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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ EXTENSÃO DE TETE

Faculdade de Educação

Perturbações de Humor

Curso de Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações – Pós Laboral

2º Ano/3º Grupo

Trabalho de pesquisa em Grupo

Celso Elias Fabião Bechane


Felicidade Teixeira Augusto
Matilde José Fernandes Torres
Sheila Uaite

Tete
Setembro de 2023
Celso Elias Fabião Bechane

Felicidade Teixeira Augusto

Matilde José Fernandes Torres

Sheila Uaite

Perturbações de Humor

Trabalho de pesquisa em Grupo a ser apresentado


na Faculdade de Educação no Curso de
Licenciatura em Psicologia Social e das
Organizações, como requisito de avaliação parcial
na cadeira de Psicologia.

Docente: Mestre Carla Richard Veterano

Tete
Setembro de 2023
ÍNDICE
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1. Objectivos da pesquisa ..................................................................................................... 2
1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 2
1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 2
2. Metodologia de Pesquisa ......................................................................................................... 2
3. Revisão da Literatura ............................................................................................................... 3
3.1. Conceitos .......................................................................................................................... 3
3.1.1. Humor ....................................................................................................................... 3
3.1.2. Perturbações de Humor ............................................................................................. 3
3.2. Tipos de perturbações do humor ...................................................................................... 4
3.2.1. Perturbações depressivas .......................................................................................... 4
3.2.2. Perturbação bipolar ................................................................................................... 5
3.2.3. Perturbação ciclotímica ............................................................................................. 6
3.2.4. Perturbação Distímica ............................................................................................... 7
3.3. Abordagem clínica geral das perturbações de humor ...................................................... 8
4. Conclusão ................................................................................................................................ 9
5. Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 10
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1. Introdução

As perturbações de humor são um grupo de condições de saúde mental que afectam a maneira
como uma pessoa se sente emocionalmente. Elas são caracterizadas por alterações persistentes e
anormais no humor, que podem variar de episódios de tristeza profunda a períodos de euforia ou
excitação intensa. Essas perturbações podem ter um impacto significativo na qualidade de vida,
no funcionamento diário e nas relações interpessoais das pessoas afectadas.

O presente trabalho versa sobre “perturbações de humor”, não se trata de um enfoque cabal, mas
sim, o mesmo aborda aspectos básicos sobre os temas supracitados.

Este trabalho caracteriza-se quanto ao escopo, como um teórico de natureza exploratória. Os


estudos exploratórios buscam maiores informações sobre o tema em questão, daí a importância
da revisão bibliográfica.

Por conseguinte, a ordem teórica do presente trabalho se fundamenta em argumentações


doutrinárias e nos autores especializados. De facto, utilizamos no seu desenvolvimento a
pesquisa bibliográfica com recurso material bibliográfico que se fizerem necessários bem como á
obras especializadas nas matérias tratadas que sirvam de substrato para o desenvolvimento das
ideias e efectivo alcance dos objectivos pretendidos no decorrer do presente trabalho.
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1.1. Objectivos da pesquisa

1.1.1. Geral
Debruçar sobre as Perturbações de Humor.

1.1.2. Específicos
 Definir Perturbações de Humor;
 Identificar os tipos de perturbações de humor;
 Falar da abordagem clínica das perturbações de humor.

2. Metodologia de Pesquisa

A classificação metodológica baseada nos objetivos desta pesquisa se encaixa no âmbito


exploratório, conforme proposto por Marconi e Lakatos (2003). De acordo com essa abordagem,
as pesquisas exploratórias buscam criar uma maior familiaridade com o tema, com o intuito de
esclarecê-lo ou gerar hipóteses. O propósito principal dessas pesquisas é o aprimoramento de
conceitos ou a descoberta de intuições.
No que tange ao método de abordagem adotado nesta investigação, optou-se pela abordagem
qualitativa. A escolha por essa abordagem tem como finalidade verificar as hipóteses
formuladas, analisar fatos e avaliar o tema em consideração com base em suas principais
variáveis. A abordagem qualitativa permite uma exploração mais profunda e contextualizada do
fenômeno em estudo.
No que se refere aos procedimentos técnicos empregados, esta pesquisa é caracterizada como
bibliográfica. A pesquisa bibliográfica envolve actividades como catalogação, relacionamento,
referência, leitura, resumo e arquivamento de materiais pertinentes à pesquisa em questão. Nesse
contexto, o presente estudo baseou-se em fontes já publicadas, consideradas fontes secundárias,
predominantemente incluindo livros e artigos de revistas científicas. Além disso, foram
consultados artigos disponíveis em portais científicos online.
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3. Revisão da Literatura

3.1. Conceitos

3.1.1. Humor

Salgaro (2013), define o humor como uma forma de lidar com pensamentos e desejos reprimidos
de uma maneira socialmente aceitável. O humor envolve a expressão simbólica de conteúdo
inconsciente por meio de um chiste ou de uma piada.

