, de intuir, de entender, de
observar, de imaginar, de recordar, de predizer, etc." (PECOTCHE, 2013, p. 44), e acessórias,
"que têm por função discernir, refletir, combinar, conceber, etc." (PECOTCHE, 2013, p. 44),
as duas mentes podem funcionar de forma independente ou combinada, sendo o conjunto de
todas as faculdades mencionadas denominado pelo autor como "inteligência" ou "faculdade
máxima".

Segundo o autor, embora idênticas em sua constituição, as "mentes" cumprem


finalidades distintas na vida humana e dependem de diferentes estímulos para seu pleno
desenvolvimento e funcionamento. Isso porque a "mente inferior ou comum tende em geral
para o conhecido, para o exterior, e, salvo exceções, funciona sem intervenção direta da
consciência" (PECOTCHE, 2013, p. 45), dessa forma, por altos que sejam os níveis que alcance
seu desenvolvimento, suas prerrogativas são limitadas a questões materiais.

Por sua vez, a mente denominada "superior" se organiza em função dos conhecimentos
transcendentes, cuja finalidade essencial é pôr em atividade a consciência. Ressalta-se que o
esclarecimento desses dois vocábulos, "transcendente" e "consciência", é requisito basilar para
compreensão da distinção entre as duas mentes apresentadas por Pecotche, bem como da
natureza e da finalidade dos conhecimentos que o autor considera fundamentais para a
formação de um sujeito verdadeiramente livre. Assim, segundo o autor, a consciência

9
Na concepção de Pecotche, o "espírito" e o "espiritual" aparecem desprovidos de caráter religioso ou
moralizante. Ao contrário, são por ele considerados conceitos objetivos, cuja acepção denota uma dimensão causal
da psique humana, o cerne da própria individualidade que comanda e condiciona os demais mecanismos da
psicologia do ser humano. Isso se evidencia em suas palavras: “As vagas e arbitrárias referências que se tinham
sobre o espírito levaram o homem a considerá-lo quase que uma abstração, algo fora do alcance de sua razão e
sentir. Incorreu, além disso, no erro de admitir como verdades certas hipóteses absurdas, que nada têm a ver com
a essência mesma do espírito e com sua realidade perfeitamente comprovável. […] Para a Logosofia, o espírito
assume o papel mais importante e fundamental: a) no desenvolvimento das aptidões humanas; b) no
funcionamento regular e firme das faculdades da inteligência; c) na proliferação de idéias e pensamentos de alto
valor; d) no enriquecimento da consciência pelo constante aporte de conhecimentos de ordem transcendente; [...]”
(PECOTCHE, 2017-b, p. 68)
[...] é algo mais que uma mera expressão filosófica ou literária. É uma
realidade da qual está alheia a imensa maioria dos seres humanos. E está
alheia porque a ninguém ocorre que, para ser verdadeiramente consciente em
todos os instantes da vida – isto é, quando se pensa, quando não se pensa,
quando se trabalha ou não se faz nada, quando se estuda ou não –, bem como
em todos os movimentos que executamos durante o dia – quando andamos,
nos sentamos, comemos, bebemos, lemos, rimos ou estamos de mau humor –
, é necessário que nossa consciência esteja atenta e nos recorde que, para nos
constituirmos em autênticos donos de nossa vida, devemos fazer dela uma
sucessão de fatos felizes, que aumentem o valor de seu conteúdo. Para isso, é
de todo importante que nada escape ao controle imediato da mesma. Esse
controle é acionado quando nossa faculdade de pensar e nossos pensamentos,
atuando sob a direção inteligente de um grande propósito, como é o de evoluir
conscientemente, não omitem esforço algum para alcançar as alturas do saber
transcendente, que é aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, invulnerabilidade
mental, moral e espiritual. (PECOTCHE, 2017-a, p. 35/36)

Dessa forma, entendemos que o autor denomina o "despertar da consciência" ou o


"princípio consciente" como o momento em que a pessoa, criança ou adulta, adquire
conhecimentos que a permitem observar, atuar e intervir em seu próprio mecanismo interno,
conduzindo-se, a partir de então, progressivamente, segundo sua vontade, seus valores e suas
decisões.

Para ilustrar mais profundamente esse conceito, é importante pensar também sobre o
que González Pecotche diz sobre seu oposto, a “inconsciência”, afirmando tratar-se de um
estado de "flutuação" dos fatos, coisas e pensamentos na "superfície do mundo individual, sem
penetrar em seu interior" (PECOTCHE, 2013, p. 28). Nessas condições, portanto, o indivíduo
se torna vulnerável a influências externas e suscetível a perder a própria capacidade de
conduzir-se com liberdade.

É assim que, dominada a vida pela pressão de ambientes contrários ou pouco


propícios às aspirações internas de superação e aperfeiçoamento, o homem se
deixa levar amiúde por pensamentos que o entretêm em coisas pueris, que a
nada conduzem, salvo a debilitar a vontade e eclipsar a inteligência mediante
a sugestão do fácil e o artifício das aparências, nos múltiplos aspectos de que
se reveste (PECOTCHE, 2013, p. 28).

