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Alcídio Mário Luciano

Ana da Felicidade Adriano Gumbo


Halima Langa
Amino Amido Madeira
Palmira da Conceição Gueze

1º Grupo

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações


Relação da Psicologia Comunitária com a Psicologia Social

Psicologia Comunitária

Universidade Púnguè
Extensão Tete
2023
Alcídio Mário Luciano
Ana da Felicidade Adriano Gumbo
Halima Langa
Amino Amido Madeira
Palmira da Conceição Gueze

1º Grupo
Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações

Relação da Psicologia Comunitária com a Psicologia Social

Trabalho de Caracter Avaliativo


submetido na Cadeira de
Psicologia Comunitária, sub
orientação da Docente Me. Carla
Richards Veterano

Universidade Púnguè
Extensão Tete
2023
Índice
1 Introdução ............................................................................................................................... 4
2. Relação de psicologia social e psicologia comunitária ...................................................... 5
2.1. Psicologia social .......................................................................................................... 5
2.2. Campo de actuação...................................................................................................... 6
3 Psicologia comunitária ........................................................................................................ 7
3.1. Campo de actuação...................................................................................................... 8
4. Principais diferenças entre os dois ..................................................................................... 9
5 Conclusão...................................................................................................................... 10
6 Bibliográfica ..................................................................................................................... 11
1 Introdução
A Psicologia Social é uma ciência que estuda a maneira como as pessoas se relacionam e
elaboram as formas de pensamentos e comportamentos em um determinado ambiente. Salienta
Bock:
A Psicologia social é a área da Psicologia que procura estudar a interacção social. É assim que
Aroldo Rodrigues, psicólogo brasileiro, define essa área. Diz ele que a Psicologia social é o
estudo das "manifestações comportamentais suscitadas pela interacção de uma pessoa com
outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interacção''. A interacção social, a
interdependência entre os indivíduos, o encontro social são os objectos investigados por essa
área da Psicologia. Bock (2002, p.135, apud RODRIGUES, 2003, p.3).

Dessa forma, a Psicologia Social visa compreender os processos cognitivos e comportamentais


dos indivíduos decorrentes das relações sociais, “baseada em um método descritivo, ou seja,
um método que se propõe a descrever aquilo que é observável, factual. É uma psicologia que
organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros sociais” (BOCK, 2002, p. 140).

A Psicologia Comunitária tem como base teórica a Psicologia Social, e seu objeto de estudo
consiste em entender a constituição da subjectividade dos seres humanos numa comunidade e
respalda - se em práticas grupais, pois a intervenção grupal é essencial em comunidades para
o desenvolvimento da consciência, no qual um indivíduo do grupo se descobre no outro,
percebendo-se conjuntamente.

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2. Relação de psicologia social e psicologia comunitária
2.1. Psicologia social
Na Psicologia Social, como área de conhecimento, não um há consenso entre seus autores em
relação ao conceito. Contudo, serão abordadas as definições conforme LANE e BOCK. A
Psicologia Social é uma área de conhecimento da ciência psicológica que estuda a dimensão
subjectiva dos fenómenos sociais, ou seja, todo o fenómeno social decorrente da subjectividade
humana, o mundo interno do indivíduo e suas expressões, construídas nas relações sociais, e
que surgem do contacto entre os homens e dos homens com a natureza.

Alguns autores (LANE, 1981; MYERS, 2000; RODRIGUES, 2002) destacaram que a
psicologia social por meio do método científico estuda a maneira pela qual as pessoas se
relacionam e produzem formas de pensamentos e comportamentos em um determinado
ambiente.

a) Surgimento da psicologia Social


A psicologia social surgiu como uma disciplina científica no final do século XIX e no início
do século XX, com o objectivo de estudar como as pessoas interagem umas com as outras e
como são influenciadas pelo ambiente social.

A construção da psicologia social iniciou-se a partir da iniciativa de pesquisadores das ciências


sociais. A perspectiva de Émile Durkheim (1858-1917) sobre o estudo da sociedade, os
fundamentos teóricos de Gabriel Tarde (1843-1904), e os estudos descritivos de Augusto
Comte (1830- 1842) contribuíram para o surgimento desta área (ÁLVARO; GARRIDO, 2006).

No século XIX, Gustave Le Bom (1895) apresentou o primeiro estudo sobre a psicologia das
multidões, que contribuiu de uma maneira significativa para o desenvolvimento da psicologia
social.

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b) Dessa forma, eis os seus objectos de estudo:
Violência; relação de género; comunicação; exclusão; identidade social; consciência de si;
família; escola; trabalho e classe social; grupos”;

Factores psicológicos da vida sociedade como: estatuto social; liderança; estereótipos;

Factores sociais da Psicologia Humana como: a motivação; atitudes; opiniões; preconceitos


entre outros (LANE, 1981).

De acordo com Rodrigues, Assmar e Jablonski (1999), a psicologia social busca compreender
os processos cognitivos e comportamentais que são utilizados pelos indivíduos nas relações
sociais.
Lane (1984) destacou que a psicologia social tem o objectivo de identificar a dinâmica da
linguagem e as percepções do indivíduo.