Para Martin (2007), o humor é resultado da interação entre a rigidez mecânica do pensamento e a
fluidez da vida real. O humor surge quando uma pessoa se comporta de maneira mecânica, como
uma máquina, em situações em que a flexibilidade e a adaptabilidade seriam mais apropriadas.

Já Lefcourt (2001), refere que o humor é um processo mental que ocorre quando dois sistemas de
pensamento incompatíveis colidem. Esse conflito gera uma "bisserização" mental, onde a mente
é forçada a saltar de um sistema de pensamento para outro, criando assim o elemento surpresa e
humorística.

3.1.2. Perturbações de Humor


Segundo Dias (2009), as perturbações do humor, também conhecidas como transtornos do humor
ou transtornos afectivos, são um grupo de condições de saúde mental que afetam o humor,
emoções e estados emocionais de uma pessoa. Essas perturbações podem causar alterações
significativas no funcionamento emocional, social e ocupacional de um indivíduo.

Beck et.al (2012), referem que Perturbações de Humor são transtornos nos quais a perturbação
fundamental é uma alteração do humor ou do afecto, no sentido de uma depressão (com ou sem
ansiedade associada) ou de uma elação. A alteração do humor é pervasiva. Pode ser
desencadeada por estresse, assédio, jornada de trabalho excessiva, problemas financeiros,
desemprego, cobrança pessoal, frustrações e luto.

De acordo com Martin (2007), as perturbações de humor constituem um conjunto de entidade


clínicas, das quais fazem parte as perturbações depressivas e as perturbações bipolares.
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As primeiras podem referir-se a episódios depressivos major, a perturbação depressiva major ou


perturbação distímica.

3.2. Tipos de perturbações do humor

De acordo com Dias (2009), as perturbações do humor mais comuns são:

 Perturbações depressivas;
 Perturbação Bipolar.

3.2.1. Perturbações depressivas

Segundo Dias (2009), de um modo geral, as perturbações depressivas caracterizam-se pela


presença de um humor depressivo, acompanhado de marcada tristeza, apatia, perda de interessas
nas actividades que anteriormente se afiguravam fontes de prazer para a pessoa, auto-
desvalorização ou culpa, perturbações de sono (insónia ou hipersónia), perda ou aumento de
apetite, lentificação ou agitação psicomotora, e presença de pensamentos de morte. De acordo
com American Psychiatric Association (2013), a presença de pelo menos cinco destes sintomas
permite enquadrá-los numa perturbação depressiva major se verificarem por um período de pelo
menos duas semanas.

De acordo com Doe (2019), verificam-se diferenças consoante a perturbação depressiva se


manifeste enquanto episódio depressivo major (episódio único), configure uma perturbação
depressiva major (ocorrência de pelo menos dois episódios depressivos major – episódio
recorrente) ou uma perturbação distímica (pelo menos durante dois anos com sintomas menos
intensa do que na major), nomeadamente quanto à duração e intensidade dos sintomas.

A American Psychiatric Association (2013), refere que no âmbito das conceptualizações


cognitivas, as perturbações depressivas são caracterizadas pela presença de crenças não
adaptativas acerca do próprio, dos outros e do futuro, acentuadas por distorções cognitivas (isto
é, processamento que distorce o modo como a pessoa apreende a realidade; como generalizações
abusivas, atenção selectiva a determinados aspectos, filtrando outros), que se repercutem em
baixa auto-estima e auto-eficácia, desconfiança nos outros e desesperança face ao futuro.
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Frequentemente, estas crenças contribuem para o isolamento do indivíduo, bem como para a
perda de interesse nas actividades anteriormente percebidas como interessantes, verificando-se
um desinvestimento em si e no mundo.