A debilitação que sofre a vontade e a anulação da própria inteligência decorrentes do


estado de inconsciência se traduzem no que o autor se refere como a fusão do indivíduo à
“massa anônima”, “consumando-se, assim, a perda de sua individualidade.” (PECOTCHE,
2017-a, p. 9) Dito isso, é importante fundamentar que, para González Pecotche, tanto o
processo de inconsciência como o processo de consciência são mediados por pensamentos, os
quais são descritos como agentes causais e fundamentais dos processos da vida humana.
5.2.1. Os Pensamentos

O conceito de pensamentos ocupa um lugar central na Ciência Logosófica e em sua


pedagogia, estando a maioria dos processos iniciais descritos por ela fundamentados na
vigilância, cultivo e manejo inteligente dos mesmos. Essa importância se evidencia na ideia de
que eles representam

[...] entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se


desenvolvem e ainda alcançam vida própria. [...] Tais entidades psicológicas
animadas constituem forças ativas de ordem construtiva a partir do instante
em que ficam subordinadas às diretrizes da inteligência, ou seja, a partir de
quando são submetidas, pelo processo de evolução consciente, a uma rigorosa
fiscalização, que permite dispor delas a serviço exclusivo da inteligência
(PECOTCHE, 2013, p. 55-56).

Sendo assim, sugere-se que, não estando a inteligência ativa em reconhecer e comandar
os pensamentos que sobre ela influem, a vontade do sujeito pode ser comandada por influências
alheias à sua própria volição, produzindo-se, a partir daí, os movimentos inconscientes e a
perda de liberdade, ambos já descritos anteriormente. Consequentemente, o contrário também
é passível de ocorrer: se a inteligência munir-se de conhecimentos que facultem sua libertação
e capacitação, pode-se atuar consciente e livremente.

Transposto este princípio ao âmbito pedagógico, afirma o autor que, quando a criança
é ensinada a distinguir os pensamentos da sua função de pensar, experimenta o que ele
denomina de “princípio consciente”10, possibilitando a esta o exercício da condução de sua
própria mente, através da seleção dos melhores pensamentos e eliminação daqueles que afetam
negativamente sua psicologia (como preconceitos, por exemplo), e, consequentemente, sua
vida.

5.2.2. A Função de Pensar

A concepção logosófica da função de pensar constitui outra das bases metodológicas


da Ciência Logosófica, uma vez que é o que permite a interface entre a mente e os pensamentos.
Configura, pois, uma funcionalidade da mente humana que trabalha sobre pensamentos, com

10
"Precisamente el principio consciente de la enseñanza logosófica radica en eso: En que una vez que el ser
humano sabe discriminar los pensamientos de la función de pensar, en ese momento empieza a funcionar el
principio consciente, ya sea de la criatura o en el mayor, porque es capaz en ese momento de percibir dentro de sí
los movimientos de los pensamientos como entes autónomos que antes dominaban la mente - incluso parecía
como si pensaran […]”. (Trecho extraído de Conferência proferida por Carlos Bernardo González Pecotche às
estudantes membros da comissão docente da Escola Primária Logosófica em 22 de julho de 1961).
capacidades de seleção, atração, coordenação e criação, valendo-se, para tanto, das demais
faculdades mentais como a observação, o entendimento, a razão, a intuição, etc. Em suma, é o
que permitirá ao indivíduo trabalhar sobre seu próprio conteúdo mental, extirpando os
pensamentos que o condicionem a padrões inconscientes e formando pensamentos construtivos
à luz de conhecimentos, elaborando, assim, suas perspectivas conscientes de liberdade. Dessa
forma,

A mente pode criar pensamentos que permanecem dentro dela a serviço do


ser. A prerrogativa de criá-los corresponde – como já dissemos – à faculdade
de pensar, cuja intervenção também permite discernir situações, pronunciar
juízos sensatos, analisar com acerto fatos e palavras, promover
acontecimentos e propiciar toda atividade construtiva. Mediante a referida
faculdade, pode-se efetuar um rigoroso exame dos pensamentos que habitam
a mente e alcançar maior capacidade na sua seleção, pois é ela que ajuda a
distinguir e rechaçar os improdutivos e indesejáveis, bem como a escolher os
que dão seu apoio aos propósitos de superação (PECOTCHE, 2013, p. 63).

Por conseguinte, é compreensível que o cultivo da função de pensar tenha um lugar


proeminente na Pedagogia Logosófica, por constituir um mecanismo intimamente relacionado
à liberdade do indivíduo.

6. Recursos da Pedagogia Logosófica para a formação humana

6.1. O valor do exemplo na educação para a vida

Como é possível verificar do já exposto, a Pedagogia Logosófica não visa simplesmente


pensar mais uma forma de ensino regular dos currículos escolares. Seu objetivo vai além, por
considerar a própria vida – interna e externa – o maior e mais importante objeto de estudo e
aperfeiçoamento com o qual o sujeito terá contato ao longo de seus dias. Considera, portanto,
a ausência de conhecimentos em relação à vida humana, ou seja, a ignorância tanto em relação
à sua estrutura, quanto ao desconhecimento dos processos metafísicos que dela fazem parte, a
causa não apenas da sua falta de liberdade – uma vez que ele fica à mercê dos mais diversos
pensamentos que agem à margem de sua consciência e de sua verdadeira vontade –, mas,
também de toda desorientação, perceptível ante a mais breve observação do panorama psíquico
da humanidade.

Diante de tal fato, Pecotche propôs uma "Educação para a vida", afirmando que

Educar para a vida é considerar, como um de seus fins primordiais, o


aperfeiçoamento de tudo quanto esteja compreendido na existência do ser
humano, promovendo a eliminação das deficiências11 pela correção
consciente dos erros, e despertando nos seres o afã de superação por força da
natural aspiração de servir à humanidade em posições que permitam um
maior e melhor aproveitamento das energias internas, dedicadas a obras de
bem e de profundo sentido humano e espiritual (PECOTCHE, 2014, p. 166).

