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(CAPA)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

2 CONCEITUAÇÃO ..................................................................................... 4

2.1 Auditoria.........................................................................................4

2.2 Qualidade.......................................................................................7

2.3 Gestão da qualidade......................................................................9

3 NORMAS SÉRIE ISO 9000 .................................................................... 11

4 AUDITORIAS DA QUALIDADE .............................................................. 14

4.1 Classificação................................................................................15

4.2 Princípios da auditoria..................................................................20

4.3 Objetivos da auditoria...................................................................22

4.4 Funções e responsabilidades.......................................................23

4.4.1 A Equipe Auditora ............................................................... 23

4.4.2 O Cliente ............................................................................. 25

4.4.3 O Auditado .......................................................................... 25

5 PROCESSO DE AUDITORIA DE SISTEMA DE GESTÃO DA


QUALIDADE...................................................................................................25

6 PROBLEMAS DURANTE A REALIZAÇÃO DE AUDITORIA DE SISTEMA


DE GESTÃO DA QUALIDADE ..................................................................... 29

7 ABORDAGENS UTILIZADAS EM AUDITORIA ...................................... 31

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a)!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 CONCEITUAÇÃO

2.1 Auditoria

FONTE: GESTAODAVIRADA.COM

O termo Auditoria baseia-se na “Auditoria por ouvido”, a própria palavra


deriva da palavra latina “audire” (ouvir) e foi utilizada inicialmente pelos ingleses
para representar o conjunto de procedimentos técnicas para a revisão da
contabilidade. (OLIVEIRA, 2016)
Antigamente os auditores eram vistos como os “ouvidos” do Rei,
pronunciando-se sobre o seu património e sobre a forma como este estava a ser
gerido. Este termo adequava-se à época durante a qual os registos de Contabilidade
governamental eram aprovados somente depois da leitura pública, na qual as
contas eram lidas em voz alta. Desde os tempos medievais e durante a Revolução
Industrial, foram realizadas Auditorias com o intuito de determinar se os indivíduos,
com posições de responsabilidade oficial no governo e no comércio em geral,
atuavam e apresentavam toda a informação de forma honesta. (OLIVEIRA, 2016)
De acordo com Cardoso et al. (1995), após a Revolução Industrial, foram
estabelecidas novas diretrizes às técnicas contabilísticas e especialmente às de
Auditoria, com o objetivo de responder às necessidades criadas pelo aparecimento
de grandes empresas. Com o crescimento das empresas, o aumento da sua
complexidade e das necessidades de financiamento, surge a figura do auditor com

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a missão de zelar pela transparência da gestão e detectar possíveis irregularidades.
(Apud OLIVEIRA, 2016)
Na Grã-Bretanha, a Auditoria surgiu na segunda metade do século XIX,
devido às exigências resultantes da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento
da atividade económica surgiu a necessidade de um sistema contabilístico e de
controlo interno organizado e controlado, com o objetivo de obter informações
fiáveis e normalizadas, de forma de evitar erros e fraudes (Marques, 1997). Até à
década de 30, do século XX, a detecção da fraude era o objetivo principal da
Auditoria; mais tarde, já na década de 40, essa responsabilidade foi-se mudando
para os responsáveis da gestão, e os auditores externos passaram a ter uma função
relevante na detecção da fraude devido à sua incapacidade em detectá-la quando
envolve transações não registadas, roubos e outras irregularidades. A partir deste
momento a Auditoria, especialmente a Externa, começou-se a generalizar em
países como os Estados Unidos da América e o Canadá, responsáveis principais
pelo seu aperfeiçoamento técnico. Após a crise de 1929 foi então, que a Auditoria
se revelou ainda mais importante porque veio satisfazer a necessidade de
informações rápidas e exatas sobre as empresas, quando se impôs a
obrigatoriedade das sociedades cotadas em Bolsa serem auditadas. Depois da 2ª
Guerra Mundial, esta atividade continuou a desenvolver-se principalmente devido
ao aparecimento das empresas multinacionais norte americanas que se
posicionaram na América Latina, pois os auditores só podiam emitir o seu parecer
sobre as demonstrações financeiras consolidadas se também pudessem auditar as
respetivas empresas subsidiárias. (OLIVEIRA, 2016)
Em Portugal a Auditoria surgiu como consequência do Decreto-Lei n. º49 381
de 15 de Novembro/1969 e a obrigatoriedade de certificação legal de contas. Esta
lei veio impor que as Sociedades Anónimas teriam de incluir pelo menos um Revisor
Oficial de Contas (ROC) no seu Conselho Fiscal ou designar um Fiscal Único.
(OLIVEIRA, 2016)

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Hoje em dia, a certificação legal das contas aplica-se às sociedades
anónimas e às sociedades por quotas que tenham obrigatoriedade de conselho
fiscal, bem como às sociedades que se encontram nas condições previstas no art.
262.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC), às empresas públicas e às
Caixas de Crédito Agrícola Mútuo. (OLIVEIRA, 2016)
De acordo com a ISO 19011, auditoria é “um processo sistemático,
independente e documentado para obter evidências de auditoria e respectiva
avaliação objetiva com vista a determinar em que medida os critérios da auditoria
são satisfeitos.”
E nesta norma é feita uma divisão: auditorias internas e externas.

- As auditorias internas por vezes denominadas auditorias de primeira parte, são


conduzidas por ou em nome da própria organização para efeitos da revisão pela
gestão e outras razões internas, podendo constituir o suporte para auto declaração
de conformidade. Em muitos casos, especialmente em organizações mais
pequenas, a independência pode ser demonstrada pela ausência de
responsabilidade pela atividade auditada. (COSTA, 2013)

- As auditorias externas compreendem as que geralmente se denominam por


auditorias de segunda e terceira partes. As auditorias de segunda parte são
realizadas pelas partes com interesse na organização, tais como clientes,
diretamente ou em seu nome. As auditorias de terceira parte são realizadas por
organizações de auditorias externas independentes, tais como as que fazem registo
ou certificação de conformidade com os requisitos da ISO 9001 ou ISO 14001, ou
as que fazem certificação legal de contas. (COSTA, 2013)