3.2.2. Perturbação bipolar

Segundo Doe (2019), a perturbação bipolar caracteriza-se pela presença de episódios depressivos
e episódios de mania ou hipomania. Consoante se verifique a presença de episódios maníacos ou
hipomaníacos, a perturbação bipolar é designada por perturbação bipolar tipo I ou tipo II,
respectivamente, notando-se diferenças ao nível da intensidade dos sintomas.

Segundo a American Psychiatric Association (2013), na perturbação tipo I (presença por pelo
menos uma semana), verifica-se a presença de humor eufórico ou irritável, diminuição da
necessidade de dormir, acompanhada de agitação psicomotora, pensamento acelerado com
conteúdos de grandiosidade, que podem acarretar comportamentos impulsivos e consequências
negativas (por exemplo adquirir produtos ou serviços de forma inconsequente), podendo ainda
ocorrer sintomas psicóticos, como ideias delirantes de grandeza, congruentes com a elação de
humor do indivíduo.

A perturbação tipo II, isto é, a presença de pelo menos um episódio hipomaníaco (presença por
pelo menos quatro dias), distingue-se sobretudo por ser menos intenso nos seus sintomas, não
produzindo marcada disfuncionalidade social ou necessidade de hospitalização, contrariamente
ao que se verifica na perturbação tipo I. Na perturbação bipolar tipo II, usualmente, os episódios
de hipomania são menos frequentes do que os episódios depressivos, não obstante ser a presença
de pelo menos um episódio hipomaníaco que determina a avaliação de uma perturbação bipolar
tipo II (American Psychiatric Association, 2013).

De acordo com a teoria cognitiva de Beck, a mania pode ser entendida como a “imagem em
espelho da depressão” verificando que a tríade cognitiva, ao invés de se caracterizar por crenças
negativas sobre o Self, o mundo e o futuro, é caracterizada por crenças positivas, embora
igualmente não adaptativas. Neste sentido, o Self é percebido pelo indivíduo como grandioso, o
mundo é percebido como expansivamente positivo e o futuro como vasto em oportunidades.
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O processamento cognitivo do indivíduo repercute-se então em pensamentos, emoções e


comportamentos não adaptativos que constituem os sintomas da perturbação bipolar (Beck et.al,
2012).

3.2.3. Perturbação ciclotímica

Segundo Dias (2009), a Perturbação ciclotímica é uma perturbação do humor que se situa no
espectro do transtorno bipolar. Caracteriza-se por oscilações crônicas de humor, mas de menor
intensidade do que aquelas observadas no Perturbação Bipolar.

Conforme Doe (2019), Pessoas com Perturbação ciclotímica experimentam flutuações de humor
regulares, alternando entre períodos de hipomania (elevação do humor) e depressão leve. Essas
oscilações são menos intensas do que os episódios maníacos e depressivos completos observados
na perturbação Bipolar.

Os episódios de humor elevado e depressão leve na Perturbação ciclotímica duram pelo menos
alguns dias e podem se estender por semanas ou meses. A ciclotimia é uma condição crônica,
com oscilações que ocorrem ao longo de vários anos (American Psychiatric Association, 2013).

Durante os períodos de hipomania, as pessoas podem apresentar um aumento na energia,


criatividade e sociabilidade. Elas podem se sentir mais confiantes e produtivas, mas também
podem ser impulsivas e tomar decisões arriscadas (Dias 2009).

Nos episódios depressivos leves, os sintomas incluem tristeza, falta de motivação, fadiga,
problemas de sono e apetite, sentimentos de desesperança e baixa autoestima. Esses sintomas são
menos intensos do que os da depressão maior.

Assim como em outros transtornos do humor, a Perturbação ciclotímica pode afectar o


funcionamento diário, o trabalho e os relacionamentos. No entanto, muitas vezes é
subdiagnosticado, pois os sintomas podem ser menos evidentes.

De acordo com American Psychiatric Association (2013), o tratamento da Perturbação


ciclotímica pode incluir terapia cognitivo-comportamental, psico-educação, e em alguns casos,
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medicamentos estabilizadores de humor. O objectivo do tratamento é ajudar a gerenciar as


oscilações de humor e melhorar a qualidade de vida.

3.2.4. Perturbação Distímica

A Perturbação Distímica, também conhecida como Distimia, é um transtorno crônico de saúde


mental que se caracteriza por um estado prolongado e persistente de humor depressivo. Para ser
diagnosticada com Perturbação Distímica, uma pessoa deve experimentar esses sintomas por
pelo menos dois anos (ou um ano em crianças e adolescentes) de forma contínua (American
Psychiatric Association, 2013).