Os conhecimentos necessários à realização de tal desiderato não são, entretanto, algo


que se possa encontrar em livros simplesmente, pois que eles serão assimilados, um a um, a
partir do próprio processo de aperfeiçoamento. Dessa forma, somente através da
experimentação, em si mesmo, de cada um dos objetivos exprimidos, bem como do estudo
minucioso de cada um deles, é que o docente capacitar-se-á, progressivamente, para refletir
sobre como poderá oferecê-lo aos demais, isso porque:

Ao dar a conhecer seus ensinamentos, a Logosofia deixa claro que existe uma
imensidão desconhecida para o homem, na qual ele deve penetrar. Dá a
conhecer, além disso, que enquanto se interna nessa imensidão, que é a
Sabedoria, isto é, enquanto aprende, pode também ensinar. Porque a arte de
ensinar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo, ou, dito de
outro modo, enquanto por um lado o ser aprende, por outro, aplica esse
conhecimento a si mesmo e, ensinando a si mesmo, saberá depois como
ensinar aos demais com eficiência (PECOTCHE, 2019, p. 260, grifo nosso).

Tendo isso em vista, Pecotche alerta para o fato de que "todo ensinamento moral não
avalizado pelo exemplo de quem o dita, atua em sentido contrário na alma de quem o recebe"
(PECOTCHE, 2017-a, p. 78), o que, em síntese, significa que é preciso ser bom para ensinar a
ser bom, pois, da mesma forma que não poderá o analfabeto introduzir a outrem no mundo
letrado, não poderá o ignorante de si ensinar o conhecimento de si mesmo aos demais. O
próprio exemplo daquele que ensina é, portanto, um dos mais importantes recursos desta
pedagogia.

Isto posto, apenas se poderá ensinar o que se sabe sobre os conhecimentos


transcendentes – ou seja, aqueles que guiam para o aperfeiçoamento –, se, ao fazê-lo, "for
refletida, como uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com seu próprio
exemplo" (PECOTCHE, 2019, p. 260) e é exatamente nesse ponto que a arte de ensinar se
torna difícil,

[...] porque não se trata de transmitir um ensinamento ou mostrar que se sabe


isto ou aquilo; quem assim fizesse se converteria em um simples repetidor do
ensinamento, em um autômato, e seu trabalho careceria de toda eficácia.

11
"A Logosofia chama assim ao pensamento negativo que, enquistado na mente, exerce forte pressão sobre a
vontade do indivíduo, induzindo-o de modo contínuo a satisfazer seu insaciável apetite psíquico. É o pensamento
tipicamente dominante ou obsessivo, que, ao mesmo tempo que cumpre uma função totalmente prejudicial, tem
tanta influência na vida do ser humano e se evidencia de tal maneira que este é apelidado por seus semelhantes
com o nome do pensamento-deficiência que o caracteriza. Por isso mesmo é que, em alguns casos, o indivíduo é
chamado de vaidoso, rancoroso, egoísta, teimoso, intolerante e, em outros, de presunçoso, hipócri- ta, fátuo,
intrometido, obstinado, néscio, etc." (PECOTCHE, 2012, p. 17)
Outra coisa é quando, por meio da palavra de quem ensina, coincidente com
seus atos, vão se descobrindo qualidades relevantes; e outra coisa é também
quando se vai manifestando a capacidade de assimilação naquele que escuta
e aprende; então, quem aprende, aprende de verdade, e quem ensina, ensina
conscientemente (PECOTCHE, 2019, p. 260-261).

Dessa forma, um ensinamento pode ser transmitido bem ou mal por quem o ensina,
mas, no caso de fazê-lo mal, isso não implica má intenção ou má vontade, pois segundo
Pecotche, "comumente é transmitido de forma errônea por não ter sido bem entendido, vivido
e incorporado a si mesmo" (PECOTCHE, 2019, p. 261). O ensinamento não incorporado à vida
não se torna conhecimento próprio de quem com ele teve contato, permanecendo apenas em
teoria na superfície da consciência, e, embora se possa falar dele, não é possível praticá-lo com
a naturalidade que o exemplo diário exige para o docente determinado a ensiná-lo.

A tarefa de incorporar os ensinamentos transcendentes à vida "não é fácil nem


tampouco difícil" (PECOTCHE, 2013, p. 110), pois depende, principalmente, da firme decisão
de realizar um processo consciente de evolução com vistas a despertar a consciência para a
realidade interna individual e percorrer o caminho do aperfeiçoamento consciente:

Esse processo ou caminho excepcional, traçado pela Logosofia, percorre-se


em virtude do método que lhe é próprio. Sua sólida e reta construção tem sido
posta à prova durante anos de incessante e esforçado trabalho, e é um caminho
aberto a todos, sem exceção, ainda que por ele não possam marchar os que
pretendam levar sobre os ombros o peso de seus preconceitos, de suas
crenças ou de suas dúvidas (PECOTCHE, 2013, p. 18).

6.2. O despertar para a própria realidade interna: a mente e os pensamentos

Quando do momento do seu nascimento, cada sujeito abre seus olhos ao mundo físico
e busca, pouco a pouco, compreender o que existe nele. Identifica sua mãe, seu pai, irmãos e
irmãs, conhece seus brinquedos, sua casa, seus parentes. Através das experiências da vida,
conhece a natureza, o céu e o mar, explora os limites do seu próprio corpo e conhece os perigos
que o mundo oferece, classificando-os, segundo a orientação dos maiores, como "bons" e
"maus", "seguros" ou "perigosos".