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2.2 Qualidade

FONTE: VERZANI.COM.BR

A preocupação com a qualidade não é algo novo e data de 2.150 a.C.,


quando a qualidade, a durabilidade e a funcionalidade das habitações produzidas
na época eram levadas tão a sério, que se algum imóvel fosse negociado sem a
solidez necessária para sua finalidade e viesse a desabar, o negociador era punido
com a morte (OLIVEIRA et al., 2009). (Apud AFFONSO, 2018)
De lá para cá, conceitos, metodologias e ferramentas da qualidade foram
evoluindo fazendo com que esta assumisse diferentes abordagens que certamente
impactaram em sua definição. (AFFONSO, 2018)
Ao longo desse tempo, algumas abordagens da qualidade foram se formando
em consenso, como (PALADINI, 2006; COSTA NETO; CANUTO, 2010, Apud
AFFONSO, 2018):

- Abordagem transcendental, em que qualidade significa excelência inata, com base


em marcas e padrões de alto nível.
- Baseada no produto, em que a qualidade é uma variável precisa e mensurável
proveniente dos atributos do produto.
- Baseada no usuário, em que a qualidade deve estar em produtos ou serviços que
atendam às necessidades e aos desejos dos consumidores.

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- Baseada na produção, em que a qualidade é resultado do grau de conformidade
entre o planejado e o executado.
- Baseada no valor, em que o trade-off entre qualidade e preço (custo-benefício)
deve ser aceitável ao consumidor.

A existência de diferentes perspectivas dificulta definir qualidade.


Inicialmente, esta associava a conformidade às especificações, ou seja, a
adequação aos padrões, passando em seguida para o atendimento às
necessidades dos clientes. Nos dias atuais, a qualidade representa não só a busca
da satisfação dos clientes, mas a satisfação de todo o público de uma empresa,
bem como a excelência de seus processos organizacionais. (AFFONSO, 2018)
Veja as definições de qualidade sob o olhar de alguns de seus especialistas:

• “A qualidade consiste nas características dos produtos que vão ao encontro


das necessidades dos clientes, proporcionando satisfação em relação ao
produto. A qualidade é a ausência de falhas” (JURAN; GRYNA, 1991, p. 11).
Em Juran's Quality Handbook (1951), Juran define qualidade como “apto a
ser usado”. (Apud AFFONSO, 2018)
• Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda
série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção
e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário
(FEIGENBAUM, 1994). (Apud AFFONSO, 2018)
• Qualidade é um grau previsível de uniformidade, dependência, baixo custo,
satisfação do mercado, ou seja, é aquilo que sempre o cliente necessita e
quer (DEMING, 1990). (Apud AFFONSO, 2018)
• Qualidade é a conformidade do produto às suas especificações (CROSBY,
1986). (Apud AFFONSO, 2018)
• Qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que
seja sempre mais econômico, mais útil, e que satisfaça o consumidor
(ISHIKAWA, 1993). (Apud AFFONSO, 2018)

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2.3 Gestão da qualidade

FONTE: LOGOSINSTITUTOEDUCACIONAL.COM.BR

A preocupação com a qualidade se intensificou nos últimos anos, exigindo


das empresas a utilização de técnicas mais modernas e eficientes de gestão. O
aumento da competitividade faz com que as empresas foquem cada vez mais no
cliente e na melhoria contínua, conduzindo seus processos com base nos conceitos
da qualidade. No entanto, garantir a qualidade de produtos e serviços não é tarefa
fácil, sendo necessária a adoção de sistemas de gestão da qualidade, visto que esta
não é mais um diferencial, e sim um requisito básico que permite melhorar a eficácia
da gestão no ambiente globalizado, comprometida com o atendimento às
especificações, a satisfação das necessidades dos clientes e a melhoria contínua
de todos os processos da organização (OLIVEIRA et al., 2009). (Apud AFFONSO,
2018)
A implementação do sistema de gestão da qualidade, além de contribuir para
a sobrevivência das organizações em ambientes competitivos, permite adequar
produtos e serviços às exigências do mercado; ampliar o universo de atuação,
estimulando o crescimento da organização; vencer barreiras comerciais; reduzir
custos globais e aumentar as margens de lucro; e melhorar o desempenho global
da organização com maior qualidade e produtividade, tornando-a mais competitiva
e lucrativa. (AFFONSO, 2018)
Ser líder em qualidade no mercado, muitas vezes, pode ser resultado da
inserção em novo mercado e da conquista de vantagem competitiva. Cabe ressaltar

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que após se obter vantagem competitiva, é preciso mantê-la por meio da melhoria
contínua dos produtos e serviços, caso contrário, corre-se o risco de perdê-la, caso
outra organização decida redefinir o mercado em questão, aperfeiçoando sua
própria qualidade, conquistando vantagem competitiva sobre o líder de mercado e
tornando-se líder de qualidade. Organizações que alcançam essa liderança
geralmente se firmam em uma escolha estratégica, estabelecendo a liderança de
mercado como uma meta formal dos negócios, definindo os meios para alcançá-la.
Uma vez conquistada, a liderança de qualidade dura até que haja claros indícios
cumulativos de que algum concorrente a tomou para si. Sem esses indícios, a
liderança pode persistir por décadas ou mesmo séculos (DEFEO, 2015, Apud
AFFONSO, 2018).
Dessa forma, a gestão da qualidade tem sido cada vez mais procurada por
empresas e organizações, sobretudo por seu reconhecimento internacional quanto
à credibilidade de produtos ou serviços. Ou seja, empresas certificadas e que
apresentam normas de qualidade têm grande diferencial competitivo, além de uma
imagem mais positiva diante de seus clientes e fornecedores (PALADINI, 2006,
Apud AFFONSO, 2018).
De acordo com AFFONSO (2018) a gestão da qualidade baseia-se em oito
princípios:

• Foco no cliente: as organizações precisam compreender as


necessidades atuais e futuras de seus clientes e se esforçarem para superar
suas expectativas.
• Liderança: deve estar presente na organização e ser responsável pela
manutenção de um ambiente interno motivador, que envolva as pessoas em
torno do alcance de objetivos comuns.
• Envolvimento das pessoas: como principal patrimônio de uma
organização, as pessoas necessitam estar envolvidas e utilizar suas aptidões
em benefício da organização.