Lane afirma ainda que a psicologia social também tem como foco de estudo “a relação essencial
entre o indivíduo e a sociedade, esta entendida historicamente, desde como seus membros se
organizam para garantir sua sobrevivência, até aos seus costumes, valores e instituições,
necessários para a continuidade da sociedade”, pois busca compreender como e os porquê do
comportamento social (LANE, 1981, p. 10).

2.2. Campo de actuação


O campo de actuação deverá ser onde houver interesse por parte do psicólogo social, decorrente
das relações e fenómenos que surjam no colectivo, no espaço da intersubjectividade, analisando
todos os contextos do processo de influência social (interacção pessoa/pessoa; interacção
pessoa/grupo; interacção grupo/grupo), contemplando todas as instituições públicas, privadas,
comunidades, movimentos sociais e sociedade em geral.

Vale ressaltar que o psicólogo social pode estar em qualquer ambiente que um psicólogo de
outra área esteja. A diferença é o foco, a perspectiva e a dimensão subjectiva dos fenómenos
colectivos.
Assim, a metodologia vai depender da abordagem teórica escolhida pelo profissional.
Entretanto, é possível afirmar que, em geral, o psicólogo social está interessado no colectivo.
Nesse sentido, suas técnicas e instrumentos de trabalho visam os grupos, entrevistas grupais ou
entrevistas individuais voltadas a vida colectiva entre outros.

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3 Psicologia comunitária
A Psicologia compreende um conjunto de concepções relevantes para o esforço de delimitar
seu campo de análise e aplicação (GÓIS, 2005, p.33). Assim, a Psicologia Comunitária se
define como uma área da psicologia social que estuda a actividade do psiquismo decorrente do
modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade,
níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos
grupos comunitários. Campos (1999, p.11 Apud GÓIS, 2003).

Outro aspecto relevante de estudo do psicólogo comunitário são “a linguagem, os sentimentos


e as representações sociais do grupo” (LANE, 1981), bem como as influências das variáveis
no comportamento dos indivíduos, “principalmente para o desenvolvimento e a mudança
sociopolítica de uma realidade social, caracterizada por relações de dominação e de exclusão
social, ou o modo de viver da classe oprimida, e que se mantém mediante uma ideologia de
submissão e resignação e o carácter oprimido” (GÓIS. 2005, p.53).

Por esse prisma, o psicólogo comunitário visa desenvolver nos indivíduos uma atitude crítica
em relação aos problemas sociais, ou seja, o aprofundamento da consciência e o fortalecimento
de uma identidade de comunidade responsável e activa na transformação da realidade e,
consequentemente, favorecer para as reivindicações dos serviços de saúde, educação e
saneamento básico nos órgãos competentes.

a) Surgimento da psicologia comunitária


Na década de 60, surgiu uma proposta que visava a promoção da Psicologia, permitindo então
um acesso maior do público a ela. A ideia não visava apenas a inclusão, mas também a melhoria
do modo de vida da população trabalhadora. Assim, a Psicologia comunitária surgiu, aplicando
teorias e métodos directamente em comunidades de baixa renda.

A psicologia comunitária integra estas concepções, Vasconcelos (1985) numa perspectiva


histórica destacou a contribuição dos seguintes acontecimentos para o surgimento da área: a
arte dramática desenvolvida por Moreno nas ruas da cidade de Viena em 1908, e a revolução
da higiene sexual de Wilhelm Reich no final da década de 1920.

À medida que o trabalho evolui, os profissionais dessa Psicologia passam a fazer um


levantamento das carências e necessidades do público-alvo. Por essa razão, seguramente as
condições de saúde, saneamento básico e educação da população passaram a ser mais estudadas
para se encontrar potenciais soluções.

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a) Dessa forma, eis os seus objectos de estudo:

Góis (1993) ressaltou que a psicologia comunitária tem o propósito de identificar e


compreender as relações que são estabelecidas entre os integrantes do grupo.

Góis (1993) afirma que Psicologia Comunitária responde às questões psicossomáticas


resultantes da vida comunitária, bem como às acções interdisciplinares de desenvolvimento
comunitário e desenvolvimento local (trabalho e renda, saúde, educação, assistência social,
acção política, cultural, urbanização, organização de comunidade, planeamento social,
orçamento participativo, entre outros). Desse modo, entende-se que a intervenção busca
promover a qualidade de vida da comunidade.

3.1. Campo de actuação


Os campos de actuação do profissional psicólogo comunitário são a comunidade, bairros,
populares, favelas, associações de bairros, grupos marginalizados etc. Karl Marx conceitua
comunidade como “um tipo de vida em sociedade “ onde todos são chamados pelo nome e
podem participar, dizer sua opinião. Nesse sentido, o psicólogo comunitário actua na condição
de facilitador, apresentando temáticas para discussão, onde o grupo vai reflectir sobre os
interesses e as necessidades pertinentes para a comunidade.