A Pedagogia Logosófica vem apresentar mais uma faceta à vida da criança que, ao
nascer, tem a oportunidade de não apenas conhecer a realidade externa a si, material que a
rodeia fisicamente, mas, também, a de ser apresentada de forma prática e objetiva à sua própria
psicologia, que, desde o instante de seu nascimento — em verdade, desde a sua gestação — é
afetada por estímulos da mesma natureza psíquica, fatores preponderantes — e muitas vezes
negligenciados — na vida individual e coletiva de todas as pessoas. O rol dos objetos psíquicos
que atuam sobre a vida dos indivíduos — quais sejam, estímulos, pensamentos, ideias,
sentimentos, paixões, emoções e impulsos etc. — constitui, com efeito, um "outro mundo", um
mundo psíquico onde cada um deles tem atuação, causa e efeito, não como algo imaginário ou
distante, mas sim como algo tão presente e intrínseco à realidade humana, que praticamente
passa despercebido à maior parte das pessoas, sendo enormes os esforços necessários aos
estudiosos da vida e das culturas humanas para qualificá-lo.

Esta pedagogia, portanto, dirige-se à criança desde a mais tenra idade para dar-lhe a
conhecer sua própria vida interna, para que possa reconhecer suas tendências e aptidões, bem
como aprender a defender-se de tudo que possa afetar-lhe negativamente, constituindo, assim,
um fator de grande autonomia na própria autorregulação e desenvolvimento, que corrobora,
por fim, com os esforços dos educadores. Vale-se, para tanto, de analogias e imagens que,
naturais e adequadas à sensibilidade infantil, ilustram à criança sobre o que ela deve observar
em seu mundo interno, para que possa surpreendê-lo e descobri-lo ao longo de seu crescimento
e de suas experiências, exatamente como faz com o mundo exterior.

A primeira imagem analógica que os docentes apresentam aos pequenos para ilustrar-
lhes sobre a existência e funcionamento da mente, é que estes possuem dentro de si uma "Casa
Mental" individual, na qual, à maneira como ocorre na casa de cada um, moram os
pensamentos, habitantes internos que nos movem a pensar e agir conforme suas naturezas:

A maior preocupação que deve sustentar hoje quem estuda Logosofia é a de


como manter sua mente ágil em todos os momentos e sempre dona de si
mesma. Terá início, então – como disse –, o grande processo com a mente
feita consciência, isto é, com seus novos pensamentos em aberta luta contra
os antigos donos da casa mental.
Advirto que desprender-se desses pensamentos é uma tarefa muito difícil. Os
hóspedes mentais se agarram às portas da casa mental, às janelas e a tudo
quanto há dentro e fora dela, devendo-se retirá-los com grande dificuldade. É
preciso, portanto, providenciar seu total desalojamento porque, se algo deles
permanecer dentro, crescerão outros pensamentos. Ocorre, às vezes, que,
quando alguém quer desalojar esses intrusos, acaba ele mesmo ficando fora,
por estar fora de si. A quem gosta de enfrentar esta luta, a Logosofia oferece
a oportunidade (PECOTCHE, 2019, p. 309-310).

Tal analogia é facilmente compreendida e experimentada pela criança como realidade,


e, pouco a pouco, conforme for ilustrada sobre a natureza dos pensamentos, ela se tornará dona
e senhora deste pequeno mundo que, em outras circunstâncias, estaria deixado ao acaso e ao
mais completo abandono.
Para evitar grandes desafios na fase adulta — em função da longa reiteração dos seus
erros —, a criança deverá aprender com seus docentes a forma de cuidar de sua casa mental,
de modo a impedir que pensamentos negativos — e até perigosos — a invadam e atuem nela
de forma indesejada.

A efeito de exemplo, tomemos o pensamento denominado pelo autor como "egoísmo"


(PECOTCHE, 2012, p. 107) e apontado por ele como elemento inseparável do cotidiano e das
relações humanas, caracterizado como “[...] uma deficiência intimamente relacionada com o
instinto de conservação, despertado no indivíduo por imperiosa necessidade da vida.”
(PECOTCHE, 2012, p. 107) e “produto inveterado do instinto [de conservação], último dos
moirões humanos afins com a animalidade [...]” (PECOTCHE, 2012, p. 107).

Tal pensamento manifesta-se, pois, como uma versão desfigurada do impulso


primordial de sobreviver, acumulando o que há de valioso para si, em detrimento dos demais.
Quando, entretanto, esse pensamento ganha lugar na mente, o “desejo de possuir” assume
outras formas mais adaptadas à sociedade atual:

Se cada um vigiasse seus pensamentos com o propósito de verificar se está


livre desta deficiência, é quase certo que surpreenderia pelo menos algum
vestígio dela, pois poucos são os que não levam consigo alguma partícula
egoísta. Encontrando-se numa festa, por exemplo, poderá cada qual
identificá-la no desejo ambicioso que acaso experimente de ser o mais
admirado, ou o que mais se destaque; ou talvez a veja presente em outro
momento da vida, ao sentir dentro de si a força que se opõe a algum gesto
desinteressado, ou ao conter a tempo, no caso de se achar diante de uma
apetitosa mesa, o impulso de escolher o melhor bocado (PECOTCHE, 2012,
p. 109).