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• Abordagem dos processos: para que os resultados desejados sejam
alcançados com eficiência, atividades e recursos devem ser geridos por
processos.
• Abordagem da gestão como um sistema: os processos inter-
relacionados devem ser geridos como um sistema, para que a organização
atinja os seus objetivos com eficácia.
• Melhoria contínua: deve ser uma preocupação constante, com
avaliação sistemática do desempenho global da organização.
• Abordagem dos fatos: as decisões, para serem eficazes, devem se
basear na análise de fatos, dados, informações, etc.
• Benefícios mútuos com fornecedores: as relações devem ser
mutuamente benéficas, criando valor para ambas as partes.

3 NORMAS SÉRIE ISO 9000

FONTE: AQ-ISO9001.PORTALISO.COM

A International Organization for Standardization (ISO) é uma entidade de


padronização e normatização, fundada em 1947, em Genebra, na Suíça, cuja
finalidade é desenvolver e aprovar normas internacionais em todos os campos
técnicos, como: normas técnicas, classificações de países, normas de
procedimentos e processos, entre outros. É uma entidade sem fins lucrativos,
composta por 163 países-membros, que são os organismos nacionais de
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normalização ao redor do mundo, o que facilita a coordenação internacional e a
unificação dos padrões industriais, as relações econômicas e o intercâmbio de bens
e serviços a nível mundial. O objetivo das normas é promover a normatização de
empresas e produtos, para manter a qualidade permanente, além de desenvolver a
coordenação nas esferas de atividades econômica, tecnológica, intelectual e
científica. Dentre as várias normas existentes, as mais conhecidas são a ISO 9000
e a ISO 14000 (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CERTIFICAÇÃO, 2015, Apud
SOUZA, 2018)
A ISO 9000 é uma série de normas internacionais para “gestão da qualidade”
e “garantia da qualidade”, que visa a orientar a implantação de sistemas de
qualidade nas organizações, ou seja, são normas relacionadas ao modelo de gestão
da qualidade, utilizadas por empresas que desejam implantar sistemas de gestão e
adquirir certificação por meio desse organismo internacional. Essa norma foi criada,
a partir de uma reunião internacional para a definição do conjunto de melhores
práticas de qualidade, a serem adotadas para atender os clientes. A empresa que
escolhe seguir essas normas deverá estipular as metas a serem atingidas para
obter a certificação. Além disso, deverá passar por um projeto com várias etapas
para implantar a gestão da qualidade e obter o certificado ISO (CAMPOS, 2004,
Apud SOUZA, 2018).
As normas ISO 9000 e 9001 são as principais normas relacionadas ao
modelo de gestão da qualidade. Essas normas são utilizadas por empresas que
desejam utilizar sistemas de gestão e serem certificadas por meio desse organismo
internacional. (SOUZA, 2018)
A ISO 9001 desde sua primeira publicação, em 1987, já foi submetida a
quatro revisões: em 1994, 2000, 2008 e 2015. Tal atualização busca refletir os
avanços tecnológicos e a aplicação da gestão da qualidade. Cabe destacar que as
normas da série 9000 são amplamente aceitas em razão da confiança que
transmitem e indicam que a organização certificada tem a capacidade de atender
aos requisitos legais e dos clientes (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
CERTIFICAÇÃO, 2015, Apud SOUZA, 2018).

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A ISO 9001:2015 pode ser aplicada em qualquer organização, permitindo
que o cumprimento dos requisitos possa ser garantido por meio da adoção de
diferentes metodologias, práticas e ferramentas. Apesar de não ser obrigatória às
organizações, uma certificação ISO 9001 é um elemento-chave na implementação
um SGQ. Cabe destacar que a gestão da qualidade deve ser muito mais do que
cumprir os requisitos da ISO 9001. Deve ajudar as organizações a atingirem o
sucesso em longo prazo, ou seja, a gestão da qualidade deve estimular as
organizações a ultrapassarem os requisitos da ISO 9001, utilizando, por exemplo,
a ISO 9004 (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CERTIFICAÇÃO, 2015, Apud
SOUZA, 2018).
Mais de 270.000 organizações já foram certificadas no mundo e pelo menos
130 países já adotaram as normas ISO 9000. O Brasil conta com cerca de 6.000
organizações certificadas (BONATO; CATEN, 2015, Apud SOUZA, 2018).
As normas NBR ISO 9000 foram desenvolvidas para apoiar organizações, de
todos os tipos e tamanhos, na implementação e operação de sistemas de gestão
da qualidade. As organizações já certificadas estão exigindo dos seus fornecedores
e prestadores de serviços a implantação de sistemas de qualidade na linha da ISO
9000. Portanto, para vender para essas 6.000 organizações brasileiras, é
fundamental implantar sistema de qualidade de acordo com as normas da série ISO
9000. (Apud SOUZA, 2018)
As normas ISO 9000 e 9001 são as principais normas relacionadas ao
modelo de gestão da qualidade. Essas normas são utilizadas por empresas que
desejam utilizar sistemas de gestão e serem certificadas por meio desse organismo
internacional. As normas mais conhecidas são:

• ABNT NBR ISO 9000: Sistema de Gestão da Qualidade (fundamentos e


vocabulário) — documento que contém todos os termos utilizados no
sistema.
• ABNT NBR ISO 9001: Sistema de Gestão da Qualidade (requisitos) —
explica os requisitos para obter a certificação.

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• ABNT NBR ISO 9004: Gestão para o Sucesso Sustentado de uma
Organização (uma abordagem de gestão da qualidade) — é um documento
com instruções para implantar o Sistema de Gestão da Qualidade.
• ISO 9000: Descreve os fundamentos do sistema de gerenciamento da
qualidade e especifica a sua terminologia.
• ISO 9001: Especifica os requisitos do Sistema da Qualidade para uso,
onde a capacidade da organização de prover produtos que atendam ao
cliente e aos requisitos regulatórios precisa ser demonstrada
• ISO 9004: Fornece diretrizes para implantação de um Sistema de Gestão da
Qualidade, incluindo os processos para melhoria contínua, que contribui para
a satisfação dos clientes da organização e outras partes interessadas.
• ISO 19011: Provê guia para o gerenciamento e condução de auditorias da
qualidade e ambiental.
• ISO 14001: Ferramenta criada para auxiliar empresas a identificar, priorizar
e gerenciar seus riscos ambientais como parte de suas práticas usuais.