(PRADO, 2002). A perspectiva de identificar as problemáticas sociais e direccionar


intervenções representou o princípio central na actuação do psicólogo comunitário.
As intervenções do psicólogo comunitário têm como propósito desenvolver a autonomia do
grupo no que diz respeito a uma atitude crítica dos indivíduos, visando a resolução de
problemas, a gestão adequada dos conflitos e a elaboração de projectos sociais. No entanto, é
possível afirmar que os instrumentos de pesquisa são a observação, a entrevista, a pesquisa
participante. Em síntese, tudo que manifeste a vida social.

A Psicologia Comunitária surgiu num cenário de insatisfação com a psicologia social, a qual
não atendia às problemáticas por meio de acções efectivas. Contudo, utiliza sua sustentação
teórica na psicologia social. É uma prática que foi construída e desenvolvida numa perspectiva
de integrar o desenvolvimento do indivíduo na sociedade, com base na interacção simbólica,
maneira pela qual a subjectividade é construída.

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4. Principais diferenças entre os dois
Dado que a psicologia comunitária pode ser entendida como uma subdisciplina dentro da
psicologia social, existem muitas semelhanças entre ambos, especialmente em relação aos
fundamentos teóricos de ambos os ramos. Assim, a psicologia comunitária tem esse
conhecimento obtido pela psicologia social e a utiliza em contextos humanos concretos.

a) Teoria e prática
A psicologia social tem um caráter principalmente teórico. As contribuições de profissionais
neste campo são utilizadas por outros psicólogos e cientistas sociais em múltiplas disciplinas
aplicadas;
A psicologia comunitária, que se concentra quase exclusivamente em aspectos práticos da
realidade, é um bom exemplo desse fato.
b) Objetivo principal
Os psicólogos comunitários geralmente trabalham para melhorar as condições de vida ou o
funcionamento social em áreas geográficas específicas.
Em contraste, a psicologia social se concentra compreender e prever o comportamento dos
seres humanos com base em suas interações, tendo assim um caráter muito mais amplo.
c) Foco de análise
A psicologia comunitária atua, por definição, em grupos humanos maiores ou menores;
Indivíduos concretos são relevantes na medida em que influenciam o funcionamento do
coletivo em questão. A psicologia social tem um lado do grupo, mas também outro, talvez mais
importante, com o foco individual típico da psicologia em geral.

d) Ideologia política
Em geral psicólogos comunitários têm uma reivindicação clara de reivindicação, identificando
- se com idéias e propostas socialistas (embora evidentemente em todos os campos existam
exceções e tendências contraditórias). Em contraste, os psicólogos sociais podem preferir ficar
fora da política, o que lhes valeu críticas da psicologia comunitária.

e) Relacionamento com outras disciplinas


Enquanto a psicologia social tende a se conter em maior medida, a psicologia comunitária tem
uma natureza mais interdisciplinar: os profissionais nesta disciplina geralmente trabalham em
conjunto com outros atores sociais e especialistas em diferentes assuntos para resolver
problemas. específico para um grupo.
9
5 Conclusão
O chegado o fim da pesquisa, considerando que foram apresentados os pressupostos de estudos
de psicologia social e de psicologia comunitária, possíveis conceitos, abordagem ou
metodologia e área de actuação.

O objectivo deste artigo foi evidenciar que a psicologia social é uma área de conhecimento da
ciência psicológica que estuda a dimensão subjectiva dos fenómenos sociais, bem como que a
psicologia comunitária estuda a actividade do psiquismo decorrente do modo de vida do
lugar/comunidade. Vale ressaltar que a psicologia comunitária tem uma relação estreita com a
psicologia social, pois seu desenvolvimento se deu a partir da psicologia social.

No campo de actuação, o profissional da psicologia comunitária busca o desenvolvimento da


autonomia do grupo, tanto no que diz respeito a uma atitude crítica dos indivíduos visando a
resolução problemas, quanto na gestão adequada dos conflitos, o bem-estar dos indivíduos da
comunidade e a elaboração de projectos sociais.

A intenção deste trabalho é contribuir com teorias, bem como levantar discussões relevantes
para aqueles que pesquisam e, fundamentalmente, para os futuros profissionais, relativamente
à relevância da actuação em campo.

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6 Bibliográfica
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo
de psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva: 2002.

CAMPOS, R.H.F. (Org). Psicologia Social Comunitária. Da solidariedade à autonomia. Rio


de Janeiro: Vozes, 1999.

GÓIS, C. W. L. (2005). Psicologia Comunitária: actividade e consciência. Fortaleza:


Publicações Instituto Paulo Freire de Estudos Psicossociais.

LANE, S. T. M. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1981.

Lane, S. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. In Lane,
S. T. M. & Codo, W. (Org.). Psicologia Social - o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense - EDUC.1982. Disponível:

KARL, Marx. Para a crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Artur Morão. Covilhã,
Lusofia, 2008.
VASCONCELOS, E.M. O que é psicologia comunitária. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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