Apesar de parecer uma manifestação inofensiva da natureza humana, o autor aponta


que o egoísmo “corrói os sentimentos. Quando estes e a sensibilidade se acham afetados por
ela, de fato se produz no egoísta uma anormalidade, um desequilíbrio, uma multiplicação de
desejos que jamais se satisfazem, ou só se satisfazem em parte” (PECOTCHE, 2012, p. 109).
Dessa forma, caracteriza a grande experiência da nossa sociedade, em que consumismo e
fetichismo são formas de manter os indivíduos atados a seu sistema produtivo. Entretanto, para
ilustrar o perigo que o crescimento de um pensamento como esse representa, pensemos no
exemplo de governantes que presidem países com os próprios interesses acima da demanda da
nação, devastando territórios, e suas populações, para satisfazer essa miríade de desejos
pessoais.
Assim, por exemplo, para a criança que aprende a perceber os próprios pensamentos,
será fácil associar a seu incipiente egoísmo a imagem de um rei despótico e glutão, que deseja
tudo para si, destacando, pois, com maior precisão o pensamento e o conjunto de
comportamentos que a criança poderá observar e controlar.

Como já mencionado, para a Logosofia o espírito12 é o cerne da individualidade e


assume papel fundamental no desenvolvimento das aptidões humanas, no funcionamento
regular e firme das faculdades da inteligência, bem como na proliferação de ideias e
pensamentos de alto valor para a vida. Dessa forma, promover o desenvolvimento pleno desta
parte constitutiva da estrutura metafísica13 do ser humano, a partir da liberação de todos os
elementos capazes que oprimir e coartar sua atuação na vida do ser a quem anima, conforma
uma parte fundamental do conhecimento de si mesmo segundo o método logosófico, por ser
necessária à realização das elevadas prerrogativas humanas.

Com a finalidade de facilitar a observação dos pensamentos que massivamente


prejudicam os indivíduos, o autor escreveu o livro “Deficiências e Propensões do Ser Humano”
(2012), direcionado — por sua estrutura e linguagem — aos adultos interessados em investigar
as "causas determinantes da incapacidade e impotência dos esforços humanos na procura do
despertar consciente nas altas esferas do espírito" (PECOTCHE, 2012, p. 09), e, para auxiliar
a explicação de tais fatores às crianças, escreveu também o livro “Minha Casa Mental” (1972),
que foi publicado postumamente:

MI CASA MENTAL no constituye sólo un mero entretenimiento. Responde


a un propósito recreativo y formativo a la vez, orientado hacia el
desenvolvimiento gradual de la vida consciente. Sus relatos describen hechos
reales, a través de los cuales el niño aprende a ver los pensamientos como
huéspedes mentales, huéspedes con vida propia, que no actúan al azar sino en
función de estímulos directos, internos y externos. Así es como se habitúa a
captar sus impulsos y a ejercitar su entendimiento en el análisis de las causas
que los motivan (PECOTCHE, 1972, p. 03).

Esse exercício, realizado em princípio quase como uma brincadeira que se incorpora
naturalmente ao dia a dia da criança, trata-se, em verdade, de uma introdução e um ensaio de
uma importantíssima etapa da realização do método logosófico que, depois, o sujeito haverá
de realizar conscientemente ao longo de toda a sua vida: o processo de "observação",
"individualização", "classificação e seleção de pensamentos", bem como a prática da

12
Ver nota nº 8.
13
Ver nota nº 7.
"disciplina mental", "que tem por objetivo assinalar tudo quanto se relaciona com a atividade
do sistema mental" (PECOTCHE, 2013, p. 58-61).

Concomitantemente ao exercício de identificar os pensamentos, caberá à criança


perceber, com o auxílio dos adultos, as flutuações e efeitos que cada um deles promove em sua
mente, refletindo-se na sua conduta. Assim, os momentos de agitação, sofrimento, ira, alegria
e serenidade, passarão a ser oportunidades de observação dos pensamentos que lhes dão causa.
O recurso pedagógico a ser aplicado aqui considera que a criança deve ser sempre convidada
a observar a si mesma, ora através de seus olhos internos, ora quando for oportuno, com o
auxílio dos olhos externos, em frente a um espelho, por exemplo, quando, enxergando-se com
os olhos brilhantes de alegria ou com a face vermelha e manchada pelas lágrimas, poderá
perceber se quem está conduzindo seu pensar e agir são pensamentos e sentimentos que ela
tem buscado acolher com felicidade em sua pequena casa, ou aqueles malignos dos quais
precisa se defender.

Todo esforço da Pedagogia Logosófica ocorrerá no sentido de que as crianças sejam


capacitadas a cultivar os melhores pensamentos como quem planta sua própria felicidade,
removendo, de seu pequeno terreno mental toda erva daninha ou fera que possa prejudicar sua
boa colheita:

A Logosofia revela que, durante essa primeira idade, as possibilidades


humanas são assombrosamente fecundas para o desenvolvimento natural da
vida consciente, com todas as prerrogativas que a evolução lhe abre no curso
de sua existência. A mente da criança é terra virgem e fértil. Constitui, pois,
não só uma necessidade, mas também uma obrigação moral e racional
inevitável, contribuir para que germinem, nos pequenos mas fecundos
campos mentais da criança, sementes ótimas, sementes que contenham em
possibilidade de manifestação os recursos de que a inteligência do homem
necessita para emancipar-se de toda pressão estranha a seu pensar e sentir, e
vencer as dificuldades que há de enfrentar no curso da vida (PECOTCHE,
2017-b, p. 90-91).