4 AUDITORIAS DA QUALIDADE

FONTE: PGBR.NET.BR

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Na norma NP EN ISO 19011, linhas de orientação para auditorias a sistemas
de gestão da qualidade e/ou de gestão ambiental e auditoria de sistema de gestão,
é referido que auditar caracteriza-se pelo respeito por um conjunto de princípios.
Estes tornam a auditoria uma ferramenta eficaz e fiável de apoio a políticas e ações
de controlo da gestão, proporcionando informação sobre a qual uma organização
pode agir para melhorar o seu desempenho. A adesão a estes princípios é um pré-
requisito para proporcionar conclusões de auditorias que sejam relevantes e
suficientes para permitir que auditores, trabalhando independentemente, cheguem
a conclusões similares em circunstâncias similares. (Apud ALMEIDA, 2012)

4.1 Classificação

Quanto à Aplicação

Auditoria do Sistema da Qualidade – avalia se o sistema de qualidade


implementado atende aos requisitos predeterminados na norma de referência para
determinar se ele atende totalmente aos objetivos e diretrizes de qualidade da
organização. Portanto, esta é uma auditoria abrangente. Ela enfatiza a
documentação e os aspectos estruturais do sistema de qualidade.

Auditoria da Qualidade do Processo – avalia a execução de atividades


específicas como projeto, fabricação, construção, montagem, inspeção, entre
outros. Portanto, esta é uma auditoria específica. Em comparação com os
estipulados no procedimento do sistema da qualidade, destaca os recursos
materiais (máquinas, equipamentos, instrumentos, ferramentas, etc.) e os recursos
humanos utilizados nas várias etapas da execução das atividades.

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Auditoria da Qualidade do Produto/Serviço – avalia a adequação do
produto/serviço em relação às especificações ou ao produto. É, portanto, uma
auditoria direcionada para a adequação ao uso. Dá ênfase à re-inspeção do
produto/serviço pronto e a análise dos registros de resultados de ensaios, testes,
inspeção etc. Não deve ser confundida com a tradicional inspeção final, efetuada
pelo pessoal de controle da Qualidade, que é sistemática e mais abrangente em
termos de amostragem e extensão dos ensaios e testes. Serve, entretanto, para
avaliar a eficácia da inspeção, na medida em que se avalia a Qualidade do
produto/serviço pronto. (BOMBANA, 2010)

Quanto às partes interessadas

Auditoria de 1ª PARTE (Auditoria Interna) – É a auditoria interna realizada


na própria organização. O objetivo é a autoavaliação do sistema da Qualidade. A
auditoria só será reconhecida como verdadeira quando existir completa
independência das funções da avaliação, em relação as atividades operacionais
dos auditores. (BOMBANA, 2010)
A grande vantagem da auditoria interna, quando corretamente implantada, é
o fato de auditores e auditados sentirem-se mais à vontade para discutir
internamente os resultados. (BOMBANA, 2010)
A equipe da auditoria é normalmente composta por auditores da própria
organização, embora também seja utilizado o esquema de contratação de auditores
externos, formando uma equipe, preferencialmente, mista. (BOMBANA, 2010)
É comum, tanto para organizações como apenas uma sede, como para
organizações como matrizes e filiais, a existência de uma única unidade
organizacional responsável pela coordenação das atividades de auditorias internas.
A 1ª PARTE é também conhecida como fornecedor ou auditoria interna.
(BOMBANA, 2010)

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Auditoria de 2ª PARTE (Auditoria Externa) – É a auditoria realizada pela
organização compradora, ou pelo seu representante, em seus fornecedores. O
objetivo é avaliar a capacidade dos fornecedores e qualificá-los para situações
contratuais ou pré-contratuais. (BOMBANA, 2010)
A grande vantagem da auditoria externa é o fato de os auditores não estarem
envolvidos diretamente com o Sistema a ser auditado, associado à experiência
trazida com os auditores de outras organizações. (BOMBANA, 2010)
Ainda dentro da auditoria de 2ª PARTE, vem crescendo o esquema de
premiações utilizado por entidades compradoras. Este esquema visa o
conhecimento público e ao reconhecimento dos fornecedores que atendem a regras
previamente estabelecidas. Como exemplos, são citados os prêmios PETROBRÁS,
DOW QUÍMICA, GENERAL MOTORS e outros. (BOMBANA, 2010)
A 2ª PARTE é também conhecida como cliente ou auditoria externa.
(BOMBANA, 2010)

Auditoria de 3ª PARTE (Auditoria Independente) – É a auditoria realizada


por um organismo de certificação independente ou por uma organização similar. O
objetivo é avaliar e certificar/reconhecer o sistema da Qualidade de uma
organização, por interesse desta própria organização ou por imposições legais.
(BOMBANA, 2010)
Dentro dessa classificação estão incluídos: PRÊMIO DEMING (Japão),
PRÊMIO MALCOLM BALDRIGE (Estados Unidos), PRÊMIO NACIONAL PARA A
QUALIDADE (Brasil) e vários outros. (BOMBANA, 2010)
A 3ª PARTE é também conhecida como independente ou auditoria de quem
não faz parte do negócio. (BOMBANA, 2010)

Quanto à relação com o sistema

Auditoria Intrínseca - É a auditoria executada por auditores vinculados a


parte interessada ou um contratado pela mesma (representante da parte
interessada). (BOMBANA, 2010)

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Auditoria Extrínseca - É a auditoria realizada por auditores não
pertencentes ao sistema auditado ou não contratado por este. (BOMBANA, 2010)

Quanto à abrangência

Auditoria completa – Avalia o cumprimento total das diversas etapas


previstas na documentação de referência. (BOMBANA, 2010)

Auditoria parcial – Avalia o cumprimento de parte das etapas previstas na


documentação de referência. (BOMBANA, 2010)

Quanto à programação

No caso de auditoria interna:

Inicial – É a primeira auditoria realizada, a fim de avaliar o sistema, o


processo, o produto ou o serviço. (BOMBANA, 2010)
Acompanhamento – É a auditoria realizada com a finalidade de
acompanhar as ações tomadas para eliminar as pendências oriundas de auditorias
anteriores. É também chamada de auditoria de follow-up. (BOMBANA, 2010)
Periódica – É qualquer auditoria realizada para avaliar o sistema, o
processo, o produto ou o serviço, após a auditoria inicial. É também chamada de
auditoria de manutenção. (BOMBANA, 2010)

No caso de auditoria externa:

Avaliação - É a auditoria realizada com a finalidade de avaliar um produto,


um serviço, um processo ou um sistema de uma organização, em comparação com
uma documentação pré-estabelecida. Essa avaliação normalmente implica um
credenciamento, qualificação ou certificação por um período determinado.
(BOMBANA, 2010)