Segundo Dias (2009), os sintomas da Perturbação Distímica incluem tristeza crônica e


persistente, falta de energia, alterações no sono e no apetite, baixa autoestima, dificuldade de
concentração e sentimentos de desesperança. Embora esses sintomas sejam menos intensos do
que os observados no Perturbação Depressivo Maior, eles ainda afetam negativamente a
qualidade de vida e o funcionamento diário.

A American Psychiatric Association (2013) refere que as pessoas com Perturbação Distímica
podem enfrentar desafios nas relações interpessoais, no trabalho ou na escola, e podem ter
dificuldade em aproveitar as atividades cotidianas. É importante notar que a Perturbação
Distímica muitas vezes coexiste com outros transtornos de saúde mental, como transtornos de
ansiedade.

O tratamento da Perturbação Distímica geralmente envolve a combinação de psicoterapia, como


a Terapia Cognitivo-Comportamental, e, em alguns casos, o uso de medicamentos
antidepressivos. O objectivo do tratamento é aliviar os sintomas, melhorar o funcionamento e a
qualidade de vida da pessoa afectada (Beck et.al, 2012).

Para Doe (2019), a conscientização sobre a Perturbação Distímica é fundamental, pois essa
condição é muitas vezes sub’diagnosticada devido à sua natureza crônica e sintomas menos
intensos. Reconhecer os sintomas e procurar ajuda profissional pode ser o primeiro passo
importante para gerenciar eficazmente essa condição e melhorar o bem-estar emocional.
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3.3. Abordagem clínica geral das perturbações de humor

Segundo Dias (2009), a avaliação de perturbações de humor exige assim uma adequada
intervenção psicológica, que deste modo possibilite a redução do mal-estar psicológico do
indivíduo, a par da promoção do seu bem-estar psicológico e da satisfação das suas necessidades
psicológicas. Apesar de se afigurar importante a redução da sintomatologia, efeito para o qual
poderá ser importante a contribuição da psiquiatria na prescrição de fármacos, é essencial a
compreensão do funcionamento de cada indivíduo no que respeito à sua experiência subjectiva e
ao seu processamento psicológico. Neste sentido, a intervenção implica também a avaliação
daquelas que parecem ser a abordagem e as estratégias mais adequadas às necessidades da
pessoa e à promoção da sua percepção de controlo, tomada de decisão e autonomia.
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4. Conclusão

As perturbações de humor são condições de saúde mental que afectam o estado emocional das
pessoas, resultando em mudanças no humor, que podem ser extremamente elevadas (mania) ou
extremamente baixas (depressão). As perturbações mais comuns incluem a perturbação
Depressiva e a perturbação Bipolar. Os sintomas de depressão incluem tristeza profunda, perda
de interesse, fadiga e pensamentos suicidas, enquanto os episódios maníacos envolvem euforia,
impulsividade e pensamento acelerado. Essas perturbações têm um impacto significativo na vida
cotidiana, afetando o trabalho, as relações e as atividades diárias. O diagnóstico é realizado por
profissionais de saúde mental, e o tratamento pode incluir psicoterapia, medicamentos ou ambos.
Reduzir o estigma em torno das perturbações de humor e aumentar a conscientização sobre saúde
mental são aspectos importantes da abordagem dessas condições. A pesquisa continua a
aprimorar nossa compreensão e tratamento das perturbações de humor.
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5. Referências Bibliográficas

American Psychiatric Association (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais (5ª ed.). American Psychiatric Publishing. Arlington, VA, Estados Unidos

Beck, A., Rush, A., Shaw, B., & Emery, G. (2012). Cognitive Therapy of Depression. New
York: The Guilford Press.

Dias, J.C. (2009). Manual de Psiquiatria Clínica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Doe, J. (2019). Psicologia das Perturbações de Humor. São Paulo: ABC.

Lefcourt, H. M. (2001). Humor: A psicologia da vivacidade. Casa do Psicólogo. São Paulo.

Martin, R. A. (2007). A psicologia do humor: Uma abordagem integrativa. Porto Alegre:


Artmed.

Marconi, M. A & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São


Paulo: Atlas, 2003.

Salgaro, M. (2013). A anatomia do humor: Perspectivas biopsicossociais e terapêuticas. São


Paulo: Blucher.

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