7. Diálogos para a liberdade: uma convergência entre o ideal freireano e a Pedagogia


Logosófica

Pecotche orienta que, ao se investigar um tema sobre o qual há interesse, é fundamental


a realização de um posterior "intercâmbio de pontos de vista" com outros que possuam
interesse comum, com o objetivo de somar os "esforços tendentes a descobrir o elemento que
é mister achar para se chegar à compreensão que se busca" (PECOTCHE, 2017-a, p. 22). Ao
propor, nesse sentido, um diálogo entre Paulo Freire e Pecotche, é possível constatar que há,
entre suas obras, um encontro essencial, que surge, a nosso ver, tanto em função da
contemporaneidade e do espaço compartilhado de uma América Latina em luta contra governos
ditatoriais e opostos à toda expressão de liberdade, como do amplo objetivo por eles almejado,
qual seja, o de contribuir para a construção de uma sociedade mais consciente, justa e solidária.
Para alcançar tal finalidade, ambos os autores afirmam ser necessárias mudanças fundamentais
na formação dos sujeitos e propõem, assim, uma educação baseada em conceitos e práticas
libertadoras que possibilitem aos seres humanos o cumprimento de suas amplas prerrogativas.

7.1. Um encontro essencial: liberdade, opressão e formação

Em sua vasta bibliografia fica evidente que Paulo Freire propõe a construção de uma
educação que transcenda a função utilitária que recebe da concepção neoliberal, propondo um
meio para formar sujeitos livres para pensar a si mesmos e o mundo de forma crítica, reflexiva
e consciente. Por sua vez, em sua literatura, Pecotche preconiza uma profunda investigação da
natureza humana e de seus recursos, através de um método que ensina cada sujeito a conhecer-
se enquanto, concomitantemente, nutre sua consciência de conhecimentos capazes de libertá-
lo de influências opressoras e limitantes, visando, assim, a busca pela felicidade individual e
coletiva.

O combate a toda forma de opressão é foco central tanto na Pedagogia Logosófica como
na pedagogia crítico-humanizadora de Paulo Freire, de forma que, para ambas, a liberdade só
pode ser considerada um valor plenamente exercido quando tem sua origem na libertação
interior do indivíduo, decorrente do livre pensar e sentir. Nesse sentido, Paulo Freire concebe
a categoria do "pensar certo" como um horizonte de uma nova educação, que "[...] requer a
formação de um novo ser humano através da luta por libertação de tudo o que caracteriza
e mantém a opressão [...]" (STRECK; REDIN; ZITKOSKI, 2010, p. 312, grifos nossos)

Pecotche, de forma dialógica, traz uma nova faceta ao que se pode compreender como
"fatores de opressão", apresentando o conceito de pensamentos como entidades autônomas
que, quando provenientes de uma cultura opressora, governam as mentes de forma despótica,
limitando e, por vezes, impedindo, o exercício do livre-arbítrio. O aprofundamento na
investigação dos recursos e dos personagens que configuram a vida interna individual,
possibilita ao sujeito, pouco a pouco, conscientizar-se das causas de suas condutas e atitudes e,
consequentemente, das causas de condutas e atitudes de seus semelhantes, abrindo para ele a
possibilidade de intervir com mais segurança sobre si, sobre o mundo e sobre a educação,
colocando-se, portanto, de forma mais crítica e construtiva.

7.2. Novas perspectivas para concretizar o “pensar certo”

Tais descobertas abrem novas possibilidades em relação à concretização do "pensar


certo" que ocupa lugar central na pedagogia de Paulo Freire, já que favorecem a consolidação,
na conduta, dos ideais humanistas que, embora inspirem esperança e convicções em muitos
professores e professoras, não são de fácil realização, uma vez que os pensamentos
provenientes da cultura opressora, violenta e desigual na qual estão inseridos, valendo-se do
desconhecimento de seus hospedeiros, acabam por se sobrepor à sua verdadeira vontade e
nobres inspirações de realização de uma educação libertária, gerando muitas vezes condutas
contraditórias por parte destes docentes.

7.3. O valor do exemplo: a "corporeificação" didática das palavras

Tal como ocorre na perspectiva Logosófica, para Freire "ensinar exige a


corporeificação das palavras pelo exemplo" (FREIRE, 1996, p. 16), de forma que a coerência
entre a fala e a conduta é base estrutural da prática docente que, ao negar a "fórmula farisaica
do "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço", ressalta que "quem pensa certo está
cansado de saber que as palavras a que falta corporeidade do exemplo pouco ou quase nada
valem", pois, "pensar certo é fazer certo" (FREIRE, 1996, p. 16).

7.4. O processo de aperfeiçoamento do educador: a consciência do inacabamento

É importante salientar, ainda, que o docente exigir de si mesmo uma coerência na


própria atuação não pressupõe, de forma alguma, a negação do erro ou a impossibilidade de
este ter suas próprias dúvidas, visto que isso implicaria o professor ou professora ver-se como
sujeito acabado, o que destoa completamente das visões pedagógicas aqui analisadas. O
reconhecimento do próprio "inacabamento" e do fato de que "quem ensina aprende ao ensinar
e quem aprende ensina ao aprender" (FREIRE, 1996, p. 12), trata-se de fator fundamental para
que se faça da "reflexão crítica sobre a prática" uma constante no processo docente. Assim,
"ensinar exige consciência do inacabamento" (FREIRE, 1996, p. 21) que, segundo Freire, é
algo próprio da experiência vital, pois, "onde há vida há inacabamento" (FREIRE, 1996, p. 22).
Encontrando-se em formação, resta evidente que falar de "ensinar" não implica ao
professor mera transferência do conhecimento, mas, sim, a criação das possibilidades para sua
própria produção ou sua construção, tendo em mente que

Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a
indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, à suas inibições; um ser
crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não
a de transferir conhecimento. [...] Ensinar não é transferir conhecimento [...]
nas suas razões de ser — ontológica, política, ética, epistemológica,
pedagógica, mas também precisa ser constantemente testemunhado, vivido
(FREIRE, 1996, p. 21).