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Acompanhamento – É a auditoria realizada com a finalidade de
acompanhar as ações tomadas para eliminar as pendências oriundas de auditorias
anteriores. É também chamada de auditoria de follow-up. (BOMBANA, 2010)
Periódica - É a auditoria realizada com a finalidade de verificar se um
produto, um serviço, um processo ou um sistema de uma organização continua
atendendo aos requisitos pré-estabelecidos e verificados em auditoria anteriores. É
também chamada de auditoria de manutenção. (BOMBANA, 2010)
Reavaliação – É a auditoria realizada com a finalidade de reavaliar um
produto, um serviço, um processo ou um sistema de uma organização, depois de
expirado o prazo do credenciamento, qualificação ou certificação. (BOMBANA,
2010)

Quanto ao planejamento

Auditoria programada – É a auditoria planejada, de rotina, conforme


estabelecida pelo sistema da Qualidade, com a finalidade de:
• Evitar a tendência eventual, porém natural, de ocorrência de um
afastamento dos requisitos pré-estabelecidos;
• Procurar reduzir a quantidade de reparos, de retrabalhos ou de rejeições;
• Verificar a adequação dos processos/procedimentos utilizados e a sua
efetiva implementação;
• Verificar se os trabalhos que não podem ser mais controlados, a partir de
determinado estágio, passaram a ser realizados nas condições exigidas de
Qualidade de execução e de confiabilidade (BOMBANA, 2010).

OBS: Em todos esses casos, são praticamente desconhecidas, a priori, as


causas dos desvios.

Auditoria Suplementar – É a auditoria realizada quando estiverem


ocorrendo não-conformidades principalmente se forem de caráter repetitivo. É
recomendável a formação de uma equipe de profissionais, visando identificar as

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causas, apontar soluções e proceder com o feed-back de informações até as
origens das causas, para saná-las. Muitas vezes, a pesquisa demanda tempo e
soluções transitórias podem e devem ser tomadas. (BOMBANA, 2010)

4.2 Princípios da auditoria

Segundo ALMEIDA (2012) a auditoria é caracterizada pela confiança em


princípios como:

a) Conduta ética: pilar do profissionalismo.


Confiança, integridade, confidencialidade e discrição são essenciais para
auditar. (ALMEIDA, 2012)

b) Apresentação imparcial: obrigação de relatar com verdade e rigor.


Constatações, conclusões e relatórios da auditoria refletem com verdade e
rigor as atividades das auditorias. São relatados os obstáculos significativos
encontrados durante a auditoria, assim como opiniões divergentes, não resolvidas,
entre a equipa auditora e o auditado. (ALMEIDA, 2012)

c) Devido cuidado profissional: aplicação de diligência e de discernimento na


auditoria.
Os auditores atuam com o cuidado adequado à importância da tarefa que
executam e à confiança neles depositada pelo cliente da auditoria e outras partes
interessadas. Ter a competência necessária é um fator importante. (ALMEIDA,
2012)

d) Independência: base para a imparcialidade da auditoria e para a


objetividade das conclusões da auditoria. Os auditores são independentes da
atividade a ser auditada e estão livres de preconceitos e de conflitos de interesses.

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Os auditores mantêm um estado de espírito objetivo ao longo do processo
de auditoria para assegurar que as constatações e as conclusões da auditoria sejam
unicamente baseadas em evidências de auditoria. (ALMEIDA, 2012)

e) Abordagem baseada em evidências: método racional para chegar a


conclusões da auditoria fiáveis e reprodutíveis num processo de auditoria
sistemático. (ALMEIDA, 2012)
A evidência de auditoria é verificável. Baseia-se em amostras da informação
disponível, dado que uma auditoria é conduzida num período de tempo finito e com
recursos finitos. O uso apropriado da amostragem está intimamente relacionado
com a confiança a depositar nas conclusões da auditoria. (ALMEIDA, 2012)

Os seguintes princípios dizem respeito aos auditores e à auditoria. Os três


primeiros dizem respeito ao auditor, os restantes dizem respeito à auditoria que, por
definição, é independente e sistemática. (ALMEIDA, 2012)
Segundo Russel (2007) a contínua análise crítica destes princípios mantém
os auditores no caminho certo e ajuda a garantir a eficácia das auditorias. (Apud
ALMEIDA, 2012)
No decorrer de uma auditoria, é possível detectar irregularidades em relação
aos requisitos estabelecidos pela norma. Estas irregularidades denominam-se de
não conformidades. (ALMEIDA, 2012)
Segundo Arter (1995), não conformidade é “o não-atendimento de exigências
especificadas.” Quando uma não conformidade é encontrada é preciso que sejam
tomadas ações imediatas para eliminá-la e ações corretivas para evitar que ela se
venha a repetir. (Apud ALMEIDA, 2012)

21
4.3 Objetivos da auditoria

O objetivo maior das auditorias da Qualidade é a avaliação da eficácia e


adequação do sistema da Qualidade implantado ou em implantação. É importante
destacar que a auditoria não deve limitar-se a registrar os aspectos negativos, mas
também os positivos do sistema da Qualidade. (BOMBANA, 2010)
Os Sistemas da Qualidade preestabelecem meios de administrar e controlar
a Qualidade. O estabelecimento do nível de Qualidade deve levar em consideração
os aspectos técnicos e econômicos envolvidos, bem como os interesses e a
segurança dos usuários do produto ou serviço. Esse estabelecimento do nível de
Qualidade é feito através de normas, códigos, procedimentos administrativo e de
controle da Qualidade, entre outros. O sistema precisa ser constantemente avaliado
em relação a condicionantes, tais como dificuldade na execução/implantação dos
requisitos estabelecidos, custos envolvidos, evoluções tecnológicas e novas
expectativas dos usuários. A auditoria da Qualidade é um dos meios de identificar
algumas dessas condicionantes e indicar os ajustes necessários ao sistema da
Qualidade. (BOMBANA, 2010)
As auditorias têm normalmente um ou mais dos seguintes objetivos:
- Determinar a conformidade ou não-conformidade dos elementos do sistema
da Qualidade com requisitos especificados.
- Determinar a eficácia de um sistema da Qualidade implementado no
atendimento aos objetivos da Qualidade especificados.
- Prover ao auditado uma oportunidade para melhorar o sistema da
Qualidade.
- Atender aos requisitos reguladores.