"É na inconclusão do ser, que sabe como tal, que se funda a educação como processo
permanente" (FREIRE, 1996, p. 24) e é a consciência de que se encontra em constante processo
de aprendizado que permite à professora ou ao professor manter a flexibilidade mental
necessária para aprender sempre. Segundo Pecotche, o cuidado com a flexibilidade da mente
mantém afastadas deficiências psicológicas como a rigidez (PECOTCHE, 2012, p. 155), a
teimosia (PECOTCHE, 2012, p. 138), a obstinação (PECOTCHE, 2012, p. 49) e a veemência
(PECOTCHE, 2012, p. 129), que aprisionam e entrincheiram os sujeitos em seus próprios
juízos, opondo resistência a todo processo de aprendizado e aperfeiçoamento.

7.5. A pergunta, ponte entre o sujeito e o conhecimento

A tendência de "transmitir" conhecimentos é desenvolvida a partir da própria


experiência limitada com eles, razão pela qual é fundamental, àquele que ensina, pôr fim ao
ciclo vicioso referente à "castração da curiosidade" (FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 24) do qual
fez parte até então. Para tanto, Freire e Pecotche ressaltam a importância do estímulo à
curiosidade crítica, através do respeito às perguntas das crianças, rompendo com o que o
primeiro afirma ser um movimento unilinear no qual a pergunta vai da criança ao adulto que a
responde de forma definitiva e põe fim à toda inquietação sem que a criança precise fazer
qualquer esforço.

Freire considera a pergunta um "jogo intelectual" que deve ser estimulado pelos
educadores, de forma que possam, na prática, ir criando com os alunos o hábito, como virtude,
de perguntar, de "espantar-se" (FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 24). O "espanto" com o mundo
e com a vida, os questionamentos que dele surgem, são o que move a criança intelectualmente,
fazendo sua mente buscar respostas que satisfaçam sua compreensão de forma lógica e
sensível. Esse movimento didático de interiorização, em busca de respostas para o
desconhecido, ajuda, desde a infância a romper o padrão mental inercial da mente inferior, que,
conforme já dito, "tende em geral para o conhecido, para o exterior, e, salvo exceções, funciona
sem intervenção direta da consciência" (PECOTCHE, 2013, p. 45).

Nesse sentido, Pecotche orienta que, quando for oportuno, o adulto ao invés de
responder diretamente à pergunta feita, ofereça à criança uma "repergunta" com a intenção de
estimular o movimento das suas faculdades mentais, pois "a pergunta sempre faz com que a
criança tenha de pensar para responder."14 Da mesma forma, Freire (2006, p. 103) pontua que

A pergunta, nesse sentido, é indispensável ao processo educativo, não como


objeto de respostas do professor, mas na qualidade de codificação da
realidade que constitui novo elemento mediador entre sujeitos que se propõe
a conhecer. Perguntas que se colocam como desafios dentro da situação
gnosiológica surgem em ambiente de liberdade e de criatividade. Na
educação bancária, prática educativa que coíbe a curiosidade e teme a
manifestação das perguntas, o educador age como narrador de conteúdos,
doador de respostas previamente elaboradas e prontas para ser memorizadas,
dificultando o pensar certo, autêntico e crítico do educando. O pensar crítico
qualifica a pergunta como meio de transformar a realidade [...]”.

Conclui-se, dessa forma, que as visões de Freire e Pecotche caminham juntas a um


destino comum, considerando a transformação dos sujeitos para uma existência mais reflexiva,
pensante e ativa, cuja consequência natural é o questionamento de tudo aquilo que oprime o
ser humano e a busca por colaborar para a construção de uma humanidade mais livre e feliz.

8. Considerações finais

Este relatório de pesquisa compreende o resultado de um desafiador exercício de


organizar, de forma fácil à compreensão, alguns elementos e conceitos centrais da Logosofia e
da Pedagogia Logosófica. Iniciou-se com uma breve elucidação histórica sobre a Pedagogia
Logosófica e seu autor, de modo a contextualizar sua criação. Para tal fim, foram utilizados
documentos compilados e publicados pelo Arquivo Histórico da Fundação Logosófica,
instituição que custodia e mantém a obra de González Pecotche. Em seguida, passou-se a um
resumo de pontos da Ciência Logosófica pertinentes à investigação, perpassando sua
concepção biopsicoespiritual do ser humano, bem como os processos de autoconhecimento e
evolução consciente preconizados a partir da base teórica exposta. Mais adiante, tais aspectos

14
Livre tradução de trecho extraído de Conferência proferida por Carlos Bernardo González Pecotche às
estudantes membros da comissão docente da Escola Primária Logosófica em 22 de julho de 1961.
foram abordados sob a ótica da Pedagogia Logosófica, em cuja prática os processos descritos
são aplicados à dinâmica de ensino de adultos, jovens e crianças.

Escolheu-se dar destaque à realidade da educação de crianças e jovens, por ser esta,
segundo os conceitos logosóficos pesquisados, o terreno ideal para o cultivo de qualidades
necessárias à construção de sujeitos mais livres para pensar e criar as bases de uma nova
cultura. Mais do que elaborar de uma forma teórica, objetivou-se concretizar os princípios
pedagógicos expostos com exemplos práticos, como visto na dinâmica em que o próprio
exemplo avaliza ou invalida as palavras daquele que ensina. Além disso, buscou-se demonstrar
a importância, para o pensamento Logosófico, do despertar do indivíduo para a observação e
entendimento da própria realidade interior, psicológica e espiritual, que influi intimamente em
seus processos e atuações.

Foi, portanto, oportuna a investigação dos princípios pedagógicos logosóficos, uma vez
que serviram de substrato ao diálogo com alguns pontos-chave da pedagogia de Paulo Freire.
Entre os pontos pesquisados, destacou-se a semelhança entre o "pensar certo" freireano e o
adestramento psicológico proposto pelo método logosófico, bem como a convergência no
sentido de valorizar o exemplo consonante com o conhecimento que se ensina e também o
respeito à pergunta como fator primordial para a aquisição do conhecimento. Por fim, como
fio condutor de tais aspectos, ressaltou-se o destaque que ambos os autores dão à educação
como forma de combate à opressão de qualquer natureza.

Dessa forma, o singelo diálogo com o pensamento de Freire aqui ensaiado, representou,
também, um desafio à pesquisadora, uma vez não terem sido publicados trabalhos
comparativos com esta temática até o presente, o que suscita novas e fecundas oportunidades
de futuros estudos.

Sendo assim, apesar de sua brevidade, este trabalho promove um vislumbre do


potencial do pensamento de Carlos Bernardo González Pecotche, tanto em seu caráter inovador
e reflexivo — capaz de dialogar com outros revolucionários da educação —, como na aplicação
prática de seus pensamentos ao processo de formação de sujeitos. Nesse sentido, a Pedagogia
Logosófica, fundamentando-se no princípio de colaboração que ensina, demonstra um caminho
sólido para a formação de indivíduos mais responsáveis e cônscios de seus próprios deveres
frente à sociedade e à humanidade, além de mais livres para pensar, consolidando, portanto,
uma maior capacidade de liderança nos que dela se beneficiem. Como, no entanto, na
perspectiva logosófica, a educação compreende todos os processos de aquisição de um
conhecimento real e transcendente, vale ressaltar que a Logosofia propõe tais mudanças a todos
os indivíduos, independente da idade.

Isto posto, deu-se mais um passo em direção ao esclarecimento de algumas bases


teóricas e práticas da Logosofia ao meio acadêmico, disponibilizando-as para futuras pesquisas
na área, não só por estudantes regulares da ciência logosófica, mas também por educadores,
educadoras e demais pessoas interessadas pela construção de caminhos mais felizes para o
porvir pedagógico da humanidade.

Finalmente, permanece como uma oportunidade de aprofundamento, aos que levarem


este estudo adiante, o fato de que os conceitos logosóficos, conforme indicado por Pecotche,
necessitam do devido aprofundamento e de incorporação à própria vida para serem abordados
em toda sua amplitude. À vista disso, não tivemos, aqui, a pretensão de chegar à completa
elucidação de tais temas, mergulho ao qual convidamos aqueles que se sentirem compelidos a
fazê-lo.

Referências Bibliográficas

COLABORADORES VOLUNTÁRIOS DA FUNDAÇÃO LOGOSÓFICA DO BRASIL.


Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol): Sua vida em imagens. – 1ª Edição – São
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FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma Pedagogia da Pergunta – Rio de Janeiro:
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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Coletânea da Revista Logosofia Tomo 1. – 2ª


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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Curso de Iniciação Logosófica. – 20ª Edição – São
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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Deficiências e propensões do ser humano. – 13ª


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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Introdução ao Conhecimento Logosófico. – 4ª


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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Logosofia, Ciência e Método: Técnica da


formação individual consciente. – 12ª Edição – São Paulo: Editora Logosófica, 2013.

PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Mi Casa Mental – Cuentos infantiles. – 1º Edição


– Buenos Aires: Editorial Ser, 1972.
PECOTCHE, Carlos Bernardo González. O Espírito. – 8ª Edição – São Paulo: Editora
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PECOTCHE, Carlos Bernardo González. O Mecanismo da Vida Consciente. – 16ª Edição –


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STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José (Orgs.). Dicionário Paulo
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https://territoriosinsurgentes.com/wp-
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SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico [livro eletrônico]. São


Paulo: Editora Cortez, 2013. 1,0 MB; e-PUB.
ATESTADO DE CONCLUSÃO

O Pró-Reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo, no uso de suas atribuições, atesta


que MARINA BONOMI ALMEIDA DA SILVA, de nacionalidade BRASILEIRA, portador(a) do
documento tipo RG número 483152249, nascido(a) em 30 de NOVEMBRO de 1990 e natural do
Estado de São Paulo, concluiu o PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, conforme
Resolução CoPq 7236, de 22 de julho de 2016.

PROJETO: A LIBERDADE DE PENSAR COMO PRÁTICA DA PEDAGOGIA LOGOSÓFICA

ORIENTADOR: ARIADNE LOPES ECAR

PERÍODO: 01/07/2021 a 30/06/2022

CARGA HORÁRIA: 960 HORAS

Paulo Alberto Nussenzveig

PRÓ-REITOR DE PESQUISA

Documento emitido às 11:13:04 horas do dia 01/02/2023 (hora e data de Brasilia).

Código de Controle: I8UF-XIDA-Z2UV-PNVC

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https://uspdigital.usp.br/webdoc/

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