22
4.4 Funções e responsabilidades

FONTE: BR.FREEPIK.COM

Segundo BOMBANA (2010) os auditores devem estar livres de tendências e


de influências que possam afetar a objetividade do trabalho.
Todas as pessoas e organizações envolvidas com uma auditoria devem
respeitar e apoiar a independência dos auditores.

4.4.1 A Equipe Auditora

Apesar de uma auditoria ser executada por uma equipe ou um indivíduo,


precisa sempre ter um auditor líder responsável por todo processo. (BOMBANA,
2010)
É esperado que a equipe de auditoria seja composta por especialistas,
auditores em formação ou observadores, aceitos pelos clientes, auditado e auditor
líder, dependendo da situação. (BOMBANA, 2010)
O auditor líder tem a responsabilidade de decisão final relativa à condução e
a quaisquer observações da auditoria da qualidade em todas as fases da auditoria,
deverá também ter capacidade gerencial e experiência. (BOMBANA, 2010)
Além das responsabilidades do auditor líder já citadas podemos incluir
também: participar da seleção dos outros membros da equipe auditora; preparar o

23
plano da auditoria; representar a equipe auditora junto a administração do auditado
e apresentar o relatório da auditoria para a apreciação. (BOMBANA, 2010)
Ainda segundo BOMBANA (2010) os auditores tem como responsabilidade:
cumprir os requisitos aplicáveis da auditoria; comunicar e esclarecer os requisitos
da auditoria; planejar e executar com eficácia e eficiência as tarefas no âmbito das
suas funções; documentar/registrar as observações; relatar os resultados da
auditoria; verificar a eficácia das ações corretivas tomadas como resultado da
auditoria (quando solicitado pelo cliente); reter e proteger os documentos
relacionados à auditoria, submetendo tais documentos a apreciação quando
requerido; garantir a confidencialidade desses documentos, tratando com descrição
informações privilegiadas; e cooperar com o auditor líder e dar suporte a ele.
Podemos citar como dever do auditor líder: definir os requisitos para cada
auditoria designada, incluindo os requisitos de qualificação para auditores; cumprir
os requisitos de auditoria aplicáveis e outras diretrizes apropriadas; planejar a
auditoria, preparar os documentos de trabalho e orientar a equipe de auditoria;
analisar criticamente os documentos das atividades existentes do sistema da
qualidade para determinar sua aplicabilidade; comunicar as não conformidades
críticas ao auditado imediatamente; relatar quaisquer obstáculos importantes
encontrados durante a auditoria; e relatar os resultados da auditoria de forma clara
e abrangente, sem atrasos injustificados. (BOMBANA, 2010)
Já dos auditores podemos citar como dever: manter-se dentro dos escopos
da auditoria; ser objetivos; coletar e analisar evidências relevantes e suficientes para
permitir a formulação de conclusões relativas ao sistema da qualidade auditado;
coletar e analisar evidências relevantes e suficientes para tirar conclusões
relacionadas ao sistema de qualidade auditado; prestar atenção a qualquer
evidência que possa afetar os resultados da auditoria e possivelmente exigir uma
auditoria mais ampla; e atuar sempre de forma ética. (BOMBANA, 2010)

24
4.4.2 O Cliente

O cliente também tem seus deveres no processo de auditoria, são eles:


determinar a necessidade e finalidade de uma auditoria e iniciar o processo;
determinar a organização auditora; determinar o escopo da auditoria e as normas
ou documentos do sistema da qualidade que devem ser seguidos; receber o
relatório da auditoria; determinar as ações de acompanhamento a serem tomadas
na próxima etapa (se necessário), e informar ao auditado sobre o assunto.
(BOMBANA, 2010)

4.4.3 O Auditado

Segundo BOMBANA (2010) a gerência do auditado tem como dever:


informar aos funcionários envolvidos os objetivos e escopo da auditoria; designar
membros responsáveis para acompanhar a equipe de auditoria; fornecer à equipe
de auditoria todos os recursos necessários para garantir um processo de auditoria
eficaz e eficiente; fornecer o acesso às instalações e materiais comprobatórios,
conforme exigido pelos auditores; contribuir com os auditores para que os objetivos
da auditoria possam ser alcançados; e também estabelecer e iniciar a aplicação de
ações que eliminem a causa de uma não conformidade baseada no relatório de
auditoria.

5 PROCESSO DE AUDITORIA DE SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

A NBR ISO 19011 apresenta um modelo que contém orientação para planejar
e gerenciar atividades de auditoria como parte de um programa de auditoria. A
abaixo fornece uma visão geral das atividades típicas de auditoria. A abrangência
na qual as providências deste modelo são aplicáveis depende do escopo e

25
complexidade da auditoria especificada e o uso pretendido para as conclusões da
auditoria. (PAULISTA et al., 2008)

FONTE: NBR ISO 19011:2018.

26
Para realizar uma auditoria faz necessário obedecer a alguns passos. O
primeiro é definir quem irá fazer parte da equipe de auditoria e realizar o treinamento
dessas pessoas. Depois, deve-se escolher uma pessoa para ser o líder da equipe.
Em seguida, necessita-se elaborar uma lista de verificação de acordo com a norma
escolhida para ser seguida, de acordo com o objetivo da auditoria. (PAULISTA et
al., 2008)
Durante a verificação o auditor faz anotações, geralmente com papeis ou
formulários próprios, das não conformidades encontradas e de possíveis
observações. Logo depois de terminada a verificação a equipe de auditoria se reuni
para discutir e analisar os dados coletados para a elaboração do relatório sobre a
auditoria. (PAULISTA et al., 2008)
Às vezes, a equipe de auditoria pode se reunir com os chefes dos
departamentos para discutir sobre providência que devem ser tomadas
imediatamente, elaborando assim um relatório sobre a auditoria em cada
departamento. (PAULISTA et al., 2008)
Com o objetivo de ter um controle sobre as providências tomadas para
corrigir as não conformidades presente no relatório feito pela equipe de auditoria, é
elaborado outro relatório contendo todas as decisões adotadas para não ocorrer tais
não conformidades. (PAULISTA et al., 2008)
Todos os documentos, relatórios, devem ser arquivados, pois todas as
decisões devem ser acompanhadas, se possível, por um membro da equipe de
auditoria ou devem verificadas na próxima auditoria. (PAULISTA et al., 2008)
A conduta de entrevistas do pessoal, da gerência executiva, pode
transformar-se uma parte integral da administração de programa de auditoria.
Fazendo entrevistas com as pessoas, não é somente assegurado a retenção
apropriada de registros da qualidade, mas também se assegura de que o indivíduo
tenha a compreensão apropriada do sistema de qualidade, como funciona, e como
ele se relaciona com a organização. A entrevista inclui perguntas para validar e
assegurar que o auditado está ciente (GARDNER, 1997, Apud PAULISTA et al.,
2008):

27
− Do sistema de qualidade e como se relaciona com seu trabalho;
− Dos processos, através dos quais são executadas as tarefas;
− Dos controles, por que as tarefas são desenvolvidas e executadas; e
− Da posição dos registros onde a evidência objetiva é obtida.

Segundo Gardner (1997, Apud PAULISTA et al., 2008), o papel do auditor


líder pode ser vital para assegurar ou estabelecer a orientação ou o treinamento
apropriado, que pode ser uma função da manutenção rotineira enquanto as
circunstâncias ou as exigências mudam dentro da organização. O treinamento
inicial ou a orientação da organização são recomendados quando há uma exigência
nova.
Frequentemente, o auditor líder está ciente de uma necessidade de
treinamento e pode oferecê-los a uma organização. Em muitos casos, o auditor líder
está mais familiarizado com as exigências organizacionais e, consequentemente,
pode fornecer um serviço à organização para ensiná-la sobre tais exigências.
(PAULISTA et al., 2008)
O auditor líder pode também coordenar, junto com o auditado, uma auditoria
na organização. Neste caso, o auditor líder pode coordenar a tarefa e a organização
auditada que executa a auditoria. Tendo o auditado uma participação ativa na
auditoria, a tarefa pode ser melhor executada, porque assegura que a organização
auditada ganhou mais do que uma compreensão mínima de uma exigência, já que
ela teve uma participação ativa (GARDNER, 1997, Apud PAULISTA et al., 2008).
Gardner (1997) afirma que o auditor líder pode ajudar à organização auditada
desenvolvendo um conjunto de ferramenta organizacional com os esboços das
possíveis etapas a serem executadas pela organização auditada, que consegue
uma compreensão apropriada de uma exigência e pode desenvolver os processos
apropriados. Com tal conjunto de ferramenta a organização pode trabalhar
independentemente onde for necessário. (Apud PAULISTA et al., 2008)
As auditorias organizacionais podem ser uma ferramenta eficaz em
determinar o nível da compreensão e potenciais dificuldades de uma organização.
As auditorias devem ser desenvolvidas com cuidado a fim produzir os resultados

28
desejados. Se uma auditoria indicar, por exemplo, que uma organização tem a
dificuldade com o comprometimento da direção (ISO 9001, item 5.1) ou o controle
de documentos (ISO 9001, o item 4.2.3) podem os esforços ser aumentados em
auditar, treinar, ou orientar para assegurar que estas exigências sejam satisfeitas e
compreendidas (GARDNER, 1997, Apud PAULISTA et al., 2008)

6 PROBLEMAS DURANTE A REALIZAÇÃO DE AUDITORIA DE SISTEMA DE


GESTÃO DA QUALIDADE

FONTE: VERDEGHAIA.COM.BR

Beckmerhangen et. al (2004, Apud PAULISTA et al., 2008) apresenta


algumas falhas no processo de auditoria:

1) Falhas relacionadas com o objetivo:

− Identificação incorreta dos critérios de auditoria.


− Irrealidade no âmbito da auditoria.
− Falta de informação adequada fornecida à auditada.

2) Falhas relacionadas aos recursos:

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− Utilização dos auditores incompetentes para realizar uma auditoria
específica.
− Ausência de um plano de auditoria.
− Tempo insuficiente atribuído para a auditoria.

3) Falhas relacionadas ao Processo:

− Falta de abertura e término de reuniões.


− Cooperação insuficiente da auditada.
− Uso inadequado de métodos de amostragem para a coleta de evidências
objetivas.
− Falta de priorização dos elementos do sistema de gestão da qualidade.
− Falta de uma quantidade suficiente de evidências objetivas de auditoria.
− Não detecção de documentos adulterados.
− Verificação deficiente das evidências objetivas.
− Avaliação das evidências objetivas de auditoria contra os critérios de
auditoria.

4) Falhas relacionadas com o resultado:

− Incoerências em auditorias.
− Deliberação para corrigir não-conformidades.
− Aceitação de uma não-conformidade ou ineficácia do sistema de gestão da
qualidade no registro de auditoria.
− Rejeição de uma compreensão e eficácia do sistema de gestão da
qualidade no registro de auditoria.
− Subjetiva ou indevida influência no relatório de auditoria.

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7 ABORDAGENS UTILIZADAS EM AUDITORIA

A realização de uma auditoria ao sistema de gestão da qualidade consiste


em recolher informação pertinente, utilizando uma amostragem apropriada, e
avaliá-la de acordo com o critério de auditoria (ISO 9001, por exemplo) obtendo,
desta forma, as conclusões da auditoria. Esta visão geral é comum na realização
de uma auditoria. No entanto, a abordagem que cada auditor utiliza, de forma a
obter as suas conclusões da auditoria, pode ser bastante diferenciada, dependendo
da forma como a auditoria é planeada, da maneira com as questões são formuladas,
do tipo de cheklist utilizado, entre outros fatores. Ou seja, não existe um método
único, correto, padronizado ou definitivo, na realização de uma auditoria.
(ALMEIDA, 2012)
A escolha de um método, na execução de uma auditoria é determinada pelas
circunstâncias em que esta será realizada, isto é, a finalidade, os objetivos, a
logística, O’Hanlon (2006). Kaziliûnas (2008) identifica e analisa quatro tipos de
abordagens (Apud ALMEIDA, 2012):

- Auditoria baseada nos elementos: fornece evidências de que uma


organização adotou os elementos que constam da norma dentro dos procedimentos
e esses procedimentos estão a ser seguidos, mas que os resultados planeados não
estão a ser atingidos.
- Auditoria baseada nos departamentos: fornece alguma evidência de que a
organização interpretou a norma tendo por base as responsabilidades
departamentais e procedimentos, mas que os resultados planeados não estão a ser
atingidos.
- Auditoria baseada nas atividades: evidência que as atividades específicas
estão a ser efetuadas, mas que os resultados planeados não estão a ser atingidos.
- Auditoria baseada no processo: o auditor procura identificar quais os
resultados que a organização deseja atingir, determina se esses resultados
contemplam as necessidades dos clientes e das partes interessadas e examina a

31
forma como os procedimentos são geridos de forma a alcançar esses resultados e
melhorar o desempenho.
Tendo por base o objetivo da auditoria, podem identificar-se dois tipos de
abordagens, Arter (2003): auditoria de conformidade e auditoria de desempenho.
(Apud ALMEIDA, 2012)
A auditoria de conformidade é a mais tradicional e baseia-se em critérios, ou
seja, transforma o requisito da norma numa pergunta: a norma diz “o fornecedor
deve” e o auditor diz “mostre-me o que senhor faz”. Esse tipo de auditoria, embora
abrangente, frequentemente falha no que respeita à sua finalidade. Foi dado
demasiado ênfase às palavras da norma e não à contribuição para o valor que
agrega ou à sua eficácia. A auditoria pode falhar na deteção dos problemas
causados pelas transações nos pontos de interceção entre os processos, O’Hanlon
(2003). (Apud ALMEIDA, 2012)
Terziovski et al. (2002) concluem que a auditoria de conformidade predomina
nos estágios iniciais da implementação do sistema de gestão da qualidade, no
entanto a eficácia diminui quando o sistema de gestão da qualidade amadurece.
(Apud ALMEIDA, 2012)
A maioria dos auditores tem por base auditorias de conformidade onde o
único objetivo é verificar se um requisito específico está a ser cumprido. Eles
invariavelmente não fornecem dados para tomadas de decisões pela gestão no que
respeita ao desenvolvimento de pessoas, tecnologia, crescimento, produtos e
processos, uma vez que essas decisões se baseiam no desempenho atual e
frequentemente toda a auditoria revela a conformidade atual, Kaziliunas (2008).
(Apud ALMEIDA, 2012)
Para O’Hanlon (2003), uma mudança de paradigma é necessária. Os
métodos de auditoria não se podem concentrar unicamente na conformidade; a
ênfase da auditoria deve assentar na genuína melhoria, alinhada com os objetivos
de negócio, não em não conformidades triviais. Os auditores devem ocupar menos
tempo a examinar a forma como as coisas são feitas e mais tempo a tentar
compreender porque é que elas são feitas e como são integradas com outros
processos de negócio. (Apud ALMEIDA, 2012)

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A auditoria de desempenho é um complemento à auditoria de conformidade
e de certa forma, uma resposta às diversas críticas relacionadas com a auditoria.
Além de ter em conta as regras, este tipo de auditoria preocupa-se com a eficácia
e a adequação destas regras e ao cumprimento dos objetivos da organização. Ela
foca-se nos resultados do negócio e procura agregar valor para a organização
através de conclusões que auxiliam a gestão de topo e a organização como um
todo, na tomada de decisões mais fiáveis, com o objetivo de se atingir os resultados
tendo por base a melhoria contínua. (ALMEIDA, 2012)
Para Piskar (2006, Apud ALMEIDA, 2012), o valor agregado depende da
maturidade da organização como um todo, podendo também dizer-se que depende
da cultura da qualidade. Conclui que os fatores que mais afetam o aumento de valor
dentro do processo de auditoria ao sistema de gestão da qualidade são identificados
como:

1.Competência dos auditores e as suas escolhas apropriadas para cada


unidade auditada (de forma a alcançar os objetivos de auditoria);
2.Utilização das abordagens dos processos na auditoria, dos princípios de
gestão, do ciclo PDCA, que se focam mais nos processos e menos nos
procedimentos, mais nos resultados dos processos e menos nos registos;
3.Planeamento da auditoria (finalidade, objetivos, foco de uma auditoria e
integração de auditorias de acordo com os requisitos das diferentes normas);
4.Preparação da auditoria (utilizando diferentes fontes de informação;
selecionando lembretes);
5.Tempo da auditoria;
6.Expressão de opiniões positivas e propostas de forma a melhorar (para
além de constatar as discrepâncias);
7.Análise das constatações;

33
8.Estrutura do relatório (de acordo com o tipo de organização e as
expectativas de quem recebe os relatórios);
9.Medição continua da eficácia das auditorias da qualidade tendo por base
as análises críticas da administração e consequentemente a eficácia dos processos
de negócio.

É de notar que a auditoria de desempenho é mais complexa e requer uma


maior competência do auditor, sendo geralmente realizada através de uma auditoria
interna. (ALMEIDA, 2012)

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFFONSO, Ligia Maria Fonseca. Sistema de Controle da Qualidade. [S. l.]. 2018.

ALMEIDA, Pedro Alexandre de Oliveira. ANÁLISE CRÍTICA AO PROCESSO DE


AUDITORIA DA QUALIDADE. Orientador: Alcina Augusta de Sena Portugal Dias.
2012. 98 f. Dissertação (Mestrado em Auditoria) - Instituto Superior de
Contabilidade, Matosinhos, 2012.

BOMBANA, Cheila. Auditoria de Sistemas: Auditoria da Qualidade. [S. l.]. 2010.

COSTA, Sónia Patrícia Arouca Da. AUDITORIA DA QUALIDADE E AS SUAS


IMPLICAÇÕES NOS RESULTADOS. Orientador: Alcina Portugal Dias. 2013. 93 f.
Dissertação (Mestrado em Auditoria) - INSTITUTO SUPERIOR DE
CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO, Porto, 2013.

OLIVEIRA, Lídia Fernanda Costa. A Importância da Auditoria na Gestão da


Qualidade. Orientador: Maria Clara Ribeiro. 2016. 82 f. Dissertação (Mestrado em
Auditoria) - INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO
PORTO, Porto, 2016.

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PAULISTA, Paulo Henrique et al. Análise do Processo de Realização de
Auditoria de Sistema de Gestão da Qualidade: Principais Problemas. XXVIII
Encontro Nacional de Engenharia de Produção: A integração de cadeias produtivas
com a abordagem da manufatura sustentável, Rio de Janeiro - RJ, p. 1-12, 2008.

SOUZA, Stefania Márcia de Oliveira. Gestão da Qualidade e Produtividade. [S.


l.]. 2018.

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